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1 PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS- ETIOLOGIA, FARMACOLOGIA E PROFILAXIA Sumário PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS: ETIOLOGIA, FARMACOLOGIA E PROFILAXIA .............. Erro! Indicador não definido. 1 Sumário .......................................................................................... 1 1- INTRODUÇÃO ........................................................................ 4 1.1- METODOLOGIA .................................................................. 6 2- PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS: ETIOLOGIA, FARMACOLOGIA E PROFILAXIA ........................................ 7 3- A MICROCIRCULAÇÃO NORMAL ......................................... 9 4- PERMEABILIDADE VASCULAR NORMAL .......................... 15 5- MEMBRANA BASAL: ............................................................ 19 6- PERICITOS: .......................................................................... 20 7- MASTÓCITOS: ...................................................................... 20 8- PADRÕES DE AUMENTO DE PERMEABILIDADE VASCULAR 21 9- VASOS LINFÁTICOS NA INFLAMAÇÄO AGUDA ................ 24 10- MEDIAÇÃO QUÍMICA DAS ALTERAÇÕES VASCULA-RES NA INFLAMAÇÃO AGUDA ....................................................................... 25 11- CONTROLE HORMONAL DA REAÇÃO INFLAMATÓRIA ... 27 12- ANTIMICROBIANOS E O CONTROLE DE INFECÇÃO ....... 28 13- PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AÇÃO ANTIMICROBIANA ........ 28 14- EFEITO COLATERAL INFREQÜENTE. ................................ 32 15- RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS ............ 34 16- USO PROFILÁTICO DE ANTIBIÓTICOS EM CLÍNICA E CIRURGIA. QUIMIOPROFILAXIA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS. .... 36 17- ANTIBIOTICOPROFILAXIA CLÍNICA ................................... 37 18- ENDOCARDITE BACTERIANA ............................................ 38 19- OFTALMIA NEONATAL ........................................................ 38 20- ANTIBIOTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA ............................. 39 21- PRINCÍPIOS FARMACODINÂMICOS E FARMACOCINÉ- TICOS: 40 file:///C:/Users/carolina/Desktop/PROCESSOS%20INFLAMATÓRIOS%20E%20INFECCIOSOS%20ETIOLOGIA,%20FARMACOLOGIA%20E%20PROFILAXIA/APOST.%20PROCESSOS%20INFLAMATÓRIOS%20E%20INFECCIOSOS%20ETIOLOGIA,%20FARMACOLOGIA%20E%20PROFILAXIA.docx%23_Toc51955845 file:///C:/Users/carolina/Desktop/PROCESSOS%20INFLAMATÓRIOS%20E%20INFECCIOSOS%20ETIOLOGIA,%20FARMACOLOGIA%20E%20PROFILAXIA/APOST.%20PROCESSOS%20INFLAMATÓRIOS%20E%20INFECCIOSOS%20ETIOLOGIA,%20FARMACOLOGIA%20E%20PROFILAXIA.docx%23_Toc51955845 22- DURAÇÃO DA PROFILAXIA: ............................................... 41 23- CRITÉRIOS GERAIS PARA A ESCOLHA DO ANTIMICROBIANO: ................................................................................. 41 24- CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DA PROFILAXIA: .............. 42 25- RISCOS DA PROFILAXIA ..................................................... 42 26- CONTROLE DO USO DE ANTIMICROBIANOS ................... 43 27- MÉTODOS PARA O USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS E SUA POLÍTICA DE IMPLANTAÇÃO ................... 45 28- AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS: ....... 47 29- AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE USO CORRETO DE ANTIMICROBIANOS ................................................................................ 48 30- A IMPORTÂNCIA DO LABORATÓRIO DE MICROBIO-LOGIA 55 31- RECURSOS PARA O LABORATÓRIO DE MICROBIO-LOGIA 56 32- EXAME MICROSCÓPICO .................................................... 57 33- COLETA E INTERPRETAÇÃO DE CULTURAS: .................. 58 34- PONTA DE CATETER INTRAVASCULAR CENTRAL .......... 59 35- BOLSA DE SANGUE/ALIMENTAÇÃO PARENTERAL / SOROS 60 36- TRATO RESPIRATÓRIO ...................................................... 60 37- UROCULTURA ..................................................................... 61 38- O ANTIBIOGRAMA: .............................................................. 62 39- A MICROBIOLOGIA NA INVESTIGAÇÃO DE SURTOS ...... 63 40- CONCLUSÃO ........................................................................ 65 41- REFERÊNCIAS ..................................................................... 66 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. o INTRODUÇÃO Em se tratando de um processo complexo, e principalmente devido à sua importância em Patologia - lembre-se que é observado no homem e animais domésticos com mais freqüência que qualquer processo degenerativo, neoplásico, congênito, imune ou tóxico - a inflamação tem sido intensamente investigada desde o início da era cristã, quando Celsus (30 a.C.- 36 d.C.) definiu os quatro sinais principais ou cardeais da inflamação (rubor, tumor, calor e dor): “Signa inflammationis quatuor sunt: rubor et tumor, cum calor et dolor”. A estes sinais, Galeno, médico da Antigüidade, segundo alguns autores, ou Virchow, segundo outros, no século XIX, acrescentou um quinto sinal, a perda de função (functio lesae) da parte afetada. A Idade Média pouco ou nada contribuiu para o conhecimento do processo inflamatório e para as ciências em geral; pelo menos, não há relatos importantes da época sobre o tema. Novos avanços na Medicina só vão acontecer na Renascença, com os estudos anatômicos realizados pelos italianos. A primeira referência na literatura científica sobre o papel salutar da inflamação aparece com a publicação em 1794 do livro de John Hunter, médico do Hospital São Bartolomeu em Londres, onde afirma que “A inflamação em si mesma não deve ser considerada uma enfermidade, mas sim uma condição saudável, conseqüência de alguma violência ou padecimento”. Mas é na segunda metade do século XIX, com os patologistas alemães Virchow, Conheim, Arnold, Ziegler e com o naturalista russo Metchnikoff, que o processo inflamatório experimenta novos e importantes avanços - a fagocitose, o papel primordial das alterações vasculares, diapedese de células do sangue por junções inter-endoteliais. Nessa mesma época, Paul Ehrlich lança a teoria humoral da resposta imune, e por esse trabalho divide com Metchnikoff o Prêmio Nobel de Medicina em 1906. Merece destaque também nesse breve histórico a descrição de Lewis (1927) sobre a tríplice resposta cutânea à injúria: eritema local, eritema adjacente e edema, em que sugere a participação de uma dada substância H (histamina) na mediação do eritema local e do edema, e de terminações nervosas (arco reflexo axônico) para o desenvolvimento do eritema adjacente secundário. A injeção intradérmica de histamina em pele normal induz ao aparecimento dessa reação tríplice, e baseado nisso desenvolveu-se o teste aplicado no diagnóstico de lepra cutânea. Sem sombra de dúvida, com o advento dos microscópios de luz, fluorescência, e mais tarde o eletrônico (de transmissão e de varredura), detécnicas histológicas/histoquímicas, autorradiografia, e de muitas outras, o nosso conhecimento sobre o processo inflamatório tem ampliado de forma exponencial; basta ler a literatura científica mundial especializada sobre o assunto. Pesquisadores brasileiros também participaram na formação histórica da inflamação; não poderíamos deixar de citar aqui, entre outras: Maurício Rocha e Silva e colaboradores, pela descoberta em 1949, no Instituto Biológico de São Paulo, da bradicinina, um dos mediadores químicos do processo; Equipes de João Garcia Leme e Sérgio H. Ferreira, discípulos de Rocha e Silva, pelas pesquisas desenvolvidas na década de 70, na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, e que contribuíram para um melhor conhecimento da participação de células, mediação química e regulação neuroendócrina da inflamação e mecanismo de ação de drogas antiinflamatórias - esses últimos trabalhos levaram ao Prêmio Nobel de Medicina em 1984, ganho pelo pesquisador inglês John Vane, de cuja equipe participou ativamente Sérgio H. Ferreira, e por pesquisadores suecos com trabalhos sobre estrutura e metabolismo de prostaglandinas; Mario Mariano, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia- USP, também na década de 70, pelos trabalhos realizados sobre o granuloma inflamatório e a teoria de formação de células gigantes no processo pela fusão de macrófagos. 