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Cultura Religiosa - Completa

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APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 1 
 
 
 
 
 
 
 
CULTURA RELIGIOSA: 
 
 
 O SURGIR DAS RELIGIÕES NO MUNDO. 
AS VÁRIAS RELIGIÕES EXISTENTES HOJE. 
 RESPEITO PELO DIFERENTE. 
ECUMENISMO E DIÁLOGO RELIGIOSO. 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
- ALVES, Ruben A. O que é religião. São Paulo. Brasiliense, 1986. 
- WILGES, Irineu. Cultura religiosa: As religiões do mundo. 7 edição. Petrópolis: Vozes. 1993. 
- SAMUEL, Albert. As religiões hoje. 3a edição. São Paulo. 
- Konings, Johan, A bíblia nas suas origens e hoje, Vozes, Petrópolis, 2003 
 
- BOFF, Leonardo. Os sacramentos da vida. Petrópolis: Vozes. 1980. 
- Texto Campanha da Fraternidade 2008 – Fraternidade e defesa da vida . 
- Cada ano a CNBB apresenta um tema diferente sobre a Campanha da Fraternidade. 
- GAARDER, Jostein, O mundo de Sofia, Cia das Letras. 
- GAARDER, Jostein, O Livro das Religiões, Cia das Letras.- 
- BETTENNCOURT, Estevão, 15 Questões de fé. Aparecida, SP. Ed. Santuário. 
- COLLINS, Francis S. A linguagem de Deus, segunda edição, editora Gente 
 
- Bíblia Sagrada. 
- Enciclopédia Barsa. 
- Revistas da Banca de Revistas. 
- Enciclopédia Britânica. 
- Dicionários de filosofia. 
- Anotações nas aulas 
 
SITE: www.pscjdi.com.br 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 2 
INDICE 
 
1 – CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2008...............................................................................4 
1.1 – VIDA OU MORTE, UMA OPÇÃO DE CADA UM DE NÓS ......................................................................... 4 
1.2 – VIDA HUMANA DESDE A CONCEPÇÃO ..................................................................................................... 4 
1.3 – JESUS QUER A VIDA PARA TODOS............................................................................................................. 5 
2 – RELIGIÃO : O QUE É? .............................................................................................................5 
2.1 – RELIGIÃO E VIDA ............................................................................................................................................ 6 
2.2 – FENÔMENO RELIGIOSO ................................................................................................................................ 6 
2.3 – VISÃO GERAL DO FENÔMENO RELIGIOSO MUNDIAL ........................................................................ 7 
2.4 – SOMOS TODOS AFRICANOS? - NOSSAS ORIGENS... .............................................................................. 7 
2.5 – MITO – LENDA – FÁBULA.............................................................................................................................. 8 
2.6 - TENDÊNCIAS MISTICAS ................................................................................................................................. 8 
2.7 – CARACTERÍSTICAS DO ESTADO MÍSTICO............................................................................................ 10 
2.8 – GRANDES CIENTISTAS RELIGIOSOS....................................................................................................... 11 
2.8.1 – ELEMENTOS DA RELIGIÃO ................................................................................................................... 11 
2.9 – CIÊNCIA E RELIGIÃO: UM DIÁLOGO COM A BIOLOGIA.................................................................. 12 
2.10 – CONHEÇA O CAMELO................................................................................................................................ 13 
2.11 – DEUS CRIOU TUDO QUE EXISTE?........................................................................................................... 15 
2.12 – ARTIGOS – OPINIÕES – ENTREVISTAS.................................................................................................. 16 
2.12.1 – Revista Veja – Edição 2040 ano 4 - nº 51................................................................................................. 16 
2.12.2 – Ciência não exclui Deus ............................................................................................................................ 22 
2.12.3 – Entrevista: Michel Onfray – Veja 25 de maio de 2005 ............................................................................. 24 
2.12.4 – Deus, Ele existe? Como provar?................................................................................................................ 27 
2.13 – FORMAS RELIGIOSAS ................................................................................................................................ 27 
3 – AS 5 BASES DA RELIGIÃO....................................................................................................29 
4 – RELIGÕES PRIMTIVAS.........................................................................................................30 
4.1 – HALLOWEEN: ALL HALLOW EVE............................................................................................................ 30 
4.2 – ALGUMAS PALAVRAS QU DEVEM SER CONHECIDAS E NÃO CONFUNDIDAS ........................... 30 
4.3 – FRASES LATINAS ........................................................................................................................................... 31 
5 – RELIGIÃO OCIDENTAL E RELIGIÃO ORIENTAL – DUAS VISÕES DISTINTAS ...31 
5.1 – RELIGIÕES SAPIENCIAIS, ORIENTAIS, CRIADAS POR SÁBIOS, INTERESSADAS NO BEM 
ESTAR EM VIVER DIGNAMENTE....................................................................................................................... 32 
5.1.1 –HINDUÍSMO = Sanatana Darma = Lei Eterna.......................................................................................... 32 
5.1.2 - BUDISMO .................................................................................................................................................... 33 
5.1.3 – JAINISMO ................................................................................................................................................... 36 
5.1.4 – CONFÚCIO: poeta, professor, músico, filósofo, administrador, sábio, pensador. ................................... 36 
5.1.5 – XINTOÍSMO: caminho dos deuses............................................................................................................. 37 
5.1.6 – TAOÍSMO .................................................................................................................................................... 38 
5.1.7 – IGREJA MESSIÂNICA MUNDIAL........................................................................................................... 38 
5.1.8 – PERFECT LIBERTY – PL.......................................................................................................................... 39 
5.1.9 – MOONISMO: Reverendo Moon.................................................................................................................. 39 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 3 
5.1.10 – HARE KRISHNA - (SALVE A DIVINDADE) ......................................................................................... 40 
6 – ESPIRITISMO E PARAPSICOLOGIA..................................................................................40 
6.1 – ESPIRITISMO................................................................................................................................................... 40 
6.2 - CULTOS AFRO-BRASILEIROS..................................................................................................................... 42 
6.2.1 – Sincretismo................................................................................................................................................... 42 
6.2.2 – O Candomblé (atabaque) .............................................................................................................................43 
6.2.3 – Umbanda ...................................................................................................................................................... 45 
6.2.4 – Vudu ou Vodu .............................................................................................................................................. 48 
6.3 – PARAPSICOLOGIA = AO LADO DA PSICOLOGIA. ................................................................................ 48 
6.4 – HOROSCOPO COMPROVADAMENTE FALSO ........................................................................................ 51 
7 – MAÇONARIA............................................................................................................................53 
7.1 – MAÇON: PEDREIRO ...................................................................................................................................... 53 
7.2 – A IGREJA CATÓLICA E A MAÇONARIA.................................................................................................. 55 
7.3 – PARECER DA IGREJA CATÓLICA QUANTO A UM FIEL PERTENCER À MAÇONARIA:............ 56 
8 – RELIGIÕES PROFÉTICAS ....................................................................................................57 
8.1 – MUÇULMANOS ............................................................................................................................................... 57 
8.2 – JUDAÍSMO........................................................................................................................................................ 59 
8.3 – ORIENTE MÉDIO – CONFLITOS PALESTINOS E JUDEUS .................................................................. 60 
8.4 – O CRISTIANISMO........................................................................................................................................... 60 
8.4.1 - Igreja Oriental – Ortodoxa – Russa – Grega X Ocidental – Roma............................................................. 62 
8.4.2 - Uma papisa uma mulher que se tornou Papa?............................................................................................ 62 
8.5 – INQUISIÇÃO..................................................................................................................................................... 62 
8.6 - REFORMA PROTESTANTE........................................................................................................................... 64 
9 - BÍBLIA ........................................................................................................................................65 
9.1 – BÍBLIA O QUE É? ............................................................................................................................................ 65 
9.2 – ALGUMAS CITAÇÕES BÍBLICAS: devem ser entendidas dentro do contexto antigo. ........................... 67 
9.3 – BÍBLIA: FUNDAMENTALISMO OU EXEGESE ........................................................................................ 68 
9.4 – FATOS OCORRIDOS NO EVANGELHO..................................................................................................... 69 
9.5 – OS MANUSCRITOS DO MAR MORTE: ...................................................................................................... 70 
9.6 - LINHA DO TEMPLO BÍBLICO ANTIGO TESTAMENTO: ...................................................................... 72 
9.7 – BÍBLIA: NOVO TESTAMENTO.................................................................................................................... 74 
9.8 – O POVO ESSÊNIO ........................................................................................................................................... 75 
10 – RECAPITULAÇÃO ................................................................................................................78 
 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 4 
1 – CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2008 
 
TEMA: FRATERNIDADE E DEFESA DA VIDA. 
LEMA: “ESCOLHE, POIS, A VIDA” – Deuteronômio 30,19. 
 
