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1 INFECÇÃO HOSPITALAR: IMPORTÂNCIA GLOBAL NO CONTEXTO DE SAÚDE 2 Sumário NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 3 DEFINIÇÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR ............................................................... 4 HISTÓRICO DA INFECÇÃO HOSPITALAR .............................................................. 6 TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES HOSPITALARES .............................................. 9 TIPOS DE INFECÇÃO HOSPITALAR ...................................................................... 12 BIOSSEGURANÇA .................................................................................................. 18 TIPOS DE ISOLAMENTO ......................................................................................... 21 CCIH ......................................................................................................................... 23 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM CCIH ............................................................. 25 DESINFECÇÃO ........................................................................................................ 26 ESTERILIZAÇÃO ..................................................................................................... 27 TRATAMENTO DAS INFECÇÕES HOSPITALARES .............................................. 30 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39 3 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 DEFINIÇÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR As Instituições de Saúde se deparam com inúmeros desafios relacionados com a prevenção e o tratamento da Infecção Hospitalar. Muitos pacientes são contaminados durante a internação, aumentando a duração da hospitalização, bem como, em casos mais graves, a lesões irreversíveis ou até o óbito. A propagação de patógenos representa atualmente um dos principais problemas na assistência. Desse modo, profissionais de saúde, devem conhecer essa temática e estar constantemente colocando em prática estas informações. É necessário lembrar que são responsáveis e corresponsáveis durante as atividades laborais dentro do ambiente hospitalar. BRASIL (1992), define Infecção Hospitalar como qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou após o paciente ter recebido alta. Essa infecção deve estar relacionada com a internação ou com os procedimentos realizados durante esta. Outro determinante importante ressaltado pelo Ministério da Saúde é o de que quando se desconhecer o período de incubação do patógeno, e não houver evidência clínica e/ou dado laboratorial de infecção no momento da admissão, deve considerar-se Infecção Hospitalar: Toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 horas após a admissão do paciente; Aquelas infecções manifestadas antes de 72 (setenta e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos, realizados depois da admissão; Todas as infecções no recém-nascido são consideradas hospitalares com exceção das transmitidas de forma transplacentária, que é a disseminação, através da placenta, pelo contato do sangue materno com o sangue do bebê. O diagnóstico de infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de: evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário; resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de antígenos e anticorpos e métodos de 5 visualização; e evidências de estudos com métodos de imagem; endoscopia; biópsia e outros (BRASIL, 1992). Cabe ressaltar que as IHs podem ocorrer após a alta do paciente, desde que ligada a fatores relacionados à hospitalização. As bactérias resistentes a múltiplos antimicrobianos representam um desafio no controle das infecções (MURRAY, 1991). Segundo PITTET (2005), as IHs influenciam o aumento das despesas assistenciais, pois aumentam o período de internação, o consumo de drogas, realização de mais exames diagnósticos, além da elevação dos índices de morbimortalidade. SILVA (2003), afirma que o controle da infecção hospitalar tornou- se uma necessidade econômica no Brasil, o qual possui recursos escassos destinados à saúde. Uma ação importante dentro da prevenção de infecções hospitalares é a utilização das ferramentas da vigilância epidemiológica, por meio dela podemos traçar as prioridades no controle das IHs, identificar surtos, verificar os patógenos mais incidentes e treinar a equipe com foco definido após o diagnóstico da situação. A educação dos profissionais é fundamental, pois são esses que manipulam os materiais, medicamentos, realizam procedimentos e circulam por vários setores hospitalares. Sem a devida conscientização, há de se ter a elevação dos índices da disseminação de micro-organismos, haja vista serem estes a transportarem muitas vezes patógenos de um local para outro, de paciente para paciente. 6 HISTÓRICO DA INFECÇÃO HOSPITALAR Atualmente o assunto Infecção Hospitalar é amplamente discutido, porém é necessário saber sobre os ilustres indivíduos precursores do seu estudo e de medidas capazes de conter sua propagação. Segundo LACERDA (1996), os primeiros hospitais surgiram na Idade Média, onde já se iniciam os relatos referentes às infecções. Tratava-se de locais escuros e de higiene precária. Florence Nightingale, influenciada pelos locais onde executava o cuidado de enfermagem, a valorização do amor ao próximo, à prática da caridade e a observação do ambiente, acabou por desenvolver as bases científicas da Enfermagem. Por volta do ano de 1856, Florence Nightingale já se utilizava de procedimentos relacionados à higiene e limpeza, medidas que reduziram consideravelmente os níveis da infecção hospitalar. Em 1847 o médico Ignaz Philipp Semmelweis iniciou estudos sobre inúmeras mortes por febre puerperal ocorridas em parturientes. Verificou uma maior incidência de óbitos em mulheres atendidas por residentes médicos no leito hospitalar, comparado ao número de mortes ocorridas quando do parto realizado pelas parteiras ou em domicílio. Observou que o fato de os residentes manipularem cadáveres durante suas aulas práticas e logo após, realizassem procedimentos nas parturientes, culminava com a infecção, levando a morte. Segundo MEAD; HESS; PAGE (1997), a hipótese formulada por Ignaz Philipp Semmelweis levou a elaboração de medidas de controle e a monitorização posterior da sua eficácia. Suas propostas centraram-se em três frentes: isolamento dos casos,lavagem das mãos, ferver instrumentais e utensílios, fatos que reduziram drasticamente o número de óbitos entre as parturientes. Louis Pasteur, em 1870, já iniciara estudos relacionados