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Jacob Levy Moreno e as Dinâmicas de Grupo

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2
NOME DA UNIVERSIDADE
Faculdade de Psicologia
 
Nome completo da aluna
JACOB LEVY MORENO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA AS DINÂMICAS DE GRUPO
MANAUS - AM
2021
Nome completo da aluna
JACOB LEVY MORENO E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA AS DINÂMICAS DE GRUPO
Trabalho apresentado ao Curso de Psicologia, da Faculdade de Psicologia, da Universidade..., como requisito parcial para a obtenção de nota na disciplina de...
MANAUS - AM
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	4
DESENVOLVIMENTO	4
O Grupo	4
A Psicologia Social	5
Técnicas e Dinâmicas de Grupo	6
Vida e Obra de Jacob Levy Moreno	7
A Socionomia	12
O psicodrama	13
Exemplos de dinâmicas e correlação com as Teorias de Moreno	16
CONCLUSÃO	17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	18
1. INTRODUÇÃO
A sociedade, desde os primórdios, é constituída por grupos. As relações grupais perpassam por todo o convívio que é instituído desde o nascimento até em diversos momentos que se estabelece um contato entre indivíduos, seja no âmbito familiar, de trabalho, na escola, faculdade, em ciclos de amizade, entre outros. 
As dinâmicas de grupo, surgem então, como uma ferramenta utilizada em estudo de grupos e também um termo geral para processos grupais. Esse estudo, que é um ramo da Psicologia Social, busca descobrir como estes grupos se formam e se desenvolvem, como declinam e como influem no comportamento de seus membros. Atualmente, a dinâmica de grupo é amplamente aplicada no campo da gestão de pessoas, na área de treinamento, desenvolvimento organizacional e de habilidades em relações humanas, desenvolvimento de papéis, entre outros. Também é aplicada em psicoterapias de grupo, em grupos comunitários e em salas de aula.
Jacob Levy Moreno, médico, psicólogo, filósofo e dramaturgo romeno-judeu, é um dos grandes estudiosos para esse campo, contribuindo através da Teoria Socionômica e o Psicodrama.
Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo abordar as questões sobre as dinâmicas grupais e as contribuições de Moreno para o campo. Ao longo do trabalho será discorrido sobre: o Grupo, a Psicologia Social, Técnicas e Dinâmicas de Grupo, vida e obra de Jacob Levy Moreno, o Psicodrama, a Teoria Socionômica e exemplos de dinâmicas de grupo que tenham como base as teorias de Moreno.
2. DESENVOLVIMENTO
O Grupo
Inicialmente, antes de adentrar à discussão, é necessário definir o que é um grupo. O ser humano vive a maior parte do tempo de sua vida interagindo com diversos grupos. Desde o nascimento a criança estabelece vínculos. Assim, de acordo com o crescimento do indivíduo, os agrupamentos vão se renovando e pluralizando, sendo estabelecidos novos vínculos familiares, novos grupos associativos, profissionais, sociais, entre outros. 
De acordo com Pichon-Riviére (1991), citado por Souza (2009), o grupo é “um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes que se reúnem em torno de uma tarefa específica”. Entretanto, existem diversos autores que conceituam grupo, porém todos afirmam que, para um grupo existir, é necessário haver interação entre seus membros e estarem orientados a objetivos comuns. Certos estudiosos, trazem que em um grupo já o compartilhamento de normas em uma determinada tarefa, configurando normais grupais, e sendo a condição imprescindível para estabelecer um grupo, o que diferenciaria um agrupamento de um grupo.
Por meio de pequenos grupos, se estabelece a mediação entre indivíduo-sociedade, como coloca Ramalho (2010). Assim, para existir o que é chamado de grupo, é preciso haver uma relação significativa entre duas ou mais pessoas, não apenas um agrupamento qualquer. Para o grupo existir, a interação acontece em função de necessidades, sejam elas materiais e/ou psicossociais, visando a produção de suas satisfações enquanto indivíduo. Segundo Pichon Rivieré (1980), citado por Ramalho (2010), o grupo é um conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que pode ocorrer de forma explícita ou implícita à realização de uma tarefa, o que constitui sua finalidade e interatua através de complexos mecanismos de atribuição e representação de papéis. 