1.1 – VIDA OU MORTE, UMA OPÇÃO DE CADA UM DE NÓS 
 
 A CF 2008 propõe-nos defender a vida. Seu lema é o seguinte: ”escolhe, pois, a vida” - Dt 30,19. 
 Vida e morte são colocadas diante de nossos olhos. Vamos escolher a vida, preservando-a dentro de princípios 
morais, éticos, cristãos, resguardando os Direitos Humanos, declarados e assumidos pela ONU em 1948, exigindo que 
todos os seres humanos sejam respeitados em seus direitos fundamentais, independentemente da idade, peso, cor, raça 
ou religião. A Igreja e a sociedade defendem a vida humana, desde a concepção até a sua morte natural, como um dom 
de Deus. Proteger a vida é co-responsabilidade de todos, na busca de sua plenificação, a partir da beleza e do sentido da 
vida em todas as circunstâncias e do compromisso do amor fraterno. 
 Os bispos da América Latina e do Caribe, reunidos com o Papa, em Aparecida, São Paulo, maio passado, 
afirmaram que somos chamados a escolher entre caminhos que conduzem à vida ou caminhos que conduzam à morte. 
 Os caminhos da morte são os que dilapidam os bens que recebemos de Deus, que traçam uma cultura atéia ou 
deísta, sem os mandamentos de Jesus ou inclusive contra Deus, animada pelos ídolos do poder, da riqueza e do prazer 
passageiro. 
 Os caminhos da vida são os que conduzem à plenitude de vida que Cristo nos trouxe. Na vida divina cristã se 
desenvolve em cheio a existência humana, em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural. Essa é a verdadeira vida 
que Deus nos oferece gratuitamente. Só essa vida nos realiza plenamente como pessoas humanas. 
 Os caminhos da morte são enganosos. Podem até causar lucro e prazer imediatos. São, porém, sempre fugazes. 
Podendo até ter explicação científica. Mas não têm consistência antropológica. Não apresentam solução definitiva. 
Impedem de se poder ver o que seja mesmo o sentido do sofrer, do bem e do mal especialmente do amor gratuito 
dignificante. Uma ciência pragmática sem Deus leva à destruição da vida. 
 Perde-se, assim, o sentido sagrado da vida humana. O amor ali se confunde com a realização do desejo egoísta 
e da mais valia. O desejo de posse sobre o mais fraco, desconhece a grandeza da doação gratuita. A vida perde seu 
caráter de dignidade sagrada. As pessoas mais pobres são utilizadas como objeto e como cobaias de laboratório, algo 
descartável. Não se respeita a pessoa humana inteligente e livre, feita à imagem e semelhança de Deus. 
 A CF 2008 quer levar-nos a: 
 - VER. Ver a realidade da saúde o povo brasileiro em todos os aspectos, desde a concepção da criança, a 
gestação, a amamentação e alimentação dos seres humanos, bem como a mortalidade infantil, as desigualdades sociais e 
a falta de atendimento médico básico. 
 - JULGAR. Analisar sobre a educação, a formação, a proteção da vida humana, a gestão da saúde pública, seus 
valores, conquistas, bem como a corrupção que suga e desaparece o dinheiro destinado à saúde pública. 
 - AGIR, fazer algo em favor da saúde especialmente dos mais desfavorecidos pela sorte, vitimas da corrupção 
e da violência de parte dos governantes que provocam o desemprego, a falta de moradia, o êxodo rural e a falta de 
instrução. 
 
1.2 – VIDA HUMANA DESDE A CONCEPÇÃO 
 
 A vida humana começa no ato da fecundação, na junção de dois gametas, um espermatozóide e em óvulo, 
formando-se uma nova unidade genética diferente da soma das duas partes que se uniram, provenientes do pai e da mãe. 
Um ser especial, diferenciado, para viver independente de suas origens! Aos 24 dias da fecundação, o zigoto, apenas 
chegado ao útero, é um tubo neural. Já faz o coração ter batimentos próprios. Com 70 dias de gestação já tem todos os 
órgãos formados até mesmo sua impressão digital, deixando de ser embrião para ser chamado de feto. Não é um animal 
ou vegetal, mas GENTEHUMANA que está nascendo. 
 Vejamos o que está ameaçando a vida: A pobreza, a exclusão social. A falta de recursos básicos para uma vida 
digna até mesmo para a sobrevivência física das pessoas. A precariedade dos serviços públicos de saúde e seguridade 
social. Sofrem as gestantes, padecem as crianças. Doentes e idosos são tratados com desprezo. 
 A falta de instrução. A violência urbana. As drogas. O tabagismo. O alcoolismo. O materialismo. Os que 
levam uma vida sem sentido. A poluição. O desmatamento. A destruição dos rios, da fauna e da flora. Tudo isso destrói 
a vida. 
 A vida humana tem como autor o mesmo Deus que é o Criador. Os pais unem-se em amor comprometido, 
criando um fruto abençoado de seu amor, que é a criança gerada com toda a santidade no útero materno. A vida vem de 
Deus. A vida leva-nos a Deus. Devemos preservá-la e fazer de tudo para que se viva dignamente. Os abortistas 
para os cristãos não passam de assassinos covardes, dado que o ser humano que está sendo gerado, não pode se 
defender. O feto é outra pessoa com seus direitos inalienáveis e próprios de viver e de receber total assistência bio e 
psicológica, afetiva e moral. As mães são honradas com esta criança a ser gerada em seu útero. Os seus filhos não são 
seus! A criança não pediu para nascer. Assim que foi concebida, a criança é gente, pessoa, um dom de Deus feito para 
ser feliz, para ser amada e para amar. 
Preservemos a vida, dom de Deus! 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 5 
1.3 – JESUS QUER A VIDA PARA TODOS 
 
 A proposta de Jesus é que todos tenham vida e em abundância. 
 Cabe a nós cristãos defender, resgatar, restaurar e promover a vida especialmente a vida humana. 
 A vida criada por Deus é perfeita. A beleza e a bondade manifestas na criação foram consideradas 
tradicionalmente um caminho para se chegar ao conhecimento de Deus e de seu amor. A vida é um bem, um presente de 
Deus, oferecido a nós gratuitamente. 
 A vida é uma grande manifestação de Deus, um sinal da sua presença, claro vestígio da sua glória. A glória de 
Deus é o homem vivo. 
 “Vê, ofereço-te hoje, de um lado, a vida e o bem; do outro, a morte e o mal. Coloco diante de ti a vida e a 
morte, a felicidade e a maldição. Escolhe a vida. Então, viverás feliz com toda a tua posteridade, Dt 30. 
 Jesus inaugura para nós o Reino da Vida do Pai. Jesus, o bom pastor quer nos comunicar a sua vida e se 
colocar a serviço da vida. Dá a vista ao cego. Dignifica a samaritana. Cura os enfermos. Acolhe os leprosos. Alimenta 
os famintos. Liberta os prisioneiros do egoísmo. 
 Cristo é o caminho, a verdade e a vida. Sua conduta contrasta com a da eutanásia e a do aborto. Anuncia a 
dignidade única da pessoa humana. 
 Somos amados por Deus de modo especial, de modo personalizado. Antes que fôssemos concebidos, Deus já 
nos amava. 
 Temos valor único e irrepetível. 
 Cristo, bom pastor, dá a vida pelas suas ovelhas, Jo 10,10. Viver dignamente é o critério válido de todas as 
nossas ações, ou seja, é a opção fundamental do ser humano: ser livre de escolher o bem viver e se afastar das obras da 
morte. 
 A caridade é uma postura de acolhida e discernimento diante das ameaças à vida. A caridade leva-nos a acolher 
gratuitamente o outro como irmão. A caridade leva-nos a nos relacionar intimamente com Deus e ter o verdadeiro 
sentido da vida como um dom divino. 
 Quem se forma como médico, doutor em prol da vida, prepara-se longos anos para defender a vida desde os 
seus primeiros momentos até os últimos minutos de funcionamento de seu sistema nervoso e glandular. É o guardião, o 
anjo, o protetor competente e ético, sábio e inteligente, amoroso e compassivo, misericordioso e totalmente dedicado ao 
bem estar das pessoas. Aliás, TODOS nós somos seres vivos, humanos, racionais, chamados a viver dignamente e a 
preservar a vida. Jesus quer que TODOS tenham a vida e a tenham em abundância. 
 
 
2 – RELIGIÃO : O QUE É? 
 
“A religião é um sentimento ou uma sensação de absoluta dependência” Friedrich Schleiermacher. 1768-1804. 
“Religião significa a relação entre o homem e o poder sobre-humano no qual ele acredita ou do qual se sente 
dependente. Essa relação se expressa em emoções especiais – confiança, medo – e ações – culto e ética”. C.P. Tiele 
1830-1902. 
“A religião é a convicção de que existem poderes transcendentes, pessoais ou impessoais, que atuam no 
mundo, e se expressa por insight, pensamento, sentimento, intenção e ação”. Helmuch von Glasenapp – 1891-1963. 
“A única coisa interessante sobre a terra são as religiões”: Baudelaire. 
O Homem é um animal religioso. A diferença entre o homem e o animal: o homem tem religião e o animal não 
tem religião... 
O homem primitivo, fascinado, espantado, estarrecido, assustado, sem saber explicar a causa dos fenômenos da 
natureza, criou Alguém como a causa das causas. Esse Alguém foi chamado de Deus. Alguns povos imaginavam que 
existisse UM Deus apenas. Outros criaram vários. Outros conjeturaram um deus para cada fenômeno da natureza. Para 
agradar ao(s) deuses, os povos faziam ofertas, sacrifícios, danças, rituais, celebrações, procurando apaziguá-los. 
Sacrifícios, ofertas, celebrações oferecendo aos deuses os PRIMOGÊNITOS OU AS PRIMÍCIAS deram início 
ao sacerdócio e às religiões. Juanita foi a menina inca, do Peru, oferecida aos deuses. 
Daí nasceu a religião, a tentativa de entrar em contacto com força, energia ou Pessoa, que causasse fenômenos 
como relâmpagos, frio, quente, vento, trovoadas, chuvas, tempestades, rios, marés e mares, florestas, vulcões, vida, 
gestação, doenças, curas, o ciclo das estações do ano, germinação das plantas. Pelo medo ou pela gratidão, os primitivos 
criaram e organizaram a religião que deveria orientar a vida, as famílias, os costumes, a organização das tribos e dos 
governos. 
O medo e a culpa devem ter sido o primeiro fator que suscitou o nascimento da religião. 
O homem primitivo acreditava que os animais, as plantas, os rios, as montanhas, o sol, a lua e as estrelas 
continham espíritos, os quais era fundamental apaziguar. Até hoje há pessoas que praticam a religião para “apaziguar” o 
Deus terrível... Outros batizam as crianças, com medo de elas morrerem pagãs e serem castigadas por Deus... 
 
 
 
 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 6 
2.1 – RELIGIÃO E VIDA 
 
 
RELIGAR ? – religar o homem a Deus. 
RELER ? - re ler, re perceber a importância de Deus. 
RE-ELEGER ? Re escolher Deus na própria vida. 
 
