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Livro-Texto - Unidade I

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Prévia do material em texto

Autor: Prof. Mário Luiz Miranda
Colaboradoras: Profa. Vanessa Santhiago
 Profa. Christiane Mazur Doi
Esportes de Combate
Professor conteudista: Mário Luiz Miranda 
Mestre em ciências, desde 2012, pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (USP), 
onde também alcançou especialização em Aprendizagem, Desenvolvimento e Controle Motor, em 2009. Graduado 
em Engenharia pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI) em 1985. MBA em Marketing pela Escola Superior de 
Propaganda e Marketing, concluído em 1989. Na área das Ciências da Saúde, alcançou graduação em Educação Física 
pela Universidade Paulista (UNIP) em 2004, onde atuou, a partir de 2006, como coordenador pedagógico, por 15 anos. 
Atualmente, exerce docência presencial e em ensino a distância (EaD) nas disciplinas de Aprendizagem e Desenvolvimento 
Motor, Crescimento e Desenvolvimento Humano, Lutas: Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos e Primeiros Socorros. 
É docente também em cursos de pós‑graduação na disciplina de Teoria de Aprendizagem Motora, na modalidade EaD 
na Estácio de Sá e Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Os principais trabalhos publicados versam sobre a 
iniciação no Judô e a relação com o desenvolvimento infantil; efeitos do uso da instrução verbal e demonstração por 
vídeo na aprendizagem de uma habilidade motora do Judô (2009); estudos de prática formalizada de kata (rotinas de 
aprendizagem de golpes da modalidade de Judô), com título Práctica y caracterización de las katas por professores y 
árbitros de Judo experimentados (2012), Psychological, physiological, performance and perceptive responses to Brazilian 
Jiu‑jitsu combats (2014) e livro sobre respostas psicofisiológicas da arbitragem de Judô: efeitos da experiência dos árbitros 
e do nível das competições. Também participou da elaboração dos livros‑texto do curso de EaD da UNIP nas disciplinas de 
Crescimento e Desenvolvimento Humano (2017), Aprendizagem e Desenvolvimento Motor (2017) e da cadeira de Lutas: 
Aspectos Pedagógicos e Aprofundamentos (2018). É faixa preta 4º grau e árbitro internacional continental de Judô pela 
Federação Internacional de Judô.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M672p Miranda, Mário Luiz.
Esportes de Combate / Mário Luiz Miranda. – São Paulo: Editora 
Sol, 2023.
168 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517‑9230.
1. Esportes de combate. 2. Modalidades. 3. Metodologia. I. Título.
CDU 796
U518.08 – 23
Profa. Sandra Miessa
Reitora
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração e Finanças
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora das Unidades Universitárias
Profa. Silvia Gomes Miessa
Vice-Reitora de Recursos Humanos e de Pessoal
Profa. Laura Ancona Lee
Vice-Reitora de Relações Internacionais
Prof. Marcus Vinícius Mathias
Vice-Reitor de Assuntos da Comunidade Universitária
UNIP EaD
Profa. Elisabete Brihy
Profa. M. Isabel Cristina Satie Yoshida Tonetto
Prof. M. Ivan Daliberto Frugoli
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. M. Deise Alcantara Carreiro
 Profa. Ana Paula Tôrres de Novaes Menezes
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
 Aline Ricciardi
 Caio Ramalho
Sumário
Esportes de Combate
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 O UNIVERSO DOS ESPORTES DE COMBATE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ...............................................9
1.1 Definições ................................................................................................................................................ 11
1.1.1 Lutas ............................................................................................................................................................. 12
1.1.2 Defesa pessoal .......................................................................................................................................... 15
1.1.3 Artes marciais ........................................................................................................................................... 17
1.1.4 Arte marcial contemporânea ............................................................................................................. 22
1.1.5 Modalidades de esporte de combate (MECs) .............................................................................. 30
2 FILOSOFIA DAS LUTAS.................................................................................................................................... 31
2.1 Os conflitos internos e externos .................................................................................................... 32
2.2 Relação mestre e discípulo ............................................................................................................... 34
3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ESPORTES DE COMBATE .............................................................. 34
3.1 Os uniformes para as lutas ............................................................................................................... 35
3.2 Predomínio de modalidades de inteligência na prática de esportes de combate ................37
3.3 As principais habilidades e capacidades motoras dos esportes de combate ............... 39
3.3.1 Habilidades motoras das MECs ......................................................................................................... 39
3.3.2 Capacidades físicas obtidas pela prática nos esportes de combate .................................. 50
4 ORIGENS E HISTÓRICOS ............................................................................................................................... 52
4.1 Histórico e características de esportes de combate no continente americano .......... 52
4.1.1 As lutas brasileiras – o destaque na América do Sul ................................................................ 56
4.2 Histórico e características de esportes de combate no continente africano .............. 67
4.3 Histórico e características de esportes de combate asiáticos ............................................ 78
4.3.1 Artes marciais e lutas no Oriente Médio .....................................................................................101
4.4 Histórico e características de esportes de combate europeus .........................................103
4.5 Histórico e características de esportes de combate da Oceania ....................................114
Unidade II
5 FORMAS DE ENSINO E CATEGORIZAÇÃO DOS ESPORTES DE COMBATE ................................120
5.1 O ensino pelo estilo militar ............................................................................................................120
5.2 O ensino das práticas de combate pelas castas familiares ...............................................122
5.3 O ensino das lutas por meio de instrução religiosa .............................................................123
5.4 O ensino pelo processo de ensino‑aprendizagem educativo escolar e para 
a iniciação esportiva.................................................................................................................................124
5.5 O ensino dirigido para o rendimento esportivo‑competitivo ..........................................126
5.6 Aplicações dos esportes de combate, saúde, desporto, terapêutica, bem‑estar 
e qualidade de vida ...................................................................................................................................128
5.7 Categorização das lutas por meio dos aspectos de controle corporal .........................130
5.7.1 Categorização pelo princípio de domínio .................................................................................. 135
5.7.2 Categorização pelo princípio de confronto ...............................................................................141
5.7.3 As esquivas e a diferenciação contra bloqueios corporais ................................................. 142
5.7.4 Os contra‑ataques ............................................................................................................................... 144
6 ANÁLISES ANTROPOLÓGICAS DO PROCESSO DE COMBATE HUMANO...................................145
6.1 As brincadeiras turbulentas ...........................................................................................................145
6.2 Descobertas corporais por meio de lutas .................................................................................146
7 INSERÇÃO E INCLUSÃO POR MEIO DOS ESPORTES DE COMBATE ............................................147
7.1 Agressividade versus violência ......................................................................................................147
7.2 Esportes de combate formando atitudes sociais – combate ao bullying ...................147
8 A MÍDIA E OS ESPORTES DE COMBATE ................................................................................................148
8.1 Esportes de combate como entretenimento visual ..............................................................149
8.2 Aspectos socioformativos – a ética na prática dos esportes de combate ..................150
8.2.1 Relação psicossocial entre lutadores – aspectos antropológicos .................................... 150
7
APRESENTAÇÃO
Esportes de Combate é disciplina integrante da graduação em Educação Física, possibilitando uma 
visão acadêmica dessa prática esportiva, visando oferecer embasamento teórico para o desenvolvimento 
de seu conteúdo como alicerce filosófico, antropológico, geopolítico e, especialmente, formativo 
esportivo‑educacional.
A organização das práticas dos esportes de combate será abordada relacionando‑as às ciências 
humanas, associando‑os especificamente ao comportamento humano no emprego desse instrumental 
corpóreo na resolução de conflitos. Serão também debatidas as características dos esportes de combate 
por meio das ciências naturais, isto é, a inclusão dos elementos físicos básicos que estruturam o estilo 
físico‑motor, esportivo e o educativo.
Visa‑se oferecer ao aluno reconhecer os principais atributos dessa disciplina e de sua importância 
para a aplicação no campo da Educação Física. Adicionalmente, espera‑se que o aluno possa fazer as 
separações básicas das práticas corporais próprias dos esportes de combate, realizar comparações dos 
fundamentos de reflexão e emprego dos gestos técnicos contextualizados no cotidiano social e, por fim, 
associar o conhecimento histórico‑cultural dos esportes de combate.
Portanto, a disciplina se agrega ao universo do currículo da Educação Física a fim de contribuir 
com as bases essenciais para formação universitária e trata de maneira compreensiva o universo dos 
esportes de combate.
INTRODUÇÃO
Não se pode determinar com exatidão quando o ser humano iniciou o emprego do corpo como 
ferramenta de defesa pessoal, porém como afirma Ashrafian (2014, p. 11) “Artes Marciais são tão 
antigas quanto a existência humana”. Hoje em dia, podemos afirmar que devem existir milhares de 
esportes de combate difundidos pelo mundo, cada qual com características regionais, específicas 
e tradicionais.
O movimento corporal humano encontrado nos esportes de combate é notadamente complexo e 
combinado por meio de competências motrizes de modo a fazer frente a necessidades específicas: dos 
mais distintos enfrentamentos corporais e, adicionalmente, como autoconhecimento e estabelecimento 
de relações sociais. A Educação Física engloba maneiras de usar o movimento musculoesquelético 
articular como utensílio de formação reflexiva, compreensão educacional, aproveitamento esportivo e 
implemento à saúde.
Assim, é de vital importância que a disciplina Esportes de Combate seja estudada e debatida 
no curso e que possa trazer subsídios importantes sobre os processos históricos mostrados nas 
diversas práticas que envolvem as lutas, artes marciais, defesa pessoal e modalidades de esporte de 
combate. Ainda se faz indispensável lembrar que serão abordadas as principais origens dos esportes 
de combate mais conhecidos, características gerais, classificação de princípios de domínio e de 
confronto, metodologias de instrução educacional, esportiva e práticas para a saúde. Além disso, 
8
serão estudadas na disciplina sua aplicação no contexto de atuação profissional e as relações 
culturais que poderão prover instrumentos formativos educacionais, recreativos e esportivos.
