Buscar

AULA 2-Biossegurança

Prévia do material em texto

<
DESCRIÇÃO
Introdução à biossegurança: conceitos básicos, sistemas de gestão da qualidade em
laboratórios clínicos e processos de coleta de amostra biológica.
PROPÓSITO
Apresentar os requisitos de biossegurança em um laboratório clínico, fundamental para o
desenvolvimento de processos seguros e de qualidade nos laboratórios de análises
clínicas e minimizar possíveis erros.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os principais conceitos de biossegurança aplicados a laboratórios clínicos
MÓDULO 2
Identificar os requisitos fundamentais para gestão de qualidade em laboratórios
MÓDULO 3
Identificar variáveis causadoras de erros nos processos de coleta de amostra biológica
INTRODUÇÃO
A ideia de ter contato com microrganismos patogênicos ou materiais contaminados por
eles causa certo pânico em pessoas que não conhecem a fundo um laboratório clínico.
Sempre que pensamos nessas situações, as cenas dos filmes com profissionais vestindo
equipamentos de proteção individual da cabeça aos pés nos vêm em mente. Será que
tudo aquilo acontece na chamada “vida real”?
Boas práticas adotadas em laboratórios clínicos são empregadas para proteger os
profissionais de riscos comumente encontrados nesses ambientes, além de serem
essenciais para emissões de resultado com alta qualidade. Esses riscos vão muito além
daqueles ligados à contaminação por microrganismos e podem até mesmo afetar animais
e o meio ambiente.
Encontraremos, ao longo deste tema, os principais conceitos relacionados a
biossegurança em laboratórios clínicos, como estes são estruturados e como são
realizados processos de coleta de material biológico. Além disso, entenderemos quais são
os requisitos necessários para que os laboratórios possam ser acreditados pelos órgãos
regulamentadores e apresentem excelência na prestação de serviços.
MÓDULO 1
 Reconhecer os principais conceitos de biossegurança aplicados a laboratórios
clínicos
BIOSSEGURANÇA
Biossegurança é um termo utilizado para definir ações realizadas com a finalidade de
proteger vidas, sendo elas humanas ou não. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA) define o termo como:

CONDIÇÃO DE SEGURANÇA ALCANÇADA POR UM
CONJUNTO DE AÇÕES DESTINADAS A PREVENIR,
CONTROLAR, REDUZIR OU ELIMINAR RISCOS
INERENTES ÀS ATIVIDADES QUE POSSAM
COMPROMETER A SAÚDE HUMANA, ANIMAL E O
MEIO AMBIENTE”
ANVISA/2010
O conceito de biossegurança começou a ser desenvolvido na década de 1970, com
observação de casos de doenças infecciosas como tuberculose e hepatite B, entre
profissionais da saúde que lidavam com pacientes doentes. O número de profissionais de
saúde que apresentavam essas doenças era de cinco a sete vezes maior que o observado
na população. Assim, foram propostas normas e elaborados manuais de biossegurança
com o intuito de frear a aquisição de doenças infecciosas e garantir uma proteção a esses
profissionais em suas atividades.
Quando falamos de segurança dos profissionais de saúde, temos que trazer a importância
das boas práticas laboratoriais, que contam com procedimentos − como práticas de
higiene pessoal − e ações de segurança − tais como utilização de equipamentos de
proteção individual (EPI) pelos profissionais e instalação de equipamentos de proteção
coletiva (EPC) nos estabelecimentos de saúde.
Fonte: Eugene Lu / Shutterstock.com
BIOSSEGURANÇA EM LABORATÓRIOS
CLÍNICOS
ESTRUTURA FÍSICA DOS LABORATÓRIOS DE
ANÁLISES CLÍNICAS
Todos os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) precisam obedecer a regras
estabelecidas pela ANVISA (RDC Nº 50, de 21 de fevereiro 2002) no que diz respeito à
infraestrutura do EAS, para que possa ser garantida a segurança de todos que trabalham
e transitam nas dependências do estabelecimento. O documento traz uma
regulamentação técnica para planejamento, programação, elaboração e avaliação dos
projetos físicos dos EAS, e pode variar conforme atividades desenvolvidas por estes.
Antes de seguir as regras descritas nessa resolução para o projeto, deve-se listar as
atividades que serão desenvolvidas pelo EAS para que os ambientes necessários e
obrigatórios para realização de cada atividades sejam identificados e incluídos no projeto
físico.
Fonte: HappyTime19 / Shutterstock.com
 Listar as atividades desenvolvidas antes de aplicar a RDC N° 50
Fonte: HappyTime19 / Shutterstock.com
Fonte: Timof / Shutterstock.com
 Ambiente de Laboratório.
Fonte: Timof / Shutterstock.com
Apesar das regras listadas pela RDC 50, não existem projetos físicos pré-definidos e, sim,
listagem de ambientes que deverão estar no planejamento do EAS para que possa ser
aprovado. Dentro dessa listagem, os laboratórios de análises clínicas estão classificados
nas atividades de número 4 e incluem, dentre outros, análises bioquímicas, imunológicas,
hematológicas, microbiológicas e parasitológicas, onde nas quais ocorrem análises de
substâncias e material biológico para fins de diagnóstico.
Cada um desses laboratórios precisará de áreas que possam garantir o funcionamento e o
desenvolvimento dos processos que neles ocorrem. No entanto, podemos listar uma
estrutura mínima necessária e obrigatória, como:
Fonte: VectorKnight/Shutterstock
Recepção e sala de espera, onde há acolhimento e identificação dos pacientes.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock
Sanitários, tanto para pacientes quanto para funcionários; sala da administração.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock
Sala de coleta.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock
Sala de classificação e distribuição das amostras pelas diferentes áreas de análises.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock
Salas para preparo de reagentes e de soluções.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock
Sala de esterilização de materiais.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock
Sala para realização de processos biomoleculares, como amplificação de ácidos nucleicos.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock
Antecâmara de paramentação, onde o profissional coloca os EPIs necessários para as
atividades.
Além da necessidade de áreas específicas, o acabamento de todo o laboratório deve
seguir recomendações para que a limpeza seja realizada de forma mais segura e eficiente.
Não é permitido uso de forro inflamável e que possa permitir absorção de umidade; os
pisos devem ser colocados de forma a evitar que se formem obstáculos entre eles,
precisam ser antiderrapantes e resistentes a abrasão; paredes devem permitir lavagem;
armários precisam ser feitos de material que permita sua limpeza, além de irem até o
teto; bancadas devem ser feitas de material resistente a umidade e produtos químicos, e
que possa ser facilmente limpo.
Fonte: Ministério da a saúde, 2014.
 Planta arquitetônica do Laboratório de Patologia Clínica.
Fonte: Ministério da a saúde, 2014.
FORMULÁRIOS E PROCEDIMENTO
OPERACIONAL PADRÃO (POP) ÚTEIS AS CIBIO E
CIPA
A) MODELOS DE FICHAS DE INSCRIÇÃO/DADOS DO TÉCNICO
Para regulamentação e estabelecimento das normas de segurança, o EAS deve possuir
sua comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA), que irá atuará buscando a
preservação da saúde e a integridade física dos trabalhadores.
FORMAÇÃO DA CIPA
A CIPA deverá ser formada por representantes do empregador, selecionados por este, e
de empregados, que serão selecionados por processo eleitoral secreto.
ATRIBUIÇÕES DA CIPA
Regulamentada pela NR 5, publicada em 1978 e com a última atualização realizada em
2019, possui algumas atribuições, são elas: identificar riscos do processo de trabalho e
elaborar mapas de riscos; elaborar plano de trabalho que possibilite ações preventivas;
realizar verificações nos ambientes de trabalho; divulgar informações relacionadas à
segurança e saúde do trabalho; dentre outras.
Inicialmente, a CIPA levanta informações necessárias sobre os funcionários para
elaboração de planos de ação e dados relacionados a possíveis eventos ocorridos ou
ligados as atividades desenvolvidas. Dentre os dados levantados, estão aqueles de âmbito
pessoal, como filiação, formação acadêmica, utilização de medicamentos e visitas aomédico. Além deste, o EAS também elabora formulários que tem têm por finalidade
registrar os acidentes ocorridos durante o expediente. Ambos os formulários podem ser
acrescidos de perguntas não contempladas nos modelos, para que se ajustem às
necessidades dos EAS.
 SAIBA MAIS
Em 1995, a partir da legislação Nº 8.974/95, tornou-se obrigatório para os EAS que
trabalham com organismos geneticamente modificados (OGM) a composição de uma
comissão interna de biossegurança (CIBio). A CIBio tem como atribuições: fazer o
monitoramento e a vigilância dos trabalhos de engenharia genética, manipulação,
produção e transporte de OGM; informar qualquer pessoa e coletividade sobre todas as
questões relacionadas a saúde e segurança e procedimentos em caso de acidentes;
estabelecer programas preventivos e de inspeção às instalações sob sua responsabilidade;
manter registro do acompanhamento de atividades e projetos que envolvam OMG;
notificar às autoridades de saúde pública resultado de avaliações de risco; investigar a
ocorrência de acidentes e enfermidades possivelmente relacionadas a OGM. Essa
legislação foi revogada pela Lei Nº 11.105/2005. Ela, além da CIBio, cria o Conselho
Nacional de Biossegurança (CNBS), reestrutura a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio), dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança (PNB) e
estabelece normas de segurança para manipulação dos OGNS.
B) CONFECÇÃO DE MAPA DE RISCO
Na busca de condições seguras aos trabalhadores, cada CIPA deve estabelecer um
programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA), no qual consta a elaboração e
execução de mapa de riscos como medida preventiva de acidentes. Esse documento
aponta as ameaças presentes em determinado ambiente, alertando os trabalhadores de
sua presença e intensidade. Os riscos devem ser simbolizados por círculos de três
tamanhos diferentes, conforme a sua gravidade, no qual tamanho do disco é diretamente
proporcional ao grau de risco. Veja a seguir as especificações de cada círculo:
CÍRCULO PEQUENO
Círculo com diâmetro de 2,5 cm.

