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PROCESSOS-INFLAMATÓRIOS-E-INFECCIOSOS-2

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1 
 
 
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS- 
ETIOLOGIA, FARMACOLOGIA E PROFILAXIA 
 
 
 Sumário 
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS: ETIOLOGIA, 
FARMACOLOGIA E PROFILAXIA .............. Erro! Indicador não definido. 
1 Sumário .......................................................................................... 1 
1- INTRODUÇÃO ........................................................................ 4 
1.1- METODOLOGIA .................................................................. 6 
2- PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS: 
ETIOLOGIA, FARMACOLOGIA E PROFILAXIA ........................................ 7 
3- A MICROCIRCULAÇÃO NORMAL ......................................... 9 
4- PERMEABILIDADE VASCULAR NORMAL .......................... 15 
5- MEMBRANA BASAL: ............................................................ 19 
6- PERICITOS: .......................................................................... 20 
7- MASTÓCITOS: ...................................................................... 20 
8- PADRÕES DE AUMENTO DE PERMEABILIDADE 
VASCULAR 21 
9- VASOS LINFÁTICOS NA INFLAMAÇÄO AGUDA ................ 24 
10- MEDIAÇÃO QUÍMICA DAS ALTERAÇÕES VASCULA-RES 
NA INFLAMAÇÃO AGUDA ....................................................................... 25 
11- CONTROLE HORMONAL DA REAÇÃO INFLAMATÓRIA ... 27 
12- ANTIMICROBIANOS E O CONTROLE DE INFECÇÃO ....... 28 
13- PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AÇÃO ANTIMICROBIANA ........ 28 
14- EFEITO COLATERAL INFREQÜENTE. ................................ 32 
15- RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS ............ 34 
16- USO PROFILÁTICO DE ANTIBIÓTICOS EM CLÍNICA E 
CIRURGIA. QUIMIOPROFILAXIA PARA DOENÇAS INFECCIOSAS. .... 36 
17- ANTIBIOTICOPROFILAXIA CLÍNICA ................................... 37 
18- ENDOCARDITE BACTERIANA ............................................ 38 
19- OFTALMIA NEONATAL ........................................................ 38 
20- ANTIBIOTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA ............................. 39 
21- PRINCÍPIOS FARMACODINÂMICOS E FARMACOCINÉ-
TICOS: 40 
file:///C:/Users/carolina/Desktop/PROCESSOS%20INFLAMATÓRIOS%20E%20INFECCIOSOS%20ETIOLOGIA,%20FARMACOLOGIA%20E%20PROFILAXIA/APOST.%20PROCESSOS%20INFLAMATÓRIOS%20E%20INFECCIOSOS%20ETIOLOGIA,%20FARMACOLOGIA%20E%20PROFILAXIA.docx%23_Toc51955845
file:///C:/Users/carolina/Desktop/PROCESSOS%20INFLAMATÓRIOS%20E%20INFECCIOSOS%20ETIOLOGIA,%20FARMACOLOGIA%20E%20PROFILAXIA/APOST.%20PROCESSOS%20INFLAMATÓRIOS%20E%20INFECCIOSOS%20ETIOLOGIA,%20FARMACOLOGIA%20E%20PROFILAXIA.docx%23_Toc51955845
 
 
22- DURAÇÃO DA PROFILAXIA: ............................................... 41 
23- CRITÉRIOS GERAIS PARA A ESCOLHA DO 
ANTIMICROBIANO: ................................................................................. 41 
24- CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DA PROFILAXIA: .............. 42 
25- RISCOS DA PROFILAXIA ..................................................... 42 
26- CONTROLE DO USO DE ANTIMICROBIANOS ................... 43 
27- MÉTODOS PARA O USO RACIONAL DE 
ANTIMICROBIANOS E SUA POLÍTICA DE IMPLANTAÇÃO ................... 45 
28- AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ANTIMICROBIANOS: ....... 47 
29- AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE USO CORRETO DE 
ANTIMICROBIANOS ................................................................................ 48 
30- A IMPORTÂNCIA DO LABORATÓRIO DE MICROBIO-LOGIA
 55 
31- RECURSOS PARA O LABORATÓRIO DE MICROBIO-LOGIA
 56 
32- EXAME MICROSCÓPICO .................................................... 57 
33- COLETA E INTERPRETAÇÃO DE CULTURAS: .................. 58 
34- PONTA DE CATETER INTRAVASCULAR CENTRAL .......... 59 
35- BOLSA DE SANGUE/ALIMENTAÇÃO PARENTERAL / 
SOROS 60 
36- TRATO RESPIRATÓRIO ...................................................... 60 
37- UROCULTURA ..................................................................... 61 
38- O ANTIBIOGRAMA: .............................................................. 62 
39- A MICROBIOLOGIA NA INVESTIGAÇÃO DE SURTOS ...... 63 
40- CONCLUSÃO ........................................................................ 65 
41- REFERÊNCIAS ..................................................................... 66 
 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas 
de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos 
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e 
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de 
forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir 
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma 
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela 
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
o INTRODUÇÃO 
Em se tratando de um processo complexo, e principalmente devido à 
sua importância em Patologia - lembre-se que é observado no homem e 
animais domésticos com mais freqüência que qualquer processo 
degenerativo, neoplásico, congênito, imune ou tóxico - a inflamação tem sido 
intensamente investigada desde o início da era cristã, quando Celsus (30 a.C.-
36 d.C.) definiu os quatro sinais principais ou cardeais da inflamação (rubor, 
tumor, calor e dor): “Signa inflammationis quatuor sunt: rubor et tumor, cum 
calor et dolor”. 
A estes sinais, Galeno, médico da Antigüidade, segundo alguns 
autores, ou Virchow, segundo outros, no século XIX, acrescentou um quinto 
sinal, a perda de função (functio lesae) da parte afetada. 
A Idade Média pouco ou nada contribuiu para o conhecimento do 
processo inflamatório e para as ciências em geral; pelo menos, não há relatos 
importantes da época sobre o tema. 
Novos avanços na Medicina só vão acontecer na Renascença, com os 
estudos anatômicos realizados pelos italianos. A primeira referência na 
literatura científica sobre o papel salutar da inflamação aparece com a 
publicação em 1794 do livro de John Hunter, médico do Hospital São 
Bartolomeu em Londres, onde afirma que “A inflamação em si mesma não 
deve ser considerada uma enfermidade, mas sim uma condição saudável, 
conseqüência de alguma violência ou padecimento”. 
Mas é na segunda metade do século XIX, com os patologistas alemães 
Virchow, Conheim, Arnold, Ziegler e com o naturalista russo Metchnikoff, que 
o processo inflamatório experimenta novos e importantes avanços - a 
fagocitose, o papel primordial das alterações vasculares, diapedese de células 
do sangue por junções inter-endoteliais. 
 
 
Nessa mesma época, Paul Ehrlich lança a teoria humoral da resposta 
imune, e por esse trabalho divide com Metchnikoff o Prêmio Nobel de 
Medicina em 1906. 
Merece destaque também nesse breve histórico a descrição de Lewis 
(1927) sobre a tríplice resposta cutânea à injúria: eritema local, eritema 
adjacente e edema, em que sugere a participação de uma dada substância H 
(histamina) na mediação do eritema local e do edema, e de terminações 
nervosas (arco reflexo axônico) para o desenvolvimento do eritema adjacente 
secundário. 
A injeção intradérmica de histamina em pele normal induz ao 
aparecimento dessa reação tríplice, e baseado nisso desenvolveu-se o teste 
aplicado no diagnóstico de lepra cutânea. Sem sombra de dúvida, com o 
advento dos microscópios de luz, fluorescência, e mais tarde o eletrônico (de 
transmissão e de varredura), detécnicas histológicas/histoquímicas, 
autorradiografia, e de muitas outras, o nosso conhecimento sobre o processo 
inflamatório tem ampliado de forma exponencial; basta ler a literatura científica 
mundial especializada sobre o assunto. 
Pesquisadores brasileiros também participaram na formação histórica 
da inflamação; não poderíamos deixar de citar aqui, entre outras: 
Maurício Rocha e Silva e colaboradores, pela descoberta em 1949, no 
Instituto Biológico de São Paulo, da bradicinina, um dos mediadores químicos 
do processo; 
Equipes de João Garcia Leme e Sérgio H. Ferreira, discípulos de 
Rocha e Silva, pelas pesquisas desenvolvidas na década de 70, na Faculdade 
de Medicina de Ribeirão Preto-USP, e que contribuíram para um melhor 
conhecimento da participação de células, mediação química e regulação 
neuroendócrina da inflamação e mecanismo de ação de drogas 
antiinflamatórias - esses últimos trabalhos levaram ao Prêmio Nobel de 
Medicina em 1984, ganho pelo pesquisador inglês John Vane, de cuja equipe 
 
 
participou ativamente Sérgio H. Ferreira, e por pesquisadores suecos com 
trabalhos sobre estrutura e metabolismo de prostaglandinas; 
Mario Mariano, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia-
USP, também na década de 70, pelos trabalhos realizados sobre o granuloma 
inflamatório e a teoria de formação de células gigantes no processo pela fusão 
de macrófagos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1- METODOLOGIA 
Para a construção deste material, foi utilizada a metodologia utilizada 
de pesquisa bibliográfica, com o intuito de proporcionar um levantamento de 
maior conteúdo teórico a respeito dos assuntos abordados. 
 
 
Através de pesquisa bibliográfica em diversas fontes, o estudo se 
desenvolve com base na opinião de diversos autores, concluindo que a 
formação e a motivação são energias que conduzem a atividade humana para 
o alcance dos objetivos de excelência na prestação de serviços públicos e 
podem também se converter nos principais objetivos da gestão de pessoas 
no setor público e no fundamento de sua existência. 
Segundo Gil, a pesquisa bibliográfica consiste em um levantamento de 
informações e conhecimentos acerca de um tema a partir de diferentes 
materiais bibliográficos já publicados, colocando em diálogo diferentes 
autores e dados. 
Entende-se por pesquisa bibliográfica a revisão da literatura sobre as 
principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que 
chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode 
ser realizada em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre 
outras fontes. 
 