- “Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz”. Madre Teresa de 
Calcutá. 
- “Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição. Numerosos são 
os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram”. Mt 7, 
13-14. 
- “Faça o necessário, depois o possível e, de repente, você estará fazendo o impossível”. São Francisco de Assis. 
- “A semente plantada não germina no mesmo dia. Precisa de tempo para brotar. Confiar e esperar é o segredo da boa 
colheita”. Masaharu Taniguschi - Seicho No Iê. 
“Aprenda a amar a todos indistintamente, para conseguir encontrar a luz que tanto anseia”. Carlos Torres Passarinho. 
“Uma sociedade onde coexistem desenvolvimento material e o progresso do espírito é uma sociedade verdadeiramente 
feliz”. Dalai Lama. 
“As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguirmos diferentes, 
desde que alcancemos o mesmo objetivo?”. Mahatma Gandhi. 
 
 
2.2 – FENÔMENO RELIGIOSO 
 
FENÔMENO RELIGIOSO: φαινοµεναι:φαινοµεναι:φαινοµεναι:φαινοµεναι: o que aparece. O que acontece no mundo sobre religião. 
 
- Fenômeno religioso. As religiões existem em todos os tempos e em todos os lugares. 
- Proibir a prática da religião é sinônimo de fortalecê-la. 
- Os povos têm suas religiõese suas manifestações religiosas. 
- Cada povo tem a sua religião. Cada família tem a sua religião. Os membros das famílias pertencem à religião da 
própria família. Não existe na História um filho que tenha religião diferente da dos seus pais. O povo tem a religião do 
seu rei: “cuius régio, eius religio”. 
- Deus: causa primeira de tudo: minerais, vegetais, vida animal e humana. Fonte. Criador. 
- - Algumas pessoas não freqüentam, criticam, difamam, desdenham da religião. Mas, quando precisam: procuram a 
religião. Ou vão na alegria ou na dor... 
- - Como se explica que muitas pessoas têm coragem de dar sua vida pela religião? São Pedro. Paulo. João. 
Sebastião. Lourenço. Águeda. Policarpo. Luzia. Inês. Tarcísio. Brás. Oscar Romero e milhares de outros... 
- Cícero: não há povo sem religião. 
- Plutarco: você encontra de tudo, mas não um povo sem religião... 
- Max Scheler: Lei universal: todo o espírito finito crê num Deus, se é substituído ou proibido, um dia retorna a 
mesma crença. 
- Jung: Seus clientes doentes padeciam de uma religião mal-orientada. 
- Pavlov: Descrê na união da ciência com a fé. Mas pessoalmente é religioso. A cura de seus clientes neuróticos: 
retornar para a religião onde nasceram. 
- O povo brasileiro é religioso. Isso é bom e ruim. É bom na medida em que o povo brasileiro é piedoso e respeitoso. 
Ruim porque muitos brasileiros acreditam com facilidade em charlatães, impostores e enganadores. 
- Morte de Deus: Pensou-se que o moderno havia vencido a fé. Mas... a ciência sem Deus tende a sucumbir. 
- O Comunismo não conseguiu acabar com a fé. 
- É possível e positiva a convivência entre a Fé e a ciência. Fé e razão. Fé e pesquisa científica. 
- Fé e cultura: a cultura envolve crenças, ritos, costumes e celebrações. 
- Tempo sagrado: por exemplo, a semana santa, o domingo. Um tempo reservado para a religião. 
- Espaço sagrado: um local reservado para a religião, para as orações e celebrações: capela, templo. 
- A vida religiosa está ligada ao passado, ao presente e ao futuro. 
- O mito: uma tentativa de explicar sobre a vida e sobre a morte. 
- Religião: re legere reler - Cícero. 
- Lactâncio: re ligare. 
- Agostinho: re-eligere – tornar a eleger a Deus. 
- A RELIGIÃO: Religião: Conjunto de crenças, leis e ritos que visam um poder que o homem, julga supremo, 
independente, senhor de tudo e de todos, com o qual pode entrar em contato para pedir, agradecer e louvar. O homem 
reconhece sua dependência de um ser supremo pessoal, pela aceitação de várias crenças e observância de várias leis e 
ritos atinentes a este Ser. 
- Muitos jovens afastam-se da Religião. Mas, depois retornam... 
- Deve-se respeitar a outra religião. Umbanda: significa: Pai, Filho e Espírito. 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 7 
2.3 – VISÃO GERAL DO FENÔMENO RELIGIOSO MUNDIAL 
 
- Entre 1946 e 1984: O número de cristãos passou de 670 milhões para 1.056 bilhões. 
- Muçulmanos: triplicaram. 
- Judeus: aumentaram 4 milhões. 
- Budistas: de 105 milhões para 254 milhões. 
- Confucionistas: aumentaram 10 milhões entre 79 e 84. 
- Estónia comunista: 1/3 da população permanece católica. 
- Lituânia: ½ dos cristãos é batizada. 
- Rússia: 1/5: declara-se atéia. 
- China: os católicos aumentaram 300% desde 1950. 
- 460 milhões de hinduístas e 445 estão na Ásia. 
- Franca: 80% se dizem católicos e 97% são batizados. 
- 1982: 20% praticavam a religião. 
- 1980: 220 mil catequistas. 
- 200 mil são leigos. 
- 87% ainda se casam na Igreja. 
- 72% desejam ser enterrados com funeral religioso. 
- Bélgica: 72% - católicos. Nem sempre praticam. 
- 82% batizados. 
- Católicos: de 80 a 85%. 
- Praticantes: 35%. 
- No Vale do Aço deve haver mais de 1.000 igrejas. Cada uma vai criando outras e cada vez mais... 
- O Papa: presença no mundo. 
- Personagens importantes religiosas: Papa – Tereza de Calcutá – Dom Helder – Dom Romero – Dalai-Lama – Billy 
Graham – Jimmy Swaggart – O Pastor Irlandês Ian Paisley – Khomeini – Rev. Moon. 
- Meca: 1 milhão de fiéis peregrinos anualmente. 
- Ramila: festa hinduísta, dedicada a Rama- Índia. 
- Eslovênia: O catolicismo é proibido. Tem 100 mil católicos. 
- Aparecida do Norte, Belém do Pará: cada ano recebe milhões de peregrinos, que com fé, com sentimento religioso, 
aparecem ali para pedir, rezar, fazer promessas, agradecer e louvar a Deus na pessoa da Virgem Maria. 
- Escritos: jornais – TV – Rádio: anunciam Deus Vivo. Despertais dos Testemunhas de Jeová: 11 milhões de tiragem 
em 53 línguas. Veja: quantos programas religiosos acontecem nas emissoras de rádio e de televisão! 
 
- A DISTRIBUIÇÃO DAS RELIGIÕES NO MUNDO: 
- De 6 bilhões de habitantes do mundo: 
- 1 bilhão e 729 milhões: cristãos 
 Destes: 1,045 bilhão: católicos. 
 1,2 bilhão: muçulmanos. 
- 1 bilhão de hinduístas – 
- 333 milhões: confucionistas – 
- 325 milhões: budistas 
- 19 milhões: judeus 
- 17 milhões: siks 
- 265 milhões: diversas religiões ou sem religião: 6,165. 
- Observação: as estatísticas variam de ano para ano. Esses dados aqui apresentados servem apenas para nos dar uma 
idéia geral da situação. 
- Atenção: Esses dados estatísticos devem ser atualizados cada ano. 
 
 
2.4 – SOMOS TODOS AFRICANOS? - NOSSAS ORIGENS... 
 
Sempre que entram em crise, as civilizações começam a olhar para seu passado, buscando inspiração para o 
futuro. Hoje estamos no coração de uma fenomenal crise planetária que afeta todas as civilizações. Ela pode significar 
um salto rumo a um estado superior da hominização bem como uma tragédia ameaçadora para toda a nossa espécie. 
Num momento assim radical, não é sem interesse sondar as nossas raízes mais ancestrais e aquele começo seminal em 
que deixamos de ser primatas e passamos a ser humanos. Aqui deve haver lições que nos podem ser muito úteis. 
Hoje é consenso entre os paleontólogos e antropólogos que a aventura da hominização se iniciou na África, 
cerca de sete milhões de anos atrás. Ela se acelerou passando pelo homo habilis, erectus, neandertalense até chegar ao 
homo sapiens cerca de cem mil anos atrás. Da África ele se propagou para a Ásia, há sessenta mil anos, para Europa, há 
quarenta mil anos e para as Américas há trinta mil anos. 
A África não é apenas o lugar geográfico das origens. É o arquétipo primal, o conjunto das marcas, impressas 
na alma do ser humano, presentes ainda hoje como informações indeléveis à semelhança daquelas inscritas em nosso 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
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código genético. Foi na África que o ser humano elaborou suas primeiras sensações, onde se articularam as crescentes 
conexões neurais (cerebralização), brilharam os primeiros pensamentos, se fortaleceu a juvenilização (processo 
semelhante ao de um jovem que mostra plasticidade e capaz de aprendizagem) e emergiu a complexidade social que 
permitiu o surgimento da linguagem e da cultura. Há um espírito da África, presente em cada um dos seres humanos. 
Veja três eixos principais do espírito da África que podem significar verdadeira terapia para a nossa crise 
global. 
O primeiro é a Mãe Terra. Espalhando-se pelos vastos espaços Africanos, nossos ancestrais entraram em 
profunda comunhão com a Terra, sentindo a interconexão que todas as coisas guardam entre si. Mesmo vítimas da 
exploração colonialista, os atuais Africanos não perderam esse sentido materno da Terra, tão bem representado pela 
keniana Wangari Mathai, ganhadora do prêmio Nobel da Paz por plantar milhões de árvores e devolver assim a 
vitalidade à Terra. Precisamos nos reapropriar deste espírito da Terra para salvar Gaia, nossa Mãe e única Casa Comum. 
O segundo eixo é a matriz relacional (relational matrix no dizer dos antropólogos). Os Africanos usam a 
palavra ubuntu que significa a força que conecta a todos, formando a comunidade dos humanos. Quer dizer, eu me faço 
humano através do conjunto das conexões com a vida, a natureza, os outros e oDivino. O que a física quântica e a nova 
cosmologia ensinam acerca de interdependência de todos como todos é uma evidência para o espírito Africano. À essa 
comunidade pertencem os mortos. Eles não vão ao céu. Ficam no meio do povo como conselheiros e guardiães das 
tradições sagradas. 
O terceiro eixo são os rituais. Experiências importantes da vida pessoal, social e sazonal são celebrados como 
ritos, danças, músicas e apresentações de máscaras, portadoras de energia cósmica. É nos rituais que as forças negativas 
e positivas se equilibram e se aprofunda o sentido da vida. Se reincorporarmos o espírito da África, a crise não precisará 
ser uma tragédia. Aqui vai uma reflexão radical sobre nossas origens e sua atualidade para a crise atual. 
 
