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U N I D A D E 2 E L E T I V A E S T A T U T O D A C R I A N Ç A E D O A D O L E S C E N T E A C O N S T R U Ç Ã O M E N O R I S T A N A V I S Ã O D O C Ó D I G O A L Y R I O C A V A L L I E R I – 1 9 7 9 LUCIANA MENEZES REIS AUTORA APRESENTAÇÃO Abordar o segundo momento da etapa tutelar, no Brasil, com o advento do Código de Menores de 1979 (Lei 6.697/79); Compreender a alteração paradigmática da situação menorista no Brasil até a promulgação da Constituição da República em 1988. As condições relacionadas aos Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil respondem, dentre outros determinantes, ao conceito de infância que foram construídos ao longo do tempo, determinados pelas condições sócio-históricas e pelas práticas discursivas que perpassam as épocas históricas. Sendo assim, esta aula tem como objetivos: 01 CONHEÇA O CONTEUDISTA Meu nome é Luciana Menezes Reis. Sou advogada graduada, pós-graduada, Mestre e Doutora em Direito, e já atuo na docência há mais de 15 anos. Faço parte do IBDFAM – Instituto Brasileiro de Direito das Famílias –, sendo autora de diversos artigos e da obra “Alienação Parental”. Atualmente sou docente e Coordenadora do Curso de Direito da Universidade Santa Úrsula/RJ. Deixo meu contato para quaisquer dúvidas ou sugestões: luciana.reis@usu.edu.br Será um prazer orientá-los nesta caminhada que se inicia hoje. LUCIANA MENEZES REIS 02 mailto:luciana.reis@usu.edu.br UNIDADE 2 A CONSTRUÇÃO MENORISTA NA VISÃO DO CÓDIGO ALYRIO CAVALLIERI – 1979 Introdução O Código de Menores de 1927 foi a primeira lei brasileira que, de forma oficial, tratou a respeito de crianças e do adolescentes, ficando marcado pela arbitrariedade do juiz de menores, que expôs sua praxe intervencionista, criando a chamada doutrina da Situação Irregular. Essa mudança de entendimento quanto à culpa, à responsabilidade e à capacidade de entendimento das crianças e dos adolescentes modificou o entendimento do termo “menor”, não de forma expressiva, mas que passou a ser utilizado para designar crianças e adolescentes em situação de carência moral e material e os infratores. (OLIVEIRA: 2013 p. 346). O Código Mello Mattos veio com o intuito de representar as ideias que vigoravam na Europa naquela época, no sentido de que a solução para o problema da ociosidade, da delinquência e do abandono seria o recolhimento em instituições psicopedagógicas em detrimento à valorização do fortalecimento dos laços familiares. Em suma, nesse período, verifica-se a incapacidade do Estado em promover uma política de assistência mínima, ficando somente na seara repressiva, controladora e vigilante em relação aos referidos, além de estimular a inserção dos infantes nas atividades trabalhistas. Até 1935, os menores abandonados e infratores eram, indistintamente, apreendidos nas ruas e levados a abrigos de triagem. Em 1940, edita-se o atual Código Penal Brasileiro, no qual a idade para a imputabilidade penal se define aos 18 anos. 03 [...] o modelo jurídico do Direito do Menor, que na verdade foi reduzido ao direito de ação estatal contra o menor, subsistiu às diversas transformações do Estado brasileiro praticamente inalterado, convivendo com pequenas experiências democráticas como nas Constituições de 1934 e de 1946, e também com modelos autoritários como do Estado Novo em 1937. No entanto, não se pode desconsiderar que por detrás das concepções menoristas estão as ideias fundamentais do pensamento autoritário. Contudo, a transposição desse modelo centrado no controle jurisdicional sobre a menoridade para o controle repressivo assistencial aconteceria a partir do golpe militar em 1964, com o estabelecimento da Política Nacional do Bem-Estar do Menor e a correspondente criação da Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. CUSTÓDIO: 2009, p. 14-15). Em 1942, foi criado o SAM (Serviço de Assistência ao Menor), órgão do Ministério da Justiça, de orientação correcional-repressiva, que era materializado sob a forma de reformatórios e casas de correção destinadas à adolescentes infratores ou patronatos agrícolas e escolas de aprendizagem de ofícios urbanos para menores carentes ou abandonados. A estruturação do SAM ficou conhecida como a primeira forma de política pública estruturada para a infância e adolescência no Brasil. O SAM – Serviço de Assistência ao menor – estava vinculado ao Ministério da Justiça e funcionava como o equivalente a um sistema penitenciário direcionado para os menores de idade. Sua estrutura era meramente correcional-repressiva. Apesar disso, esse sistema apresentava diferenciação entre o adolescente que teria praticado um ato infracional e o menor carente e abandonado. Ainda durante a vigência da codificação de 1927, foi sancionada em 1959 a Declaração de Direitos da Criança, trazendo ineditismo no tocante aos direitos do cidadão desde a infância. Mesmo não produzindo efeitos imediatos, o texto marcaria uma forte influência na evolução dos direitos infanto-juvenis no ordenamento jurídico brasileiro. O Código Alyrio Cavallieri Na década de 60, a atuação do SAM passou a ser considerado como repressivo e desumanizante, afirmando que este não mais cumpria o seu papel e que tinha se distanciado de sua proposta inicial. Assim, ocorreram diversas denúncias como desvio de verbas, superlotação, ensino precário, dentre outras. 