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TICs NA GESTÃO HOSPITALAR A computação possibilitou o desenvolvimento de mudanças na atividade das sociedades, das mais simples às mais complexas. A utilização desses recursos permitiu um rápido progresso e resposta imediata a problemas que exigiam muito mais tempo e envolvimento humano para serem resolvidos. A revolução tecnológica na segunda metade do século XX mudou os parâmetros da informação e da comunicação. A tecnologia da informação, como um dos importantes derivados da computação, leva à identificação de formas de sistematização de informações, importantes para o bom funcionamento de diversos sistemas, inclusive os de saúde. Considerando a complexidade da prevenção e tratamento da saúde humana, a tecnologia da informação tornou-se um recurso fundamental, devido ao tempo necessário para implementar procedimentos e processos neste campo. Portanto, ao gerir os sistemas de saúde em seus mais diversos ambientes, é importante pensar em como o processamento da informação pode ser impulsionado e influenciado para melhorar a qualidade de vida e o cuidado das pessoas. Considerando o tema enfatizado, esta aula apresentará a definição de TI e sua aplicação. AULA 1 – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE Ao final desta aula, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Definir TI e sua aplicabilidade. • Entender o planejamento operacional da TI. • Enumerar as áreas de atuação da TI na saúde. 1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE 1.1 Tecnologia da informação e sua aplicabilidade Segundo Lucas (2006), a Tecnologia da Informação – TI, pode ser entendida como um dos principais fatores do século XXI. O autor destaca que “[...] a TI transforma o material bruto da informação em conhecimento usável” (LUCAS, 2006, p. 6). Sua utilização em organizações de diversos setores possibilita o processamento e a aceleração da informação. Nesse sentido, a TI pode ser entendida como um conjunto de ferramentas físicas tecnológicas que influenciam na melhoria dos processos, possibilitando resultados mais fortes e eficientes em diferentes requisitos organizacionais (LUCAS, 2006, p. 6). Os sistemas de informação, que geralmente são sistemas que podem utilizar recursos computacionais para tornar suas operações mais eficientes, oferecem uma possibilidade de uso da TI. Konsbruck (2009) lembra que as pesquisas indicam um aumento contínuo no uso de tecnologias para atender as mais diversas necessidades. Assim, ele considera que o uso da TI é algo que um gestor deve pensar na prática quando busca otimizar seus processos. Konsbruck (2009) aponta que os efeitos da TI não afetam apenas as organizações, mas diferentes aspectos da sociedade em um nível geral. Os efeitos nas decisões políticas também permeiam essa influência tecnológica, que reverbera por muitos anos. As decisões de gerenciamento no uso de TI enfrentam vários desafios, os quais possuem características específicas dependendo da área de atuação da organização. Nesse sentido, embora possa permitir o uso de múltiplas ferramentas computacionais, o processo de inovação tecnológica é caracterizado pela incerteza inerente. Os investimentos em tecnologia de melhoria de processos incluem diversos riscos que devem ser considerados tanto na execução quanto durante a obra (CHULKOV, 2017). Em relação ao setor de saúde, Dobrzykowski e Tarafdar (2015) apontam que esta é uma área onde os processos são intensivos, dificultando a coordenação de informações. Nesse sentido, a gestão empresarial requer a comunicação com especialistas da área de informática para garantir o bom uso das informações dos sistemas implantados. A TI utilizada nas organizações possibilita a criação de novos procedimentos, fluxos de trabalho e grupos de trabalho. Funciona como uma base de conhecimento sobre produtos e serviços e melhora a forma como a comunicação flui durante as atividades realizadas. Dada a estrutura da organização, a TI possibilita novos relacionamentos e o escopo de controle, monitoramento, compartilhamento e configuração das organizações virtuais. Em termos de relacionamentos interorganizacionais, a TI possibilita a criação de novas parcerias e alianças entre clientes e fornecedores. A aplicabilidade da TI na economia está mudando a dinâmica do comércio eletrônico. Em muitos processos, a necessidade de mediação não é mais necessária, e as configurações de publicidade e promoção e os métodos de gestão adotados também estão mudando (LUCAS, 2006). Em relação à educação, pode-se afirmar que, além de possibilitar o ensino a distância e o uso de grandes materiais, a TI possibilita o uso de recursos eletrônicos e audiovisuais para otimizar o ensino e a comunicação, inclusive a comunicação internacional. Por último, mas não menos importante, a TI permite o desenvolvimento nacional para facilitar os negócios comerciais por meio de uma presença on-line habilitada. A ampla disponibilidade de dados é uma vantagem e uma preocupação, pois a quantidade e a transmissão de dados devem ser controladas. Isso pode contribuir significativamente para setores-chave como educação, saúde e segurança (LUCAS, 2006). Konsbruck (2009) argumenta que um dos resultados mais importantes