à Imunologia, Química e os germes. Conforme GOUVEIA-MATOS (1997), Pasteur desenvolveu estudos sobre septicemia, gangrena, febre puerperal e alterações da urina. Iniciou primeiramente pesquisando as doenças em animais. Posteriormente criou a primeira vacina contra Raiva, tornando-se o precursor da Imunologia. Atualmente Pasteur é lembrado por sua enorme contribuição à Humanidade – a criação do conceito de 7 vacinação preventiva e regular, medida difundida em todo o mundo e que salvou milhares de pessoas de doenças das quais algumas já erradicadas. O primeiro antibiótico foi descoberto acidentalmente por Alexander Fleming em 1928. Por meio da observação de culturas de Staphylococcus aureus que haviam sido contaminadas por fungos do gênero Penicillium. Fleming por meio da observação percebeu que não havia crescimento do estafilococco ao redor do fungo. Esse fato o levou a verificar sua ação antimicrobiana. Posteriormente descobriu que esta ação também se fazia presente contra estreptococos, gonococo, meningococo e bacilo diftérico (TAVARES, 2001). Alexander Fleming recebeu em 1945 o Nobel de Fisiologia/Medicina por seu trabalho junto a Ernest Boris Chain e Howard Walter Florey. Já o médico Oswaldo Cruz, por intermédio de medidas sanitaristas, combateu a Febre Amarela e a Varíola. Conforme BRITO (1995), é considerado o “Pasteur Brasileiro”, viabilizou as discussões sobre as políticas de saúde da época. LACERDA et al. (1997) abordaram em um estudo a assistência médica e as infecções hospitalares. Mediante essa pesquisa temos um panorama do histórico brasileiro referente às IHs. Segundo os autores, com o crescimento do número de hospitais no país e dos procedimentos invasivos e de alta complexidade houve aumento das infecções hospitalares. Na década de 70, os profissionais da área hospitalar já conheciam várias ocorrências das IHs e com isso surgiu à necessidade de seu controle. Logo surgiram as primeiras Comissões de Controle de infecção Hospitalar – CCIH, que posteriormente tornaram-se obrigatórias segundo a Portaria 196 do Ministério da Saúde de junho de 1983. A 8a Conferência Nacional de Saúde em 1986 propôs, por meio da Reforma Sanitária, a reformulação de toda política nacional de saúde. Em 1990, foram criadas as leis 8.080 e 8.142. A lei 8.080, também denominada “Lei Orgânica de Saúde”, regulamenta a organização e o funcionamento dos serviços e dispões sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde. A lei 8.042, regulamenta a participação popular no SUS e condiciona a locação de recursos financeiros para a saúde à existência e funcionamento do Conselho Municipal de Saúde e dispõe sobre a participação popular na gestão do SUS e sobre as transferências de recursos financeiros para a saúde. Por meio 8 dessas leis, a saúde no Brasil foi sendo moldada, e posteriormente novas leis surgiram, norteando ações obrigatórias relacionadas à fiscalização da saúde. Na década de 90, o Ministério da Saúde reconhece que apenas 10% dos hospitais criaram comissões de controle de IH, dessa forma, houve a necessidade de reestruturar suas funções e descentralizar suas ações (BRASIL, 1990). Em 2001, o PNCIH – Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar volta a ter representatividade em todo território. Segundo notícia divulgada pelo site da ANVISA em abril de 2001, o “PNCIH coordena ações nacionais de prevenção e controle de infecção hospitalar, estabelecendo critérios, parâmetros e métodos para o desenvolvimento das atividades. O trabalho tem sido realizado principalmente com a difusão de conhecimentos na área de infecção hospitalar e a prestação de cooperação técnica, financeira e política aos Estados e Municípios brasileiros”. 9 TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES HOSPITALARES A propagação das Infecções Hospitalares pode ocorrer por diversas vias: pelo ar, pelo contato, por vetores ou por fonte comum. Há diversos tipos de materiais os quais possuem grande número de microrganismos, tais como fezes, urina, sangue, fluidos corporais, secreções de vias aéreas, entre outras. Além disso, estes materiais e o próprio ambiente podem estar contaminados não só por bactérias, mas também por seus esporos. Vírus, fungos, príons e protozoários também podem estar presentes no ambiente. Existem algumas informações que ajudarão a verificar a possibilidade de disseminação de infecções conforme a criticidade de materiais. Segundo SPAULDING (1968), dividem-se em: Críticos: tem contato direto com o sistema vascular, entrando em contato direto com o sangue; Semicríticos: contato direto com a mucosa ou com a pele não íntegra; Não críticos: contato apenas com pele íntegra. É necessário salientar que a transmissão de patógenos está diretamente ligada às condições do hospedeiro, ou seja, devemos estar atentos quanto às características de nossos pacientes naquele momento, visando criar estratégias que diminuam o alastramento das infecções. São mais suscetíveis: Pacientes em uso de drogas Imunossupressoras, corticoides e quimioterápicos; Diabéticos, pacientes oncológicos ou imunodeprimidos (AIDS, transplantados, etc.); Extremos de faixas etárias (neonatos, crianças e idosos); Obesos; Fumantes; Pacientes com altos níveis de estresse. 10 Transmissão por Contato Segundo FERNANDES et al. (2000), a infecção por contato é a forma de transmissão mais comum. Pode ser dividida em: Transmissão por contato direto: ocorre quando os microrganismos são transportados de uma pessoa para outra sem que haja a participação de um objeto ou indivíduo intermediário contaminado. Transmissão por contato indireto: ocorre quando o patógeno é transmitido ao paciente através de um objeto ou indivíduo intermediário contaminado. Um exemplo importante é a contaminação das mãos dos prestadores de saúde, outro, a falta de desinfecção de materiais de uso contínuo como termômetros, utilizados em diversos pacientes. Além desses, os uniformes, brinquedos, mobiliário hospitalar infectado, também são exemplos na transmissão por contato indireto. Transmissão pelo Ar São infecções transmitidas pelo ar por meio de: Gotículas: ocorre a passagem dos microrganismos através das partículas liberadas durante a tosse, espirro ou fala. Essas gotículas (>5 micra) podem se depositar a curta distância (1 a 1,5 metro) nos olhos, na boca ou nariz (CARDOSO et al., 2005). Exemplos de doenças transmitidas por gotículas: Caxumba, Gripe, Meningite, Rubéola, etc. Aerossois: dispersão de partículas muito pequenas pelo paciente contaminado. Exemplos de doenças transmitidas por aerossois: Tuberculose pulmonar, Sarampo, Varicela, etc. Transmissão por Vetores Todos sabem que os Hospitais devem ser