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BIOÉTICA, LEGISLAÇÃO E BIOSSEGURANÇA SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................3 2. HISTÓRICO, CONCEITO e Legislação em Bioética e Biossegurança...................5 2.1 Bioética e Biossegurança – Conceito e Histórico .............................................. 7 2.1.1 Bioética – Conceito e Histórico .................................................................... 7 2.1.1 Biossegurança - Conceito e Histórico .......................................................... 9 3. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS NORMAS ÉTICAS NO BRASIL........................26 3.1 O Comitê de Ética nas Pesquisas Científicas e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ............................................................................................. 29 4. ÈTICA NA PESQUISA COM SERES HUMANOS..................................................31 4.1 Plataforma Brasil ............................................................................................. 33 4.2 Sistema CEP/CONEP ...................................................................................... 35 Referências................................................................................................................38 1. INTRODUÇÃO A discussão sobre ética deve ser constante e contínua e, portanto, devendo ser retomada sempre, para que o caminho possa ser construído e reconstruído em consonância com as necessidades de determinados tempos e momentos históricos. Nesse sentido, a propõe- se nesse material, além de proporcionar algumas considerações sobre as questões éticas das pesquisas científicas, elucidar os passos dados até o presente momento. Tomaremos como direção uma discussão para situar a necessidade de inserir as reflexões éticas no atual cenário de avanços científicos em que estamos inseridos. Ao mesmo tempo que houve um avanço considerável dos produtos da Ciência, sobretudo, após a década de 1960, surgiu o dever de refletir e de construir protocolos que permitissem que essa produção fosse realizada por meio de padrões que respeitassem aspectos culturais, sociais, psicológicos, biológicos, entre outros. Assim, a necessidade latente de inserir a ética nas pesquisas fez surgir os Comitês de Éticas, os protocolos de pesquisa e os instrumentos primordiais para assegurar os direitos e deveres de sujeitos de pesquisas, sejam humanos ou não humanos. O termo ‘Bioética” foi criado e desenvolvido por pesquisadores no ano de 1971. O estadunidense Van Rensselaer Potter, da Universidade de Winsconsin, Madison, criou o neologismo, mas foi o pesquisador Andre Hellegers, da Universidade de Georgetown, em Washington, que teria usado institucionalmente pela primeira vez para designar essa nova disciplina que estava sendo criada (DINIZ; GUILHEM, 2005). Contudo, é preciso considerar que foram os acontecimentos na década de 1960 que impulsionaram a criação devido às mudanças e transformações no contexto social, político, tecnológico e científico da época que são importantes compreender. Com o avanço das pesquisas científicas e dos artefatos tecnológicos surgiu a importância de discutir essa produção, os seus impactos na sociedade e os limites e alcances desse tipo de conhecimento. Ao mesmo tempo, foi nessa época que muitos movimentos sociais, como movi- mento feminista, negro, hippies, ambientalista, entre outros grupos marginalizados, se organizaram para lutar em prol dos seus direitos civis. Foi o momento em que as bandeiras levantadas apontavam a necessidade de respeitar a diversidade de opiniões, as diferenças e o pluralismo de ideias que se referiam às questões morais. Assim, a bioética foi fundada e, gradativamente, vai sendo reconstruída em um constante processo de discussão entre os grupos sociais envolvidos. Atualmente, há comitês éticos com o intuito de promover um diálogo entre pesquisadores e cientistas em relação ao processo de produção do conhecimento científico. O que deve ser relevante nesse processo? Que tipo de protocolo deve ser usado para respeitar os animais não humanos e os humanos que participam das pesquisas? Que tipo de risco as pesquisas apresentam? 2. HISTÓRICO, CONCEITO e Legislação em Bioética e Biossegurança A Bioética surgiu no século 20 como uma proposta de integração do ser humano à natureza. A crescente complexidade das intervenções científicas, especialmente na área da saúde, provocou uma reflexão sobre essas questões (GOLDIM, 2006). A Bioética compreende o estudo transdisciplinar entre Biologia, Medicina, Filosofia (ética) e Direito (biodireito) que investiga as condições necessárias para uma administração responsável da vida humana, animal e responsabilidade ambiental. Originou-se pelos conflitos gerados entre o crescente progresso tecnológico e as reflexões morais sobre as consequências desse progresso. Foi estabelecida como área do conhecimento a partir de 1971, tendo um rápido desenvolvimento e reconhecimento. Hoje é parte integrante do ensino em Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Direito entre outras áreas, com a finalidade de formar profissionais capazes de reconhecer conflitos éticos, realizar análise crítica de suas implicações, uso de senso de responsabilidade e obrigação moral ao tomar decisões relacionadas à vida humana. Em outras palavras, saber reconhecer padrões do que é certo ou errado, bom ou ruim, dentro dos valores morais (AZEVEDO, 1998). Devido à falta de conhecimento pela população sobre o que é ética, muitas vezes tem recebido definições superficiais. A ética não deve ser limitada a um adjetivo, definindo se algo ou alguém é bom ou ruim, adequada ou inadequada. A ética deve ser usada, principalmente, em sua forma adverbial, devendo ela própria ser qualificada, mas não pressupondo que ela, no seu sentido substantivo, sempre se associe ao bom, ao adequado e ao correto. Nesse sentido, Adolfo Sanches Vasques caracterizou a ética como sendo a busca de justificativas para verificar a adequação ou não das ações humanas. Complementando, Robert Veatch define ética como “a realização de uma reflexão disciplinada das intuições morais e das escolhas morais que as pessoas fazem” (GOLDIM, 2006). Historicamente a palavra bioética foi usada pela primeira vez pelo alemão Fritz Jahr (bio + ethik). Esse autor caracterizou a bioética como sendo o reconhecimento de obrigações éticas, não apenas com relação ao ser humano, mas para com todos os seres vivos. “Respeita, em princípio, cada ser vivo como uma finalidade em si e trata-o como tal, na medida do possível”. Posteriormente, o termo bioética foi usado em língua inglesa, pela primeira vez, pelo oncólogo Van Rensselder Potter, em 1970. Potter sugere que deve haver uma ligação da ciência com sua aplicação, visando a defesa dos valores humanos. O título do seu livro, Bioética: uma ponte para o futuro, define bem o alcance e a profundidade do tema para a sociedade humana como um todo. A Bioética teve uma outra origem paralela em língua inglesa. No mesmo ano de 1970, André Hellegers utilizou esse termo para denominar os novos estudos que estavam sendo propostos na área de reprodução humana, ao criar o Instituto Kennedy de Ética (GOLDIM, 2006). Posteriormente, no final da década de 1980, Potter enfatizou a característica interdisciplinar e abrangente da Bioética, denominando-a de global, tendo por objetivo incluir as discussões e reflexões nas questões da medicina e da saúde, os novos desafios ambientais. Em 1998, Potter redefiniu a Bioética como sendo uma Bioética profunda, pela influência da ecologia profunda de Arne Ness. A Bioética profunda como “a nova ciência ética”, que combina humildade, responsabilidade e uma competência interdisciplinar, intercultural, quepotencializa o senso de humanidade. Essa