Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PATOLOGIA – AP2 → CONCEITOS IMPORTANTES: ● Sensibilidade: Quando o sistema imune se ativa por alguma coisa (seja agente microbiano ou não microbiano); ● Hipersensibilidade: Algo desproporcional para a ativação do sistema imune, que não deveria ter levado a uma resposta imune. Sensibilidade aumentada. Quando o sistema imune apresenta um descontrole e isso leva a uma resposta imune alterada. ○ O sistema imune comporta muitas vias intrínsecas de feedback positivo (que normalmente estimulam a imunidade protetora), uma vez que a reação de hipersensibilidade se inicia, é difícil controlá-la ou finalizá-la. → CAUSAS DA HIPERSENSIBILIDADE: ● Autoimunidade: Produção de componentes do sistema imune contra o próprio corpo/ organismo. Sistema imune fabricando células de defesa contra os meus próprios antígenos. ○ Autotolerância: O corpo tolera os próprios antígenos; Neste caso tem-se, um defeito na tolerância dos próprios antígenos do corpo; ○ Principal causa dos distúrbios de hipersensibilidade; ○ Contra os autoantígenos vai gerar os autoanticorpos + células T CD4 e CD8; ○ Os antígenos passam a ser autoantígenos quando há a perda da tolerância contra, por exemplo, as proteínas próprias. ○ Doenças autoimunes. ● Reações contra microrganismos: Sistema imune se ativa contra os microrganismos, mas que atinge as células de defesa próprias. ○ Nas hepatites virais, os vírus que infectam as células hepáticas não são citopáticos, mas são reconhecidos como estranhos pelo sistema imune. As células T citotóxicas tentam eliminar as células infectadas e essa resposta imune normal danifica as células hepáticas. ● Reações contra antígenos ambientais: 20% da população é alérgica a substâncias ambientais comuns (p. ex., pólens, pêlos de animais e ácaros), bem como a alguns íons metálicos e medicamentos terapêuticos. ○ Antígenos não infecciosos, tipicamente inofensivos, aos quais todas as pessoas estão expostas, mas contra as quais apenas alguns reagem. → CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS: ● Hipersensibilidade tipo I: Imediata. ○ Todas as alergias; ○ 1-2 minutos para a reação; ○ Produção de anticorpo IgE → liberação imediata de aminas vasoativas e outros mediadores pelos mastócitos; mais tarde recrutamento de células inflamatórias. ○ Dilatação vascular, edema, contração da musculatura lisa, produção de muco, lesão tecidual e inflamação. ○ Anafilaxia, alergias, asma brônquica (formas atópicas). A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) | Frequentemente chamada alergia, a injúria é causada pelas células TH2, anticorpos IgE e mastócitos. Os mastócitos liberam mediadores que agem nos vasos sanguíneos e músculo liso, assim como citocinas que recrutam e ativam as células inflamatórias. ● Hipersensibilidade tipo II: Mediada por anticorpos; ○ Produção de IgG, IgM → ligam-se a antígenos na célula-alvo ou tecido → fagocitose ou lise da célula-alvo por meio da ativação do complemento ou receptores Fc; recrutamento de leucócitos. ○ Fagocitose e lise celular; inflamação; em algumas doenças, ocorrem alterações funcionais sem lesão celular ou tecidual. ○ Anemia hemolítica autoimune; síndrome de Goodpasture. | Causadas por anticorpos IgG e IgM secretados que se ligam a antígenos de tecidos ou antígenos de superfície celular. Os anticorpos lesam as células promovendo sua fagocitose ou lise e lesam os tecidos induzindo inflamação. Anticorpos também podem interferir nas funções celulares e causar doenças sem lesões às células ou tecidos. ● Hipersensibilidade tipo III: Mediada por complexos imunes. ○ Depósito de complexos antígeno-anticorpo → ativação do complemento → recrutamento de leucócitos por produtos do complemento e receptores Fc → liberação