CÍRCULO MÉDIO
Círculo com diâmetro de 5 cm.

CÍRCULO GRANDE
Círculo com diâmetro de 5 cm.
Além disso, os riscos devem ser indicados em cores, conforme o tipo, de acordo com a
planta de cada ambiente analisado de maneira individual, como mostra a figura abaixo:
Fonte: Evelynferreira / Wikimedia commons / licença (CC BY-SA 4.0)
 Mapa de risco ocupacional setorial.
Fonte: Evelynferreira / Wikimedia commons / licença (CC BY-SA 4.0)
O gráfico gerado após as análises deve ser afixado, em cada ambiente analisado, em um
local visível e de fácil acesso aos trabalhadores daquele setor. Isso serve para evitar
acidentes por meio da informação e conscientização da equipe de trabalho quanto a
necessidade da utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) e equipamentos
de proteção coletiva (EPC).
QUAIS OS DADOS NECESSÁRIOS PARA
ELABORAR UM MAPA DE RISCO?
Fonte: David Petrik/Shutterstock.com
Um profissional técnico responsável pelo setor documenta as informações e elabora o
mapa de risco ocupacional setorial. As atividades dos diferentes setores são levantadas e
identificadas na planta baixa da instituição. Cabe dizer que setores como secretaria e
recepção também estão incluídos. Informações dos trabalhadores, já discutidas
anteriormente, assim como instrumentos, equipamentos e materiais utilizados no
desenvolvimento das atividades e informações sobre o ambiente são cruciais para a
elaboração do mapa de risco.
Fonte:Shutterstock
Após análise dessas informações, os riscos são identificados e graficamente apontados na
planta de cada setor, variando conforme sua classificação nos grupo de risco ocupacional,
que varia de 1 a 5.
CLASSIFICAÇÃO DO GRUPO DE RISCO
OCUPACIONAL
Fonte: Egoreichenkov Evgenii / Shutterstock.com
O grupo de risco ocupacional 1 inclui agentes físicos que podem causar irritação, dores
de cabeça, fadiga, queimaduras e alterações de pressão arterial. Agentes: ruídos,
vibrações, calor ou frio extremos, radiações, pressões e umidade.
Fonte: Mars0hod / Shutterstock.com
O grupo de risco ocupacional 2 inclui agentes químicos que podem causar doenças do
sistema respiratório, como doenças pulmonares obstrutivas crônicas e enfisema
pulmonar. Agentes: gases, vapores e névoas, poeiras e fumos.
Fonte: Fotomay / Shutterstock.com
O grupo de risco ocupacional 3 inclui agentes biológicos como bactérias, fungos,
protozoários, parasitas e vírus que podem causar doenças infecciosas, além de animais
peçonhentos como cobras.
Fonte: Gorodenkoff / Shutterstock.com
O grupo de risco ocupacional 4 inclui agentes ergonômicos que podem causar dores
musculares, fraqueza, cansaço, alterações no aparelho digestivo, desconforto. Agentes:
repetitividade, ritmo excessivo, levantamento de peso, trabalho físico excessivo.
Fonte: Aunging / Shutterstock.com
O grupo de risco ocupacional 5 inclui a inadequação física (arranjo físico, instalações
elétricas e edificações) e de equipamentos (maquinário e ferramentas defeituosas) nos
ambientes de trabalho, que causam acidentes graves, como choque elétrico,
queimaduras, incêndios, podendo resultar até mesmo na morte de funcionários.
C) PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
(POP)
VOCÊ CERTAMENTE JÁ OUVIU FALAR EM POP,
MAS SABE O QUE ISSO SIGNIFICA E PORQUE ELE
É ESSENCIAL NA ROTINA DE UM LABORATÓRIO?
POP significa procedimento operacional padrão e é um documento que tem por
finalidade orientar os trabalhadores do EAS sobre a utilização de equipamentos e
operacionalização de sistemas. Ele é composto de informações detalhadas sobre
determinado processo: desde o nome dele, local de aplicação e responsáveis pelo
equipamento até informações sobre como manuseá-lo, materiais utilizados e descrição
detalhada de todas as etapas do processo. Toda essa elaboração tem o objetivo principal
de minimizar erros nos processos, garantindo os padrões de qualidade daqueles
resultados gerados, assegurando uma padronização e menor variabilidade possível das
atividades, além de poder atuar nas questões de preservação física dos equipamentos,
reagentes e materiais de uso laboratorial.
Quando elaboramos um POP, precisamos conhecer seus objetivos principais, assim como
os processos que nele serão descritos. Os manuais que acompanham os equipamentos
são uma boa fonte de informação para a elaboração do POP. Neles estão contidas as
formas de manipulação dos mesmos, possibilitando ainda que as recomendações do
fabricante sejam seguidas, o que pode garantir uma maior eficiência e durabilidade.
 ATENÇÃO
É importante enfatizar que nenhum processo é óbvio e deve ser considerado como
intuitivo ao elaborarmos um POP. Não podemos esquecer que o POP deve ser de fácil
entendimento, levando informações compreensíveis até mesmo para funcionários novos e
com pouca experiência. Por isso, o uso de palavras difíceis deve ser evitado e siglas devem
ter seu significado detalhado.
RESÍDUOS DE SAÚDE: GERENCIAMENTO,
COLETA, ARMAZENAMENTO E DESTINAÇÃO
FINAL
Sabemos que a humanidade gera uma quantidade exorbitante de resíduos, o que
ocasiona problemas de contaminação de pessoas e do meio ambiente. Dentre os resíduos
gerados, aqueles provenientes de atividades de atenção à saúde são os de maior
preocupação. Assim, a partir dos anos 1990, órgãos como CONAMA (O Conselho Nacional
do Meio Ambiente) e ANVISA assumiram o papel de orientar e regular a geração e
manejo dos descartes, para evitar os efeitos negativos sobre o meio ambiente e a saúde
pública.
Desde 2004, por meio da RDC 306/2004, a ANVISA orienta o gerenciamento dos resíduos.
Atualmente, a lei em vigor é a RDC 222/2018, que classifica os resíduos de saúde em cinco
grupos: A, B, C, D e E.
Fonte: valterZ/Shutterstock
 Da esquerda para direita: Resíduo radioativo (Grupo C), Resíduo infectante (Grupo A),
Resíduo químico (Grupo B).
Fonte: valterZ/ Shutterstock.com
Conheça a classificação dos resíduos pela RDC 222/2018:
Fonte: photobyphotoboy /Shutterstock.com
GRUPO A
Inclui os resíduos com possíveis riscos biológicos, geralmente resultantes das práticas
clínicas e de pesquisa. Exemplos: sangue, fluidos corporais, secreções, soluções e itens
contendo microrganismos, capazes ou não de originarem algum tipo de dano ou reação
fisiológica. Além disso, pode-se incluir nesse grupo peças anatômicas e resíduos
provenientes de manipulação genética.
Fonte: Rabbitmindphoto / Shutterstock.com
GRUPO B
Estão incluídos os resíduos químicos, que apresentam riscos ao meio ambiente e à saúde
pública. De maneira geral, tais resíduos possuem características como inflamabilidade,
poder de corrosão e toxicidade. Exemplos: fármacos, reagentes utilizados em laboratórios
e resíduos que contenham metais pesados.
Fonte: rumruay / Shutterstock.com
GRUPO C
Estão incluídos os resíduos radioativos, compostos por material contendo radionuclídeo
em quantidade superior aos limites de isenção especificados nas normas da Comissão
Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Exemplos: rejeitos de procedimentos de medicina
nuclear e radioterapia.
Fonte: Hunenko Dmytro / Shutterstock.com
GRUPO D
Inclui os resíduos comuns, que não apresentam riscos, podendo ser equivalentes a
resíduos domésticos. Exemplos: restos de comida, papel, materiais de áreas
administrativas.
Fonte: rumruay / Shutterstock.com
GRUPO E
Inclui os resíduos perfurocortantes, podendo ou não estar contaminados por agentes
biológicos ou químicos. Exemplos: lâminas, agulhas, ampolas, escalpes, tubos capilares,
micropipetas, dentre outros.
GESTÃO DOS RESÍDUOS DE SAÚDE
Para gerir de forma correta os resíduos do serviço de saúde, é necessário implementar
um conjunto de procedimentos que devem ser monitorados em todas as suas fases,
sendo elas: sua segregação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte,
tratamento e disposição final, possibilitando uma diminuição na geração de resíduos e
seus riscos.
SEGREGAÇÃO
A etapa de segregação ocorre no momento e local nos quais esses resíduos são gerados
e é feita conforme a classificação em grupos mostrada anteriormente.
ACONDICIONAMENTO
Todo o resíduo gerado deve ser acondicionado segundo recomendações propostas para
cada tipo de rejeito, para que vazamentos possam ser evitados. Rejeitos sólidos podem
ser acondicionados em sacos resistentes e impermeáveis, respeitando seus limites de
peso. Os sacos devem ser mantidos em recipientes laváveis, de material resistente, com
tampa possuindo sistema de abertura sem contato manual e com cantos arredondados.
Uma vez utilizados, esses sacos não podem ser esvaziados e reaproveitados.
Para resíduos do grupo A, que não precisam de tratamento antes do descarte, são
utilizados sacos brancos leitosos, que devem ser encaminhados para disposição final
adequada. Para aqueles que são necessários tratamentos antes do descarte, utiliza-se
sacos da cor vermelha. Para resíduos líquidos, deve-se utilizar recipientes que não
sofram reações com os resíduos armazenados, com tampa e identificação do material.