04 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Assim, a partir da década de 60, em especial após o Golpe Militar de 1964, a questão da delinquência infanto-juvenil passou a exigir severas medidas por parte do Estado, o que culminou na criação da denominada Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (FUNABEM) em 1964, o que apenas garantiria ainda mais a permanência do sistema de eugenia e limpeza social (SILVA, 1999). A Funabem foi criada a partir das lutas de organismos não governamentais contra a ineficácia do SAM e conforme as diretrizes oriundas da Declaração da ONU dos Direitos da Criança. A Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) surge com o fim de tentar solucionar o problema do menor, mudando a ideia de que as crianças e os adolescentes abandonados, afetiva e economicamente, eram uma ameaça social, todavia, mantendo a lógica do cárcere e da tutela estatal. (LEMOS; MAGALHÃES; SILVA: 2011, p. 23). Tinha como prerrogativa a possibilidade de maneira autônoma de elaborar e introduzir uma Política Nacional do Bem-Estar do Menor (PNBEM). Assim, a infância passa a ser vista como um problema social; esta recai sobre o crivo da segurança nacional, sendo então o PNBEM estruturado pela Escola Superior de Guerra (OLIVEIRA: 2013, p. 348). O segundo Código de Menores, conhecido como Código Alyrio Cavallieri, foi promulgado em 1979, continuou adotando a Doutrina da Situação Irregular, ampliando ainda mais o poder do sistema de justiça no tocante à aplicação de medidas de intervenção estatal. O Código não mencionava direitos, mas apenas medidas de proteção, dentre elas as medidas de segurança detentivas, seguindo a linha do modelo de limpeza social. Pela legislação, que vigorou de 1927 a 1990 – (código de Menores), todas essas crianças e jovens eram passíveis, num momento ou outro, de serem sentenciados como “irregulares” e enviados às instituições de recolhimento, triagem, ressocialização ou guarda, a fim de que cessasse a situação de irregularidade. A lógica era aparentemente simples: se a família não pode ou falha no cuidado e proteção ao menor, o Estado toma para si esta função (RIZZINI; PILOTTI, 1995, p.211). O Código de Menores de 1979 entrou em vigor nos últimos anos da ditadura militar e pretendia ser mais um exemplo do rigor autoritário dos ditadores militares. O texto adotou a denominada doutrina da “situação irregular”, que dispunha “sobre a assistência, proteção e vigilância” a menores “de até dezoito anos de idade”, que se encontrassem “em situação irregular”. Ressalta-se que o Código de Menores de 1979 não recebeu somente a inspiração da teoria da situação irregular, mas também do regime totalitarista e militaristavigente no país, apesar de ter sido elaborado sob a influência da Declaração dos Direitos da Criança de 1959. 05 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6697impressao.htm Suas medidas criadas para cuidar de "patologias jurídico-sociais" definidas na lei amparava-se em conceitos e princípios simplistas e falaciosos, que resultavam, na prática, em um controle social da pobreza (RANGEL, 2019, p.07) Durante seu período de validade, foi constatado um aumento significativo nas internações na antiga Fundação do Bem Estar do Menor através das FEBEMS. Em termos de internações, não havia distinção entre menor abandonado ou infrator e todos ficavam no mesmo ambiente. Destaca-se, portanto, uma verdadeira criminalização da pobreza, ficando a criança pobre num status de “futuro marginal”. A doutrina da situação irregular classificava crianças e adolescentes não como pessoas sujeitos de Direito, mas sim como objetos de tutela e intervenção dos adultos, o que deveria ocorrer em caso de se encontrar o menor de 18 anos na mencionada “situação irregular”, definida pelo art. 2º do Código de Menores, como a “privação de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória”; “submissão a maus tratos ou castigos imoderados”; exposição a “perigo moral”; “privação de representação ou assistência legal”; e ainda incluindo o desvio de conduta “em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária”, bem como a prática de infração penal. O princípio de destituição do pátrio poder baseado no estado de abandono através