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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ- UFOPA INSTITUTO DE BIODIVERSIDADE E FLORESTA- IBEF DISCIPLINA: BUBALINOCULTURA Docente: Dr, Kedson Alessandri Lobo Neves Discente: Jecimara Santiago Soares Pinto REVISÃO DE LITERATURA Santarém- Pa 2023 BUBALINOCULTURA NA AMAZÔNIA Introdução Por séculos, os búfalos têm desempenhado um papel essencial na agricultura asiática, sendo produtores de leite, carne e força de trabalho. Nos países da América Latina, especialmente no Brasil, seu potencial para contribuir significativamente nesses aspectos é evidente, principalmente nas pequenas e médias propriedades rurais. Os búfalos d'água, em particular, têm se adaptado bem ao ambiente úmido e pantanoso da região, tornando-se uma opção atraente para a pecuária na Amazônia. A história dos búfalos domésticos no Brasil teve início em 1895, quando o fazendeiro Vicente Chermont Miranda introduziu a raça mediterrânea, originária da Itália, na Ilha do Marajó, uma grande ilha na foz do Rio Amazonas. A partir desse marco, várias remessas de búfalos foram importadas para diversas regiões do Brasil. Recentemente, os búfalos têm se estabelecido como uma importante fonte alternativa de produção de alimentos, atendendo às demandas de países em desenvolvimento e aproveitando eficientemente o valor nutricional reduzido da forragem em áreas de difícil exploração para outras espécies e práticas agrícolas. As estimativas apontam que o rebanho nacional de búfalos alcança aproximadamente 3,5 milhões de cabeças. Notavelmente, o estado do Pará, no Brasil, detém cerca de um milhão de cabeças, distribuídas principalmente na ilha de Marajó, no Baixo e Médio Amazonas, e em pastagens cultivadas em áreas de terra firme. A taxa anual de crescimento do rebanho gira em torno de 10%, quatro vezes superior à dos bovinos no Brasil, embora algumas estimativas sugiram que essa taxa possa chegar a 16%. No entanto, segundo dados do IBGE, a população de búfalos no Brasil é estimada em cerca de 1,6 milhão de animais. Na Amazônia, os búfalos encontraram seu ambiente ideal, abrigando as três subespécies presentes no Brasil (bubalis, kerebau e fulvus), que reúnem animais das raças Mediterrâneo, Murrah, Jafarabadi, Carabao e o tipo Baio. Reconhecidos como excelentes produtores de carne, leite e força de trabalho. A bubalicultura na Amazônia nas últimas décadas tem experimentado um crescimento fenomenal, com resultados surpreendentes, tendo em vista sua lucratividade satisfatória. Especialmente no Brasil, sua contribuição neste aspecto pode ser de grande importância nas pequenas e médias propriedades rurais. Esse desenvolvimento gera aumento de renda para o agricultor e empregos nos diversos segmentos da cadeia produtiva. Adaptação ecológica dos búfalos na Amazônia Os búfalos viveram e sobreviveram em condições naturais da Ilha de Marajó e, só depois da década de cinqüenta, os fazendeiros marajoaras resolveram explorá-los como atividade produtiva. Algum tempo depois, já no início da década de sessenta, foram introduzidos animais das raças Murrah e Jafarabadi, nas regiões Norte e Sudeste do Brasil. Esses animais se adaptaram bem às condições tropicais e encontraram na Amazônia o seu "habitat" ideal, onde tem demonstrado excelentes aptidões para produção de carne, leite e trabalho, além de índices reprodutivos satisfatórios, sem causar danos ao ambiente. São considerados ecologicamente adaptados, sendo capazes de se reproduzir e prosperar em áreas desafiadoras de pastagens nativas inundáveis, onde o gado bovino enfrenta dificuldades para sobreviver. O que caracteriza esses animais é a zootécnica, docilidade, rusticidade, prolificidade, adaptabilidade, precocidade além da longevidade. Isso está associado as taxas de natalidade que é superior a 80%, enquanto a de mortalidade inferior chega a 3% ao ano. Além disso, os búfalos possuem uma alta taxa de conversão alimentar, o que significa que eles podem aproveitar eficientemente pastagens de baixa qualidade. A criação de búfalos representa uma alternativa viável para explorar áreas inundáveis, visto que são locais de difícil utilização por outras espécies animais. Na Amazônia brasileira, a bubalinocultura é basicamente desenvolvida em sistemas de criação a pasto, utilizando quatro distintos ecossistemas de pastagens: nativas de áreas inundáveis do estuário, distribuídas na ilha de Marajó, onde se concentra a maior parte do rebanho; nativas de áreas inundáveis, localizadas nas microrregiões do Baixo e Médio Amazonas; nativas de terra firme; e cultivadas de terra firme, em áreas originalmente de floresta. Neste último ecossistema vem sendo