No caso de rejeitos radioativos, os procedimentos de acondicionamento devem ser feitos
pelo supervisor de proteção radiológica, seguindo normas da CNEN. Já para
perfurocortantes, deve ser utilizado recipiente rígido, possuindo tampa, impermeável e
resistente à ruptura. Tais recipientes não devem ser preenchidos em sua totalidade, mas
sim em apenas 2/3 da capacidade.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
CNEN
Comissão Nacional de Energia Nuclear
ARMAZENAMENTO
O armazenamento pode ser necessário quando a coleta não é realizada no momento da
geração do resíduo e para facilitar a coleta dentro do estabelecimento. Esse
armazenamento é temporário, realizado em área permitida, onde permanece à espera da
disposição final adequada. Os sacos contendo os resíduos não podem ser colocados
diretamente sobre o piso, sendo obrigatório o armazenamento em recipientes. O
armazenamento pode ser interno e externo. Podemos dividir o armazenamento em dois:
Armazenamento interno e armazenamento externo.
COLETA
A coleta é a remoção dos resíduos do seu local de armazenamento até o local de
tratamento ou disposição final. Ela deve ser realizada de maneira que preserve o
acondicionamento dos resíduos e a saúde dos trabalhadores envolvidos e do meio
ambiente. Para isso, o pessoal que realiza a coleta deve estar paramentado, utilizando
EPIs e EPCs e treinamento regulares.
TRANSPORTE
A etapa de transporte também pode ser dividida em interna e externa, sendo a primeira
caracterizada pelo deslocamento do resíduo do seu ponto de geração até o local de
armazenamento. O transporte externo funciona em conjunto com a coleta, encaminhando
os resíduos para sua destinação, seguindo as recomendações dos órgãos de limpeza
urbana.
É importante saber que veículos responsáveis por transporte de resíduos dos grupos A, B,
C e E não podem possuir sistema de compactação que danifique os sacos contendo os
resíduos. Resíduos radioativos devem ser transportados seguindo normas do CNEN.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Fonte: Tong_stocker / Shutterstock.com
 Fonte: Tong_stocker / Shutterstock.com
TRATAMENTO
Na RDC 222/2018, a ANVISA orienta quanto aos resíduos de saúde que devem ser
tratados antes da disposição final. A Anvisa define tratamento como “aplicação de
método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos
resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou
de danos ao meio ambiente" (ANVISA, 2018). O tratamento de resíduos pode dar-se no
local da geração destes ou ainda nos locais de disposição final e sofrem fiscalização por
parte dos órgãos ambientais e de vigilância sanitária.
Muitos são os processos que podem ser utilizados para tratamento de resíduos. De
maneira geral, eles passam por descontaminação química ou térmica, que reduzem ou
eliminam seus riscos. Incineração, autoclavagem, utilização de micro-ondas e hipoclorito
de sódio são exemplos de agentes utilizados no tratamento de resíduos do grupo A. Os do
grupo B devem ser tratados observando sua periculosidade antes de sua disposição final.
Ainda há resíduos desse grupo que podem ser dispostos em aterros específicos para
resíduos tóxicos.
DISPOSIÇÃO FINAL
A disposição final é realizada com a deposição dos resíduos em solo, que passou por
processos para que pudesse recebê-los sem causar danos ao meio ambiente ou a
comunidade. Para isso, é necessário ter licença ambiental de acordo com a resolução
CONAMA nº 237/97. A etapa de disposição pode acontecer em aterros sanitários, aterros
de resíduos perigosos, lixão ou vazadouros e valas.
SACOS DA COR VERMELHA
Imagem ilustrativa do descarte de resíduos do Grupo A que precisam passar
por tratamento antes do descarte.
Fonte: Watchara Chuenchomnoi / Shutterstock.com
 Fonte: Watchara Chuenchomnoi / Shutterstock.com
PERFUROCORTANTES
Imagem ilustrativa do descarte de material perfurocortante.
Fonte: Mehmet Cetin / Shutterstock.com
 Fonte: Mehmet Cetin / Shutterstock.com
ARMAZENAMENTO
Imagem ilustrativa do armazenamento.
Fonte: NottyJPhoto / Shutterstock.com
 Fonte: NottyJPhoto / Shutterstock.com
ARMAZENAMENTO INTERNO
Caso ele ocorra em uma sala, esta deve obedecer a alguns requisitos, como: ser
exclusiva, para evitar contaminação de materiais limpos; ter piso e paredes lisos e
laváveis; deve possuir boa iluminação.
ARMAZENAMENTO EXTERNO
Este funciona com intuito de abrigar os resíduos até que a etapa de coleta externa se
realize. Esse abrigo deve permitir acesso a transportes e veículos de coleta, além de
possuir condições físicas para abrigar os resíduos de condições climáticas, como
exposição ao sol ou a chuva. Por fim, deve-se projetar um local para higienização dos
recipientes e escoamento dos efluentes de lavagem.
Saiba mais sobre as etapas que compreendem o Gerenciamento dos resíduos de saúde
assistindo o vídeo a seguir.
PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃODE
ORGANISMO GENETICAMENTE
MODIFICADO (OGM)
Há duas décadas, o desenvolvimento de OGM por técnicas de biotecnologia e engenharia
genética tem ganhado destaque, principalmente com produção e venda de sementes com
características desejáveis e produtos utilizados na saúde. Todo OGM tem seu material
genético manipulado e modificado, por meio de técnicas que provocam mutações ou
inserções de genes no seu genoma. Tais modificações são feitas com o intuito de fazer
com que o organismo apresente características vantajosas, como sementes de soja com
resistência a pragas agrícolas, ou até mesmo produzir substâncias como a insulina, para
tratamento de diabetes humana.
 COMENTÁRIO
Apesar do amplo uso de OGM, ainda não se tem pleno conhecimento dos seus efeitos nos
campos de aplicação, por isso se faz necessário o controle rigoroso para produção e
comercialização deles.
No Brasil, a Lei N° 11.105, de 24 de março de 2005, regulamenta todos os processos,
desde a produção até o descarte, tanto em atividades de pesquisa quanto atividades
comerciais. Como falamos anteriormente, a CIBio das instituições é responsável por
monitorar as atividades desenvolvidas com OGM. Porém, quando se trata da
regulamentação de compra e venda de OGM o órgão responsável é a comissão técnica
nacional de biossegurança (CTNBio), que impõe regras rigorosas. A composição da CTNBio
é multidisciplinar, formada por brasileiros com competência técnica, atuação e
conhecimento científico inquestionáveis, grau de doutor e atividades nas áreas de
biotecnologia, biossegurança, bioética e afins.
Para ser comercializado no Brasil, um produto que contenha OGM precisa passar por
cinco fases:
1
Aprovação do projeto.
2
Fase de desenvolvimento.
3
Fase de testes.
4
Análise dos resultados, pela CTNBio.
5
Avaliação política.
AVALIAÇÃO POLÍTICA
Nessa fase é formado um conselho composto por 11 ministros, que tomam a decisão
final a respeito da liberação.
Por fim, os órgãos reguladores classificam os OGMs quanto ao grupo de risco, tanto para
saúde humana quanto para o meio ambiente. Alguns dos potenciais riscos ambientais
levantados dizem respeito a possível contaminação de lavouras, redução e perda de
biodiversidade.
A Lei N° 11.105 ainda discorre sobre a utilização de células tronco-embrionárias, obtidas
de embriões humanos, que não foram usadas para fertilização, aquelas que estão
javascript:void(0)
inviáveis ou que estão congeladas, há mais de três anos, em pesquisas e terapias. Em
todos os casos, a utilização só é permitida após o consentimento dos genitores. Para que
possam usar essas células em experimentos, as instituições de pesquisa precisam da
aprovação do projeto pelos comitês de ética, sendo a comercialização destas proibida.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. UM MAPA DE RISCO OCUPACIONAL TEM POR OBJETIVO PRIMÁRIO
OFERECER CONDIÇÕES SEGURAS AOS TRABALHADORES DE
DETERMINADO ESTABELECIMENTO. ESSE MAPA É CONSTRUÍDO POR:
A) Informações gráficas, para facilitar a leitura e a identificação da gravidade e dos tipos
de risco.
B) Informações escritas, para identificar qual o tipo de risco.
C) Informações definidas pelo gestor da unidade, podendo variar com a administração.
D) Informações escritas, definidas pelo gestor da unidade.
E) Informações gráficas, definidas pelo gestor da unidade, podendo variar com a
administração.
2. SOBRE CONCEITOS DE BIOSSEGURANÇA, ANALISE AS ALTERNATIVAS A
SEGUIR E MARQUE A INCORRETA:
A) Biossegurança é um termo utilizado para definir ações realizadas com a finalidade de
proteger vidas, sendo elas humanas ou não.
B) Ações como higienização de mãos e utilização de EPIs estão contidas nas regras de
biossegurança.
C) A ANVISA define biossegurança como: conjunto de ações destinadas a prevenir,
controlar, reduzir ou eliminar riscos que comprometem a saúde humana, somente.
D) A estrutura física dos laboratórios clínicos deve ser projetada conforme regras da
ANVISA, para garantir a segurança das pessoas que por lá transitam.
E) Como forma de garantir a segurança dos trabalhadores da área da saúde, órgãos
governamentais foram criados e estabelecem regras de biossegurança.
GABARITO
1. Um mapa de risco ocupacional tem por objetivo primário oferecer condições
seguras aos trabalhadores de determinado estabelecimento. Esse mapa é construído
por:
A alternativa "A " está correta.
Os mapas de riscos presentes em determinado ambiente alertam os trabalhadores sobre
as possíveis ameaças e sua intensidade. Os riscos devem ser simbolizados por círculos de
três tamanhos diferentes, conforme sua gravidade, e cores diferentes conforme o tipo de
risco.
2. Sobre conceitos de biossegurança, analise as alternativas a seguir e marque a
incorreta:
A alternativa "C " está correta.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) define o termo como: “condição de
segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir
ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana,
animal e o meio ambiente”. Sendo assim, não contempla somente a vida humana.
