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Inspeção de Produtos de Origem Animal “Sete em cada dez doenças que surgiram nos seres humanos nas últimas décadas são de origem animal e, em parte, diretamente relacionadas com a busca humana por mais alimentos de origem animal como carnes, laticínios e ovos.” Vigilância ≠ Inspeção Vigilância É um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde. • Ministério da Saúde; • Podem trabalhar enfermeiros, farmacêuticos, médicos, veterinários, biólogos, fisioterapeutas, entre outros profissionais; Inspeção Está orientada para a preservação da saúde pública, através da inocuidade alimentar e para a defesa do consumidor, assegurando a integridade dos produtos. • Estão sujeitos a inspeção os animais de açougue, caça, pescado, leite, ovo, mel e a cera de abelhas e seus produtos e subprodutos derivados; • Competência do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento); • Somente médicos veterinários podem inspecionar esses produtos (Lei 5.517 de 1968); Produtos de Origem Animal (POA) É regido por lei (Lei n° 1.283 de 1950 – Lei Mãe) a obrigatoriedade de prévia fiscalização, sob o ponto de vista industrial e sanitário, de todos os POA, comestíveis e não comestíveis, em qualquer circunstância em que o mesmo se encontra. Serviços de Inspeção e seus selos Vigilância Sanitária A Vigilância Sanitária cuida de diversos setores visando a saúde pública, como: 1. Alimentos: Controle de qualidade dos alimentos comercializados no município, tendo em vista a preservação e a promoção da saúde da população; 2. Medicamentos: Controle da qualidade de medicamentos, produtos e insumos farmacêuticos comercializados, e também a prevenção de eventos adversos; 3. Produtos: Controle da qualidade de equipamentos e produtos relacionados à saúde comercializados, bem como a prevenção de eventos adversos; 4. Serviços: Ações capazes de prevenir, minimizar ou eliminar riscos e agravos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes da prestação se serviços de interesse da saúde; CMCA – Cadastro Municipal de Comércio de Animais Produtos Artesanais Os produtos feitos de forma artesanal ainda não possuem um selo específico, pois é uma questão polêmica, porém está em adaptação. A orientação é os serviços municipais e estaduais de vigilância sanitária fiscalizarem a atividade. • Mel artesanal; • Vegetais artesanais; Alimentos Os alimentos são fatores fundamentais na dieta humana, e podem ser afetados por diversos fatores, podendo levar a uma contaminação. Tipos de Contaminação Embora existam muitos cenários que possam ocasionar a contaminação dos alimentos, a maioria se enquadra nas seguintes categorias: • Biológica – alimentos contaminados por microrganismos patogênicos ou substâncias que eles produzem; • Química – alimentos contaminados com químicos naturais ou artificiais, como a presença de compostos químicos estranhos (corantes, aditivos, inseticidas...) ou de toxinas produzidas por microrganismos; • Física – acontece quando um objeto estranho (cabelo, unhas, pelos...) entra em contato direto com os alimentos; • Cruzada – ocorre quando contaminantes biológicos, físicos ou químicos entram em contato com os alimentos de maneira direta ou indireta de forma acidental (acessórios de cozinha, mãos com higienização inadequada); 1 – Física 2 – Biológica 3 – Química 4 – Cruzada Deterioração Alteração de um estado bom para um estado pior do alimento. Diversas são as características indesejáveis nesses casos, como: • Cor; • Odor; • Sabor; • Aspecto; • Textura; Os agentes deteriorantes são aqueles que tornam o alimento impróprio para consumo (físicos ou químicos): • Fungos; • Bactérias; • Leveduras; Microrganismos Os microrganismos podem ser de 3 tipos: 1. Deteriorantes – estragam o alimento, causando alteração na cor, sabor, odor, etc. (não causam doença); 2. Patogênicos – podem causar doenças em quem os consome; 3. Benéficos – úteis na produção de alimentos, como pães, iogurtes, queijos; 3 1 2 Fatores Intrínsecos x Fatores Extrínsecos Os fatores Intrínsecos e Extrínsecos podem favorecer ou dificultar a multiplicação dos microrganismos. Fatores Intrínsecos Características do próprio alimento • Atividade de água; • pH – acidez; • Potencial oxirredução; • Composição