da sentença de abandono possibilitou ao Estado recolher crianças e jovens em situação irregular e condená-los ao internato até a maioridade. Pela simples análise, percebe-se que o Código de 1979 apenas deu continuidade aos ditames trazidos pela legislação anterior, com poucas alterações relevantes no tocante à proteção dos direitos infanto-juvenis. Muito pelo contrário: estabeleceu prisão provisória para os menores, tratando os infantes como objeto de medidas sociais. Assim, somente após a década de 80, com a abertura dos movimentos sociais e a abertura do processo democrático, é que se inicia a instauração do discurso de proteção aos direitos da infância e da juventude. No Brasil, a conjuntura gerou os movimentos “Criança e Constituinte” e “Criança Prioridade Nacional”, que lograram inserir, na carta Política, normas afinadas com a Doutrina das Nações Unidas para a proteção integral, resultando na ab-rogação do Código de Menores e da Doutrina de Situação Irregular (SILVA, 1999, p.44, grifos do autor). 06 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Até a promulgação da Constituição da República em 1988, prevaleceu no Brasil a família patriarcal, herdada desde os tempos da Roma antiga, salvo os poucos avanços sociais que refletiram no ordenamento jurídico brasileiro atual. A concepção de pátrio poder foi se modificando face ao sensível abrandamento do poder antes conferido ao pater, sendo visível a revisão de valores propostos pela Constituição da República de 1988, em que o instituto passou a ter um caráter eminentemente protetivo, exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe (BRASIL, 1988). A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, promoveu alterações substanciais no Direito de Família, culminando em uma revisão dos valores sociais e do próprio modelo jurídico, uma vez que promoveu a consagração de importantes princípios, como o da dignidade da pessoa humana, o da pluralidade familiar e o da igualdade entre os cônjuges e os filhos (ROBERTO, 2003). Importante inovação trazida pela Carta Constitucional foi a consagração da igualdade entre homem e mulher, bem como a igualdade de direitos entre os filhos. “Com efeito, especialmente a partir do princípio da dignidade humana, a família passa a ser fundamentalmente um meio de promoção pessoal de seus membros” (CARVALHO, 2009, p.07). A família foi considerada a base da sociedade, e as novas formas de convívio consagradas produziram uma revolução nas estruturas sociais, empregando juridicidade a relacionamentos não sacralizados pelo matrimônio por meio das uniões estáveis e do vínculo monoparental, formado por qualquer dos pais e seus descendentes. Ao estabelecer o princípio do pluralismo familiar, reviu, alterou e ampliou o conceito de família (ROCHA, 2001). Com a mudança paradigmática trazida pela Constituição de 1988, as questões de políticas sociais emergem, alterando-se a Doutrina da Situação Irregular para a Doutrina da Proteção Integral, culminando na promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, o que trouxe à população infanto-juvenil a condição de sujeitos de direitos. Com a Doutrina da Proteção Integral, encampada pela Constituição, desaparece o Direito do Menor para surgir o Direito da Criança e do Adolescente, agora dirigido a toda menoridade com a efetivação de direitos fundamentais e sociais. 07 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A construção do menor: de objeto a sujeitos de direitos A tutela estatal sobre a infância e a juventude baseou-se no modelo denominado higienista, sendo necessária e urgente a promulgação de um texto legal que firmasse os marcos jurídicos de controle do Estado intervencionista, momento que coincidiu com a positivação do Direito Penal em 1941 e sua definição de crime como uma forma de transgressão aos modelos socialmente tolerados. Essa assimilação dos conceitos higienistas no Brasil deu-se por meio da construção da Doutrina de Situação Irregular, doutrina esta que embasou os dois Códigos de Menores, promulgados em 1927 e 1979, respectivamente. Assim, somente após a década de 80, com a abertura dos movimentos sociais e a abertura do processo democrático, é que se inicia a instauração do discurso de proteção aos direitos da infância e da juventude. A Constituição Federal marca a fase atual de desenvolvimento dos Direitos da Criança e do Adolescente pela denominada “fase da proteção integral”, que representa a superação da doutrina da situação irregular pela doutrina da proteção integral. A chegada do novo texto constitucional representou um marco jurídico de proteção integral à tutela da infância e da adolescência no Brasil, que passou a contar também com a Defensoria Pública, o Conselho Tutelar e a fiscalização do Ministério Público. Crianças e adolescentes passaram