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PSICODRAMA Moreno nasceu na Romenia e morou por um longo período na Áustria e nos estados unidos. Veio de família Judia. 1889 - Jacob Levy Moreno nasce em Bucareste, Romênia. 1908 – Volta a Viena (Áustria), para estudar medicina. Se interessou pelo teatro. 1921- Fundou o Teatro Vienense da Espontaneidade, experiência que constituiu a sua base de ideias da Psicoterapia de Grupo e do Psicodrama. Cria o “Jornal Vivo”, lançando as raízes do sociodrama. Trabalha com pacientes de um hospital psiquiátrico usando o Teatro da Espontaneidade, criou o Teatro Terapêutico – Psicodrama Terapêutico. 1917 – 1920 – Colabora para uma revista existencialista e expressionista. 1925 – Emigrou para os EUA. Dois anos depois fez apresentação da teoria na Europa. 1931 - Inicio verdadeiro da Psicoterapia de Grupo. 1949 - Casa com Zerka Toeman. 1974 - Falecimento de Jacob Moreno: falece em Beacon, Nova York, deixando um legado significativo no campo da psicoterapia e da psicologia. Legado: Impacto Duradouro do Psicodrama: O psicodrama continua a evoluir como uma abordagem terapêutica importante, influenciando outras formas de terapia de grupo, terapias expressivas e abordagens centradas na ação e na experiência direta. O psicodrama pertence à perspectiva fenomenológica-existencial. Retoma a poieis como modo de saber fazer. Plano experimental – Plano Ontológico. Encena situações sociais e pessoais. Todas as questões existenciais podem ser trazidas para o drama. Teatro grego antigo como base. Criação do “Jornal vivo”: dramatização das notícias do jornal diário junto a um grupo participante, lançando as raízes do sociodrama. SOCIONOMIA: É o estudo do grupo e suas relações. 1. Sociometria: Visa a medir as relações entre os membros do grupo, evidenciando as preferencias e as evitações presentes nas relações grupais. Utiliza, como método, o teste sociométrico. 2. Sociodinâmica: Se interessa pela dinâmica de grupo como método, roleplaying. 3. Socioatria: Busca tratar as relações grupais e utiliza três métodos (sociodrama, psicoterapia de grupo e o psicodrama. O que é o psicodrama? É uma técnica psicoterápica cujas origens se acham no teatro, na psicologia e na sociologia. Núcleo: Dramatização. Historicamente o psicodrama representa o ponto decisivo na passagem do tratamento do indivíduo isolado para o tratamento do indivíduo com métodos verbais, para tratamento com métodos de ação. 1. Religioso filosófico: o conhecimento só tem sentido quando aliada a existência. 2. Teatral e terapêutico 3. Sociológico e Grupal 4. Organização e Consolidação OS 04 MOMENTOS CRIATIVOS DE MORENO 1 RELIGIOSO FILOSÓFICO (ATÉ 1920) Hassidismo (1750): corrente do judaísmo que reinterpreta a Torá, concebendo um Deus mais acessível e menos temível. Desconstruiu a dicotomia entre o sagrado e o profano. Existencialismo: A filosofia do encontro de Buder (1878-1965), um “eu que sai do livro para encontrar o “tu”. Fenomenologia existencial e “existencialismo intelectual”: A crítica de Husserl (1859-1938) ao modelo tradicional de ciência. A noção de “ser-no-mundo” e “ser-com” de Heidegger (1889-1976). A condenação à liberdade de Sartre (1905-1980). Seinismo – o existencialismo heroico e sua superação: · O conhecimento só tem sentido quando aliado à existência. · Trabalho com refugiados, com crianças nos parques de Viena, com as prostitutas. Conceitos que surgiram nesse momento: Espontaneidade: capacidade de responder adequadamente (autenticamente) a uma situação nova ou antiga. Criatividade: produção que dá sentido à espontaneidade. Ambas são inerentes ao ser humano e as crianças são seu modelo. Conserva Cultural: Uma obra de arte, um livro, uma teoria. Infelizmente, acaba se tornando estereotipia em vez de estimular a criatividade. Revolução Criadora: O resgate da espontaneidade. Não se deixar levar pelo comodismo tecnológico. O momento: É o instante (augenblick) heideggeriano, o Kairós próprio da espontaneidade (autenticidade). O aqui e agora: É o esmo que o conceito ta Gestalt-terapia, o qual acaba desconsiderando o conceito freudiano de transferência. Encontro: Experiência existencial de perceber o outro e experienciá-lo. É relação em que há envolvimento. Tele: Sentimento e conhecimento da situação concreta de outras pessoas sem julgamento moral negativo. Fundamento de todas as relações sadias e elemento essencial de todo método eficaz em psicoterapia. 