Princípios e fundamentos filosóficos, uso de vestimentas habituais e influências religiosas, políticas 
e sociais serão discutidos e darão ao estudante oportunidades de conhecer as diferentes construções 
das várias modalidades. Assim, abordaremos as práticas de lutas nos continentes e suas aplicações mais 
importantes em épocas passadas e seus significados atuais.
Além de conhecer as habilidades motoras mais comuns encontradas nos esportes de combate, o 
aluno terá oportunidade de estabelecer parâmetros com o desenvolvimento integral do ser humano 
quando pratica esportes de combate.
Traremos os porquês de a disciplina se fazer importante como ferramenta da Educação Física, 
baseada não apenas nos princípios físicos, mas particularmente em características humanas que afloram 
de maneira natural, como as brincadeiras turbulentas, e como se pode utilizar os elementos das lutas 
como gatilhos para despertar a concentração, a compreensão interativa e a inteligência emocional. 
Pretende‑se trazer as principais diferenças entre agressividade e violência, bem como a formação de 
atitudes e questionamentos a fim de observar a influência da mídia na distorção quando da divulgação 
e difusão de notícias sobre a prática das artes marciais, lutas e modalidades de esporte de combate.
O universo dos esportes de combate é imenso e se faz primordial para os estudantes de Educação 
Física. Pretende‑se alargar o conhecimento acerca dos esportes de combate e dar sustentação aos 
estudantes de Educação Física para o seu futuro aproveitamento profissional.
9
ESPORTES DE COMBATE
Unidade I
1 O UNIVERSO DOS ESPORTES DE COMBATE NA EDUCAÇÃO FÍSICA
A Educação Física é composta de várias disciplinas, com finalidades abrangentes e aplicadas 
sistematicamente, contribuindo com a formação integral do ser humano.
Sabe‑se que o esporte pode ser aproveitado em diversos campos e fomenta ações que possibilitam 
atuar significativamente na formação social. Os campos de exercício das diversas disciplinas são 
designados como:
• Esporte educativo: voltado para atividades da Educação Física escolar com o intuito de formação 
educacional e comportamental.
• Esporte participativo: relacionado ao lazer e à recreação, também formativo e atuante no âmbito 
de construção social e da saúde.
• Esporte de rendimento: designado para a concepção esportiva competitiva.
Obviamente, os esportes de combate estão presentes nessas extensões de modo bastante relevante.
A coletividade foi organizada pelo enfrentamento dos desafios e perigos presentes em sua formação; 
afinal, como lembra JosephCampbell em entrevista a Moyers (1990), o ser humano não estabelece 
sozinho a sua jornada, ele segue o caminho do herói e se associa aos seus pares para erguer as bases 
de sua convivência. Empregar os membros do corpo e usar apetrechos, como armas de defesa pessoal, 
foram algumas ferramentas que possibilitaram a construção da sociedade humana.
 Saiba mais
O filme indicado relaciona‑se aos aspectos da construção da sociedade 
e aos combates pré‑históricos.
A GUERRA do fogo. Direção: Jean‑Jacques Annaud. França: ICC, 
1981. 100 min.
Desse modo, atributos humanos se associam ao desenvolvimento da sociedade e são aplicados a 
fim de melhorar o desempenho do ser. Nesse contexto, a Educação Física se apropria da intensidade das 
práticas corporais estabelecidas pelos esportes de combate para promover, por intermédio dos espaços 
10
Unidade I
criados pelos esporte educativo, esporte participativo e esporte de rendimento, exercícios necessários 
para elevar física, cognitiva e psicossocialmente os seus praticantes.
O esporte educativo compõe‑se de elementos físico‑motores que, por intermédio do professor de 
Educação Física, serão incididos como práticas corporais sobre os escolares de modo a promover o 
desenvolvimento socioeducativo e a coeducação, associando‑os à percepção cooperativa, interativa 
e solidária (TUBINO, 2010), disseminando a cidadania pela prática esportiva e construção do espírito 
esportivo, ou seja, valores que contemplem atitudes éticas e reforcem princípios morais.
Sem dúvida, podemos estabelecer uma associação entre o esporte educativo e os fundamentos 
norteadores da transformação ocorrida nas artes marciais, as quais averiguaram que a integração humana 
e os desafios impostos por ações agonísticas favorecem o crescimento intelectual, o fortalecimento 
psicossocial e trazem formação comportamental baseada em juízo de valor e respeitabilidade, sendo o 
oponente um promotor de desafios que afloram as mais nobres atitudes e condutas sociais. Obviamente, 
ao aparato físico‑motor é imposta a necessidade de desenvolver a coordenação motora e os ganhos 
de capacidades físicas, como prontidão, presteza e descoberta do esquema corporal, noção espacial 
e ambidestridade. Para o esporte educativo, a prática de esportes de combate se transforma em 
instrumento relevante a fim de estruturar a autorrealização e a convivência humana, pois as qualidades 
cognitivas, psicossociais e físicas mencionadas são os fundamentos dessas modalidades.
Considerando que o esporte participativo tem por função estimular os meios de informação para 
promover a participação na prática esportiva de modo a edificar condições de melhoria de saúde e, 
adicionalmente, de integração social, os esportes de combate agregam elementos imprescindíveis que 
se aproximam dessas qualidades, pois no embate corporal, seja contra um oponente ou apenas na 
realização de gestos técnicos, é necessária capacitação física generalizada, força, agilidade, resistência 
e equilíbrio. O desenvolvimento da concentração e a capacidade de combinar movimentos de caráter 
vivo auxiliam o praticante na busca de seu autoconhecimento, traduzem‑se em condições de bem‑estar, 
combatem o sedentarismo e resultam em autocontrole emocional.
A Educação Física tem ainda o esporte de rendimento como fator de projeção profissional. Os esportes de 
combate são muito apreciados, tanto como competição quanto como entretenimento. Por essa razão, são 
praticados no mundo todo, principalmente como esporte competitivo, desde os clássicos Jogos Olímpicos 
gregos, nos quais já se encontravam três modalidades esportivas específicas sendo disputadas: o Pugilato, 
a Luta Livre Olímpica e o Pancrácio. Nos tempos contemporâneos, continuam contemplados nos Jogos 
Olímpicos no Boxe Olímpico, na Esgrima, no Judô, no Karatê, no Taekwondo, no Wrestling Livre Olímpico 
e Wrestling Greco‑Romano. Encontramos, ainda, competições de projeção e interesse gigantesco, como o 
MMA, o Boxe profissional e os campeonatos mundiais das várias modalidades de esporte de combate.
 Lembrete
O esporte educativo refere‑se ao esporte escolar; o esporte participativo 
está relacionado a recreação, lazer e saúde; e o esporte de rendimento é 
unicamente dirigido ao campo esportivo‑competitivo.
11
ESPORTES DE COMBATE
Destarte, os esportes de combate são parte integrante da Educação Física e devem ter seu estudo 
direcionado aos estudantes a fim de providenciar elementos que tragam subsídios essenciais para 
ampliar o universo do profissional da Educação Física no desenvolvimento das potencialidades humanas 
por meio dos fundamentos motrizes, históricos e socioculturais.
Assim sendo, a abrangência de movimentos, as suas combinações, as estruturas de formação das 
capacidades físicas e coordenativas, as valências fisiológicas e biomecânicas, as potenciais descobertas 
físico‑motoras, os desafios no domínio psicossocial, como a incrível interatividade corporal alicerceada 
na oposição agonística, as descobertas da importância do adversário para o próprio acréscimo de 
qualidades humanas, a edificação das relações entre mestres e discípulos com o respectivo entendimento 
à hierarquia e à deferência, e também a ascensão ao conhecimento cultural, a produtividade na formação 
cognitiva incitando as distintas inteligências, os incentivos aos processos de tomada de decisão e muitas 
outros predicados dos esportes de combate serão trilhados academicamente a fim de contribuir como 
compêndio educacional, esportivo e recreativo para a Educação Física.
1.1 Definições
É importante frisar que existe uma diversidade de uso das palavras lutas, artes marciais, modalidades 
de esporte de combate e defesa pessoal. Esses costumes acabam por trazer confusão e interpretações 
equivocadas ao se atribuir determinadas designações de modo pouco sensato. Vamos fazer algumas 
observações importantes na área de Educação Física com a finalidade de aquilatar nossa presença no 
campo acadêmico‑científico, antes de dar sequência às definições específicas de esportes de combate 
e suas explicações.
Nossa profissão é comumente descrita como “educador físico”. Sabemos que a Educação Física é uma 
ciência que, por meio do estudo do movimento, investe na formação integral do ser humano. Assim, 
não educamos apenas o corpo físico, mas o espírito; como lembra Ortega y Gasset (2016), tratamos da 
combinação da inteligência com a vontade, a manutenção do frescor da alma com a força da juventude 
e a experimentação contínua associada à longínqua reflexão.
Por essa razão, na criação do Conselho Federal de Educação Física, determinou‑se que nosso ofício é 
denominado profissional de Educação Física, de acordo com a Lei n. 9.696, de 1º de setembro de 1998, 
a qual dispõe sobre a regulamentação da profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho 
Federal e Conselhos Regionais de Educação Física.