de enzimas e outras moléculas tóxicas; ○ Inflamação, vasculite necrosante (necrose fibrinóide); ○ Lúpus eritematoso sistêmico; algumas formas de glomerulonefrite; doença do soro; reação de Arthus. | Os anticorpos IgG e IgM se ligam aos antígenos, geralmente da circulação, e formam complexos antígeno-anticorpo que se depositam no leito vascular e induzem inflamação. Os leucócitos que são recrutados (neutrófilos e monócitos) produzem danos nos tecidos através da liberação de enzimas lisossomais e geração de radicais livres tóxicos. ● Hipersensibilidade tipo IV: Causada por CD4 e CD8. ○ Ativação de linfócitos T→ (1) liberação de citocinas, inflamação e ativação dos macrófagos; (2) citotoxidade celular mediada por célula T; ○ lnfiltrados celulares perivasculares, edema, formação de granuloma, destruição celular; ○ Dermatite de contato; esclerose múltipla; diabetes tipo 1; tuberculose. | São causados principalmente por respostas imunes nas quais os linfócitos T dos subconjuntos TH1 e TH17 produzem citocinas que induzem a inflamação e ativam neutrófilos e macrófagos, responsáveis por lesões teciduais. Os CTLs CD8+ também podem contribuir com a injúria, matando diretamente as células hospedeiras. →HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA (TIPO I): A hipersensibilidade imediata é uma reação tecidual que ocorre rapidamente (tipicamente em minutos) após a interação do antígeno com o anticorpo IgE ligado à superfície dos mastócitos. A reação é iniciada pela entrada de um antígeno, que é chamado alérgeno, porque desencadeia alergia. Muitos alérgenos são substâncias ambientais para as quais certos indivíduos estão predispostos a desenvolver reações alérgicas. As células TH2 e IgE são responsáveis pelas manifestações clínicas e patológicas da reação. A hipersensibilidade A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) imediata pode ocorrer como uma reação local que é meramente irritante (p. ex., rinite sazonal, febre do feno), gravemente debilitante (asma) ou mesmo fatal (anafilaxia). ● Sequência de Eventos nas Reações Imediatas de Hipersensibilidade: ○ Ativação de células TH2 e produção de anticorpo IgE. Alérgenos podem ser introduzidos por inalação, ingestão ou injeção. As variáveis que provavelmente contribuem para as fortes respostas de TH2 aos alérgenos incluem a via de entrada, dose e cronicidade da exposição ao antígeno e a composição genética do hospedeiro. A hipersensibilidade imediata é a reação prototípica mediada por TH2. As células TH2 que são induzidas secretam várias citocinas, incluindo IL-4, IL-5 e IL-13, que são essencialmente responsáveis por todas as reações de hipersensibilidade imediata. A IL-4 estimula células B, específicas para o alérgeno, a trocarem de classe de cadeia pesada para IgE e a secretarem este isotipo de imunoglobulina. A IL-5 ativa os eosinófilos que são recrutados para a reação, e a IL-13 atua sobre células epiteliais estimulando a secreção de muco. ○ Sensibilização de mastócitos por anticorpos IgE. Os mastócitos são derivados de precursores da medula óssea, são amplamente distribuídos nos tecidos, e frequentemente residem perto de vasos sanguíneos e nervos e em locais subepiteliais. Estes mastócitos portadores de anticorpos são sensibilizados para reagir se o antígeno específico (o alérgeno) se ligar às moléculas do anticorpo. Os basófilos são células circulantes que se assemelham aos mastócitos. Eles também expressam FcɛRI, mas seu papel na maioria das reações imediatas de hipersensibilidade ainda não foi estabelecido (pois essas reações ocorrem nos tecidos e a maioria dos basófilos está na circulação). O terceiro tipo de célula que expressa FcɛRI são os eosinófilos, que muitas vezes estão presentes nessas reações. ○ Ativação de mastócitos