do processo de TI foi seu impacto nos negócios por meio do comércio através da Internet. Assim, mudanças futuras no uso de TI podem modificar radicalmente a forma como operamos no ambiente econômico e social. As inovações de TI nas organizações podem envolver um processo de implementação em dois níveis. Primeiro, é tomada uma decisão formal de aceitar e adquirir a inovação para disponibilizá-la à organização. Essa escolha inicial é feita pelos tomadores de decisão na organização. Em seguida, os profissionais que atuam na organização decidem como a inovação é utilizada e como ela beneficia os processos (FABER; VAN GEENHUIZEN; REUVER, 2017). Nesse sentido, os autores enfatizam a necessidade de pensar conceitualmente os benefícios da correspondência de TI para a organização em questão, mas também considerar as especificidades de seu uso e os apontamentos que realmente utilizam esses recursos na prática. Em relação à aplicabilidade da TI, Lucas (2006) aponta que a utilização desse recurso oferece novas oportunidades para o planejamento das organizações e estruturas organizacionais e possibilita a comunicação entre clientes e fornecedores de forma eletrônica. O autor destaca ainda a possibilidade do comércio eletrônico, que permite encurtar o ciclo de compra de bens ou serviços, a troca eletrônica de informações, bem como sua eficiência. Além disso, a organização pode sistematizar informações e compartilhá-las com seus funcionários, os trabalhadores que processam informações diretamente se beneficiam da flexibilidade e produtividade oferecidas. Outro elemento de destaque diz respeito aos recursos eletrônicos que a administração passou a ter como meio de vigilância e comunicação. De uma perspectiva macro, oferece aos países em desenvolvimento uma oportunidade de competir com os países desenvolvidos no mercado. Abaixo estão seis tendências identificadas por Lucas (2006) que afetaram significativamente o uso da tecnologia nas organizações: 1. O uso da TI para transformar organizações. 2. A tecnologia como uma parte da estratégia corporativa. 3. A TI como uma parte disseminada do ambiente de trabalho. 4. O uso da tecnologia para apoiar as pessoas que trabalham com conhecimento (knowledge workers). 5. A evolução do computador de um dispositivo computacional para um meio de comunicação. 6. O enorme crescimento da internet e da web. O autor enfatiza que os gerentes precisam entender bem essas tendências para melhor adotar a TI como um recurso de negócio. 1.2 Áreas de atuação da tecnologia da informação na saúde A TI tem muitas aplicações nas mais diversasáreas. Em relação ao uso de cuidados da saúde, entende-se que o uso de tecnologia da informação neste campo permite aumentar a qualidade, eficiência e eficácia do tratamento. Muitas organizações de saúde consideram o uso da TI como base para o gerenciamento de suas atividades (REJEB et al., 2017). O setor da saúde é um dos setores mais importantes da sociedade, ao qual todas as pessoas certamente prestarão atenção, porque o elemento central é cuidar da vida de uma pessoa. Isso torna muito difícil o gerenciamento geral das organizações. Assim, novas formas de implantação e gestão são necessárias a cada momento, para que haja mais dinamismo e precisão nos processos. Aceto, Persico e Pescapé (2018) destacam alguns dos termos que têm sido utilizados para se referir ao uso de TI na saúde: e-saúde, saúde móvel, saúde personalizada, smart saúde, saúde onipresente e saúde generalizada. Olhando para cada uma das expressões/palavras mencionadas, pode-se pensar até onde chegou a adoção desses recursos tecnológicos no campo. O sistema de TI, otimiza a gestão da informação de que os profissionais de saúde necessitam para uma melhor gestão das suas atividades. A utilização desses recursos computacionais beneficia a facilitação e integração da comunicação e a compatibilização e coordenação de serviços, suprimentos, trabalhos financeiros, administrativos, entre outros (GONÇALVES; MATTOS; CHANG JÚNIOR, 2019). Considerando a importância do setor saúde para a população e governos, e os crescentes custos do setor para as contas públicas e indivíduos, a TI se apresenta como uma oportunidade que pode ser vista como essencial para melhorar processos e resultados. Os sistemas de informação em saúde têm grande potencial para reduzir os custos de saúde e melhorar os resultados organizacionais. Além da TI para dispositivos clínicos e diagnósticos, os sistemas de informação permitem que os gerentes dessas organizações de saúde concedam certos direitos exclusivos para coletar, armazenar, processar e comunicar informações oportunas para ajudar a coordenar melhor os cuidados médicos em níveis individuais e coletivos (FICHMAN; KOHLI; KRISHNAN, 2011). Aceto, Persico e Pescapé (2018) apontam que o aumento do custo dos serviços de saúde também aumentou a demanda por eficiência dos serviços prestados. Os autores destacam a década de 1990 como um marco na integração da tecnologia da informação no setor de saúde, quando a Internet ganhou força nesse período. O conceito de e-saúde, que se refere à integração da tecnologia de informação e comunicação (TIC), tornou-se de uso geral. Além do uso administrativo, vale destacar como o uso da