Na área escolar, pode‑se chamar o profissional de professor de Educação Física. As profissões da área 
da saúde têm códigos essenciais para nomenclaturas específicas e trazem distinção e relevância científica 
aos assuntos pertinentes às suas áreas de atuação. Por esse motivo, fazemos o mesmo a fim de valorizar o 
profissional de Educação Física; por exemplo, verificamos similaridade com a designação “Jogos Olímpicos”, 
como os países descrevem o maior evento esportivo mundial da mesma forma que era originariamente 
na Grécia classica. Verifica‑se aqui também, pela mídia do Brasil e de modo pouco acadêmico no meio dos 
profissionais de Educação Física, mencionar “Olimpíadas” para esse acontecimento tão grandioso, quando 
essa palavra significa apenas “espaço de quatro anos” em grego; o uso original do termo parece trazer mais 
credibilidade. Propomos, já que serão trazidas definições específicas na área de esportes de combate, que 
se reforce a utilização dos termos corretos e exatos concernentes à profissão.
12
Unidade I
1.1.1 Lutas
Lutas é uma designação que abrange uma grande variedade de significados, inserindo‑senos 
diversos contextos – sociais, esportivos, econômicos, políticos, filosóficos e biológicos. As lutas apontam 
prestezas que se assinalam por conflitos a serem resolvidos quando em franca oposição aos interesses, 
sentimentos e objetivos outros, determinados para conquistar posição, território, status e poder. 
Observa‑se que esses confrontos podem ser de natureza física, mental, comportamental, ideológica e 
retórica. Lutar é disputar algo a fim de obter sucesso de acordo com determinadas pretensões.
Ao se referir a lutas, observamos que a palavra se constitui de uma disputa para alcançar um 
particular triunfo. Vencer é o desígnio máximo da palavra, isto é, luta‑se para conter a oposição aos 
próprios ideais. As lutas traduzem uma situação bastante racional e implantam o conceito especial de 
subjugar, mas não exterminar.
No universo animal, constatamos que vencer não significa necessariamente aniquilar o adversário. 
Luta‑se pelo acasalamento, pelo domínio de território, por comida e proteção da prole. As disputas são 
ferrenhas, contudo, apenas excetuando a norma de lutar pela sobrevivência e abater o oponente que 
pertence a uma cadeia alimentícia inferior, os confrontos terminam com o vencido abandonando o local 
da disputa, aceitando a derrota e procurando outras oportunidades.
Observe a figura seguinte, em que se nota a luta entre elefantes‑marinhos para acasalamento.
Figura 1 – Elefantes‑marinhos em luta por acasalamento
Disponível em: https://bit.ly/3mM4dM4. Acesso em: 28 fev. 2023.
A contenda é difícil, causa danos físicos, mas, ao final, o perdedor se afasta do grupo e procura 
outros ensejos. Não há necessidade de eliminar o oponente finalizando definitivamente sua vida.
Os hipopótamos são extremamente territorialistas e defendem violentamente qualquer tentativa de 
incursão na região de seu habitat, lutando para preservar e manter a segurança de sua extensão. Não é 
permitido afrontar as garantias de proteção ao próprio grupo. Caso outro animal atravesse a barreira de 
seu território, eles vão lutar de modo brutal contra os invasores.
13
ESPORTES DE COMBATE
O poder é exercido em geral por aqueles que de certa maneira se impuseram por meio das lutas, pois 
chegar ao auge da liderança envolve não apenas a força física e intelectual, mas principalmente a maneira 
como ela é usada. As lutas requisitam a combinação essencial do uso da energia vital considerando a 
desenvoltura em que se opera esse vigor no tempo apropriado e de forma decisiva. Como exemplo, sabe‑se 
que o gorila‑chefe está entre os mais fortes do grupo, entretanto, não é o mais forte que se sobressai e 
comina como líder, mas sim aquele cuja pujança é aliada ao emprego do maior nível de habilidade motora 
e postura imponente, de tal modo se tornando o comandante. Ainda assim, o comandante é o que possui 
maior compleição física e se permite efetuar o batimento das mãos no peito de modo a ressoar mais longe 
a percussão alcançada, conquistando maior dominância e acasalamentos (WRIGHT et al., 2021).
Outra situação importante é que, na maioria das vezes, no meio animal, por meio de ações diretas e 
preventivas, demonstra‑se que determinada propriedade já é habitada e possui um titular ou titulares 
que demandam respeitabilidade, evitando a ocorrência da luta direta, pois o aviso é dado, os que tentam 
se aproximar sabem que estão transgredindo aquele local e deverão enfrentar seus ocupantes. Os felinos 
são um exemplo: eles urinam nas árvores e plantas, delimitando e indicando a região de sua circunscrição 
para outros de sua espécie e mesmo para os de espécies diferentes.
Na próxima figura, pode‑se ver a luta de duas zebras pelo domínio do grupo e para acasalamento.
Figura 2 – Zebras lutando pela liderança
Disponível em: https://bit.ly/3KOsucl. Acesso em: 28 fev. 2023.
Nota‑se que há um fenômeno que espalha a acepção da palavra luta para mostrar que existe, por 
exemplo, domínio sobre alguma dificuldade enfrentada, como ocorre em exemplos do tipo: “o piloto de 
corrida na Fórmula 1 lutou bravamente para não perder o controle do veículo após o acidente”. Outro 
exemplo se observa ao colocar o seu significado como procedimento de aflição: “essa luta não termina 
nunca, precisamos melhorar ainda mais as condições de nosso povo frente às barbaridades perpetradas 
pelos tiranos. Nossa luta é a de que não se pode permitir violentar nossas liberdades e individualidades”.
14
Unidade I
Na política, é comum haver debates aguerridos para alcançar aprovação de projetos e tornar‑se 
vencedor nas disputas eleitorais. A ética pressupõe a luta como o embate de ideias e objetivos e se 
aquiesce sem que o vencido seja exterminado. Lutar é fazer acontecer com o emprego de todas as 
ferramentas possíveis, as quais, obrigatoriamente, se agregam às leis e às liberdades básicas do ser 
humano, explicitamente a de poder expressar livremente opiniões e ideias, ter o direito de mobilidade e 
de escolha, seja ela religiosa, política ou de outros propósitos.
O respeito recíproco é a premissa fundamental para encadear o significado de luta, mesmo que as 
diferenças sejam substanciais. Que se lute no mundo dos direitos humanos. Que os escrúpulos sejam 
as diretrizes de ação aos que desejam lutar por algo, embater, pugnar, combater, confrontar, conflitar e 
disputar, enfim, buscar sucesso sem que se utilize de feitios abjetos e que atentem contra a dignidade 
humana. Por fim, lutar é sobrepujar dificuldades e admitir a consonância com o seu contrário. Lutar 
é fazer com que todos saiam ganhando na disputa, por isso o importante é saber lidar com todas as 
resultantes e criar as visões apropriadas para suplantar desejos e paixões que impeçam a razão de sobrepor 
a funcionalidade humana.
Recordando os aforismos de Aristóteles expostos por Guthrie (2002), podemos construir uma franca 
agregação da definição de luta envolvendo a atitude moral, isto é, o ethos e a assimilação à sustentação 
ecumênica à vida, depois a razão da legitimidade dedutiva fundamentada no logos e a diretriz 
consciente na procura do que é realmente útil e, finalmente, dos sentimentos humanos, baseados no 
pathos, ou seja, a emoção como trilha de desenvolvimento humano, e não somente como subordinação 
e imposta pelo medo.
Logo, a conceituação de luta se conecta com a apreciação de atingir um objetivo bem delineado, 
consciencioso e que se sujeite a conservar e ética humana essencial. Busca‑se mais o próprio êxito bem 
fundamentado a derrotar o adversário por evasivas sem virtudes.
 Observação
Ética humana essencial é tomar decisões que sejam úteis e benéficas 
primeiramente para si, para as pessoas próximas e, concomitantemente, 
para os inimigos.
 Lembrete
A luta invoca de modo generalizado todas as ações que se relacionem e 
ordenem contendas, corporais, ou não, de ideais opostos.
Faz‑se indispensável diferenciar a nomenclatura que separa, de modo claro e objetivo, a definição 
de luta e briga.
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ESPORTES DE COMBATE
Como discorremos anteriormente, a luta se baseia num estilo pensado, ponderado e planejado com 
o intuito de conquistar determinada posição que enfrenta contraposição. A ética essencial é a regra no 
caminho dessa ação; o autocontrole está presente em todas as etapas de atuação e é primordial para a 
continuidade do embate sadio e valoroso.
Por sua vez, as coletividades cresceram e as atuações políticas têm demorado para responder 
às demandas sociais. Encontram‑se desvios de responsabilidades, interesses próprios e descaso com as 
pessoas em várias áreas: educação, segurança, transporte público e saúde. Essas falhas têm causado 
desarranjos emocionais e dificuldades imensas à população, prejudicando a convivência e causando 
estresse contínuo. O isolamento social, as dificuldades econômicas, as novas composições familiares, o 
imediatismo e consumismo desenfreado, a perda de valores éticos, os movimentos que não respeitam 
as antigas e as novas tradições culturais, sem que uma destrua a outra, provocam distorções de 
conduta ecomportamentos exacerbados. As pessoas não conseguem avançar nas reflexões do convívio 
tolerante, respeitoso, educado e solidário. Com isso, atitudes impensadas são comumente vistas, cada 
qual sentindo apenas as suas necessidades e, sem ajuizar melhores diretrizes e atitudes, acabam por 
causar desconforto, explosões físicas e reações irritadiças, caracterizadas por discussões, bate‑bocas e 
agressões físicas, características do termo briga.
Assim, torna‑se nítida nesta disciplina a diferenciação entre essas disposições, o que pode servir 
como suporte ao entendimento das razões de certas situações sociais parecerem inacreditáveis.
Fica aqui um desafio para a nossa disciplina: será que a prática das lutas pode ser uma ferramenta 
importante para contribuir com o desenvolvimento do ser humano?