MÓDULO 2
 Identificar os requisitos fundamentais para gestão de qualidade em laboratórios
Fonte: angellodeco/Shutterstock.com
REQUISITOS DE COMPETÊNCIA E
QUALIDADE PARA LABORATÓRIOS
CLÍNICOS
Sabemos que os laboratórios clínicos são de extrema importância no processo de
assistência à saúde, fornecendo apoio aos profissionais de saúde que atuam na linha de
frente, para que o tratamento seja o mais correto possível para cada paciente. Desta
forma, os resultados dos testes realizados nos laboratórios têm que ser representativos
da situação do paciente e não de alguma interferência externa. Para que isso ocorra,
todas as fases do processo, desde a coleta, passando pelo processamento dos espécimes
clínicos, até a liberação dos resultados devem ser controlados, no que chamamos de
garantia da qualidade.
Por definição, qualidade é a correta aplicação do conhecimento disponível e da tecnologia,
na assistência à saúde, sendo eficaz e eficiente. No entanto, a construção desse conceito
pode envolver variáveis diversas, dependendo do contexto de trabalho e da valorização
destas.
 EXEMPLO
Para algumas instituições, qualidade está voltada para o desenvolvimento do potencial
humano. Para outras, a produtividade e equilíbrio da instituição. Em ambos os casos, são
adotadas atividades planejadas e sistematizadas, que se destinam a monitorização dos
processos e eliminação de erros, garantindo o atendimento dos requisitos para qualidade.
Para atingirem qualidade e competência, os laboratórios clínicos devem seguir a norma
ISO NM 15189, que define os requisitos necessários para tal. A norma pode ser também
utilizada para reconhecimento de competência por seus próprios clientes, organismos de
acreditação e agências reguladoras. Os requisitos de competência e qualidade para
laboratórios clínicos incluem três principais vertentes, que estão disponibilizadas a seguir.
REQUISITOS DE GESTÃO
Indicação dos responsáveis por setores, postos de trabalho e relação hierárquica;
Conduta ética na responsabilidade da gestão, mostrando a adoção dos requisitos
legais para exercício da atividade, política da qualidade, autoridades e inter-relações;
Sistema de gestão da qualidade, com documentação de políticas e metodologias
aplicadas;
Controle de documentos, que devem estar disponíveis e acessíveis; contratos de
prestações de serviços;
Lista de serviços e exames laboratoriais referenciados a que o laboratório recorreu
no último ano;
Lista de aquisição de produtos e serviços externos, como consumíveis, reagentes e
equipamentos;
Emissão de resultados de exames;
Resolução de reclamações;
Identificação e controle de não conformidades, que devem ser registradas;
Registro de ações corretivas, preventivas e de melhoria contínua;
Avaliação e auditorias;
Gestão do risco;
Revisões por organizações externas e pela própria gestão.
REQUISITOS TÉCNICOS
Registro da qualificaçãodo pessoal envolvido nas atividades acreditadas, que devem
ter formação nas áreas;
Descrição das funções; avaliação das competências dos técnicos; revisão de
desempenho dos trabalhadores;
Incentivo à formação contínua e ao desenvolvimento profissional;
Instalações e condições ambientais, além da permissão de acesso as áreas devem
estar sinalizadas e devem ser divulgadas por meio de comunicação interna;
Instalações de pessoal e de coleta de amostras precisam ser mantidas limpas;
Equipamentos utilizados devem ter sua metodologia definida, com instruções para
sua manipulação e programas de manutenção e reparo implementados;
Incidentes com equipamentos precisam ser notificados;
Garantia da conformidade no registro de pacientes, na coleta, transporte e manuseio
das amostras;
O laboratório deve garantir a qualidade e a confiabilidade dos resultados, além de
comunicar de maneira eficaz o utilizador do serviço; entre outras.
RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA
Essas recomendações devem ser compatíveis com os níveis de periculosidade das
atividades desenvolvidas pelo laboratório.
Vamos agora, conhecer mais um pouco sobre as três vertentes dos requisitos de
competência e qualidade dos laboratórios clínicos. Basta apertar o play e ficar por dentro
do assunto, Vamos lá!
ACREDITAÇÃO HOSPITALAR
A acreditação é uma espécie de avaliação e certificação de qualidade desses serviços, na
qual as instituições seguem padrões e requisitos definidos pelo Ministério da Saúde (MS).
Desta forma, busca melhoria contínua e sustentada das atividades desenvolvidas na
instituição, independentemente de seu porte, complexidade e vinculação. Acreditação é
um processo voluntário, periódico e reservado, que funciona como um diferencial de
mercado, prova de qualidade e comprometimento da gestão.
É importante salientar que esse processo não é simples, exige planejamento e empenho,
principalmente, dos gestores da instituição, para implantação do sistema de gestão da
qualidade. Essa implantação significa melhorias que envolvem mudanças tecnológicas,
administrativa, econômica, assistencial, incluindo até mesmo docência e pesquisa. Há três
níveis de acreditação possíveis:
autor/shutterstock.com
NÍVEL 1
Hospitais que possuem o nível básico de qualidade na prestação de serviço e de
segurança do paciente.
Jane Kelly/shutterstock.com
NÍVEL 2
Hospitais que, além do nível básico de qualidade e segurança, apresentam eficiência de
gestão, com planejamento na organização assistencial.
Jane Kelly/shutterstock.com
NÍVEL 3
Hospitais que aplicam as exigências para níveis 1 e 2 e ainda possuem políticas
institucionais de melhoria contínua, com boas estruturas, novas tecnologias, atualização
técnico-profissional, ações assistenciais e procedimentos médicos-sanitários.
Para que o processo de acreditação aconteça é necessário seguir alguns passos, confira a
seguir quais são eles:
Fonte:Shutterstock.com
A instituição deve se inscrever e contratar uma organização acreditadora.
Fonte:Shutterstock.com
Em seguida é realizada uma visita ao estabelecimento de saúde, por avaliadores da
organização acreditadora a fim de avaliar a instituição.
Fonte:Shutterstock.com
Os avaliadores coletam evidências por meio de entrevistas, análise de documentos e
observação das áreas de interesse e atividades desenvolvidas.
Fonte:Shutterstock.com
Por fim, o processo termina após a aprovação do relatório, elaborado pelos avaliadores,
pela organização acreditadora.
REQUISITOS DE COMPETÊNCIA TÉCNICA DE
LABORATÓRIOS DE ENSAIOS E DE
CALIBRAÇÃO
Para começarmos a conversar sobre este assunto, é importante esclarecer o que são e
para que servem os laboratórios de ensaio e de calibração, para isso, veja o comparativo
abaixo.
Fonte: Minerva Studio / Shutterstock.com
LABORATÓRIO DE ENSAIO
Tem objetivo de garantir a adequação às normas exigidas para determinado produto, por
um processo analítico laboratorial.

Fonte: SUKJAI PHOTO / Shutterstock.com
LABORATÓRIO DE CALIBRAÇÃO
Realiza uma espécie de comparação da amostra em teste com um padrão de referência
preestabelecido, com objetivo de ter um resultado de medição da amostra naquele exato
momento do teste.
As análises realizadas nos laboratórios de ensaio e de calibração visam a qualidade dos
serviços e produtos, o que inclui a qualidade dos equipamentos e dos processos
realizados, assim como a conformidade com as normas. Para isso, tais laboratórios devem
seguir os requisitos de competência técnica exigidos na norma NBR ISSO/IEC 17025, que
estão divididos basicamente em requisitos de gestão e técnicos. Dentre eles destacam-se
os seguintes requisitos:
GERAIS
Engloba requisitos de imparcialidade, nos quais o próprio laboratório analisa suas
atividades e organização; confidencialidade, que aborda proteção das informações
geradas nas atividades laboratoriais, sendo do cliente a propriedade.
DE ESTRUTURA
Aqui se exige que o laboratório identifique seu responsável geral; inclui estabelecimento,
documentação, implementação e manutenção do sistema de gestão; definição e
documentação das atividades laboratoriais; requisitos do cliente, que aponta a
responsabilidade do laboratório no atendimento ao cliente e nas instalações deste.
DE RECURSOS
Incluem generalidades como necessidade de pessoal; instalações e condições ambientais;
equipamentos, principalmente aqueles necessários para as atividades laboratoriais e que
possam influenciar o resultado; serviços de rastreabilidade da medição documentados;
registro do processo de contratação de produtos e serviços providos externamente.
DE PROCESSOS
Tem uma abordagem de análise crítica de pedidos, propostas e contratos; seleção,
verificação e validação de métodos; registro de dados da amostragem, como data e hora,
identificação e condições de transporte; requisitos de manuseio de itens de ensaio e
calibração, indicando resultados que podem ter sido afetados por algum desvio; requisitos
técnicos, no qual o laboratório precisa ter os registros técnicos legíveis mostrando
conformidade com a norma; garantia da validade dos resultados; registros de relatórios
de ensaio; relatos de declarações de não conformidade, opiniões e interpretações;
respostas a reclamações de serviços pelos clientes; controle de dados e gestão da
informação.
DE SISTEMA DE GESTÃO
Abordam generalidades, no qual o laboratório mostra a opção de sistema de gestão
escolhido; documentação do sistema de gestão, como processos, sistemas e registros;
controle de documentos de gestão; controle de registros, no qual se enfatiza o resultado;
ações para abordar risco e oportunidades; melhoria contínua, ações corretivas; ainda
auditorias internas e análises críticas pela gerência.
O Inmetro é o órgão responsável pela avaliação da competência desses laboratórios, num
processo de auditoria que culmina, caso estes estejam em conformidade com a norma,
em sua acreditação, tendo reconhecimento internacional.
MANEJO DE EQUIPAMENTOS
Grande parte das atividades desenvolvidas em laboratórios clínicos ocorrem a partir do
uso de equipamentos, selecionados com base nos produtos e requisitos que deseja
atender. O uso de equipamentos agiliza processos, uma vez que estes apresentam maior
rendimento, podendo liberar resultados de várias amostras ao mesmo tempo, num
período mais curto que os processos realizados de forma manual. Porém, para que isso
seja verdade os equipamentos precisam funcionar adequadamente, o que é obtido por
um constante monitoramento dos mesmos.