2 TEATRAL E TERAPÊUTICO (1921-1924) · O nascimento do Psicodrama científico (experimentação): afastamento dos poetas escritores e aproximação do teatro com adultos. · O desapontamento do dia 1º de abril de 1921: o palco, o trono, a coroa e a plateia. Dificuldades: público não aberto à experiência; crítica ao desfecho harmonioso; cenas que se desfaziam ou não “davam certo”; desconfiança da plateia sobre a veracidade da espontaneidade dos atores; diminuição da audiência; não rentabilidade financeira; desistência de atores. · Surgimento do Teatro Terapêutico e o caso Barbara-George. · Catarse psicodramática, cena catártica e purificação que atua tanto na plateia como no ator. Deixar ser a dor. · Aristóteles e sua obra Poética. · A catarse no meio dramático ignorada por Freud. O Teatro da Espontaneidade: obra que marca a transição de estilo religioso para científico (experimental). · Necessidade de sair do anonimato e assumir a paternidade em relação ao Psicodrama. · A invenção do gravador de voz após um sonho. A ajuda de seu cunhado engenheiro Franz Lörnitzo. · Mudança para os Estados Unidos. SOCIOLÓGICO E GRUPAL (1925-1941) · Emigração para Nova York e o apoio financeiro de seu irmão William. · Beatrice Beecher: amiga com quem ficou casado por 5 anos apenas para conseguir visto permanente nos EUA. · Carnegie Hall (centro de Nova York) e o teatro do improviso, o qual interessou a muitos sociólogos, psiquiatras e antropólogos norte-americanos. · Projeto de pesquisa no Presídio de Sing Sing: estudo qualitativo e quantitativo dos relacionamentos interpessoais dos prisioneiros através de entrevistas e questionários para fins de tratamento em formato grupal. Os resultados da investigação foram apresentados no Encontro Anual da Associação Psiquiátrica Americana (1932), marco para a psicoterapia de grupo. Sociometria: adaptação à cultura norte-americana (linguagem científica). Adeus à filosofia do anonimato. Patente das ideias. Observações e experimentações -> Pesquisa e medições. Sociometria: Tele -> Fator T Espontaneidade -> Fator E Tele: Ver outro a partir dele mesmo, deixando de lado todos os preconceitos. O Teatro Terapêutico de Beacon: · Compra de uma propriedade. 1936 – Beacon Hill Sanatorium 1951 – Moreno Sanatorium Estudantes de várias universidades iam ver e experienciar o Psicodrama na comunidade terapêutica através dos cursos oferecidos. “Psicoterapia de Grupo é, pois, uma forma especial de tratamento que se propõe, como tarefa, tratar tanto o grupo como um todo, como cada um de seus membros através da medição do grupo. [...] Consiste de sessões terapêuticas nas quais três ou mais pessoas que tomam parte se esforçam para resolver problemas comuns” (Moreno, Psicoterapia de Grupo e Psicodrama). *Psicoterapia de Grupo = amostra da sociedade e momento para experimentar como se relacionar Amor e casamento, doença e morte, guerra e paz, tudo isso aparece em miniatura no Psicodrama. O mundo é trazido para o contexto da psicoterapia. Psicoterapia de Grupo: os membros são tão terapeutas quando o psicoterapeuta. Os que participam da sessão também agem de forma terapêutica. Psicoterapia Individual Psicodramática (Psicodrama a Dois/ Psicodrama Bipessoal) “Entretanto, no caso de certos sujeitos e problemas, é muitas vezes necessário eliminar o público. Muitos sujeitos começam atuando com o diretor psicodramático sozinho, e é durante o desenvolvimento da ação que se adiciona um ou dois egos-auxiliares” (Moreno, Psicodrama). 4 ORGANIZAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO (1942-1974) Estruturação já iniciada no 3º momento. Ênfase na validação do Psicodrama com método psicoterapêuticoe científico, mesmo contra sua vontade. “A maior praga do século XX é a adoração do ego, sua ‘egolatria’. O anonimato é a reação natural contra isto. O estado natural do gênio é o anonimato. A dificuldade está, porém, no fato de o anonimato ser forma de comportamento criativo para o qual os indivíduos raramente estão equipados. [...] O anonimato não tem status; ele não é nem reconhecido nem apreciado como sinal positivo de um gênio despreocupado e ingênuo, mas é imediatamente classificado como ‘alienado’ da realidade