a ser reconhecidos como titulares de direitos e deveres. A revisão dos valores sociais e da família na Constituição de 1988 Até a promulgação da Constituição da República em 1988, prevaleceu no Brasil a família patriarcal, herdada desde os tempos da Roma antiga, salvo os poucos avanços sociais que refletiram no ordenamento jurídico brasileiro atual. A concepção de pátrio poder foi se modificando face ao sensível abrandamento do poder antes conferido ao pater, sendo visível a revisão de valores propostos pela Constituição da República de 1988, em que o instituto passou a ter um caráter eminentemente protetivo, exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe (BRASIL, 1988). A família foi considerada a base da sociedade, e as novas formas de convívio consagradas produziram uma revolução nas estruturas sociais, empregando juridicidade a relacionamentos não sacralizados pelo matrimônio, por meio das uniões estáveis e ao vínculo monoparental, formado por qualquer dos pais e seus descendentes. Ao estabelecer o princípio do pluralismo familiar, reviu-se, alterou- se e ampliou-se o conceito de família. 08 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, promoveu alterações substanciais no Direito de Família, culminando em uma revisão dos valores sociais e do próprio modelo jurídico, uma vez que promoveu a consagração de importantes princípios, como o da dignidade da pessoa humana, o da pluralidade familiar, e o da igualdade entre os cônjuges e dos filhos (ROBERTO, 2003). Importanteinovação trazida pela Carta Constitucional foi a consagração da igualdade entre homem e mulher, bem como a igualdade de direitos entre os filhos. “Com efeito, especialmente a partir do princípio da dignidade humana, a família passa a ser fundamentalmente um meio de promoção pessoal de seus membros” (CARVALHO, 2009, p.07). Com a mudança paradigmática trazida pela Constituição de 1988, as questões de políticas sociais emergem, alterando-se a Doutrina da Situação Irregular para a Doutrina da Proteção Integral, culminando na promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, o que trouxe à população infanto-juvenil a condição de sujeitos de direitos. Com a Doutrina da Proteção Integral, encampada pela Constituição, desaparece o Direito do Menor para surgir o Direito da Criança e do Adolescente, agora dirigido a toda menoridade, com a efetivação de direitos fundamentais e sociais (BRASIL, 1988). A Constituição Federal de 1988 direcionou um capítulo especialmente para família, crianças, adolescentes e idosos. No artigo 227, a Lei Maior estabelece que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar, com prioridade absoluta, os direitos das crianças e dos adolescentes, a exemplo do direito à vida, à saúde, à alimentação e à educação. De acordo com a Constituição, os menores também têm direito ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Os direitos e garantias previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente É cediço que, a partir da Constituição de 1988, crianças e adolescentes passaram a ser reconhecidos como sujeitos de direitos. Adotou-se, a partir de então, a Doutrina da Proteção Integral, que inicialmente foi desenvolvida na esfera internacional, destacando-se a Convenção das Organizações das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças no ano de 1989, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto n. 99.710, de 21 de novembro de 1990, que representou, dentro do panorama legal internacional, importante marco na legislação garantista de proteção à infância e à juventude (MEIRA, 2008, p.282-283). 09 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE O Estatuto da Criança e do Adolescente foi aprovado em meio a intensos debates sobre liberdade, democracia e Direitos Humanos e revolucionou percepções e práticas relativas às crianças e aos adolescentes, marcando uma importante mudança de paradigma, vindo a refutar antigas concepções de infância e adolescência associadas à passividade e à subjugação. Desta forma, pelos ensinamentos de Pereira (2006, p.132): Justifica-se a Doutrina da Proteção Integral, principalmente, na razão de se acharem em peculiar condição de pessoa humana em desenvolvimento, isto é, encontram-se em situação especial de maior fragilidade e vulnerabilidade, que autoriza atribuir-lhes um regime especial de proteção, para que consigam se estruturar enquanto pessoa humana e se autogovernar. A Constituição da República alterou, também de forma significativa, as relações entre pais e filhos, bem como todo o ordenamento jurídico pertinente ao tema, até então fundado na autoridade marital e patriarcal. Assim, deslegitimou a denominada situação irregular, e reconheceu crianças e adolescentes como sujeitos de plenos direitos, gozando de todos os direitos fundamentais