e liberação de mediadores. Quando uma pessoa que foi sensibilizada pela exposição a um alérgeno é re-exposta a ele, o alérgeno se liga a moléculas de IgE específicas para o antígeno nos mastócitos, geralmente no local ou perto do local de entrada do alérgeno. A ligação cruzada destas moléculas de IgE desencadeia uma série de sinais bioquímicos que culmina na secreção de vários mediadores dos mastócitos. ● Três grupos de mediadores são importantes em diferentes reações de hipersensibilidade imediata: ○ Aminas vasoativas liberadas dos grânulosarmazenados. Os grânulos dos mastócitos contêm histamina, que é liberada em segundos ou minutos após a ativação. A histamina causa vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, contração muscular lisa e aumento da secreção de muco. A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) ○ Mediadores lipídicos sintetizados. Os mastócitos sintetizam e secretam prostaglandinas e leucotrienos pelas mesmas vias que outros leucócitos. Estes mediadores lipídicos apresentam várias ações que são importantes nas reações de hipersensibilidade imediata. ○ Citocinas. A ativação dos mastócitos resulta na síntese e secreção de várias citocinas que são importantes para a reação na fase tardia. Estes incluem TNF (fator de necrose tumoral) e quimiocinas, que recrutam e ativam leucócitos e IL-4 e IL-5, que amplificam a reação imune iniciada por TH2. | Uma reação de hipersensibilidade imediata pode se apresentar como desordem sistêmica ou reação local. A natureza da reação é quase sempre determinada pela via de exposição ao alérgeno. ● Desenvolvimento de Alergias: A suscetibilidade a reações de hipersensibilidade imediatas é determinada geneticamente. A maior propensão para desenvolver reações de hipersensibilidade imediata é chamada atopia. Os fatores ambientais também são importantes no desenvolvimento das doenças alérgicas. A exposição a poluentes do ambiente, muito comum nas sociedades industrializadas, é um importante fator predisponente para a alergia. A incidência de muitas doenças alérgicas está aumentando nos países desenvolvidos e parece estar relacionada com a diminuição das infecções durante o início da vida FIGURA 5.13 Fases das reações de hipersensibilidade imediata. (A) Cinética das reações de fase imediata e tardia. A reação imediata vascular e do músculo liso ao alérgeno desenvolve-se em poucos minutos após o desafio (exposição ao alérgeno em um indivíduo previamente sensibilizado), e a reação de fase tardia desenvolve-se 2 a 24 horas após a reação imediata (B) é caracterizada por vasodilatação, congestão e edema, e a reação tardia (C) é caracterizada por infiltrado inflamatório, rico em eosinófilos, neutrófilos e células T. | A exposição sistêmica a antígenos protéicos (p. ex., veneno de abelha) ou fármacos (p. ex., penicilina) pode resultar em anafilaxia sistêmica. Dentro de minutos após a exposição em um hospedeiro sensibilizado, prurido, urticária (coceira) e eritema cutâneo aparecem, acompanhados em um curto espaço de tempo por dificuldade respiratória profunda causada por broncoconstrição pulmonar e acentuada pela hipersecreção de muco. → EXEMPLOS DE DOENÇAS MEDIADAS POR ANTICORPOS (HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO II): São causadas por anticorpos direcionados contra antígenos-alvo na superfície das células ou outros componentes teciduais. A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) ● Mecanismos das Doenças Mediadas por Anticorpos: Os anticorpos causam doenças ao direcionar células para a fagocitose, ativar o sistema do complemento ou interferir nas funções celulares normais. ○ Opsonização e fagocitose. Quando as células circulantes, como hemácias ou plaquetas, são revestidas (opsonizadas) por