(...) “Vamos rir, chorar e aprender. Aprender especialmente como casar Céu e Terra, vale dizer, como 
combinar o cotidiano com o surpreendente, a imanência opaca dos dias com a transcendência radiosa do espírito, a vida 
na plena liberdade com a morte simbolizada como um unir-se com os ancestrais, a felicidade discreta nesse mundo com 
a grande promessa na eternidade. E, ao final, teremos descoberto mil razões para viver mais e melhor, todos juntos, 
como uma grande família, na mesma Aldeia Comum, generosa e bela, o planeta Terra.” 
Leonardo Boff: teólogo e escritor 
 
 
2.5 – MITO – LENDA – FÁBULA 
 
- A mitologia: O mito é uma história que geralmente acompanha um rito. O rito confirma o um ato em que o mito se 
baseia. Mito: tentativa para explicar a origem do universo, das coisas, dos animais, das pessoas. Para isso, se criaram 
histórias sem lógica, imaginárias, lendárias e sagradas. Essas histórias não podiam ser desmentidas, pois, se dizia, eram 
originadas dos deuses. A bíblia também tem narrações mitológicas como a da criação do mundo no Gênesis. As 
histórias mitológicas não são verdadeiras, mas tentam explicar as origens e sentido das coisas e da vida. O livro do 
Gênesis, dos capítulos 1 a 11: desde Adão e Eva, tem uma linguagem mítica. São histórias míticas da bíblia: Sansão. As 
pragas do Egito. Josué que parou o sol: Josué 12. Jonas foi engolido pela baleia. O autor bíblico utilizou-se de um estilo 
literário mítico para poder transmitir a palavra e a mensagem de Deus. 
- O personagem principal do mito é Deus ou os Deuses: Cosmogonia, Teogonia. Antropogenia. 
- Nas lendas o personagem principal é a pessoa humana. 
- Nas fábulas o personagem principal é um ou vários animais. 
 
- COMO SURGIU O UNIVERSO, O COSMOS, O MUNDO? 
- Cada povo, cada cultura tem seus mitos tentando explicar a origem do mundo: gregos, egípcios, romanos, nórdicos, 
índios da América, Orientais. Cada um criou histórias lendárias e ou míticas, tentando explicar o começo do mundo. 
- Basicamente há duas teorias para explicar a origem do universo: creacionismo e evolucionismo. 
 
 
2.6 - TENDÊNCIAS MISTICAS 
 
Podemos encontrar tendências místicas em todas as grandes religiões do mundo. E as descrições que os 
místicos nos fornecem da experiência mística demonstram uma notável uniformidade, apesar das fronteiras sociais, 
culturais e religiosas, e de enormes diferenças cronológicas e geográficas. Isso nos permite falar de uma dimensão 
mistica em todas as religiões, e foi por essa razão que o filósofo alemão Leibniz chamou o misticismo de philosophia 
perennis: a “filosofia perene”. 
- FIM DOS TEMPOS DO MITO: INÍCIO DA FILOSOFIA, DA CIÊNCIA, DA EXPLICAÇÃO LÓGICA: 
Antes do século VI, os Gregos explicavam a origem do mundo pela mitologia. A partir de Tales de Mileto 
surge a FILOSOFIA que tenta explicar realidade através da matemática, da lógica, do raciocínio e da ciência. 
- Século VI ac - Tales de Mileto: deu início à filosofia natural – Grécia. 
- Pitágoras: Místico. Usa a matemática para explicar os fenômenos naturais. 
- Séc IV aC - Aristóteles: ressalta a idéia da observação como fonte de conhecimento. 
- Arquimedes: Em Siracusa, aprimora a abordagem da matemática da natureza. 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 9 
- Século XIII dC - São Tomás de Aquino: adota as teorias de Aristóteles, por ver nelas coerência com as doutrinas da 
Igreja. 
- 1543 dC - Nicolau Copérnico: polonês, afirma que a terra gira em torno do sol e desafia o modelo aristotélico 
vigente. 
- 1633 – Galileu Galilei: Inicia o método científico da investigação natural. Defende as idéias de Copérnico e sofre a 
condenação ao silêncio pela Inquisição. 
- 1687 - Isaaque Newton: Propõe sua mecânica e a Lei da Gravitação Universal. Achava que a estabilidade do 
Sistema Solar tinha “uma mão divina”. 
- 1827- Físico e matemático francês: a estabilidade do Sistema Solar tem causas naturais. 
- 1859 - Charles Darwin: Teoria da Evolução, capaz de explicar o surgimento do homem sem recorrer a elementos 
sobrenaturais. 
- Thomas Huxley: evolucionista, cria o conceito de agnosticismo, para dizer que a ciência não pode comprovar a 
existência de Deus. 
- 1931 - O Padre George Lamaitre: Propõe a existência de um átomo primordial que teria originado o universo e diz 
que a teoria permite que se negue a existência de um Ser transcendental, Deus. 
- 1948 – George Gamow: propõe nos EUA o modelo do Big Bang. 
- Em resumo: os gregos dizem que a matéria é eterna. 
- Os cristãos dizem que Deus criou tudo a partir do nada. 
- Alguns evolucionistas afirmam que a matéria, por si só, evolui. É a teoria da evolução sem Deus. 
- Os evolucionistas cristãos afirmam que a evolução acontece por força de Deus. 
- Os nórdicos diziam que a terra foi criada ou formada por um ser primordial ou por uma matéria primordial. Os 
deuses mataram YMER, o gigante da montanha e do seu corpo formaram o mundo. 
- Os gregos afirmavam que o mundo era uma massa informe-amorfa-confusa-caótica que foi por um poder divino 
organizada e se transformou em COSMOS. 
- O Xintoísmo diz que as ilhas japonesas são filhas do divino casal eu criou o mundo. 
- No Egito se acreditava que o mundo saiu de um grande OVO. 
- A bíblia, Gênesis 1 e 2, diz que Deus fez o mundo em seis dias. 
- Todos praticamente afirma que o homem foi criado por algum deus. 
A MORTE: 
- Os vikings sepultam os cadáveres com as suas armas para continuar a lutar. 
- Os gregos dizem que os mortos vão para o HADES. 
- Depois da morte, o defunto irá para os eternos campos de caça. 
- Em algumas tribos se diz que não existe alma 
- Os animistas afirmam que tudo tem ALMA. 
- Os cristãos afirmam que há outra vida, um castigo ou um prêmio. Os cristãos afirmam ainda que, que quem está em 
Cristo e vive o amor, já está ressuscitando para uma vida melhor desde agora. 
- A fé na TRANSMIGRAÇÃO diz que as almas retornam aqui ao mundo para se purificar. Elas se ligam ao mundo pelo 
pensamento. Quando alguém morre, passa a viver noutra pessoa, vegetal ou animal para se PURIFICAR. 
 
 
 
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 10 
 
 A cosmovisão de 
hoje não é a de 
antigamente. O que 
conhecemos hoje sobre o 
universo é bem mais 
amplo do que se conhecia 
nos tempos bíblicos. Hoje 
sabemos que existe um 
universo com milhões de 
galáxias, planetas, astros, 
constelações etc. 
Sabemos que a terra é 
REDONDA COMO 
UMA LARANJA. Mas, 
quem escreveu a bíblia 
não imaginava que a terra 
estivesse rodando ao 
redor do sol. Por isso, 
TRANSMITIU AS 
MENSAGENS DE DEUS 
numa linguagem ainda 
ingênua, simples, popular, 
com uma criança vê e 
imagina que o mundo 
seja. Observe o desenho 
abaixo, mostrando o que 
o povo israelita pensava o 
que fosse e como fosse o 
CÉU e a TERRA. 
Imagine o que o povo 
pensou e o susto das 
pessoas quando 
Copérnico e Galileu 
falaram que a terra é 
redonda e que girava ao 
redor do sol... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.7 – CARACTERÍSTICAS DO ESTADO MÍSTICO 
 
Com base nos relatos de místicos de várias épocas e culturas, normalmente são atribuídas as seguintes 
características à experiência mística: 
 