terceira denominação da Bioética por Potter rompe com a perspectiva usual da relação dos seres humanos com a natureza. A proposta visava gerar uma relação harmoniosa com a natureza, reconhecendo-a como tendo valor intrínseco e buscando o reconhecimento da igualdade entre as diferentes espécies, e esta perspectiva deveria ser discutida na abrangência de biorregiões, além de reconhecer as tradições das minorias (GOLDIM, 2003). Hans Jonas, propões a ética da responsabilidade dizendo que “nenhuma ética anterior tinha de levar em consideração a condição global da vida humana e o futuro distante ou até mesmo a existência da espécie. Com a consciência da extrema vulnerabilidade da natureza à intervenção tecnológica do homem, surge a ecologia” que dará uma nova e complexa visão da inserção dos seres humanos no conjunto da natureza. (JONAS, 1994). A Bioética exige uma visão multidisciplinar para uma correta utilização dos conhecimentos adquiridos pela ciência; ela deve unir a Ética e a Biologia, os valores éticos e os fatos biológicos. Ela é norteada por determinados princípios tais como: a beneficência; a prudência; a autonomia; a justiça; a responsabilidade. Como beneficência se entende a análise dos benefícios ou eventuais malefícios que podem vir do conhecimento adquirido. O princípio da prudência nos indica a necessidade de uma postura cuidadosa e atenta, com o objetivo de impedir um possível prejuízo, durante a busca do conhecimento. A autonomia define a capacidade da pessoa governar-se a si mesmo. Por justiça se entende a necessidade de se procurar que os benefícios alcançados pelos conhecimentos a serem adquiridos sejam distribuídos de forma igual na sociedade. A responsabilidade se define como a previsão dos efeitos de uma ação ou comportamento e da sua correção e o dever de assumir a autoria eventual de erros ou omissões. 2.1 Bioética e Biossegurança – Conceito e Histórico 2.1.1 Bioética – Conceito e Histórico Ética é um termo genérico designado para várias formas de se entender e analisar a vida moral. A ética pode ter abordagem normativa (apresentam padrões de ações boas ou más), descritiva (relatam aquilo em que as pessoas acreditam e como elas agem) ou, ainda, analítica (analisam os conceitos e os métodos da ética). A ética apresenta como objetivo principal a delimitação de um conjunto de princípios morais que sustentem boas razões para que seja aceito e tenha o comprometimento de alto padrão ético de todos os profissionais envolvidos. Este pensamento em relação a valores foi tornando-se cada vez mais complexo, e, na segunda metade do século XX, a Bioética surgiu para lançar luz a esses pensamentos, com o intuito de lidar com uma crise de valores instalada, advinda das transformações sociais profundas ocorridas. Neste sentido, a bioética parte dos saberes da própria ética filosófica, como uma espécie de ética aplicada. Sua abrangência foi sendo ampliada à medida que os seus problemas relacionados ao desenvolvimento tecnológico e biotecnológico, razão pela qual ela se apresenta como um espaço de reflexão e de ação interdisciplinar que envolve obrigatoriamente a noção de complexidade. Van Rensselaer Potter, em resposta ao crescimento exponencial do conhecimento científico e ao atraso da reflexão necessária e primordial a sua utilização, definiu-a como uma ciência da sobrevivência que se baseia na aliança no saber biológico (bio) com os valores humanos (ética) – bioética (22). Os objetivos da bioética nascem diferentes dos da ética profissional, pois não têm base na proibição ou na negação. Ela atua com o intuito de legitimar ações e situações, atuando positivamente, sob a essência da liberdade, porém com compromisso e responsabilidade, contextualizando cada situação de conflito, dentro de seus aspectos sociais, culturais, econômicos e biológicos. A bioética pode ser considerada como um novo âmbito da ética, que se ocupa da moralidade dos atos biotecnocientíficos. Pode ser concebida de várias maneiras de acordo com as características do seu objeto, dos métodos adotados ou contexto em que queira inscrever suas atividades (ética da vida; ética da sacralidade da vida; implicações morais da práxis humana etc). Apesar das suas diferenças, todas as definições de ética possuem dois elementos em comum: 1. moralidade - referida ao agente moral ou ao ato oriundo desse agente; 2. referência à vida. 3. Podemos entender a bioética com um significado mais abrangente, como sendo “a ética da vida”, ou com significado circunscrito, como apontado por Schramm, entendida de forma literal como “a ética aplicada ao bios, à vida humana naquilo que ela teria de específica: a vida moral, isto é, a competência em distinguir entre o bem e o mal.... Em resumo, pode-se definir a bioética como prática e discurso que têm por objetivo esclarecer ou resolver as questões éticas suscitadas pelo desenvolvimento tecnocientífico no campo da saúde e da vida humana. A proposta da bioética é inerentemente complexa porque trata de questões éticas plasmadas em um mundo plural e culturalmente diversificado, por isso ela é composta pela confluência de numerosas disciplinas, tais como: filosofia (ética), medicina, biologia, sociologia, antropologia, economia, direito etc, além de ser um campo que está presente em temáticas que envolvem a sociedade e o meio ambiente. Possui uma abordagem interdisciplinar que permite analisar as situações e problemas éticos de forma abrangente e individual, verificando todas as perspectivas envolvidas e todas as linguagens de compreensão de cada disciplina (28). Durante a 32ª Conferência Geral da UNESCO em 2003, foi identificada a necessidade de iniciar e apoiar o ensino em ética, visando habilitar os estudantes a reconhecer a analisar questões éticas, assim como capacitá-los a agir eticamente mediante as situações surgidas. Recomendou-se, ainda, que o ensino da ética seja em vários níveis, desde a graduação até a pós-graduaçao. Diante disso, torna-se evidente a necessidade da inserção deste saber nas grades curriculares de formação profissional das diversas áreas afins. 2.1.2 Biossegurança - Conceito e Histórico A biossegurança, prática cada vez mais presente no cotidiano do profissional de saúde, compreende um campo de conhecimento e um conjunto de práticas e ações técnicas, com preocupações sociais e ambientais, destinados a conhecer e controlar os riscos que o trabalho pode oferecer ao ambiente, à vida humana e à animal (12). A Biossegurança apresenta como fundamento básico estudar, entender e tomar medidas para prevenir, minimizar ou eliminar os riscos inerentes às atividades da pesquisa, produção, ensino e desenvolvimento tecnológico e proteger a saúde humana, animal e ambiental ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Também pode ser entendida como um novo tipo de saber que se ocupa dos artefatos (produtos residuais) das biotecnologias, analisando e avaliando seus procedimentos e produtos do ponto de vista de sua segurança, assim necessária para uma política de segurança legítima e eficaz. O termo biosafety, do qual deriva o termo biossegurança, surge depois da Segunda Guerra Mundial, no âmbito do Center of Disease Control (CDC) de Atlanta, com a preocupação de detectar, avaliar e gerir os chamados biorriscos (biohazards), na época definidos como perigos biológicos engendrados diretamente pela natureza ou atividade humana. Figura 1: Biossegurança e Segurança do Paciente Fonte: https://www.google.com.br/ https://www.google.com.br/ A biossegurança possui duas vertentes: legal e prática. A vertente legal - regida pela Lei de Biossegurança n° 11.105/2005, que trata das questões envolvendoa manipulação de DNA (Ácido desoxirribonucleico). A vertente prática - que é empregada nas instituições de saúde que envolvem riscos presentes nesses ambientes (agentes químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais). No entanto, a biossegurança não se resume apenas a normas de prevenção e controle; sua dimensão científica necessita uma formação educacional adequada para a compreensão dos seus principais objetivos. Figura 2: Definição de Biossegurança Fonte: https://www.google.com.br/ Na área da saúde, é possível observar um enorme número de casos que apresentam riscos ocupacionais, cujos profissionais se veem diariamente frente a situações de riscos, especialmente na área biomédica. A biossegurança é, portanto, tema de extrema relevância no dia a dia e necessita estar presente ao longo do processo de formação de profissionais nos cursos técnicos. Mastroeni firma que a educação é seguramente a única forma de modificarmos a cultura do fazer ‘fácil’ pelo fazer ‘correto’. https://www.google.com.br/ Entretanto, é possível observar que a educação em biossegurança no Brasil, apesar de sua importância, ainda não está amplamente inserida nas diretrizes curriculares. Sabe-se que essa deficiência na formação profissional, em virtude do descompasso entre a teoria e a prática, principalmente nos cursos de saúde, é um importante obstáculo no processo educativo. Nesse contexto, é de fundamental importância ampliar a inserção desse campo de conhecimento nas grades curriculares, visando promover ações efetivas de proteção, tendo, assim, a biossegurança respaldada pelo senso de responsabilidade como característica individual e não como uma prática imposta . Níveis de Biossegurança, Segurança Biológica e Barreira de Contenção, EPI, EPC - Níveis de Biossegurança Para manipulação dos microrganismos pertencentes a cada uma das quatro classes de risco devem ser atendidos alguns requisitos de segurança, conforme o nível de contenção necessário. Estes níveis de contenção são denominados de níveis de Biossegurança. Os níveis são designados em ordem crescente, pelo grau de proteção proporcionado ao pessoal do laboratório, meio ambiente e à comunidade. O nível de Biossegurança 1, é o nível de contenção laboratorial que se aplica aos laboratórios de ensino básico, onde são manipulados os microrganismos pertencentes a classe de risco 1. Não é requerida nenhuma característica de desenho, além de um bom planejamento espacial e funcional e a adoção de boas práticas laboratoriais. O nível de Biossegurança 2 diz respeito ao laboratório em contenção, onde são manipulados microrganismos da classe de risco 2. Se aplica aos laboratórios clínicos ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico, sendo SAIBA MAIS: O filme “O julgamento de Nuremberg, 2000, dirigido por Yves Simoneau, mostra algumas particularidades desse evento. Vale a pena assistir! http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/classificacao_de_riscos.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb1.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/classificacao_de_riscos.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb2.html necessário, além da adoção das boas práticas, o uso de barreiras físicas primárias (cabine de segurança biológica e equipamentos de proteção individual) e secundárias (desenho e organização do laboratório). O nível de Biossegurança 3 é destinado ao trabalho com microrganismos da classe de risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de microrganismos da classe de risco 2. Para este nível de contenção são requeridos além dos itens referidos no nível 2, desenho e construção laboratoriais especiais. Deve ser mantido controle rígido quanto a operação, inspeção e manutenção das instalações e equipamentos e o pessoal técnico deve receber treinamento específico sobre procedimentos de segurança para a manipulação destes microrganismos. O nível de Biossegurança 4, ou laboratório de contenção máxima, destina-se a manipulação de microrganismos da classe de risco 4, onde há o mais alto nível de contenção, além de representar uma unidade geográfica e funcionalmente independente de outras áreas. Esses laboratórios requerem, além dos requisitos físicos e operacionais dos níveis de contenção 1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança. - Níveis de Biossegurança para Laboratórios Níveis de biossegurança (NB 1) Determinado para a manipulação de agentes da classe de risco 1, ou seja, microrganismos que têm baixa probabilidade de provocar doenças em homens ou animais. Dessa forma, não são necessários equipamentos específicos de proteção (barreiras primárias) e quanto às instalações (barreiras secundárias) são exigidas apenas bancadas abertas com pias próximas. Todos os colaboradores devem ser treinados para os procedimentos específicos do laboratório, supervisionados por um profissional com domínio em biossegurança e ter o trabalho norteado pelas Boas Práticas Laboratoriais, que são, dentre outras: lavagem de mãos; não comer, beber e fumar. Os alimentos devem ser mantidos fora da área de trabalho; evitar o uso de calçados abertos; http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/epc.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/csb.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/epi.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/epi.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb3.html http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/nb4.html utilizar dispositivos mecânicos para a pipetagem, sendo proibido fazê-lo pela boca; não usar acessórios como anéis, relógios e pulseiras durante as atividades laboratoriais; possuir kit de primeiros socorros; realizar a desinfecção das superfícies de trabalho ao final do uso ou quando houver contato direto de material viável; possuir programa de controle de insetos e roedores. Níveis de biossegurança (NB 2) Adequado ao trabalho que envolva agentes com classe de risco 2, sendo microrganismos que podem causar infecção mas que são de tratamento fácil e eficaz — representando risco individual moderado e baixo para a comunidade. Nesse caso, há recomendação do uso de equipamentos de segurança, como luvas, aventais e proteção para o rosto quando necessário. Quando a manipulação de agentes provocar aerossóis ou vazamentos de materiais infecciosos, é determinado o uso de Cabines de classe I ou II. No que se refere às instalações, é recomendado o mesmo do NB 1 acrescido de Autoclave. As práticas específicas são: possuir acesso limitado; dispor de aviso de Risco Biológico; possuir precauções para objetos perfuro cortantes; apresentar Manual de Biossegurança que defina qualquer descontaminação de dejetos ou normas de vigilância médica. Níveis de biossegurança (NB 3) Destinado ao trabalho com agentes de risco biológico de classe 3, potencialmente fatais, que apresentam elevado risco individual e baixo risco para a comunidade. Os equipamentos de segurança desse nível são semelhantes ao NB 2, acrescentando o uso das Cabines de classe I ou II em todas as manipulações de agentes abertas. A instalações seguem o NB 2 somadas a separação física dos corredores de acesso, portas duplas com fechamento automático, ar de exaustão que não deve recircular e o fluxo negativo dentro do laboratório. As práticas específicas são: apresentar acesso rigorosamente controlado; realizar desinfecção de todo o lixo, assim como a roupa usada no laboratório antes de ser lavada; coletar e armazenar amostra sorológica de cada colaborador exposto ao risco como referência. Níveis de biossegurança (NB 4) Referente a laboratórios emque os colaboradores estão expostos a agentes altamente patogênicos, de fácil propagação, que não possuem medidas terapêuticas ou profiláticas, representando um elevado risco individual e para a comunidade. Consequentemente, todos os procedimentos devem ser realizados dentro de Cabine classe III ou em Cabines de classe I ou II, juntamente ao uso