do homem comum” (Moreno, Palavras do Pai). Criação de Associações: 1941: Instituto Moreno (Beacon, Nova York e Washington) 1942: Sociedade de Psicodrama e Psicoterapia de Grupo 1950: Sociedade Americana de Psicoterapia de Grupo e Psicodrama 1951: Departamento de Psicoterapia de Grupo na Associação Psiquiátrica Americana. Produção Intelectual: 1946: Psicodrama 1959: Psicoterapia de Grupo e Psicodrama 1959: Fundamentos do Psicodrama (onde busca convalidar o Psicodrama à Daseinsanalyse). Muita resistência dos psiquiatras e dos psicanalistas. Organização da Socionomia: Sociometria, Sociodinâmica e Sociatria. Sistematização do Psicodrama: 3 contextos 5 instrumentos 3 etapas Técnicas diversas Contextos do Psicodrama 1. Contexto Social 2. Contexto Grupal 3. Contexto Dramático Instrumentos do Psicodrama 1. O palco/cenário 2. O sujeito/paciente/ator/protagonista 3. O diretor/terapeuta 4. O ego-auxiliar/assistente terapêutico 5. O público/plateia Etapas do Psicodrama 1. Aquecimento: construção do continente existencial para que o protagonista exponha seu drama. Aquecimento é marcado pelo movimento. Inicialmente inespecífico (focado em todos) e, depois, específico (focado no protagonista). 2. Dramatização: “abrem-se as cortinas” (separação das duas cadeiras no palco). 3. Comentários ou Análise: assentamento das emoções; fechamento do trabalho realizado; a experiência do protagonista é grupalizada; o diretor analisa aquilo que apareceu na cena, sem interpretações psicanalíticas. 4. Processamento: recurso didático utilizado apenas em casos de estudo do Psicodrama. Análise intelectual do percurso, discussão sobre as etapas anteriores, o agir do diretor, a atuação dos ego-auxiliares, as técnicas utilizadas etc. Feto = Protagonista Mãe: primeiro ego-auxiliar Preparação para o parto = aquecimento Nascer = Dramatização Nascimento = catarse de integração Nascimento ≠ Trauma Sobre a Dramatização: Acting out terapêutico: exposição do drama e do conflito. Momento da criação. Uma caixa de surpresas. O lugar das possibilidades do ser. "Acting out e espaço: a reconstrução espacial dá um real contexto aos fatos, enriquecendo a investigação e as possibilidades terapêuticas. Acting out e tempo: o 'como se' do cenário. Essa atuação terapêutica amplia o campo de investigação e permite levar as ideias, as fantasias e os desejos até suas últimas consequências. Acting out e memória corporal: Cada ato, cada atitude postural, tem sua história dupla: filogenética (desenvolvimento da espécie) e ontogenética (desenvolvimento do ser). As ações voluntárias podem corresponder ou não à situação. A partir do ato ou da atitude postural, podemos também chegar aos conteúdos atuais, ainda ocultos ao protagonista. Requisitos para que a dramatização cumpra sua ação terapêutica: 1. Alcançar um alto grau de espontaneidade. 2. Obter uma boa representação, adequada à situação e ao protagonista. O material verbal trazido pelo paciente terá de se transformar em imagens cênicas dentro das quais vai atuar: 'supera-se o nível verbal incluindo-o no nível da ação'. 3. Ficar envolvido e comprometido na ação (princípio de participação – involvement). Não bastam a encenação e a representação. É necessário o compromisso afetivo e emocional. Para isso, a técnica psicodramática dá ao diretor os instrumentos necessários para que a dramatização alcance um nível vivencial terapêutico e não de simples cenas teatralizadas. 4. Externar e representar diferentes personagens, reais ou imaginárias, concretizando as imagens (princípio de realização). Trata-se, pois, de representar os papéis próprios e alheios, com os quais se esteve vivendo, interatuando ou simplesmente fantasiando, para manifestar o tipo de vínculo que o protagonista percebe, seja deformado ou não. Mas, além disso, deverá desempenhar esses papéis sob outros pontos de vista, com a finalidade de comparar e tomar consciência de outras colocações diferentes da sua. 5. Permitir a introdução, na ação dramática, de todo indício dado pelo protagonista. 6. Não perder jamais o contato com o auditório. 