 
 
 
 
 
o PROCESSOS INFLAMATÓRIOS E INFECCIOSOS: 
ETIOLOGIA, FARMACOLOGIA E PROFILAXIA 
 
ALTERAÇÕES VASCULARES NA INFLAMAÇÃO AGUDA 
 
 
Para uma melhor compreensão e distribuição didática dos assuntos 
envolvidos no processo, a inflamação geralmente é estudada de forma 
compartimentada. 
Assim, os diversos aspectos: vasculares, celulares, mediadores, 
reguladores, exsudativos e proliferativos, apesar de interrelacionados no 
desenvolvimento do processo inflamatório costumam ser apresentados em 
separado. 
As alterações que ocorrem nos vasos sangüíneos da microcirculação 
nas primeiras horas após uma injúria subletal envolvem, em graus variados, 
três tipos de processos, a saber: 
 Modificação no calibre dos vasos e no fluxo sangüíneo; 
 Aumento da permeabilidade vascular; 
 Exsudação de plasma e de células para o meio extravascular. 
Uma vez desenvolvida a reação inicial à injúria, a extensão da 
lesão local dependerá da intensidade, natureza e duração do 
estímulo lesivo. 
Assim, se este for de curta duração, ou rapidamente anulado pelos 
mecanismos de defesa do organismo, as alterações inflamatórias sofrerão 
rápida resolução ou deixarão uma quantidade variável de tecido cicatricial na 
área lesada. 
Entretanto, muitos estímulos nocivos são de duração mais longa e a 
injúria tissular poderá continuar além do período necessário para o 
desenvolvimento completo dos estágios iniciais do processo inflamatório; 
neste caso as alterações subseqüentes na área afetada dependerão da 
natureza do agente lesivo. 
Dessa forma, a inflamação é dividida nos padrões agudo e crônico, 
segundo a idade, duração ou tempo de evolução do processo. A inflamação 
aguda é de curta duração, de alguns minutos ou horas ou um a dois dias, 
dependendo do estímulo causal, e suas principais características são a 
 
 
exsudação de fluidos e proteínas do plasma e emigração de leucócitos, 
predominantemente neutrófilos. 
Como anteriormente citado, qualquer que seja a natureza do agente 
injuriante, a inflamação aguda é mais ou menos estereotipada ou uniforme. 
Isso pressupõe a participação de substâncias comuns no processo, os 
mediadores químicos da inflamação. Já a inflamação crônica é menos 
uniforme. 
De duração mais longa, é associada histologicamente com a presença 
de linfócitos e macrófagos e com a proliferação de vasos sangüíneos 
(neoangiogênese) e do tecido conjuntivo (fibroplasia). Muitas das respostas 
vasculares e celulares são mediadas por fatores químicos derivados da ação 
do estímulo inflamatório sobre células e plasma. 
Uma série desses mediadores agindo em conjunto, ou 
seqüencialmente, influencia então a evolução da resposta inflamatória. 
Mas, é importante lembrar que determinados estímulos como toxinas, 
bactérias e isquemia causam diretamente necrose celular, e o tecido 
necrótico, por sua vez, pode desencadear a secreção de mediadores da 
inflamação. 
o A MICROCIRCULAÇÃO NORMAL 
A microvasculatura é constituída de vasos sangüíneos com diâmetro 
menor que 100 µm, ou seja arteríolas, capilares e vênulas (Fig. 1). Os vasos 
que a constituem são formados basicamente, como os da macrovasculatura, 
por: endotélio e espaço subendotelial (túnica íntima), fibras musculares lisas 
(túnica média), e elementos fibrilares e celulares do tecido conjuntivo 
(adventícia), em variadas proporções e espessuras. 
Por exemplo, os capilares são desprovidos de fibras musculares, e 
possuem tão somente um endotélio, membrana basal e pericitos. 
 
 
ESTRUTURA: embora o padrão detalhado da microcirculação varie- 
nos diversos tecidos, existe um arranjo anatômico básico comum de 
pequenos vasos sangüíneos pelo corpo. O sangue entra na microcirculação 
por um vaso com uma parede muscular espessa, a arteríola, e a deixa via 
vênulas maiores e de parede fina. 
As arteríolas e as vênulas são unidas pelas metarteríolas, que tem uma 
estrutura intermediária entre arteríolas e capilares, e por capilares. Como já 
ressaltado, fibras musculares lisas estão ausentes da parede dos capilares, 
mas na sua origem fibras musculares circundam as metarteríolas para formar 
o esfincter pré-capilar. 
Alguns capilares são maiores e chamados de canais preferenciais, e 
outros menores que são os verdadeiros capilares. As conexões entre as 
células endoteliais (junções endoteliais) são do tipo fascia occludens em 
alguns capilares e do tipo zonula occludens em outros. 
A estrutura occludens (junção ocludente), revelado através de técnicas 
de criofratura, caracteriza-se por uma aposição estreita das camadas mais 
externas das membranas plasmáticas de células vizinhas. Há uma fusão 
dessas camadas em alguns pontos aonde as proteínas da membrana se 
sobressaem. 
Figura 1: 
 
 
 
A fusão desses pontos forma uma estrutura em forma de rede que é 
mais densa nas células epiteliais da bexiga, por exemplo, e mais escassa 
entre as células endoteliais, permitindo certa permeabilidade. 
A estrutura zonula indica que essa rede circunda toda a célula e a fascia 
que a rede está presente apenas em determinados pontos da membrana (não 
contínuo). As junções intercelulares do endotélio vascular variam 
caracteristicamente de um segmento para o outro na microvasculatura: 
 Nas arteríolas,o endotélio apresenta junções contínuas e bem 
elaboradas (junções ocludentes com sulcos e saliências 
complementares bem organizadas) apresentando junções 
comunicantes interpoladas; 
 No endotélio capilar há junções ocludentes formadas por fibras 
ramificadas ou alternadas; não se encontram junções 
comunicantes; 
 Nas vênulas pericíticas as junções ocludentes são frouxamente 
organizadas (fascia), apresentando descontinuidade nos sulcos 
e saliências complementares. Não foram encontradas junções 
comunicantes nestes vasos; 
 Nas vênulas musculares encontram-se junções semelhantes às 
encontradas nas vênulas pericíticas (sulcos e saliências 
descontínuos). 
 Além disso, elas apresentam junções comunicantes isoladas de menor 
tamanho e em menor freqüência do que nas arteríolas. 
FUNÇÄO: o fluxo sangüíneo pelos capilares não é contínuo; ocorre por 
uma série de esguichos ocasionados pela contração intermitente de 
metarteríolas e esfíncteres precapilares. 
Os eritrócitos passam ao longo dos capilares em fila única devido ao 
pequeno diâmetro do vaso, e podem se deformar ao passarem por vasos 
menores. 
 
 
Os capilares não são utilizados ao mesmo tempo em tecidos em 
repouso, e a proporção de eritrócitos/plasma varia em diferentes capilares em 
uso - uma condição conhecida por "skimming" do plasma. 
Nos vasos mais calibrosos, tanto arteríolas como vênulas, o fluxo 
sangüíneo é dividido em duas zonas - uma periférica, com plasma e quase 
desprovida de células, e uma corrente axial ou central com eritrócitos e 
glóbulos brancos em contato íntimo. 
Esse padrão é conseqüência do fluxo laminar em todos os vasos 
sangüíneos maiores que capilares. No fluxo laminar, a velocidade aumenta e 
a pressão lateral diminui progressivamente da parede vascular para o centro 
da corrente. 
Conseqüentemente, os elementos figurados acumulam-se na parte 
central de pressão baixa da corrente do fluxo sangüíneo, produzindo o 
chamado fluxo axial. O fluxo sangüíneo total pelos diferentes tecidos varia 
bastante em diversos estados fisiológicos. 
Aumento de atividade como exercício muscular, secreção glandular ou 
absorção intestinal, por exemplo, é geralmente acompanhado por aumento do 
fluxo sangüíneo na área ativa. 
Acredita-se que uma atividade miogênica intrínseca da parede vascular 
e fatores humorais e neurogênicos sejam os principais controles do fluxo em 
arteríolas e vênulas. 
Esses fatores, no entanto, parecem ter importância secundária na 
regulação intrínseca do fluxo no leito vascular terminal. O fluxo capilar parece 
ser modulado por substâncias da atividade tissular liberadas localmente. 
Modificação no calibre dos vasos e no fluxo sangüíneo. Pode ser observada 
em tecidos finos e translúcidos, como o mesentério e saco linfático da rã, ou 
orelha do coelho. 
Descrições detalhadas sobre estas alterações foram feitas 
primeiramente por Julius Conheim no final do século XIX. Começam logo 
 
 
após a injúria, desenvolvendo-se em várias gradações dependendo da 
severidade do estímulo. 
Tais alterações ocorrem na seguinte ordem: 
 Inicialmente há uma vasoconstricção arteriolar transiente, isto é, 
de curta duração. É um achado inconstante e, em formas mais 
brandas de injúria, desaparece em três a cinco segundos. 
Parece estar associada à liberação de substâncias, como a 
adrenalina, atuando sobre a musculatura lisa vascular. Em 
injúrias mais severas, como queimaduras, a vasoconstricção 
pode durar muitos minutos; neste caso, parece estar associada 
a trauma direto do calor sobre a parede vascular, causando 
necrose da mesma. 
 O próximo e fundamental evento é a vasodilatação. Ela envolve 
primeiro as arteríolas e depois resulta na abertura de novos 
leitos microvasculares na área, resultando em aumento do fluxo 
sangüíneo local - a principal característica das alterações 
hemodinâmicas iniciais na inflamação aguda, e responsável 
pelo rubor e calor, dois dos sinais cardeais da inflamação de 
Celsus. Nesse estágio, o aumento do volume sangüíneo nos 
vasos dilatados pode resultar no aumento da pressão 
hidrostática local, suficiente para causar transudação de fluído 
pobre em proteínas para o espaço extravascular. O fluxo pelos 
vasos sangüíneos dilatados é extremamente rápido de início. A 
dilatação venular ocorre pela ação de mediadores químicos 
liberados localmente, principalmente a histamina, e a dilatação 
arteriolar devido a reflexo axônico antidrômico, aquele que não 
chega ao SNC, como relatado primeiro por Lewis (1927). 
 Segue-se a diminuição da velocidade do sangue devido ao 
aumento da permeabilidade vascular, com a saída de fluído rico 
em proteína para os tecidos extravasculares. 
 