locais exemplares em relação à limpeza. Porém, muitas vezes, essa não é a realidade que temos atualmente, verificamos locais sujos, com acúmulo de materiais inutilizados ou com guarda 11 indevida de lixo, sem telas de proteção em janelas, dentre outros. Esses locais podem ser atrativos de insetos e roedores, causadores de transmissão de doenças por meio de vetores de infecção. Em estudo de Prado et al. (2002), abordou as baratas como forma de disseminação de infecções em ambiente hospitalar. As baratas foram capturadas e analisadas buscando a presença de micro-organismos. Da análise, verificou-se a Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae com maior prevalência nas amostras de coletadas. Outra pesquisa de COSTA et al. (2006), verificou a presença de bactérias coletadas em formigas em diversos ambientes hospitalares. Foram isolados microrganismos tais como: Pseudomonassp, Enterobacter sp, Micrococcus sp, Bacilos gram-positivos e fungos filamentosos. Transmissão por Fonte Comum A Transmissão por fonte comum é aquela em que diversos pacientes são contaminados por uma única fonte de transmissão. Exemplos deste tipo de contaminação: nutrição parenteral contaminada, soluções como soros contaminados hemoderivados, soluções de diálise e hemodiálise contaminadas, dentre outros. Nesse caso, as medidas tomadas devem ser imediatas na tentativa da descoberta do foco causador, bem como medidas de controle do surto. 12 TIPOS DE INFECÇÃO HOSPITALAR Segundo MARTINS (2006), no Brasil, há diferenças econômicas, sociais e culturais, além disso, existem grandes diferenças regionais na prevenção e no controle das IHs. Um dos problemas mais graves que atingem os hospitais brasileiros, especialmente os universitários, é o aumento de microrganismos multirresistentes. Bactérias multirresistentes são aquelas que desenvolveram cepas resistentes a grande número de antibióticos. O surgimento de cepas de microrganismos multirresistentes a antibióticos é extremamente preocupante na medida em que caminhamos para um ponto em que certas infecções serão, em um futuro não muito distante, intratáveis (COHEN, 1992). É importante conhecer estas informações haja vista que muitas das infecções hospitalares podem estar relacionadas ao contágio por bactérias resistentes. Com isso, as medidas de segurança e vigilância epidemiológica deverão ser mais apuradas na tentativa de controle imediato da situação. Sabemos muitas vezes que estas bactérias tornam-se tão resistentes que causam a morte de inúmeros pacientes, principalmente aqueles que se encontram imunodeprimidos. Infecções Urinárias As Infecções urinárias (ITUs) ocorrem quando há a proliferação de microrganismos no trato urinário. Esta infecção pode ser sintomática ou assintomática. Os microrganismos podem chegar ao trato urinário através de três vias: ascendente, hematogênica ou linfática (ORTIZ; MAIA, 1999). A forma ascendente ocorre quando a infecção inicia-se na uretra ou bexiga e atinge as estruturas renais. A Hematogênica quando o sistema circulatório encontrasse contaminado pelo microrganismo e este atinge o sistema urinário. Já a linfática ocorre quando há a disseminação de patógenos por meio do sistema linfático, no qual há a migração deste microrganismo para outras estruturas do corpo. 13 Segundo MERMEL (2002), são de extrema importância as infecções urinárias que acometem pacientes em uso crônico de cateterismo vesical. A simples manipulação inadequada durante uma cateterização vesical pode ocasionar danos ao paciente, que poderão levá-lo a desenvolver uma infecção por iatrogenia. Cabe ressaltar que muitas vezes os indivíduos hospitalizados encontram-se imunodeprimidos, fato que aumenta ainda mais os riscos de contaminação e a suscetibilidade de proliferação de patógenos. Para AMADEU et al. (2009) as ITUs são divididas em: Altas (superior): as quais acometem o parênquima renal ou ureteres; Baixas (inferior): envolvem a bexiga e a uretra. Nos homens acometem a próstata e o epidídimo. Patologias Associadas ao Trato Urinário Cistite: de acordo com HEILBER; SHOR (2003), consiste na aderência de bactérias à bexiga. Para VIEIRA NETO (2003), caracteriza-se clinicamente por presença de disúria, polaciúria e dor hipogástrica. Uretrite: consiste na inflamação da uretra. A sintomatologia se caracteriza por queimação ao redor da área da uretra, desconforto no pênis, secreção uretral e disúria. BRUNNER; SUDDARTH (2001) descrevem a etiologia da doença em que o grande número dos casos é transmitido sexualmente por Chlamydia trachomatis, Ureoplasma urealytium e Mycoplasma genitalium. A Trychomonas vaginalis e o vírus da herpes são outros disseminados via relação sexual causando uretrite em homens e mulheres. Existem também as uretrites não transmitidas por via sexual, são: uretrite bacteriana e uretrite decorrente de traumas relacionados à passagem de sondas uretrais ou cistoscopia. Pielonefrite Bacteriana Aguda: BRUNNER; SUDDARTH (2001) definem Pielonefrite Bacteriana como uma infecção aguda e doença inflamatória do rim e pelve renal, afetando um ou ambos os rins. Manifestam-se por meio de febre, calafrios, náuseas, vômito e dor no flanco. Sua etiologia é ampla, 14 podendo resultar da infecção de bactérias entéricas, obstrução ou infecção urinária, doenças renais, gestação, infecções do sangue e distúrbios metabólicos. É uma das doenças mais graves relacionadas às infecções uretrais. Prostatite: o termo prostatite representa diversos grupos de síndromes com os mais variados sintomas, desde quadro agudo com sintomas intensos do trato urinário inferior a indivíduos assintomáticos (NEUMAIER, 2006). Ainda segundo NEUMAIER (2006), a prostatite bacteriana caracteriza-se por bacteiúria com sintomas agudos do trato urinário. Os agentes etiológicos mais comuns são E.coli (80% dos casos), Pseudomonas aeruginosa, Serratia, Klebisella, Proteus e Entericoccus. A frequência dos germes causadores de ITU varia na dependência de onde foi adquirida a infecção, intra ou extra-hospitalar e também difere em cada ambiente hospitalar considerado. Os maiores responsáveis pela ITU são os germes gram- negativos entéricos especialmente a E.coli, que é o mais frequente independente da série estudada, seguido dos demais gram-negativos como Klebsiella, Enterobacter, Acinetobacter, Proteus, Pseudomonas, etc. Além destes, na maioria das séries americanas, o Staphylococcus saprophyticus, um germe gram-positivo, tem sido apontado como segunda causa mais frequente de ITU não complicada (HEILBER, SHOR, 2003). Infecções Cirúrgicas As infecções do sítio cirúrgico (ISC) são aquelas adquiridas no ato operatório às quais ocorrem, segundo BRASIL (2005), em até 30 dias após o ato cirúrgico, ou ainda, se for introduzida prótese, este prazo é de um ano. Segundo EMORI; GAYNES (1993), são responsáveis por 14% a 16% da totalidade das infecções hospitalares, representando um problema de saúde pública, pois ocasiona aumento da mortalidade, morbidade e dos gastos hospitalares. Visualmente a incisão cirúrgica apresenta secreção purulenta, edema, dor, calor e rubor. Em alguns casos poderá haver a presença de abcesso. 