1.1- METODOLOGIA Para a construção deste material, foi utilizada a metodologia utilizada de pesquisa bibliográfica, com o intuito de proporcionar um levantamento de maior conteúdo teórico a respeito dos assuntos abordados. Através de pesquisa bibliográfica em diversas fontes, o estudo se desenvolve com base na opinião de diversos autores, concluindo que a formação e a motivação são energias que conduzem a atividade humana para o alcance dos objetivos de excelência na prestação de serviços públicos e podem também se converter nos principais objetivos da gestão de pessoas no setor público e no fundamento de sua existência. Segundo Gil, a pesquisa bibliográfica consiste em um levantamento de informações e conhecimentos acerca de um tema a partir de diferentes materiais bibliográficos já publicados, colocando em diálogo diferentes autores e dados. Entende-se por pesquisa bibliográfica a revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode ser realizada em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre outras fontes. o PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS: ETIOLOGIA, FARMACOLOGIA E PROFILAXIA ALTERAÇÕES VASCULARES NA INFLAMAÇÃO AGUDA Para uma melhor compreensão e distribuição didática dos assuntos envolvidos no processo, a inflamação geralmente é estudada de forma compartimentada. Assim, os diversos aspectos: vasculares, celulares, mediadores, reguladores, exsudativos e proliferativos, apesar de interrelacionados no desenvolvimento do processo inflamatório costumam ser apresentados em separado. As alterações que ocorrem nos vasos sangüíneos da microcirculação nas primeiras horas após uma injúria subletal envolvem, em graus variados, três tipos de processos, a saber: Modificação no calibre dos vasos e no fluxo sangüíneo; Aumento da permeabilidade vascular; Exsudação de plasma e de células para o meio extravascular. Uma vez desenvolvida a reação inicial à injúria, a extensão da lesão local dependerá da intensidade, natureza e duração do estímulo lesivo. Assim, se este for de curta duração, ou rapidamente anulado pelos mecanismos de defesa do organismo, as alterações inflamatórias sofrerão rápida resolução ou deixarão uma quantidade variável de tecido cicatricial na área lesada. Entretanto, muitos estímulos nocivos são de duração mais longa e a injúria tissular poderá continuar além do período necessário para o desenvolvimento completo dos estágios iniciais do processo inflamatório; neste caso as alterações subseqüentes na área afetada dependerão da natureza do agente lesivo. Dessa forma, a inflamação é dividida nos padrões agudo e crônico, segundo a idade, duração ou tempo de evolução do processo. A inflamação aguda é de curta duração, de alguns minutos ou horas ou um a dois dias, dependendo do estímulo causal, e suas principais características são a exsudação de fluidos e proteínas do plasma e emigração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. Como anteriormente citado, qualquer que seja a natureza do agente injuriante, a inflamação aguda é mais ou menos estereotipada ou uniforme. Isso pressupõe a participação de substâncias comuns no processo, os mediadores químicos da inflamação. Já a inflamação crônica é menos uniforme. De duração mais longa, é associada histologicamente com a presença de linfócitos e macrófagos e com a proliferação de vasos sangüíneos (neoangiogênese) e do tecido conjuntivo (fibroplasia). Muitas das respostas vasculares e celulares são mediadas por fatores químicos derivados da ação do estímulo inflamatório sobre células e plasma. Uma série desses mediadores agindo em conjunto, ou seqüencialmente, influencia então a evolução da resposta inflamatória. Mas, é importante lembrar que determinados estímulos como toxinas, bactérias e isquemia causam diretamente necrose celular, e o tecido necrótico, por sua vez, pode desencadear a secreção de mediadores da inflamação. o A MICROCIRCULAÇÃO NORMAL A microvasculatura é constituída de vasos sangüíneos com diâmetro menor que 100 µm, ou seja arteríolas, capilares e vênulas (Fig. 1). Os vasos que a constituem são formados basicamente, como os da macrovasculatura, por: endotélio e espaço subendotelial (túnica íntima), fibras musculares lisas (túnica média), e elementos fibrilares e celulares do tecido conjuntivo (adventícia), em variadas proporções e espessuras. Por exemplo, os capilares são desprovidos de fibras musculares, e possuem tão somente um endotélio, membrana basal e pericitos. ESTRUTURA: embora o padrão detalhado da microcirculação varie- nos diversos tecidos, existe um arranjo anatômico básico comum de pequenos vasos sangüíneos pelo corpo. O sangue entra na microcirculação por um vaso com uma parede muscular espessa, a arteríola, e a deixa via vênulas maiores e de parede fina. As arteríolas e as vênulas são unidas pelas metarteríolas, que tem uma estrutura intermediária entre arteríolas e capilares, e por capilares. Como já ressaltado, fibras musculares lisas estão ausentes da parede dos capilares, mas na sua origem fibras musculares circundam as metarteríolas para formar o esfincter pré-capilar. Alguns capilares são maiores e chamados de canais preferenciais, e outros menores que são os verdadeiros capilares. As conexões entre as células endoteliais (junções endoteliais) são do tipo fascia occludens em alguns capilares e do tipo zonula occludens em outros. A estrutura occludens (junção ocludente), revelado através de técnicas de criofratura, caracteriza-se por uma aposição estreita das camadas mais externas das membranas plasmáticas de células vizinhas. Há uma fusão dessas camadas em alguns pontos aonde as proteínas da membrana se sobressaem. Figura 1: A fusão desses pontos forma uma estrutura em forma de rede que é mais densa nas células epiteliais da bexiga, por exemplo, e mais escassa entre as células endoteliais, permitindo certa permeabilidade. A estrutura zonula indica que essa rede circunda toda a célula e a fascia que a rede está presente apenas em determinados pontos da membrana (não contínuo). As junções intercelulares do endotélio vascular variam caracteristicamente de um segmento para o outro na microvasculatura: Nas arteríolas,o endotélio apresenta junções contínuas e bem elaboradas (junções ocludentes com sulcos e saliências complementares bem organizadas) apresentando junções comunicantes interpoladas; No endotélio capilar há junções ocludentes formadas por fibras ramificadas ou alternadas; não se encontram junções comunicantes; Nas vênulas pericíticas as junções ocludentes são frouxamente organizadas (fascia), apresentando descontinuidade nos sulcos e saliências complementares. Não foram encontradas junções comunicantes nestes vasos; Nas vênulas musculares encontram-se junções semelhantes às encontradas nas vênulas pericíticas (sulcos e saliências descontínuos). Além disso, elas apresentam junções comunicantes isoladas de menor tamanho e em menor freqüência do que nas arteríolas. FUNÇÄO: o fluxo sangüíneo pelos capilares não é contínuo; ocorre por uma série de esguichos ocasionados pela contração intermitente de metarteríolas e esfíncteres precapilares. Os eritrócitos passam ao longo dos capilares em fila única devido ao pequeno diâmetro do vaso, e podem se deformar ao passarem por vasos menores. Os capilares não são utilizados ao mesmo tempo em tecidos em repouso, e a proporção de eritrócitos/plasma varia em diferentes capilares em uso - uma condição conhecida por "skimming" do plasma. Nos vasos mais calibrosos, tanto arteríolas como vênulas, o fluxo sangüíneo é dividido em duas zonas - uma periférica, com plasma e quase desprovida de células, e uma corrente axial ou central com eritrócitos e glóbulos brancos em contato íntimo. Esse padrão é conseqüência do fluxo laminar em todos os vasos sangüíneos maiores que capilares. No fluxo laminar, a velocidade aumenta e a pressão lateral diminui progressivamente da parede vascular para o centro da corrente. Conseqüentemente, os elementos figurados acumulam-se na parte central de pressão baixa da corrente do fluxo sangüíneo, produzindo o chamado fluxo axial. O fluxo sangüíneo total pelos diferentes tecidos varia bastante em diversos estados fisiológicos. Aumento de atividade como exercício muscular, secreção glandular ou absorção intestinal, por exemplo, é geralmente acompanhado por aumento do fluxo sangüíneo na área ativa. Acredita-se que uma atividade miogênica intrínseca da parede vascular e fatores humorais e neurogênicos sejam os principais controles do fluxo em arteríolas e vênulas. Esses fatores, no entanto, parecem ter importância secundária na regulação intrínseca do fluxo no leito vascular terminal. O fluxo capilar parece ser modulado por substâncias da atividade tissular liberadas localmente. Modificação no calibre dos vasos e no fluxo sangüíneo. Pode ser observada em tecidos finos e translúcidos, como o mesentério e saco linfático da rã, ou orelha do coelho. Descrições detalhadas sobre estas alterações foram feitas primeiramente por Julius Conheim no final do século XIX. Começam logo após a injúria, desenvolvendo-se em várias gradações dependendo da severidade do estímulo. Tais alterações ocorrem na seguinte ordem: Inicialmente há uma vasoconstricção arteriolar transiente, isto é, de curta duração. É um achado inconstante e, em formas mais brandas de injúria, desaparece em três a cinco segundos. Parece estar associada à liberação de substâncias, como a adrenalina, atuando sobre a musculatura lisa vascular. Em injúrias mais severas, como queimaduras, a vasoconstricção pode durar muitos minutos; neste caso, parece estar associada a trauma direto do calor sobre a parede vascular, causando necrose da mesma. O próximo e fundamental evento é a vasodilatação. Ela envolve primeiro as arteríolas e depois resulta na abertura de novos leitos microvasculares na área, resultando em aumento do fluxo sangüíneo local - a principal característica das alterações hemodinâmicas iniciais na inflamação aguda, e responsável pelo rubor e calor, dois dos sinais cardeais da inflamação de Celsus. Nesse estágio, o aumento do volume sangüíneo nos vasos dilatados pode resultar no aumento da pressão hidrostática local, suficiente para causar transudação de fluído pobre em proteínas para o espaço extravascular. O fluxo pelos vasos sangüíneos dilatados é extremamente rápido de início. A dilatação venular ocorre pela ação de mediadores químicos liberados localmente, principalmente a histamina, e a dilatação arteriolar devido a reflexo axônico antidrômico, aquele que não chega ao SNC, como relatado primeiro por Lewis (1927). Segue-se a diminuição da velocidade do sangue devido ao aumento da permeabilidade vascular, com a saída de