 
Entretanto, evidências experimentais de trabalhos do laboratório do Dr. 
Garcia Leme, nos anos 70, envolvendo marcação de proteínas plasmáticas 
com azul de Evans e edema de pata de rato induzido por carragenina, um 
irritante químico derivado de algas marinhas, contrariam o que foi dito até 
agora e apontam inicialmente, em torno de 30 minutos, um aumento de 
permeabilidade vascular a proteínas plasmáticas. 
Com o aumento da pressão colóide osmótica do fluido extravascular, 
ocorreria uma maior permeabilidade à água e eletrólitos, resultando em 
edema inflamatório, que atinge seu pico entre 4 e 6 horas (Fig. 2). 
Essas alterações resultam na concentração de eritrócitos em vasos 
pequenos e aumento da viscosidade do sangue. Em cortes histológicos, esse 
fenômeno é representado por vasos dilatados repletos de hemácias, a estase. 
Figura 2: 
 
 Enquanto a estase se desenvolve, pode-se ver a orientação 
periférica dos leucócitos, principalmente neutrófilos, ao longo do 
endotélio vascular, processo denominado de marginação 
leucocitária. 
 
 
Os leucócitos se aderem à parede endotelial, primeiro de forma 
transiente, depois mais avidamente; logo depois, migram ativamente através 
de diapedese pela parede do vaso, por entre junções interendoteliais, em 
direção ao espaço extravascular; é a migração leucocitária. Hemácias 
também migram, porém de forma passiva, aproveitando a saída dos 
leucócitos. 
A escala de tempo desses acontecimentos é variável. Com estímulos 
brandos a estase pode não se tornar aparente senão até 15 a 30 minutos pós-
estímulo, enquanto que, com lesões mais severas, a estase pode ocorrer em 
alguns minutos. 
Além do mais, se o agente injuriante é difusível ou se existe um 
gradiente de injúria, os vasos mais próximos ao estímulo apresentam 
alterações hemodinâmicas rápidas e severas, enquanto na periferia as 
alterações são mais brandas. 
o PERMEABILIDADE VASCULAR NORMAL 
De acordo com a hipótese de Starling, o equilíbrio normal de fluidos é 
mantido por dois tipos de forças opostas: a pressão osmótica do fluído 
intersticial e a pressão hidrostática intravascular; que determinam a saída do 
fluído da circulação; e a pressão osmótica das proteínas plasmáticas e 
pressão hidrostática dos tecidos, que induzem a entrada de fluído na 
circulação. 
O equilíbrio dessas forças é mantido de modo que existe nos capilares 
musculares periféricos um pequeno, mas nítido movimento de líquidos para 
fora dos vasos, mas que normalmente é drenado para os linfáticos, evitando 
assim a formação de edema. 
A permuta normal de líquidos depende muito de um endotélio intacto. 
O endotélio normal é um epitélio fino pavimentoso simples, adaptado de forma 
a permitir a permuta livre e rápida de água e de pequenas moléculas entre o 
plasma e o interstício, porém capaz de limitar a passagem das proteínas 
 
 
plasmáticas com restrição crescente conforme aumenta o tamanho da 
molécula protéica. 
O revestimento endotelial de todas as arteríolas e vênulas e da maioria 
dos capilares no organismo é do tipo contínuo, possuindo uma camada 
citoplasmática ininterrupta com junções intercelulares intimamente apostas. 
O endotélio fenestrado é característicode glândulas endócrinas, 
intestino e glomérulo renal, enquanto que o endotélio descontínuo ou aberto 
é observado no fígado, baço e medula óssea. Estudos fisiológicos explicam a 
permeabilidade vascular normal para pequenas moléculas hidrosolúveis pela 
existência de pequenos poros preenchidos por água, com 6 nm de raio. 
Postula-se também a existência de sistema de grandes poros (25 nm 
de raio) para explicar as pequenas quantidades de proteínas e outros solutos 
maiores que normalmente atravessam a parede capilar. Microscopistas 
eletrônicos admitem que as vesículas micropinocíticas representam os poros 
grandes. 
Não se sabe ao certo o equivalente morfológico do sistema de poros 
pequenos. Existem duas hipóteses: uma delas estabelece que o sistema de 
poros pequenos é representado por canais transendoteliais contínuos, 
formados pela fusão de vesículas pinocíticas (transcitose), e a outra sugere 
que junções intercelulares abertas transferem as pequenas moléculas 
hidrosolúveis através da parede capilar (Fig. 3). 
É nas pequenas vênulas que existem as junções intercelulares 
estruturalmente menos complexas e mais permeáveis. Além disso, essas 
junções constituem estruturas lábeis e suscetíveis de serem alargadas por 
inúmeros fatores físicos e químicos. Na realidade, a maioria dos mediadores 
químicos da inflamação induz o aumento da permeabilidade vascular através 
do aumento das lacunas ("gaps") existentes nas junções intercelulares 
endoteliais. 
 
 
Várias moléculas polianiônicas, como as sialoglicoproteínas e heparan 
sulfato, estão localizadas em domínios específicos da superfície luminal do 
endotélio (vesículas, fenestras, junções intercelulares). Esses locais aniônicos 
podem muito bem representar um papel na permeabilidade vascular normal e 
aumentada, repelindo moléculas aniônicas e facilitando o transporte de 
proteínas catiônicas. 
Deve-se ainda ressaltar que, apesar de sua estrutura relativamente 
simples, a célula endotelial vascular é metabólica e funcionalmente ativa, 
capaz de secretar uma variedade de substâncias biologicamente ativas. 
Essas incluem prostaciclina (PGI2), fatores pró-coagulantes (fator VIII) e 
anticoagulantes (ativador do plasminogênio) e proteínas do tecido conjuntivo 
(colágeno). Bases morfológicas do aumento de permeabilidade vascular. 
Figura 3: 
 
ESTUDO EXPERIMENTAL: 
O aumento da permeabilidade vascular pode ser demonstrado ou 
quantificado experimentalmente de várias maneiras: 
 Medida do volume de exsudato em pleurisia ou edema de pata 
induzido experimentalmente; 
 Avaliação do extravasamento em locais inflamados de proteínas 
plasmáticas marcadas com corantes injetados (p.e. azul de 
Evans) ou com isótopos radioativos (p.e. iôdo); 
 
 
 Marcação vascular com carvão coloidal (ou tinta da China) em 
cremáster ou diafragma de ratos. As partículas de carvão 
extravasam através do endotélio com permeabilidade 
aumentada, porém são retidas na membrana basal. 
As alterações estruturais da parede vascular responsáveis pelo 
aumento da permeabilidade vascular induzida por mediadores do tipo da 
histamina foram inicialmente descritos por Majno e Palade (1961) e Majno, 
Palade e Schoefl (1961). 
Estes autores descobriram que estes agentes causavam uma abertura 
transiente das junções entre células endoteliais adjacentes formando lacunas 
de 0,1 - 0,4 µm de largura. Nesses casos não há evidência de lesão 
concomitante do citoplasma da célula endotelial, e quando o vazamento 
("leakage") cessa, as células se aproximam novamente para refazer uma 
junção morfologicamente normal. 
A formação de lacunas parece ser mediada pela ativação de proteínas 
contráteis do citoplasma das células endoteliais. Sugere-se que estas 
proteínas sejam representadas por filamentos de actina-miosina (Gabbiani e 
Majno, 1980). 
De qualquer forma, isso leva à separação das células endoteliais a 
partir de suas junções. Majno e colaboradores (1969) demonstraram em 
fotomicrografias que a forma de células adjacentes à lacuna se alterava de 
modo compatível ao de uma contração ativa, podendo-se ver núcleos 
sanfonados em células endoteliais contraídas. 
Desde os trabalhos de Guido Majno no início dos anos 60, tornou-se 
claro que a formação de "gaps" interendoteliais e também o vazamento de 
fluidos e proteínas dos vasos sangüíneos (não danificados) na inflamação 
ocorre primariamente nas vênulas. 
 
 
Entretanto, vasos sangüíneos de tamanho e estrutura similares em 
tecidos diferentes podem variar quanto à sua resposta a fatores de 
permeabilidade. 
Assim, vênulas de alguns órgãos sólidos, tais como testículo, rim, 
glândula salivar, SNC, mucosa do intestino delgado e de alvéolos pulmonares 
e em tecido de granulação recente, não reagem à histamina. 
A razão dessa resposta variada dos vasos a esses fatores é 
desconhecida. A contração das células endoteliais das vênulas se dá pela 
ação de mediadores químicos; sabe-se que tais células endoteliais são as que 
possuem receptores para mediadores químicos da inflamação em maior 
concentração. 
Estudos de Jancsó e colaboradores durante a década de 60 sugerem 
um aumento da permeabilidade vascular de natureza neurogênica, que dar-
se-ia pela liberação da substância "P" (que aumenta a permeabilidade) 
quando a inervação sensitiva é estimulada. 
O bloqueio desse processo pode ser obtido pelo pré-tratamento com 
capsaicina - substância extraída do condimento paprika - que degenera as 
fibras "C" e que possuem receptores para a substância "P". 
Quanto à permeabilidade vascular por injúria direta dos vasos, 
devemos ter em mente que, embora pouco se saiba sobre o metabolismo de 
células endoteliais lesadas, seria normal supor a existência de um intervalo 
entre o estímulo lesivo desses elementos e o aparecimento de suas 
conseqüências funcionais, o aumento da permeabilidade, como acontece em 
outros tipos celulares. 
o MEMBRANA BASAL: 
É provável que cada célula endotelial participe da edificação de sua 
própria membrana basal que atua como suporte e como conexão do endotélio 
com os tecidos vizinhos. 
 