15 As ISC podem ser divididas conforme o Manual da ANVISA - Sítio Cirúrgico (2009) em: Infecção do sítio cirúrgico incisional superficial: envolve apenas os tecidos cutâneos e subcutâneos, ocorrendo em até 30 dias após o ato cirúrgico. Pode apresentar: drenagem purulenta, dor, calor rubor, cultura positiva de material coletado, edema. Infecção do sítio cirúrgico incisional: ocorre nos primeiros 30 dias após o ato cirúrgico ou em até um ano deste, caso houver inserção de prótese. Pode apresentar drenagem purulenta, mas que não envolva órgãos ou cavidade, deiscência parcial ou total da parede cirúrgica, cultura positiva, temperatura maior ou igual a 37, 8°C e dor. Infecção de órgão ou cavidade: ocorre nos primeiros 30 dias após o ato cirúrgico ou em até um ano deste, caso houver inserção de prótese. Cultura positiva da secreção ou do tecido mole/cavidade, dor, calor, rubor, calafrios, hiperemia, leucocitose, dentre outros. Outro fator importante é reconhecer a classificação das cirurgias de acordo com o grau de contaminação (feridas limpas, potencialmente contaminadas, contaminadas e infectadas). Deiscência PEREIRA et al. (2008), descrevem deiscência como a ocorrência da separação das camadas superficiais da pele ou tecido subcutâneo, e/ou profundas da fáscia muscular em feridas cirúrgicas. Segundo CAMARGO (2001) a infecção da ferida operatória ocorre levando-se em consideração: fatores relacionados ao paciente, fatores bacterianos e relacionado ao procedimento cirúrgico: Fatores relacionados ao paciente: idade, sexo, risco anestésico, inerentes ao paciente (hipóxia, uremia, drogas imunossupressoras, etc.); Fatores Bacterianos: contaminação de um número acima de 100.000 organismos, características do agente invasor; 16 Relacionado ao procedimento cirúrgico: grau de contaminação da cirurgia, duração da cirurgia, tipo de cirurgia (em cirurgias de emergência muitas vezes as medidas de cuidado podem não ser realizadas com o rigor adequado), técnica cirúrgica (preparo da equipe – EPI, degermação, dentre outros). Infecções Respiratórias As infecções do trato respiratório estão entre as mais frequentes infecções humanas, sendo as do trato respiratório inferior letais, principalmente em pacientes hospitalizados. Para se otimizar os procedimentos de tratamento dessas infecções, torna-se muito importante a correta identificação do agente causador, assim como o conhecimento do padrão de sensibilidade desse agente diante dos diversos antimicrobianos frequentemente utilizados na prática médica (MENDES, 1997). As pneumonias (PNM) estão entre os quatro tipos de infecções, mais frequentes, juntamente com as infecções cirúrgicas, sepse e infecções urinárias. A pneumonia se refere à inflamação distal do pulmão causada por infecção por microrganismos e é caracterizada histologicamente pelo acúmulo de neutrófilos nos bronquíolos distais, alvéolos e interstício (GEORGE, 1996). De acordo com RUFINO et al. (2011), as pneumonias adquiridas no hospital (PAH) são definidas como processos inflamatórios infecciosos que se desencadeiam em decorrência do ambiente hospitalar com elevada taxa de mortalidade e morbidade. Um número entre 0,4% a 1,1% dos pacientes hospitalizados desenvolvem a PAH, sendo esta a segunda causa de infecção em pacientes internados, mas a primeira causa em unidades fechadas. Também devemos saber da existência da Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM) que pode acometer pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva e que estão respirando através de ventilação mecânica. Segundo BANCOCK et al. (1993), a incidência da PAVM é alta, podendo variar entre 6% a 52%, porém depende do tipo de UTI, da população estudada e tipo dos critérios diagnósticos utilizados. Apesar de ser uma infecção importante, possui um diagnóstico dos mais difíceis de ser realizado em um paciente gravemente doente. 17 Pneumonia por Aspiração é segundo, BRUNNER; SUDDARTH (2001), aquela que ocorre pela inalação de secreção orofaríngea e/ou conteúdo gástrico para dentro dos pulmões. Isso pode ocorrer devido ao estado alterado de consciência do paciente, durante administração de dietas via sonda, repleção do estômago quando da dieta mal administrada, dentre outros. Pode desenvolver complicações, tais como abscessos pulmonares, Empiema ou PNM necrotizante. SEPSE CARVALHO; TROTTA (2003) definem a sepse como uma síndrome complexa causada pela resposta inflamatória de origem infecciosa, que acomete o indivíduo de forma sistêmica e descontrolada, sendo caracterizada por manifestações múltiplas, que podem levar a falência de órgãos ou mesmo a morte. Segundo o American College of Chest Phsysicians e a Society of Critical Care Medicina Consensus Conference (1992), a Sepse pode ser definida como uma resposta inflamatória à infecção, traduzida por duas ou mais das manifestações a seguir: Frequência cardíaca maior que 90 batimentos por minuto; Frequência respiratória maior que 20 incursões por minuto; pCO2 menor que 32mmHg; Temperatura corporal: maior que 38°C ou menor que 36°C; Achados laboratoriais: Glóbulos brancos maiores que 12.000 milímetros cúbicos ou menores que 4.000 milímetros cúbicos ou presença de bastonetes maior que 10%. O diagnóstico deve ser realizado com base na clínica do paciente, bem como por meio de exames laboratoriais. A avaliação laboratorial ou complementar é capaz de revelar dois aspectos distintos da sepse. O primeiro é o que se refere à busca ou identificação do agente agressor, através do rastreamento microbiológico do paciente; o segundo, diz respeito à identificação de alterações metabólicas ou da homeostasia, indicativas de comprometimento sistêmico e de órgãos específicos (CARVALHO; TROTTA, 2003). 