usada forrageiras mais produtivas e de melhor valor nutritivo, em rebanhos formados por animais de melhor padrão genético. Também, são criados em sistemas integrando as pastagens nativas com as cultivadas. Impacto socioeconômico da bubalinocultura Os pequenos agricultores adotam o búfalo como poupança, por ser uma moeda forte e facilmente resgatável. Além disso, há tecnologias disponíveis para desenvolver a bubalinocultura em ecossistemas de pastagens cultivadas em áreas de terra firme. A baixa rentabilidade dos búfalos nos sistemas agrícolas tradicionais da Amazônia torna esta atividade economicamente pouco atrativa, prevendo-se que a médio e longo prazo, restem apenas aqueles que tenham competência para se adaptar à nova realidade de mudanças econômicas. Este fato tem induzido os agricultores a transferir parte da produção bubalina para áreas já formadas com pastagens em terra incluindo a recuperação de áreas degradadas para esse fim. No entanto, é importante considerar os desafios associados à bubalinocultura na Amazônia. O desmatamento e a conversão de áreas naturais em pastagens podem ser uma preocupação, especialmente se não forem adotadas práticas sustentáveis de manejo. Além disso, questões relacionadas à saúde animal, manejo adequado dos rebanhos e acesso a mercados são aspectos que precisam ser cuidadosamente considerados para o desenvolvimento sustentável dessa atividade. Desafios e oportunidades da bubalinocultura na Amazônia: Do ponto de vista biológico a criação de búfalos é beneficiada na Amazônia devido ao clima, solo, diversidade genética das plantas forrageiras, capacidade de adaptação dos animais e espaço disponível. A redução do desmatamento é a chave para a conservação dos recursos florestais uso inadequado do solo à degradação ambiental e à perda de habitat natural. Isso pode comprometer a sustentabilidade da bubalinocultura e impactar negativamente a biodiversidade local. Manejo e saúde animal como doenças tropicais e parasitárias, exigem práticas de manejo adequadas, acesso a serviços veterinários e estratégias eficazes de controle para garantir a saúde do rebanho. Acesso a mercados e infraestrutura, pode limitar a capacidade dos produtores de búfalos de comercializar seus produtos, reduzindo assim o potencial econômico da bubalinocultura na região. Condições climáticas extremas, como inundações ou secas, podem afetar a produção e a saúde dos búfalos, especialmente em áreas de alagamento sazonal. Concorrência com outras atividades econômicas, em algumas áreas, a competição por recursos naturais, como terra e água, com outras atividades econômicas, como agricultura e pecuária tradicional, pode ser um desafio para a criação de búfalos. Explorar essas oportunidades pode ser uma maneira de impulsionar a economia local, promover a segurança alimentar e utilizar de forma mais eficiente os recursos disponíveis na região amazônica. Como adaptação ao ambiente ao clima e ao ambiente úmido da Amazônia, o que permite a criação em áreas onde outras espécies animais podem ter dificuldade. Eficiência na conversão alimentar,conseguem aproveitar pastagens de baixa qualidade, o que os torna uma opção viável para regiões onde a vegetação é menos nutritiva. Produção de carne e leite, oferecendo uma fonte de alimento valiosa para consumo local e mercado. Trabalho e tração, auxiliando em atividades agrícolas e de transporte em áreas rurais. Potencial econômico, para comunidades locais, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da região. Sustentabilidade ambiental se bem gerida pode ser mais sustentável do ponto de vista ambiental, já que os búfalos são mais adaptados às condições locais, podendo reduzir impactos negativos sobre os ecossistemas. Comparação com outras práticas pecuárias Existem vantagens na criação de búfalos na região amazônica, são animais robustos e resilientes, capazes de suportar condições adversas, como doenças tropicais e áreas alagadas, onde o gado bovino pode ter dificuldades de sobrevivência. Podem explorar pastagens menos nutritivas e são mais resistentes a doenças tropicais. Gado bovino preferem áreas de pastagens mais secas e podem ter dificuldade em regiões alagadas. Impacto socioeconômico, podem ser uma alternativa econômica viável para áreas onde o gado bovino não prospera. Podem oferecer oportunidades econômicas para comunidades locais, especialmente em regiões alagadas ou de difícil acesso. Sustentabilidade ambiental, se adaptam melhor a ambientes menos favoráveis, diminuindo a pressão sobre áreas de pastagem de melhor qualidade. Gado bovino: Em geral, requer áreas de pastagem mais nutritivas, o que pode levar a um maior desmatamento