 
Ao mesmo tempo quando da lesão da célula endotelial, uma membrana 
basal íntegra, presumivelmente, atua como guia das células em regeneração. 
A membrana basal tem permeabilidade seletiva e sugere-se que trate-
se da principal barreira de filtração (Majno, 1965); água e pequenas moléculas 
passam livremente, já partículas coloidais acima de 100 å são retidas. 
Na inflamação os leucócitos passam livremente pela membrana basal 
(Grant, 1965) graças aos seus movimentos amebóides. A passagem de 
eritrócitos, embora passiva, não é ainda bem entendida. 
o PERICITOS: 
Até o momento é difícil decidir se os pericitos são meramente células 
pluripotenciais, capazes de se diferenciar em várias direções, ou se 
desempenham algum papel na contração e permeabilidade vasculares (Majno 
e cols., 1969). 
Uma outra função atribuída aos pericitos é a sua habilidade em 
fagocitar material estranho (Majno e Palade, 1961 e Tanaka, 1960). Estão 
presentes em capilares e vênulas. 
o MASTÓCITOS: 
Embora não façam parte da barreira endotelial, há tempos suspeita-se 
de sua participação na regulação do sistema microcirculatório devido à sua 
proximidade com as paredes vasculares. Por enquanto, sabe-se que 
participam em fenômenos patológicos envolvendo aumento da 
permeabilidade vascular pela produção e liberação de histamina e serotonina 
estocadas em grânulos citoplasmáticos. 
O aumento da permeabilidade vascular é observado clinicamente sob 
a forma de edema. A passagem de proteínas plasmáticas (albumina, 
globulinas e fibrinogênio) para o meio extravascular altera a diferença entre 
as pressões osmóticas intra e extravascular, favorecendo a saída de água e 
eletrólitos do vaso, que leva ao aparecimento de edema. 
 
 
Como já explicado anteriormente (Fig. 2), existe uma nítida dissociaçãono tempo entre o máximo aumento da permeabilidade vascular e a máxima 
intensidade de edema. 
Pelo menos em inflamações induzidas por estímulos de média 
intensidade, o fenômeno se desenvolve em duas fases: uma primeira 
caracterizada pelo aumento da permeabilidade vascular a proteínas 
plasmáticas e uma fase seguinte, na qual as proteínas já acumuladas no 
interstício favorecem a exsudação de água e eletrólitos para o meio 
extravascular, mantendo o desenvolvimento do edema. 
o PADRÕES DE AUMENTO DE PERMEABILIDADE 
VASCULAR 
Através do uso de técnicas experimentais, já citadas, demonstraram-
se padrões variáveis de permeabilidade vascular aumentada na pele de 
animais expostos a lesões de severidade variável (Fig. 4). 
A classificação nesses padrões surgiu a partir de determinadas formas 
de injúria vascular envolvendo mediadores "clássicos" (histamina e 
bradicinina) e lesão da microvasculatura pelo calor. Em uma inflamação 
"natural", mais de um tipo de padrão pode se desenvolver. 
Figura 4: 
 
 
 
 Resposta imediata transitória: começa imediatamente após o 
estímulo lesivo, atinge um máximo em 5 a 10 minutos e 
desaparece dentro de 15 a 30 minutos. A resposta é induzida 
pela histamina, como em picadas de insetos, e por outros 
mediadores químicos (serotonina, bradicinina) em injúrias de 
fraca intensidade, como o aquecimento da pele de cobaia a 54°C 
por 5 segundos. É também a resposta típica da erupção alérgica 
vista na hipersensibilidade do tipo I e na urticária. 
O aumento de permeabilidade ocorre apenas nas vênulas pequenas a 
médias, mas com menos de 100 µm de diâmetro, devido ao aparecimento de 
aberturas ("gaps") interendoteliais. O porquê da ação dos mediadores do tipo 
da histamina exclusivamente nas junções de vênulas é ainda incerto, mas há 
alguma evidência de que o endotélio venular tem uma concentração maior de 
receptores para histamina que o endotélio arteriolar e capilar. 
Essa resposta pode ser inibida por antagonistas de receptores anti-H1 
da histamina, como o Fenergan e Benadril. 
 
 
 Resposta imediata prolongada: presente nas injúrias severas, 
normalmente associadas com a necrose de células endoteliais. 
O aumento da permeabilidade começa imediatamente após o 
estímulo lesivo e se mantém em níveis altos por horas e continua 
por um ou mais dias, até que o vaso lesado seja reparado ou 
sofra trombose. Neste caso todos os vasos da microcirculação 
são afetados, incluindo vênulas, arteríolas e capilares. O 
mecanismo de aumento de permeabilidade vascular, no caso, 
parece ser uma lesão direta pelo estímulo nocivo. 
Um exemplo clássico e marcante é o observado após queimadura 
grave. Experimentalmente, este tipo de permeabilidade vascular pode ser 
observado injetando-se subcutaneamente dextrana em coxim plantar de pata 
de rato. 
 Resposta tardia prolongada: é um tipo curioso de resposta que 
se inicia após uma pausa, e dura diversas horas ou mesmo dias 
e envolve vênulas e capilares. Nos capilares, o vazamento 
("leakage") se deve à lesão direta do endotélio pelo estímulo 
inicial. 
A microscopia eletrônica demonstrou que esse vazamento é 
predominantemente intercelular, mas curiosamente não há contração da 
célula endotelial. 
Não se sabe porque há a formação de "gaps" no leito capilar, nem 
porque o vazamento é tardio. Trata-se de uma resposta relativamente comum 
e que pode ser visto após lesão térmica de branda a moderada, após 
irradiação por raios X ou ultravioleta, com certas toxinas bacterianas e nas 
reações de hipersensibilidade tardias (tipo IV). 
Um exemplo comum dessa resposta tardia é observável nas 
queimaduras do sol que podem ser vistas apenas horas depois que a pessoa 
deixou a praia. 
 
 
Embora seja possível separar os três padrões em modelos 
experimentais, na maioria das reações inflamatórias acidentais os padrões se 
sobrepõem. 
Isso ocorre porque existe uma intensidade graduada da lesão do centro 
para a periferia da área afetada. Além disso, mediadores químicos diferentes 
podem ser ativados em fases consecutivas da resposta inflamatória, e serem 
responsáveis, assim, por respostas mantidas e prolongadas. 
o VASOS LINFÁTICOS NA INFLAMAÇÄO AGUDA 
O sistema de vasos linfáticos tem uma estrutura especialmente 
adaptada para recolher proteínas extravasculares e devolvê-las para a 
circulação sangüínea. 
A entrada de marcadores grandes como o carvão coloidal, injetados 
nos tecidos extravasculares entram nos linfáticos via junções intercelulares, 
que parecem estar abertas nos tecidos normais ou abrem-se por estímulos 
fisiológicos triviais. 
Na inflamação, quando da exsudação, os linfáticos terminais da área 
afetada estão bastante dilatados e muito mais proeminentes do que nos 
tecidos normais, isso devido a filamentos finos que unem a superfície externa 
dos linfáticos com estruturas extravasculares e que são distendidos no caso 
de acúmulos nessa região; há também um aumento no número de lacunas 
("gaps") no endotélio desses vasos. 
Os mecanismos de formação desses "gaps" são desconhecidos. O 
exsudato proveniente dos vasos sangüíneos inflamados entra nos linfáticos 
terminais via essas aberturas, portanto, a drenagem da área inflamada 
aumenta tanto em volume como em conteúdo protéico. 
Dessa forma, edema local irá surgir apenas se a taxa de formação de 
exsudato dos pequenos vasos sangüíneos excederem a capacidade de 
remoção do mesmo dos linfáticos. 
 
 
o MEDIAÇÃO QUÍMICA DAS ALTERAÇÕES 
VASCULA-RES NA INFLAMAÇÃO AGUDA 
Sr Thomas Lewis (1927) foi o primeiro a sugerir a ação de mediadores 
químicos na inflamação. Baseou-se em um experimento simples, que ficou 
conhecido como resposta tríplice cutânea à injúria. 
Neste, a pele do antebraço de um indivíduo normal foi pressionado por 
um instrumento pontiagudo, quando então três alterações nítidas foram 
observadas: 
 Primeiro surgiu uma linha vermelho escura (hiperemia) dentro 
de segundos ao longo da área riscada; 
 Na seqüência, um halo avermelhado brilhante (hiperemia 
secundária) apareceu em torno da linha inicial, efeito esse 
relacionado com arco reflexo axônico; e 
 Por fim tornou-se evidente uma tumefação e esbranquiçamento 
do local (edema inflamatório). Lewis observou ainda que o halo 
vermelho podia ser abolido pela secção dos nervos sensitivos 
locais da pele, mas que nem a marca vermelha inicial, nem a 
tumefação subseqüente podiam ser abolidos dessa maneira. 
Ele sugeriu que uma substância humoral, semelhante a histamina, 
liberada dos tecidos lesados poderia ser a causa da linha vermelho escura 
que ele relacionou com a vasodilatação, assim como a tumefação ele 
relacionou com a permeabilidade vascular local aumentada. 
Atualmente uma série de mediadores químicos, com atuação sobre a 
vasculatura, é conhecida. Merecem destaques: 
1. Aminas vasoativas - a histamina e a serotonina estão relacionadas 
com a primeira fase do aumento de permeabilidade. Estão normalmente 
estocadas em grânulos citoplasmáticos de mastócitos, basófilos e plaquetas. 
Causam também vasodilatação. 
2. Proteases plasmáticas 
 
 
2.1. Sistema complemento: as anafilatoxinas C3a e C5a aumentam a 
permeabilidade vascular pela liberação da histamina de mastócitos e 
plaquetas. O C5a também ativa a via lipoxigenase em neutrófilos e 
macrófagos levando à formação de outros mediadores que aumentam a 
permeabilidade vascular. 
2.2. Cininas plasmáticas: formadas pela ativação do fator XII da 
coagulação sangüínea (ou de Hageman), levam à formação da bradicinina, 
potente agente vasodilatador e que aumenta a permeabilidade vascular, 
descoberta em 1949 por Rocha e Silva e colaboradores. 
2.3. Sistema de coagulação: via sistema fibrinolítico ativa o fator de 
Hageman. 
3. Metabólitos do ácido araquidônico 
3.1. Pela via ciclooxigenase: prostaciclina (PGI2), que promove 
vasodilatação; tromboxano A2, que produz vasoconstricção;PGE, que induz 
vasodilatação; 
3.2. Pela via lipoxigenase: endoperóxidos HPETE, que promove 
vasoconstricção e aumento da permeabilidade vascular; leucotrienos C4, D4, 
E4, responsáveis por vasoconstricção e aumento da permeabilidade vascular; 
e leucotrienos B4 e HHt, que produzem aumento da permeabilidade vascular. 
4. Constituintes lisossômicos: proteínas catiônicas dos grânulos 
azurófilos dos neutrófilos aumentam a permeabilidade vascular, diretamente 
ou via mastócitos. 
5. Radicais livres de oxigênio: aumento da permeabilidade vascular por 
lesão celular com a ativação do C5a, por exemplo. 
6. Fator ativador de plaquetas: causa vasoconstricção, em 
concentrações muito baixas, aumento da permeabilidade e vasodilatação, 
estimula a síntese de prostaglandinas e leucotrienos. 
 