18 BIOSSEGURANÇA Na área da saúde, a Biossegurança suscita reflexões por parte dos profissionais, especialmente dos que trabalham nas áreas críticas dos hospitais, uma vez que estão mais suscetíveis a contrair doenças advindas de acidentes de trabalho, através de procedimentos que envolvem riscos biológicos, químicos, físicos, ergonômicos e psicossociais (VALLE et al., 2008). A biossegurança é um assunto extremamente importante e também intimamente ligado à prevenção e tratamento das infecções hospitalares, pois a Biossegurança norteia como devem ser organizados os ambientes hospitalares, nos mostra como devemos manipular, descartar ou esterilizar os materiais. Normatiza, por exemplo, como devemos agir diante de um acidente com material biológico. Primeiramente, devemos conhecer um pouco a respeito das Normas Regulamentadoras estabelecidas pelo Ministério da Saúde (NR), através da Portaria 3214 de 8 de junho de 1978. NR4 A organização dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) tem a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador em seu local de trabalho; trata do dimensionamento dos SESMT (deverão ser integrados por Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho, porém, obedecendo a critérios em relação ao risco das atividades da empresa e número de funcionários). NR5 Regulamenta a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), tendo como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. Regula quais membros devem integrá-la, trata de seu funcionamento, das atribuições de cada membro, aborda como deverá ser 19 realizado o processo de eleição de membros e sobre seu treinamento para atuação na CIPA. NR6 Regulamenta os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), conceituados como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Aborda quais são as responsabilidades do empregador e a do funcionário em relação à utilização dos EPIs, trata sobre a certificação da qualidade dos EPIs a serem utilizados pelos trabalhadores, dentre outras providências. NR7 Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. Trata da obrigatoriedade de exames médicos periódicos por ocasião de admissão, demissão, mudança de cargo/função ou setor e retorno às atividades, após afastamento por mais de 30 dias por motivo de saúde, inclusive gestação. NR9 Estabelece o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Regulamenta que os empregadores deverão informar aos trabalhadores de maneira apropriada e suficiente sobre os riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos e para proteger-se dos mesmos. São considerados riscos ambientais os agentes agressivos físicos, químicos e biológicos que possam trazer ou ocasionar danos à saúde do trabalhador. 20 NR15 Define as atividades ou operações insalubres, assegurando ao trabalhador, nestes casos, remuneração adicional (incidente sobre o salário mínimo regional). Estabelece o“Limite de Tolerância”, definindo a concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral. NR32 Esta Norma Regulamentadora tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral. Propõe a identificação dos riscos biológicos mais prováveis, considerando: fontes de exposição e reservatórios; vias de transmissão e de entrada; transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente; persistência do agente biológico no ambiente; estudos epidemiológicos ou dados estatísticos; outras informações científicas. Além disso, norteia a utilização de vestimenta de trabalho adequada, obriga as empresas a proporcionar capacitação adaptada à evolução do conhecimento e à identificação de novos riscos biológicos. Aborda a manipulação de quimioterápicos, proteção radiológica, como devem ser os ambientes para trabalho, tais como lavanderias hospitalares, estocagem de resíduos, dentre outros. 21 TIPOS DE ISOLAMENTO Sabemos que muitas das infecções exigem o devido isolamento não só para conter sua propagação, como para manter a segurança da equipe de saúde envolvida no tratamento do paciente. Elas devem ser instituídas tanto nas situações de suspeita como após a confirmação da doença, até que a equipe responsável do hospital pelas medidas de isolamento libere o paciente deste. Precauções de contato Deve ser estabelecida quando existe a possibilidade de transmissão do microrganismo por meio do contato direto ou indireto entre o paciente e o profissional de saúde que realiza o atendimento, entre pacientes ou pelo contato com itens utilizados pelo indivíduo contaminado como lençóis, travesseiro, artigos de uso pessoal e hospitalar, dentre outros. Nesse tipo de isolamento o quarto deve ser privativo ou dividido com pacientes contaminados pelo mesmo patógeno. A precaução padrão necessária para manipular este paciente são luvas, as quais devem ser descartadas dentro do quarto do isolamento e avental, sendo este individual para cada um que for manipular o paciente contaminado. No caso de ser necessário transportar este paciente pelo hospital para realizar exames, cirurgias, entre outros procedimentos, os profissionais deverão estar paramentados adequadamente com luvas e aventais, bem como verificar, por exemplo, se curativos contaminados estão bem ocluídos ou que drenos não apresentem vazamento. Estas medidas servem para evitar a propagação desta infecção para outros locais. Patologias que devem seguir o isolamento de contato: Infecções entéricas como as por E. coli, Herpes simples, Pediculose, Escabiose, Herpes zoster, Conjuntivite viral, dentre outras. Precauções Respiratórias para Aerossois A transmissão por aerossois ocorre através da eliminação de minúsculas partículas por meio da tosse, respiração ou da fala. Essas permanecem em suspensão no ar, podendo contaminar diversos locais. Neste tipo de isolamento o quarto deve ser privativo e a porta deve estar sempre fechada. Além disso, o uso de máscaras tipo N95 é obrigatório por qualquer profissional que adentre o local. Essa 22 máscara especial deve ser colocada sobre a face antes de entrar no quarto e retirada apenas quando sair definitivamente. A máscara pode ser utilizada por outros profissionais, desde que esses utilizem uma máscara comum por baixo da N-95. Todos os equipamentos deverão ser de uso exclusivo para este paciente, como por exemplo, estetoscópio, esfigmomanômetro, dentre outros. Quando houver necessidade de transportar o paciente, esse deve estar utilizando máscara comum visando evitar a contaminação do ambiente. Doenças as quais devem estar em isolamento por aerossois: Tuberculose pulmonar, Herpes zoster, Sarampo e Varicela. Precauções Respiratórias para Gotículas Na transmissão por gotículas, diferente da por aerossois é necessário ocorrer um contato mais próximo ao paciente, pois as gotículas possuem um tamanho maior. São veiculadas no ambiente através da tosse, fala e respiração. Neste tipo de isolamento o quarto deve ser privativo para um único paciente ou dividido por pacientes com confirmação da mesma patologia. Adotar uso de máscaras comuns que devem ser descartadas ao sair do local. Para transportar o paciente esse deverá utilizar máscara comum, assim como os profissionais de saúde que o conduzirem. Equipamentos do isolamento deverão ser de uso exclusivo do paciente. Doenças as quais devem ser isoladas por gotículas: Meningite Meningocócica, Streptococcus pneumoniae multirresistentes, Rubéola, Coqueluche, dentre outras. 