Fonte: Gorodenkoff / Shutterstock.com
Os processos de validação, qualificação, calibração e manutenção de equipamentos
devem estar contidos no sistema de gestão da qualidade. A correta utilização de um
equipamento em seu ciclo de vida, até que esteja fora de operação, deve conter os
registros de serviços e ocorrências e pode garantir um ótimo funcionamento do mesmo,
além de possibilidade de lucro e redução de custos. Vejamos a seguir cada um desses
processos.
VALIDAÇÃO
Validar umequipamento significa atestar de forma documentada que este está
funcionando com precisão e que atende às especificações operacionais predefinidas, de
maneira segura. Nesse processo, todos os elementos que compõem o equipamento e que
estão envolvidos diretamente nos resultados são identificados e analisados. A validação é
guiada por um protocolo que pode ser diferente para cada tipo de equipamento.
Entretanto, a validação inicial deve incluir estudos de desempenho, configurações de
carga utilizadas, além de ser necessária uma revalidação sempre que o equipamento
sofrer reparo ou alguma modificação.
QUALIFICAÇÃO
O processo de qualificação visa estabelecer evidências de que os resultados dos testes de
algum equipamento demonstram que ele apresenta o desempenho previsto. Esse
processo é realizado em três fases: qualidade de instalação, na qual o fabricante
documenta a entrega e a instalação correta do equipamento, no local definitivo de
utilização; qualidade de operação, na qual são constatadas as corretas condições de
operação do aparelho, dentro dos parâmetros de fabricação; e qualidade de performance,
que aprova que o equipamento atende perfeitamente ao uso pretendido, de maneira
consistente. Ao final da análise, um relatório é emitido com os resultados obtidos pelo
equipamento analisado.
CALIBRAÇÃO
A calibração de equipamentos laboratoriais deve ser realizada de maneira sistemática e
periódica para garantir a qualidade dos resultados obtidos. Calibrar um equipamento
significa que este será analisado, comparando-se os valores ou resultados emitidos com
dados padrão preestabelecidos. Com o processo de calibração podemos ter maior
tranquilidade na operação do equipamento e garantir que um resultado é confiável, uma
vez que um laboratório clínico libera resultados que podem influenciar diretamente o bem
estar dos clientes. É comum na rotina laboratorial uma quantidade considerável de
amostras a serem analisadas, exigindo o uso prolongado e excessivo dos equipamentos,
que sofrem desgastes, alterações de parâmetros e configurações. Sendo assim, a
calibração deve ser realizada em intervalos regulares, com bases em referências técnicas,
documentos de orientação e recomendações dos fabricantes.
MANUTENÇÃO
Conforme dito anteriormente, os equipamentos dos laboratórios são utilizados de
maneira intensa, sofrendo desgastes com o tempo. A partir da manutenção dos
equipamentos críticos, esse desgaste pode ser atenuado, permitindo uma vida útil mais
longa a eles e resultados mais seguros. Assim, a manutenção também deverá ser feita em
intervalos regulares, que variam conforme uso. De forma geral, a manutenção deve ser
feita tanto em equipamentos mais robustos como em itens de serviços gerais, como:
aparelhos de filtração, banhos-maria, pipetas e dispensadores automáticos e, ainda,
instrumentos de medição. A manutenção dos equipamentos inclui desde a elaboração de
POP e treinamento dos funcionários para manipulação correta até utilização de filtros de
linha para evitar sobrecarga de energia elétrica e acondicionamento adequado para que
não haja quebras ou perdas de componentes. Fazer a manutenção preventiva pode
auxiliar no aumento da durabilidade dos equipamentos.
Fonte: WAYHOME studio / Shutterstock.com
MATERIAIS
Os materiais utilizados nos laboratórios de análises clínicas estão diretamente ligados aos
processos que ocorrem na rotina laboratorial. Assim, os materiais podem ser aqueles
utilizados como matéria-prima, na confecção de meios de cultura e soluções, por exemplo;
aqueles empregados na mão de obra, como vidrarias, termômetros, ponteiras e placas de
Petri; aqueles destinados à limpeza do laboratório; para conservação e reparos de
equipamentos; reagentes químicos, utilizados para os mais diversos fins; além de kits e
testes rápidos utilizados para diagnóstico.
Quando se fala em gestão de qualidade de um laboratório, a aquisição e a organização de
materiais estão incluídas e diretamente relacionadas à gestão de compras. Gerenciar tais
compras de maneira correta ajuda na garantia da conformidade dos processos e na
prestação de serviços de maneira satisfatória para os clientes.
ORIGEM E QUALIDADE
Ao realizar a gestão dos materiais, deve-se começar organizando o estoque destes para
que o laboratório tenha controle sobre sua compra, podendo estudar de maneira eficiente
a relação custo-benefício dos produtos.
Todo produto adquirido para as atividades laboratoriais deve ser bem analisado quanto
sua origem e qualidade, quesitos que podem ser complementares em muitos casos.
Fonte: Iam_Anupong / Shutterstock.com
Ao iniciar a busca por materiais, os fornecedores devem passar por critérios rigorosos,
para garantir que a origem é confiável. Todo fornecedor deve ser verificado com relação a
sua reputação no mercado, principalmente verificando negócios realizados com outros
clientes. Além de checar a origem do material, devemos verificar sua qualidade, a partir
dos certificados de boas práticas de fabricação emitidos pelos órgãos sanitários. Em
determinadas ocasiões, pode-se realizar visita nos estabelecimentos que produzem tais
insumos.
 ATENÇÃO
A qualidade do material utilizado nos laboratórios pode ser um ponto crítico nas
atividades realizadas, pois a baixa qualidade influencia negativamente em todo processo,
podendo afetar diretamente o resultado.
ROTULAÇÃO E ARMAZENAMENTO
Como falamos no item anterior, o controle do estoque é importante no processo de rotina
laboratorial. Por isso, todo o estoque deve ser muito bem gerido para que faltas e
excessos sejam evitados, pois os itens de maior e menor rotatividade serão identificados.
 COMENTÁRIO
É importante ressaltar que quando se faz estoque de materiais devemos armazená-los de
forma eficiente, levando em consideração suas características específicas, que devem
estar visíveis no rótulo ou embalagem em que se encontram.
Para cada tipo de material é indicado, pelo fabricante ou por normas, uma forma de
estocá-lo. Produtos químicos são os itens mais críticos para armazenamento pois, se
forem organizados de forma incorreta, podem reagir e causar algum tipo de acidente. Eles
devem ser separados por compatibilidade química, em grupos de produtos compatíveis, e
armazenados utilizando barreiras físicas entre eles. Por último, mas não menos
importante, precisa-se levar em consideração os locais de armazenamento, o sistema de
ventilação, se existe espaço suficiente e devem ser distantes da área administrativa.
Fonte: DavidBautista / Shutterstock.com
Para que todo esse processo de armazenamento aconteça de maneira correta e eficiente,
todo o material estocado deve conter rotulação com a devida sinalização de risco que
apresenta, além da sua identificação.
Fonte: Edgar G Biehle/Shutterstock.com
USO DE CORES PARA PREVENÇÃO DE
ACIDENTES
Sinalização de segurança é uma medida obrigatória, independentemente do tipo de
empresa e quantidade de funcionários, que deve ser adotada pelas instituições a fim de
evitar acidentes ou minimizar riscos nos locais de trabalho. A NR26 normatiza essa
sinalização pela adoção de cores indicadoras com o objetivo de comunicação com os
trabalhadores para prevenção de acidentes, delimitação de áreas, identificação de
equipamentos de segurança e de tubulações e identificação de riscos.
As diferentes cores auxiliam a compreensão e a leitura, mas essa sinalização não dispensa
a utilização de outras formas de prevenção, e é preciso utilizá-las de maneira que não
cause distração. Vamos conhecê-las?
Fonte: drvector / Shutterstock.com
VERDE
Caracteriza segurança. Deve ser utilizada para indicar chuveiros de segurança e lava-
olhos, equipamentos de primeiros socorros, tubulações de água, mangueiras de oxigênio,
além de entradas de salas de emergência, dentre outros.
Fonte: drvector / Shutterstock.com
VERMELHO
É utilizado para indicar equipamentos de proteção e combate a incêndios, como caixas de
alarme e sirenes, hidrantes e ainda cobertorespara abafar chamas. A cor vermelha
também pode indicar proibição e não deve ser utilizada em indústrias por ser de pouca
visibilidade.
Fonte: drvector / Shutterstock.com
AMARELO
Utilizado para indicação de cuidado para situações de risco ou que necessitem de maior
atenção. Exemplo: indicação de corrimões, parapeitos, pisos com obstáculos,
escorregadios ou molhados, para-choques de veículos de transportes pesados, dentre
outros. Na tubulação, indica gás liquefeito.
Fonte: drvector / Shutterstock.com
BRANCO
Indica passarelas de circulação, direção e localização. Geralmente são utilizadas faixas
com texto indicativo ou para delimitação de bebedouros, coleta de resíduos, áreas de
armazenamento e zonas de segurança. Na tubulação, indica vapor.
Fonte: drvector / Shutterstock.com
AZUL
Utilizado para indicação de cuidado e proibição na movimentação e uso de equipamentos.
Na tubulação, indica ar comprimido.
Fonte: drvector / Shutterstock.com
LARANJA
Utilizada na indicação de partes móveis de equipamentos, parte interna de caixas
protetoras de dispositivos elétricos e dispositivos de corte e prensa. Nas tubulações, indica
ácido.
Fonte: drvector / Shutterstock.com
PRETO
Utilizado para indicar combustível de alta viscosidade, como piche e óleos lubrificantes.
Seu emprego nas tubulações indica inflamáveis.