e sociais, inclusive com prioridade absoluta, decorrentes da peculiar situação de pessoas em desenvolvimento (BRASIL, 1988). A Constituição e o ECA acolheram a doutrina da proteção integral. Modo expresso, crianças e adolescentes foram colocados a salvo de toda forma de negligência. Transformaram-se em sujeitos de direitos e foram contemplados com enorme número de garantias e prerrogativas. Mas direitos de uns, significam obrigações de outros. Por isso, a Constituição enumera quem são os responsáveis a dar efetividade a esse leque de garantias: a família, a sociedade e o Estado (DIAS, 2010, p. 448). Baseada na doutrina da proteção integral, o Estatuto tratou especificamente dos direitos e garantias das crianças e adolescentes. Desta forma, iniciou-se a inserção dos direitos fundamentais específicos do menor, sob a ótica de dignidade espelhada na Constituição. Consoante aos ensinamentos de Teixeira (2006, p.108): Os direitos fundamentais, portanto, são o substrato axiológico e material do Direito contemporâneo, constituindo-se, por isso, em parâmetros hermenêuticos. Eles são parte indelével das diretrizes personalistas colocadas na Constituição, notadamente a cidadania e a dignidade humana. 10 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente garantiu a efetividade dos preceitos constitucionais de proteção. Os direitos fundamentais foram explicitados já no contexto do artigo 3º do Estatuto, que assim dispõe: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1990, art. 3º). Não restam dúvidas de que os artigos 3º, 4º, 5º, e 6º do Estatuto da Criança e do Adolescente também traduzem normas de direitos fundamentais. Isto porque os direitos fundamentais não se esgotam no catálogo constitucional, bem como em dispositivos esparsos, por força da norma aberta, esculpida no artigo 5º, parágrafo 2º da Carta Magna (TEIXEIRA, 2009). Teixeira (2009) desenvolve a importância dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes sem ignorar a concepção de deveres fundamentais, sendo isto proposto por José Carlos Vieira de Andrade. Tais deveres não são, necessariamente, conexos com os direitos fundamentais, podendo formar, por isso, uma categoria autônoma dos deveres fundamentais. Entretanto, também podem estar associados a direitos fundamentais, atingindo a natureza dos direitos, que devem ser configurados como direitos-deveres ou poderes- deveres com dupla natureza (VIEIRA DE ANDRADE, 2001 apud TEIXEIRA, 2009, p.164- 165). Tomando como exemplo o múnus conferido à autoridade parental, a criação, educação e assistência estariam incluídas nos deveres dos pais para com os filhos, no interesse destes últimos. A função da autoridade parental, neste contexto constitucional de dignidade humana da criança e do adolescente, é de instrumentalizar os direitos fundamentais dos filhos (TEIXEIRA, 2009). O compartilhamento de direitos e deveres entre os genitores deve ser priorizado, a fim de que não haja um esvaziamento da relação parental. Nesse sentido, o direito à convivência é, dentre as demais prerrogativas conferidas aos menores, como educação, alimentação e assistência, um direito fundamental, se se observar que o núcleo familiar atualmente corresponde ao ambiente de desenvolvimento da personalidade do indivíduo. 1 1 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Diferentemente de outros países, no Brasil, as disposições normativas nacionais precederam a normativa internacional. Assim, disposições contidas na Declaração de Genebra, de 1924, e a Declaração Universal dos Direitos da Criança e do Adolescente, de 1959, serviram de base para a proposta de mudanças, constituindo argumentos de peso junto à Assembleia Constituinte e, consequentemente, à aprovação do Estatuto. Ao se referir aos fins sociais, o estatuto explicitou a opção pela exegese teleológica, ou seja, da proteção integral, com prevalência do melhor interesse. Não mais um melhor interesse subjetivamente estabelecido, o que poderia conduzir ao arbítrio, mas um superior interesse baseado em normas objetivas, finalísticas, voltadas à proteção integral. Os fins sociais do Estatuto, consubstanciados na promoção e defesa dos direitos, constituem diretriz para que o superior interesse seja, mesmo, o da criança e do adolescente, e não mais duvidoso e suposto melhor interesse, a critério subjetivo do intérprete(SILVA, 1999, p.52). A Doutrina Jurídica da Proteção Integral, por sua vez, teve como origem os instrumentos de Direito Internacional oriundos principalmente das Nações Unidas, dos quais se destaca a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), por unanimidade, na sessão de 20 de novembro de 1989, e ratificada pelo Brasil através do Decreto 99.710, de 21.11.1990 (ISQUIERDO, 2002, p. 526). A concepção de crianças e adolescentes enquanto sujeitos de