23 CCIH Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) é um órgão responsável por desenvolver ações de controle e prevenção de infecções hospitalares. De acordo com a Portaria 2.616 do Ministério da Saúde de 1998, deverá ser composta por membros do serviço médico, de enfermagem, de farmácia, do laboratório, de microbiologia e da administração, da seguinte forma: Os hospitais com número até 70 leitos: composição de equipe – médico e enfermeiro. Os membros executores serão, no mínimo, 2 técnicos de nível superior da área de saúde para cada 200 leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 horas para o enfermeiro e 4 horas para os demais profissionais. Um dos membros executores deve ser preferencialmente, um enfermeiro. Nos hospitais com leitos destinados a pacientes críticos, a CCIH deverá ser acrescida de outros profissionais de nível superior da área de saúde. Os membros executores terão acrescidas 2 horas semanais de trabalho para cada 10 leitos ou fração. Em relação às competências da CCIH, ainda conforme a Portaria 2.616 do Ministério da Saúde de 1998, temos: elaboração, implementação e avaliação do programa de controle de infecção hospitalar, adequado às características e necessidades da instituição; Implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares; Capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição, referente à prevenção e controle das infecções hospitalares; Utilização racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico- hospitalares; Avaliação, periódica e sistemática das informações providas pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica; 24 Realização de investigação epidemiológica em casos de surtos, e implantando medidas de controle imediatamente; Elaborar e divulgar regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à autoridade máxima de instituição e às chefias de todos os setores do hospital, a situação do controle das infecções hospitalares, promovendo seu amplo debate na comunidade hospitalar; Elaborar, implantar e supervisionar medidas de precaução e de isolamento; Adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando à prevenção e ao tratamento das infecções hospitalares; Capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao controle das infecções hospitalares; Cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer, prontamente, as informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes; Notificar os casos diagnosticados ou suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica (notificação compulsória), atendidos em qualquer dos serviços ou unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os serviços de saúde coletiva; Notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecçãoassociadas à utilização de insumos e/ou produtos industrializados. 25 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM CCIH Segundo a portaria do Ministério da Saúde 2.616 de 1998 - anexo III há três métodos de vigilância: Prospectivo Neste método a monitorização do paciente é realizada ainda durante a sua internação. Por meio desse método é avaliado o grau de risco de infecção no momento de admissão. Após é realizada visitas frequentes ao paciente acompanhando sinais de febre, resultado de exames de culturas, uso de antimicrobianos, acompanhamento do tempo de internação, realização de procedimentos invasivos, dentre outros. Retrospectivo A busca é realizada após a alta do paciente mediante ao prontuário. Esse método possui desvantagens, pois depende de anotações corretas no prontuário, não detecta casos de surto em andamento, e que muitas vezes, afasta o profissional da CCIH dos profissionais assistenciais furtando a oportunidade de realizar orientações na íntegra. Transversal Nesse método é escolhida uma amostra para avaliação, ou seja, é determinado, por exemplo, avaliar um setor específico ou o hospital como um todo estipulando um período de tempo para fechar os dados da pesquisa. Infelizmente, possui a desvantagem na identificação de surtos. 26 DESINFECÇÃO Segundo KALIL; COSTA (1996) s desinfecção é o processo que elimina todos os microrganismos com exceção dos esporos bacterianos. Não deve ser confundido com a esterilização, haja vista que não elimina totalmente todas as formas de vida microbiana. Conforme os autores, os dois procedimentos diferem quanto à capacidade para eliminação dos esporos a qual é uma propriedade inerente à esterilização. De acordo com OPPERMAN (2003) a desinfecção pode ser dividida em três níveis de acordo com o espectro de destruição dos microrganismos: Desinfecção de alto nível: destroem todas as formas vegetativas de microrganismos, inclusive Mycobacterium tuberculosis, vírus lipídicos e não lipídicos, fungos e uma parte dos esporos. Como exemplo: glutaraldeído 2% (período mínimo de 30 minutos), peróxido de hidrogênio 36%, formaldeído 1- 8%, ácido peracético e composto clorado a 10.000 ppm. Desinfecção de médio nível: inativa o bacilo da tuberculose, bactérias na forma vegetativa, a maioria dos vírus e fungos, exceto esporos bacterianos. Exemplo: compostos clorados de 500 a 5000 ppm, álcool 70% (tempo de contato mínimo é de 10 minutos). Desinfecção de baixo nível: elimina a maioria das bactérias, alguns vírus como o HIV, o da Hepatite B e Hepatite C, fungos. Não destrói microrganismos resistentes como bacilo da tuberculose e esporos bacterianos. Como exemplo: compostos fenólicos 0,5-3%, compostos de iodo, quaternário de amônia. O Álcool 70% é um dos desinfetantes mais comumente utilizados na rotina por todos os profissionais de saúde. Tem como vantagem sua de ação bactericida rápida. É levemente irritante à pele, econômico. Porém, suas desvantagens consistem em não eliminar esporos, danificar materiais como a borracha e plástico e na sua rápida evaporação. 