fluído rico em proteína para os tecidos extravasculares. Entretanto, evidências experimentais de trabalhos do laboratório do Dr. Garcia Leme, nos anos 70, envolvendo marcação de proteínas plasmáticas com azul de Evans e edema de pata de rato induzido por carragenina, um irritante químico derivado de algas marinhas, contrariam o que foi dito até agora e apontam inicialmente, em torno de 30 minutos, um aumento de permeabilidade vascular a proteínas plasmáticas. Com o aumento da pressão colóide osmótica do fluido extravascular, ocorreria uma maior permeabilidade à água e eletrólitos, resultando em edema inflamatório, que atinge seu pico entre 4 e 6 horas (Fig. 2). Essas alterações resultam na concentração de eritrócitos em vasos pequenos e aumento da viscosidade do sangue. Em cortes histológicos, esse fenômeno é representado por vasos dilatados repletos de hemácias, a estase. Figura 2: Enquanto a estase se desenvolve, pode-se ver a orientação periférica dos leucócitos, principalmente neutrófilos, ao longo do endotélio vascular, processo denominado de marginação leucocitária. Os leucócitos se aderem à parede endotelial, primeiro de forma transiente, depois mais avidamente; logo depois, migram ativamente através de diapedese pela parede do vaso, por entre junções interendoteliais, em direção ao espaço extravascular; é a migração leucocitária. Hemácias também migram, porém de forma passiva, aproveitando a saída dos leucócitos. A escala de tempo desses acontecimentos é variável. Com estímulos brandos a estase pode não se tornar aparente senão até 15 a 30 minutos pós- estímulo, enquanto que, com lesões mais severas, a estase pode ocorrer em alguns minutos. Além do mais, se o agente injuriante é difusível ou se existe um gradiente de injúria, os vasos mais próximos ao estímulo apresentam alterações hemodinâmicas rápidas e severas, enquanto na periferia as alterações são mais brandas. o PERMEABILIDADE VASCULAR NORMAL De acordo com a hipótese de Starling, o equilíbrio normal de fluidos é mantido por dois tipos de forças opostas: a pressão osmótica do fluído intersticial e a pressão hidrostática intravascular; que determinam a saída do fluído da circulação; e a pressão osmótica das proteínas plasmáticas e pressão hidrostática dos tecidos, que induzem a entrada de fluído na circulação. O equilíbrio dessas forças é mantido de modo que existe nos capilares musculares periféricos um pequeno, mas nítido movimento de líquidos para fora dos vasos, mas que normalmente é drenado para os linfáticos, evitando assim a formação de edema. A permuta normal de líquidos depende muito de um endotélio intacto. O endotélio normal é um epitélio fino pavimentoso simples, adaptado de forma a permitir a permuta livre e rápida de água e de pequenas moléculas entre o plasma e o interstício, porém capaz de limitar a passagem das proteínas plasmáticas com restrição crescente conforme aumenta o tamanho da molécula protéica. O revestimento endotelial de todas as arteríolas e vênulas e da maioria dos capilares no organismo é do tipo contínuo, possuindo uma camada citoplasmática ininterrupta com junções intercelulares intimamente apostas. O endotélio fenestrado é característicode glândulas endócrinas, intestino e glomérulo renal, enquanto que o endotélio descontínuo ou aberto é observado no fígado, baço e medula óssea. Estudos fisiológicos explicam a permeabilidade vascular normal para pequenas moléculas hidrosolúveis pela existência de pequenos poros preenchidos por água, com 6 nm de raio. Postula-se também a existência de sistema de grandes poros (25 nm de raio) para explicar as pequenas quantidades de proteínas e outros solutos maiores que normalmente atravessam a parede capilar. Microscopistas eletrônicos admitem que as vesículas micropinocíticas representam os poros grandes. Não se sabe ao certo o equivalente morfológico do sistema de poros pequenos. Existem duas hipóteses: uma delas estabelece que o sistema de poros pequenos é representado por canais transendoteliais contínuos, formados pela fusão de vesículas pinocíticas (transcitose), e a outra sugere que junções intercelulares abertas transferem as pequenas moléculas hidrosolúveis através da parede capilar (Fig. 3). É nas pequenas vênulas que existem as junções intercelulares estruturalmente menos complexas e mais permeáveis. Além disso, essas junções constituem estruturas lábeis e suscetíveis de serem alargadas por inúmeros fatores físicos e químicos. Na realidade, a maioria dos mediadores químicos da inflamação induz o aumento da permeabilidade vascular através do aumento das lacunas ("gaps") existentes nas junções intercelulares endoteliais. Várias moléculas polianiônicas, como as sialoglicoproteínas e heparan sulfato, estão localizadas em domínios específicos da superfície luminal do endotélio (vesículas, fenestras, junções intercelulares). Esses locais aniônicos podem muito bem representar um papel na permeabilidade vascular normal e aumentada, repelindo moléculas aniônicas e facilitando o transporte de proteínas catiônicas. Deve-se ainda ressaltar que, apesar de sua estrutura relativamente simples, a célula endotelial vascular é metabólica e funcionalmente ativa, capaz de secretar uma variedade de substâncias biologicamente ativas. Essas incluem prostaciclina (PGI2), fatores pró-coagulantes (fator VIII) e anticoagulantes (ativador do plasminogênio) e proteínas do tecido conjuntivo (colágeno). Bases morfológicas do aumento de permeabilidade vascular. Figura 3: ESTUDO EXPERIMENTAL: O aumento da permeabilidade vascular pode ser demonstrado ou quantificado experimentalmente de várias maneiras: Medida do volume de exsudato em pleurisia ou edema de pata induzido experimentalmente; Avaliação do extravasamento em locais inflamados de proteínas plasmáticas marcadas com corantes injetados (p.e. azul de Evans) ou com isótopos radioativos (p.e. iôdo); Marcação vascular com carvão coloidal (ou tinta da China) em cremáster ou diafragma de ratos. As partículas de carvão extravasam através do endotélio com permeabilidade aumentada, porém são retidas na membrana basal. As alterações estruturais da parede vascular responsáveis pelo aumento da permeabilidade vascular induzida por mediadores do tipo da histamina foram inicialmente descritos por Majno e Palade (1961) e Majno, Palade e Schoefl (1961). Estes autores descobriram que estes agentes causavam uma abertura transiente das junções entre células endoteliais adjacentes formando lacunas de 0,1 - 0,4 µm de largura. Nesses casos não há evidência de lesão concomitante do citoplasma da célula endotelial, e quando o vazamento ("leakage") cessa, as células se aproximam novamente para refazer uma junção morfologicamente normal. A formação de lacunas parece ser mediada pela ativação de proteínas contráteis do citoplasma das células endoteliais. Sugere-se que estas proteínas sejam representadas por filamentos de actina-miosina (Gabbiani e Majno, 1980). De qualquer forma, isso leva à separação das células endoteliais a partir de suas junções. Majno e colaboradores (1969) demonstraram em fotomicrografias que a forma de células adjacentes à lacuna se alterava de modo compatível ao de uma contração ativa, podendo-se ver núcleos sanfonados em células endoteliais contraídas. Desde os trabalhos de Guido Majno no início dos anos 60, tornou-se claro que a formação de "gaps" interendoteliais e também o vazamento de fluidos e proteínas dos vasos sangüíneos (não danificados) na inflamação ocorre primariamente nas vênulas. Entretanto, vasos sangüíneos de tamanho e estrutura similares em tecidos diferentes podem variar quanto à sua resposta a fatores de permeabilidade. Assim, vênulas de alguns órgãos sólidos, tais como testículo, rim, glândula salivar, SNC, mucosa do intestino delgado e de alvéolos pulmonares e em tecido de granulação recente, não reagem à histamina. A razão dessa resposta variada dos vasos a esses fatores é desconhecida. A contração das células endoteliais das vênulas se dá pela ação de mediadores químicos; sabe-se que tais células endoteliais são as que possuem receptores para mediadores químicos da inflamação em maior concentração. Estudos de Jancsó e colaboradores durante a década de 60 sugerem um aumento da permeabilidade vascular de natureza neurogênica, que dar- se-ia pela liberação da substância "P" (que aumenta a permeabilidade) quando a inervação sensitiva é estimulada. O bloqueio desse processo pode ser obtido pelo pré-tratamento com capsaicina - substância extraída do condimento paprika - que degenera as fibras "C" e que possuem receptores para a substância "P". Quanto à permeabilidade vascular por injúria direta dos vasos, devemos ter em mente que, embora pouco se saiba sobre o metabolismo de células endoteliais lesadas, seria normal supor a existência de um intervalo entre o estímulo lesivo desses elementos e o aparecimento de suas conseqüências funcionais, o aumento da permeabilidade, como acontece em outros tipos celulares. o MEMBRANA BASAL: É provável que cada célula endotelial participe da edificação de sua própria membrana basal que atua como suporte e como conexão do endotélio com os tecidos vizinhos. Ao mesmo tempo quando da lesão da célula endotelial, uma membrana basal íntegra, presumivelmente, atua como guia das células em regeneração. A membrana basal tem permeabilidade seletiva e sugere-se que trate- se da principal barreira de filtração (Majno, 1965); água e pequenas moléculas passam livremente, já partículas coloidais acima de 100 å são retidas. Na inflamação os leucócitos