 
7. Citocinas: a interleucina 1 (IL-1) e o TNF estimulam a síntese de 
PGI2, um potente vasodilatador, pelas células endoteliais. 
o CONTROLE HORMONAL DA REAÇÃO 
INFLAMATÓRIA 
Há considerável interação entre o sistema neuroendócrino e o 
componente vascular da inflamação. A reatividade vascular e a resposta 
inflamatória são afetadas pelos níveis de hormônios circulantes, portanto, 
disfunções endócrinas podem alterar as respostas microcirculatórias. 
Nesse sentido, Garcia Leme e cols. (1974) demonstraram que o 
diabetes diminui a resposta a fatores de permeabilidade, como resultado da 
utilização deficiente de glicose. 
A administração de insulina restaura, temporariamente, a atividade 
funcional dos vasos da microcirculação, possuindo assim o hormônio 
atividade pró-inflamatória. 
Por outro lado, corticosteróides exercem efeitos antiinflamatórios 
modificando as reações vasculares do processo (Garcia Leme e Wilhelm, 
1975). 
A cortisona induz vasoconstricção e reduz o fluxo sangüíneo e a 
exsudação vascular (Ashton e Cook, 1952). O glucagon, segundo Garcia 
Leme (1975), atua como hormônio antiinflamatório, de forma indireta, 
elevando os níveis sangüíneos de corticosteróides. 
Uma atividade pró-inflamatória de linfócitos em inflamação aguda não 
imune, através da produção e liberação de um ou mais fatores pró-
inflamatórios, foi descrita por Bechara e Garcia Leme em meados da década 
de 70 e confirmada por Bechara e Willoughby nos anos 80. 
Tais fatores, estruturalmente semelhantes à glutationa, que por sua vez 
é desprovida de ação inflamatória, desempenhariam papel semelhante ao de 
um hormônio, exercendo seus efeitos até em pequenas doses. 
 
 
o ANTIMICROBIANOS E O CONTROLE DE 
INFECÇÃO 
Antimicrobianos 
Princípios Gerais 
Com o início do uso clínico dos antimicrobianos, no final da década de 
40, estes agentes têm uma participação cada vez maior na prescrição médica. 
É inegável a importância do desenvolvimento de drogas 
antimicrobianas na melhoria da qualidade de assistência à saúde na 
humanidade. 
Entretanto, os recursos utilizados com antibióticos em todo o mundo 
atingem proporções vultuosas e sua parcela nos custos da assistência à 
saúde tende a aumentar. Somente nos Estados Unidos, estima-se que mais 
de 2 bilhões de dólares sejam gastos atualmente com pacientes internados. 
O custo dos antimicrobianos representa de 30 a 50% do total gasto 
pelos hospitais com medicamentos. 
o PRINCÍPIOS BÁSICOS DA AÇÃO 
ANTIMICROBIANA 
A ação antimicrobiana acontece a partir da ligação do antibiótico a um 
sítio alvo na bactéria, interrompendo uma função bacteriana essencial. 
O mecanismo específico mediante o qual os antibióticos provocam a 
morte celular pode variar para cada grupo de antimicrobianos. O 
antimicrobiano para agir deverá atingir uma concentração ideal no local de 
infecção, ser capaz de atravessar, de forma passiva ou ativa, a parede celular, 
apresentar afinidade pelo seu sítio de ligação no interior da bactéria e 
permanecer um tempo suficiente para exercer seu efeito inibitório. 
Farmacocinética - analisa o comportamento do organismo em relação 
aos medicamentos. Para sua ação, os fármacos necessitam estar em 
concentrações satisfatórias no seu local de ação. Em geral, a farmacocinética 
 
 
estuda a maneira como os medicamentos se dispõem no organismo, a partir 
do conhecimento dos parâmetros da extensão e velocidade de absorção, 
distribuição e eliminação deles e também de seus metabólitos pelo organismo, 
e envolvem o entendimento de como ocorre a passagem através de 
membranas celulares. 
Volume de distribuição - é uma medida fictícia, que indica o volume 
em que uma quantidade específica do medicamento administrado parece se 
distribuir e é extremamente dependente das propriedades físico-químicas do 
agente, em especial do grau de ligação às proteínas. 
Biodisponibilidade - define a quantidade do medicamento que chega 
a corrente circulatória, na forma ativa, com efeito biológico. Pode haver, por 
exemplo absorção completa da droga administrada por via oral, mas sendo 
destruída quase totalmente no fígado, com pequena biodisponibilidade. Uma 
droga que é pouco absorvida apresenta pequena biodisponibilidade. 
Ligação às proteínas - os antibióticos se ligam de maneira variada às 
proteínas presentes no plasma, tais como a albumina, alfa-1-glicoproteína 
ácida e lipoproteínas. O laboratório clínico refere-se à concentração do 
medicamento como sendo a concentração total da droga, tanto a parte ligada 
à proteína, quanto aquela livre no plasma. A parte livre ou não ligada às 
proteínas é a farmacologicamente ativa, responsável pela atividade 
microbiológica do antibiótico. 
 Meia-vida – O termo meia-vida em geral se refere ao tempo 
necessário para a eliminação de 50% da dose da droga pelo organismo. É um 
parâmetro que depende fundamentalmente das modificações do volume de 
distribuição ou de depuração, sendo útil quando há necessidade de se 
determinar questões referentes ao grau de equilíbrio ou qual o tempo 
necessário para a retirada de toda a medicação do organismo. Também tem 
importância para determinar os intervalos das doses dos antibióticos. 
 
 
Depuração (ou clearance) - este parâmetro farmacocinético é definido 
como o volume de líquido depurado do medicamento por unidade de tempo, 
geralmente ocorrendo de forma constante e não dependente da sua 
concentração. Alguns fatores, como metabolismo e secreção tubular renal, 
podem modificar essa relação. A eliminação das drogas no organismo é 
realizada principalmente através dos rins e do fígado, embora algumas 
possam ser eliminadas pelo pulmão, trato gastrointestinal ou pele. 
Farmacodinâmica - as propriedades farmacodinâmicas ou a 
correlação entre a concentração do agente e efeito antimicrobiano de 
determinado grupo de antibióticos depende da integração de duas áreas 
relacionadas: sua atividade microbiológica e a farmacocinética. Já que não é 
possível determinar as concentrações dos medicamentos no local onde 
atuam, utilizamos três variáveis, para poder avaliar a atividade antimicrobiana 
da droga: 
 Concentração Inibitória Mínima (CIM), que representa a menor 
concentração de um composto capaz de inibir atividade de um 
microrganismo sob condições conhecidas. 10 
 Concentração Bactericida Mínima (CBM), traduzida pela 
concentração mínima de um medicamento, que reduz em quase 
100% a contagem bacteriana inicial, sob condições próprias de 
incubação e de tempo. 
 Efeito pós-antibiótico (EPA), que se refere à capacidade de uma 
droga, após exposição limitada do microrganismo à 
concentração inibitória, manter a supressão persistente e 
significativa do seu crescimento, mesmo havendo uma 
concentração subinibitória no local da infecção, isto é, é o tempo 
necessário para que uma bactéria sobrevivente a uma breve 
exposição a um antibiótico retome seu crescimento. 
Este efeito é bem descrito para os aminoglicosídeos e as quinolonas. 
 
 
Efeito colateral dos antibióticos - a utilização dos antibióticos em 
medicina, apesar dos extraordinários efeitoscurativos, pode causar efeitos 
indesejáveis, que por vezes colocam a vida do paciente em risco ou 
determinam seqüelas orgânicas. 
A iatrogenia decorrente da antibioticoterapia é com freqüência 
inevitável, já que resulta das ações tóxicas ou irritantes inerentes ao 
medicamento ou de manifestações de hipersensibilidade do hospedeiro, ou 
ainda alterações metabólicas e biológicas que se operam no paciente devidas 
à ação do antibiótico em uso. 
Efeitos colaterais de natureza irritativa - Praticamente todos os 
antibióticos podem provocar reações indesejáveis no local da administração 
da droga em uso, em função da apresentação farmacêutica, da dose, do 
tempo de uso e do indivíduo. 
Estes efeitos são divididos em três grupos, de acordo com a via de 
administração: 
Efeitos irritativos gastrointestinais: O emprego de antibióticos por via 
oral pode provocar efeitos irritantes primários na mucosa gastrointestinal, que 
se manifestam por dor abdominal, sensação de queimação gástrica, náuseas, 
vômitos, flatulência, hipóxia e diarréia. Estes efeitos são particularmente 
observados com o uso de eritromicina, penicilina V, tetraciclina, lincomicinas, 
ampicilina e cloranfenicol. 
Efeitos irritativos para o músculo: A administração de antibióticos 
intramuscular provoca dor e induração local da injeção e até mesmo a 
formação de necrose e abscessos frios. Entre os antibióticos que causam 
fenômenos dolorosos estão a penicilina G benzatina, fosfomicina, kanamicina, 
cefalosporinas e eritromicina. 
Efeitos irritativos para a veia: A administração intravenosa de certos 
antibióticos provoca dor e flebites, devido ao efeito cáustico sobre o endotélio. 
 