Exemplo de aplicação
Faça um apanhado das descrições até aqui estudadas e as relacione à prática das lutas com a 
formação integral do ser humano. 
1.1.2 Defesa pessoal
Desde os primórdios da humanidade, divergências ocorrem, tornando evidente que a luta pela 
sobrevivência incutiu em cada ser vivo a disponibilidade de enfrentar e tentar dar continuidade 
favorável à vida.
Pode‑se citar nosso sistema imune, que se desenvolve para continuamente lutar contra todos os 
patógenos que desejam se aproveitar de nossa existência. Ininterruptamente, desafios virais, bacterianos e 
fúngicos que nos acometem provocam alterações de autodefesa e o sistema vai ficando mais forte 
e atuante. Esse exemplo de luta se associa diretamente à condição de defesa pessoal, isto é, à preservação 
de nossa vida.
O desenvolvimento do próprio corpo físico e, conseguinte, suas habilidades motrizes como meio 
de defesa contra as abordagens predadoras também são elementos essenciais para enfrentar esses 
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Unidade I
acometimentos. Além disso, Lane et al., Lovallo et al. e Thayer, citados por Miranda (2015), dispõem sobre 
regulações hormonal, imunológica e psicofisiológica que fazem parte das reações diante do estresse 
e, não se pode negar, protegem a própria vida – característica que exige estar alerta constantemente, 
solicita mudanças de atitude imediatas e aplica reações contundentes. A publicação de Miranda afirma 
que o ser humano, sob efeito do estresse emocional, como estão os árbitros e atletas esportivos, se 
especializou em liberar substâncias hormonais, em especial o cortisol, que permite reações de vigilância, 
fuga e mesmo para confrontar ameaças.
Assim sendo, todos os seres têm se postado com suas próprias atribuições corporais, cognitivas e 
emocionais para não permitir submissão, escravagismo, dependência e detrimento de sua dignidade, 
tentar evitá‑los e contrapor‑se a eles. Reagir para não ser dominado, aprisionado, eliminado, para 
não perder sua prole e seu território e proteger a própria vida é de caráter de todos os seres vivos. 
O ser humano filogeneticamente possui caráter de manutenção de sua liberdade, de sua segurança, de 
sua expressividade, da mobilidade e de seu bem‑estar. Tentar retirar esses direitos estruturais envolve 
criar mecanismos de justificação para afrontar quem os deseja usurpar. Daí nasce o que chamamos de 
defesa pessoal.
 Observação
Filogenia/filogênese é a característica biológica que nos identifica como 
espécie e origina nossas características comuns.
A defesa pessoal se construiu essencialmente pelas qualidades motrizes e cognitivas desenvolvidas 
pelos humanos para que, inicialmente, pudessem enfrentar seus predadores e, simultaneamente, seus 
pares que impetrassem poder, imposição e subserviência.
Desenvolveram‑se técnicas de combinação musculoesqueléticas articulares que permitiam 
bloquear, aparar, contra‑atacar e mesmo exterminar agressores. O uso das mãos, dos braços, dos 
cotovelos, da cabeça, da boca, de pés, pernas e joelhos foi se moldando de acordo com a necessidade 
de resposta a cada vilipêndio sofrido.
A autodefesa se constrói por intermédio de muitas atitudes; a primeira, se possível, é prevenir a 
ocorrência do conflito. A segurança pessoal exige alerta aos acontecimentos, como não se propor a ir 
a regiões e locais que possam trazer dificuldades, assaltos e aviltamentos. A precaução é norma de 
defesa pessoal. Porém, ao se deparar com determinados tipos de abordagens mais aproximativas, há a 
possibilidade de usar todos os argumentos possíveis a fim de tentar dissuadir o agressor da sua atitude e 
mostrar a necessidade de estabelecer um denominador comum e chegar ao consenso para, assim, evitar 
ações mais talhantes e mandatórias.
Por sua vez, em muitas ocasiões, não há como dar ensejo às alegações e à busca da razão, e o 
acometimento é de tal modo incisivo que ultrapassa os limites do distanciamento corporal no qual 
as pessoas se sentem confortáveis. Podem ocorrer, no cotidiano humano, ataques corporais, invasões, 
arroubos de adereços e até violência contra a dignidade humana; nesses casos, o sujeito com alto 
17
ESPORTES DE COMBATE
nível de preparo emocional e habilidades especiais, com muitos anos de prática e confiança total 
em técnicas apropriadas, poderá responder imobilizando o atacante e, mesmo em casos extremos, 
acabar por exterminar o inimigo, configurando, de acordo com as leis, atos de legítima defesa da 
propriedade e da vida.
Dessa maneira, pode‑se afirmar que a defesa pessoal é uma característica humana que possibilitou 
ao homem passar pelos mais variados desafios da construção social e também exibe sua natureza de 
posicionamento perante quaisquer tentativas de atentar contra a vida. A segurança pessoal e a defesa 
pessoal são direitos de todo ser humano.
Em resumo: a defesa pessoal parte do princípio de que se deve, antes de tudo, saber lidar com as 
desordens contraditórias do convívio social, precaver‑se e afastar as intimidações a fim de prevenir 
agressões diretas; entretanto, se necessário, deve‑se agir com determinação, conter e dominar o 
protagonista hostil.
1.1.3 Artes marciais
Como vimos nas descrições sobre defesa pessoal, o emprego do corpo é a primeira ferramenta de 
proteção contra ataques físicos. Animais constantemente usam de todos os seus atributos físicos para 
se defender de contraofensivas de rivais e concorrentes.
A evolução da civilização humana se deu, em especial, pela capacidade de caminhar de forma bípede, 
possuir tridimensionalidade na percepção visual, utilizar a linguagem e desenvolver o cérebro, o que 
proporcionou difundir variáveis de tomada de decisão que permitiram enfrentar agruras concernentes 
à convivência com todos os habitantes da Terra, que temos como moradia.
Os seres humanos conseguiram ajuntar suas qualidades de vivência em grupo para confrontar 
ameaças de animais hostis. A estrutura social se conformou em grupos a princípio basicamente nômades, 
com grande mobilidade de territórios e, depois, em grupos mais estáveis, devido ao sucesso das práticas 
agricultoras (DANIELS; HYSLOP, 2004).
Pode‑se notar em pinturas rupestres várias suposições de atividades em grupos e com uso de 
artefatos e estratégias de domínio contra animais. As atividades humanas agregaram ações conjuntas 
que visavam suprir as necessidades do bando reunido.
Várias pinturas rupestres trazem ideias e possibilidades de como viviam nossos ancestrais e como 
se organizaram em sociedade. Na caverna de Magura, Bulgária, encontram‑se representações de 
caças, danças, divindades, festivais de fertilidade etc. A seguir, pode‑se observar uma dessas figuras 
esquematizada, desenhada nas paredes dessa caverna, de idade aproximada entre 8 e 10 mil anos, 
configurando a pré‑história humana.
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Unidade I
Figura 3 – Pintura rupestre pré‑histórica: caça, armas, danças e divindades
Disponível em: https://bit.ly/3omqyR5. Acesso em: 28 fev. 2023.
Como já vimos, a defesa pessoal tem associação direta com o uso de qualidades de enfrentamento 
e se refere mais diretamente a cada ser; mas, como percebemos, a agregação humana facilitou a 
sistematização de ações que proporcionaram uma defesa mais abrangente: dafamília, dos ajuntamentos 
e das civilizações mais proeminentes. A arte de se defender individualmente se tornou cada vez mais 
estruturada e estabeleceu melhores e mais seguras condições de vida e cuidados para as associações 
quando se tornaram atividades grupais mais bem direcionadas.
Houve notável progresso no uso e desenvolvimento de armas, escudos e vestimentas, empregando‑se 
os mais variados recursos materiais, sendo os mais antigos a pedra lascada, cordoaria para enlaces e 
ferragem pontiaguda. Concomitantemente, os governantes impuseram a formação de armações treinadas 
em gestos incisivos e dominantes cada vez mais diligentes; habilidades específicas de imposição e de 
controle foram adquiridas, ou seja, técnicas de ataque e defesa extremamente eficientes se disseminaram 
entre os indivíduos que se dispunham a trabalhar como combatentes. Formaram‑se, então, entidades cujos 
comandantes eram responsabilizados em atuar com autoridade para a manutenção da ordem e da justiça.
Não demorou muito para que grupos bem estabelecidos começassem a procurar expandir seus 
territórios, áreas para plantação e, principalmente, para a captação de água e de minerais a fim de dar 
condições de crescimento às populações que aumentavam e necessitavam de alimentos, segurança 
e oportunidades. Líderes eram levados a ampliar seus domínios e, ao fazerem isso, encontravam 
outros estabelecimentos sociais também grandiosos e que competiam pelas mesmas demandas de 
seus povos. Surgem, então, as formações especializadas em atacar outras propriedades e defender os 
próprios domínios territoriais. Daí, ocorrem as famigeradas guerras, disputas ferrenhas, duras e que 
demonstraram a grande capacidade humana de destruição. O uso de estratégias e o desenvolvimento 
de armamentos eram constantes e mobilizavam grandes recursos ambientais, humanos e materiais.
As guerras derivam de desacordos, da ganância, da crueldade, da imposição errada de racionalismos 
equivocados e, principalmente, da desarmonia. Também de monarcas que se apetecem de grandiosidade, 
da cobiça coercitiva, da escravatura e do enriquecimento à custa de seu povo e de seus vizinhos.