� O místicosente uma unidade em todas as coisas. Há apenas uma consciência – ou um Deus – que permeia 
tudo. 
� Embora o místico já venha se preparando há muito tempo para seu encontro com Deus, ou com o espírito 
universal, sente-se passivo quando isso acontece. É como se ele fosse tomado por uma força externa. 
� Essa condição se caracteriza pela intemporalidade. O místico se sente arrancado para fora da existência normal 
de quatro dimensões. 
� O êxtase em si é transitório, e em geral não dura mais que alguns minutos. 
� Mas ele possibilita um novo insight, que permance com o místico depois da experiência. 
� Essa compreensão é inexprimível, não pode ser comunicada a outros. 
� Como a experiência é paradoxal em si mesma, o místico vai usar paradoxos ao tentar descrever o estado que 
experimentou. Assim, pode definir o ser encontrado como “abundância e vazio”, “escuridão ofuscante” ou algo 
parecido. 
 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
 11 
É somente quando o místico apresenta uma interpretação religiosa ou filosófica de sua experiência mística que 
o seu contexto cultural entra em foco. Especialmente no misticismo ocidental (cristianismo, judaísmo e islã), o místico 
irá ressaltar que seu encontro foi com um Deus pessoal. Mesmo que tenha sido “absorvido em Deus”, ele costuma dar 
ênfase ao fato de que havia uma certa distância entre Deus e o mundo. Algo da relação eu-tu, ou eu-Deus, se mantém. 
Esse tipo de misticismo já foi chamado de misticismo teísta. No misticismo oriental (hinduísmo, budismo e taoísmo) é 
mais comum afirmar uma identidade total entre o indivíduo e a divindade, ou o espírito universal. Poderíamos dizer que 
esse encontro do místico com a divindade ocorre como uma relação eu-eu. Sim, pois Deus não está presente como uma 
mera centelha na alma do homem. O divino existe em todas as coisas deste mundo, é uma realidade imanente. Já se 
denominou esse tipo de misticismo de misticismo panteísta. 
Também para o homem moderno a dimensão mística pode desempenhar um papel decisivo. Muitas pessoas 
reconhecem que tiveram experiências místicas, sem atribuí-las a nenhuma religião específica. É típico desses “místicos 
modernos” o fato de que, de modo geral, não tomaram nenhuma atitude ativa para se transportar a um estado místico. 
De repente, no meio da agitação rotineira da vida diária, experimentaram aquilo que chamam de “consciência cósmica”, 
“sensação oceânica” ou “osmose mental”. 
 
 
2.8 – GRANDES CIENTISTAS RELIGIOSOS 
 
Isaac Newton (1642 – 1727) – Fundador da física clássica – “A maravilhosa disposição e harmonia do universo só 
pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode.” 
William Herschel (1738 – 1822) – Astrônomo, descobriu o planetaUrano. “Quanto mais o campo das ciências naturais 
se dilata, tanto mais numerosas e irrefutáveis se tornam as provas da eterna existência de uma sabedoria a quem use 
apenas a sua razão. 
Alessandro Volta (1779 – 1855) – Físico italiano, descobriu a pilha elétrica. “Submeti a um estudo profundo as 
verdades fundamentais da fé, e deste modo concentrei eloquentes teste, munhos que tornam a religião acreditável a 
quem use apenas a sua razão. 
André Marie Ampére (1775 – 1836) – Físico e matemático, descobridor da lei da eletrodinâmica – “A mais persuasiva 
demonstração da existência de Deus depreende-se da evidente harmonia daqueles meios que asseguram a ordem do 
univero e pelos quais os seres vivos encontram no seu organismo tudo aquilo que precisam para a sua subsistência, a 
sua reprodução e o desenvolvimento das suas virtualidades físicas e espirituais. 
Ians Jacob Berzelius (1779 – 1848) – Químico sueco, descobridor de vários elementos. “Tudo o que se relaciona com 
a natureza orgênica revela uma sábia finalidade e apresenta-se como produto de uma inteligência Superior.” 
Karl Friedrich Gauss (1777 – 1855) – Astrônomo, físico e, considerado um dos maiores matemáticos de todos os 
tempos. “Quando tocar a nossa última hora, teremos a indizível alegria de ver Aquele que em trabalho apenas pudemos 
pressentir.” 
Agustin – Louis Cauchy (1789 – 1857) – Matemático, desenvolveu o cálculo infinitesimal. “Sou cristão, isto é, creio 
na divindade de Cristo como Tycho Brahe, Copérnico, Descartes, Newton, Leibniz, Pascal (...), como todos os grandes 
astrônomos e matemáticos da antiguidade.” 
James Prescott Joule (1818 – 1889) – Físico, estudioso do calor, do eletromagnetismo e descobridor da lei que leva 
seu nome. “Nós topamos com uma grande variedade de fenômenos quem em linguagem inequívoca falam da sabedoria 
e da bendita mão do Grande Mestre das obras.” 
Ernest Werner von Siemens (1816 – 1892) – Engenheiro inventor da eletrotécnica e estudioso de telecomunicações. 
“Quanto mais fundo penetramos na harmonia dinâmica da natureza, tanto mais nos sentimos inspirados a uma atitude 
de modéstia e humildade a tanto mais se eleva a nossa admiração pela infinita Sabedoria, que penetra todas as 
criaturas.” 
William Thompson kelvin (1824 – 1907) – Físico, pai termodinâmica. “Estamos cercados de assombrosos 
testemunhos de inteligência e benévolo planejamento; eles nos mostram através de toda a natureza a obra de uma 
vontade livre e ensinam-nos que todos os seres vivos são dependentes de um eterno Criador e Senhor.” 
Albert Eistein (1879 – 1955) – Físico, judeu alemão, criador da teoria da relatividade. Nobel de 1921. “Todo o 
profundo pesquisador da natureza deve conceber uma espécie de sentimento religioso, pois não pode admitir que seja 
ele o primeiro a perceber os extraordinariamente belos conjuntos de seres que contempla. No universo, incompreensível 
como é, manifesta-se uma inteligência superior e ilimitada. A opinião corrente de que sou ateu baseia-se num grande 
equívoco. Quem a quisesse depreender das minhas teorias científicas, não teria compreendido o meu pensamento.” 
 
 
2.8.1 – ELEMENTOS DA RELIGIÃO 
 
Elementos da Religião: Para ser religião completa exigem-se seis elementos essenciais. Se faltar algum deles, nós não 
podemos dizer que se trate realmente de uma religião verdadeira e completa. 
 
a) doutrina (crença - dogma): procura dar explicação da origem de tudo, do sentido da vida, dor, matéria, o além etc. As 
religiões têm sua doutrina escrita num Livro Sagrado. 
- Sua fonte: Para as religiões primitivas: animismo, fetichismo, politeísmo: a tradição dos antepassados. 
- Para as sapienciais: a palavra dos sábios iluminados: hinduísmo, budismo, xintoísmo, confucionismo, taoísmo, 
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- Para as religiões proféticas: Deus se revela pelos profetas. 
b) Ritos – cerimônias, celebrações, sacerdócio. Liturgia. Culto, Altar. 
c) Ética – leis- comportamentos. Assume a ética e a moralidade. 
d) Comunidade: compromisso social, comunitário, especialmente com os mais pobres.. 
e) Relacionamento eu-tu .Cria-se a fraternidade. Ensina-se que somos todos irmãos. 
f) Ligação do temporal com o eterno. Do homem com Deus ou com os Deuses. 
Observe-se que em nossa região deve haver mais de 1.000 igrejas: quantas são mesmo uma Religião? 
O Rotary Clube e o Lions Clube são Entidades sérias, mas não são religião. 
Como surgiu a religião? O antropólogo TYLOR criou o termo animismo para explicar o início das religiões, em que o 
homem primitivo acreditava que tudo tem ALMA =ANIMA. 
 
 
2.9 – CIÊNCIA E RELIGIÃO: UM DIÁLOGO COM A BIOLOGIA 
 
 TERMOS QUE DEVEM SER ESTUDADOS: CIÊNCIA. RELIGIÃO. BIOQUÍMICA. BIOÉTICA. 
 EUTANÁSIA. DISTANÁSIA. ORTOTANÁSIA ABORTO. SUICÍDIO. 
 