do macacão de pressão positiva com suprimento de ar. Quanto às instalações, é necessário seguir as recomendações do NB 3, sendo que o edifício ou a área do laboratório devem ser isolados, os sistemas de abastecimento e escape devem ser a vácuo e possuir eficiente sistema de descontaminação, além de outras especificações descritas a serem seguidas devido ao risco envolvido. As práticas de segurança também devem ser executadas criteriosamente e envolvem: mudança de roupa antes de entrar; banho ao sair; descontaminação de todo o material na saída do laboratório. - Segurança Biológica Segurança Biológica é definido como o manejo dos riscos biológicos e ambientais associados à alimentação e agropecuária, incluindo os setores de pesca e floresta. Importância da segurança biológica Gerar conhecimentos e validar tecnologias para a avaliação, manejo e diminuição do risco de introdução e dispersão de pragas no Brasil, visando à melhoria da qualidade dos produtos agrícolas e proteção da agricultura brasileira e do meio ambiente - Barreiras de Contenção O termo "contenção" é usado para descrever os métodos de segurança utilizados na manipulação de materiais infecciosos em um meio laboratorial onde estão sendo manejados ou mantidos. O objetivo da contenção é o de reduzir ou eliminar a exposição da equipe de um laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente em geral aos agentes potencialmente perigosos. A contenção primária, a proteção da equipe do laboratório e do meio de trabalho contra a exposição aos agentes infecciosos, é proporcionada por uma boa técnica de microbiologia e pelo uso de um equipamento de segurança adequado. O uso de vacinas pode fornecer um elevado nível de proteção pessoal. Já a contenção secundária, a proteção do meio ambiente externo ao laboratório contra a exposição aos materiais infecciosos, é proporcionada pela combinação de um projeto das instalações e das práticas operacionais. Desta forma, os três elementos de contenção incluem: a prática e a técnica laboratorial; o equipamento de segurança; o projeto da instalação. A avaliação do risco do trabalho a ser realizado com um agente específico determinará a combinação adequada destes três elementos. Prática e Técnica Laboratorial. O elemento de contenção mais importante é a adesão rígida às práticas e técnicas microbiológicas padrões. As pessoas que trabalham com agentes infecciosos ou com materiais potencialmente contaminados devem se conscientizar sobre os riscos potenciais, e devem ser treinadas e estarem aptas a exercerem as técnicas e práticas necessárias para o manuseio seguro destes materiais. Cabe ao diretor ou a pessoa responsável pelo laboratório, a responsabilidade também pelo fornecimento ou pela elaboração de um treinamento adequado para o corpo de funcionários. Cada laboratório deverá desenvolver ou adotar um manual de biossegurança ou de operações que identifique os riscos que serão ou que poderão ser encontrados e que especifique também as práticas e procedimentos específicos para minimizar ou eliminar as exposições a estes perigos. Os funcionários devem receber informações sobre os riscos especiais e devem ler e seguir todas as práticas e procedimentos solicitados. Um cientista treinado e com grande conhecimento das técnicas laboratoriais apropriadas, dos procedimentos de segurança e dos perigos associados ao manuseio de agentes infecciosos deve ser o responsável pela condução do trabalho envolvendo quaisquer agentes ou materiais infecciosos. Quando as práticas laboratoriais padrões não forem suficientes para controlar os perigos associados a um agente ou a um procedimento laboratorial em particular, medidas adicionais poderão ser necessárias. O diretor do laboratório será o responsável pela seleção das práticas adicionais de segurança que devem estar relacionadas aos riscos associados aos agentes ou aos procedimentos. A equipe, as práticas de segurança e as técnicas laboratoriais deverão ser complementadas com um projeto apropriado das instalações e das características da arquitetura, do equipamento de segurança e das práticas de gerenciamento. Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias). O equipamento de segurança inclui: as cabines de segurança biológica (CSB); recipientes adequados; e outros controles da engenharia de segurança projetados para remover ou minimizar exposições aos materiais biológicos perigosos. A cabine de segurança biológica (CSB) é o dispositivo principal utilizado para proporcionar a contenção de borrifos ou aerossóis infecciosos provocados por inúmeros procedimentos microbiológicos. Três tipos de cabines de segurança biológica (Classe I, II e III) usados em laboratórios de microbiologia estão descritos e ilustrados no Apêndice A. As cabines de segurança biológica Classe I e II, que possuem a frente aberta, são barreiras primárias que oferecem níveis significativos de proteção para a equipe do laboratório e para o meio ambiente, quando utilizado com boas técnicas microbiológicas. A cabine de segurança biológica Classe II também fornece uma proteção contra a contaminação externa de materiais (por exemplo, cultura de células, estoque microbiológico) que serão manipulados dentro das cabines. A cabine de segurança biológica Classe III hermética e impermeável aos gases proporcionam o mais alto nível de proteção aos funcionários e ao meio ambiente. Um outro exemplo de barreira primária é o copo de segurança da centrífuga, um recipiente conectado à centrífuga projetado para evitar que aerossóis sejam liberados durante uma centrifugação. Para minimizarmos este perigo, controles de contenção como as cabines de segurança biológicas (CSB) ou os copos da centrífuga deverão ser utilizados ao manipularmos agentes infecciosos que possam ser transmitidos através da exposição aos aerossóis. O equipamento de segurança também pode incluir itens para a proteção pessoal com: luvas, aventais, gorros, proteção para sapatos, botas, respiradores, escudo ou protetor facial, máscaras faciais ou óculos de proteção. O equipamento de proteção pessoal frequentemente é usado em combinação com as cabines de segurança biológica e outros dispositivos que façam a contenção os agentes, animais ou materiais que estão sendo manipulados. Em alguns casos nos quais se torna impossível trabalhar em capelas de segurança biológica, o equipamento de segurança pessoal deve formar a barreira primária entre os trabalhadores e os materiais infecciosos. Os exemplos incluem certos estudos sobre animais, necropsia animais, atividades de produção em grande escala do agente e atividades relacionadas à manutenção, serviços ou suporte da instalação do laboratório. Projeto e Construção das Instalações (Barreiras Secundárias). O planejamento e a construção das instalações contribuem para a proteção da equipe do laboratório, proporcionando uma barreira de proteção para as pessoas que se encontram fora do laboratório e para as pessoas ou animais da comunidade contra agentes infecciosos que podem ser liberados acidentalmente pelo laboratório. A gerência do laboratório deve ser a responsável por instalações que estejam de acordo com o funcionamento do mesmo e com o nível de biossegurança recomendado para os agentes que forem ali manipulados. As barreiras secundárias recomendadas dependerão do risco de transmissão dos agentes específicos. Por exemplo, o risco das exposições para grande parte dos trabalhoslaboratoriais em dependências de um Nível De Biossegurança 1 e 2 será o contato direto com os agentes ou as exposições inadvertidas através de um meio de trabalho contaminado. As barreiras secundárias nestes laboratórios podem incluir o isolamento da área de trabalho ao acesso público, disponibilidade de uma Quando o risco de contaminação através da exposição aos aerossóis infecciosos estiver