Já Sartre, coloca que a compreensão dos grupos é baseada na dinâmica entre troca e reciprocidade. Essa dinâmica seria inscrita em uma relação dialética, sendo esta o caminho do indivíduo em sua relação com a natureza, com a sociedade, a fim de transformá-las. Para participar de um grupo, o indivíduo precisa reconhecer sua dependência com relação a demais pessoas, os seres isolados tomam consciência de sua interdependência e interesses comuns. O resultado do conjunto das interações reflete a dinâmica de grupo.
A Psicologia Social
A Psicologia Social é um ramo da Psicologia, e também da Sociologia, que estuda as relações entre os membros de um grupo social. Nessa ramificação, procura-se compreender como o ser humano se comporta nas suas interações com os outros. Dessa forma, analisa-se os graus de conexão entre o indivíduo e a sociedade a qual pertence, já que o ser não existe sem o meio.
A subjetividade de cada um é modificada pelo meio, ao mesmo tempo que o meio é modificado pelos indivíduos. Assim, o processo de interação social, principalmente entre os grupos, interfere na produção de subjetividades.
É importante falar sobre esse campo, pois são estudiosos desta área que estudam as individualidades dos sujeitos dentro de um grupo e contribuem bastante para as dinâmicas grupais. 
Dinâmicas de Grupo
Segundo Souza (2009), dinâmica de grupo é uma ferramenta utilizada em estudo de grupos e também um termo geral para processos grupais. A primeira vez que a expressão foi utilizada em contexto científico foi em 1944, em um artigo de Kurt Lewin, quando este publicou um estudo referente às relações entre a teoria e a prática na Psicologia Social. A partir deste momento a dinâmica de grupo começou a ser popularizada, principalmente com o acontecimento da Segunda Guerra Mundial. Entretanto, apenas no final da década de 1930 as pesquisas sobre as dinâmicas grupais se iniciaram. Assim, de acordo com Ramalho (2010), o estudo da área surgiu como uma convergência entre determinadas tendências nas ciências sociais e o início dos investimentos no estudo de novas tecnologias para a solução de problemas sociais relacionados a pequenos grupos. 
Sabe-se que é uma característica humana reunir-se em grupos sociais e procura-se, através deste estudo, descobrir como estes grupos se formam e se desenvolvem, como declinam e como influem no comportamento de seus membros. Dessa forma, o estudo na área, que é um ramo da Psicologia Social, consiste em analisar a natureza e estrutura dos pequenos grupos, a dinâmica grupal e o seu funcionamento, seu processo de desenvolvimento, fenômenos e princípios que lhe regem, as forças psicológicas e sociais que lhe influenciam. Além disso, de acordo com Kurt Lewin (1890-1947), a preocupação central no estudo dos pequenos grupos é atingir a autenticidade nas relações, a criatividade e a funcionalidade nos objetivos. Para isso, é necessário compreender quais estruturas são mais favoráveis para tal desenvolvimento, assim como o clima de grupo, o tipo de liderança mais eficaz, as técnicas mais funcionais, entre outros.
Atualmente, a dinâmica de grupo é amplamente aplicada no campo da gestão de pessoas, na área de treinamento, desenvolvimento organizacional e de habilidades em relações humanas, desenvolvimento de papéis, entre outros. Também é aplicada em psicoterapias de grupo, em grupos comunitários e em salas de aula. De acordo com Cartwright & Zander (1975), as principais teorias que desenvolveram o estudo da dinâmica de grupo, além da teoria de campo, de Kurt Lewin, foram: a teoria socionômica, de Jacob Levy Moreno; a teoria da interação, de Bales; a teoria dos sistemas, de Newcomb, Miller, entre outros; a teoria psicanalítica, de Freud, Bion, Eric Berne, entre outros; e a teoria cognitiva e construtivista, de Jean Piaget. No presente estudo o enfoque será dado às contribuições de Jacob Levy Morenopara as dinâmicas de grupo.
Vida e obra de Jacob Levy Moreno
De acordo com Lima (2000), Jacob Levy Moreno, foi um médico, psicólogo, filósofo, dramaturgo romeno-judeu nascido em 1889, na Romênia, porém crescido em Viena. 