autoanticorpos, com ou sem proteínas do complemento, elas se tornam alvo de fagocitose por neutrófilos e macrófagos. Estes fagócitos expressam receptores para as caudas Fc dos anticorpos IgG e para produtos de clivagem da proteína do complemento C3, e usam estes receptores para ligar e ingerir partículas opsonizadas. As células opsonizadas geralmente são eliminadas no baço. ○ Inflamação. Os anticorpos ligados aos antígenos celulares ou teciduais ativam o sistema complemento pela via clássica. Os produtos da ativação do complemento exercem várias funções, e uma delas é recrutar neutrófilos e monócitos, desencadeando a inflamação nos tecidos. Os leucócitos também podem ser ativados pelos receptores Fc, que reconhecem os anticorpos ligados a eles. A inflamação mediada por anticorpos é responsável pela lesão tecidual em algumas formas de glomerulonefrites, rejeição vascular a enxertos de órgãos e outros distúrbios. ○ Disfunção celular mediada por anticorpos. Em alguns casos, os anticorpos direcionados contra uma proteína do hospedeiro prejudicam ou desregulam funções importantes sem causar danos celulares diretamente ou inflamação. Os anticorpos também podem estimular excessivamente as respostas celulares. Na doença de Graves, os anticorpos contra o receptor do hormônio estimulante da tireóide estimulam as células epiteliais da tireóide a secretar hormônios tireoidianos, o que causa hipertireoidismo. Anticorpos contra hormônios e outras proteínas essenciais podem neutralizar e bloquear as ações dessas moléculas, causando distúrbios funcionais. FIGURA 5.14 Mecanismos da lesão mediada por anticorpos. (A) Opsonização das células pelos anticorpos e componentes do complemento, e ingestão por fagócitos. (B) Inflamação induzida pela ligação dos anticorpos aos receptores Fc dos leucócitos e pelos produtos da degradação do complemento. → DOENÇAS MEDIADAS POR IMUNOCOMPLEXOS (HIPERSENSIBILIDADE TIPO III): Os complexos (imunes) antígeno-anticorpos que são formados na circulação podem se depositar nos vasos sanguíneos, levando a ativação do complemento e inflamação aguda. ● Exemplos de Doenças Mediadas por Imunocomplexos: A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) ○ Lúpus eritematoso sistêmico: Antígenos nucleares circulantes ou depositados no rim); Nefrite, lesões cutãneas, artrite e outras.→ “asa de borboleta”. ○ Doença do soro: Diversas proteínas (p. ex. proteínas séricas estranhas), Artrite, vasculite e nefrite. ○ Reação de Arthus: Diversas proteínas estranhas; Vasculite cutânea. ● Doença Sistêmicas por Imunocomplexos: 1. Formação dos complexos antígeno-anticorpos na circulação; 2. Depósito dos complexos imunes em vários tecidos; 3. Reação inflamatória. FIGURA 5.15 Doença causada por imunocomplexo. Fases sequenciais na indução de doenças mediadas pelos imunocomplexos (hipersensibilidade do tipo III). A principal manifestação morfológica da lesão por imunocomplexo é a vasculite aguda, associada à necrose fibrinóide da parede vascular e à infiltração neutrofílica intensa. ● Doença do Complexo Imune Local (Reação de Arthus): Um modelo de doença local por imunocomplexo é a reação de Arthus, na qual uma área de necrose tecidual ocorre devido à vasculite aguda por imunocomplexo. A reação é produzida experimentalmente por meio da injeção de um antígeno na pele de um animal previamente imunizado com anticorpos pré-formados. Imunocomplexos se formam à medida que o antígeno se difunde na parede vascular no local da injeção, desencadeando a mesma reação inflamatória e aspecto histológico da doença sistêmica mediada por imunocomplexos. As lesões de Arthus evoluem ao longo de algumas horas e atingem um pico de 4 a 10 horas após a injeção, quando no local da injeção há desenvolvimento de edema e