tecnologia da informação tem possibilitado, por exemplo, a realização de procedimentos médicos de forma menos invasiva, permitindo ao paciente uma recuperação mais rápida e menos dolorosa. As atividades mais específicas de TI na saúde podem ser destacadas, por exemplo, a robotização de procedimentos, que inclui também o controle humano, e o uso mais moderno de impressoras 3D, como em implantes e próteses. O crescimento dos recursos tecnológicos na área da saúde também sinaliza o desenvolvimento de uma série de aplicativos inteligentes, disponíveis para os smartphones. Um ponto-chave destacado por Aceto, Persico e Pescapé (2018) diz respeito às questões legais e regulatórias sobre o uso de TI na saúde. A circulação de informações é sensível e requer consentimento e conscientização dos pacientes quando utilizadas para diversos fins no setor. As regras variam de país para país, o que dificulta a formalização de leis regulatórias, devido às especificidades dos meios utilizados. Fichman, Kohli e Krishnan (2011) acrescentam de acordo com as especificidades que o setor da saúde é muito pessoal, regulado e competitivo, hierárquico, profissional e multidisciplinar, e a implementação de sistemas de informação nesse contexto tem um impacto complexo, mas importante na aprendizagem e adaptação. Embora na saúde existam muitos exemplos possíveis de adaptação contextual na operação de TI, o dinamismo dos recursos de computação, a velocidade de avançar para a melhoria de processos e a comunicação cliente-paciente, cada organização também encontra as especificidades de suas operações de negócios, novas formas de usar esses recursos. Assim, um bom entendimento do negócio sob uma perspectiva geral permite que os tomadores de decisão alinhem de forma mais eficaz a TI com os requisitos de cada caso. Alguns departamentos podem exigir mais aplicativos de computador, enquanto outros têm requisitos menos intensivos para isso. A organização é também desafiada a encontrar formas de equilibrar esta rede e permitir que surjam barreiras no fluxo de informação que deve passar pela organização e que permitam melhorar o seu funcionamento em uma perspectiva geral. A TI possibilitou revolucionar diversas práticas e a encontrar novas e rápidas formas de solucionar os problemas, que antes exigiam muito trabalho e tempo. No setor de saúde, a melhoria de processos permite uma gestão mais eficiente e eficaz. É importante ressaltar que devido à velocidade do desenvolvimento tecnológico, o acompanhamento e planeamento da utilização destes recursos são essenciais, pois o contexto da sua aplicação muda e exige uma adequação dos objetivos e formas de melhoria contínua. A gestão das empresas de saúde também utiliza a TI e os sistemas de informação como uma ferramenta para gerenciar e controlar a quantidade de conteúdos e dados, facilitando a dinâmica profissional nos mais diversos departamentos. Dessa forma, com o auxílio da tecnologia, reconfigurou-se a comunicação interna dessas organizações, bem como a forma como a informação e o suporte chegam ao cliente. As novas gerações esperam serviços automáticos, não analógicos como antes. Nesse sentido, deve-se entender que cada vez mais ocorrem evoluções computacionais nos processos de interação e gestão, o que é sinal do desafio constante das organizações e que devem atender as expectativas, para assim, se destacarem no mercado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACETO, G.; PERSICO, V.; PESCAPÉ, A. The role of information and communication technologies in healthcare: taxonomies, perspectives, and challenges. Journal of Network and Computer Applications, v. 107, p. 125–154, 2018. CHULKOV, D. V. On the role of switching costs and decision reversibility in information technology adoption and investment. Journal of Information Systems and Technology Management, v. 14, n. 3, p. 309–321, 2017. DOBRZYKOWSKI, D. D.; TARAFDAR, M. Understanding information exchange in healthcare operations: evidence from hospitals and patients. Journal of Operations Management, v. 36, p. 201–214, 2015. FABER, S.; VAN GEENHUIZEN, M.; REUVER, M. Health adoption factors in medical hospitals: a focus on the Netherlands. International Journal of Medical Informatics, v. 100, p. 77–89, 2017. FICHMAN, R. G.; KOHLI, R.; KRISHNAN, R. The role of information systems in healthcare: current research and future trends. Information Systems Research, v. 22, n. 3, p. 419–428, 2011. GONÇALVES, M.; MATTOS, C. A.; CHANG JÚNIOR, J. Fatores críticos de adoção da tecnologia da informação (TI) em saúde e o seu impacto na gestão: um estudo exploratório. Revista GEPROS: Gestão da Produção, Operações e Sistemas, v. 14, n. 3, p. 209–221, 2019. KONSBRUCK, R. L. Impacts of information technology on society in the new century. Switzerland, 2009. Disponível em: https://www.zurich.ibm.com/pdf/news/Konsbruck.pdf . Acesso em: 16 dez. 2022. LUCAS, H. C. Tecnologia da informação: tomada de decisão estratégica para administradores. Rio de Janeiro: LTC, 2006. REJEB, O. et al. Performance and cost evaluation of health information systems using micro-costing and discrete-event simulation. Health Care ManagementScience, v. 21, n. 2, p. 1–20, 2017. https://www.zurich.ibm.com/pdf/news/Konsbruck.pdf