Jacob era o primogênito de seis filhos e acabou assumindo uma posição de autoridade dentro de casa, já que o pai se encontrava ausente na maior parte do tempo. A família era tradicionalmente judaica e Moreno participou de diversos ritos da religião em Viena. 
Por volta de 1907, adepto do hassidismo, seita judaica, e já adolescente, criou o Seinismo (ciência do ser) e iniciou com um grupo de amigos o que denominou de religião do encontro. Esse grupo representava um ato de rebeldia perante os costumes estabelecidos.
Aos 14 anos de Moreno, em 1903, seu pai fez uma última tentativa de manter a família unida e de prover o seu sustento, mudando-se para Berlim. Entretanto, Moreno precisou voltar à Viena sozinho para dar continuidade a seus estudos, e se sustentava trabalhando como tutor de jovens. 
Aos 19 anos, ano de 1908, estava matriculado na Faculdade de Medicina de Viena. Seu passatempo predileto é descrito como caminhar pelos parques da cidade, reunindo crianças e formando grupos de brincadeiras de improvisação. Costumava contar-lhes contos de fadas e nunca repetia a mesma história, para manter a sensação de encantamento. Ao trabalhar com as crianças, Moreno buscava proporcionar meios de lutar contra os estereótipos da sociedade, mantendo a espontaneidade e criatividade. Através destas práticas, Moreno queria mostrar como indivíduos vistos como “desajustados” socialmente não eram doentes mentais, mas poderiam ser controlados e saudáveis, expressando a sua subjetividade e sintomas através das dinâmicas. A partir dessa experiência, enxerga-se o início do psicodrama na vida do estudioso.
Ente os anos de 1908 a 1914, Moreno e cinco seguidores e compartilhavam de seus ideais, viviam em comunidade. Realizavam serviços, porém não aceitavam remunerações e tudo que recebiam como gratificação era destinado à Casa do Encontro, um abrigo de refugiados. 
Em 1912, ele entrou para a faculdade de medicina de onde sairia formado em 1917. Durante o período universitário desenvolveu um importante trabalho com as prostitutas, articulando com elas um grupo que mais tarde culminaria na formação de uma espécie de sindicato. 
Já em 1916 trabalhou em campo de refugiados tiroleses e, entre 1917 e concluiu em 1920 o seu livro intitulado “As Palavras do Pai”. Em 1921, Moreno publica o seu 2º. livro, “O Teatro da Espontaneidade”. Sua filosofia era a base teórica das técnicas de sociometria, psicodrama e terapia de grupo, que foram depois amplamente desenvolvidas e difundidas.
Com relação à posição filosófica-religiosa de Moreno, as principais correntes ideológicas do início do século XX rejeitavam os conceitos da religião, tanto como seus ideais de amor, altruísmo, bondade e santidade. Porém, indo em uma onda contrária, Moreno se colocou do lado de uma religião positiva e sua ideologia se baseava em três princípios. O primeiro princípio dizia que a espontaneidade e a criatividade são as verdadeiras forças propulsoras do progresso humano, sendo estas mais importantes, em sua opinião, que a libido e as causas socioeconômicas. O segundo dizia que o amor e o compartilhar mútuo são a base da vida em grupo. Já no terceiro, dizia que era possível construir uma comunidade baseada nestes princípios.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Moreno cuidou, como oficial médico, de um campo de refugiados nos arredores de Viena. No campo desenvolveu uma vida comunitária completa e através dessa experiência surgiu a ideia do planejamento sociométrico das comunidades e a busca de parâmetros de objetividade científica nas Ciências Sociais. 
Em 1918 iniciou a publicação de um jornal mensal de filosofia existencialista, nomeado Daimon. Neste colaboraram vários intelectuais de seu círculo social. Ao mesmo tempo, o estudioso se envolvia com o Teatro da Espontaneidade. 
Moreno, recém-formado, desenvolveu experiências em grupo trabalhando no Teatro da Espontaneidade. Foi a partir destas experiências que criou o teatro terapêutico e, posteriormente, nasceu o psicodrama. 
O Teatro da Espontaneidade se firmou e se tornou uma forma de arte viável e um local de encontro para artistas e intelectuais conhecidos. Neste teatro o material dramático era sugerido pela plateia ou surgia a partir dos atores. Este teatro acabou se transformando em um teatro terapêutico, pois notou-se que os atores, após representar seus papéis, lidavam melhor com seus problemas pessoais. No teatro existia uma maior espontaneidade, na qual as imperfeições e incongruências dos indivíduos são esperadas e bem recebidas.