passam livremente pela membrana basal (Grant, 1965) graças aos seus movimentos amebóides. A passagem de eritrócitos, embora passiva, não é ainda bem entendida. o PERICITOS: Até o momento é difícil decidir se os pericitos são meramente células pluripotenciais, capazes de se diferenciar em várias direções, ou se desempenham algum papel na contração e permeabilidade vasculares (Majno e cols., 1969). Uma outra função atribuída aos pericitos é a sua habilidade em fagocitar material estranho (Majno e Palade, 1961 e Tanaka, 1960). Estão presentes em capilares e vênulas. o MASTÓCITOS: Embora não façam parte da barreira endotelial, há tempos suspeita-se de sua participação na regulação do sistema microcirculatório devido à sua proximidade com as paredes vasculares. Por enquanto, sabe-se que participam em fenômenos patológicos envolvendo aumento da permeabilidade vascular pela produção e liberação de histamina e serotonina estocadas em grânulos citoplasmáticos. O aumento da permeabilidade vascular é observado clinicamente sob a forma de edema. A passagem de proteínas plasmáticas (albumina, globulinas e fibrinogênio) para o meio extravascular altera a diferença entre as pressões osmóticas intra e extravascular, favorecendo a saída de água e eletrólitos do vaso, que leva ao aparecimento de edema. Como já explicado anteriormente (Fig. 2), existe uma nítida dissociaçãono tempo entre o máximo aumento da permeabilidade vascular e a máxima intensidade de edema. Pelo menos em inflamações induzidas por estímulos de média intensidade, o fenômeno se desenvolve em duas fases: uma primeira caracterizada pelo aumento da permeabilidade vascular a proteínas plasmáticas e uma fase seguinte, na qual as proteínas já acumuladas no interstício favorecem a exsudação de água e eletrólitos para o meio extravascular, mantendo o desenvolvimento do edema. o PADRÕES DE AUMENTO DE PERMEABILIDADE VASCULAR Através do uso de técnicas experimentais, já citadas, demonstraram- se padrões variáveis de permeabilidade vascular aumentada na pele de animais expostos a lesões de severidade variável (Fig. 4). A classificação nesses padrões surgiu a partir de determinadas formas de injúria vascular envolvendo mediadores "clássicos" (histamina e bradicinina) e lesão da microvasculatura pelo calor. Em uma inflamação "natural", mais de um tipo de padrão pode se desenvolver. Figura 4: Resposta imediata transitória: começa imediatamente após o estímulo lesivo, atinge um máximo em 5 a 10 minutos e desaparece dentro de 15 a 30 minutos. A resposta é induzida pela histamina, como em picadas de insetos, e por outros mediadores químicos (serotonina, bradicinina) em injúrias de fraca intensidade, como o aquecimento da pele de cobaia a 54°C por 5 segundos. É também a resposta típica da erupção alérgica vista na hipersensibilidade do tipo I e na urticária. O aumento de permeabilidade ocorre apenas nas vênulas pequenas a médias, mas com menos de 100 µm de diâmetro, devido ao aparecimento de aberturas ("gaps") interendoteliais. O porquê da ação dos mediadores do tipo da histamina exclusivamente nas junções de vênulas é ainda incerto, mas há alguma evidência de que o endotélio venular tem uma concentração maior de receptores para histamina que o endotélio arteriolar e capilar. Essa resposta pode ser inibida por antagonistas de receptores anti-H1 da histamina, como o Fenergan e Benadril. Resposta imediata prolongada: presente nas injúrias severas, normalmente associadas com a necrose de células endoteliais. O aumento da permeabilidade começa imediatamente após o estímulo lesivo e se mantém em níveis altos por horas e continua por um ou mais dias, até que o vaso lesado seja reparado ou sofra trombose. Neste caso todos os vasos da microcirculação são afetados, incluindo vênulas, arteríolas e capilares. O mecanismo de aumento de permeabilidade vascular, no caso, parece ser uma lesão direta pelo estímulo nocivo. Um exemplo clássico e marcante é o observado após queimadura grave. Experimentalmente, este tipo de permeabilidade vascular pode ser observado injetando-se subcutaneamente dextrana em coxim plantar de pata de rato. Resposta tardia prolongada: é um tipo curioso de resposta que se inicia após uma pausa, e dura diversas horas ou mesmo dias e envolve vênulas e capilares. Nos capilares, o vazamento ("leakage") se deve à lesão direta do endotélio pelo estímulo inicial. A microscopia eletrônica demonstrou que esse vazamento é predominantemente intercelular, mas curiosamente não há contração da célula endotelial. Não se sabe porque há a formação de "gaps" no leito capilar, nem porque o vazamento é tardio. Trata-se de uma resposta relativamente comum e que pode ser visto após lesão térmica de branda a moderada, após irradiação por raios X ou ultravioleta, com certas toxinas bacterianas e nas reações de hipersensibilidade tardias (tipo IV). Um exemplo comum dessa resposta tardia é observável nas queimaduras do sol que podem ser vistas apenas horas depois que a pessoa deixou a praia. Embora seja possível separar os três padrões em modelos experimentais, na maioria das reações inflamatórias acidentais os padrões se sobrepõem. Isso ocorre porque existe uma intensidade graduada da lesão do centro para a periferia da área afetada. Além disso, mediadores químicos diferentes podem ser ativados em fases consecutivas da resposta inflamatória, e serem responsáveis, assim, por respostas mantidas e prolongadas. o VASOS LINFÁTICOS NA INFLAMAÇÄO AGUDA O sistema de vasos linfáticos tem uma estrutura especialmente adaptada para recolher proteínas extravasculares e devolvê-las para a circulação sangüínea. A entrada de marcadores grandes como o carvão coloidal, injetados nos tecidos extravasculares entram nos linfáticos via junções intercelulares, que parecem estar abertas nos tecidos normais ou abrem-se por estímulos fisiológicos triviais. Na inflamação, quando da exsudação, os linfáticos terminais da área afetada estão bastante dilatados e muito mais proeminentes do que nos tecidos normais, isso devido a filamentos finos que unem a superfície externa dos linfáticos com estruturas extravasculares e que são distendidos no caso de acúmulos nessa região; há também um aumento no número de lacunas ("gaps") no endotélio desses vasos. Os mecanismos de formação desses "gaps" são desconhecidos. O exsudato proveniente dos vasos sangüíneos inflamados entra nos linfáticos terminais via essas aberturas, portanto, a drenagem da área inflamada aumenta tanto em volume como em conteúdo protéico. Dessa forma, edema local irá surgir apenas se a taxa de formação de exsudato dos pequenos vasos sangüíneos excederem a capacidade de remoção do mesmo dos linfáticos. o MEDIAÇÃO QUÍMICA DAS ALTERAÇÕES VASCULA-RES NA INFLAMAÇÃO AGUDA Sr Thomas Lewis (1927) foi o primeiro a sugerir a ação de mediadores químicos na inflamação. Baseou-se em um experimento simples, que ficou conhecido como resposta tríplice cutânea à injúria. Neste, a pele do antebraço de um indivíduo normal foi pressionado por um instrumento pontiagudo, quando então três alterações nítidas foram observadas: Primeiro surgiu uma linha vermelho escura (hiperemia) dentro de segundos ao longo da área riscada; Na seqüência, um halo avermelhado brilhante (hiperemia secundária) apareceu em torno da linha inicial, efeito esse relacionado com arco reflexo axônico; e Por fim tornou-se evidente uma tumefação e esbranquiçamento do local (edema inflamatório). Lewis observou ainda que o halo vermelho podia ser abolido pela secção dos nervos sensitivos locais da pele, mas que nem a marca vermelha inicial, nem a tumefação subseqüente podiam ser abolidos dessa maneira. Ele sugeriu que uma substância humoral, semelhante a histamina, liberada dos tecidos lesados poderia ser a causa da linha vermelho escura que ele relacionou com a vasodilatação, assim como a tumefação ele relacionou com a permeabilidade vascular local aumentada. Atualmente uma série de mediadores químicos, com atuação sobre a vasculatura, é conhecida. Merecem destaques: 1. Aminas vasoativas - a histamina e a serotonina estão relacionadas com a primeira fase do aumento de permeabilidade. Estão normalmente estocadas em grânulos citoplasmáticos de mastócitos, basófilos e plaquetas. Causam também vasodilatação. 2. Proteases plasmáticas 2.1. Sistema complemento: as anafilatoxinas C3a e C5a aumentam a permeabilidade vascular pela liberação da histamina de mastócitos e plaquetas. O C5a também ativa a via lipoxigenase em neutrófilos e macrófagos levando à formação de outros mediadores que aumentam a permeabilidade vascular. 2.2. Cininas plasmáticas: formadas pela ativação do fator XII da coagulação sangüínea (ou de Hageman), levam à formação da bradicinina, potente agente vasodilatador e que aumenta a permeabilidade vascular, descoberta em 1949 por Rocha e Silva e colaboradores. 2.3. Sistema de coagulação: via sistema fibrinolítico ativa o fator de Hageman. 3. Metabólitos do ácido araquidônico 3.1. Pela via ciclooxigenase: prostaciclina (PGI2), que promove vasodilatação; tromboxano A2, que produz vasoconstricção;PGE, que induz vasodilatação; 3.2. Pela via lipoxigenase: endoperóxidos HPETE, que promove vasoconstricção e aumento da permeabilidade vascular; leucotrienos C4, D4, E4, responsáveis por vasoconstricção e aumento da permeabilidade vascular; e leucotrienos B4 e HHt, que produzem aumento da permeabilidade vascular. 4. Constituintes lisossômicos: proteínas catiônicas dos grânulos azurófilos dos neutrófilos aumentam a permeabilidade vascular, diretamente ou via mastócitos. 