presente, níveis mais elevados de contenção primária e barreiras de proteção secundárias poderão ser necessários para evitar que agentes infecciosos escapem para o meio ambiente. Estas características do projeto incluem sistemas de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar unidirecionado, sistemas de tratamento de ar para a descontaminação ou remoção do ar liberado, zonas de acesso controlado, câmaras pressurizadas como entradas de laboratório, separados ou módulos para isolamento do laboratório. - EPI e EPC Os EPIs e EPCs devem ser implementados em todos os ambientes do trabalho sempre que não for possível eliminar o risco. Portanto, é dever do empregado utilizar o equipamento. Assim como, é dever do empregador fornecer o EPI adequado, dar o treinamento e apresentar todas as informações necessárias para que o trabalhador esteja ciente das zonas de riscos e como utilizar corretamente o Equipamento de Proteção Individual. A seguir será listado alguns dos principais EPIs para os serviços em saúde. Devendo considerar que para fazer a escolha, deve-se consultar o profissional da segurança do trabalho para que ele estabeleça os equipamentos ideais para garantir a proteção do trabalhador em cada tipo de ambiente. 1. Avental descartável https://www.prometalepis.com.br/blog/epi-x-epc-qual-e-a-diferenca/ 2. Toucas 3. Luvas de segurança 4. Máscaras respiratórias 5. Óculos de segurança 6. Sapato de segurança Figura 3: EPI para saúde Fonte: https://www.google.com.br/ https://www.google.com.br/se Figura 4: EPI para saúde Fonte: https://www.google.com.br/ Figura 5: EPC Fonte: https://www.google.com.br/ https://www.google.com.br/se https://www.google.com.br/se A necessidade do uso dos EPIs está prevista na NR 32 que tem como principal objetivo determinar as boas práticas que visem a segurança dos trabalhadores do local. Segundo a Norma Regulamentadora responsável por determinar tudo que é relacionado aos EPIs, NR 6, o empregador é quem possui a responsabilidade de fornecer o EPI. Isso deverá ocorrer sempre que: 1. sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; 2. enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e, 3. para atender a situações de emergência. Quanto ao fornecimento do Equipamento, a NR diz o seguinte: 1. adquirir o adequado ao risco de cada atividade; 2. exigir seu uso; 3. fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho; 4. orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação; 5. substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado; 6. responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e, 7. comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada. 8. registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros, fichas ou sistema eletrônico. Mas o trabalhador também tem suas responsabilidades. Veja: 1. usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina; 2. responsabilizar-se pela guarda e conservação; 3. comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso; e, 4. cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado. NR 32 A NR 32 é a Norma Regulamentadora que estabelece as diretrizes básicas para a implementação das Medidas de Controle de Risco para a proteção dos profissionais da saúde. Assim, para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços de saúde qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e https://www.prometalepis.com.br/blog/nr-6-epi/ todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade. PPRA O PPRA, além do previsto na NR-09, na fase de reconhecimento, deverá conter: 1. Identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da localização geográfica e da característica do serviço de saúde e seus setores, considerando: 2. Fontes de exposição e reservatórios; vias de transmissão e de entrada; 3. Transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente; 4. Persistência do agente biológico no ambiente; 5. Estudos epidemiológicos ou dados estatísticos; 6. Outras informações científicas. 7. Avaliação do local de trabalho e do trabalhador, considerando: 8. A finalidade e descrição do local de trabalho 9. A organização e procedimentos de trabalho; 10. A possibilidade de exposição; 11. A descrição das atividades e funções de cada local de trabalho; 12. As medidas preventivas aplicáveis e seu acompanhamento. Além disso, o PPRA deverá ser reavaliado uma vez ao ano e sempre que houver uma mudança nas condições de trabalho, que possa alterar a exposição aos agentes biológicos ou quando a análise dos acidentes e incidentes assim o determinar. Os documentos que compõem o PPRA deverão estar disponíveis aos trabalhadores. PCMSO O PCMSO, além do previsto na NR-07 deverá contemplar: 1. o reconhecimento e a avaliação dos riscos biológicos; 2. a localização das áreas de risco segundo os parâmetros do item 32.2.2; 3. a relação contendo a identificação nominal dos trabalhadores, sua função, o local em que desempenham suas atividades e o risco a que estão expostos; 4. a vigilância médica dos trabalhadores potencialmente expostos; 5. o programa de vacinação. Sempre que houver transferência permanente ou ocasional de um trabalhador para um outro posto de trabalho, que implique em mudança de risco, esta deve ser comunicada de imediato ao médico coordenador ou responsável pelo PCMSO. Com relação à possibilidade de exposição acidental aos agentes biológicos, deve constar do PCMSO: 1. Os procedimentos a serem adotados para diagnóstico, acompanhamento e prevenção do soro conversão e das doenças; 2. As medidas para descontaminação do local de trabalho; 3. O tratamento médico de emergência para os trabalhadores; 4. A identificação dos responsáveis pela aplicação das medidas pertinentes; 5. A relação dos estabelecimentos de saúde que podem prestar assistência aos trabalhadores; 6. As formas de remoção para atendimento dos trabalhadores; 7. A relação dos estabelecimentos de assistência à saúde depositários de imunoglobulinas, vacinas, medicamentos necessários, materiais e insumos especiais. Além do cumprimento do disposto na legislação vigente, com relação aos EPIs, os mesmos deverão: 1. Ser avaliados diariamente quanto ao estado de conservação e segurança; 2. Estar armazenados em locais de fácil acesso e em quantidade suficiente para imediata substituição, segundo as exigências do procedimento ou em caso de contaminação ou dano. Sendo os EPIs descartáveis ou não, os mesmos deverão estar à disposição em número suficiente nos postos de trabalho, de forma que seja garantido o imediato fornecimento ou reposição. Das Medidas de Proteção Quanto às Medidas de Proteção, segundo a NR 32, é dever do empregador destinar local apropriado para a manipulação ou fracionamento de produtos químicos que impliquem riscos à segurança e saúde do trabalhador. É vedada a realização destes procedimentos em qualquer local que não o apropriado para este fim, a não ser quando se refere a reparação e associação de medicamentos para administração imediata aos pacientes.Nestes casos, o local deverá dispor, no mínimo, de: 1- Sinalização gráfica de fácil visualização para identificação do ambiente, respeitando o disposto na NR-26; 2. Equipamentos que garantam a concentração dos produtos químicos no ar abaixo dos limites de tolerância estabelecidos nas NR- 09 e NR-15 e observando-se os níveis de ação previstos na NR-09; 3. Equipamentos que garantam a exaustão dos produtos químicos de forma a não potencializar a exposição de qualquer trabalhador, envolvido ou não, no Processo de trabalho, não devendo ser utilizado o equipamento tipo coifa; 4. Chuveiro e lava-olhos, os quais deverão ser acionados e higienizados semanalmente; 5. Equipamentos de proteção individual, adequados aos riscos, à disposição dos trabalhadores; 6. Sistema adequado de descarte. A manipulação ou fracionamento dos produtos