Essas disputas são antigas; documentos gravados em pedras, produzidos por entalhes, mostram 
pormenores dessas contendas. Como exemplo, por volta de 2525 a.C., houve um prélio grandioso 
19
ESPORTES DE COMBATE
descrito numa escultura esculpida em um bloco monolítico de pedra, chamado Estela de abutres, o qual 
se encontra no Museu do Louvre, em Paris, na França. Constam detalhes de planejamento e das duras 
batalhas travadas entre as civilizações do rei Eannatum, da cidade de Lagash, que sobrepujou a cidade 
de Umma, na região da Suméria, na antiga Mesopotâmia, hoje sul do Iraque. A contenda se deu por 
causa da captação de águas e aquisição de terras cultiváveis (COOPER, 1983; MELLA, 2004).
 Observação
Usaremos as abreviaturas a.C. para indicar a época antes do nascimento 
de Cristo; e d.C. como época depois do nascimento de Cristo, considerando 
o calendário gregoriano.
Figura 4 – Estela de abutres. Bloco monolítico esculpido nos idos de 2525 a.C. 
descrevendo a guerra entre Lagash e Umma, no Museu do Louvre, em Paris
Disponível em: https://bit.ly/3Lb45zc. Acesso em: 28 fev. 2023.
Essas instituições eram especializadas em atos aguerridos e formavam batalhões de indivíduos 
arduamente treinados; não se podia prescindir de entidades muito bem aparelhadas por grandes 
composições humanas e material bélico com poder ativo para o combate corporal e o uso desses 
implementos com maestria.
Claramente, verifica‑se que se tornou necessário haver formalização especializada para que houvesse 
o aperfeiçoamento dos sistemas exclusivos de alistamento humano, treinamento, mobilidade de tropas, 
logística, estudos de táticas e estratégias de combate coletivo. Esquematizaram‑se e se impuseram 
ordens de excelência no trato militar, sobretudo com estudos profundos de ciências materiais, educação 
e adestramento dos indivíduos, hierarquização de comandos e de procedimentos e de ideais guerreiros.
20
Unidade I
Esculturas e pinturas também mostram a formação de exércitos em antigas civilizações, como 
na retratada a seguir, proveniente dos reinados egípcios, bastante antigos e que já apresentavam a 
formalização de exércitos bem equipados e armados (RIVERS, 2019; SHAW, 2000).
Figura 5 – O faraó Tutancamom, 18ª Dinastia dos Faraós (governou entre 1332 e 1323 a.C.), 
destruindo seus inimigos; pintura em madeira de 1327 a.C.
Disponível em: https://bit.ly/41BEi8D. Acesso em: 28 fev. 2023.
Nos estudos das mitologias e religiões, sempre vão ser encontrados seres responsáveis por guerrear, 
descritos por suas habilidades e competência física e inteligência na combinação dessas aptidões. 
Esse assunto será discutido mais à frente. Pretende‑se, neste momento, afirmar que a partir dessas 
influências legendárias, associadas aos interesses humanos, as organizações militares deram início aos 
artifícios particularizados para realizar lutas muito bem arquitetadas.
Sabe‑se que o general chinês Sun Tzu ou Sunzi, nascido por volta de 544 a.C., ou seja, teria vivido 
durante a Dinastia Chou ou Zhou, que durou de 722 a 476 a.C., e serviu ao rei Hu Lu, deixou manuscritos 
direcionando como montar, preparar, guiar e dar condições às tropas militares de executar adequadamente 
as ações que dariam a vitória nos combates militares e mostraria as condutas apropriadas de como 
proceder como vencedor de batalhas e tratar seus comandados e prisioneiros.
Dizia Tzu que a guerra era uma atividade muito relevante para o Estado, sendo de importância 
capital, podendo trazer a prosperidade, a sobrevivência ou a sua ruína, portanto deveria ser estudada 
profundamente. Esses manuscritos configuraram um tratado sobre as ações militares e foi intitulado na 
atualidade como A arte da guerra. Mais especificamente em chinês: 孫子兵法; pinyin: sūn zĭ bīng fǎ, e 
traduzido literalmente como “Estratégia Militar de Sun Tzu”.
A palavra militar tem significado direcionado para toda instituição, ou a de seus representantes, que 
possa usar a força para coibir ações contrárias aos interesses da segurança dos indivíduos e da proteção 
ao patrimônio público ou particular.
21
ESPORTES DE COMBATE
O termo guerra provém de vários idiomas; uma das origens mais antigas é werra, nativa do germânico, 
normando ou também do protoindo‑europeu. Sua origem tinha conotação de discórdia, seguindo ou 
não para conflitos violentos.
Da Grécia clássica, sabe‑se que o deus Ares representava os desacordos e o caos conflitante, sendo 
considerado o responsável pelas guerras e ações beligerantes. Aprofundaremos mais esse assunto 
posteriormente, mas aqui chamamos a atenção de que, a partir da decadência do Império Grego e 
ascensão do Império Romano, estes se apropriaram da mitologia grega e designaram nomes latinos aos 
deuses, e ao deus Ares foi dado o nome de Marte.
Provavelmente, devido à organização dos povos etruscos, que já possuíam certas estruturas militares, 
treinamento de soldados, organização logística e armamentos bem desenvolvidos, os exércitos romanos 
eram muito bem disciplinados e as determinações eram bem objetivas quanto à atuação de cada 
participante, seguindo ordem de classe hierárquica muito bem definida. Dessa conjunção de fatores, 
associados às mudanças linguísticas na mitologia, a palavra marcial decorre, desse modo, do deus 
Marte, resultando na hoje conhecida arte marcial. Portanto, essa disciplina traz à tona aprofundamentos 
astuciosos referentes às lutas entre impérios, comarcas, cidades, estados etc., bem como todas as atitudes 
militares e planejamentos sobre guerra.
Figura 6 – Bronze de Riace, antigo guerreiro/soldado grego
Disponível em: https://bit.ly/3KNUsoJ. Acesso em: 28 fev. 2023.
Considerando a nomenclatura adotada para o conhecimento específico de como antecipar e impor 
ações de ataque e defesa coletiva, movimentações e deslocamentos, uso de armamentos, estratégias 
de atuação e formalizaçãosocietária militar para atingir resultados imponentes, o termo arte marcial 
se relaciona diretamente com o agir pelo desempenho de alto nível, precisão e eficácia, ou seja, pela 
excelência aplicada à guerra.
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Unidade I
1.1.4 Arte marcial contemporânea
Viu‑se que a arte marcial se configurou como a expertise focada na condução para se guerrear. 
As ações eram para preparar os soldados e comandantes a fim de extrair o melhor resultado possível da 
movimentação e seus corpos, da utilização de implementos com finalidade de lutar a favor dos reinos, 
impérios, governos, cidades‑estados etc.
Chama a atenção, todavia, que, no próprio tratado de Sun Tzu (2021), é notável a percepção de que 
a guerra e suas resultantes devem prover um mínimo de atenção aos direitos humanos, seja de sua 
própria tropa como da dos inimigos. Tzu descreve que os homens devem adentrar a guerra com a devida 
reflexão relativa às suas consequências; os generais devem ser humanos para, então, poder exercer a 
liderança verdadeira e a benevolência aos cativos, isto é, tratá‑los com dignidade e sinceridade e, por 
fim, que é melhor capturar o exército adversário a destruí‑lo. Também, no entendimento dos samurais, 
deve‑se adotar que o caminho a ser trilhado pelos guerreiros não deve ser apenas o de exercer suas 
habilidades para ataques e defesas exatos e contundentes, mas o de constituir a educação do corpo, 
por meio das técnicas corpóreas e do exímio manejo das armas, sempre associados à ampliação mental, 
isto é, à criação de juízo de valor e, também, para a coordenação emocional, em especial, ao controle da 
vontade, dos desejos e das paixões (NITOBE, 2005).
O mundo se abastece de informações advindas das mais variadas formas de aprofundamento e 
das relações dos seres humanos com si próprios, com o outro e com a natureza. Ao lutar, percebe‑se o 
contrário: esse oponente também coaduna com a vida e com objetivos próprios. Obviamente, na arte 
marcial, literalmente, o objetivo era subjugar o adversário e, para isso, valiam todas as técnicas para 
dominá‑lo ou exterminá‑lo.
Felizmente, a humanidade evolui e se transforma a cada momento e percorre cada vez mais os 
caminhos que levam à preservação das liberdades, sejam elas de expressão, de mobilidade e de seus 
próprios desígnios pessoais, sempre em função da respeitabilidade aos outros e às suas escolhas. Parece 
que a ética essencial vai se consolidando de modo mais abrangente e determinante. Para isso, é fator 
primordial uma educação baseada em valores humanos como a coragem, a honra, a cortesia, princípios 
de preservação da individualidade, da honestidade, da retidão e da percepção de que a interatividade 
com o outro se faz importante para as descobertas das próprias fraquezas e potencialidades.
Considerando essas condições, ao longo do tempo distintos praticantes de técnicas incisivas de 
artes marciais, e também profundos pensadores, enxergaram que elas poderiam ser instrumentos 
de destaque para a educação a fim de que se descobrissem valores baseados na verdade e na virtude 
para a construção social.
Assim, a seguir, descreveremos as influências de formação política, social, religiosa e filosófica para 
a transformação da arte marcial em práticas voltadas para formar integralmente o ser.
23
ESPORTES DE COMBATE
1.1.4.1 Efeitos das políticas de época, filosofia e religião ancestrais nas práticas das 
artes marciais da atualidade
Na história da humanidade, observa‑se que, por variados motivos, a prática de lutas foi integrante 
do cotidiano das mais distintas civilizações.