5. Radicais livres de oxigênio: aumento da permeabilidade vascular por lesão celular com a ativação do C5a, por exemplo. 6. Fator ativador de plaquetas: causa vasoconstricção, em concentrações muito baixas, aumento da permeabilidade e vasodilatação, estimula a síntese de prostaglandinas e leucotrienos. 7. Citocinas: a interleucina 1 (IL-1) e o TNF estimulam a síntese de PGI2, um potente vasodilatador, pelas células endoteliais. o CONTROLE HORMONAL DA REAÇÃO INFLAMATÓRIA Há considerável interação entre o sistema neuroendócrino e o componente vascular da inflamação. A reatividade vascular e a resposta inflamatória são afetadas pelos níveis de hormônios circulantes, portanto, disfunções endócrinas podem alterar as respostas microcirculatórias. Nesse sentido, Garcia Leme e cols. (1974) demonstraram que o diabetes diminui a resposta a fatores de permeabilidade, como resultado da utilização deficiente de glicose. A administração de insulina restaura, temporariamente, a atividade funcional dos vasos da microcirculação, possuindo assim o hormônio atividade pró-inflamatória. Por outro lado, corticosteróides exercem efeitos antiinflamatórios modificando as reações vasculares do processo (Garcia Leme e Wilhelm, 1975). A cortisona induz vasoconstricção e reduz o fluxo sangüíneo e a exsudação vascular (Ashton e Cook, 1952). O glucagon, segundo Garcia Leme (1975), atua como hormônio antiinflamatório, de forma indireta, elevando os níveis sangüíneos de corticosteróides. Uma atividade pró-inflamatória de linfócitos em inflamação aguda não imune, através da produção e liberação de um ou mais fatores pró- inflamatórios, foi descrita por Bechara e Garcia Leme em meados da década de 70 e confirmada por Bechara e Willoughby nos anos 80. Tais fatores, estruturalmente semelhantes à glutationa, que por sua vez é desprovida de ação inflamatória, desempenhariam papel semelhante ao de um hormônio, exercendo seus efeitos até em pequenas doses. o ANTIMICROBIANOS E O CONTROLE DE INFECÇÃO Antimicrobianos Princípios Gerais Com o início do uso clínico dos antimicrobianos, no final da década de 40, estes agentes têm uma participação cada vez maior na prescrição médica. É inegável a importância do desenvolvimento de drogas antimicrobianas na melhoria da qualidade de assistência à saúde na humanidade. Entretanto, os recursos utilizados com antibióticos em todo o mundo atingem proporções vultuosas e sua parcela nos custos da assistência à saúde tende a aumentar. Somente nos Estados Unidos, estima-se que mais de 2 bilhões de dólares sejam gastos atualmente com pacientes internados. O custo dos antimicrobianos representa de 30 a 50% do total gasto pelos hospitais com medicamentos. o PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AÇÃO ANTIMICROBIANA A ação antimicrobiana acontece a partir da ligação do antibiótico a um sítio alvo na bactéria, interrompendo uma função bacteriana essencial. O mecanismo específico mediante o qual os antibióticos provocam a morte celular pode variar para cada grupo de antimicrobianos. O antimicrobiano para agir deverá atingir uma concentração ideal no local de infecção, ser capaz de atravessar, de forma passiva ou ativa, a parede celular, apresentar afinidade pelo seu sítio de ligação no interior da bactéria e permanecer um tempo suficiente para exercer seu efeito inibitório. Farmacocinética - analisa o comportamento do organismo em relação aos medicamentos. Para sua ação, os fármacos necessitam estar em concentrações satisfatórias no seu local de ação. Em geral, a farmacocinética estuda a maneira como os medicamentos se dispõem no organismo, a partir do conhecimento dos parâmetros da extensão e velocidade de absorção, distribuição e eliminação deles e também de seus metabólitos pelo organismo, e envolvem o entendimento de como ocorre a passagem através de membranas celulares. Volume de distribuição - é uma medida fictícia, que indica o volume em que uma quantidade específica do medicamento administrado parece se distribuir e é extremamente dependente das propriedades físico-químicas do agente, em especial do grau de ligação às proteínas. Biodisponibilidade - define a quantidade do medicamento que chega a corrente circulatória, na forma ativa, com efeito biológico. Pode haver, por exemplo absorção completa da droga administrada por via oral, mas sendo destruída quase totalmente no fígado, com pequena biodisponibilidade. Uma droga que é pouco absorvida apresenta pequena biodisponibilidade. Ligação às proteínas - os antibióticos se ligam de maneira variada às proteínas presentes no plasma, tais como a albumina, alfa-1-glicoproteína ácida e lipoproteínas. O laboratório clínico refere-se à concentração do medicamento como sendo a concentração total da droga, tanto a parte ligada à proteína, quanto aquela livre no plasma. A parte livre ou não ligada às proteínas é a farmacologicamente ativa, responsável pela atividade microbiológica do antibiótico. Meia-vida – O termo meia-vida em geral se refere ao tempo necessário para a eliminação de 50% da dose da droga pelo organismo. É um parâmetro que depende fundamentalmente das modificações do volume de distribuição ou de depuração, sendo útil quando há necessidade de se determinar questões referentes ao grau de equilíbrio ou qual o tempo necessário para a retirada de toda a medicação do organismo. Também tem importância para determinar os intervalos das doses dos antibióticos. Depuração (ou clearance) - este parâmetro farmacocinético é definido como o volume de líquido depurado do medicamento por unidade de tempo, geralmente ocorrendo de forma constante e não dependente da sua concentração. Alguns fatores, como metabolismo e secreção tubular renal, podem modificar essa relação. A eliminação das drogas no organismo é realizada principalmente através dos rins e do fígado, embora algumas possam ser eliminadas pelo pulmão, trato gastrointestinal ou pele. Farmacodinâmica - as propriedades farmacodinâmicas ou a correlação entre a concentração do agente e efeito antimicrobiano de determinado grupo de antibióticos depende da integração de duas áreas relacionadas: sua atividade microbiológica e a farmacocinética. Já que não é possível determinar as concentrações dos medicamentos no local onde atuam, utilizamos três variáveis, para poder avaliar a atividade antimicrobiana da droga: Concentração Inibitória Mínima (CIM), que representa a menor concentração de um composto capaz de inibir atividade de um microrganismo sob condições conhecidas. 10 Concentração Bactericida Mínima (CBM), traduzida pela concentração mínima de um medicamento, que reduz em quase 100% a contagem bacteriana inicial, sob condições próprias de incubação e de tempo. Efeito pós-antibiótico (EPA), que se refere à capacidade de uma droga, após exposição limitada do microrganismo à concentração inibitória, manter a supressão persistente e significativa do seu crescimento, mesmo havendo uma concentração subinibitória no local da infecção, isto é, é o tempo necessário para que uma bactéria sobrevivente a uma breve exposição a um antibiótico retome seu crescimento. Este efeito é bem descrito para os aminoglicosídeos e as quinolonas. Efeito colateral dos antibióticos - a utilização dos antibióticos em medicina, apesar dos extraordinários efeitoscurativos, pode causar efeitos indesejáveis, que por vezes colocam a vida do paciente em risco ou determinam seqüelas orgânicas. A iatrogenia decorrente da antibioticoterapia é com freqüência inevitável, já que resulta das ações tóxicas ou irritantes inerentes ao medicamento ou de manifestações de hipersensibilidade do hospedeiro, ou ainda alterações metabólicas e biológicas que se operam no paciente devidas à ação do antibiótico em uso. Efeitos colaterais de natureza irritativa - Praticamente todos os antibióticos podem provocar reações indesejáveis no local da administração da droga em uso, em função da apresentação farmacêutica, da dose, do tempo de uso e do indivíduo. Estes efeitos são divididos em três grupos, de acordo com a via de administração: Efeitos irritativos gastrointestinais: O emprego de antibióticos por via oral pode provocar efeitos irritantes primários na mucosa gastrointestinal, que se manifestam por dor abdominal, sensação de queimação gástrica, náuseas, vômitos, flatulência, hipóxia e diarréia. Estes efeitos são particularmente observados com o uso de eritromicina, penicilina V, tetraciclina, lincomicinas, ampicilina e cloranfenicol. Efeitos irritativos para o músculo: A administração de antibióticos intramuscular provoca dor e induração local da injeção e até mesmo a formação de necrose e abscessos frios. Entre os antibióticos que causam fenômenos dolorosos estão a penicilina G benzatina, fosfomicina, kanamicina, cefalosporinas e eritromicina. Efeitos irritativos para a veia: A administração intravenosa de certos antibióticos provoca dor e flebites, devido ao efeito cáustico sobre o endotélio. Entre eles citam-se a anfotericina B, vancomicina, tetraciclina, penicilina G cristalina e as penicilinas semi-sintéticas. Efeitos colaterais de natureza alérgica- Como toda substância para uso terapêutico, os antibióticos são capazes também de provocar o aparecimento de reações de hipersensibilidade das mais variada natureza e gravidade, às vezes fatais. Estas reações podem ser imediatas ou tardias. As reações imediatas, aquelas que se manifestam em seguida ou algumas horas após a exposição ao antígeno, têm no choque anafilático a expressão mais severa. Entre os efeitos tardios, que aparecem horas ou dias