hemorragia, ocasionalmente seguidos por ulceração. → DOENÇAS MEDIADAS PELAS CÉLULAS T (HIPERSENSIBILIDADE TIPO IV): Diversos distúrbios autoimunes, assim como reações patológicas a substâncias químicas do ambiente e microrganismos persistentes, atualmente são conhecidos como sendo causados pelas células T. Dois tipos de reações das células T são capazes de causar lesão tecidual e doença: (1) inflamação mediada por citocinas, na qual as citocinas são produzidas principalmente por células T CD4+ ; (2) citotoxicidade celular direta mediada pelas células T CD8+ . Este grupo de doenças é de grande interesse clínico porque as células T são cada vez mais reconhecidas como base de doenças inflamatórias crônicas e muitas das novas terapias racionalmente projetadas para essas doenças foram desenvolvidas para reações anormais das células T. ● Doenças Mediadas por Células T: A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) ○ Artrite reumatóide: Colágeno, proteínas auto circundadas; Inflamação mediada por citocinasdas células TH1 e TH17, papel do anticorpo e imunocomplexos; Artrite crônica com inflamação, destruição da cartilagem articular e osso. ○ Esclerose múltipla: Antígenos protéicos na mielina (p. ex. proteína básica da mielina); Inflamação mediada por citocinas de TH1 e TH17, destruição da mielina por macrófagos ativados; Desmielinização no SNC com inflamação perivascular, paralisia, lesões oculares. ○ Diabetes mellitus tipo I: Antígenos das células B das ilhotas pancreáticas (insulina, descarcolixas e do ácido glutâmico, outros); Inflamação mediada por células T, destruição das ilhotas pelos CLTs; Insulite (inflamação crônica das ilhotas), destruição das células B, diabetes. FIGURA 5.16 Mecanismos das reações de hipersensibilidade mediada pelas células T (tipo IV). (A) As células CD4+ TH1 (e às vezes as células T CD8+ , não mostradas) respondem aos antígenos do tecido secretando citocinas que estimulam a inflamação e ativam os fagócitos, levando a lesão tecidual. As células CD4+ TH17 contribuem para a inflamação recrutando neutrófilos (e, em menor grau, monócitos). (B) Em algumas doenças, os linfócitos T citotóxicos CD8+ (CTLs) matam diretamente as células de tecido que expressam antígenos intracelulares (mostrados como barras em laranja no interior das células). APC, célula apresentadora de antígeno. → INFLAMAÇÃOMEDIADA PELAS CÉLULAS T CD4+ Nas reações de hipersensibilidade mediadas pelas células T CD4 + , as citocinas produzidas pelas células T induzem inflamação que pode ser crônica e destrutiva. O protótipo da inflamação mediada pelas células T é a hipersensibilidade tipo tardia (delayed-type hipersensitivity – DTH), uma reação tecidual aos antígenos administrados a indivíduos imunes. Nesta reação, um antígeno administrado na pele de um indivíduo previamente imunizado resulta em uma reação cutânea detectável dentro de 24 a 48 horas (daí o termo tardia, em contraste com a hipersensibilidade imediata). Os macrófagos ativados pelo IFN-γ (ativados classicamente) produzem substâncias que destroem microrganismos e danificam tecidos, além de mediadores que promovem inflamação. As células TH17 ativadas secretam citocinas que recrutam neutrófilos e monócitos. → CITOTOXICIDADE MEDIADA POR CÉLULAS T CD8+ Neste tipo de reação mediada por células T, os CTLs CD8+ matam as células-alvo que expressam o antígeno. A destruição tecidual pelos CTLs pode ser um componente importante de algumas doenças mediadas por células T, como diabetes tipo 1. Os CTLs direcionados contra os antígenos de histocompatibilidade da superfície celular desempenham um papel importante na rejeição do enxerto, que é discutida mais adiante. Eles também desempenham um papel nas reações contra os vírus. Em uma célula infectada por