Fonte: drvector / Shutterstock.com
CINZA
Utilizado para tubulações de eletrodutos e canalizações em vácuo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. GERIR UM LABORATÓRIO COM QUALIDADE FAZ COM QUE ELE SEJA
BEM VISTO PELOS CLIENTES E QUE SEUS RESULTADOS SEJAM
ALTAMENTE CONFIÁVEIS. ACERCA DESSE ASSUNTO, MARQUE A
ALTERNATIVA INCORRETA:
A) Para que um laboratório tenha qualidade reconhecida é necessário que siga requisitos
de gestão, técnicos e de segurança.
B) Os requisitos de segurança dizem respeito apenas a atividades realizadas no
processamento de amostras e não têm a ver com atividades de outras áreas.
C) Dentre os requisitos de gestão, encontram-se aqueles de conduta ética dessa gestão.
D) Numa gestão de qualidade, é de grande importância que os equipamentos tenham
instruções para sua manipulação e programas de manutenção e reparo implementados.
E) O laboratório deve garantir a qualidade e a confiabilidade dos resultados, além da
comunicação eficaz ao utilizador do serviço.
2. SABEMOS QUE OS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS EM LABORATÓRIOS
CLÍNICOS SÃO DE EXTREMA IMPORTÂNCIA PARA TODO O PROCESSO DE
ANÁLISE DAS AMOSTRAS E QUE, PARA ISSO, PRECISAMOS GARANTIR UM
BOM MANEJO DELES. ESSE MANEJO INCLUI:
A) Processos de qualificação, nos quais comparamos valores ou resultados emitidos com
dados padrão.
B) Processos de calibração, nos quais se atesta de forma documentada que ele está
funcionando com precisão.
C) Processos de manutenção, que são realizados em três fases, sendo elas: qualidade de
instalação, operação e performance.
D) Processos de validação, atestando de forma documentada que o equipamento está
funcionando com precisão.
E) Processos de qualificação e calibração, que incluem utilizar de filtros de linha para evitar
sobrecarga de energia elétrica.
GABARITO
1. Gerir um laboratório com qualidade faz com que ele seja bem visto pelos clientes e
que seus resultados sejam altamente confiáveis. Acerca desse assunto, marque a
alternativa incorreta:
A alternativa "B " está correta.
Os requisitos de segurança exigidos pelos órgãos reguladores dizem respeito a todas as
atividades desenvolvidas nos estabelecimentos de saúde, incluindo a recepção, áreas
comuns, setor produtivo, até áreas de armazenamento e descarte. Todas oferecem algum
tipo de risco que deve ser minimizado.
2. Sabemos que os equipamentos utilizados em laboratórios clínicos são de extrema
importância para todo o processo de análise das amostras e que, para isso,
precisamos garantir um bom manejo deles. Esse manejo inclui:
A alternativa "E " está correta.
O processo de validação é essencial no manejo de equipamentos, pois todos os elementos
que os compõem e que estão envolvidos diretamente nos resultados são identificados e
analisados. Essa análise atesta que o equipamento está funcionando com precisão e que
atende às especificações operacionais predefinidas, de maneira segura.
MÓDULO 3
 Identificar variáveis causadoras de erros nos processos de coleta de amostra
biológica
COLETA DE MATERIAIS BIOLÓGICOS
Os exames clínicos laboratoriais iniciam com a coleta do material biológico. Para que todo
o restante do processo ocorra de maneira satisfatória é necessário que a coleta seja
realizada de forma correta e que a amostra chegue viável até os laboratórios, atendendo a
determinados padrões específicos. Estão incluídas nesse processo de coleta ações que
influenciam diretamente no resultado dos exames, como: higienização de mãos e
materiais, antissepsia da região, descarte correto de materiais perfurocortantes,
preenchimento correto da solicitação, identificação da amostra e seu armazenamento
temporário.
Ainda no contexto da coleta, é de extrema importância que o paciente esteja informado e
tenha compreendido as recomendações para a aquisição da amostra biológica, quando a
coleta depender dele. Algumas informações passadas pelos pacientes influenciam de
forma significativa todo o processo, como uso de determinados medicamentos, hábitos e
atividades físicas antes da coleta.
Fonte: AnaLysiSStudiO / Shutterstock.com
Durante o exame existe a possibilidade de interferência de algumas variáveis. É o que
veremos a seguir, mas antes conheceremos no esquema abaixo as fases que
compreendem esse processo, mais na frente conheceremos detalhadamente cada fase.
1
Coleta ou fase pré-analítica.
2
Análise propriamente dita das amostras ou fase analítica.
3
Entrega dos resultados ou fase pós analítica.
Fonte: topvector / Shutterstock.com
VARIÁVEIS INTERFERENTES DOS
PROCESSOS DE ANÁLISES CLÍNICAS
VARIÁVEIS PRÉ-ANALÍTICAS
A fase pré-analítica é constituída da etapa de solicitação do exame pelo médico, coleta de
dados do paciente, procedimentos de coleta da amostra biológica, armazenamento e
transporte desta, até o momento de realização da análise.
Essa é a fase com maior número de erros em todo processo, podendo chegar até 80% de
todos os erros em um laboratório clínico, pois contém muitas variáveis que interferem
diretamente no resultado, sendo a falta de orientação ao paciente uma das principais
causas de alterações.
O conhecimento dessas variáveis pode ser essencial na interpretação dos resultados
obtidos. As variáveis pré-analíticas mais comuns e que mais interferem nos processos
laboratoriais são:
Fonte: VectorKnight/Shutterstock.com
Variação cronobiológica, que corresponde a alteração corpórea de algumas substâncias a
serem analisadas, em função do horário da coleta.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock.com
Jejum, obrigatório para determinados exames, torna-se um problema quando não é
respeitado o número de horas requerido.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock.com
Dieta, já que a ingestão de certos alimentos nas horas anteriores ao exame pode interferir
na concentração de algumas substâncias e moléculas.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock.com
Idade, que pode não parecer tão importante para a análise, porém o padrão de alguns
analitos é alterado conforme a faixa etária.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock.com
Sexo biológico, visto que diferenças hormonais e alguns outros analitos apresentam
divergências importantes entre homens e mulheres.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock.com
Atividade física, principalmente de grande intensidade, alteram a concentração sérica de
enzimas.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock.com
Uso de drogas e fármacos, que interferem diretamente no resultado pelo efeito
fisiológico.
Fonte: VectorKnight/Shutterstock.com
Posição, mudança brusca causa variação na concentração sérica de analitos.
Para saber mais sobre as variáveis que interferem no processo analítico confira o vídeo a
seguir.
VARIÁVEIS ANALÍTICAS
Já sabemos que os exameslaboratoriais contribuem para assistência à saúde de forma
decisiva, tanto para a confirmação dos diagnósticos de doenças suspeitas ou não, quanto
para fornecer o prognóstico de pacientes com doença já estabelecida, além de outros
resultados. Isso é possível pela evolução tecnológica de equipamentos que possuem
ótima reprodutibilidade, sensibilidade e especificidade, além da rapidez na liberação dos
resultados. Assim, a fase analítica é uma das fases, de todo processo, que menos sofre
com erros. Para que isso seja verdade, os equipamentos precisam estar calibrados, terem
boa qualidade, além da correta manutenção e armazenamento de seus reagentes.
Fonte: Dr ake krisda / Shutterstock.com
Como aprendemos, a fase analítica é aquela que compreende a etapa de realização da
análise propriamente dita e, apesar de ser uma etapa com apresentação de poucos erros,
alguns podem ser apontados como mais comuns:
Erros de cálculos, que incluem erros nas diluições das amostras.
Temperaturas inadequadas, que podem alterar as amostras.
Equipamentos sem manutenção ou que não estejam calibrados.
Acondicionamento inadequado de amostras e reagentes.
Qualidade dos reagentes e dos equipamentos.
Interferentes externos como instabilidade na energia elétrica.
Interferentes biológicos que podem causar reações cruzadas.
VARIÁVEIS PÓS ANALÍTICAS
A fase pós-analítica é marcada pela validação e liberação dos resultados das análises,
encerrando-se com a interpretação destes pelo médico que solicitou os exames, fazendo a
correlação com a situação clínica do paciente.
Os resultados liberados têm um impacto importante e decisivo na conduta médica, no que
diz respeito a linhas de tratamento, para que sejam assertivas e específicas. Desta forma,
os laudos devem ser montados seguindo recomendações normativas, após serem
analisados pelo médico assistente do laboratório, antes de chegarem ao paciente e ao
médico solicitante.
Fonte: fizkes / Shutterstock.com
Apesar de ser uma fase que apresenta poucos erros, cerca de 20 a 30% dos ocorridos em
todo processo, alguns equívocos podem acontecer, como:
Erros de digitação ou transcrição.
Identificação errada do paciente.
Não identificação de interferentes.
Falta de informações sobre sensibilidade do método e variações.
Sensibilidade, especificidade e precisão não adequadas dos testes.
Uso de unidades erradas.
PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA
MINIMIZAR OCORRÊNCIA DE ERROS
Após estudarmos os tipos de erros que acontecem durante todo o processo desenvolvido
nos laboratórios clínicos, precisamos debater como evitá-los para que os resultados
representem de fato o que acontece no organismo do paciente.
As atividades desenvolvidas nos laboratórios são atestadas, normatizadas e acreditadas
por organismos nacionais, para que os erros sejam mitigados. Tais organismos
disponibilizam planilhas, ferramentas de interface dos equipamentos e sistemas de
informações. Porém, para que tudo ocorra de maneira satisfatória é de extrema
importância que seja realizado o treinamento dos funcionários e que a equipe não
apresente grande rotatividade, para que os níveis de qualidade do atendimento e
procedimento sejam mantidos. Vejamos a seguir os passos que minimizam a ocorrência
de erros:

FASE PRÉ-ANALÍTICA
Os primeiros passos para minimizar a ocorrência de erros relacionados durante a fase pré-
analítica incluem padronização do registro para a identificação do paciente e da amostra.