Moreno acreditava que no teatro existiam possibilidades ilimitadas para a investigação da espontaneidade no plano experimental. E, com a criação do “jornal vivo”, o Sociodrama teve início. Segundo ele, o indivíduo deve ser concebido e estudado através de suas relações interpessoais. Ao nascer, a criança é inserida num conjunto de relações, primeiramente com sua mãe, sendo seu primeiro ego auxiliar, seu pai, irmãos, avós, tios, entre outros. Este conjunto foi denominado de Matriz de Identidade. 
O ser humano para Moreno é um indivíduo social, pois nasce em sociedade e necessita dos outros para sobreviver, sendo apto para conviver com os demais. Assim, ele criou a Socionomia, que é o estudo das leis que regem o comportamento social e grupal. Já a Sociodinâmica estuda o funcionamento, ou dinâmica, das relações interpessoais E tem como método de estudo o role-playing, que permite ao indivíduo atuar dramaticamente diversos papéis, desenvolvendo deste modo um papel espontâneo e criativo. Já a Sociatria constitui a terapêutica das relações sociais, e utiliza como método: a Psicoterapia de Grupo, o Psicodrama e o Sociodrama, a aplicação destes visando uma possibilidade de tratamento e de cura mais ampla socialmente. 
No Psicodrama, o tratamento do indivíduo e do grupo ocorre através da ação dramática. A Psicoterapia de grupo prioriza o tratamento das relações interpessoais inseridas na dinâmica grupal.
Moreno saiu de Viena em 1925 e emigrou para os Estados Unidos da América. A primeira experiência psicodramática americana realizada por Moreno se dá já por volta de 1928, e o seu primeiro psicodrama público nos EUA em 1929, no Carnegie Hall. 
Após uma demonstração da aplicação das técnicas do psicodrama para crianças, Jacob Levy Moreno começou a trabalhar na clínica do Hospital Monte Sinai, em Nova York. Neste local, desenvolveu e aperfeiçoou vários testes sociométricos e de espontaneidade. Depois, o psicodrama foi levado às crianças do Plymouth Institute, no Brooklyn, uma instituição ligada à Igreja. Já em 1927, recebeu a licença para o exercício da medicina nos Estados Unidos.
Como reconhecimento pelo seu trabalho com as trabalhadoras sexuais em Viena, antes da Primeira Guerra, e com a comunidade de refugiados em Tirol, foi nomeado diretor da Pesquisa Social de Nova York, trabalhando em duas áreas: na prisão de Sing Sing e na N.Y. State Training School for Girls, em Hudson. O objetivo do trabalho na prisão era realizar uma sociedade terapêutica e ajudar as jovens da Hudson School a prepararem-se para a vida. A base de seu trabalho continuava sendo o Teatro da Espontaneidade e instituiu um teatro de improvisação, no Carnegie Hall, em 1927.
Em 1931, Moreno introduziu o termo Psicoterapia de Grupo, tendo sua origem científica. O Psicodrama foi introduzido no Brasil em 1930.
Em 1936 fundou o Beacon Hill Sanatorium, seu próprio hospital focado em saúde mental, e uma escola, em Beacon. 
Já em 1938 se casa com Florence, com quem teve uma filha. Entretanto, logo se divorcia. Alguns anos mais tarde, em 1941, Moreno encontrou Celine Zerka Toeman, que chegou ao consultório levando a irmã doente. Tinha fugido da Europa nazista e surgiu imediatamente um interesse e uma simpatia mútuos e uma necessidade um do outro. Assim, Zerka, com o tempo se tornou companheirade Moreno. Em 1952 tiveram um filho, nomeado Jonathan. 
Na década de 40, Moreno funda a Sociedade Americana de Psicodrama e Psicoterapia de Grupo (IAGP). Seus principais livros publicados são: “Quem sobreviverá? As bases da sociometria”, “Psicodrama”, “Psicoterapia de Grupo e Psicodrama” e “Fundamentos do Psicodrama”. 