Esses exercícios eram voltados para diversas funções: formação guerreira, destacando a 
organização de exércitos e do direcionamento para permitir que o indivíduo se tornasse, por si, um 
defensor‑mor da nação. Também se salientavam os estudos dos movimentos do corpo, desenvolviam‑se 
artefatos específicos para o combate, os mais ergonômicos possíveis e com materiais leves, mas de 
robustez e durabilidade adequadas para as necessidades guerreiras. Adicionalmente, os estudos das 
práticas de oposição corporal permitiam e desabrochavam descobertas de capacidades físico‑motoras 
condicionantes e coordenativas.
A mitologia e as religiões exercem então grande influência sobre os aspectos de formação educacional 
e acomodam o mito do herói ao da coragem humana. As práticas das mais variadas lutas representavam 
o momento de adestramento do corpo a fim de aproximar‑se das qualidades dos representantes da 
força, da virtude, da superação e da vontade férrea para conquistar objetivos.
As propriedades no aproveitamento do aprendizado das lutas seguem de modo marcante duas 
vertentes que se diferenciam em relação às suas características: as lutas ocidentais e as orientais.
Entre as lutas ocidentais, podemos discorrer sobre os egípcios, que promoviam o exercício das 
lutas para fins além da formação guerreira e do condicionamento corporal e entretenimento, mas 
também para compreender valores que afetavam o dia a dia das pessoas, como a disposição física, a 
compreensão do uso da força física e como atividade recreativa (GAMA‑ROLLAND, 2017).
Figura 7 – Práticas de lutas no Egito antigo, Tumba 15 de Baget III, localidade de Beni Hasan
Fonte: Kanawati e Woods (2010, p. 47).
Vários deuses compunham a religiosidade dos egípcios, entre eles, havia Sekhmet, deusa da guerra, 
da destruição e protetora do Sol. Nas festividades para celebrar os vários deuses dessa civilização, havia 
lutas programadas como diversão e que se propunham compreender os motivos pelos quais existia a 
necessidade de aprender a lutar: obedecer ao faraó e defender a família, a pátria e fortalecer a alma 
24
Unidade I
para retornar após a morte. Ou seja, as lutas eram um modelo para a formação e percepção voltada à 
condição de vida na sociedade de acordo com as leis vigentes.
Avançando na interpretação histórica, López (2011) aponta que a civilização dos egeus, situados 
na região de Creta, usavam as lutas, além da preparação guerreira, também como meio educacional 
a fim de os jovens aprenderem a se defender e golpear, mas aprofundando condições de atitudes de 
tomada de decisão, desenvolvimento coordenativo e entendimento da importância do parceiro para 
atingir o desempenho físico apropriado. O famoso afresco de Santorini, no sítio arqueológico de Tera, 
datado entre 1700 e 1500 a.C., mostra a atividade de Pugilato entre dois jovens, ambos portando 
proteção em uma das mãos; uma delas obrigatoriamente era usada para atingir o oponente, e a outra 
era apenas empregada para aparar os golpes e bloquear os ataques sofridos. Essa disposição motriz se 
associa firmemente à prática de jogos de combate educativos que ensejam controle e coordenação 
motora, além de exigir cumprimento à regra.
Figura 8 – Afresco de jovens boxeando, no Museu Arqueológico Nacional, em Atenas
Disponível em: https://bit.ly/41h8fep. Acesso em: 28 fev. 2022.
Os gregos, por sua vez, conforme ressaltam Graeme (2014), Tommasi e Soares (2015) e Vernant 
(2000), foram os maiores incentivadores da prática de artes marciais desde a infância, pois sabiam das 
qualidades que podiam ser aproveitadas na instrução dos indivíduos. A defesa da nação se apoiava na 
educação militar dos jovens; não servia somente para preparar os cidadãos para a guerra, mas instigava 
os estudos relativos aos valores humanos no trato com os contrários. Buscava‑se por meio da prática 
dos esportes de combate orientação para alcançar a excelência em si, o corpo e o espírito unos e 
voltados para a construção social (DIAS, 2021).
Esportes de combate faziam parte da educação infantil grega. Na Paideia, a orientação educacional 
era direcionada para lutas, matemática, geometria, filosofia, história, geografia e gramática por meio 
da interdisciplinaridade; estudava‑se como o ser se inseriria no contexto social pelo fortalecimento do 
corpo, pela compreensão de suas restrições em relação ao uso da força impensada e pela descoberta de 
suas debilidades e virtudes.
25
ESPORTESDE COMBATE
A formação voltada para a construção do corpo belo, do uso da força com habilidade e decisão 
provinha, entre vários protagonistas, em especial, dos mitos de Héracles (Hércules para os romanos) e de 
Teseus, os quais eram os principais exemplos que fundamentavam a prática de lutas.
Figura 9 – Primeiro Trabalho de Héracles: matando o leão de Nemeia. Representação em ânfora de 
cerâmica terracota grega, de cerca de 540 a.C., no Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque
Disponível em: https://bit.ly/3KHfXaK. Acesso em: 28 fev. 2023.
Esses personagens, deuses e semideuses propunham exemplos de ações heroicas, ou seja, serviam como 
modelo para incitar a busca pela vontade, pelo enfrentamento dos problemas, pelo autocontrole e uso da 
energia com a máxima astúcia. Héracles demonstrou a sua força descomunal sempre dirigida à solução de 
problemas e serviços de grande dificuldade. A perspicácia e agilidade aliavam‑se à potência a fim de salientar 
as qualidades físicas e cognitivas de Teseus (GRAEME, 2014; TOMMASI; SOARES, 2015; VERNANT, 2000).
Figura 10 – Teseus matando o monstro Minotauro; 
vaso de cerâmica ancestral, no Museu Arqueológico de Atenas
Disponível em: https://bit.ly/3A73YhZ. Acesso em: 28 fev. 2023.
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Unidade I
Nos Jogos Olímpicos gregos, os esportes de combate eram o Pugilato, a Luta Livre Olímpica e o 
Pancrácio, que referenciavam a superação das agruras causadas pelo envolvimento corporal composto 
por golpes e ações contundentes e que exigiam elevada disposição espiritual e física. O espiritual, mais 
uma vez, segundo Ortega y Gasset (2016), como a combinação da inteligência com a vontade. As normas 
de participação compunham‑se essencialmente pelo rigoroso respeito às regras; quem não as cumprisse 
era execrado publicamente e muitas vezes defenestrado de sua cidade.
 Saiba mais
Sugere‑se a leitura seguinte para aprofundar os conhecimentos sobre a 
importância dos jogos na educação grega.
ROSA, M. P. A.; MENDES, M.; FENNER, R. S. O jogo e a educação grega: 
Paidia enquanto elemento formativo da Paideia. Prometeica: Revista de 
Filosofía y Ciencias, año VI, n. 14, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3LqBBBC. 
Acesso em: 6 mar. 2023.
Desse modo, o mundo ocidental recebeu a lição de que lutar, exercer as artes e ofícios da guerra 
corporal exigia muito mais do que somente o combate em si, mas proporcionava a construção da 
virtude, da excelência, da busca de realizar‑se sempre da melhor maneira. Para a guerra, necessita‑se 
de contrários e oposição, até que um ceda ao superior, mas, para a aprendizagem e elevação social, 
os antagônicos provocam, por meio da prática das artes marciais, a compreensão do juízo de valor, 
a autopercepção e o entendimento de que os desafios são estímulos importantes para a plena 
constituição de uma organização social voltada para o bem comum, a preservação das liberdades e a 
proteção da nação.
Chega‑se, nesse momento, à outra direção: a das lutas orientais.
Sem dúvida, as artes marciais que provieram do Oriente se transformaram bastante ao longo da 
história humana, da sua sistematização para a organização coletiva guerreira e para a influência mútua 
com a natureza e a interiorização. Além disso, a influência religiosa e filosófica sobre as artes marciais 
orientais foi intensa e auxiliou as mudanças de objetivos a serem alcançados.
É muito divulgado que as artes marciais orientais foram desenvolvidas em tempos bem remotos, 
e sabe‑se que essas práticas derivavam de necessidades de defesa de templos, de proteção às casas 
imperiais e de amparo às próprias famílias.
Ashrafian (2014) menciona que as artes marciais orientais se baseiam em lutas muito antigas. 
A cada dia, se encontram sítios e escavações de achados humanos que trazem novidades de tal modo 
que nunca se saberá exatamente qual é a mais antiga. Porém, pode‑se afirmar, de acordo com as 
descobertas e comprovações arqueológicas, que da região da Índia se evidenciam práticas de artes 
marciais bem sistematizadas desde longa data, como a Luta Kalaripayattu, desde 600 a.C., reportada 
27
ESPORTES DE COMBATE
por Miguel (2011), mas há registros de que guerreiros da Índia já praticavam de modo sistemático essa 
arte marcial por volta de 1100 a.C., sendo muito parecida, atualmente, com o Karatê e o Wushu chinês. 
Concomitantemente, por volta de 1000 a.C., o poeta persa Ferdowsi escreve no livro dos reis persas 
sobre os heróis regionais que disputavam campeonatos de uma arte marcial nativa iraniana, chamada 
de Varzesh‑e Bāstāni, originária das práticas realizadas no Zurkhaneh (ginásio de preparação de artes 
marciais), muito similar à Luta Livre Olímpica, atualmente chamada de Wrestling Olímpico.
A criação de artes marciais mais organizadas e voltadas para aplicar defesa pessoal coletiva 
parece se apoiar em um nome bastante conhecido no meio dos estudos das práticas de lutas 
que demonstram combinações de movimentos com alto grau de precisão: o monge budista 
Bodhidharma, terceiro filho de uma família real persa. Ashrafian (2014) afirma que escrituras do 
templo Shaolin da China, manuscritas por Yang Hsüans‑chih, comprovam a aparição desse religioso 
nos idos de 527 d.C.