 
Entre eles citam-se a anfotericina B, vancomicina, tetraciclina, penicilina G 
cristalina e as penicilinas semi-sintéticas. 
Efeitos colaterais de natureza alérgica- Como toda substância para uso 
terapêutico, os antibióticos são capazes também de provocar o aparecimento 
de reações de hipersensibilidade das mais variada natureza e gravidade, às 
vezes fatais. 
Estas reações podem ser imediatas ou tardias. 
As reações imediatas, aquelas que se manifestam em seguida ou 
algumas horas após a exposição ao antígeno, têm no choque anafilático a 
expressão mais severa. 
Entre os efeitos tardios, que aparecem horas ou dias após a exposição 
podemos citar as erupções urticariformes e síndrome de Stevens-Johnson. 
Efeitos colaterais de natureza tóxica - Assim como os antibióticos agem 
sobre a célula bacteriana, podem agir também sobre a célula humana e 
provocar lesões. 
A toxicidade depende da substância, da dose utilizada e da duração do 
tratamento, ocorrendo certa variação individual no que concerne ao tempo de 
aparecimento e à intensidade da manifestação tóxica. 
Tal variação está relacionada à idade e estado de funcionamento das 
vias de metabolização e eliminação das drogas. 
São exemplos de reações de natureza tóxica: Reações neurotóxicas: 
Bloqueio neuromuscular: Foram descritos com o uso de aminoglicosídeos 
intratecais e intraperitoneais, seguido do uso de anestésicos voláteis. 
o EFEITO COLATERAL INFREQÜENTE. 
Ototoxicidade: Classicamente descrito com o uso de aminoglicosídeos, 
este efeito ocorre mais frequentemente em situações de uso de doses 
elevadas, longa duração do tratamento, uso de diuréticos de alça, 
 
 
desidratação, insuficiência renal preexistente e associação com outras drogas 
nefro e ototóxicas. 
Reações nefrotóxicas: São freqüentes com determinados antibióticos e 
seu aparecimento depende muitas vezes da dose administrada e do tempo de 
utilização, quando os nefrons são expostos a elevadas concentrações. Entre 
as alterações específicas que podem ser provocadas pelos antibióticos, 
destacam-se como principais: necrose tubular proximal, síndrome de Fanconi 
e nefrite intersticial. Neste grupo estão incluídos os aminoglicosídeos, 
anfotericina B e as tetraciclinas. 
Reações gastrointestinais: Ocorre com mais freqüência 
secundariamente às alterações da ecologia bacteriana, relacionadas à rotura 
do equilíbrio entre germe e hospedeiro. 
A manifestação mais grave deste fato é representada pela colite 
pseudomembranosa, ocasionada pelo crescimento do Clostridium difficile, 
ligado ao uso de qualquer antibiótico, principalmente cefalosporinas de 
terceira geração, penicilinas, clindamicina e vancomicina. 
Os antibióticos são capazes, ainda, de comprometer o fígado. Reações 
hepáticas têm sido citadas constantemente, principalmente com uso de 
macrolídeos, tetraciclinas, anfotericina B, novobiocina, rifampicina, penicilinas 
semi-sintéticas e cefalosporinas. 
Reações hematológicas: Entre as várias drogas de ação tóxica para a 
hematopoese, destacam-se o cloranfenicol, a anfotericina B e o ganciclovir. 
Reações metabólicas: Os antibióticos podem interferir com o 
metabolismo do hospedeiro, inibindo a síntese protéica, bloqueando 
parcialmente a produção de anticorpos, a função fagocitária e a quimiotáxica 
dos leucócitos. Destacam-se as tetraciclinas, que levam a efeitos deletérios 
para o feto durante o período de gestação. 
 
 
o RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIBIÓTICOS 
Como resultado dos mecanismos de resistência desenvolvidos por 
praticamente todos os germes, muitos antibióticos, que facilmente inibiam 
microrganismos, estão tornando-se inefetivos. O reconhecimento de que 
microrganismos são capazes de resistir a agentes físicos e químicos data do 
início da era antimicrobiana. 
Inicialmente o problema da resistência foi parcialmente resolvido com 
a descoberta e lançamento de novas drogas e modificação das já existentes, 
porém a capacidade de adquirir resistência e transmiti-la é superior à 
velocidade de lançamento de novas formulações. 
Também é preocupante a quase ausência de antibióticos com novos 
mecanismos de ação, que poderiam dificultar o surgimento de resistência, 
sendo que os novos lançamentos quase que exclusivamente compreendem 
pequenas modificações em grupos de antibióticos já amplamente utilizados. 
O alto custo para o desenvolvimento e comercialização de um único 
produto, calculado nos EUA ser de US$100 a US$ 350 milhões é um fator 
limitante fundamental para o desenvolvimento de novas drogas. 
O entendimento de como a bactéria desenvolve resistência e sua 
epidemiologia é da maior importância para a síntese de novas drogas e para 
o desenvolvimento de outras formas de combate aos agentes infecciosos. 
Existem descritos seis mecanismos para aparecimento e disseminação 
de bactérias resistentes: 
 Através da introdução, por pacientes, por profissionais ou por 
produtos comerciais contaminados, de alguns organismos 
resistentes, procedentes da comunidade ou de outra instituição; 
 Através da aquisição de resistência por mutação genética por 
cepas previamente susceptíveis; 
 Através da aquisição de resistência por material genético 
transferível; 
 
 
 Através da emergência de resistência induzível já presente em 
algumas cepas na população; - através da seleção de 
subpopulações resistentes; 
 Através da disseminação de organismos inerentemente 
resistentes. Vários são os mecanismos que as bactérias 
apresentam para desenvolver resistência às drogas. 
 Uma bactéria pode tornar-se resistente por um ou por uma 
associação destes mecanismos. 
A resistência de germes gram negativos a antibióticos b-lactâmicos, por 
exemplo, é uma combinação de diminuição da entrada, produção de b-
lactamase e diminuição de afinidade pelos sítios de ligação. 
Os principais mecanismos de resistência são: 
 Alteração no sítio de ligação; 
 Inativação ou destruição enzimática; 
 Diminuição da entrada ou aumento retirada do antibiótico; 
Estratégias preventivas na disseminação de resistência são 
fundamentais e devem ser aplicadas em todos os hospitais. 
Entre elas, destacam-se: - Medidas de vigilância e isolamento de 
pacientes com cepas multirresistentes:A adoção de medidas visando identificação precoce de pacientes 
portadores ou infectados com cepas de germes multirresistentes, adotando 
os procedimentos apropriados para o seu isolamento é capaz de minimizar a 
transferência para outros pacientes, assim como a colonização de pessoal de 
atendimento com esta cepas. 
Medidas para diminuir a mutação e a transferência genética: Quando 
há uma grande concentração de microrganismos, existe um risco aumentado 
de surgimento de resistência por mutação ou por transferência de material 
genético. 
 
 
A erradicação de reservatórios de microrganismos com grande 
capacidade de apresentar resistência pode ser uma estratégia para o controle 
de sua disseminação. 
Medidas para diminuir a pressão seletiva através do uso correto de 
antimicrobianos: Dentre as várias condições que alteram o ambiente 
determinando uma seleção dos germes mais aptos a sobreviver e proliferar, 
destaca-se o uso de antimicrobianos. 
Várias evidências demonstram uma relação direta entre o uso de 
antimicrobianos e o aumento de resistência, particularmente com compostos 
mais recentes e com maior espectro de ação. 
o USO PROFILÁTICO DE ANTIBIÓTICOS EM CLÍNICA 
E CIRURGIA. QUIMIOPROFILAXIA PARA 
DOENÇAS INFECCIOSAS. 
Refere-se ao uso de uma droga por um paciente com risco aumentado 
para o desenvolvimento de infecção, tendo por objetivo reduzir a incidência 
de doença e morte. 
O cálculo deste risco deve ser baseado, especialmente, em 
levantamentos epidemiológicos e decorre de exposição não rotineira a um 
agente infeccioso, a uma diminuição das defesas naturais ou à doença de 
base do paciente. 
Profilaxia, portanto, não se aplica a situações em que já existe uma 
doença infecciosa instalada. 
Para sucesso da quimioprofilaxia, algumas condições básicas devem 
ser observados os seguintes aspectos: 
 o antimicrobiano utilizado deve agir contra o(s) agente(s) 
responsável ou mais freqüentemente responsável pelo tipo de 
infecção em questão, de forma a impedir ou abortar a 
manifestação de doença; 
 
 
 o risco de infecção deve ser significante, tanto em relação à sua 
incidência quanto à sua gravidade; 
 a segurança da utilização do antimicrobiano, com relação aos 
seus efeitos colaterais, deve superar as complicações 
esperadas ou supostas da infecção; 
 as concentrações teciduais do antimicrobiano devem ser 
adequadas no momento e durante todo o período de risco. 
Pode-se, portanto, estabelecer previamente quais as condições 
que são aptas para a quimioprofilaxia e padronizar quais as 
drogas que devem ser empregadas. 
Mudanças podem ocorrer, baseadas no avanço dos conhecimentos, 
em alterações na etiologia e na susceptibilidade aos agentes antimicrobianos. 
A escolha do melhor esquema deve ser amparada em trabalhos publicados e 
em dados fornecidos pelo laboratório de microbiologia local. 
Faz-se necessário pontuar que não há consenso em relação aos 
protocolos, com diferenças de orientação entre diversas insttituições, devendo 
a escolha ser feita, sempre que possível, após ampla discussão com os 
profissionais responsáveis pela sua indicação. 
o ANTIBIOTICOPROFILAXIA CLÍNICA 
Serão listadas as principais situações e as drogas mais freqüentemente 
indicadas, apesar de haver inúmeras dúvidas em relação à eficácia. 
Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae tipo b, 
Corynebacterium diphtheriea e Mycobacterium tuberculosis a quimioprofilaxia 
contra estas bactérias é de grande importância em saúde pública. 
Suas indicações deverão seguir as normas emanadas dos serviços 
públicos de saúde. 
Streptococcus do grupo A - Casos de erisipela ou celulite recorrentes, 
causadas por Streptococcus pyogenes em pacientes com linfedema, podem 
ser prevenidos com o uso mensal de penicilina benzatina. 
 