27 ESTERILIZAÇÃO OPPERMAN (2003) definem esterilização como o processo utilizado para completa destruição de microrganismos, incluindo todas as suas formas, inclusive as esporuladas, com a finalidade de prevenir infecções e contaminações decorrentes de procedimentos cirúrgicos e invasivos com utilização de artigos críticos. A esterilização pode ser realizada por diversos meios, entre eles: Processos químicos: glutaraldeído, formaldeído e ácido peracético; Processos físicos: vapor saturado (autoclave), calor seco (estufa); Processos físico-químicos: óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio e vapor de formaldeído. Processos físicos Autoclave É o método em que se utiliza calor úmido e pressão. Nesse método ocorre a desorganização celular dos micro-organismos que acabam por serem destruídos. Para garantir que o processo seja efetivo os materiais deverão ficar em exposição por 15 (quinze) minutos a uma temperatura de 132oC em autoclaves convencionais (uma atmosfera de pressão) e exposição por 04 (quatro) minutos a uma temperatura de 132oC em autoclave de alto vácuo. Testes de Validação da esterilização Com a finalidade de verificarmos a eficiência do ciclo da autoclave, devem ser utilizados habitualmente indicadores que podem ser químicos ou biológicos Segundo a NBR 9804 há a recomendação que os esterilizadores a vapor devem ser avaliados semanalmente com estes indicadores em todos os ciclos e em cada embalagem a ser esterilizada. 28 Estufa O uso do calor seco não tão rápido quanto o uso do calor úmido, logo requer maior tempo de exposição o uso de temperaturas elevadas. Devemos tomar cuidado em relação ao tipo de materiais a serem esterilizados, pois as altas temperaturas podem danificá-los. Glutaraldeído A solução de Glutaraldeído a 2% é utilizada para desinfecção de artigos termossensíveis. É também utilizado na esterilização de artigos termorresistentes, tais como: instrumentos metálicos, tubos silicone, ou PVC, componentes metálicos utilizados na endoscopia. O Glutaraldeído tem ação esporicida, ou seja, elimina os esporos de bactérias, age na presença de matéria orgânica presente nos materiais contaminados, pode ser utilizado em metais sem que haja corrosão e não causa danos as lentes dos endoscópios. Ácido Peracético O ácido peracético é uma combinação de ácido acético com peróxido de hidrogênio e surgiu no mercado mundial na segunda metade do século passado, sendo incluído como princípio ativo desinfetante/esterilizante pela portaria no 15 de 23/08/88, sub anexo 1 alínea I da ANVISA. O princípio ativo ácido peracético foi incluído nesta portaria e reconhecido como princípio ativo autorizado pelo Ministério da Saúde pela publicação da Portaria n° 122, de 29 de novembro de 1993. Possui amplo espectro de ação microbiana, agindo mesmo em presença de matéria orgânica (GRAZIANO et al., 2000). Pode ser utilizado para esterilização de metais tem rápida ação esterilizante mesmo em baixas temperaturas. É considerado atóxico, sem feito residual, pois se decompõe na presença de oxigênio e água (biodegradável). Na esterilização pode ser utilizado em materiais de aço inox puro, fibra ótica e materiais termossensíveis. Seu tempo na esterilização em concentração a 2% é de 1 hora. 29 Processos Físico-Químicos Óxido de etileno É um gás incolor com odor semelhante ao éter. É altamente tóxico e inflamável, sendo permitida a sua utilização para esterilização de materiais médico- hospitalares somente na sua forma gasosa e misturado a outros gases inertes. Seu uso é imprescindível na esterilização de artigos termossensíveis. A utilização desse processo de esterilização necessita de instalações adequadas, controle de segurança rigorosos e pessoal altamente treinado. Por esse motivo não é realizada no âmbito hospitalar, há empresas terceirizadas que realizam este processo. Vapor de Formaldeído Esse tipo de esterilização é realizada através de formaldeído gasoso na presença de vapor saturado. Segundo RAMOS et al. (2000) o processo inteiro normalmente inclui 20 pulsos, e dura aproximadamente 2 horas, a 65°C sendo mais curto a temperaturas mais elevadas. É indicado para esterilização de materiais sensíveis ao calor, tais como endoscópios rígidos, equipamentos elétricos, vários objetos fabricados com plásticos sensíveis ao calor, entre outros. São aplicáveis os mesmos procedimentos de embalagem para esterilização em autoclave a vapor d’água. Plasma de peróxido de hidrogênio Esterilizadores que operam a baixa temperatura utilizando peróxido de hidrogênio como substrato para formação de plasma. Alfa (1996) define plasma como uma nuvem de íons, elétrons e partículas neutras, muitas dasquais em forma de radicais livres altamente reativos, sendo denominado o quarto estado da matéria. Nesse processo podemos submeter artigos sensíveis ao calor e a umidade. 30 TRATAMENTO DAS INFECÇÕES HOSPITALARES O tratamento das Infecções Hospitalares pode ser realizado por meio de drogas, tais como, antibióticos, antifúngico e outras medicações que ajudam no tratamento da infecção já instalada. Porém, temos que ter em mente que a infecção hospitalar deve ser evitada, assim, é necessária prevenção. Além disso, também devemos considerar que um dos tratamentos das infecções hospitalares é a conservação adequada do ambiente. Um hospital que segue as medidas corretas quanto à limpeza do ambiente físico, desinfecção, esterilização de equipamentos e materiais além da educação da equipe de atendimento, está proporcionando segurança ao seu paciente. Dessa forma, podemos tratar estas medidas não só como prevenção, mas também como uma forma de tratar as infecções hospitalares. Muitos antibióticos são utilizados hoje para conter diversos tipos de infecção, segundo BARROS (2002), REESE; BETTS (2002) e FONSECA (2008), temos como os principais utilizados: Penicilinas Sua ação consiste na interferência na síntese de parede celular bacteriana, ocasionando sua lise. Indicação: Meningite: podem ser usadas para tratamento de meningite causada por meningococos ou pneumococos. Bronquite, sinusite e otite (Haemophilus influenzae, Pneumococos, Moraxella catarrhalis, Klebsiella pneumoniae); Também é utilizada na neurosífilis congênita, infecção de partes moles (Erisipela e Impetigo), Difteria, Endocardite Bacteriana por Streptococcus viridans, Antraz, dentre outras doenças. Cefalosporinas Dividem-se em: Cefalosporinas de primeira geração Orais: Cefalexina, Cefadroxil, Cefradina. 31 Parenterais: Cefalotina, Cefazolina, Cefradina. Indicações: Infecções leves a moderadas adquiridas na comunidade de partes moles ou trato urinário por germes sensíveis; Pneumonia: Cefalosporina de 1a geração não são recomendadas como primeira escolha; Faringoamigdalites; Profilaxia pós-operatória em cirurgias gástricas, ortopédicas, biliares, vasculares e neurocirurgias; Infecção urinária não complicada; Tratamento ambulatorial após esquema parenteral; Não oferece cobertura contra Pseudomonas; Observação: Não deve ser utilizada na meningite pelo fato de ser uma droga que penetra na barreira hematoencefálica. Cefalosporinas de segunda geração Cefaclor, Cefamandol, Cefprozil, Cefuroxima, Cefoxitina, Cefonicida. Indicações: Espectro para gram-negativos superior às Cefalosporinas de primeira geração, incluindo os patógenos respiratórios (Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, K. pneumoniae); Infecções urinárias por bacilo gram-negativo entérico; Não possuem ação contra Pseudomonas; Indicadas no tratamento de Sinusite, Pneumonia Comunitária, Bronquite e Otite; Infecções de partes moles tais como celulite. 