Nos anos da Segunda Guerra Mundial, a sociometria, a terapia de grupo e o psicodrama tiveram aplicações práticas e um importante reconhecimento. Os funcionários da Cruz Vermelha recebiam treinamento psicodramático e sociométrico. Essas técnicas tiveram também um papel importante nas Forças Armadas britânicas. Foram usadas na seleção e no treinamento de soldados e para reduzir as perdas por problemas psicológicos. A psicoterapia em grupo tornou-se o tratamento mais realizado nos hospitais militares, não somente em vista do custo mais baixo, mas por tratar-se de uma terapia eficaz.
Em 1964 acontece o primeiro Congresso Internacional de Psicodrama e Sociodrama em Paris e, em 1970, o V Congresso Internacional acontece no Brasil, em São Paulo. 
Em 1974, aos 85 anos de idade, Jacob Levy Moreno faleceu em Beacon, deixando apenas seu legado. Em sua lápide, pediu para que escrevessem: “Aqui jaz quem devolveu a alegria à Psiquiatria”. 
A obra de Jacob Levy Moreno, segundo Gonçalves at al (1988), é marcada por quatro momentos criativos: 1) religioso-filosófico; 2) teatral e terapêutico; 3) sociológico-grupal; 4) momento de organização-consolidação. O primeiro momento surge a partir de sua inspiração pela sua religião, o hassidismo, quando lança a teoria do ser (o seinismo), desenvolve nessa época o teatro infantil, o trabalho com prostitutas vienenses e assiste aos refugiados tiroleses da primeira guerra. Entre as publicações da época estão: “Convite ao Encontro”, a Revista Daimon e o polêmico livro “As Palavras do Pai”. Já o segundo momento da produção moreniana é caracterizado pela criação do psicodrama e a publicação do livro “O Teatro da Espontaneidade”. Já o terceiro momento criativo é marcado pela preocupação social e com os grupos. Por fim, em seu quarto momento, Moreno cria e consolida a teoria da Socionomia. 
A Socionomia
De acordo com Lima (2000), Moreno, ao longo de sua vida, se abriu para novos campos do saber e para novas abordagens, o que resultou em uma produção visionária com a proposição de uma nova ciência: a Socionomia. A origem da palavra vem de Sócio, do latim “sociu”, cujo significado é companheiro e nomia, do grego, “nómos” que significa regra, lei, que regula. Dessa forma, tem-se a Socionomia enquanto o estudo das leis do desenvolvimento social e das relações sociais. O ser humano que Moreno propõe é relacional e social, portanto a inter-relação entre as pessoas é o pilar central de sua teoria. 
As principais ramificações metodológicas da Socionomia são: a Sociodinâmica, a Sociometria e a Sociatria. A Sociodinâmica estuda a estrutura, o funcionamento dos grupos sociais, dos grupos isolados e das associações de grupo. Kaufman (1992:58), utiliza-se do Role-Playing como método, que é o jogo dramático de papéis, realizado em situações imaginárias. Já a Sociometria é a ciência da medida do relacionamento humano. Descreve e mede a dinâmica dos grupos, das relações sociais, a dinâmica inter e intra grupal. Seu método principal é o Teste Sociométrico, que tem a finalidade de esclarecer a rede de vínculos que constituem a estrutura dos grupos. O Sociograma é a expressão gráfica que objetiva a rede de relações de um grupo. Ao final, a Sociatria é a ciência do tratamento dos sistemas sociais. Busca tratar as relações, os vínculos, utilizando-se de seus três métodos: o Psicodrama, o Sociodrama e a Psicoterapia de Grupo. Embora exista esta divisão clássica, na prática o trabalho do psicodramatista é referido de modo genérico como foi consagrado pelo uso: Psicodrama. O psicodrama é um método psicoterápico no qual os clientes são estimulados a continuar e a completar suas ações, através da dramatização, do role-playing e da auto-apresentação dramática. No aqui e agora, são representadas várias cenas que retratam, por exemplo, lembranças de acontecimentos específicos do passado, situações vividas de maneira incompleta, conflitos íntimos, fantasias, sonhos, preparação para futuras situações de risco ou expressões improvisadas de estados mentais. Essas cenas tanto se aproximam de situações reais de vida como representam a externalização de processos mentais interiores. Quando necessário, os outros papéis podem ser desempenhados pelos demais membros do grupo ou por objetos inanimados. São empregadas várias técnicas, como a inversão de papéis, o duplo, o espelho, entre outros. 
