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Medicina veterinária legal

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Feito por: Emilly Rebeca 
 
Medicina veterinária legal 
 
Teoria do elo 
- Há mais cães nos lares brasileiros do que crianças, 
pois estima-se que são 52,2 milhões de cães 
domiciliados, versus 45,6 milhões de crianças de 0 a 14 
anos (IBGE,2015b), e deve-se ainda incluir os 22,1 
milhões de gatos domiciliados (IBGE,2015ª) 
- Mudanças da sociedade contemporânea, que trouxe 
uma nova configuração familiar, a famílias 
multiespécies, composta por seres humanos e animais 
de companhia (WITTER,2016) 
 
Relação homem-animal (RHA) 
- Até chegarem à categoria de animal de companhia, 
foram anos de coevolução. 
- A relação humano-animal se estreita de acordo com a 
influência das necessidades específicas da época vivida 
(DELARISSA,2003) 
-Na pré-história as espécies se aproximaram em busca 
de comida, abrigo e proteção (WALSH,2009) 
- Evidências arqueológicas de 14 mil anos atras 
mostram que os ancestrais dos cães, os lobos 
domesticados, eram guardiões, guias e parceiros na 
caça e pesca (SERPELL,1996) 
- Com desenvolvimento da agricultura, há cerca de 9 
mil anos atrás, cães e gatos assumiram funções como o 
pastoreio (cães), controle de roedores (gatos) e 
companhia (ambos), e essas atribuições continuam 
sendo valorizadas (WALSH, 2009) 
- Os animais também foram vinculados as diferentes 
culturas ao redor do mundo, com maior expressão a 
partir da idade antiga, sendo muitas vezes, incluídos 
em tradições espirituais em que a RHA era vista como 
forma de interconexão do mundo natural com o 
mundo espiritual 
- Desde a idade média cães e gatos são posses de 
governantes e da aristocracia 
- Tornaram-se tendência entre a realeza europeia no 
século XIII, que estimulava seus plebeus a criarem 
diversas raças com o propósito de competição de qual 
seria a melhor (WALSH, 2009) 
 
- Dessa maneira, as pessoas humanizavam seus animais 
de companhia, tratando-os como alguém importante, 
com direito a roupas e adornos, tornando-os seres 
centrais na vida familiar, trazendo companheirismo e 
prazer (WALSH, 2009) 
 
Bases filosóficas 
- Século XVII 
- René Descartes – Foi um importante filosofo na 
ciências e trouxe a teoria mecanicista falando que os 
animais não tinham emoções ou sentimentos e eram 
similares a máquinas 
- Existiam práticas de vivissecção (Abrir o animal sem 
nenhum tipo de anestesia para saber como 
funcionavam os órgãos) 
- Os animais eram tratados como mercadorias e 
quando não serviam mais, eram descartados 
- A preocupação não consistia na vida do animal, mas 
sim nos interesses pessoais do ser humano = não 
importava se o animal sentia calor, frio, fome, sede e 
dor, sob a alegação de que este não possuía alma 
 
Sociedade contemporânea 
- Nem sempre as particularidades das espécies são 
respeitadas na RHA 
- As necessidades de um animal são evidenciadas nas 
liberdades do bem-estar, pois ele deve estar livre de 
sede, fome, livre de desconforto, livre de dor, lesão e 
doenças, livre de medo e distresse e livre para 
expressar comportamento natural (WELFARE COUNCIL 
– FAWC,1992) 
- O animal tornou-se substituto de filhos e de outros 
familiares, acarretando sua antropomorfização, 
infringindo seu bem-estar, especialmente a liberdade 
de expressar comportamento natural 
- São Tomás de Aquino, no século XIII disse: “A 
crueldade contra os animais pode fazer-nos cruéis 
contra outras pessoas” 
Feito por: Emilly Rebeca 
- Somente no final dos anos 80 que começou um 
aumento de interesse pelo elo entre as violências, 
sendo desenvolvidas diferentes pesquisas, 
principalmente nos EUA e Europa 
 