químicos deve ser feito por trabalhador qualificado, enquanto o transporte deverá ser realizado considerando os riscos à segurança e saúde do trabalhador e ao meio ambiente. Nos locais onde se utilizam e armazenam produtos inflamáveis, o sistema de prevenção de incêndio deverá prever medidas especiais de segurança e procedimentos de emergência. SAIBA MAIS. Seu professor sugere que você conheça mais sobre o tema, acessando esse LINK: https://www.yumpu.com/pt/document/read/30184451/biosseguranca- barreiras-de-contencao-epi-e-epc https://www.yumpu.com/pt/document/read/30184451/biosseguranca-barreiras-de-contencao-epi-e-epc https://www.yumpu.com/pt/document/read/30184451/biosseguranca-barreiras-de-contencao-epi-e-epc 3. A INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS NORMAS ÉTICAS NO BRASIL É inegável que a questão ética nas pesquisas com seres humanos iniciou-se na área das ciências biomédicas e, certamente, esse legado ainda está presente nessa discussão. No Brasil, em 1988, o Conselho Nacional da Saúde, do Ministério da Saúde, editou a Resolução nº 1/88, que passa a exigir que as pesquisas científicas que envolvem seres humanos devem ter seus protocolos aprovados por Comitês de Ética. Entretanto, somente em 1996 foi editada a Resolução 196/96, que estipulou o sistema CEP/CONEP, composto pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP/CNS/MS, do Conselho Nacional de Saúde, e pelos Comitês de Ética em Pesquisa - CEP, e algumas normativas para orientar a condução de pesquisas com seres humanos dentro dos parâmetros éticos (BRASIL, 2012). Recentemente foi editada a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, seguindo a proposta contida no próprio dispositivo XII.3, que diz que “A presente Resolução, por sua própria natureza, demanda revisões periódicas, conforme necessidades das áreas ética, científica e tecnológica”. É evidente que a institucionalização da resolução pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa, vinculada ao Ministério da Saúde, não garante, por si só, que as pesquisas científicas no âmbito nacional sejam alicerçadas em parâmetros éticos. Contudo, cria possibilidades de reflexões referentes aos parâmetros éticos na análise, pois todo e qualquer projeto de pesquisa com seres humanos deve ser submetido e analisado por um Comitê de Ética. A proposta dos Comitês de Ética é estabelecer um diálogo com os pesquisadores proponentes de pesquisas científicas com o intuito de promover reflexões, alicerçadas nos dispositivos da Resolução nº 466/2012. Exatamente por isso é que as particularidades das pesquisas em ciências humanas e ciências biomédicas devem ser compreendidas, pois são fundamentais para a realização de Ao definir os aspectos éticos na pesquisa com seres humanos, a Resolução nº466/2012 afirma que: A eticidade da pesquisa implica em: respeito ao participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre e esclarecida; ponderação entre riscos e benefícios, tanto conhecidos como potenciais, individuais ou coletivos, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos; garantia de que danos previsíveis serão evitados; relevância social da pesquisa, o que garante a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação sócio-- . Indicar os critérios que definem a eticidade nas pesquisas corresponde a uma proposta de construir os protocolos estabelecidos para as mesmas, considerando a articulação entre a ciência e a ética. Porém, é questionável se, ao decretar os princípios que fundamentam a ética nas pesquisas, esses possam limitar a base filosófica da discussão sobre o assunto. Outro ponto importante da legislação é que há a afirmação que os riscos são inerentes tanto às pesquisas na área das ciências biomédicas, como na área das ciências humanas e sociais. Portanto, de acordo com a legislação, não existe pesquisa sem risco para os seus sujeitos Toda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradações variados. Quanto maiores e mais evidentes os riscos, maiores devem ser os cuidados para minimizá-los e a proteção oferecida pelo Sistema CEP/CONEP aos participantes. Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores, no plano individual ou coletivo. A análise de risco é componente imprescindível à análise ética, dela decorrendo o plano de monitoramento que deve ser oferecido pelo Sistema CEP/CONEP em cada caso específi O pesquisador deve questionar-se e procurar o auxílio do Comitê de Ética para buscar elementos e possibilidades que minimizem os riscos aos sujeitos da pesquisa ou que tragam benefícios que sobreponham os riscos. É por meio das reflexões e diálogos com os comitês, com as pesquisas publicadas, entre outros, que as pesquisas podem aproximar-se da aliança entre ciência e ética. O pesquisador deve considerar, de antemão, que não existe pesquisa com risco zero e, portanto, os sujeitos devem ser protegidos para minimizar os impactos e as consequências desses riscos. Cabe ao Comitê de Ética, em diálogo com o pesquisador, construir o caminho mais adequado para alcançar o objetivo proposto. Por isso que Tomanik (2008) afirma que os textos legais, as organizações sociais, “podem e devem atuar como normas rígidas e inquestionáveis de conduta” (TOMANIK, 2008, p. 6) Quadro 1: Bioética e Biossegurança Fonte: https://www.google.com.br/ https://www.google.com.br/ 3.1 O Comitê de Ética nas Pesquisas Científicas e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) O sistema CEP/CONEP é integrado pelos Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) e a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), do Conselho Nacional de Saúde, que tem como objetivo estabelecer diálogos com os pesquisadores em direção à construção de pesquisas alicerçadas nos princípios éticos. De acordo com a Resolução nº 466/2012, VII. Os CEP “são colegiados interdisciplinares e independentes, de relevância pública, de caráter consultivo, deliberativo e educativo, criados para defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e dignidade e para contribuir com o desenvolvimento das pesquisas dentro de padrões éticos (BRASIL, 2012). Os CEPs devem ser constituídos em todas as instituições e/ou organizações que realizam pesquisas que envolvem seres humanos e têm como atribuições avaliar os protocolos de pesquisa, priorizando temas de relevância pública e de interesse estratégico na agenda de prioridade do SUS (BRASIL, 2012). O objetivo do sistema CEP/CONEP é assegurar o participante de pesquisa e o pesquisador. Para isso, foi elaborado um documento de suma importância, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), que busca esclarecer o objetivo da pesquisa, os procedimentos e detalhamentos do método a ser utilizado, informandoqual será a contribuição do sujeito para o andamento da mesma, explicitação dos possíveis riscos e desconfortos e a forma como serão assistidos e mitigados, garantia da liberdade de participação, do sigilo, do ressarcimento dos gastos e da garantia da indenização caso ocorram danos no processo. Logo, o TCLE é essencial para garantir que tanto o participante como os pesquisadores estarão respaldados no decorrer da pesquisa. Ainda assim, o CEP/CONEP considera que em algumas pesquisas a obtenção do TCLE é inviável ou que possa acarretar certos riscos que comprometam a privacidade, a confidencialidade ou até mesmo os vínculos de confiança entre o pesquisador e os participantes. Em situações como essa, o CEP/CONEP considera a possibilidade de apreciar a dispensa do TCLE, desde que justificado e solicitado pelo pesquisador. Portanto, estabelecer diálogos entre pesquisadores e o sistema CEP/CONEP pode contribuir para esclarecer e delinear processos e procedimentos de pesquisa, sem prejuízo aos critérios de cientificidade dos projetos. Isso aponta que, com a institucionalização