direitos foi definitivamente homologada no ordenamento jurídico brasileiro a partir da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990. Após o advento do Estatuto, houve a substituição da expressão menor, por criança e adolescente, e definiu a família, a sociedade e o Estado como responsáveis pela não estigmatização da população infanto-juvenil, trazendo mecanismos de proteção, ressocialização e cuidados (BRASIL, 1990a). O Estatuto superou a ideia de incluir crianças e adolescentes como problema social, assumindo uma concepção protecionista a seres humanos em situação de desenvolvimento. [...] sujeitos das relações sociais desde seu nascimento e que devem ser considerados não pela sua condição econômica ou por seu agir social, mas, insista-se, pelo fato de que são pessoas e devem receber trato estatal, social e familiar, trato este, apto a salvá-los das situações capazes de marginalizá-los (MACHADO; MACHADO, 2008, p 80). 12 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Desta forma, o Estatuto trouxe disposições concernentes à proteção integral da criança e do adolescente, definindo com precisão a responsabilidade de pais, responsáveis, das instituições e do próprio Estado. Definiu também as consequências das ações e omissões contra os infantes, servindo como instrumento de controle sobre as ações do Estado. Desta forma, o Estatuto traz em seu bojo disposições sobre a proteção integral à criança e ao adolescente, estabelecendo o que estes e seus pais, responsáveis, a comunidade, instituições e o próprio estado podem ou não fazer. Também define as consequências das ações/omissões destes para com o público infanto-juvenil. Todavia, sua implementação esbarra em inúmeras dificuldades. Toda a política para o setor é elaborada pelos Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente e executada pelos Conselhos Tutelares da infância e da juventude, duas instâncias diferentes quanto às suas atribuições e competências. Assim como os conselhos dos outros setores de políticas sociais, esses também seguem a ótica da municipalização, contam com a participação da sociedade civil e devem servir de instrumento de controle sobre as ações do Estado. A grande importância dada ao Estatuto cinge-se na questão de que crianças e adolescentes deixam de ser objetos de direitos para se tornarem cidadãos, e, como tais, sujeitos de direitos. Entretanto, mesmo diante da existência de uma lei protetiva, observa-se que tanto a família quanto o próprio Estado muitas vezes ainda desrespeitam e promovem a reprodução da violência e o descaso infanto-juvenil. Dentre os inúmeros desafios para a efetiva implementação de direitos, destacam-se as disparidades regionais e aquelas que se referem às piores condições de vida para certos grupos de crianças, como as crianças que se encontram em famílias atingidas por extrema pobreza, as crianças negras, indígenas e aquelas com doenças graves, problemas de saúde mental e deficiências. Conclusão Conforme se observou até o momento, a legislação menorista anterior à promulgação da Constituição Federal não demonstrava preocupação em compreender e atender à criança e ao adolescente, não havendo diferenciação entre o menor infrator e o menor em situação de abuso. Em outras palavras, os dois Códigos de Menores objetivavam apenas a punição dos menores infratores. Com a alteração paradigmática trazida pela Constituição Federal e a democratização dos direitos infanto-juvenis, assegurou a implementação da Doutrina da Proteção Integral, abarcando não só os direitos fundamentais conferidos a todas as pessoas mas também àqueles que atentam às especificidades da infância e da adolescência. 13 ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE A norma constitucional da prioridade absoluta dos direitos e melhor interesse assegura que, em qualquer situação, encontre-se a alternativa que garanta que os interesses da criança e do adolescente estejam sempre em primeiro lugar. Desta forma, a adoção da doutrina da proteção integral em substituição à doutrina da situação irregular trouxe, de imediato, uma profunda revisão dos conceitos até então preconizados. Primeiramente, o ECA passou a englobar indistintamente todas as crianças e adolescentes, abandonando a ideia da situação irregular (ECA, art. 1.º); em segundo, as crianças e os adolescentes abandonam a categoria de meros objetos de intervenção estatal, transformando- se em sujeitos de direito, gozando de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana (direitos fundamentais genéricos), sem prejuízo da titularidade de direitos fundamentais específicos, enunciados em consideração às suas peculiaridades de ser humano em desenvolvimento (ECA, art. 3.