Primeiros registros de proteção aos animais 
- Código de posturas de 6 de outubro de 1886, do 
município de São Paulo, cujo artigo 220 apresentava 
um enunciado normativo proibindo “cocheiros, 
condutor de carroça, de maltratar animais com 
castigos bárbaros e imoderados, prevendo multa aos 
infratores 
- Decreto federal 24.645, de 10 de julho de 1934, que 
revogado parcialmente, ainda se constitui em uma 
fonte valiosa do Direito dos Animais no Brasil, sendo o 
primeiro diploma normativo brasileiro tutelando a 
fauna 
- Em 1967, surgiram os códigos de caça e pesca, 
regulamentando o exercício dessas atividades quase 
exclusivamente e desconsiderando os conceitos de 
dignidade animal ou de preservação ambiental da 
fauna, em virtude do enforque puramente econômico 
que pautariam suas estruturas jurídicas 
- Com o surgimento da lei federal nº 6.938/1981, 
estabelecendo a política nacional do meio ambiente, 
passou-se a considerar o animal abandonado como 
recurso ambiental, constituindo parte integrante do 
patrimônio público, visto ser ele componente da fauna 
em geral 
- O ano de 1988 foi um marco para o ordenamento 
jurídico brasileiro, com a promulgação de sua 
constituição que, alterando o código de caça, formou 
vigente Lei de proteção a fauna 
- Lei federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1988, a 
denominada “Lei dos crimes ambientais” 
 
Violência contra as crianças 
- Crueldade cometidas contra crianças pequenas fazem 
parte da história da humanidade 
- Direito de vida ou de morta dado ao pai sobre seus 
filhos 
- Somente em meados do século XIX começa a se 
esboçar uma preocupação com a criança, que passa a 
ser encarada como uma pessoa em formação 
Proteção à criança 
- O grande avanço em relação a violência contra 
crianças e adolescentes ocorreu a partir de 1961, 
quando Henry Kempe descreveu a síndrome da criança 
espancada, reconhecida pela academia americana de 
pediatria. Para kempe, esta síndrome ocorria em 
crianças de baixa idade, com graves ferimentos em 
épocas diversas, e explicações discordantes ou 
inadequadas fornecidas pelos pais, sendo diagnóstico 
baseado em aspectos clínicos e radiológicos 
- Em 1973 foi descrito, por um dos professores da 
Faculdade de ciências médicas da santa Casa de são 
Paulo, o primeiro caso de espancamento de uma 
criança na literatura nacional 
- Em 1988, o texto atual Constituição Brasileira, no 
artigo 227, assegura direitos a crianças e ao 
adolescente, que deixam de ser vistos como 
propriedade dos pais 
- Estatuto da crianças e adolescentes (ECA), lei federal 
nº 8069 de 13/07/1990, ficaram assegurados direitos 
especiais e proteção integral a criança e ao adolescente 
 
Definição de teoria do elo 
- Relação entre as violências humana e animal, quando 
estudada dentro de um contexto familiar, observa-se 
as relações de dominação de individuo em face de 
outros, onde os animais de estimação são utilizados 
como ferramentas de coerção e por isso, objeto de 
maus tratos e violência (NASSARO, 2013) 
 