 
Streptococcus do grupo B - Pode-se prevenir a colonização e a doença 
neonatal pelo S. agalactiae através da administração no período intraparto de 
penicilina ou ampicilina à mulher de risco aumentado de transmissão (trabalho 
de parto prematuro, ruptura prematura de membrana, febre intraparto, 
multípara, ruptura de membrana maior que 18 horas) ou para com colonização 
reconhecida. 
Streptococcus ?-hemolítico do grupo A – Pacientes com história de 
febre reumática apresentam maior risco de recorrência se desenvolverem 
infecção estreptocócica sintomática ou assintomática, estando indicada 
profilaxia contínua. 
o ENDOCARDITE BACTERIANA 
Em geral, recomenda-se a profilaxia para endocardite nas seguintes 
situações: válvulas cardíacas prostéticas; endocardite bacteriana prévia, 
mesmo na ausência de doença cardíaca; a maioria das malformações 
cardíacas congênitas; disfunção valvar adquirida, reumática ou de outra 
etiologia, mesmo após cirurgia valvar; cardiomiopatia hipertrófica; e prolapso 
de valva mitral com regurgitação valvular. 
A profilaxia está indicada para aqueles procedimentos que causem 
bacteremia que mais freqüentemente determinem endocardite 
(procedimentos odontológicos que causem sangramento gengival ou de 
mucosa, incluindo limpeza; tonsilectomia e adenoidectomia; procedimentos 
ou cirurgias que envolvam mucosa intestinal e respiratória; broncoscopia com 
broncoscópio rígido, entre outros). 
o OFTALMIA NEONATAL 
A oftalmia neonatal, freqüentemente causada por clamídea ou por 
gonococo, acomete crianças nas primeiras 2 semanas de vida. 
O uso tópico de nitrato de prata, tetraciclina ou eritromicina diminui a 
ocorrência de infecção pela N. gonorrheae, mas altera pouco a infecção por 
clamídea 
 
 
o ANTIBIOTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA 
A antibioticoprofilaxia permanece sendo uma das principais 
responsáveis pelo uso incorreto de antimicrobianos no hospital e a sua 
realização de forma discutida e padronizada um dos pontos mais importantes 
do programa de controle de antibióticos. 
A prevenção da infecção de sítio cirúrgico (ISC) é constituída por 
medidas muitas vezes complexas e de difícil aplicação, envolvendo múltiplos 
profissionais, revisão de rotinas e mudanças de atitude e comportamento. Por 
esta razão, uma simplificação, através de uma abordagem farmacológica para 
prevenção de ISC é bastante atrativa. 
Entretanto, depositar toda a responsabilidade da prevenção de 
infecções no uso de um fármaco, embora possa ser uma conduta simples e 
prática para o cirurgião, pode se tornar um risco, caso as demais atitudes de 
prevenção forem negligenciadas. 
Para se obter um efeito benéfico com o emprego da antibioticoprofilaxia 
na prevenção da ISC, alguns conceitos devem ser previamente estabelecidos: 
Os princípios farmacodinâmicos e farmacocinéticos específicos das 
drogas devem ser respeitados. A indicação e a escolha de antimicrobianos 
deve ser baseada na literatura e em dados laboratoriais locais. 
A profilaxia visa a prevenção de ISC, não tendo eficácia comprovada 
na prevenção de outras complicações infecciosas, como pneumonia, infecção 
do trato urinário e infecção de cateteres. 
Por ser de eficácia limitada, a profilaxia com antimicrobianos não 
substitui as demais medidas de prevenção. A eficácia ou ineficácia de um 
esquema profilático não é perceptível na prática diária. 
Assim, torna-se necessária uma vigilância sistemática e a observação 
de grande número de casos para se avaliar o real valor do esquema. Portanto, 
casos isolados de ISC ou mesmo taxas elevadas de infecção não podem 
 
 
justificar o uso de profilaxia ou ser controladas com a mesma, a não ser que 
tenha sido realizada uma avaliação metodologicamente rigorosa. 
o PRINCÍPIOS FARMACODINÂMICOS E 
FARMACOCINÉ-TICOS: 
Início da profilaxia antimicrobiana: 
Um dos mais importantes princípios para a prescrição de profilaxia 
antimicrobiana é o momento em que a primeira dose é indicada. A 
contaminação da ferida operatória ocorre quando há exposição de órgãos e 
tecidos internos. 
Portanto, é importante ressaltar que oantimicrobiano deve estar 
presente em concentrações terapêuticas nos tecidos manipulados, no 
momento em que há exposição aos microrganismos. 
Por décadas, os antibióticos utilizados para profilaxia eram 
administrados na sala de recuperação anestésica e mantidos por períodos de 
7 a 10 dias, prática que infelizmente alguns médicos insistem em manter. De 
uma maneira prática, recomenda-se que aplicação seja feita no momento da 
indução anestésica. 
A dose do antimicrobiano a ser utilizada deve ser a habitual. Repetição 
do antibiótico no intra-operatório: Um parâmetro importante é a concentração 
tecidual do antimicrobiano. 
Durante a cirurgia, devido ao traumatismo, ocorrem diversas alterações 
hemodinâmicas na região do sítio operatório. Por esta razão, o antimicrobiano 
pode ainda estar presente no soro, mas não nos tecidos manipulados. 
Sugere-se a administração de uma nova dose do antimicrobiano em 
períodos fixos ou em caso de perda maciça de sangue. 
 
 
o DURAÇÃO DA PROFILAXIA: 
Após o término da cirurgia, a contaminação do sítio operatório torna-se 
rara, embora não impossível. Muitos sustentam a efetividade de dose única 
para a profilaxia. 
Existem, entretanto, algumas exceções. Por exemplo, cirurgias nas 
quais baixos inóculos bacterianos são suficientes para o desenvolvimento de 
ISC merecem administração de antimicrobianos por um período total de 48 a 
72 horas. É o caso do implante de próteses de grande porte. 
A aderência de bactérias à superfície de materiais inertes, como 
próteses ou shunts, é o ponto crítico para o desenvolvimento de infecção. 
o CRITÉRIOS GERAIS PARA A ESCOLHA DO 
ANTIMICROBIANO: 
A seleção de antibióticos para profilaxia cirúrgica depende de sua 
eficácia e segurança. 
O antibiótico deve: 
 Ter apresentação parenteral; 
 Possuir mínima toxicidade; 
 Ter baixo custo; 
 Ser fraco indutor de resistência; 
 Possuir farmacocinética adequada; 
 Ser dotado de atividade contra a maior parte dos patógenos 
causadores de isc na instituição 
 Não ser usado no tratamento de infecções nosocomiais graves. 
O benefício deve ser avaliado comparativamente aos danos possíveis 
de causar. 
Por esta razão, drogas de baixa toxicidade como as cefalosporinas e 
as penicilinas são, muitas vezes, as drogas de primeira escolha. 
 
 
o CRITÉRIOS PARA INDICAÇÃO DA PROFILAXIA: 
No momento da confecção de rotinas para um serviço ou instituição, 
revisão bibliográfica cuidadosa deve ser realizada. Há literatura disponível 
indicando quais os principais critérios de utilização e adequação de profilaxia 
cirúrgica. 
Indicação baseada no potencial de contaminação: 
Tradicionalmente, a profilaxia tem sido indicada de acordo com a 
classificação da ferida operatória. A principal indicação inclui o grupo das 
cirurgias potencialmente contaminadas ou contaminadas. 
A profilaxia pode ser, então, indicada nas seguintes condições: 
 Risco de desenvolvimento de ISC é alto, como nas cirurgias de 
cólon. 
 Risco de desenvolvimento de ISC é baixo, mas se a infecção 
ocorre, suas conseqüências são potencialmente desastrosas. 
É o caso de implante de próteses e de cirurgia cardíaca. Embora o risco 
de ISC seja baixo, o paciente tem uma grande propensão à infecção. Os 
critérios para se determinar a propensão não estão bem definidos, embora 
possam ser citados o diabetes descompensado, o uso prolongado de 
corticosteróides, a desnutrição ou obesidade extremos. 
Baseada na operação: 
Na impossibilidade da discussão da indicação da profilaxia em todos 
os procedimentos, exemplificamos o uso de antibióticos no anexo 1. 
o RISCOS DA PROFILAXIA 
A administração de um antimicrobiano não é desprovida de riscos, 
embora muitos cirurgiões desconheçam ou não levem em consideração estes 
potenciais danos. 
Os prejuízos causados pelos antimicrobianos podem ser divididos em 
três tipos: 
 
 
Prejuízos individuais: o paciente pode desenvolver reações adversas 
aos antimicrobianos, as quais geralmente são dose-dependentes; no entanto, 
reações de hipersensibilidade também podem ocorrer; há, ainda, 
possibilidade de mudança da microbiota normal do paciente. 
Prejuízos “ecológicos”: o uso de antimicrobianos pode estar associado 
a um aumento do nível de resistência de toda a instituição, podendo haver 
transmissão de bactérias resistentes para pacientes que não fizeram uso dos 
antibióticos. 
Prejuízos institucionais: o uso de antibióticos profiláticos é oneroso e 
só será custo-eficaz se utilizada alternativa barata por períodos curtos. 
o CONTROLE DO USO DE ANTIMICROBIANOS 
Os antimicrobianos constituem uma categoria única de medicamentos, 
pois afetam não somente o paciente que faz uso, mas também, de maneira 
mais ampla, o ambiente microbiológico, interferindo com a flora de outros 
pacientes e das pessoas que direta ou indiretamente entram em contato. 
Um grande número de trabalhos documenta a relação entre a 
emergência de resistência de bactérias e o uso de antimicrobianos. 
Os médicos, de uma maneira geral, colocam o foco de atendimento no 
paciente individualmente, sem pesar as conseqüências ecológicas, sobre 
outros pacientes, para o hospital, para a comunidade. 
O aumento de resistência dos germes aos antimicrobianos e a maior 
prevalência destas cepas no hospital, resultando em prolongamento na 
permanência, maior consumo de antimicrobianos, aumento na morbidade, 
mortalidade e custo, tem acarretado um problema para os médicos 
assistentes, para o pessoal de controle de infecção nosocomial e para os 
administradores hospitalares. 
A presença de um número cada vez maior de pacientes com diminuição 
de suas defesas, o uso de novos procedimentos invasivos e de 
 