e degradação ambiental quando não manejado adequadamente. Perspectivas futuras para bubalinocultura Pesquisas em andamento buscam não apenas melhorar a produtividade e a rentabilidade da bubalinocultura na Amazônia, mas também garantir que a atividade seja realizada de maneira sustentável, respeitando o meio ambiente e contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico da região. Perspectivas futuras na bubalinocultura na Amazônia envolvem diversas áreas de pesquisa e desenvolvimento como melhoramento genético, investimentos em programas visando búfalos mais adaptados ao ambiente amazônico, com maior resistência a doenças tropicais, maior eficiência alimentar e produção de leite e carne. Manejo sustentável que maximizem o uso de recursos naturais, reduzindo o impacto ambiental da criação de búfalos. Isso inclui estratégias para melhor uso das pastagens, controle de parasitas e doenças, e manejo de resíduos. Tecnologias emergentes integração de novas tecnologias na criação de búfalos, como sistemas de monitoramento remoto para acompanhar a saúde e o comportamento do rebanho, uso de aplicativos para gestão de fazendas, e implementação de práticas de agricultura de precisão para maximizar a produtividade. Políticas e regulamentações que incentivem a criação de búfalos de maneira sustentável, promovendo práticas ambientalmente responsáveis e oferecendo suporte técnico e financeiro aos produtores. Integração de cadeias de valor, mais integradas e eficientes para os produtos derivados dos búfalos, como carne, leite e couro, visando mercados regionais e internacionais. Promover práticas de criação responsáveis e sustentáveis, juntamente com políticas de conservação ambiental, pode ser fundamental para garantir que a bubalinocultura na Amazônia seja uma atividade que contribua para o desenvolvimento econômico local sem comprometer a rica biodiversidade e os ecossistemas sensíveis da região. Referência Lourenço Júnior, J.B. e Garcia, A.R. (2008)1. Panorama da bubalinocultura na Amazônia. In: Simpósio de Bubalinocultura da Amazônia Oriental, 1., Belém2. Anais. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, pp. 13-28. Ac,dez,2023 William Gomes VALE, Antonio Humberto Hamad MINERVINO, Kedson Alessandri Lobo NEVES, Adriana Caroprezo MORINI e João Alberto Souza COELHO. Buffalo under Threat in Amazon Valley, Brazil. Buffalo Bulletin, january 2013, Vol.32 (Special Issue 1): 121-131. Ac,dez,2023. PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE BÚFALAS LEITEIRAS NO BAIXO AMAZONAS Quando iniciando uma criação de búfalos para produção de leite, a seleção cuidadosa da raça é fundamental para o sucesso do empreendimento. Como já estudado durante a disciplina, a raça com maior aptidão leiteira é a Murrah. Após a seleção da raça, o próximo passo é planejar as instalações para a criação. É essencial que essas instalações proporcionem um ambiente adequado para os animais, garantindo seu bem-estar. Elas devem ser construídas seguindo uma orientação Leste-Oeste, oferecer alimentação e água apropriadas, e proporcionar condições de conforto térmico. A instalação deve estar em uma localização estratégica, possuindo cobertura, sala de ordenha e bezerreiro, sala maternidade, currais de apartação, seringa, tronco para vacinação, embarcadouro. Deve-se ainda apresentar condições para higienização do ambiente e utensílios utilizados, o piso deve ser impermeável, lavável e sem buracos, deve possuir uma pia, ter boa inclinação e sistema de escoamento, deve ser construída afastada de locais com movimentação de veículos e ser protegida de vento. Quanto ao manejo reprodutivo, as Fêmeas Murrah atingem a puberdade em média aos 15 meses, e a partir disso, deve iniciar o processo do manejo reprodutivo, para a definição das matrizes é importante escolher fêmeas aptas à reprodução, devendo a palpação retal ser realizada por médico- veterinário da área, analisar o período de lactação, o qual deve ser de aproximadamente 270 dias, deve ser fértil, com aspecto saudável e temperamento dócil. Em exames físicos, é importante um úbere grande, é importante realizar exames ginecológicos, e verificar a saúde das glândulas mamárias. O tipo de produção escolhido seria a pasto, com utilização de forrageiras, cultivadas tropicais. As pesquisas têm demonstrado bons resultados no desempenho produtivo e diversificando as pastagens. Com ralação aos cuidados com as pastagens, deve fazer a divisão em módulos de pastejo, aplicando adubação, fazer controle de plantas invasoras. A taxa de lotação seria de 10 animais/ha. E a produção esperada seria em média de 10 L de leite/dia.
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