Definição de violência 
- A organização mundial de saúde divide violência em 
três categorias, conforme as características de quem 
comete o ato de violência: 
• Violência dirigida a si mesmo: Auto infligida, 
compreende comportamento suicida e auto abuso 
• Violência interpessoal: Esta dividida em duas 
subcategorias: 
- Violência na família: Parentes ou parceiros 
sentimentais 
- Comunitária: Entre pessoas sem laços de parentesco 
• Violência coletiva: Por pessoas de um mesmo 
grupo contra um conjunto de indivíduos para 
cumprir objetivos políticos, econômicos e sociais 
Feito por: Emilly Rebeca 
- Schraiber e d’Oliveira (1999) abordam a violência 
como um termo que envolve agressões de diferentes 
intensidade e tipos, desde os “mais cruéis’, como 
tortura e assassinatos em séries, até os “aspectos 
opressivos” do mundo moderno como a desigual 
distribuição de renda de uma sociedade 
- Minayo (1994), traz uma discussão sobre o que a 
violência, considerando aspectos relevantes para o seu 
entendimento, especialmente no âmbito da saúde 
pública: 
(...) A violência não faz parte da natureza humana (...) 
não tem raízes biológicas. Trata-se de um complexo 
fenômeno biopsicossocial, mas seu espaço de criação 
é a vida em sociedade. Portanto,para entendê-la há 
que se apelar para especificidade histórica (...) na 
configuração da violência se cruzam problemas da 
política, da economia, da moral, do direito, da 
psicologia, das relações humanas e institucional, e do 
plano individual. A família, portanto, interioriza todas 
as violências externas a ela 
 
Violência doméstica 
- Kafka faz uma metáfora do organismo animal familiar, 
cujas partes são interdependentes e estão submetidas 
a manutenção de seu equilíbrio, sem possibilidade de 
autonomia ou liberdade (MANDELBAUM; 
MANDELBAUM, 2007) 
- A desigualdade das partes impede um equilíbrio justo, 
assim, para Kafta, um sistema familiar é violento em 
sua essência, é núcleo originário da violência 
(MANDELBAUM; MANDELBAUM, 2007) 
- A violência família não se restringe ao âmbito 
doméstico e o fenômeno violência possui múltiplas 
definições e sentidos, tanto para quem a comete, 
quanto para quem a recebe, por isso, nem sempre a 
vítima reconhece a violência que está sofrendo como 
uma forma de violência 
 
Violência contra as crianças 
- A reprodução das experiencias de violência 
- Os desajustes familiares, psíquicos e vícios 
- Dominação de gênero e de geração: A submissão do 
mais fraco pelo mais forte 
 
Impactos nas crianças 
- Entre 3,3 e 10 milhões de crianças a cada ano são 
expostas a violência domésticas, com efeito negativo 
significativo sobre desenvolvimento comportamental, 
social, emocional e cognitivo 
- As crianças nesses ambientes aprendem que não há 
lugar seguro para elas e que os adultos não podem 
protegê-las. Elas desenvolvem sentimentos 
ambivalentes em relação ao agressor e assumir a 
responsabilidade de proteger a vítima adulta. Seu 
medo crônico geralmente leva a agressão 
- Crianças em casas com violência doméstica são 
abusadas 15 vezes mais que em casas não violentas 
(FUNDAÇÃO DAVID & PACKARD, 1999) 
- Crianças tendem a repetir comportamentos dos pais 
– Crianças que vivem em famílias em situação de 
violência tendem a repetir os atos de violência contra 
pessoas e contra os animais 
 
Violência contra a mulher 
- Colocado em pauta pelo movimento feminista na 
segunda metade do século XX 
- Ele abrange diferentes situações que ocorrem com as 
mulheres pelo fato de as mesmas serem mulheres, que 
segundo Grossi 91995) e a organização dos estados 
americanos – OEA (1996) variam desde: 
• “A violência física, sexual e psicológica cometida 
por parceiros íntimos, o estupro, abuso sexual de 
meninas, assédio sexual no local de trabalho, a 
violência contra a homossexualidade, o tráfico de 
mulheres, o turismo sexual, a violência étnica e 
racial, a violência cometida pelo estado, por ação 
ou omissão, a mutilação genital feminina, a 
violência e os assassinatos ligados ao dote, o 
estupro em massa nas guerras e conflitos 
armados” 
- Há quatro tópicos encontrados frequentemente em 
sociedade com grande prevalência de violência contra 
as mulheres, que apontam a subordinação de gênero 
(HEISE, 1998). De acordo com Heise (1998), eles são: 
• Normas culturais ou legais que dão aos homens 
propriedade bem acima das mulheres 
• Controle masculino sobre a família, riqueza 
• Controle masculino das decisões em geral 
Feito por: Emilly Rebeca 
• E noções de masculinidade associada a dominação 
e soberania, sendo dadas aos homens mais 
liberdade e poder para delimitar o comportamento 
feminino em nome da honra masculina 
 