da Resolução 466/2012, alguns passos foram dados em relação a sua antecessora, a Resolução 196/1996. O que se espera é que os caminhos percorridos pelas pesquisas científicas no Brasil estejam atrelados aos critérios éticos que são construídos no decorrer desse processo de produção do conhecimento científico. Figura 6: Lei de Biossegurança Fonte: https://www.google.com.br/ https://www.google.com.br/ 4. ÈTICA NA PESQUISA COM SERES HUMANOS A ética em pesquisa com seres humanos tem por objetivo preservar aos participantes da pesquisa, sua integridade física, moral e social, pois se considerarmos que muitos trabalhos são realizados com comunidades menos favorecidas, como a população indígena, moradores de favelas, crianças em situação de risco, dentre outros, se não houvesse orientações éticas para se trabalhar com essas comunidades, estaríamos voltando no tempo, donde no período da Segunda Guerra Mundial eram realizadas atrocidades envolvendo seres humanos nas pesquisas sem critério ético. De acordo com Bernardes (2010), as experiências antiéticas nesse período incluem vinte e três médicos que foram condenados por praticarem dentre outras atrocidades em nome da ciência as citadas pela a autora: Colocar prisioneiros em câmaras de pressão, modificar a pressão atmosférica e observar suas mortes; estudar o impacto sobre o corpo humano da imersão em água gelada por períodos prolongados; infectá-los com tifo, malária e outras doenças para testar drogas e vacinas; esterilização e castração procurando métodos eficazes para esterilização em massa; administrar venenos para estudar seus efeitos letais; e estudos com gêmeos, infectando um, matando os dois e comparando os corpos em autópsia (BERNARDES, 2010, p.18) No contexto da regulamentação sobre ética em pesquisa, a construção das orientações que permearam o tema está voltada para a área da saúde, pois a implicação de projetos com seres humanos a priori necessita de uma análise minuciosa sobre os participantes da pesquisa, possibilitando sua proteção e integridade, em experiências científicas – a qual deu origem ao Código de Nuremberg. [...] elaborado após o julgamento dos criminosos nazistas, tornou-se o primeiro documento internacional relevante na regulamentação das pesquisas clínicas e influenciou as diretrizes que se seguiram. Suas referências foram as diretrizes alemãs anteriores à guerra que orientavam a ética médica e a experimentação científica (JACOMÉ, 2013, p.31). Assim, após esse período de atrocidades várias orientações sobre os princípios éticos em pesquisas com seres humanos foram estabelecidos no mundo, cada país dispõe sobre uma legislação ou leis especificas sobre o assunto, permitindo um maior grau de confiabilidade das pesquisas, bem como os resultados éticos advindo de suas investigações, pois existe uma estrutura que avalia esses trabalhos antes de serem executados, mesmo que em alguns casos os próprios pesquisadores questionem os procedimentos exigidos, principalmente o Termo de Consentimento Livre de Esclarecimento – TCLE, quando uso de dados secundários. Segundo a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, o respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após consentimento livre e esclarecido e, no caso de crianças e adolescentes ou legalmente incapaz também do assentimento dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa. As discussões acerca da legitimidade dos trabalhos acadêmicos, pesquisas em cursos de pós-graduação e outros, inclusive são questionados pela própria Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes , apontando que inúmeros trabalhos são plágio ou auto plágio, dessa forma os CEPs tem responsabilidade em garantir que os trabalhos realizados com seres humanos, independente da área sigam os procedimentos éticos estabelecidos na legislação vigente, o problema é quando essa mesma legislação deixa lacunas sobre termos que são importantes para que se faça cumprir a aplicação ética nos trabalhos apresentados. O fato de que a legislação foi elaborada tendo como foco pesquisas voltadas para a área da saúde, que envolvam seres humanos na sua fragilidade, doenças, epidemias, fármacos dentre outros, as demais áreas como as Ciências Humanas e Sociais discutem o rigor da legislação no campo de atuação das pesquisas na área. A matriz de avaliação da ética em pesquisa com seres humanos no Brasil é predominantemente biomédica. Conceitos como riscos e benefícios, devolução dos resultados de pesquisa, benefícios compartilhados, termo de consentimento livre e esclarecido ou reparação por danos compõem o vocabulário compartilhado dos comitês de ética para avaliar projetos de pesquisa (DINIZ, 2008, p.421). Os órgãos regulamentadores em pesquisa reconhecendo a necessidade de ouvir a área de Ciências Humanas e Sociais aprovou a Resolução CNS 510/16. Essa Resolução atende as demandas da área, permitindo análise diferenciada nos protocolos de pesquisas, principalmente no que tange aos riscos e a aplicação do Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Quando citamos a legislação que permeia o sistema CEP/CONEP, e as questões sobre Ética em Pesquisa com Seres Humanos, nos pautamos principalmente na Resolução do Conselho Nacional de Saúde a Resolução CNS 466/2012, que orienta quais são os procedimentos éticos a serem adotados em pesquisa com seres humanos. Um dos princípios norteadores dessa Resolução é o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, sendo assinado pelos sujeitos participantes da pesquisa. A área das Ciências Humanas e Sociais questionavam a forma de obter esse Consentimento, pois o formato que a Resolução 466/12 orienta que o Consentimento deve ser impresso em três vias, uma das cópias fica com o sujeito, uma com o pesquisador e uma na instituição responsável pela pesquisa. Com a Resolução da área das Ciências Humanas e Sociais, o TCLE poderá ser realizado de diversas formas, como? Por meio de vídeo, de gravação e outros, de acordo com os sujeitos participantes da pesquisa. Diante do exposto, todas as áreas cientificam se valem da avaliação de seus pares sobre seus trabalhos de pesquisa, na construção dessas avaliações as instituições de pesquisas até a pouco tempo trabalhavam com protocolos (processos) de pesquisa físicos. Como isso o tempo de avaliação e o volume de documentos que eram analisados dificultava a agilidade em se dar respostas rápidas sobre a situação dessas pesquisas. Com a institucionalização da Plataforma Brasil, esses protocolos podem ser analisados pelos pesquisadores dos CEPs com mais rapidez, pois os pareceres são armazenadosna própria plataforma. 4.1 Plataforma Brasil Figura 7: Plataforma Brasil Fonte: https://www.google.com.br/ Participando da evolução das novas tecnologias nas instituições de pesquisa, a ferramenta apresentada pelo CNS, veio contribuir de forma efetiva no controle de informações sobre a produção da pesquisa em nível nacional, pois o CNS, CONEP e CEP conseguem obter informações sobre a produção das pesquisas realizadas por https://www.google.com.br/ essas instituições que são apresentadas no Sistema. Esta proposta segue iniciativas nacionais de implantação de plataformas online para fomentar e viabilizar a comunicação e divulgação entre os órgãos públicos e os cidadãos. Neste sentido, Cavalcante (2014) contextualiza que: A implantação dos sistemas virtuais se apresenta como um meio para que a Administração Pública consiga cumprir os preceitos encartados na Carta Magna, em especial o princípio da eficiência administrativa, a celeridade processual, o acesso aos órgãos públicos, publicidade dos atos administrativos e fiscalização dos mesmos pela sociedade, todos eles como corolário do exercício da cidadania (CAVALCANTE, 2014, p. 20) A Plataforma Brasil tem como princípio permitir o acesso ao número de