vírus, os peptídeos virais são apresentados por moléculas MHC classe I, e o complexo MHC-antígeno é reconhecido pelo TCR dos linfócitos T CD8+. A morte das células infectadas causa eliminação da infecção, mas em alguns casos, é responsável pelo dano celular que acompanha a infecção (p. ex., na hepatite viral). As células T CD8+ A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) também produzem citocinas, principalmente IFN-γ, e estão envolvidas nas reações inflamatórias semelhantes à DTH, especialmente após infecções virais e exposição a alguns agentes de contato sensibilizantes. →MECANISMOS DE AUTOIMUNIDADE: A quebra da autotolerância e o desenvolvimento da autoimunidade são resultantes de efeitos combinados dos genes de suscetibilidade, que influenciam a tolerância dos linfócitos e fatores ambientais, como infecções ou lesões nos tecidos, os quais alteram a apresentação e as respostas aos auto antígenos. FIGURA 5.20 Patogenia da autoimunidade.. A autoimunidade é resultante de múltiplos fatores, incluindo genes de suscetibilidade que podem interferir com a autotolerância e fatores ambientais (como infecções, lesões teciduais e inflamação) que promovem a entrada de linfócitos nos tecidos, ativação de linfócitos autorreativos e dano tecidual. → FATORES GENÉTICOS NA AUTOIMUNIDADE: A maioria das doenças autoimunes são distúrbios multigênicos complexos. Há muitas evidências de que genes herdados têm um papel importante no desenvolvimento das doenças autoimunes. ● Tendem a afetar famílias com maior incidência em gêmeos monozigóticos; ● Muitas doenças ligadas ao HLA, sobretudo aos alelos de classe II. → PAPEL DAS INFECÇÕES, LESÕES TECIDUAIS E OUTROS FATORES AMBIENTAIS: Vários microrganismos, incluindo bactérias, micoplasmas e vírus foram descritos como desencadeadores de autoimunidade. Os microrganismos podem induzir reações autoimunes por meio de vários mecanismos: ● Infecções microbianas com inflamação e necrose tecidual resultantes podem estimular a expressão de moléculas coestimulatórias nas APCs do tecido, favorecendo assim a quebra da tolerância das células T e subsequente ativação das células T. ● Os vírus e outros microrganismos podem compartilhar epítopos de reação cruzada com autoantígenos e, como resultado, as respostas induzidas pelos microrganismos podem se estender aos tecidos próprios, um fenômeno chamado mimetismo molecular. O melhor exemplo de uma reação cruzada imunológica patogênica é a doença cardíaca reumática, na qual uma resposta de anticorpos contra estreptococos apresenta reação cruzada com os antígenos cardíacos. Não se sabe se o mimetismo tem um papel em doenças autoimunes mais comuns. A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) FIGURA 5.21 Função postulada de infecções na autoimunidade. As infecções podem promover a ativação de linfócitos autorreativos induzindo a expressão de coestimuladores (A), ou os antígenos microbianos podem mimetizar autoantígenos e ativar linfócitos autorreativos como uma reação cruzada (B). Além das infecções, a apresentação de antígenos teciduais também pode ser alterada por vários fatores ambientais. Conforme discutido mais adiante, a radiação ultravioleta (UV) causa morte celular e pode levar à exposição de antígenos nucleares, que suscitam respostas imunes patológicas no lúpus; este mecanismo é a explicação proposta para a associação da exacerbação do lúpus na exposição à luz solar. A lesão tecidual local por qualquer motivo pode levar à liberação de autoantígenos e respostas autoimunes. Finalmente, existe um forte viés de gênero na autoimunidade, sendo muitas dessas doenças mais comuns nas mulheres do que nos homens. Os mecanismos de base não estão bem esclarecidos, mas podem envolver efeitos hormonais e outros