nutricional; • Antimicrobianos naturais; • Microrganismos no alimento; Atividade de água (Aa) Teor de água livre presente no alimento. • Livre > microrganismo consegue utilizar; • Conjugada > microrganismo não consegue utilizar; Água total = conjugada + livre • Bactérias Halofílicas: Aa = 0,75 (elevada concentração de sal); • Bolores Xerofílicas: Aa = 0,65 (secos, níveis mais baixos de Aa); • Leveduras Osmofílicas: Aa = 0,61 (açucarados, elevada pressão osmótica); Abaixo de 0,6 dificilmente os microrganismos irão se multiplicar pH – Acidez Microrganismos realizam sua multiplicação em uma faixa de pH considerado: • Mínimo (4,5 a 5,0); • Ótimo (6,5 a 7,5); • Máximo (8,0 a 8,5); Geralmente a maioria dos microrganismos tem faixa de 6,5 a 7,5. Poucos crescem em pH ácido abaixo de 4. Potencial de Oxirredução Capacidade do substrato de trocar elétrons. • Ganha elétrons – redução; • Perde elétrons – oxidação; Composição Nutricional Cada alimento apresenta componentes nutricionais diferentes. • Fonte de água; • Fonte de carbono (energia – carboidratos e óleos); • Fonte de nitrogênio (aminoácidos e proteínas); • Vitaminas; • Sais minerais; Podem ser utilizados pelos microrganismos, pois apresentam níveis diferentes de capacidade de utilizar esses componentes. Antimicrobianos naturais / inibidores naturais Substâncias presentes naturalmente em alguns alimentos que podem inibir ou dificultar o crescimento microbiano. • Alho = alicina; • Cravo = eugenol; • Ovo – lisozima; • Leite – lactoferrina; Microrganismos no alimento / Interação Microbiota alguns microrganismos > multiplicação > produção de metabólitos. • Bactérias láticas – produção de ácido lático que diminui o pH e inibe o crescimento de outras bactérias; Fatores Extrínsecos São os relacionados com o ambiente em que o alimento se encontra. • Temperatura; • Umidade Relativa; • Composição química da atmosfera; Temperatura Fator mais importante para regular a velocidade de crescimento, depende do microrganismo. • Mínima; • Ótima; • Máxima; Umidade Relativa (UR) Está diretamente relacionada com a atividade de água e a conservação do alimento. • UR ↑ da atividade de água do alimento: absorção de água pelo alimento; • UR ↓ da atividade de água do alimento: perda de água do alimento; Composição química da Atmosfera Composição de gases pode determinar o tipo de microrganismos que irá prevalecer. • Aeróbios: presença de oxigênio O2; • Anaeróbios: ausência de oxigênio; Atmosfera Modificada Retirada total ou parcial dos níveis de oxigênio. • Ar controlado > troca de fases O2 por outros gases (CO2 e Nitrogênio); • Embalagem a vácuo > retirada do O2; Curva de Crescimento Bacteriano Toda bactéria segue esse gráfico da curva de crescimento, o qual é importante saber pois a forma de prevenção e controle de alguns microrganismos irão variar de acordo com a fase do gráfico. 1 2 3 41. Fase de Latência: não há multiplicação de microrganismos, adaptação ao meio; 2. Fase Logarítmica: desenvolvimento atinge o máximo e é constante, fase de maior atividade microbiana e maior consumo de nutrientes; 3. Fase Estacionária: número de microrganismos se estabiliza, esgotamento de nutrientes e própria ação metabólica; 4. Fase de Destruição: o número de células viáveis decresce de forma constante até seu nível mais baixo; A fase ideal para medidas de conservação é a Fase de Latência, pois ainda não há multiplicação dos microrganismos (estão apenas se adaptando ao meio). Obstáculos de Leistner Consiste na utilização simultânea de mais de uma forma de controle microbiano nos alimentos, a fim de dificultar a multiplicação dos microrganismos. • Alimentos estáveis; • Prolongada vida de prateleira; • Seguros a saúde do consumidor; Métodos de Conservação Existem diversos tipos de conservação de alimentos, podem ser de ação direta ou indireta sobre o microrganismo. • Ação Direta: baseados na eliminação total dos microrganismos; • Ação Indireta: supressão de um ou mais fatores essenciais, tornando o ambiente desfavorável para manifestações (modificam o substrato); Métodos de Ação Direta Pasteurização Tratamento térmico relativamente suave. Utiliza- se de temperaturas inferiores a 100ºC. Este método inativa as enzimas e destrói os microrganismos sensíveis a temperaturas mais elevadas. • Tratamento térmico aplicado