Tal padronização deve destacar a busca por informações que podem influenciar de forma
direta ou indireta o resultado dos exames.
Desta forma, podemos garantir que todas as requisições e orientações para realização dos
exames foram seguidas pelos pacientes e que as amostras se encontram viáveis e
possíveis de serem analisadas. Vale lembrar que a coleta das amostras também é parte do
processo que merece uma atenção maior, uma vez que é um processo rotineiro, podendo
ser negligenciado pelos funcionários. Toda documentação de orientação no processo de
coleta deve estar disponível em todas as áreas e setores laboratoriais.
FASE ANALÍTICA
Essa fase apresenta o menor percentual de erros cometidos, no entanto também deve
passar pelo processo de normatização, treinamento dos funcionários e monitoramento de
indicadores da qualidade.
Aqui podemos ainda incluir a calibração e a manutenção de equipamentos, que são
utilizados na rotina laboratorial, e acondicionamento correto de insumos e reagentes
como parte essencial na minimização de erros. Para os laboratórios que ainda não
possuem seus processos analíticos de forma automatizada e informatizada, é interessante
a adoção de equipamentos e sistemas como forma de melhoria de qualidade do serviço
prestado.


FASE PÓS-ANALÍTICA
A automatização dos processos laboratoriais auxilia também na diminuição de erros nessa
fase, porém necessita da atenção da equipe do laboratório aos resultados obtidos, para
identificar possíveis sinais de baixo desempenho dos processos. A liberação dos
resultados pode seguir regras e utilizar algoritmos para identificação de erros.
Uma regra bastante utilizada é “delta check”, que consiste na verificação de diferenças
entre resultados de exames passados e o atual do paciente. Desta maneira, pode-se
observar a consistência dos valores obtidos e garantir a segurança do paciente,
bloqueando a liberação dos resultados de baixa qualidade e revelando a necessidade de
ajustes durante o processo. Sendo assim, uma análise mais acurada da etapa pós-
analítica, juntamente com o “feedback” emitido por membros da equipe e até mesmo pelo
médico solicitante, pode regular todo o processo desenvolvido nos laboratórios.
PROCEDIMENTO PARA COLETA DE
MATERIAIS BIOLÓGICOS
COLETA DE SANGUE VENOSO
A coleta de sangue venoso é um dos procedimentos que mais acontecem num laboratório
clínico. Ela tem valor inestimável no diagnóstico e direcionamento do tratamento de
doenças. Vejamos a seguir o passo a passo deste procedimento.
PASSO 1
Todo o processo começa com a orientação do paciente, pois alguns tipos de análises
requerem preparação e condições específicas para que não haja interferência nos
resultados, como, por exemplo, a preconização de períodos de jejum e dietas adequadas
nas horas anteriores à realização do procedimento.
PASSO 2
Antes da coleta, todo material utilizado deve ser identificado e o paciente deve ser
informado do processo que será realizado, incluindo a apresentação do material. Para
isso, temos processos informatizados e seguros que usam sistemas que identificam, com
uma sequência numérica, as amostras de cada paciente, facilitando a localização delas
durante qualquer fase.
Ainda como uma maneira de reduzir erros, pode-se empregar um sistema de coleta a
vácuo, que utiliza tubos com cores diferentes, contendo aditivos diferentes, para cada
uma das análises. Assim o processo de coleta é facilitado, sendo mais seguro com relação
a contaminações e mais confortável para o paciente.
Fonte: Gorodenkoff / Shutterstock.com
PASSO 3
Esse passo trata da seleção do local da coleta pode ser realizada em qualquer veia do
membro superior, porém existe uma região mais utilizada, a fossa cubital. Essa região,
que se localiza na parte anterior do braço em frente ao cotovelo, possui veias de grande
calibre, como a veia cefálica e a basílica, que estão próximas à superfície da pele. Além
disso, existem áreas em que devemos evitar fazer a coleta, como por exemplo: áreas com
queimaduras, qualquer tipo de cicatriz, hematomas, com fístulas, que possuem veias
pouco elásticas e as que estão sendo utilizadas para terapia intravenosa.
Paladjai / Shutterstock.com
Esse passo se concentra na evidenciação dessas veias que serão perfuradas. Para isso é
necessário deixar o braço do paciente em uma posição confortável e segura para punção.
Pode-se pedir ao paciente que abra e feche a mão de forma lenta, massagear o braço no
sentido do punho para o cotovelo, fixar a veia com os dedos, caso hajaflacidez, e utilizar
equipamentos que evidenciem as veias.
PASSO 5
O passo 5 consiste na utilização do torniquete ou garrote será usado para aumentar a
pressão no interior das veias, ajudando na palpação e coleta propriamente dita. No
entanto, é preciso saber utilizar o torniquete, colocando-o a mais ou menos oito
centímetros da dobra do cotovelo, por no máximo um minuto; caso contrário, pode haver
erros de diagnóstico.
Fonte: LOOKSLIKEPHOTO.COM / Shutterstock.com
PASSO 6
Realizar a antissepsia no local da punção, que pode ser feita com álcool 70%. Apesar da
utilização de luvas, a higienização das mãos garante que, caso essas venham a se romper,
a segurança do paciente ainda estará garantida. A partir de agora, seleciona-se a veia e
faz-se a punção com agulha numa angulação oblíqua de 30º e o primeiro tubo é inserido.
Assim que o sangue começa a fluir, o torniquete pode ser retirado.
ATENÇÃO: A higienização das mãos do profissional que fará a coleta, antes e depois do
procedimento, é tão importante quanto a antissepsia realizada no local da punção.
Fonte: Regreto / Shutterstock.com
PASSO 7
Após a retirada do último tubo, a agulha é removida e uma compressão com algodão é
realizada no local por um a dois minutos, com orientação para o paciente continuar
pressionando por mais cinco minutos, quando sair do laboratório. Imediatamente após a
coleta, as amostras devem ser acondicionadas de maneira correta para posterior
realização dos exames.
COLETA DE FEZES E DE URINA
A coleta de amostras de fezes e de urina também necessita de cuidados para que as
amostras não sofram interferência de variáveis. Elas poderão ser realizadas de maneiras
diferentes, dependendo do exame solicitado pelo médico, da idade do paciente e do
estado de saúde deste.
Fonte: Yuttapol Phetkong/ Shutterstock.com
Para exames parasitológicos simples (EPS), as fezes podem ser coletadas em frasco
simples, cedidos pelo laboratório ou comprados em farmácia. Caso seja solicitado o
parasitológico MIF (mercúrio-iodo-formol), é necessário que a coleta seja realizada em
potes contendo tais conservantes, para manter as formas parasitárias íntegras por vários
dias, uma vez que são feitas 3 coletas em dias alternados.
Fonte: KPad/ Shutterstock.com
Já para exames de cultura de bactérias das fezes (coprocultura), sangue oculto, pH fecal,
leucócitos, gordura fecal e outros exames, a coleta pode ser realizada em potes
apropriados, cedidos ou comprados em farmácias, estéreis, com boca larga e tampa de
rosca.
De maneira geral, o volume de amostra a ser coletado não precisa ser grande, porém
precisa ser suficiente para análise. Para amostras com forma bem definida, pode ser
colhida uma quantidade relativa a uma colher de café.
Fonte: ARTFULLY PHOTOGRAPHER/ Shutterstock.com
Não há necessidade de dieta específica para exame parasitológico de fezes e coprocultura,
a menos, que seja sugerida pelo médico, a fim de evitar alguma alteração nos resultados.
Para mulheres, não se deve colher amostra de fezes no período menstrual, pois pode
interferir na análise da presença de sangue oculto, assim como pacientes com
sangramentos visíveis.
A amostra pode ser mantida durante determinado período na geladeira, porém, para
melhor qualidade dos exames, deve ser levada no mesmo dia para o laboratório. Para o
exame de gordura fecal e de sangue oculto faz-se necessário uma dieta 03 dias antes do
exame.
O exame de urina é um dos mais solicitados pelos médicos e um dos mais realizados nos
laboratórios clínicos, fazendo com que as recomendações para a coleta sejam mais
conhecidas pela população. É de conhecimento geral que, se possível, a urina coletada
seja a primeira da manhã, desprezando o primeiro jato e coletando o jato intermediário.
MAS VOCÊ SABE PARA QUE SERVEM ESSAS
RECOMENDAÇÕES?
 SAIBA MAIS
Para observação de uma infecção urinária ou qualquer que seja a alteração na
composição da urina, precisamos coletar amostra representativa do que ocorre na bexiga
naquele momento. Assim, ao coletarmos a primeira urina da manhã, analisaremos uma
urina concentrada e que nos dará maior chance de encontrar os analitos procurados. Caso
não seja possível coletar a primeira urina da manhã, esta pode ser colhida após duas
horas de retenção. Além disso, para que a urina não seja contaminada com a microbiana
da uretra, desprezamos o primeiro jato, que elimina o excesso de microrganismos, e
coletamos o jato intermediário. No entanto, quando a suspeita médica é a presença do
protozoário Trichomonas vaginallis o preconizado é a coleta do primeiro jato e não mais do
jato intermediário.
Alguns protocolos solicitam a lavagem da região genital com água e sabão antes da
coleta, mas esse é um procedimento que deve ser feito com muito cuidado. O sabão
utilizado para a higiene pode contaminar o pote coletor e destruir microrganismos ali
presentes, alterando assim o resultado de uma urinocultura para diagnóstico de infecção
urinária.
Essa é uma etapa que deve ser muito bem explicada, sendo enfatizada a necessidade da
retirada total do sabão da região e pode ser substituída pelo afastamento dos lábios
genitais, nas mulheres, e do prepúcio, nos homens. Assim que coletada, a urina deve ser
levada para o laboratório imediatamente sob acondicionamento em gelo, para que se
evite multiplicação de microrganismos e degradação de analitos.