pesquisas aprovadas ou em tramitação, divididos por região/estados e por área. Além disso, contará também com um campo dedicado ao cadastro de pesquisadores e um espaço para os Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) fazerem o acompanhamento das pesquisas tanto em âmbito local como aquelas em tramitação na CONEP. A sociedade poderá ter acesso ainda aos dados de todas as pesquisas aprovada, conforme informação no próprio sitio do CNS. Quando o pesquisador se cadastra na Plataforma para inserir seu protocolo de pesquisa, a tela muda, assim, existe várias opções que dão acesso ao próprio pesquisador sobre o andamento de sua pesquisa. Também os CEPs e a CONEP, dispõe de acessos específicos, sendo monitorado o andamento dos protocolos. No caso do pesquisador que necessite visualizar se existe cadastro de pesquisas que lhe interessam, ou semelhantes a que ele está realizando seu trabalho, é possível visualiza-las se já foram disponibilizadas pelos CEPs e CONEP no sistema. Por meio da plataforma são gerados os indicadores de trabalhos por área de conhecimento e o andamento dos protocolos de pesquisas em cada CEPs espalhados nas instituições de pesquisa no Brasil Enfim, a plataforma é um meio de comunicação não apenas entre pesquisador e CEPs, mas também um veículo de disseminação de informações sobre as pesquisas realizadas nas instituições de pesquisa em nível nacional. A Plataforma Brasil foi implantada quando ainda não estava totalmente preparada para uso nacional. Sendo assim, o processo de adaptação tem sido realizado no mesmo momento de suas atualizações. Neste sentido, a utilização pelos CEP e pesquisadores, no início, foi difícil e gradual. A pergunta gerada por pesquisadores é sobre o próprio processo de análise ética sustentada pela Resolução 466/2012, tendo em vista que a plataforma é uma operacionalização do proposto na Resolução. As críticas ao modelo de base da análise ética ser baseada no modelo biomédico (pois a resolução ainda está pautada na área da saúde) mantêm-se. A capacitação para uso da Plataforma é uma atividade educativa constante das atribuições dos CEPs e da CONEP, porém o que se percebe é que uma parcela significativa de pesquisadores da Instituições de Pesquisa no Brasil não apoia o sistema implantado, qual seja, a PLATAFORMA BRASIL, sendo difícil convencer esses pesquisadores da importância de seus protocolos de pesquisas na plataforma. Figura 8: Acesso a Plataforma Brasil Fonte: https://www.google.com.br/ 4.2 Sistema CEP/CONEP A relevância da formação de Comitês de Ética em Pesquisa (CEP) nas Instituições de Ensino Superior no Brasil é discutida principalmente por Maluf (2007), Diniz (2008), Tomanik (2008) e Jacomé (2013) como sendo uma Comissão https://www.google.com.br/ importante, tanto pelo seu papel educativo, quanto de análise e acompanhamento dos protocolos de pesquisa. Ressalta-se que os CEP atuam na formação de pesquisadores para analisarem protocolos de pesquisas, bem como na capacitação de estudiosos de cursos de graduação e pós-graduação e a comunidade acadêmica no entendimento dos procedimentos éticos em pesquisa de acordo com a legislação vigente, qual seja, a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012. O CEP é um órgão independente na sua atuação, tendo vinculação com o Conselho Nacional em Pesquisa – CONEP e com a instituição que o acolhe. Normalmente tais instituições são estabelecimentos de ensino, hospitais, ou seja, instituições que tratam de pesquisa em seu cotidiano. Para agilizar essas avaliações e principalmente para atender a demanda dos pesquisadores o Conselho Nacional de Saúde, criou em por meio da resolução 196/1996 a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - CONEP, que tem como finalidade: A CONEP tem como principal atribuição o exame dos aspectos éticos das pesquisas que envolvem seres humanos. Como missão, elabora e atualiza as diretrizes e normas para a proteção dos sujeitos de pesquisa e coordena a rede de Comitês de Ética em Pesquisa das instituições. Cabe a CONEP avaliar e acompanhar os protocolos de pesquisa em áreas temáticas especiais com o: genética e reprodução humana; novos equipamentos; dispositivos para a saúde; novos procedimentos; população indígena; projetos ligados à biossegurança e como participação estrangeira. A CONEP também se constitui em instância de recursos para qualquer das áreas envolvidas1 . Desde 2001 por meio do Sistema Nacional de Informação sobre Ética em Pesquisa – Sisnep, em parceria com alguns CEPs e a CONEP foi construído um banco de dados dos protocolos (processos) de pesquisas interligados, na perspectiva da avaliação desses protocolos. As finalidades do processo de informatização desses protocolos foram: - Facilitar o registro das pesquisas envolvendo seres humanos e orientar a tramitação de cada projeto para que todos sejam submetidos à apreciação ética antes de seu início; - Integrar o sistema de avaliação ética das pesquisas no Brasil (CEPs e CONEP) e propiciar a formação de um banco de dados nacional; - Agilizar a tramitação e facilitar aos pesquisadores o acompanhamento da situação de seus projetos; - Oferecer dados para a melhoria do sistema de apreciação ética das pesquisas e para o desenvolvimento de políticas públicas na área; - Permitir o acompanhamento dos projetos já aprovados (em condições de serem iniciados) pela população em geral e, especialmente, pelos participantes nas pesquisas. (http://portal2.saude.gov.br/sisnep/). Barbosa, Corrales e Silbermann (2014) afirmam que o sistema era limitado, na medida em que contemplava apenas as folhas de rosto dos protocolos e o resultado a revisão ética dos projetos, sem chegar a contemplar a totalidade dos CEP. Com isso o Conselho Nacional de Saúde – CNS, percebendo as dificuldades encontradas pela CONEP e consequentemente os CEPs em responder os pesquisadores nas avaliações de seus protocolos de pesquisa, lançou em 2012 a Plataforma Brasil, um sistema online que acompanha todo os tramites dos protocolos de pesquisa apresentados por todas as áreas do conhecimento nas instituições de pesquisa no Bras REFERÊNCIAS CAVANCANTE, F. PLATAFORMA BRASIL – Uma visão crítica sob a ótica jurídica. In: FRANCISCO, D.J.; SANTANA, L (ORG). Problematizações éticas em pesquisa. Maceió: Edufal, 2014. DINIZ, D. Ética na pesquisa em ciências humanas - novos desafios. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.13, n.2, p.417-426, 2008. GUILHEM, D.; GRECO, D. A Resolução CNS 196/1996 e o Sistema CEP/Conep , In: DINIZ, D.et al. (Org.). Ética em pesquisa: temas globais. Brasília: Letras Livres, Ed. UNB, 2008. JACOMÉ, M. Q. D. Análise dos comitês de ética em pesquisa no Brasil: percepção de seus coordenadores e membros. 215f. 2013. Tese (Doutorado em Bioética). Programa de Pós Graduação em Bioética da Universidade de Brasília. Brasília, 2013. MALUF, F. Compromisso dos pesquisadores com Comitês de Ética em Pesquisa nas dissertações e teses envolvendo seres humanos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade de Brasília no período de agosto 1996 – dezembro 2006. 86f. 2007. Dissertação (Mestrado em Ciência da Saúde). Programa de Pós Graduação em Ciência da Saúde da Faculdade da Ciência da Saúde da Universidade de Brasília. Brasília. 2007. TOMANIK, E.A. A Ética e os Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 2, p. 395-404, abr./jun. 2008. BARBOSA, A.; CORRALES, C.; SILBERMANN, M. Controvérsias sobre a revisão ética de pesquisas em ciências humanas e sociais pelo Sistema CEP/CONEP. Rev. Bioét. (Impr). v.22, n.3, p.482-92. BRAPCI. Base de Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação. Publicações. Curitiba: UFPR, 2015. Disponível em: < http://www.brapci.ufpr.br/ic.php?dd99=journals>. Acesso em: 13 jun. 2015.
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