º). E, por fim, a legislação determinou solidariamente à família, à sociedade e ao poder público o dever de zelar pelo bem-estar e pela concretização dos direitos fundamentais das crianças e adolescentes, com absoluta prioridade (ECA, art. 4.º), garantindo inclusive a promoção de políticas públicas capazes de promover a efetividade de todos os direitos infanto-juvenis encampados pela novel legislação menorista protetiva (ECA, art. 4.º, parágrafo único, c). 14 COMPLEMENTAÇÃO DE LEITURA: Fogueira das vaidades: a retórica na assistência à criança e ao adolescente - Claudia Rabello de Castro - Editora Appris, 2014. A obra traz um estudo a respeito da assistência fornecida à criança e ao adolescente a partir da implantação do ECA. Apresenta estratégias de agentes educativos em sua prática cotidiana, principalmente no período de modificação da legislação, quando os principais formatos de assistência foram modificados. A leitura do livro certamente contribui para a compreensão das dificuldades de efetivação das leis no Brasil. SÍNTESE DA AULA: Nesta aula, foi abordado um estudo histórico sobre a criança na vida social no Brasil a partir do advento do segundo Código de Menores, conhecido como Código Alyrio Cavallieri. NA PRÓXIMA AULA: Abordaremos a evolução das normas infanto-juvenis brasileiras, especialmente pelo advento da Constituição de 1988. ELETIVA ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1) A assimilação jurídica dos preceitos higienistas, realizou-se no Brasil através da construção da Doutrina da Situação Irregular. Sobre o direito da criança e do adolescente nesta época, é incorreto afirmar: A) Essa doutrina foi a prerrogativa legal utilizada para embasar os dois Códigos de Menores que existiram no Brasil, sendo o primeiro promulgado em 1927 e o segundo em 1979. B) A roda dos expostos tinha como pretensão a preservação da reputação das famílias, após o nascimento de filhos bastardos ou ilegítimos. C) Uma das principais características do século XX, é o surgimento de um aparato jurídico-institucional para a tutela dos menores, e consequentemente, a intervenção sobre suas famílias. D) Pela simples análise, percebe-se que o Código de 1979 apenas deu continuidade aos ditames trazidos pela legislação anterior, com poucas alterações relevantes no tocante à proteção dos direitos infanto-juvenis. Muito pelo contrário: estabeleceu prisão provisória para os menores, tratando os infantes como objeto de medidas sociais. E) A Doutrina da Situação Irregular possui uma essência protetiva, não sendo necessário que as garantias elementares do Direito fossem anunciadas para essa parcela da população. 15 SEU GABARITO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 2) Sobre a Doutrina da Situação Irregular, é incorreto afirmar: A) o Estado passou a construirmecanismos de intervenção nos lares considerados apropriados, e noutro lado, as crianças sem família passaram a sofrer uma série de ações calcadas no ideal higienista. B) A tutela estatal sobre a infância e a juventude baseou-se no modelo denominado higienista. C) os chamados menores de rua eram recolhidos em depósitos especializados, denominados como abrigos ou reformatórios. D) Os dois Códigos de Menores não mencionavam direitos, mas apenas medidas de proteção, dentre elas, as medidas de segurança detentivas, seguindo a linha do modelo de limpeza social. E) o Código de 1979 trouxe em seu bojo a Doutrina da Proteção Integral. 16 SEU GABARITO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 17 3) Em matéria de infância e juventude, pode-se afirmar que durante a vigência Código de Mello Mattos, em 1927 vigorava o modelo, exceto. A) da proteção integral B) de manutenção da ordem social. C) higienista D) do controle social E) intervencionista no núcleo familiar SEU GABARITO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 4) O Código de Menores de 1979 evidenciou a intervenção do Estado sobre a família, abrindo espaço para o avanço da política de internação em prol do controle social. Nesse diapasão, é incorreto afirmar: A) Código de Menores de 1979 perpetuou a Doutrina da Situação Irregular. B) Durante a vigência do Código de Menores, não havia diferença de tratamento entre os menores com os demais sujeitos infratores. C) O Código de Menores de 1979 evidenciava o caráter discriminatório do antigo Código, devido à clara associação entre pobreza e delinquência. D) O Código Alyrio Cavallieri de 1979 firmou o menor como objetos de direitos, legitimando a intervenção estatal sobre crianças e adolescentes que estivessem em situação irregular. E) O Código de 1979 demonstrou em seu bojo interesse do legislador na reinserção social do menor. 