Bodhidharma, segundo indicações, viveu nos arredores entre a Pérsia e a Índia, e há especulações de 
que necessitava se exercitar, pois parecia possuir saúde mais fragilizada. Assim, interessou‑se por praticar 
as artes marciais da região: o Kalaripayattu e o Varzesh‑e Bāstāni; as aperfeiçoando com movimentos, além 
de realizar as práticas de extermínio guerreiras, fazendo‑as relacionarem‑se com os movimentos mais 
proeminentes dos ataques e defesas de animais e das forças da natureza.
Esse religioso zelou por ensinar essas técnicas aos monges que encontrava nos templos visitados ao 
longo de sua extensa jornada até o templo Shaolin na China. Essas lições aos monásticos possibilitaram 
que os templos budistas, seguidamente invadidos por saqueadores, começassem a oferecer resistência, 
dominassem e debelassem os bandidos (ASHRAFIAN, 2014).
Figura 11 – Kalaripayattu, proveniente da Índia do Varahavadivu, postura do javali selvagem
Disponível em: https://bit.ly/40jaTz9. Acesso em: 28 fev. 2023.
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Unidade I
Essas técnicas e golpes com exímia ordem e variadas combinações musculoesqueléticas e 
articulares se espalharam por diversos locais no Oriente, possibilitando a criação de diversas artes 
marciais: umas mais focadas nos arremessos; outras nos ataques de contundência corporal direta; 
algumas, nas restrições articulares; certas se concentraram em imobilizações e estrangulamentos; e 
outras no uso de aprestos e armas. Foram seguramente utilizadas para treinamentos militares, defesa 
pessoal e interesses pessoais.
Das épocas citadas, se consagraram simultaneamente distintos movimentos religiosos e filosóficos, 
em especial o hinduísmo, o budismo, o confucionismo, o taoismo e o xintoísmo, dos quais se retiraram 
muitos axiomas que afetavam como se percebiam as finalidades das práticas dessas artes marciais. 
Notadamente, os estudos das técnicas instigaram a percepção mais apurada de que os movimentos da 
natureza e também dos animais ensinavam condutas que se enquadravam com melhores condições de 
vida: na utilização do corpo, na interiorização mental e no fortalecimento emocional.
Pode‑se observar que vários movimentos de ataques do Wushu chinês (Kung‑fu) são baseados em 
disposições semelhantes com as de animais, como pode ser verificado nas figuras seguintes.
A) B)
Figura 12 – A) Professor Rafael Garcia, comparação da posição de ataque 
da serpente no Kung‑fu, TSKF; B) Cascavel em posição de ataque
B) Disponível em: https://bit.ly/3oGUqYd. Acesso em: 24 abr. 2023.
Como exemplo, pode‑se ver que as árvores que possuem galhos mais flexíveis, ao enfrentar os 
ventos, se curvam e balançam, mas não se rompem. Da mesma maneira, frente ao acúmulo de neve, 
armazena‑se determinada quantidade e, depois, flecte, fazendo com que a neve escorra ao solo e o 
galho retorne ao seu posicionamentooriginal. Galhos mais fortes que resistem ao acúmulo de neve, 
porventura, virão a se quebrar.
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ESPORTES DE COMBATE
Figura 13 – Neve sobre galhos flexíveis
Disponível em: https://bit.ly/3L1qjlT. Acesso em: 24 abr. 2023.
Figura 14 – Galhos balançando ao vento
Disponível em: https://bit.ly/3ozAh6t. Acesso em: 24 abr. 2023.
Pode‑se analisar e comparar o movimento de flexibilidade dos galhos contra a força do vento 
ao movimento do corpo se afastando de um soco, deixando o ataque cair no vazio, isto é, sem que 
surta o efeito de contundência, assim como o vento não conseguirá arrancar os galhos que flectem, 
deixando o vento passar, conforme a competição de Karatê da figura seguinte. Estudos dessa natureza 
foram sendo aperfeiçoados, analisando como existe harmonia entre as forças naturais para a própria 
sobrevivência. Das artes marciais japonesas associa‑se a palavra tai sabaki, que significa esquivas e 
movimentações que provocam o afastamento do raio de ação de ataque dos adversários.
Assim como nos esportes de combate, deve‑se aprender a esquivar‑se e deixar fluir as forças 
negativas, as intimidações e apropriar‑se do controle emocional nos momentos de maior pressão para 
saber lidar com as mais variadas situações de conflitos sociais.
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Unidade I
Figura 15 – Esquiva corporal no combate de Karatê
Disponível em: https://bit.ly/41EdwN6. Acesso em: 28 fev. 2023.
Resistir com força contra quem tem mais força apenas sugere derrota; usar a força do oponente contra 
ele próprio é o engrandecimento que se adquire com a prática das artes marciais na contemporaneidade.
Essas mudanças foram sistematicamente implantadas ao longo do tempo pelos artistas marciais 
orientais, e os objetivos primeiros voltados para a guerra se transformaram em treinamentos direcionados 
para o autoconhecimento, para a integração com a natureza e para aprofundar o respeito ao próximo e 
reverenciar os mestres e companheiros de prática. Afinal, sozinho, é muito mais difícil absorver ensinamentos, 
superar desafios diferentes, preparar‑se para os imprevistos e comparar o próprio progresso.
1.1.5 Modalidades de esporte de combate (MECs)
Finalmente, chega‑se à definição de modalidades de esporte de combate, daqui por diante chamadas 
de MECs.
Desde tempos muito remotos, as competições atléticas que envolviam o combate corporal eram 
usadas para entreter, celebrar o nome de antepassados, incitar a paz, reverenciar as boas colheitas e 
proporcionar condições favoráveis do clima.
A preparação guerreira concebeu que para guerrear era preciso treinar e sistematizar o uso corporal 
para as agruras das batalhas e contendas. É fato que o esporte se consolidou como fenômeno humano de 
imensa grandeza. Já foi mencionado que os Jogos Olímpicos gregos formaram um marco relevante para 
a história e convivência humana. Desde então, o preparo de atletas se destacou como fator diferencial e, 
atualmente, os profissionais de Educação Física participam ativamente nessa incrível expansão do esporte.
31
ESPORTES DE COMBATE
As lutas se transformaram em modalidades muito estudadas, apreciadas e praticadas e não podiam 
deixar de ser uma admirável porção do universo esportivo. Daí instituições especializadas propuseram que 
elas fossem estabelecidas sob o comando de regras, códigos e regulamentos, formalizando as mais diferentes 
disputas em competições.
Nota‑se o sucesso de participação, audiência e desenvolvimento multidisciplinar na área esportiva 
específica das MECs. Competições grandiosas, público maciço e mídia manifesta promovem verdadeiros 
festivais esportivos.
Artes marciais, lutas, defesas pessoais transformaram‑se em modalidades esportivas de combate. 
Federações, confederações, comitês especiais regionais, nacionais e internacionais foram criados para 
dar diretrizes e estruturar as MECs, com o objetivo de limitar danos físicos e sequelas provenientes das 
disputas corporais diretas ou indiretas, a fim de contemplar o esporte e sempre procurando estabelecer 
limites de atuação e agenciando o desporto, a lisura, o jogo limpo e a formação humana. Regras, 
condutas e procedimentos foram inseridos de tal modo que o vencedor, ainda um herói venerado, não 
sairia comemorando o extermínio ou prejuízo de seu oponente.
As MECs são hoje organizadas de maneira profissional e proporcionam sucesso aos atletas e retorno 
econômico. São importantes instrumentos para a oferta de elementos motrizes, para a descoberta dos 
esquemas corporais e desenvolvimento de capacidades coordenativas. Além disso, atuam conjuntamente 
na formação de comportamento social, respeito aos direitos, autocontrole emocional e na compreensão 
das escolhas de cada indivíduo; por fim, fornecem eficiente disposição cognitiva, aumentando a 
percepção, o raciocínio rápido e bem fundamentado em princípios, a deliberação pela ação e tomada de 
decisão apoiada no juízo de valor.
2 FILOSOFIA DAS LUTAS
Estudando as artes marciais e as mais diversas formas de luta, defesa pessoal e MECs, 
insistentemente depara‑se com a descrição de valores, fundamentos filosóficos e normas de conduta. 
Mas, enfim, o que é lutar? Já dizia Winston Churchil: “Melhor lutar por algo do que viver para nada”. 
Acrescentamos ainda, e podemos dizer, que a luta é um modo intenso de civilização humana.
Ao lutar, afrontamos a nós mesmos, ao nosso imediato e até a muitos. No transcurso de uma luta, 
como um sujeito se afere a outrem? O que o leva a se opor de tal maneira que exija o contraponto 
espiritual, a contraposição física, a retórica cortante? Seria a precaução e atitude ou conservação 
firme de sua presença? Com certeza, a segurança de ser e perceber o que se é!
Portanto, conquistamos nossos espaços e construímos nossa independência quando temos 
consciência de quem somos, e isso é encontrado quando lutamos, pois somos colocados à prova de 
nossas possibilidades e potencialidades. Lutar também envolve agregar ideias, condescender, receber, 
contemporizar, enfim, fortalecer vínculos, acrescentando subsídios à continuidade humana.
32
Unidade I
Ao lutar, trabalha‑se o corpo arduamente e, ao mesmo tempo, estimula‑se a mente a cogitar soluções, 
a fazer juízo de valor, a refletir sobre o poder que ultrapassa o limite da vigilância pela liberdade e 
se contrapor às determinações que chegam às linhas da opressão. A prática corporal permanente no 
universo das lutas invoca a constância de desafios e provoca a necessidade de réplica. Essa disposição 
ocasiona a persistência em buscar soluções que transformem a impulsividade em ações efetivas e 
determinadas, além do estabelecido momentânea e abruptamente. Por fim, habilita recursos para não 
se sujeitar a embustes, pela razão de fomentar a reação devida, prudente e eficaz.