após a exposição podemos citar as erupções urticariformes e síndrome de Stevens-Johnson. Efeitos colaterais de natureza tóxica - Assim como os antibióticos agem sobre a célula bacteriana, podem agir também sobre a célula humana e provocar lesões. A toxicidade depende da substância, da dose utilizada e da duração do tratamento, ocorrendo certa variação individual no que concerne ao tempo de aparecimento e à intensidade da manifestação tóxica. Tal variação está relacionada à idade e estado de funcionamento das vias de metabolização e eliminação das drogas. São exemplos de reações de natureza tóxica: Reações neurotóxicas: Bloqueio neuromuscular: Foram descritos com o uso de aminoglicosídeos intratecais e intraperitoneais, seguido do uso de anestésicos voláteis. o EFEITO COLATERAL INFREQÜENTE. Ototoxicidade: Classicamente descrito com o uso de aminoglicosídeos, este efeito ocorre mais frequentemente em situações de uso de doses elevadas, longa duração do tratamento, uso de diuréticos de alça, desidratação, insuficiência renal preexistente e associação com outras drogas nefro e ototóxicas. Reações nefrotóxicas: São freqüentes com determinados antibióticos e seu aparecimento depende muitas vezes da dose administrada e do tempo de utilização, quando os nefrons são expostos a elevadas concentrações. Entre as alterações específicas que podem ser provocadas pelos antibióticos, destacam-se como principais: necrose tubular proximal, síndrome de Fanconi e nefrite intersticial. Neste grupo estão incluídos os aminoglicosídeos, anfotericina B e as tetraciclinas. Reações gastrointestinais: Ocorre com mais freqüência secundariamente às alterações da ecologia bacteriana, relacionadas à rotura do equilíbrio entre germe e hospedeiro. A manifestação mais grave deste fato é representada pela colite pseudomembranosa, ocasionada pelo crescimento do Clostridium difficile, ligado ao uso de qualquer antibiótico, principalmente cefalosporinas de terceira geração, penicilinas, clindamicina e vancomicina. Os antibióticos são capazes, ainda, de comprometer o fígado. Reações hepáticas têm sido citadas constantemente, principalmente com uso de macrolídeos, tetraciclinas, anfotericina B, novobiocina, rifampicina, penicilinas semi-sintéticas e cefalosporinas. Reações hematológicas: Entre as várias drogas de ação tóxica para a hematopoese, destacam-se o cloranfenicol, a anfotericina B e o ganciclovir. Reações metabólicas: Os antibióticos podem interferir com o metabolismo do hospedeiro, inibindo a síntese protéica, bloqueando parcialmente a produção de anticorpos, a função fagocitária e a quimiotáxica dos leucócitos. Destacam-se as tetraciclinas, que levam a efeitos deletérios para o feto durante o período de gestação. o RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS Como resultado dos mecanismos de resistência desenvolvidos por praticamente todos os germes, muitos antibióticos, que facilmente inibiam microrganismos, estão tornando-se inefetivos. O reconhecimento de que microrganismos são capazes de resistir a agentes físicos e químicos data do início da era antimicrobiana. Inicialmente o problema da resistência foi parcialmente resolvido com a descoberta e lançamento de novas drogas e modificação das já existentes, porém a capacidade de adquirir resistência e transmiti-la é superior à velocidade de lançamento de novas formulações. Também é preocupante a quase ausência de antibióticos com novos mecanismos de ação, que poderiam dificultar o surgimento de resistência, sendo que os novos lançamentos quase que exclusivamente compreendem pequenas modificações em grupos de antibióticos já amplamente utilizados. O alto custo para o desenvolvimento e comercialização de um único produto, calculado nos EUA ser de US$100 a US$ 350 milhões é um fator limitante fundamental para o desenvolvimento de novas drogas. O entendimento de como a bactéria desenvolve resistência e sua epidemiologia é da maior importância para a síntese de novas drogas e para o desenvolvimento de outras formas de combate aos agentes infecciosos. Existem descritos seis mecanismos para aparecimento e disseminação de bactérias resistentes: Através da introdução, por pacientes, por profissionais ou por produtos comerciais contaminados, de alguns organismos resistentes, procedentes da comunidade ou de outra instituição; Através da aquisição de resistência por mutação genética por cepas previamente susceptíveis; Através da aquisição de resistência por material genético transferível; Através da emergência de resistência induzível já presente em algumas cepas na população; - através da seleção de subpopulações resistentes; Através da disseminação de organismos inerentemente resistentes. Vários são os mecanismos que as bactérias apresentam para desenvolver resistência às drogas. Uma bactéria pode tornar-se resistente por um ou por uma associação destes mecanismos. A resistência de germes gram negativos a antibióticos b-lactâmicos, por exemplo, é uma combinação de diminuição da entrada, produção de b- lactamase e diminuição de afinidade pelos sítios de ligação. Os principais mecanismos de resistência são: Alteração no sítio de ligação; Inativação ou destruição enzimática; Diminuição da entrada ou aumento retirada do antibiótico; Estratégias preventivas na disseminação de resistência são fundamentais e devem ser aplicadas em todos os hospitais. Entre elas, destacam-se: - Medidas de vigilância e isolamento de pacientes com cepas multirresistentes:A adoção de medidas visando identificação precoce de pacientes portadores ou infectados com cepas de germes multirresistentes, adotando os procedimentos apropriados para o seu isolamento é capaz de minimizar a transferência para outros pacientes, assim como a colonização de pessoal de atendimento com esta cepas. Medidas para diminuir a mutação e a transferência genética: Quando há uma grande concentração de microrganismos, existe um risco aumentado de surgimento de resistência por mutação ou por transferência de material genético. A erradicação de reservatórios de microrganismos com grande capacidade de apresentar resistência pode ser uma estratégia para o controle de sua disseminação. Medidas para diminuir a pressão seletiva através do uso correto de antimicrobianos: Dentre as várias condições que alteram o ambiente determinando uma seleção dos germes mais aptos a sobreviver e proliferar, destaca-se o uso de antimicrobianos. Várias evidências demonstram uma relação direta entre o uso de antimicrobianos e o aumento de resistência, particularmente com compostos mais recentes e com maior espectro de ação. o USO PROFILÁTICO DE ANTIBIÓTICOS EM CLÍNICA E CIRURGIA. QUIMIOPROFILAXIA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS. Refere-se ao uso de uma droga por um paciente com risco aumentado para o desenvolvimento de infecção, tendo por objetivo reduzir a incidência de doença e morte. O cálculo deste risco deve ser baseado, especialmente, em levantamentos epidemiológicos e decorre de exposição não rotineira a um agente infeccioso, a uma diminuição das defesas naturais ou à doença de base do paciente. Profilaxia, portanto, não se aplica a situações em que já existe uma doença infecciosa instalada. Para sucesso da quimioprofilaxia, algumas condições básicas devem ser observados os seguintes aspectos: o antimicrobiano utilizado deve agir contra o(s) agente(s) responsável ou mais freqüentemente responsável pelo tipo de infecção em questão, de forma a impedir ou abortar a manifestação de doença; o risco de infecção deve ser significante, tanto em relação à sua incidência quanto à sua gravidade; a segurança da utilização do antimicrobiano, com relação aos seus efeitos colaterais, deve superar as complicações esperadas ou supostas da infecção; as concentrações teciduais do antimicrobiano devem ser adequadas no momento e durante todo o período de risco. Pode-se, portanto, estabelecer previamente quais as condições que são aptas para a quimioprofilaxia e padronizar quais as drogas que devem ser empregadas. Mudanças podem ocorrer, baseadas no avanço dos conhecimentos, em alterações na etiologia e na susceptibilidade aos agentes antimicrobianos. A escolha do melhor esquema deve ser amparada em trabalhos publicados e em dados fornecidos pelo laboratório de microbiologia local. Faz-se necessário pontuar que não há consenso em relação aos protocolos, com diferenças de orientação entre diversas insttituições, devendo a escolha ser feita, sempre que possível, após ampla discussão com os profissionais responsáveis pela sua indicação. o ANTIBIOTICOPROFILAXIA CLÍNICA Serão listadas as principais situações e as drogas mais freqüentemente indicadas, apesar de haver inúmeras dúvidas em relação à eficácia. Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae tipo b, Corynebacterium diphtheriea e Mycobacterium tuberculosis a quimioprofilaxia contra estas bactérias é de grande importância em saúde pública. Suas indicações deverão seguir as normas emanadas dos serviços públicos de saúde. Streptococcus do grupo A - Casos de erisipela ou celulite recorrentes, causadas por Streptococcus pyogenes em pacientes com linfedema, podem ser prevenidos com o uso mensal de penicilina benzatina. Streptococcus do grupo B - Pode-se prevenir a colonização e a doença neonatal pelo S. agalactiae através da administração no período intraparto de penicilina ou ampicilina à mulher de risco aumentado de transmissão (trabalho de parto prematuro, ruptura prematura de membrana, febre intraparto, multípara, ruptura de membrana maior que 18 horas) ou para com colonização reconhecida. Streptococcus ?