É uma opinião unânime nos mais abalizados cientista de hoje e ao longo da história, que entre ciência natural e religião 
não há oposição. As coisas últimas, como por exemplo, a questão do sentido da vida, não se podem entender só 
cientificamente. Não podemos explicar o mundo partindo do homem, mas partindo de Deus. 
 A biologia moderna traçou um quadro bastante rico e respeitoso das formas, da complexa estruturainterna da 
vida e dos vários comportamentos dos seres viventes. Estamos inseridos naquilo que podemos chamar de século da 
biologia, com todos os seus temores e esperanças. A biologia tem o poder de intervir em nossa própria “persona”, em 
nosso modo de ser e de agir, basta ver a influência da medicina e dos bioquímicos em nossa vida hoje. Sem dúvida, 
todos nos sentimos muito gratos à ciência que, por um lado apresenta a maravilha magnitude da natureza viva de um 
modo jamais imaginado em séculos precedentes. Por outro lado a ciência traz consigo novos problemas. Num tempo de 
tensão espiritual, de lutas e incertezas, parece-nos que o cristão, de modo especial o teólogo, possui um papel 
importante. Qual seja, não o de negar o valor e os resultados alcançados pela biologia moderna, e sim o de se opor a que 
ser vivente seja rebaixado como simples produto de matéria ou de um misterioso e enigmático salto dialético. O teólogo 
deve opor-se á idéia de que o “acaso” e o “salto dialético” contradizem o Espírito Divino, que está por trás de toda 
natureza ordenada e penetra o mundo. Isso quer dizer que, onde está o homem está contemporaneamente Deus. 
 Pode se dizer que a biologia, como a conhecemos hoje, é uma ciência nova. Por quase dois mil anos, esta 
ciência somente existe sob a forma de botânica, fisiologia, ou zoologia. Seu papel se limitava a explicar a história 
natural, a partir dos elementos fornecidos pela Sagrada Escritura. A discussão sobre as origens de uma doutrina da vida 
na história do ocidente, como tentativa de compreensão das causas científicas naturais do fenômeno biológico, encontra 
suas origens a partir do século XIII. Precisamente nem tempo em que a matemática e a física começaram a acelerar com 
notáveis êxitos o processo de “profanação do cosmo”. 
 A biologia, até bem poucos anos atrás, estava ainda muito distante converte-se numa doutrina científica sobre a 
vida. É a partir dos últimos centos e cinqüenta anos que esta ciência começa a crescer e a ocupar um papel importante 
no cenário cientifico, seu crescimento vem ocorrendo com a velocidade de um torvelinho e amplia o seu ralo de ação 
alcançando um domínio gigantesco. Basta ver os campos em que penetra a Biologia como alcance de suas conclusões. 
 Presenciamos hoje uma verdadeira revolução em nossas vidas a partir dessa ciência. Não é ocasional que uma 
das grandes discussões éticas atuais seja no campo da ética aplicada à biologia e à medicina: a Bioética. O domínio das 
possibilidades, a moderação, o abuso das manipulações a que dão lugar os mais variados laboratórios em todo o mundo 
se converte numa questão ética fundamental para toda a humanidade, que mais do que nunca se vê ameaçada em sua 
cultura e em sua integridade física. 
 Não se trata aqui de fazermos uma viagem no tempo para elevarmos ao longo da história as grandes 
descobertas da biologia, de modo especial, nos últimos anos, apenas partimos de uma constatação que teve lugar em 
1828, quando um jovem químico alemão, A. Wöhler, obteve artificialmente num tubo de ensaio os primeiros cristais de 
uréia. Esta nova era para as ciências se inicie no momento em que a biologia e a química se dão as mãos, traçando assim 
a fronteira do orgânico e do inorgânico. Essa nova ciência se denominará: Bioquímica. Apenas como fato: o século XIX 
é testemunho de uma entusiasta marcha triunfal dessas sínteses de compostos orgânicos, que se contínua com seu 
trabalho investigativo e industrial de nosso século. 
 A grande indústria farmacêutica se converte hoje gradualmente em produtora de um dos meios básicos para a 
vida humana. A partir do momento em que é possível obter-se artificialmente produtos, anteriormente considerados 
exclusivos do organismo vivente, os bioquímicos se sentiram testados por empreendimento mais audaz: obter a vida de 
modo artificial. 
 Dentro de uma perspectiva teológica e religiosa para o século XIII esta idéia de se obter a vida em laboratório 
era simplesmente imaginável. Mesmo porque essa idéia não concordava com o relato bíblico da criação, que nada sabe 
de geração espontânea. A preocupação profunda era descobrir a viver o milagre inrepetível da vida como criação divina. 
“E Deus viu que tudo era bom”, nos diz o primeiro livro das origens. Para o medieval o cosmo inteiro era considerado 
como um organismo vivo e em toda a matéria está insinuada a vida, ao menos enquanto possibilidades. A grande 
pergunta do homem medievo, já presente nos gregos, de modo especial nos pré-socráticos, a que por sua vez uma das 
primeiras questões da biologia diz respeito ao problema da diversidade presente na natureza. De onde e para que esta 
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 13 
diversidade? Aristóteles já adverte a respeito dos níveis que esta pergunta comporta: o problema da causa eficiente 
(causa effciens) e o problema da causa final (causa finalis). 
 De um modo estava resolvido o problema da diversidade e todos os problemas da biologia medieval, assim 
como em Aristóteles, se movia no segundo nível da finalidade. O importante, portanto, era explicar a intenção secreta 
do Criador com as suas criaturas, não se tratava de responder o porquê de toda a diversidade e sim qual o sentido que 
tinham para o mundo as distintas espécies de plantas e de animais, e de modo especial, que sentido teriam para o 
homem, já que este se constituía como o centro de criação. Com a idade moderna a biologia que não havia se nutrido 
destas raízes filosóficas e teológicas, adquire sua própria autonomia. Ao mesmo tempo que começa a conhecer a 
abundância da diversidade em suas formas particulares, começa a fazer sempre mais apuradas e complexas relações de 
semelhanças e diferenças existentes entre elas. E assim que aos poucos vai surgindo na biologia, e, cada vez assuma 
mais consistência a idéia de evolução e de geração espontânea. 
 A questão que poderemos colocar é justamente esta: a geração espontânea de formas sensíveis de vida poderá 
converter-se nas mãos do homem no resultado de uma evolução tecnológica cuja a direção já está apontada? Converter-
se-á, pois, o homem no “pequeno Deus do mundo?” O criador também da vida? Erítis sicut Deus...dita pela boca da 
velha e sempre nova sedução da serpente converterá o homem não na semelhança com Deus mas sim na igualdade com 
Deus? 
 Mas também podemos ver de outra forma. O homem com a sua penetração científica pode chegar mais perto 
de Deus e aprofundar a sua fé religiosa. Se de um lado a ciência procura dar um sentido à vida e à história universal, o 
mesmo pode-se dizer da religião e da fé. Ambas podem conviver harmoniosamente, ajudando-se mutuamente nessa 
busca. Importante que cada uma conserve seu âmbito de ação específico, respeitando cada uma seu espaço de 
autonomia. Ciência e religião possuem em metodologia distinta. Esta e justamente uma das sábias orientações do Papa 
João Paulo II em seu último documento Fides el flatio, sobre fé e razão. Para Albert Einsten, e sem dúvida para muitos 
espíritos orientados de acordo com as ciências naturais, a religiosidade consiste em ter “consciência de que exista o 
impenetrável para nós, de que as manifestações da mais profunda razão e mais deslumbrante beleza, somente em suas 
formas mais primitivas são acessíveis à nossa razão”. O próprio Einsten numa conferência sobre Religião e Ciência, 
feita num congresso da comissão mista cristã-hebraica dizia; A ciência sem a religião é paralítica – a religião sem a 
ciência é cega”. Numa entrevista para um jornal americano em 1950, afirmava: “A opinião corrente que eu seja um ateu 
se baseia num grande erro. Quem a deduz das minhas teorias científicas, não as compreendeu tal pouco a minha posição 
frente a religião. Creio em um Deus pessoal, e posso dizer com plena consciência que na minha vida nunca induzi a 
uma concepção ateísta”. Vale a pena fazermos referência a Max Planck que fala de um profundo respeito da existência 
e da natureza de Deus, daimportância da religião e do cristianismo. Dois problemas lhe eram particularmente caros: o 
problema da lei da casualidade e o do livre arbítrio em relação à religião a à ciência. “Em qualquer direção e por mais 
longe que possamos ver, não encontramos em nenhuma parte uma contradição entre religião e ciência; ao contrário, há 
um pleno acordo nos pontos mais decisivos. Religião e ciência não estão em contraste, mas necessitam uma da outra 
para completar-se na mente de cada homem que reflita seriamente. 
 Ainda é válido o que diz o grande físico teórico Sussam (1962): “Que Deus criou o mundo com a sua palavra é 
algo de que nos dá testemunho a Bíblia, em sua primeira página, como aconteceu esta criação (e segue acontecendo) em 
sua dimensão espaço – temporal, é algo que Deus nos mostra hoje meio da ciência da natureza”. 
 A teologia cristã não limita o ato criativo de Deus ao momento inicial, mas considera como ao perpetuando 
através da existência de cada criatura. Importante, porém, á distinção que a teologia faz entre a primeira criação, ou 
também chamada de criação sobrenatural, pois cria do nada, e aquela criação que segue mediante a natureza, quer dizer, 
o desenvolvimento sucessivo da evolução no qual age a lei natural. Isto não quer dizer que Deus, depois de criar o 
mundo, deixa que todos fenômenos sucessivos aconteçam por meio das leis naturais imutáveis, assim como um 
relojoeiro que constrói um relógio e depois o deixa andar através de seu próprio mecanismo. Para a doutrina cristã cada 
evolução é criação, mesmo que cada criação seja evolução. A fé, portanto num Deus criador consiste no primeiro artigo 
do credo e o fundamento da fé cristã. Deus é a causa primeira e fundamento último de tudo a que existe. 
 Para o homem moderno, que vive num constante florescer das grandes descobertas científicas, a dentre essas 
de modo especial aquela pertencentes à biologia, ainda são válidas as idéias de Santo Agostinho que afirmava que a 
criação e a Escritura podem conduzi-lo a Deus, e também um encontro consigo mesmo, ajudando-o a dar-se conta da 
dignidade recebida. O homem ainda pode escutar em nossos dias uma chamada nova, formulada pela ciência e a 
técnica, que convidam a buscar em seu coração a força moral necessária para utilizar com critério a discernimento todo 
esse poder. Mais do que nunca, num mundo em que a vida é mais ameaçada, serve a frase de Jesus, e neste sentido, 
consiste num recado para todos os biólogos: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. 
Podemos ser cientistas. Não admitimos que a pessoa humana seja usada como cobaia e desrespeitada. 
 