fatores. → LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES): É uma doença autoimune que afeta diversos órgãos, caracterizada pelo desenvolvimento de vários autoanticorpos, particularmente anticorpos antinucleares (ANAs), cujas lesões são causadas pela deposição de imunocomplexos e ligação de anticorpos a várias células e tecidos. ● Imprevisível, remitente e recorrente; ● Envolver qualquer órgão; afeta mais pele, rins, serosas, articulações e coração; ● 9 mulheres para 1 homem; ● Ocorrência entre 20 a 30 anos, mas pode se manifestar em qualquer idade. ● O defeito fundamental no LES é a falha dos mecanismos que mantêm a autotolerância; ● Parentes de primeiro grau: risco de 20% ou superior; ● Fatores ambientais: Exposição à luz solar (em excesso) induz à apoptose. ● Fatores Imunológicos: Falha na autotolerância nas células B, produzem quantidades anormalmente grandes de IFN-α, número crescente de células T auxiliares foliculares têm sido detectado no sangue de pacientes com LES, produzem sinais que ativam células B específicas para antígenos nucleares próprios. ● Critérios para a manifestação do LES: ○ Erupção malar; ○ Erupção discóide; ○ Fotossensibilidade; ○ Úlceras orais; ○ Artrite; ○ Serosite; ○ Distúrbio neurológico; A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) ○ Distúrbio hematológico; ○ Distúrbio imunológico; ○ Anticorpo antinuclear. | A característica marcante do LES é a produção de autoanticorpos. Alguns anticorpos reconhecemcomponentes nucleares e citoplasmáticos, enquanto outros são direcionados contra antígenos da superfície celular de hemácias. Os autoanticorpos também são encontrados em outras doenças autoimunes, muitas das quais tendem a estar associadas a tipos específicos de autoanticorpos. ● Mecanismo das lesões teciduais: ○ Deposição de complexos imunes; ○ Ativação da via clássica do complemento; ○ 75% dos pacientes tem redução de C3 e C4; ○ Autoanticorpos contra glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas; ○ Síndrome antifosfolipídica→ aborto espontâneo e trombose; ○ Anticorpos anti-receptores no SNC. → SÍNDROME DE SJÖGREN: É uma doença crônica caracterizada por olhos secos (ceratoconjuntivite seca) e boca seca (xerostomia) que é resultado da destruição imunomediada das glândulas lacrimais e salivares. Ocorre como um transtorno isolado (forma primária), também conhecido como síndrome seca, ou mais frequentemente associado a AR (artrite reumatóide) e LES (lúpus) (forma secundária). ● TCD4+ contra antígenos nas células epiteliais ductais; ● Autoanticorpos para os antígenos SS-A (Ro) e SS-B (La) das ribonucleoproteínas (RNP); ● Alto título de anticorpos anti-SS-A são mais propensos a ter manifestações sistêmicas (extraglandulares); ● Herança no MHC-II; ● Mulheres entre 35 e 45 anos = 90% dos casos; ● Glândulas aumentadas por infiltrado leucocitário; ● Sinovite, neuropatia periférica e fibrose pulmonar; ● 60% dos pacientes possuem outra desordem autoimune. | Em alguns casos, o infiltrado linfóide pode ser tão intenso que pode apresentar aparência de um linfoma. De fato, esses pacientes correm alto risco de desenvolvimento de linfomas de células B de glândula salivar e outros locais extranodais. A falta de lágrimas leva ao ressecamento do epitélio da córnea, que se torna inflamado, erodido e ulcerado; a mucosa bucal pode atrofiar e apresentar fissuras inflamatórias e ulceração; e a secura e a coagulação no nariz podem levar a ulcerações e até a perfuração do septo nasal. A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 ) FIGURA 5.27 Síndrome de Sjögren. (A) Aumento da glândula salivar. (B) Infiltrado linfoplasmocitário denso com hiperplasia epitelial ductal em uma glândula salivar. A nn e St ep ha ne - O do nt o T 2 2 ( 2 0 2 3 )
Compartilhar