 
instrumentação, o reconhecimento de novos organismos responsáveis por 
infecção, são algumas das razões para que os germes multirresistentes 
tornem-se cada vez mais importantes. 
O controle ou a erradicação de germes resistentes após tornarem-se 
endêmicos pode ser bastante difícil. O controle do uso de antimicrobianos, por 
tudo isso, não é uma opção, mas uma necessidade de toda a comunidade 
que usufrui ou que trabalha nas instituições de saúde e que não deveria 
permanecer restrita a estas, mas ser realizado em todos os locais, impedindo 
ou limitando o consumo e uso incorreto e sem indicação, como a venda sem 
prescrição, o uso para tratamento de infecções virais, a utilização de 
subdoses, a promoção abusiva do produto por companhias inescrupulosas, 
impedindo a prescrição por médicos ansiosos visando a “cobertura de todos 
os agentes possíveis”. 
Em poucas palavras, é necessária educação. Princípios do uso correto 
de antimicrobianos. 
O critério de uso correto de antimicrobianos nem sempre é fácil de ser 
estabelecido, podendo sofrer grandes alterações em ambientes com 
realidades diferentes ou mesmo para um mesmo lugar no decorrer do tempo. 
Todo profissional deveria estabelecer uma conduta para o tratamento 
das situações infecciosas mais freqüentes, se possível baseado no perfil de 
sensibilidade conhecido, com alterações e ajustes regulares conforme seja 
notada alguma mudança. 
O clínico deveria trabalhar de forma estreita com o laboratório de 
microbiologia, para a identificação dos agentes etiológicos e escolha 
adequada da droga. 
As novas formulações devem ser reservadas para situações 
específicas, nas quais se demonstre serem realmente superiores às mais 
antigas e principalmente no tratamento de germes resistentes. 
 
 
A dose do antimicrobiano deve ser ajustada à intensidade da infecção, 
à topografia da doença, ao peso do paciente e às funções renal e hepática, 
evitando-se subdoses ou doses excessivas, que facilitam resistência e 
aumentam chance de efeitos colaterais. 
Desde que possível, deve-se escolher a droga com menor espectro de 
ação, idealmente, que atue somente naquele tecido e contra aquele germe 
específico. 
Avia de administração deve ser a mais fácil, com preferência da oral 
sobre a parenteral. O tempo de tratamento deverá ser determinado pela 
evolução clínica e laboratorial e pela experiência com casos semelhantes. 
Deve-se escolher a preparação que apresentar, com os mesmos 
resultados, o menor custo. Todo hospital deveria ter uma política de uso de 
antimicrobianos, visando facilitar a prescrição, maior racionalidade do uso, 
assegurando alguns agentes para o tratamento de infecções potencialmente 
fatais, diminuindo custos. 
o MÉTODOS PARA O USO RACIONAL DE 
ANTIMICROBIANOS E SUA POLÍTICA DE 
IMPLANTAÇÃO 
Vários são os métodos possíveis de serem utilizados para alcançar um 
uso racional de antimicrobianos, mas todos necessitam da participação de 
vários setores, com ações que envolvem, além do serviço de controle de 
infecção hospitalar, o laboratório de microbiologia, a farmácia hospitalar e a 
equipe de atendimento à saúde. 
Muitas vezes, a melhor proposta não é a utilização de um único método, 
mas sim o uso concomitante de mais de um deles, sempre após uma ampla 
discussão com todos os profissionais envolvidos. 
O programa deve apresentar uma continuidade e estar sempre sendo 
discutido e reformulado, já que pode ocorrer uma perda de qualidade quando 
as medidas são relaxadas ou quando há descontinuidade do programa. 
 
 
Divulgação de taxas de resistência e sensibilidade dos microrganismos 
aos antimicrobianos periodicamente: O serviço de controle de infecção 
hospitalar, em conjunto com o laboratório de microbiologia, deve elaborar o 
perfil de sensibilidade dos germes da instituição, separando, quando possível, 
aqueles responsáveis por infecções comunitárias daqueles causadores de 
doença hospitalar. 
A ampla divulgação dos achados colabora para uma melhor prescrição 
por parte do corpo clínico, pois permite uma melhor escolha, tanto no uso 
terapêutico quanto no empírico. 
Os dados devem ser idealmente consolidados periodicamente, sendo 
possível estabelecer um perfil da evolução da resistência, comparando-se os 
diversos períodos verificados. 
O SCIH deve elaborar relatórios simplificados com os germes mais 
freqüentes e os principais antimicrobianos testados e estabelecer as melhores 
estratégias para a sua divulgação. 
Formulário de prescrição de antibióticos com justificativa do seu 
emprego: Esta forma de controle baseia-se na obrigatoriedade de 
preenchimento de um formulário pelo médico quando da prescrição de um 
antimicrobiano. 
Os hospitais podem optar por incluir todos os antimicrobianos ou 
apenas alguns deles (baseando-se em espectro, custos, tempo de existência 
no mercado etc.) no seu formulário de prescrição. 
Liberação de antimicrobiano pela farmácia somente após autorização 
por um membro da CCIH: A farmácia hospitalar somente dispensa o 
antimicrobiano após análise do caso por um médico membro da CCIH. 
Alguns hospitais optam pela elaboração de uma lista na qual os 
antimicrobianos são classificados, quanto ao seu uso, em: liberados, 
controlados e restritos, sendo estes dois últimos supervisionados diretamente 
pela CCIH. 
 
 
Resolução do 23 Conselho Federal de Medicina considera ética a 
liberação de antimicrobianos pela CCIH, em hospitais que têm programa de 
uso racional de antimicrobianos. 
Promover rodízio de antibióticos disponíveis no hospital: Esta forma de 
controle está baseada em trabalhos, não amplamente aceitos, de que pode 
haver uma melhora da sensibilidade de germes a alguns antimicrobianos se 
estes não forem utilizados durante um determinado período. 
Estabelecimento de um programa de utilização de antimicrobianos: Em 
conjunto com o corpo clínico do hospital, a CCIH deve elaborar rotinas para 
uso terapêutico e profilático de antimicrobianos, antecipando e padronizando 
a utilização destas drogas, pelo menos, para as situações mais freqüentes. 
Deve-se divulgar amplamente a todas as equipes, antes de iniciar o programa 
de controle. 
A padronização deve permanecer em local de fácil acesso para 
consulta pelos profissionais, sempre que necessário. 
A forma escolhida para o controle, sua execução e os resultados 
obtidos devem ser periodicamente avaliados e criticados, no intuito de 
melhorar o programa. 
A padronização, porém, uma vez instituída, deve permanecer durante 
algum tempo sem sofrer alterações, ou com poucas mudanças. A intervalos 
maiores, 2 ou 3 anos, em geral, deve-se realizar uma revisão completa da 
padronização instituída. 
o AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE 
ANTIMICROBIANOS: 
Deve-se estudar da maneira mais ampla possível as características de 
consumo na instituição, visando estabelecer as prioridades de atuação. Os 
dados apurados servirão como padrão inicial para comparação posterior da 
evolução do programa de controle de consumo de antimicrobianos na 
instituição. 
 
 
Discussão com a gerência médica sobre a estratégia de implantação 
da padronização. Um programa de controle de antimicrobianos somente 
poderá ter bons resultados se houver um efetivo apoio da administração 
hospitalar, com clareza das propostas e cientes das possibilidades de 
resultados esperados. 
o AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE USO CORRETO 
DE ANTIMICROBIANOS 
Como já previamente comentado, o programa deve ser periodicamente 
reavaliado, de uma maneira mais ampla, não somente em relação a 
diminuição dos custos, mas também em relação aos ganhos indiretos, como 
na susceptibilidade dos germes. 
Tabela 1: 
 
Tabela 2: 
 
 
 
Tabela 3: 
 
Tabela 4: 
 
 
 
Tabela 5: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 6: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 7: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 8: 
 
 
 
Tabela 9: 
 
 
Figura 5: 
 
 
 
o A IMPORTÂNCIA DO LABORATÓRIO DE 
MICROBIO-LOGIA 
 O laboratório de microbiologia é considerado suporte fundamental para 
importantes ações de controle de infecção hospitalar. Na prática diária de um 
hospital é impossível imaginar que o corpo clínico possa dispensar o 
diagnóstico microbiológico, o respaldo do antibiograma, bem como a CCIH 
atuar sem as informações do Laboratório de Microbiologia. 
 
 
Por outro lado, o que adianta contar com recursos de automação para 
agilizar o resultado microbiológico, se não são observadas normas 
padronizadas de coleta, podendo-se isolar ou valorizar agentes considerados 
contaminantes? 
Um antibiograma realizado sem controle de qualidade pode ser pior 
que o uso empírico de antimicrobianos. Um simples exame bacterioscópico 
realizado por técnico experiente pode ser de grande valia para orientar uma 
conduta terapêutica. 
Não é possível determinar o diagnóstico etiológico de um processo 
infeccioso sem contar com o recurso do Laboratório de Microbiologia. Não é 
possível fazer uma terapêutica racional sem o antibiograma confiável. 
É difícil fazer uma mudança de antibiótico sem conhecer o agente 
(pode ser Gram positivo, negativo, fungo, etc.) e sem seu padrão de 
resistência. 
Uma CCIH ou SCIH não consegue fazer um efetivo controle do uso de 
antimicrobianos sem contar com um banco de dados de resistência 
bacteriana. Sem a participação do Laboratório de Microbiologia não é possível 
fazer Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares. 
Não se pode imaginar uma investigação epidemiológica de surto de 
infecção hospitalar sem contar com o Laboratório de Microbiologia na 
investigação de fontes potenciais, na revisão de resultados de cultura de 
pacientes infectados e colonizados, etc. 
o RECURSOS PARA O LABORATÓRIO DE 
MICROBIO-LOGIA 
Inicialmente os equipamentos necessários são apenas uma estufa, 
autoclave, microscópio, geladeira, bico de Bunsen e um microbiologista. 
Automação: equipamentos de automação não são fundamentais, mas 
podem oferecer vantagens como: 
 
 
1. Agilidade, 
2. Realização de exames em grande escala, 
3. Padronização de reagentes, 
4. Padronização do antibiograma

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