-hemolítico do grupo A – Pacientes com história de febre reumática apresentam maior risco de recorrência se desenvolverem infecção estreptocócica sintomática ou assintomática, estando indicada profilaxia contínua. o ENDOCARDITE BACTERIANA Em geral, recomenda-se a profilaxia para endocardite nas seguintes situações: válvulas cardíacas prostéticas; endocardite bacteriana prévia, mesmo na ausência de doença cardíaca; a maioria das malformações cardíacas congênitas; disfunção valvar adquirida, reumática ou de outra etiologia, mesmo após cirurgia valvar; cardiomiopatia hipertrófica; e prolapso de valva mitral com regurgitação valvular. A profilaxia está indicada para aqueles procedimentos que causem bacteremia que mais freqüentemente determinem endocardite (procedimentos odontológicos que causem sangramento gengival ou de mucosa, incluindo limpeza; tonsilectomia e adenoidectomia; procedimentos ou cirurgias que envolvam mucosa intestinal e respiratória; broncoscopia com broncoscópio rígido, entre outros). o OFTALMIA NEONATAL A oftalmia neonatal, freqüentemente causada por clamídea ou por gonococo, acomete crianças nas primeiras 2 semanas de vida. O uso tópico de nitrato de prata, tetraciclina ou eritromicina diminui a ocorrência de infecção pela N. gonorrheae, mas altera pouco a infecção por clamídea o ANTIBIOTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA A antibioticoprofilaxia permanece sendo uma das principais responsáveis pelo uso incorreto de antimicrobianos no hospital e a sua realização de forma discutida e padronizada um dos pontos mais importantes do programa de controle de antibióticos. A prevenção da infecção de sítio cirúrgico (ISC) é constituída por medidas muitas vezes complexas e de difícil aplicação, envolvendo múltiplos profissionais, revisão de rotinas e mudanças de atitude e comportamento. Por esta razão, uma simplificação, através de uma abordagem farmacológica para prevenção de ISC é bastante atrativa. Entretanto, depositar toda a responsabilidade da prevenção de infecções no uso de um fármaco, embora possa ser uma conduta simples e prática para o cirurgião, pode se tornar um risco, caso as demais atitudes de prevenção forem negligenciadas. Para se obter um efeito benéfico com o emprego da antibioticoprofilaxia na prevenção da ISC, alguns conceitos devem ser previamente estabelecidos: Os princípios farmacodinâmicos e farmacocinéticos específicos das drogas devem ser respeitados. A indicação e a escolha de antimicrobianos deve ser baseada na literatura e em dados laboratoriais locais. A profilaxia visa a prevenção de ISC, não tendo eficácia comprovada na prevenção de outras complicações infecciosas, como pneumonia, infecção do trato urinário e infecção de cateteres. Por ser de eficácia limitada, a profilaxia com antimicrobianos não substitui as demais medidas de prevenção. A eficácia ou ineficácia de um esquema profilático não é perceptível na prática diária. Assim, torna-se necessária uma vigilância sistemática e a observação de grande número de casos para se avaliar o real valor do esquema. Portanto, casos isolados de ISC ou mesmo taxas elevadas de infecção não podem justificar o uso de profilaxia ou ser controladas com a mesma, a não ser que tenha sido realizada uma avaliação metodologicamente rigorosa. o PRINCÍPIOS FARMACODINÂMICOS E FARMACOCINÉ-TICOS: Início da profilaxia antimicrobiana: Um dos mais importantes princípios para a prescrição de profilaxia antimicrobiana é o momento em que a primeira dose é indicada. A contaminação da ferida operatória ocorre quando há exposição de órgãos e tecidos internos. Portanto, é importante ressaltar que oantimicrobiano deve estar presente em concentrações terapêuticas nos tecidos manipulados, no momento em que há exposição aos microrganismos. Por décadas, os antibióticos utilizados para profilaxia eram administrados na sala de recuperação anestésica e mantidos por períodos de 7 a 10 dias, prática que infelizmente alguns médicos insistem em manter. De uma maneira prática, recomenda-se que aplicação seja feita no momento da indução anestésica. A dose do antimicrobiano a ser utilizada deve ser a habitual. Repetição do antibiótico no intra-operatório: Um parâmetro importante é a concentração tecidual do antimicrobiano. Durante a cirurgia, devido ao traumatismo, ocorrem diversas alterações hemodinâmicas na região do sítio operatório. Por esta razão, o antimicrobiano pode ainda estar presente no soro, mas não nos tecidos manipulados. Sugere-se a administração de uma nova dose do antimicrobiano em períodos fixos ou em caso de perda maciça de sangue. o DURAÇÃO DA PROFILAXIA: Após o término da cirurgia, a contaminação do sítio operatório torna-se rara, embora não impossível. Muitos sustentam a efetividade de dose única para a profilaxia. Existem, entretanto, algumas exceções. Por exemplo, cirurgias nas quais baixos inóculos bacterianos são suficientes para o desenvolvimento de ISC merecem administração de antimicrobianos por um período total de 48 a 72 horas. É o caso do implante de próteses de grande porte. A aderência de bactérias à superfície de materiais inertes, como próteses ou shunts, é o ponto crítico para o desenvolvimento de infecção. o CRITÉRIOS GERAIS PARA A ESCOLHA DO ANTIMICROBIANO: A seleção de antibióticos para profilaxia cirúrgica depende de sua eficácia e segurança. O antibiótico deve: Ter apresentação parenteral; Possuir mínima toxicidade; Ter baixo custo; Ser fraco indutor de resistência; Possuir farmacocinética adequada; Ser dotado de atividade contra a maior parte dos patógenos causadores de isc na instituição Não ser usado no tratamento de infecções nosocomiais graves. O benefício deve ser avaliado comparativamente aos danos possíveis de causar. Por esta razão, drogas de baixa toxicidade como as cefalosporinas e as penicilinas são, muitas vezes, as drogas de primeira escolha. o CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DA PROFILAXIA: No momento da confecção de rotinas para um serviço ou instituição, revisão bibliográfica cuidadosa deve ser realizada. Há literatura disponível indicando quais os principais critérios de utilização e adequação de profilaxia cirúrgica. Indicação baseada no potencial de contaminação: Tradicionalmente, a profilaxia tem sido indicada de acordo com a classificação da ferida operatória. A principal indicação inclui o grupo das cirurgias potencialmente contaminadas ou contaminadas. A profilaxia pode ser, então, indicada nas seguintes condições: Risco de desenvolvimento de ISC é alto, como nas cirurgias de cólon. Risco de desenvolvimento de ISC é baixo, mas se a infecção ocorre, suas conseqüências são potencialmente desastrosas. É o caso de implante de próteses e de cirurgia cardíaca. Embora o risco de ISC seja baixo, o paciente tem uma grande propensão à infecção. Os critérios para se determinar a propensão não estão bem definidos, embora possam ser citados o diabetes descompensado, o uso prolongado de corticosteróides, a desnutrição ou obesidade extremos. Baseada na operação: Na impossibilidade da discussão da indicação da profilaxia em todos os procedimentos, exemplificamos o uso de antibióticos no anexo 1. o RISCOS DA PROFILAXIA A administração de um antimicrobiano não é desprovida de riscos, embora muitos cirurgiões desconheçam ou não levem em consideração estes potenciais danos. Os prejuízos causados pelos antimicrobianos podem ser divididos em três tipos: Prejuízos individuais: o paciente pode desenvolver reações adversas aos antimicrobianos, as quais geralmente são dose-dependentes; no entanto, reações de hipersensibilidade também podem ocorrer; há, ainda, possibilidade de mudança da microbiota normal do paciente. Prejuízos “ecológicos”: o uso de antimicrobianos pode estar associado a um aumento do nível de resistência de toda a instituição, podendo haver transmissão de bactérias resistentes para pacientes que não fizeram uso dos antibióticos. Prejuízos institucionais: o uso de antibióticos profiláticos é oneroso e só será custo-eficaz se utilizada alternativa barata por períodos curtos. o CONTROLE DO USO DE ANTIMICROBIANOS Os antimicrobianos constituem uma categoria única de medicamentos, pois afetam não somente o paciente que faz uso, mas também, de maneira mais ampla, o ambiente microbiológico, interferindo com a flora de outros pacientes e das pessoas que direta ou indiretamente entram em contato. Um grande número de trabalhos documenta a relação entre a emergência de resistência de bactérias e o uso de antimicrobianos. Os médicos, de uma maneira geral, colocam o foco de atendimento no paciente individualmente, sem pesar as conseqüências ecológicas, sobre outros pacientes, para o hospital, para a comunidade. O aumento de resistência dos germes aos antimicrobianos e a maior prevalência destas cepas no hospital, resultando em prolongamento na permanência, maior consumo de antimicrobianos, aumento na morbidade, mortalidade e custo, tem acarretado um problema para os médicos assistentes, para o pessoal de controle de infecção nosocomial e para os administradores hospitalares. A presença de um número cada vez maior de pacientes com diminuição de suas defesas, o uso de novos procedimentos invasivos e de instrumentação, o reconhecimento de novos organismos responsáveis por infecção, são algumas das razões para que os germes multirresistentes tornem-se cada vez mais importantes. O controle ou a erradicação de germes resistentes após tornarem-se endêmicos pode ser bastante