18 SEU GABARITO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 19 5) O Princípio da Proteção Integral, previsto na Lei nº 8.069/90 (ECA), representa uma importante mudança paradigmática frente às leis anteriores. Diante disso, o ECA se aplica a) ao menor em situação irregular, que necessite se tornar objeto da ação tutelar. b) à criança e ao adolescente, como sujeitos de direito e pessoas em desenvolvimento. c) à criança infratora, que demande institucionalização punitiva diante de sua conduta. d) ao menor, vítima da criminosa negligência e da irresponsabilidade familiar, decorrentes da pobreza. e) ao menor, vítima de abuso sexual, que testemunhe criminalmente nas salas de depoimento especial. SEU GABARITO ANOTAÇÕES 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMIN, Andréa Rodrigues; et al. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: Aspectos Teóricos e Práticos. 4. ed. Editora Lumen Juris: Rio de Janeiro, 2010. BRASIL, Decreto nº 5.083, de 1º de dezembro de 1926. Dispõe sobre o Código de Menores. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1979. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/historicos/dpl/dpl5083.htm>. Acesso em 20 de Maio de 2022. BRASIL. Lei nº 6.697, de 10 de outubro de 1979. Dispõe sobre o Código de Menores. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1979. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6697.htm>. Acesso em 20 de Maio de 2022. BRASIL, República Federativa do. Constituição da Republica Federativa do Brasil (CF/ 88). Brasília, DF: Senado, 2019. CUSTÓDIO, André Viana. Direito da Criança e do Adolescente.Criciúma, SC: UNESC, 2009. LEMOS; MAGALHÃES; SILVA. Atribuições do Conselho Tutelar: “Proteção Integral ou Vestígios da Doutrina da Situação Irregular?”. Faculdades Integradas Antônio Eufrásio de Toledo. Intertem as Social. ISSN 1983-4420. Vol. 6, No 6: 2011. Disponível em: http://intertemas.toledoprudente.edu.br/revista/index.php/Social/article/view/2899>. Acesso em: 20 de mar. 2022, MARCÍLIO, Maria Luisa. A roda dos expostos e a criança abandonada na história do Brasil 1726-1950. In: FREITAS, Marcos Cezar de. (Org). História social da infância no Brasil. São Paulo: Ed. Cortez, 2001. PAGANINI, Juliana (PAGANINI J). A criança e o adolescente no Brasil: uma história de tragédia e sofrimento. Boletim Jurídico. 2011. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2195>. Acesso em: 09 de abr. 2022. 21 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/historicos/dpl/dpl5083.htm%3E http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/128333/lei-6697-79 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91764/estatuto-da-crian%C3%A7a-e-do-adolescente-lei-8069-90 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6697.htm%3E http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constitui%C3%A7%C3%A3o-federal-constitui%C3%A7%C3%A3o-da-republica-federativa-do-brasil-1988 http://intertemas.toledoprudente.edu.br/revista/index.php/Social/article/view/2899%3E http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=2195%3E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RAMOS, Fabio Pestana. Os problemas enfrentados no cotidiano das navegações portuguesas da carreira da India: fator de abandono gradual da rota das especiarias. Revista História. São Paulo: Editora Abril Cultural, vol, XXIV, n. 137, dez., 1997. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18828/20891>. Acesso em: 04 de abr. 2022. RANGEL, Patrícia C; CRISTO, Keley K Vago. Breve histórico dos direitos da criança e do adolescente. Disponível em: <http://www.pailegal.net/chicus.asp?rvTextoId=1099220789>. Acesso em: 12 maio. 2022. RIZZINI, Irene; PILOTTI, Francisco. A arte de governar crianças: a História das Políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. 2. ed. rev. São Paulo: Cortez, 2009. 22 http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18828/20891%3E GABARITOS 1- Resposta: E – Muitas instituições estatais foram criadas com o objetivo de afastar os menores das ruas, abrigando-os quando carentes, ou internando-os em reformatórios quando infratores, colocando-os em ambas as situações como verdadeiros objetos de direitos. 2- Resposta: E – O Código de 1979 manteve as mesmas diretrizes da legislação de 1927. A internação foi adotada como medida de segregação de crianças e adolescentes pobres e marginalizados, independentemente da prática de ato infracional, perpetuando a Doutrina da Situação Irregular. 3- Resposta: A- A Doutrina da Proteção Integral só foi estabelecida quando do advento da Constituição Federal (1988) e do Estatuto da Criança e do Adolescente. 4- Resposta: E – Crianças e adolescentes não eram considerados sujeitos de direitos, mas objeto de atividades estatais, possibilitando ao Estado recolher crianças e jovens em situação irregular. 5- Resposta: B- o ECA passou a englobar indistintamente todas as crianças e adolescentes, abandonando a ideia da situação irregular (ECA, art. 1.º); 23
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