 
2.10 – CONHEÇA O CAMELO 
 
 Se alguma vez você duvidou da existência de Deus conheça um projeto extremamente técnico e de construção 
complexa: o camelo dromedário. 
 Diz o CAMELO: “Quando estou com fome, como qualquer coisa que encontro – uma correia de couro, um 
pedaço de corda, a tenda do meu dono, ou até um par de sapatos”. 
 Minha boca é extremamente grossa por dentro e nem mesmo um pedaço de cacto chega a incomodar. Mas o 
que eu gosto mesmo é de comer grama e outras plantas que crescem no deserto da Arábia. 
APOSTILA DE CULTURA RELIGIOSA 
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 Sou um camelo, um dromedário, mais exatamente. Vivo nos desertos do Oriente Médio. 
 Meu nome cientifico é Camelus dromedarius, de modo que você pode me chamar de uma forma ou de outra, 
que não incomodo. Tenho um primo chamado Camelus bactrianus e muitas pessoas me confundem. Eu só tenho uma 
corcova. Meu primo é que tem duas. 
 Minha corcova, que chega a pesar trinta e seis quilos, contém gordura, o combustível para meu organismo, e 
não água, como algumas pessoas imaginam. Meu poderoso Criador me deu essa corcova, pois sabia que nem sempre 
conseguiria encontrar vegetação para comer ao atravessar os desertos... Quando não encontro nada para comer, meu 
organismo automaticamente consome a gordura que está armazenada na corcova, alimenta meu corpo e eu continuo 
forte e posso caminhar. A corcova é meu suprimento de energia de emergência. 
 Se eu não conseguir nada para comer, meu corpo vai consumindo a gordura que está na corcova, até que ela 
fica murcha e começa a cair para um dos lados do meu corpo. No entanto, assim que chego a um oásis e começo a 
comer novamente, rapidamente a corcova volta a forma normal. 
 Sou famoso porque consigo beber quase cem litros de água em apenas dez minutos. Meu Projetista criou-me 
de uma forma fantástica que em questão de minutos toda a água que bebo chega aos bilhões de células microscópicas 
que formam meu corpo. 
 Logicamente, a água que bebo vai primeiro para meu estômago. Ali, os vasos sangüíneos sedentos absorvem e 
transportam rapidamente essa água para todo o meu corpo. Alguns cientistas fizeram uma verificação no meu estômago 
dez minutos após eu beber setenta litros de água e constataram que estava totalmente vazio. 
 Em um dia inteiro de caminhada, consigo carregar uma carga de 180 kg por quase 150 quilômetros, 
atravessando um deserto seco, sem parar um minuto para beber ou comer coisa alguma. Se o homem fosse inteligente: 
iria me tratar melhor para eu viver mais. Entretanto o homem é burro! Peso exagerado pode me causar danos e morrerei 
mais cedo! 
 Na verdade, consigo ficar até oito dias sem beber água, mas então fico realmente esgotado. Perco mais de 100 
kg e fico magérrimo, no osso e na pele. 
 Mesmo assim, ainda me agüento em pé! Emagreço porque bilhões de células no meu corpo perdem água e 
ficam sem gordura. 
 Normalmente, meu sangue contém 94% de água, exatamente como o seu. No entanto, quando não encontro 
água para beber, o calor do sol gradualmente me faz perder um pouco da água do meu sangue. Os cientistas 
descobriram que meu sangue pode perder até 40% da água, e mesmo assim continuo saudável. Somente para você ter 
uma idéia, se um ser humano perder 5% da água do sangue, a sua vida fica comprometida – se a perda for de 10%, a 
pessoa enlouquece: com 12%, o sangue fica tão espesso que o coração não consegue bombeá-lo mais e pára. Você 
morre. No entanto isso não acontece comigo. Por quê? Os cientistas dizem que meu sangue é diferente. Meus glóbulos 
vermelhos são alongados, e não arredondados, como no ser humano. Talvez seja isso que faça a diferença. 
 Isso prova que fui projetado especificamente para o deserto, ou o deserto foi criado para mim. Alguma vez 
você já ouviu falar que pode existir um projeto sem que exista o projetista? 
 Quando encontro água bebo sem parar por quase dez minutos e meu corpo magro começa a mudar quase 
imediatamente. Perco a magreza e recupero os 100 kg que perdi. 
 Embora eu perca muita água no deserto, meu corpo a conserva da melhor maneira possível. 
 Quando meu inteligente Engenheiro me projetou, ele me deu um nariz que poupa água. Quando expiro, meu 
nariz retém toda a umidade do ar que sai dos meus pulmões e absorve essa água nas membranas nasais. 
 Os vasos sangüíneos nessas membranas absorvem a umidade e devolvem essa água para o sangue. É uma 
espécie de sistema de reprocessamento, como se diz na engenharia. Muito interessante não acha? Ele só funciona 
porque meu nariz tem uma temperatura inferior à do corpo. Meu nariz transforma a umidade do ar que sai dos meus 
pulmões em água novamente. Mas, como nariz é mais frio? Respiro o ar quente e seco do deserto e ele passa pelos 
meus orifícios nasais umedecidos. Isso produz efeito de resfriamento e a temperatura no inferior do meu nariz fica graus 
abaixo da temperatura do resto do corpo. 
 Gosto de percorrer as belas dunas de areias. Na verdade, acho o trabalho fácil, pois meu Criador me deu pés 
especialmente projetados para caminhar no deserto. Minhas patas são bem largas e ficam mais largas quando eu piso. 
Cada um dos meus pés tem longos dedos revestidos de um couro bem grosso. Minhas solas são almofadas. Elas não 
permitem que eu afunde na areia macia. Isso é bom, pois freqüentemente meu dono quer que eu o carreguepor mais de 
cento e cinqüenta quilômetros, atravessando o deserto em apenas um dia. (Caminho em um ritmo de aproximadamente 
quinze quilômetros por hora). 
 Algumas vezes, uma grande tempestade de areia acontece no deserto e ergue poeira no ar. Meu projetista 
colocou músculos especiais nas entradas das minhas narinas, que fecham as aberturas nasais, mantendo a areia fora do 
meu nariz, mas ainda permitindo a passagem do ar para os pulmões. 
 Minhas pálpebras descem sobre meus olhos como telas, protegendo-me da areia e do sol, mas ainda permitindo 
que eu veja claramente. Se um grão de areia conseguir passar e entrar no meu olho, o Criador previu isso e me deu um 
colírio interno que automaticamente remove a areia dos meus olhos. 
 Algumas pessoas acham que sou orgulhoso só porque sempre ando com minha cabeça bem erguida e meu 
nariz empinado, mas isso é por causa da forma com fui criado. Minhas pestanas são tão espessas e grandes, pelo que 
preciso manter minha cabeça bem erguida ver de cima para baixo. Estou contente e com elas, pois protegem meus olhos 
da luz excessiva do sol. 
 Os povos do deserto dependem de mim para muitas coisas. Não apenas sou a melhor forma de transporte para 
eles, mas também sirvo como fonte de alimento. A dona Camelo produz leite rico em gordura que as pessoas usam para 
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produzir manteiga e queijo. Eu troco minha pelugem uma vez por ano e ela pode ser usada para produzir tecido e 
roupas. Alguns camelos jovens também são usados para a produção de carne, mas não gosto de falar sobre esse assunto. 
 Por muito tempo, os camelos foram chamados de “navios do deserto” por causa do modo como balançamos de 
um lado para o outro quando caminhamos. Algumas pessoas que montam sentem enjôos quando não estão 
acostumadas. 
 Balanço de um lado para o outro ao caminhar por causa da forma como minhas pernas funcionam. Ambas as 
pernas de um lado movem-se para frente ao mesmo tempo, elevando aquele lado. Meu movimento “esquerdo, direito, 
esquerdo, direito” dá à pessoa que esta montada a impressão que está em uma cadeira de balanço, mas que se move nas 
laterais. 
 Quando eu tinha seis meses de idade, uma joelheira especial começou a crescer nas minhas pernas dianteiras. 
O criador sabia que eu precisaria delas. Elas me ajudam a levantar meu corpo de 450 kg do chão. Se eu as não tivesse, 
rapidamente meus joelhos ficariam feridos ou inflamados e eu teria dificuldades para me abaixar. Talvez até morresse 
de cansaço. 
 É difícil para mim compreender por que algumas pessoas dizem que evolui de alguma outra forma para o que 
sou hoje. Sou um dromedário, uma criatura de constituição muita complexa e técnica. Criaturas como eu não 
apareceriam do nada. Elas são planejadas em uma prancheta por alguém muito brilhante, de uma mente muito lógica. 
Com a história do Senhor Camelo, será que existe Deus? 
 
DEUS SE MANIFESTA NA NATUREZA: 
Existem duas bíblias: a) A natureza – b) O livro do AT e do NT. 
- O beija-flor: conhecemos deles 600 espécies 
- O marimbondo calicurgus e a aranha 
- O uruá: bota seus ovos sempre acima do nível máximo das enchentes que irão acontecer nas próximas chuvas. 
- A tabela periódica dos elementos químicos 
- O micro mundo dos átomos: prótons, elétrons e nêutrons. 
- O cosmo, o macrossistema do universo 
- A gestação de uma criança. 
- A perfeição da organização das formigas, cupins e abelhas. 
- A perfeição de qualquer célula vegetal ou animal 
- O olho humano 
- O sistema nervoso central e periférico humano ou animal 
- O sistema glandular dos animais e dos homens. - Os instintos dos animais. Veja como a vaca zela pelo bezerro! Os 
pássaros fazem seus ninhos perfeitos. 
- As marés: movimenta as águas dos mares. 
- O mar: sua riqueza e sua grandiosidade. 
- O leite materno: sua riqueza e importância para o recém-nascido. 
- O joão de barro: sua casa protege os filhotes contra o vento. 
- Os gansos voam em forma de V para se protegerem 
- A fotossíntese: o sol, o vapor d´água, gás carbônico: formam a clorofila. Cada folha vegetal verde é um laboratório! 
- Quem não percebe a presença de Deus na natureza: Só Deus abastece ao homem. Santo Agostinho dizia que o nosso 
coração está inquieto enquanto não repousar em Deus... 
Observe-se, porém, que os Cristãos, não só acreditam em Deus, mas O têm como Pai, Irmão, Protetor presente 
em nossas vidas. 
 
 
 
2.11 – DEUS CRIOU TUDO QUE EXISTE? 
 
Na Alemanha, início do século 20 durante uma conferência com vários universitários, um professor da 
Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta: Deus criou tudo o que existe? 
Um aluno respondeu valentemente: Sim, Ele criou.... 
Deus criou tudo? Perguntou novamente o professor. 
Sim senhor, respondeu o jovem. 
O professor respondeu, “Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de 
que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?” 
O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que 
a fé ema um mito. 
Outro estudante levantou a mão e disse: Posso fazer uma pergunta, professor? 
Lógico, foi a resposta do professor. 
O jovem ficou de pé e perguntou: professor, o frio existe? 
Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio? 
O rapaz respondeu: De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da física não existe, o que consideramos 
frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia, 
o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmite energia. 
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O zero absoluto é a ausência total de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não 
existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor. 
E, existe a escuridão? Continuou o estudante. 
O professor respondeu: Existe. 
O estudante respondeu: novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na 
realidade é a ausência de luz. “A luz pode-se estudar, a escuridão não!” 
Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca em várias cores de que está composta, com suas 
diferentes longitudes de ondas. A escuridão não! Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde 
termina o raio de luz. 
Como pode saber quão escuro está o espaço determinado? Como base na quantidade de luz presente nesse 
espaço, não é assim? 
“Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz 
presente.” 
E o estudante respondeu: O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente 
a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a 
ausência de Deus. Deus não criou o mal. 
Não é como a fé ou como amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade 
não ter Deus presente nos seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou escuridão quando não há 
luz. 
Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo 
calado... 
Imediatamente o diretor dirigiu-se aquela jovem e perguntou qual era seu nome? E ele respondeu: ALBERT 
EINSTEIN. 
 