ao leite com objetivo de evitar perigos à saúde pública decorrentes de microrganismos patogênicos eventualmente presentes, e que promove mínimas modificações químicas, físicas, sensoriais e nutricionais; • Pasteurização rápida ou pasteurização lenta; UHT (Ultra Alta Temperatura) Temperaturas de esterilização mais altas por tempos mais curtos são possíveis quando o processo ocorre antes do envase do produto, em um ambiente estéril e em embalagens previamente esterilizadas. • Também denominado processo asséptico; Apertização Operação na qual o alimento é aquecido a uma temperatura alta o suficiente por um tempo relativamente longo para destruir a atividade microbiana (incluindo esporos) e enzimática. • As temperaturas atingidas são superiores aos 100°C; • O processo resulta em produtos relativamente estáveis, mas que apresentam impacto no seu teor nutricional; Irradiação Esta técnica pode ser utilizada para destruir insetos, microrganismos patogênicos, fungos e leveduras especialmente em alimentos que são consumidos crus ou parcialmente processados. • O retardo de maturação e senescência de frutas e a inibição de brotamento de bulbos e tubérculos também são resultado da sua aplicação; • Além de utilizada nos alimentos crus a técnica pode ser aplicada aos alimentos enlatados e congelados; Métodos de Ação Indireta Defumação Processo de aplicação no alimento de fumaça produzida pela combustão incompleta de algumas madeiras, com a finalidade de conferir aroma, sabor e cor característicos e prolongar a vida útil. • Normalmente fazem parte do processo a secagem inicial, a deposição da fumaça e a secagem adicional e/ou cozimento do produto; • A quantidade e a velocidade da deposição da fumaça dependem do substrato de defumação, condições da estufa e dos tipos de fumaça; Desidratação Aplicação de calor sob condições controladas para remover, por evaporação, a maioria da água normalmente presente em um alimento. • O processo inibe ação microbiana e enzimática, mas não é suficiente para causar inativação dos microrganismos; Cura Conservação de um produto por um período de tempo mais longo, pela adição de sal, compostos fixadores de cor (nitratos e/ou nitritos), açúcar e condimentos. • Também é obtida a melhora das propriedades sensoriais, como sabor e aroma mais agradáveis e coloração vermelha ou rósea atraente; Fermentação Processo que utiliza o crescimento controlado de microrganismos selecionados, adicionados com o nome de cultura starter. • São capazes de modificar a textura, sabor, aroma e as propriedades nutricionais do alimento; Salga Processo que prevê aumento da pressão osmótica e consequentemente, menor atividade de água através da adição de um único ingrediente em processos que podem ocorrer na forma úmida, seca ou ambas. Congelação É a operação na qual a temperatura de um alimento é reduzida abaixo do seu ponto de congelamento e uma proporção da água sofre mudança no seu estado, formando cristais de gelo. Refrigeração Processo de conservação a baixas temperaturas. O produto alimentício submetido a este processo conserva suas características do produto fresco (in natura). • É considerado um método temporário de conservação porque a atividade enzimática e microbiana não são evitadas, apenas retardadas; Liolifilização Processo de desidratação em condições de pressão e temperatura em que a água previamente congelada a – 40 °C passa do estado sólido diretamente para vapor (sublimação). Doenças Transmitidas por Alimentos Diversas são as doenças transmitidas por alimentos, dentre elas vamos citar as principais: • Intoxicação Estafilocólica; • Botulismo; • Infecção por E.Coli; Infecção x Intoxicação x Toxinfecção Ao uma doença ser transmitida por um alimento, temos essas 3 classificações para identifica-la. • Infecção Alimentar: é o crescimento de microrganismo no intestino após a ingestão de um alimento que contenha células deles; • Intoxicação Alimentar: não ocorre ingestão de microrganismo, mas sim de toxinas produzidas por eles enquanto estavam no alimento (Stapy e Botulismo); • Toxinfecção: ocorre quando há ingestão de um alimento que contenha microrganismos patogênicos que irão produzir toxinas dentro do intestino; Intoxicação Estafilocócica É uma intoxicação alimentar causada pelas toxinas do agente