Em relação à Teoria da Espontaneidade e da Criatividade, segundo Moreno, o homem nasce com recursos de espontaneidade e criatividade, como fatores que favorecem o adequado desenvolvimento da vida física, psíquica e relacional. A espontaneidade e criatividade são, na verdade, potencialidades indissociáveis do comportamento humano. Para que esse potencial se manifeste e se explicite, torna-se necessário haver espaço para a espontaneidade. O Psicodrama se propõe a resgatar e recuperar o homem Psicodramático que existe em cada um dos seres, com sua sensibilidade, genialidade e disposição para continuar criando.
O Psicodrama
O psicodrama é uma abordagem sócio-psicoterápica construída por Jacob Levy Moreno (1889-1974) na primeira metade do XX e é baseada na representação teatral. É uma abordagem que se situa entre a arte e a ciência, mantendo os benefícios de ambas. Através da ação, é um método que estuda as verdades existenciais, pois em grego, etimologicamente, a palavra “drama” significa “ação”. 
Essa abordagem surgiu como uma reação aos métodos individualistas e racionalistas que eram bastante presentes na época. Moreno, então, mostra ao mundo sua visão do ser humano enquanto biopsicossocial e espiritual, um ser que possui diversas facetas e necessita de cuidados integrados. 
As bases filosóficas do psicodrama são encontradas na filosofia existencial-fenomenológica, já que Moreno recebeu influência de Henri Bérgson, Martin Buber, E. Husserl e F. Nietzsche, entre outros. Porém, também houve forte influência da religião e do teatro. O psicodrama busca fazer o indivíduo alcançar uma existência autêntica, espontânea e criativa. Nas abordagens vivenciais, a técnica e a teoria são secundárias em relação à pessoa e à importância da relação terapeuta e cliente.
De acordo com a teoria moreniana, o trabalho psicodramático é norteado por alguns pressupostos: a seleção e a composição do grupo seguem critérios usuais da grupoterapia; as fantasias, as identificações, os papéis, a transferência são levados em consideração, a metodologia psicodramática não é utilizada com exclusividade; o psicodrama é uma psicoterapia de insight; as individualidades e a grupalidade são entendidas dentro de uma “totalidade dinâmica”. Além disso, a sessão psicodramática engloba basicamente três etapas: a) aquecimento inespecífico e específico; b) dramatização (ou representação dramática – RD) e c) compartilhamento. 
No Psicodrama ocorre uma psicoterapia grupal, em que a representação dramática improvisada é usada como núcleo de abordagem e exploração da psique humana e seus vínculos emocionais, objetivando à catarse e ao desenvolvimento da espontaneidade do indivíduo. A partir da dramaticidade o indivíduo se expressa, demonstra suas dificuldades, e, ao mesmo tempo, encontra seu caminho de “cura”.
O protagonista do Psicodrama é o grupo ou um membro deste. Após se escolher o protagonista e a cena, o diretor inicia a preparação específica para a dramatização. A escolha do cenário, seja este real ou imaginariamente criado, é a primeira etapa. Para facilitar o trabalho o terapeuta focado no psicodrama pode recorrer a algumas técnicas de representação, tais como: inversão de papéis, espelho, duplo, alter-ego, solilóquio, prospecção ao futuro e escultura. De acordo com Moreno (1975), a técnica do solilóquio é um exemplo de como duplicar sentimentos epensamentos ocultos que o paciente possa ter em relação ao parceiro no aqui e agora. Deste modo favorece a catarse dos sentimentos apresentados na cena ou situação dramatizada. A semelhança entre as vivências dramáticas com as experiências vivenciadas, conduz os pacientes a uma reflexão sobre como estão conduzindo sua vida e como as dificuldades podem ser enfrentadas de outro modo. A dramatização permite a reconstituição dos estágios evolutivos do indivíduo. De início na técnica da dupla, há o reconhecimento de que existe um “eu” e o “outro”. Mais adiante, a técnica do espelho possibilita-se que o protagonista, no caso o paciente, possa identificar-se através da apresentação que outra pessoa possa fazer de sua história ou de uma situação. Já a técnica da inversão de papéis favorece a empatia, pois permite colocar-se no lugar do outro (ZIMERMAN, 2000, p.95).