Viver é realizar e, para conseguir fazer, é preciso lutar!
2.1 Os conflitos internos e externos
As mais diferentes modalidades de combates corporais exigem muito de seus praticantes, em especial 
a compreensão de como se portar diante de outrem que pode, ao mesmo tempo, atingir, dominar, 
contundir, causar dor e até constrangimento. Há necessidade intrínseca de autodeterminação para não 
se expor demasiadamente e, de forma simultânea, não se eximir de responsabilidades.
Ousar e dosar, saber ceder para vencer – lembre‑se da flexibilidade dos galhos contra o vento 
forte e a neve pesada! Lutar, resumidamente, é assumir a autopropriedade. Saber sentir o que se passa 
internamente, ajuizar a consciência e se contrapesar em todos os sentidos.
Muitas modalidades de luta se modificaram a fim de proporcionar aos seus praticantes momentos 
para voltar a si próprios, aprofundar o conhecimento da posição do corpo no espaço e no tempo e buscar 
o equilíbrio. Pode‑se citar a Yoga, proveniente de lutas que remontam a 6000 a.C., hoje uma prática de 
fortalecimento e autocontrole do corpo e do espírito.
Figura 16 – Yoga: ataque com as pernas e os pés na posição invertida
Disponível em: https://bit.ly/43AwsxU. Acesso em: 28 fev. 2023.
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ESPORTES DE COMBATE
Outraluta proveniente de artes marciais orientais que se transformou em prática de movimentos 
de descoberta corporal é o Tai Chi Chuan, também com o mesmo conceito: fortalecer a musculatura 
com movimentos de luta, bastante eficientes, mas executados para fazer meditação dinâmica e instigar 
percepção e controle corporal.
Figura 17 – Tai Chi Chuan: ataque lateral, posição da serpente, equilíbrio dinâmico e atitude
Disponível em: https://bit.ly/3mHKJZ1. Acesso em: 28 fev. 2023.
Outras lutas, hoje consideradas de defesa pessoal e que, apesar de serem muito eficientes, têm como 
proposta a formação mais diferenciada para interiorizar‑se espiritualmente, são o Aikido e o Hapkido. 
A autoridade interior provém do todo e de tudo (BULL, 2003).
Figura 18 – Aikido: equilíbrio e eficácia interior
Disponível em: https://bit.ly/3KRa36W. Acesso em: 28 fev. 2023.
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Unidade I
2.2 Relação mestre e discípulo
Frequentemente, nos deparamos com academias e escolas de artes marciais, defesa pessoal, 
MECs, nas quais o instrutor é um praticante muito experimentado que havia aprendido todos, ou 
quase todos, os segredos, os preceitos mais importantes da execução daquelas lutas durante muitos 
anos de treinamento. Os estudos desses instrutores, verdadeiros mestres, eram e ainda são bastante 
aprofundados e transmitidos dos mais antigos aos mais novos alunos, de acordo com o interesse, 
a argúcia, a participação e colaboração nessas instituições. Em vários países, principalmente nos 
orientais, ainda existe tal tradição e comportamento. Na verdade, são escolas formativas que se 
espalharam pelo mundo, mantendo aprendizados e condutas muitas vezes centenários e, até mesmo, 
milenares em alguns casos.
A relação ensino‑aprendizagem, nesses casos, é de hierarquização, com etiquetas de comportamento 
em que o mestre é respeitado de modo veemente. O discípulo segue os costumes da escola, os rituais e 
a cultura da arte marcial, da MEC ou da defesa pessoal.
Nota‑se também a marca registrada de cada mestre, pois cada qual possui a sua própria diretriz de 
trabalho e de relacionamento com seus discípulos e alunos.
Infelizmente, alguns instrutores tiveram formação deficiente, equivocada ou mesmo se perderam na 
própria autoridade e sensação de poder, chegando a descaracterizar práticas e objetivos. Isso aconteceu 
com o Jiu‑jitsu no Brasil nos anos 1980 e 1990. Praticantes foram formados sem a devida preparação 
e se disseminaram supostos mestres sem a completa educação integral, o que propiciou episódios de 
violência e destituiu‑se a verdadeira filosofia que norteia a prática das artes marciais, MECs e defesa 
pessoal, o que vamos aprofundar ainda mais ao longo deste livro‑texto. Atualmente, o Jiu‑jitsu 
recuperou‑se sem status de arte marcial formativa e de MEC, com grande respeitabilidade e admiração 
de seus praticantes e apreciadores.
O fator mais relevante é que a relação mestre‑discípulo se ampara em valores e princípios 
fundamentais de convivência humana, fixação e compreensão de deveres e direitos, respeito pela 
hierarquia, construção conjunta de percepções sociais e advertências da vida, do próximo e da sociedade.
Adiante, vamos especificar como se davam os ensinamentos provenientes dessas circunstâncias.
3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ESPORTES DE COMBATE
Vamos expor algumas características importantes que diferenciam visualmente a execução das 
artes marciais, MECs e outras lutas. Verifica‑se que existe uma quantidade grande de modalidades, e 
estudá‑las exigiria uma demanda de tempo extensa. O objetivo é dar ao futuro profissional alicerces 
que permitam compreender o funcionamento motriz, as características de desenvolvimento cognitivo 
e social da prática dos esportes de combate, fundamentando o escopo do estudo a fim de apreender 
o conhecimento inerente à profissão e despertar para a importância dos esportes de combate na 
formação acadêmica.
35
ESPORTES DE COMBATE
O intuito é conseguir proporcionar a oportunidade de avaliar e entender o contexto de realização 
das práticas esportivas e da formação educacional por meio dos esportes de combate.
3.1 Os uniformes para as lutas
Como vimos, as guerras foram ocasiões em que mais se desenvolveram as lutas, seja no âmbito 
pessoal, seja no coletivo. Exércitos eram treinados e disciplinados e mantinham ordem e estratégias bem 
definidas de ataque, defesa, resistência, logística e frontalidade.
Um diferencial se sobrepunha por meio de vestimentas específicas. Grupos e oponentes se 
distinguiam por cores, tipos de fardagem, amarrações especiais e armas apropriadas e demarcadas. 
Essa caracterização se baseava em trazer lembranças da nação, despertar sentimento de patriotismo 
e estabelecer ações agressivas e contínuas. Já o vestuário dos grupos de defesa pessoal remete a 
tradições de roupagens conforme cultura local, como vestes de monges, samurais, monacais etc. 
Os aspectos principais eram permitir a mobilidade de acordo com as necessidades de cada tipo 
de modalidade.
Ao longo do tempo e devido à evolução das artes marciais, lutas e defesas pessoais para MECs 
algumas peculiaridades se mantiveram por tradição e outras foram inseridas a fim de facilitar as disputas 
e reduzir prejuízos corporais e lesões. Por exemplo: no Boxe, em geral, se usavam apenas as mãos 
enfaixadas com couro ou panos, até a implementação atual das luvas obrigatórias; também são vistas 
as luvas nas disputas de Muay Thai e MMA. Na sistematização do Judô, o uniforme é parte essencial da 
luta, pois é obrigatória a pegada para realizar técnicas de projeção, imobilização e estrangulamentos; 
essa determinação também se baseia no fato de ambos os lutadores não usarem armas durante o 
combate, apenas seus membros.
 Observação
MMA é a sigla de mixed martial arts, uma MEC com poucas regras e 
bastante incisividade. Lembra o Pancrácio da Grécia clássica, ainda mais 
intenso e agressivo que o MMA, podendo levar à letalidade.
A Capoeira trouxe as vestimentas dos escravos como caracterização da roda e das disputas. O Sumô 
determina o emprego do mawashi, um tecido de seda envolto na cintura e que, como no Judô, implica 
em uma disputa limpa e sem armas entre os oponentes.
36
Unidade I
Figura 19 – Sumô: especificidade do mawashi, vestimenta de seda na cintura
Disponível em: https://bit.ly/3AfLdZr. Acesso em: 28 fev. 2023.
O Kendo exige proteção especial, com farda que proporciona bastante proteção aos lutadores, 
assim como a Esgrima também exige uniforme com especificidade elevada para resguardar os 
atletas, ambas empregando utensílios que representam objetos cortantes e perfurantes, como 
espadas, floretes e sabres de antigamente. Muitas outras MECs apenas mantêm os uniformes de 
acordo com as culturas dos países de origem, sem componentes imprescindíveis para a luta ou 
amparo dos competidores.
Figura 20 – Uniforme de Esgrima, proteção aos atletas
Disponível em: https://bit.ly/40eFPAp. Acesso em: 28 fev. 2023.
37
ESPORTES DE COMBATE
3.2 Predomínio de modalidades de inteligência na prática de esportes 
de combate
A execução de movimento, já se sabe, é meio relevante para instigar sinapses cerebrais, 
conforme estudo efetuado por Oliveira, Santana e Souza (2021). Eles afirmam que as variadas 
experiências motoras em aulas de Educação Física incitam os intercâmbios neurais, potencializando 
a aprendizagem.
Os golpes executados nas mais diversas MECs são de natureza estruturada, com alto grau de 
organização, solicitando elevada precisão, potência muscular (execução em velocidade e força 
combinadas em momento específico), ajustes coordenativos com necessidade de sinergia entre cadeias 
musculares e, por fim, o acondicionamento particular do pensamento com a realização motora.
 Observação
Sinergia é definida como trabalho em conjunto.
Como lembram Avelar‑Rosa et al. (2015), além da importância de saber lutar, considerando os 
aspectos táticos do combate, há de se conhecer as habilidades e praticá‑las para que elas possam ser 
empregadas de modo correto. Os golpes,

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