etiológico Staphylococcus aureus. Características • Cocos G+; • Anaeróbico Facultativos; • Multiplicação entre 10°C e 46°C produzindo toxinas; • Toxina termorresistente (Tipo A, mais prevalente em 75% dos surtos); Habitat Natural • Homem: cavidade nasal – mãos, unhas e lesões da pele; • Animais como bovinos e caninos podem ser portadores; • Infecção purulentas e mastite Estafilocócica – focos; Quadro Clínico • Período de incubação de 30 min a 8 horas (média de 2 a 4h); • Repentino mal-estar, náuseas, vômitos, dor abdominal e prostração; • É frequente ocorrer diarreia, porém sem febre; • Curta duração (1 a 2 dias); Alimentos Envolvidos • Presunto cozido, produtos cárneos, aves, peixes, saladas e molhos; • Massas recheadas de creme, batatas, leite e queijo; • Alimentos c/ alta umidade e de elevado teor proteico; Prevenção e Controle • Aplicação de medidas de higiene pessoal e de manipulação de alimentos; • Refrigeração rápida de produtos de origem animal a temperaturas inferiores a 4ºC; • Cozimento imediato (pós-manipulação) a temperaturas superiores a 60ºC; Botulismo É uma intoxicação alimentar causada pelas toxinas do agente etiológico Clostridium botulinum. Características • Bacilos G+ formadores de esporos e anaeróbios; • Toxinas termolábeis (80ºC por 10 a 30min); • Germinação: anaerobiose estrita e pH > 4,5; • Tipo A, B, E e F botulismo humano (A mais tóxico) Tipo C e D botulismo animal; Habitat Natural • Trato intestinal de mamíferos e aves; • Solo, sedimentos de cursos d'água e lagos; • Contaminação fecal, solo ou água contaminados; Quadro Clínico • Período de incubação de 12 a 36 horas podendo alcançar até 8 dias; •Botulismo clássico (toxinas no alimento); • Botulismo de lesões (toxinas em feridas); • Botulismo infantil (esporos – germinação = multiplicação e toxinas no intestino = crianças < 1 ano); • Náuseas, vômitos, cólicas e diarreia podem aparecer precocemente; • Cefaleia, vertigens ou tonturas, visão dupla, perda de reflexos à luz, disfagia, ataxia, fraqueza, constipação, cansaço respiratório, parada respiratória; • Letalidade: 50 a 65% em 3 a 10 dias; Alimentos Envolvidos • Conservas vegetais de preparação caseira, conservas animais e mel; • Propensos: enlatados, alimentos acondicionados sob vácuo ou em óleo; Prevenção e Controle • Evitar germinação de esporos: Aa / pH; • Não consumir alimentos em conserva que estivem em latas estufadas, vidros embaçados, embalagens danificas, etc.; Infecção por E. Coli Pode ser uma infecção ou toxinfecção causada pelo agente etiológico Escherichia coli. Apresenta 5 categorias. Características • Bastonetes G- anaeróbio facultativo; • EPEC - Escherichia coli enteropatogênica (infecção); • ETEC - Escherichia coli enterotoxigênica (toxinfecção); • EIEC - Escherichia coli enteroinvasiva (infecção); • EHEC - Escherichia coli enterohemorrágica (toxinfecção); • EaggEC - Escherichia coli enteroagregativa (infecção); Habitat Natural • Microbiota normal do TGI de mamíferos; • Transmissão ao alimento = fezes, água, solo, equipamentos, insetos, aves e animais domésticos; Alimentos Envolvidos • Água e alimentos em condição insatisfatória de higiene; • Enterohemorrágica “doença do hambúrguer”; Quadro Clínico • Invasiva: febre, calafrios, cefaleia, mialgias, espasmos abdominais e diarreia aquosa profusa. PI: 8 a 24 horas; • Enteropatogênica: GE em crianças: vômito, diarreia, dores abdominais e febre. No Brasil 30% dos casos de diarreia aguda em crianças < de 6 meses de idades. PI: 12 a 72hs; • Enterotoxigênica: envolve a produção de toxinas termolábeis (60ºC por 30min) e termoestáveis (100ºC por 30min); • “Diarreia do viajante”: diarreia aquosa, dores abdominais, febre baixa e náuseas. Nos casos mais severos: diarreia semelhante à água de arroz, vômito, desidratação e choque. PI: 8 a 44 horas; • Enterohemorrágica: colite hemorrágica – dores abdominais severas e diarreia com grande quantidade de sangue e ausência de febre. Pode evoluir p/ a Síndrome Urêmica Hemolítica (falência renal, insuf. renal crônica). Bovino é um reservatório natural. PI: 3 a 9 dias.; Prevenção e Controle • Higiene pessoal e de manipulação; • Evitar contaminação cruzada; • Rigoroso controle das temperaturas de processamento e de refrigeração;
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