 
2.12 – ARTIGOS – OPINIÕES – ENTREVISTAS 
 
 
2.12.1 – Revista Veja – Edição 2040 ano 4 - nº 51 
 
COMO A FÉ RESISTE A DESCRENÇA 
 
Desde que se espalhou a notícia extraída do censo demográfico do IBGE de 2000. Nova Ibiá, vilarejo de 7000 
habitantes no interior da Bahia, ganhou um estigma e uma obsessão. Como os números do censo mostravam que 
59,85% dos seus habitantes diziam não ter religião alguma, Nova Ibiá passou a conviver com o estigma de ser a cidade 
mais atéia do Brasil. Em nenhuma outra, em ponto algum dopaís, tanta gente dizia não ter filiação religiosa. A 
segunda cidade com a maior tropa de sem-religião era Pitimbu, no interior da Paraíba, mas com números mais 
modestos – 42,44%. Desde então, a obsessão de Nova Ibiá é livrar-se do estigma do ateísmo. “Conheço dois ou três 
ateus, e só. Isso não é verdade”, diz Raimundo Santana, bispo da Igreja Batista, atualmente ocupado em preparar os 
festejos do ano que vem, quando sua igreja completará 100 anos na região. “Não acredito nisso, nunca ninguém aqui 
me disse que não tem religião”, reforça Albervan da Silva Cruz, o primeiro padre a residir em Nova Ibiá. “A cidade 
mais atéia? Não é verdade”, sentencia o prefeito José Murilo Nunes de Souza, de 41 anos, com a autoridade de quem 
confessa, meio a contragosto, que se criou católico, mas não tem religião. 
 
Os porta-vozes de Nova Ibiá, um povoado que nos confins da falida zona cacaueira da Bahia, estão em 
harmonia sintonia com a maioria dos brasileiros. No maior país católico do planeta, no país do sincretismo religioso, no 
país onde católicos têm benzedeira e evangélicos vão a sessões espíritas, no país que alega, num misto de gracejo e 
esperança, ser a terra natal de Deus, o Todo-Poderoso, quase nada é pior do que ser ateu. Uma pesquisa encomendada 
por VEJA, realizada pela CNT/Sensus, mostra que 84% dos brasileiros votariam em um negro para presidente da 
República, 57% dariam o voto a uma mulher, 32% aceitariam votar em um homossexual, mas – perdendo de capote – 
apenas 13% votariam em um candidato ateu (veja quadro nesta página). Pior que isso só o capeta. O levantamento 
mostra que, entre os grupos populacionais que se convencionou chamar de minorias – racial, sexual ou de gênero –, a 
minoria mais rejeitada é a religiosa, ou a anti-religiosa. No Brasil de São Frei Galvão, portanto, ser temente a Deus é 
mais do que uma marca nacional – chega a ser, informa a pesquisa, um imperativo social. 
Às vésperas do Natal, quando 2,1 bilhões de cristãos vão comemorar os 2007 anos do nascimento de Jesus 
Cristo, os católicos brasileiros seguem diminuindo ano após ano, como vem acontecendo desde 1940, mas ainda 
formam uma estupenda multidão: são quase 74% da população brasileira – o que equivale a mais de 130 milhões de 
fiéis. Com alguns disciplinados e praticantes e muitos displicentes e relapsos, os católicos do Brasil, com seu número 
espetacular, mostram o vigor da crença divina, a pujança da fé, a robustez de Deus – uma potência curiosamente dotada 
de todas as qualidades inversas às da humanidade, que é criada (e Deus é incriado), que é limitada (e Deus é ilimitado) e 
que é mortal (e Deus é imortal). Os números da fé no Brasil talvez sirvam como explicação para dois fenômenos. 
Explicam a resistência da religiosidade em um mundo marcado pela descrença e, ao mesmo tempo, o notável 
preconceito da maioria dos brasileiros em relação aos ateus. Faz sentido rejeitar alguém apenas porque não acredita em 
Deus? 
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"Faz todo o sentido", afirma a historiadora Eliane Moura Silva, professora da Universidade Estadual de 
Campinas e especialista em religião, ela própria uma atéia. "O brasileiro ainda entende o ateu como alguém sem caráter, 
sem ética, sem moral." É um entendimento que parece espalhar-se de modo mais ou menos homogêneo por todas as 
classes sociais. Recentemente, a historiadora deu duas aulas sobre ateísmo na Casa do Saber, instituição criada para 
eliminar lacunas intelectuais dos endinheirados de São Paulo, e a platéia teve uma reação adversa, quase hostil, às idéias 
ateístas. Antes, a neurocientista Silvia Helena Cardoso, doutora em psicobiologia pela Universidade da Califórnia, em 
Los Angeles, publicou um artigo num jornal de Campinas discutindo se os santos seriam esquizofrênicos, dada a 
freqüência com que tinham visões – ou alucinações. Recebeu tantas ameaças que resolveu abandonar o assunto. O 
professor Antônio Flávio Pierucci, da Universidade de São Paulo, especialista em sociologia da religião, explica o 
fenômeno: "Os brasileiros não estão habituados a se confrontar com a realidade do ateu". É o que leva os políticos – 
antes, durante e depois da eleição – a sempre dizer que ninguém é mais temente a Deus do que eles. 
Em maio passado, o instituto Datafolha fez uma pesquisa sobre religiosidade por ocasião da visita ao país do 
papa Bento XVI. A pesquisa relevou a dimensão impressionante da fé brasileira: 97% disseram acreditar na existência 
de Deus, 93% informaram crer que Jesus Cristo ressuscitou depois de morrer crucificado e 86% concordaram que Maria 
deu à luz sendo virgem. Com números tão possantes, não há dúvida de que o Brasil figura entre os países mais crédulos 
do mundo – e isso abre um paradoxo. São cada vez mais abundantes as descobertas científicas sobre a origem do 
universo e das espécies. Se a credulidade não se abala diante disso, é lícito questionar que talvez nenhuma prova 
científica, por mais sólida e contundente, seja capaz de reduzir a pó o teísmo, a crença no divino (veja reportagem) "O 
último deus desaparecerá com o último dos homens", diz o filósofo francês Michel Onfray, em seu Tratado de 
Ateologia, sucesso retumbante com mais de 200.000 exemplares vendidos na França. E, ateu convicto, ele alfineta: "E 
com o último dos homens desaparecerão o temor, o medo, a angústia, essas máquinas de criar divindades". 
Antes que o último homem se vá, percebem-se aqui e ali sinais de que a religião, em que pese seu vigor, 
começa a perder público – no Brasil, inclusive. De 1940 a 1970, a turma dos brasileiros sem religião ficou praticamente 
do mesmo tamanho, atolada em menos de 1% da população. Nas últimas três décadas, saltou de 1,6% para 7,3% (veja 
gráficos e mapa). Os sem-religião já são o terceiro maior grupo, atrás de católicos e de evangélicos. Pelos dados do 
último censo, os sem-religião eram 12,5 milhões, mais que um Portugal inteiro. Não são todos ateus, é claro. Entre eles, 
há agnósticos, secularistas, céticos e até quem acredita em Deus, mas não pratica nenhuma religião. O IBGE não 
pergunta aos entrevistados se são ateus ou não. Calcula-se, no entanto, que os ateus sejam uns 2%. Nos Estados Unidos, 
eles oscilam nessa faixa, mas os sem-religião de lá chegam aos 15%. No mundo, os ateus são uns 4%. São poucos, 
sobretudo se comparados aos bilhões de cristãos, muçulmanos e judeus, para ficar apenas nas três grandes religiões 
monoteístas, mas é uma massa crescente, principalmente nos países desenvolvidos. Na Espanha, Alemanha e Inglaterra, 
menos da metade da população acredita em Deus. Na França, os crentes não chegam a 30%. 
Entre os brasileiros sem religião, a maior curiosidade está na Bahia de Todos os Santos, terra onde frei 
Henrique de Coimbra rezou a mítica primeira missa, em 26 de abril de 1500. A Bahia, que abriga Nova Ibiá e seu 
esquadrão de sem-religião, é o terceiro estado com o maior contingente de brasileiros sem filiação religiosa. E Salvador, 
entre as capitais, é a campeã nacional: 18% dos soteropolitanos não têm religião. Considerando-se o país todo, os sem-
religião são mais numerosos entre os homens e entre os brasileiros com menos de 55 anos. Não se sabe de onde eles 
vêm. É provável que venham do rebanho de católicos desgarrados. O Rio de Janeiro, por exemplo, é o estado menos 
católico do país e, simultaneamente, tem o maior pelotão de sem-religião. Também é certo que boa parte dos católicos 
está virando neopentecostal. Nas duas últimas décadas, à queda acentuada de católicos correspondeu uma alta 
igualmente acentuada de evangélicos – em especial da Igreja Universal do Reino de Deus, que, sendo uma voraz 
sugadora de fiéis e dízimos, se transformou em potência divina e comercial. 
A raiz do fenômeno que irriga o crescimento de evangélicos e de sem-religião faz parte da mesma genealogia: 
os laços étnicos e culturais de boa parte dos brasileiros estão se desfazendo como resultado da modernidade

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