Crianças que utilizam fraldas devem ser levadas até o laboratório para a coleta, que é
realizada com o coletor infantil, uma espécie de saco colocado ao redor da região genital
do bebê. O coletor infantil, no entanto, pode ser facilmente contaminado em sua
manipulação durante toda coleta. Uma alternativa para a utilização do coletor em bebês é
a punção suprapúbica, um procedimento invasivo, que utiliza uma agulha de calibre
variável com a idade do paciente e que é introduzida no interior da bexiga pela parede
abdominal. Esse procedimento também pode ser utilizado para pacientes
imunocomprometidos, visto que o cateter pode ser fonte de infecções.
Fonte: g0d4ather/ Shutterstock.com
Fonte: rumruay/ Shutterstock.com
Ainda há possibilidade de coletar amostras de pacientes que utilizam sondas vesicais,
fazendo a desinfecção do dispositivo e coletando entre 30 e 60 mL, com auxílio de
seringas. A urina contida na bolsa que coleta não deve ser utilizada para análises.
COLETA DE AMOSTRAS DO TRATO
RESPIRATÓRIO
Sinusite, pneumonia e tuberculose são processos infecciosos que podem acometer nosso
sistema respiratório. Nesses casos e em outros mais, pode haver a necessidade de se
coletar amostra para realizar um exame de diagnóstico laboratorial.
Fonte: mi_viri/ Shutterstock.com
 SAIBA MAIS
O sistema respiratório é composto por vários órgãos e tecidos, podendo ser dividido
basicamente em: trato respiratório superior, formado por nariz, faringe, laringe e parte da
traqueia; trato respiratório inferior, composto por parte inferior da traqueia e pulmões,
que são constituídos de brônquios, bronquíolos e alvéolos. Assim, quando há a
necessidade de coleta de amostras desse sítio anatômico, ela será realizada de maneira
diferente, dependendo do local. A coleta pode ser solicitada pelo médico caso haja
suspeita de infecções, por vírus, fungos ou bactérias, e pode ser realizada por “swab”,
aspirado traqueal, para trato respiratório superior, ou lavado broncoalveolar e escarro,
para trato respiratório inferior, dentre outras.
A coleta utilizando “swab” é indicada tanto para infecções virais quanto para infecções
bacterianas que acometem a nasofaringe e a orofaringe. No caso de coletas de
nasofaringe, posiciona-se o paciente sentado, com o rosto levemente virado para cima,
fazendo um ângulo de 30 a 45°, para que o “swab” chegue até a parede do nariz ou da
garganta e possa ser coletado um esfregaço de células. É importante lembrar que não
está se fazendo coleta de secreção, sim de células infectadas. Por isso, pedir ao paciente
de esvazie o nariz é fundamental.
Fonte: vichie81/Shutterstock.com
No caso de infecções que acometem a orofaringe, a coleta é feita também com auxílio do
“swab”, para recuperar secreção contendo células infectadas ou microrganismos. De
forma geral, o aspirado traqueal é mais utilizado para pacientes que fazem utilização de
ventilação mecânica, ou seja, estão intubados e admitidos em unidade de tratamento
intensivo, e para obtenção do material são utilizados um cateter ou sonda de sucção. Após
as coletas, as amostras devem ser processadas em até duas horas.
Lavado broncoalveolar é considerado um dos métodos de melhor desempenho para
análise microbiológica do trato respiratório inferior, sendo muito utilizado para
diagnóstico em pacientes imunocomprometidos ou que se encontram com uso de
ventilação mecânica. Como é um material que contém uma alta carga microbiana, o ideal
é que seja processado em até 30 minutos depois de coletado para que não haja
modificações no número de microrganismos.
A coleta de escarro é talvez um dos processos mais difundidos, pois é bastante utilizado
no diagnóstico de pneumonias e, principalmente, tuberculose. O processo exige que o
paciente atue ativamente, porém uma supervisão de profissionais da saúde é essencial
para a boa qualidade da amostra.
Fonte: goodluz/ Shutterstock.com
Primeiro, deve-se orientar o paciente a consumir bastante água na noite anterior à coleta
e dormir sem travesseiro, ou com um travesseiro baixo, para aumentar a produção de
secreção. No momento da coleta as orientações são: lavar a boca, somente com água,
várias vezes, para que diminua o número de microrganismos contaminantes, uma vez que
a microbiota oral é bastante populosa.
Fonte: DimaBerlin/ Shutterstock.com
Em seguida, respirar profundamente por várias vezes e tossir procurando liberar a
secreção presa no peito; por fim, depositar o escarro no pote coletor, que deve ter boca
larga e tampa de rosca, como mostrado anteriormente, coletando um volume de 5 a 10
mL.
Após a coleta, o pote deve ser bem fechado e levado imediatamente para análise,
podendo ser processada em até duas horas. Caso o paciente tenha dificuldade de
produzir a secreção, pode-se fazer uma nebulização com soro fisiológico.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. SABEMOS QUE DURANTE O PROCESSO DE EXAMES LABORATORIAIS
PODEMOS SOFRER INTERFERÊNCIAS DE VARIÁVEIS QUE ALTERAM OS
RESULTADOS DE FORMA SIGNIFICATIVA. SÃO VARIÁVEIS
CARACTERÍSTICAS DAS FASES PRÉ-ANALÍTICAS, ANALÍTICAS E PÓS-
ANALÍTICAS, RESPECTIVAMENTE:
A) Dieta, erros de digitação e unidades erradas.
B) Falta de informações sobre sensibilidade do método, uso de drogas e qualidade de
reagentes.
C) Interferentes biológicos, idade e identificação errada do paciente.
D) Uso de unidades erradas, temperaturas inadequadas e sexo biológico.
E) Jejum, equipamentos sem manutenção e erros de digitação ou transcrição.
2. O PROCESSO DE ANÁLISE DE AMOSTRAS BIOLÓGICAS COMEÇA COM
SUA COLETA. SOBRE ESSA ETAPA, LEIA AS AFIRMATIVAS A SEGUIR E
MARQUE AQUELA QUE ESTIVER CORRETA:
A) A coleta de sangue venoso pode ser realizada em qualquer veia do corpo, mas é
preferível a coleta nos membros inferiores.
B) Para uma boa análise de amostras de fezes, a coleta deve ser realizada em grandes
quantidades.
C) Ao coletarmos amostras de urina, a única orientação que deve ser passada é para
higienização com água e sabão bactericida.
D) A higienização das mãos do profissional que realizará a coleta de sangue venoso é tão
importante quanto a antissepsia feita no local da punção.
E) A coleta de amostras do trato respiratório independe de sua divisão anatômica,
podendo ser realizada por “swab” mesmo quando for do trato respiratório inferior.
GABARITO
1. Sabemos que durante o processo de exames laboratoriais podemos sofrer
interferências de variáveis que alteram os resultados de forma significativa. São
variáveis características das fases pré-analíticas, analíticas e pós-analíticas,
respectivamente:
A alternativa "E " está correta.
O processo laboratorial pode ser dividido em três fases: pré-analítica, analítica e pós-
analítica. As fases sofrem interferências específicas, que estão associadas com as
atividades realizadas em cada uma delas. Jejum é obrigatório para determinadas análises
e acontece antes destas; os equipamentos precisam estar em ótimas condições para a
análise das amostras coletadas; muitas vezes após os resultados serem liberados pelos
equipamentos, é necessário que estes sejam digitados ou transcritos, na fase após a
análise da amostra.
2. O processo de análise de amostras biológicas começa com sua coleta. Sobre essa
etapa, leia as afirmativas a seguir e marque aquela que estiver correta:
A alternativa "D " está correta.
A higienização das mãos é recomendação essencial em todos os processos de assistência
à saúde, principalmente quando falamos de processos invasivos, para que infecções e
disseminação de microrganismos sejam evitadas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, aprendemos sobre os conceitos de biossegurança empregados em
laboratórios clínicos e nas atividades executadas por eles.
Vimos que os laboratórios precisam estar de acordo com as normas vigentes no Brasil, em
questões relacionadas a sua estrutura física, ao manejo de resíduos de saúde gerados e
ações para prevenção de acidentes durante os processos.
Além disso, aprendemos que as instituições de assistência à saúde devem buscar por uma
qualidade de excelência na prestação de serviços à comunidade, focando na redução de
erros nos processos, para entregar ao paciente resultados confiáveis.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO/IEC 17025: Requisitos gerais
para a competência de laboratórios de ensaios e calibração. Consultado em meio
eletrônico em: 11 nov. 2020.
BRASIL. Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada −
RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para
planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde. Consultado em meio eletrônico em: 11 nov.
2020.
BRASIL. Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada −
RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Consultado em meio eletrônico em: 11
nov. 2020.
BRASIL. Lei Nº 11.105, de 24 de março de 2005. Dispõe sobre o estabelecimento de
normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam
organismos geneticamente modificados (Lei de Biossegurança). Diário Oficial da União:
seção 1, Brasília, DF, ano 132, 24 mar. 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à saúde. Manual brasileiro de
acreditação hospitalar. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
BRASIL. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Norma Regulamentadora − NR
número 5: Dispõe sobre Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Brasília, 2019.
Consultado em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.
BRASIL. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Norma Regulamentadora − NR
número 26: Dispõe sobre sinalização de segurança. Brasília, 2015. Consultado em meio
eletrônico em: 11 nov. 2020.
BRASIL. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Norma Regulamentadora − NR
número 32: Dispõe sobre a segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde.
Consultado em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.
INMETRO. Norma nº NIT-DICLA 083/01: Requisitos de competência e qualidade para
laboratórios clínicos. Consultado em meio eletrônico em: 11 nov. 2020.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste tema, leia:
Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar, de Pedro Teixeira e Silvio Valle.
O manual de orientação para coleta, no site do LACEN.
O manual de estratégias e prioridades de ação em biossegurança, no site do
Ministério da Saúde.
Fatores Pré-analíticos e interferentes laboratoriais, da sociedade Brasileira de
patologia

Continue navegando