7. Manter uma congruência entre a dramatização e a linha vital do indivíduo. Encerramento da dramatização: 'Fecham-se as cortinas' (aproximação das duas cadeiras). O protagonista e os egos-auxiliares saem do cenário ou o protagonista permanece no cenário, de acordo com as circunstâncias. A presença do protagonista no cenário centraliza em sua pessoa os comentários. Isso costuma ser muito útil quando houve mobilização afetiva intensa, que precisa ser elaborada em torno do protagonista e com sua participação especial. TÉCNICAS CLÁSSICAS DO PSICODRAMA: São numerosas e estão relacionadas às fases da Matriz de Identidade, lugar virtual e físico onde uma pessoa nasce, proporcionando a formação do sujeito. É a partir dela que surgem os papéis que vamos desempenhar. A matriz de identidade provê, pois, a criança do alimento físico, psíquico e social. A ela cabe a fundamental tarefa de transmitir a herança cultural do grupo a que pertence o indivíduo e de prepará-lo para sua posterior incorporação na sociedade. Porém, todas essas referências podem ser ressignificadas no decorrer de nossa existência. O Conceito de Papel: Crítica ao filósofo e psicólogo americano George Herbert Mead, o qual estudou os papéis, mas apenas no plano teorético. Papel é 'a forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage a uma situação específica, na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos' (Moreno, Psicodrama). As três formas de papéis: Papéis psicossomáticos: comportamentos relacionados às necessidades básicas (comer, dormir, defecar etc.). Papéis sociais: comportamento relacionado à organização social. Muitas vezes esses papéis são complementares (professor/aluno; motorista/passageiro; médico/paciente). Papéis psicodramáticos: comportamentos relacionados à fantasia e imaginação. Técnica do Duplo e a Primeira Fase da Matriz: como o bebê, alguém tem o que dizer, mas não consegue se expressar. O diretor ou ego-auxiliar fala pela pessoa. Ajuda a nomear sentimentos e a pessoa pode concordar ou não. Técnica do Espelho (Desdobramento do Eu) e a Segunda Fase da Matriz: apresentar o protagonista a ele mesmo (gravação ou movimento mimético). É como a criança que aprende a se reconhecer no espelho e percebe que é diferente dos outros. Desdobramento do Eu: o ego-auxiliar (ou diretor) coloca-se ao lado do protagonista, procurando adotar, ao máximo, a atitude postural e afetiva deste. Sua missão é expressar todos aqueles pensamentos, sentimentos e sensações que, por uma ou outra razão, o protagonista não percebe ou evita explicitar. Inversão de Papéis e a Terceira Fase da Matriz: colocar-se no lugar do outro, como quando a criança brinca de faz-de-conta e assume diferentes papéis. Outras técnicas do Psicodrama: Objeto intermediário: facilita a dramatização e a relação diretor-protagonista. Exemplos: marionetes, fantoches, música, cadeira, travesseiro etc. Características do objeto intermediário: 1. Existência concreta. 2. Inocuidade: não desencadear, per se, reações de alarme. Tem de ser inofensivo. 3. Maleabilidade: ser utilizado à vontade em qualquer jogo de papéis complementares. 4. Transmissibilidade: permitir a comunicação por seu intermédio, substituindo o vínculo. Solilóquio: Consiste em dizer em voz alta o que se está pensando, seja com referência ao diálogo que se está desenrolando ou em relação a outro tema qualquer que ocorra ao indivíduonaquele momento. Em algumas ocasiões, o solilóquio é utilizado apenas com a finalidade de explicitar o pensamento do protagonista, quando o teor da cena dramatizada não comporta a verbalização (por exemplo, se está sendo representada uma situação em que se trabalha sozinho ou se medita). Autoapresentação: representação simples das personagens e situações da vida do protagonista, sempre dirigida por ele mesmo, sendo ou não ajudado por um ego-auxiliar. O protagonista vai mostrando, dessa maneira, seu núcleo familiar, seus conflitos, suas particularidades, seu trabalho etc. Interpolação de Resistência: é a modificação, por parte do diretor, da cena proposta pelo protagonista de tal maneira que este se sinta impelido a atuar 'aqui e agora', da mesma maneira que o faria em circunstâncias semelhantes em seu cotidiano. Realização Simbólica: realização de acontecimentos não concretos que simbolizem outros acontecimentos concretos. Inventa-se outra cena com personagens diferentes, mas com conteúdo semelhante. É uma técnica bastante utilizada no Psicodrama com crianças. Técnicas Sem Palavras: são várias. As mais utilizadas são a escultura e