A prática psicodramática existe através de: Contextos, Etapas e Instrumentos os quais, articulados entre si, fazem acontecer a ação dramática proposta. Três contextos são considerados para o exercício da prática psicodramática: o Social, o Grupal e o Dramático. No contexto social, há um grau de compromisso e de responsabilidade com a realidade a que todos estão sujeitos (leis, regras, estabelecidas pela sociedade), é a realidade da vida e do cotidiano de cada um. Já no contexto grupal, tem-se tudo aquilo que se passa no aqui e agora dentro da sessão. No contexto dramático o compromisso com a realidade se desfaz, pois a fantasia se mistura com a realidade. É constituída em um tempo fenomenológico, subjetivo.
Com relação às etapas do Psicodrama, estas são três: Aquecimento, Dramatização e Compartilhamento. O aquecimento é o momento em que o grupo se mobiliza para a ação, em que surge o protagonista. O aquecimento se sub-divide em dois momentos: Aquecimento Inespecífico, em um primeiro momento, que pode ser verbal ou corporal e termina com a emergência do protagonista, que poderá ser um indivíduo ou o próprio grupo e Aquecimento Específico, em um segundo momento, que é o aquecimento do protagonista preparando-o para a ação dramática. Já na Dramatização, ocorre a ação dramática propriamente dita, onde o protagonista dramatiza, representa, no contexto dramático, figuras de seu mundo interno, presentificando seu conflito no cenário. No Compartilhamento, segundo Moreno, é o momento da participação terapêutica do grupo, onde cada indivíduo expõe seus sentimentos em relação ao que foi dramatizado. Busca-se escutar as emoções e os sentimentos diante do que foi vivido. Os Instrumentos são cinco: Cenário, Protagonista, Diretor, Ego-Auxiliar e Público ou Plateia. O Cenário é o espaço multidimensional e móvel, onde ocorre a ação dramática. Já o Protagonista surge no contexto dramático, mesmo havendo lideranças existentes no grupo, antes da ação. O Protagonista é o elemento que surge através de um personagem no desempenho de um papel, demonstra-se como representante emocional das relações estabelecidas entre os elementos de um grupo. Já o Diretor é o terapeuta que coordena a sessão e tem três funções: diretor de cena, terapeuta do protagonista e do grupo e analista social. Com relação ao Ego-Auxiliar, este é o terapeuta que interage em cena com o protagonista e tem três funções: ator, auxiliar do protagonista e observador social. Elementos do grupo também podem exercer a função ego-auxiliar em situações específicas. Ao final, tem-se o Público ou Plateia, que é o conjunto dos demais participantes da sessão Psicodramática. 
Destaca-se a utilização da abordagem psicodramática principalmente em três áreas de intervenção social: Psicoterápica, Pedagógica e Comunitária. 
Exemplos de dinâmicas e correlação com as Teorias de Moreno
Dinâmica 1 (Contexto Educacional): 
Estando em um contexto educacional de ensino, uma sala de aula com alunos de Psicologia, por exemplo, onde se busca ensinar sobre como abordar pessoas que realizam o teste do HIV na unidade básica de saúde, pode ser realizada uma dinâmica psicodramática para que haja uma melhor compreensão do tema.
Nesta dinâmica, destaca-se um aluno protagonista, que irá atuar no papel de psicólogo da cena, e pode ser contratado um ator, ou outro aluno, para atuar enquanto Ego-Auxiliar, no papel de cliente do sistema de saúde. O professor atuaria Diretor da cena. E o público seria composto pelo resto dos alunos.
No início, o aluno “psicólogo” é incumbido de dar as orientações necessárias antes do cliente realizar o teste para o vírus HIV, além de realizar uma breve entrevista. O cliente, dessa forma, é orientado e preparado para receber resultados que possam ser tanto negativos, quanto positivos. O ator/cliente pode demonstrar diversos tipos de reações às orientações dadas, assim como indivíduos em vivências “reais”. 
Já em um segundo momento, o cliente faz o teste e aguarda o resultado. Ao receber o resultado, tem-se a segunda cena com o psicólogo. Nesta cena o psicólogo precisa comunicar ao cliente o resultado e acolhê-lo, nas suas mais diversas reações. Ao ator, é pedido para que performe diversos tipos de reações diferentes, ao receber o resultado do exame. 