32 Cefalosporinas de terceira geração Parenterais: Cefotaxima, Ceftriaxona, Ceftizoxima, Ceftazidima, Cefoperazona. Orais: Cefixima, Cefetamet-pivoxil e Cefpodoxima-proxetil. Indicações: Cefotaxima e Ceftriaxona: Osteomielite/artrite séptica; Sepse de origem urinária Infecções do trato urinário; Sepse relacionada a cateteres intravasculares; Meningite; Pneumonia; Ferida do Pé diabético: celulite; Gonorreia, etc. Ceftazidima Infecções por Pseudomonas aeruginosa; Pneumonia de origem hospitalar; Infecções urinárias pós-instrumentação, etc. Cefalosporinas de quarta geração Indicações: Cefepima e Cefpiroma: Infecções por Pseudomonas aeruginosa; Infecções do SNC; 33 Pneumonia comunitária; Infecções de partes moles, ósseas e articulares; Infecções urinárias. Cefalosporinas de quarta geração Indicações: Cefepima e Cefpiroma: Infecções por Pseudomonas aeruginosa; Infecções do SNC; Pneumonia comunitária; Infecções de partes moles, ósseas e articulares; Infecções urinárias. Penicilinas com Inibidores de Betalactamase Amoxicilina-clavulanato: Indicada para a maioria dos casos de infecções de pele e partes moles de gravidade leve a moderada; Sinusite, otite e bronquite agudas; Infecções de pele e tecidos frouxos; Infecções intrabdominais e ginecológicas; Infecções odontogênicas; Infecções causadas por mordidas humanas ou animais. 34 Ampicilina-sulbactam: Indicada em casos de infecções hospitalares abdominais, pélvicas, respiratórias, urinárias, de pele e partes moles ou generalizadas, com etiologia mista (agentes aeróbios associados a anaeróbios); Ticarcilina-Clavulanato / Piperacilina-Tazobactam: Infecções polimicrobianas graves (gram-positivos, gram-negativos, anaeróbios), tais como: sepse abdominal, infecções de partes moles (pé diabético, úlceras por pressão, fasciítes necrotizantes); Pneumonia hospitalar; Infecções em imunossuprimidos; Infecções crônicas de ossos e articulações. Carbapenemos São: Imipenem, Meropenem e Ertapenem. Imipenen e Meropenem Possui amplo espectro de ação: bactérias gram-negativas (incluindo Pseudomonas aeruginosa), gram-positivas e anaeróbios. Por ter amplo espectro não é um antibiótico de primeira escolha no caso de infecções como pneumonia comunitária ou hospitalar, infecções pélvicas, etc. Ertapenem Indicado no caso de infecções moderadas a severas causadas por microrganismos suscetíveis; Infecções pélvicas e intra-abdominais complicadas; Infecções complicadas de pele e de partes moles; 35 Infecções urinárias complicadas, inclusive Pielonefrite; Não é atuante em Acinetobacter ou Pseudomonas. Aztreonam Osteomielite e artrite séptica por gram-negativos; Infecções urinárias nosocomiais por bactérias resistentes; Bacteremia/ Septicemia; Pneumonias nosocomiais, bronquites; Infecções da pele e das estruturas cutâneas, incluindo aquelas associadas com feridas pós-operatórias, úlceras e queimaduras; Infecções intrabdominais, incluindo peritonite; Infecções ginecológicas, incluindo enfermidades inflamatórias pélvicas, endometrite e celulite pélvica. Aminoglicosídios São: Gentamicina, Tobramicina, Amicacina, Estreptomicina, Neomicina, etc. Indicação: Infecções por bactérias gram-negativas, em suspeita de sepse, Bacteremia e Endocardite. Macrolídeos Eritromicina, Azitromicina, Claritromicina, etc. Indicações: Utilizado nas infecções leves da pele e trato respiratório; Sinusite, otite, amidalite, faringite e bronquite; Pneumonias comunitárias. 36 Clindamicina Indicações: Infecções por anaeróbios: pneumonias, septicemias; Infecções geniturinárias, gastrintestinais; Infecções da pele e tecidos moles por germes suscetíveis. Metronidazol Indicações: Giardíase, amebíase e tricomoníase; Infecções por Helicobacter pylori, em associação com amoxicilina ou Claritromicina. Quinolonas Norfloxacina, Pefloxacina, Ofloxacina, Ciprofloxacina, Levofloxacina, Moxifloxacina, etc. Indicações: Norfloxacina: principalmente utilizado nas infecções do trato urinário; Ofloxacina / Pefloxacina / Ciprofloxacina Infecções do trato urinário; Febre tifoide; Pneumonias hospitalares; Infecções complicadas de partes moles. 37 Levofloxacina, Lomefloxacina, Moxifloxacina, Gatifloxacina: Pneumonia Comunitária; Sinusite aguda; Infecções do trato urinário; Osteomielite e infecções de partes moles. Tetraciclinas Tetraciclina e Doxiciclina. Indicações: Infecções leves como bronquite, sinusite, furúnculos; Infecções causadas por Chlamydia trachomatis (uretrite não gonocócica, DIP); Tratamento de vulvovaginites e colpites causadaspor Candida e Tricomonas. Sulfametoxazol – Trimetoprim Indicações: Bronquite aguda e crônica, Bronquiectasia, Pneumonia, Faringite, Amidalite, Otite, Sinusite, Abcessos, feridas infectadas, osteomielite, cistite e gonorreia, etc. Vancomicina / Teicoplanina Apresentam espetro de ação e eficácia similares. Indicações: Vancomicina: Infecções ósseas (incluindo osteomielite); Septicemias e endocardite bacteriana causada por espécies de estafilococos incluindo cepas resistentes à meticilina; 38 Teicoplanina: Indicações acima acrescidas de: Infecções do trato respiratório inferior; Infecções de pele e tecidos moles; Infecções urinárias; Peritonite associada à diálise peritoneal crônica ambulatorial. Linezolida Mecanismo sem igual de inibição da síntese proteica e geralmente atividade de bacteriostática. Indicações: Infecções das vias respiratórias baixas (pneumonia adquirida na comunidade e pneumonia hospitalar); Infecções da pele e tecidos moles (celulites, foliculite, piodermite, abscessos); Infecções por enterococos (Streptococcus faecalis e faecium). Quinupristina/Dalfopristina Infecções severas por Enterococos resistentes a Vancomicina; Infecção de tecidos moles; Pneumonia e endocardite, sendo tão eficaz quanto a vancomicina contra Staphylococcus aureus, incluindo algumas cepas meticilina-resistentes; Pode ser utilizado no tratamento das infecções descritas acima em pacientes intolerantes ou alérgicos a beta-lactâmicos, quinolonas ou glicopeptídeos. 39 REFERÊNCIAS _____. Informativo da coordenação de controle de infecção hospitalar. Ano 1. n.1, 1990. ______. Exposição a materiais biológicos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. ALFA, M.J. Plasma: based sterilization - the challenge of narow lumens. Infection & Control Estelization Technology. p 19-24, 1996. 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