as alegorias, que consistem na representação plástica de uma situação, de um estado de ânimo, de uma fantasia etc., com a utilização de posturas ou sons. Psicodança: expressão de conflitos, estados de ânimo, situações etc. por meio da dança, com ou sem música. Pode ser utilizada como uma técnica a mais dentro de um psicodrama amplo ou como única técnica de tratamento. Prospecção ao Futuro: o protagonista é convidado a imaginar o futuro e os conflitos relacionados a ele. Psicodrama Psicanalítico: combinação da teoria psicanalítica com a técnica psicodramática, na qual as dramatizações e as interpretações se revezam ao longo da sessão terapêutica. Segundo Rojas-Bermúdez, trata-se de um método pouco recomendável, pois, em virtude de partir de postulados teóricos em clara oposição, termina criando situações confusas, com duplas mensagens, contraproducentes para a marcha de um bom tratamento psicoterápico." PSICODRAMA PÚBLICO E DIREÇÃO DE GRANDES GRUPOS Por ser um local aberto, de fácil acesso, coloca em relação pessoas vindas de diferentes estratos sociais e que, de outra forma, pela rigidez da estrutura social, dificilmente dialogariam. A quem se destina? Proletariado psicoterápico ou socioterápico (J. L. Moreno, Psicoterapia de Grupo e Psicodrama). Conceito de pobreza: não implica apenas estar privado de bens materiais, mas, sobretudo, de construir suas próprias oportunidades. Implica ignorar seu próprio estado de pobreza, ou seja, ter escassa visão crítica e pouca capacidade de confronto sociopolítico. Diferentemente do Sociodrama, esta intervenção é realizada com grupos abertos e amplos, compostos circunstancialmente, isto é, de modo espontâneo (grupo desconhecido). O protagonista que atua em cada sessão deve resguardar certos dados sobre si mesmo, para manter a exposição necessária. Rompimento da fronteira entre o público e o privado: reconhecer a humanidade que nos aproxima. A busca por aquilo que nos oprime, a partir das constatações de que todos nós sofremos com isso, é concretizada no palco psicodramático. Lembrando que cada vez menos os relacionamentos acontecem no campo da intimidade. Ao contrário, existe um desejo de exibir aquilo que chamamos de privado. Ou seja, a intimidade passou a ser mostrada de modo indiscriminado. Portanto, achar que é possível controlar o que se fará com o que foi experimentado no psicodrama público é uma fantasia. Quem e como será o protagonista? Como será a direção? Qual será a ressonância do grupo? Nada é previsível, tudo é novidade! O psicodrama público não se insere na dinâmica dos pequenos grupos, tampouco na psicologia das massas. Os cinco instrumentos (diretor, protagonista, egos-auxiliares, palco e plateia), as três etapas da sessão e as técnicas do psicodrama são os trilhos por onde corre o trem da espontaneidade. Cena sociopsicodramática e a fusão entre o coletivo e o privado: o que se pode 'ler' nessa dinâmica grupal são tanto as questões individuais como as coletivas. Para o diretor, o protagonista deverá sempre ser considerado e tratado como um emergente grupal, um porta-voz do grupo em seu sofrimento. Ações são individuais, mas suas consequências nunca o são. Ainda que realizemos um ato isolado na privacidade de nossa casa, este tem consequência social. Objetivos do Psicodrama Público: 1. Criar espaços públicos que possam acolher as diferenças, nos quais seja possível a troca de ideias, valores e experiências por meio da construção coletiva de histórias dramatizadas. 2. Possibilitar a vivência psicodramática de vários papéis. Tanto de novos papéis, alheios à experiência cotidiana, como de velhos papéis sociais vistos sob novas perspectivas. 3. Contar e, na medida do possível, criar a história de cada um como indivíduo e cidadão. 4. Expandir possibilidades de expressão e defesa de projetos individuais e coletivos, assim como de identificação de aliados e colaboradores para intervenção na existência pública e privada. 5. Facilitar reflexões éticas a partir das experiências cotidianas. Cenas cruzadas: o que fazer com a cena fora da cena? A linearidade que não há em qualquer forma de existência. Histórias diferentes, mas relacionadas. Não reproduzir o mundo, mas sim inventá-lo em um movimento desafiador de desracionalização.
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