Os papeis seriam rotativos, e novos alunos, vindos do público, poderiam ser protagonistas, atuando enquanto psicólogos da situação ou auxiliando um ao outro nesse processo de orientação e acolhimento.
Assim, os alunos, enquanto futuros psicólogos, se veem diante de uma ação prática, possibilitando meios exercitar a teoria antes aprendida, desenvolvendo uma forma de aprendizado através do Psicodrama de Jacob Levy Moreno. 
Dinâmica 2 (Contexto de Psicoterapia Grupal): Em um grupo psicoterápico específico, de pessoas LGBTs expulsas de casa, percebe-se a importância de se trabalhar as questões familiares. O psicólogo enxerga que muitos conflitos relatados neste meio se referem a questões parecidas que vivenciaram dentro do contexto familiar. Dessa forma, pede-se que um dos participantes do grupo interprete uma de suas vivências, atuando enquanto pai/mãe/responsável durante um conflito que vivenciou que tenha como temática questões vivenciadas dentro do lar. Assim, outro aluno poderia interpretar enquanto Ego Auxiliar, fazendo o papel da pessoa participante do grupo no conflito. O psicólogo atuaria enquanto Diretor da cena.
Dessa forma, através do teatro, poderiam surgir questões emocionais, de poder, visualizações tendo como base um “outro lado da história”, que poderia mobilizar também grande parte do público. 
Assim como na dinâmica anterior, os papeis seriam rotativos e as histórias renovadas, surgindo novos protagonistas e egos-auxiliares. 
A partir dessas questões levantadas que mobilizariam o grupo, o psicólogo pode encontrar novas formas de conduzir a terapia e, ao mesmo tempo, contribuir para a expressão dos pacientes.
2. CONCLUSÃO
Através do desenvolvimento deste estudo, é possível enxergar as infinitas possibilidades em se trabalhar com as dinâmicas grupais, tendo foco na abordagem psicodramática. Explorando a estrutura sócio-afetiva dos grupos pela sociometria e sociodinâmica, partindo de uma leitura das relações informais intragrupais, o psicólogo ou coordenador do grupo, pode ter diversos recursos ao propor as técnicas. 
A contribuição de J. L. Moreno à dinâmica de grupos é enorme e fundamental, bastante útil atualmente, atuando em diversas áreas ou campos de atuação, como nos setores: educacional, psicoterápico grupal e organizacional. 
A dinâmica de grupo na abordagem psicodramática é bastante rica e a sua contribuição é enorme, principalmente na promoção de relações interpessoais mais próximas e autênticas, decorrentes do desenvolvimento do processo grupal. Esta metodologia tem sido muito útil para reconhecer os papeis de cada um dentro do grupo, clarificar e esclarecer conflitos. Contribui para as mais diversas questões e, ao mesmo tempo, promove a espontaneidade e a criatividade dos grupos. 
A abordagem moreniana é de extrema importância, pois possibilita uma compreensão dinâmica dos fenômenos e processos grupais, ao mesmo tempo em que ampliaas possibilidades criativas dos indivíduos, para a obtenção de novas aprendizagens. No processo psicoterapêutico, se tem, ao mesmo tempo, uma expressão dos sintomas e a “cura”, um local para expressar suas emoções e sentimento, seus anseios, expectativas e conflitos internos.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARTWRIGHT, D.; ZANDER, A. Dinâmica de grupo: pesquisa e teoria. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1975.
GONÇALVES, C. S. Wolff, J. R. Almeida, W. C. Lições de Psicodrama: introdução ao pensamento de J. L. Moreno. São Paulo: Ágora, 1988.
LIMA, Liliana Aparecida de. Psicodrama e Dinâmica de Grupo: Re-criando possibilidades para o Ensino de Psicologia na Universidade. Universidade Estadual de Campinas, 2000. 
MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix, 1975.
RAMALHO, Cybele M. R. Psicodrama e Dinâmica de grupo. Aracaju, 2010.
SOUZA, Márcia Roberta Clementino de. As dinâmicas sociais e as Psicologias dos Grupos. Universidade Federal do Rio de Janeiro – UNIRIO, 2009. 
ZIMERMAN, D. E. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

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