difícil. O controle do uso de antimicrobianos, por tudo isso, não é uma opção, mas uma necessidade de toda a comunidade que usufrui ou que trabalha nas instituições de saúde e que não deveria permanecer restrita a estas, mas ser realizado em todos os locais, impedindo ou limitando o consumo e uso incorreto e sem indicação, como a venda sem prescrição, o uso para tratamento de infecções virais, a utilização de subdoses, a promoção abusiva do produto por companhias inescrupulosas, impedindo a prescrição por médicos ansiosos visando a “cobertura de todos os agentes possíveis”. Em poucas palavras, é necessária educação. Princípios do uso correto de antimicrobianos. O critério de uso correto de antimicrobianos nem sempre é fácil de ser estabelecido, podendo sofrer grandes alterações em ambientes com realidades diferentes ou mesmo para um mesmo lugar no decorrer do tempo. Todo profissional deveria estabelecer uma conduta para o tratamento das situações infecciosas mais freqüentes, se possível baseado no perfil de sensibilidade conhecido, com alterações e ajustes regulares conforme seja notada alguma mudança. O clínico deveria trabalhar de forma estreita com o laboratório de microbiologia, para a identificação dos agentes etiológicos e escolha adequada da droga. As novas formulações devem ser reservadas para situações específicas, nas quais se demonstre serem realmente superiores às mais antigas e principalmente no tratamento de germes resistentes. A dose do antimicrobiano deve ser ajustada à intensidade da infecção, à topografia da doença, ao peso do paciente e às funções renal e hepática, evitando-se subdoses ou doses excessivas, que facilitam resistência e aumentam chance de efeitos colaterais. Desde que possível, deve-se escolher a droga com menor espectro de ação, idealmente, que atue somente naquele tecido e contra aquele germe específico. Avia de administração deve ser a mais fácil, com preferência da oral sobre a parenteral. O tempo de tratamento deverá ser determinado pela evolução clínica e laboratorial e pela experiência com casos semelhantes. Deve-se escolher a preparação que apresentar, com os mesmos resultados, o menor custo. Todo hospital deveria ter uma política de uso de antimicrobianos, visando facilitar a prescrição, maior racionalidade do uso, assegurando alguns agentes para o tratamento de infecções potencialmente fatais, diminuindo custos. o MÉTODOS PARA O USO RACIONAL DE ANTIMICROBIANOS E SUA POLÍTICA DE IMPLANTAÇÃO Vários são os métodos possíveis de serem utilizados para alcançar um uso racional de antimicrobianos, mas todos necessitam da participação de vários setores, com ações que envolvem, além do serviço de controle de infecção hospitalar, o laboratório de microbiologia, a farmácia hospitalar e a equipe de atendimento à saúde. Muitas vezes, a melhor proposta não é a utilização de um único método, mas sim o uso concomitante de mais de um deles, sempre após uma ampla discussão com todos os profissionais envolvidos. O programa deve apresentar uma continuidade e estar sempre sendo discutido e reformulado, já que pode ocorrer uma perda de qualidade quando as medidas são relaxadas ou quando há descontinuidade do programa. Divulgação de taxas de resistência e sensibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos periodicamente: O serviço de controle de infecção hospitalar, em conjunto com o laboratório de microbiologia, deve elaborar o perfil de sensibilidade dos germes da instituição, separando, quando possível, aqueles responsáveis por infecções comunitárias daqueles causadores de doença hospitalar. A ampla divulgação dos achados colabora para uma melhor prescrição por parte do corpo clínico, pois permite uma melhor escolha, tanto no uso terapêutico quanto no empírico. Os dados devem ser idealmente consolidados periodicamente, sendo possível estabelecer um perfil da evolução da resistência, comparando-se os diversos períodos verificados. O SCIH deve elaborar relatórios simplificados com os germes mais freqüentes e os principais antimicrobianos testados e estabelecer as melhores estratégias para a sua divulgação. Formulário de prescrição de antibióticos com justificativa do seu emprego: Esta forma de controle baseia-se na obrigatoriedade de preenchimento de um formulário pelo médico quando da prescrição de um antimicrobiano. Os hospitais podem optar por incluir todos os antimicrobianos ou apenas alguns deles (baseando-se em espectro, custos, tempo de existência no mercado etc.) no seu formulário de prescrição. Liberação de antimicrobiano pela farmácia somente após autorização por um membro da CCIH: A farmácia hospitalar somente dispensa o antimicrobiano após análise do caso por um médico membro da CCIH. Alguns hospitais optam pela elaboração de uma lista na qual os antimicrobianos são classificados, quanto ao seu uso, em: liberados, controlados e restritos, sendo estes dois últimos supervisionados diretamente pela CCIH. Resolução do 23 Conselho Federal de Medicina considera ética a liberação de antimicrobianos pela CCIH, em hospitais que têm programa de uso racional de antimicrobianos. Promover rodízio de antibióticos disponíveis no hospital: Esta forma de controle está baseada em trabalhos, não amplamente aceitos, de que pode haver uma melhora da sensibilidade de germes a alguns antimicrobianos se estes não forem utilizados durante um determinado período. Estabelecimento de um programa de utilização de antimicrobianos: Em conjunto com o corpo clínico do hospital, a CCIH deve elaborar rotinas para uso terapêutico e profilático de antimicrobianos, antecipando e padronizando a utilização destas drogas, pelo menos, para as situações mais freqüentes. Deve-se divulgar amplamente a todas as equipes, antes de iniciar o programa de controle. A padronização deve permanecer em local de fácil acesso para consulta pelos profissionais, sempre que necessário. A forma escolhida para o controle, sua execução e os resultados obtidos devem ser periodicamente avaliados e criticados, no intuito de melhorar o programa. A padronização, porém, uma vez instituída, deve permanecer durante algum tempo sem sofrer alterações, ou com poucas mudanças. A intervalos maiores, 2 ou 3 anos, em geral, deve-se realizar uma revisão completa da padronização instituída. o AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS: Deve-se estudar da maneira mais ampla possível as características de consumo na instituição, visando estabelecer as prioridades de atuação. Os dados apurados servirão como padrão inicial para comparação posterior da evolução do programa de controle de consumo de antimicrobianos na instituição. Discussão com a gerência médica sobre a estratégia de implantação da padronização. Um programa de controle de antimicrobianos somente poderá ter bons resultados se houver um efetivo apoio da administração hospitalar, com clareza das propostas e cientes das possibilidades de resultados esperados. o AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE USO CORRETO DE ANTIMICROBIANOS Como já previamente comentado, o programa deve ser periodicamente reavaliado, de uma maneira mais ampla, não somente em relação a diminuição dos custos, mas também em relação aos ganhos indiretos, como na susceptibilidade dos germes. Tabela 1: Tabela 2: Tabela 3: Tabela 4: Tabela 5: Tabela 6: Tabela 7: Tabela 8: Tabela 9: Figura 5: o A IMPORTÂNCIA DO LABORATÓRIO DE MICROBIO-LOGIA O laboratório de microbiologia é considerado suporte fundamental para importantes ações de controle de infecção hospitalar. Na prática diária de um hospital é impossível imaginar que o corpo clínico possa dispensar o diagnóstico microbiológico, o respaldo do antibiograma, bem como a CCIH atuar sem as informações do Laboratório de Microbiologia. Por outro lado, o que adianta contar com recursos de automação para agilizar o resultado microbiológico, se não são observadas normas padronizadas de coleta, podendo-se isolar ou valorizar agentes considerados contaminantes? Um antibiograma realizado sem controle de qualidade pode ser pior que o uso empírico de antimicrobianos. Um simples exame bacterioscópico realizado por técnico experiente pode ser de grande valia para orientar uma conduta terapêutica. Não é possível determinar o diagnóstico etiológico de um processo infeccioso sem contar com o recurso do Laboratório de Microbiologia. Não é possível fazer uma terapêutica racional sem o antibiograma confiável. É difícil fazer uma mudança de antibiótico sem conhecer o agente (pode ser Gram positivo, negativo, fungo, etc.) e sem seu padrão de resistência. Uma CCIH ou SCIH não consegue fazer um efetivo controle do uso de antimicrobianos sem contar com um banco de dados de resistência bacteriana. Sem a participação do Laboratório de Microbiologia não é possível fazer Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares. Não se pode imaginar uma investigação epidemiológica de surto de infecção hospitalar sem contar com o Laboratório de Microbiologia na investigação de fontes potenciais, na revisão de resultados de cultura de pacientes infectados e colonizados, etc. o RECURSOS PARA O LABORATÓRIO DE MICROBIO-LOGIA Inicialmente os equipamentos necessários são apenas uma estufa, autoclave, microscópio, geladeira, bico de Bunsen e um microbiologista. Automação: equipamentos de automação não são fundamentais, mas podem oferecer vantagens como: 1. Agilidade, 2. Realização de exames em grande escala, 3. Padronização de reagentes, 4. Padronização do antibiograma
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