 
- A partir do estudo pode ser notado: 
• Alta prevalência de violência doméstica contra 
mulheres ao redor do planeta 
• 30% das mulheres (15-69 anos) no mundo inteiro 
são abusadas por parceiro íntimo (OMS,2010) 
• 1/5 de mulheres brasileiras são vítimas de violência 
doméstica ou familiar (Secretaria da 
transparência,2013) 
- A OMS determinou a prevalência da violência contra 
a mulher por parceiro íntimo em diferentes países a 
nível mundial 
 
 
Violência contra os idosos 
- Há poucos estudos 
- Negligências de animais pode ser um indicador de 
coocorrência de autonegligência de pessoas idosas, ou 
de transtorno de acumulação (psicopatologia) 
 
 
Violência doméstica 
- 
Quando uma pessoa em uma família é abusada = alta 
probabilidade que os demais membros também 
estejam sendo abusados 
- Diversas pesquisas têm encontrado um coocorrência 
entre a presença de violência doméstica contra 
mulheres na família e abuso físico, psicológico ou 
negligência nas crianças e nos idosos 
- No Rio de janeiro há 60,6% de coocorrência de 
violência física conjugal e contra os filhos nos serviços 
de saúde (REICHHENHEIM,2006) 
- Num estudo realizado no Rio de Janeiro de 245 mães 
entrevistadas, 94,2% relataram agressão psicológica 
contra elas e seus filhoes, 24,7% casos de abusos físicos 
leves e 9,9 abusos físicos graves (Anna tereza M. soares 
de moura, 2005) 
- 40% das crianças vítimas de abuso, habitualmente, 
relatam violência doméstica em casa (UNICEF, 2006) 
- Desenvolvimento de políticas e estratégias, visando 
uma redução da morbimortalidade por acidentes e 
violências 
- Em 2006, foram priorizadas as ações de prevenção se 
violência e promoção da saúde e cultura de paz, assim 
foi implantado o sistema de vigilância de violência e 
acidentes em serviços de sentinela – viva 
 
Link ou elo 
- A violência contra animais e a violência interpessoal 
 
 
Feito por: Emilly Rebeca 
 
 
- Existe uma relação entre as violências interpessoais e 
as violências nos animais 
 
Animal no ciclo da violência 
- A violência contra animais pode ser apenas a “ponta 
do iceberg”, pois pode ser acompanhado de maus 
tratos infantil, violência contra idosos, violência 
domésticas 
- O autor da violência doméstica, ameaça ou prejudica 
o animal, o ciclo não é rompido, crianças expostas a 
violência doméstica e maus tratos aos animais 
 
Principais motivos de maus tratos direcionados aos 
animais, conforme alegado pelos próprios agressores 
(Phillips,2014) 
- Correção de comportamento 
- Retaliação contra o animal (Punição por 
comportamento indesejado) 
- Satisfação de desejo movido por preconceito contra 
espécie ou raça específica (Como observado com ratos, 
cobras e aranhas, por exemplo...) 
- Expressão pura e simples de agressividade 
direcionada ao próprio animal ou pessoa intimamente 
ligada ao animal 
- Intenção de chocar as pessoas como forma de 
diversão, entre outros 
 
 
Crianças X crueldade animal 
- Pessoas que cometeram atos de violência contra os 
animais na infância, provavelmente serão pessoa 
violentas no futuro 
- Crianças que apresentavam comportamento violento 
com os animais apresentavam dificuldade familiares: 
pais divorciados, doença mental na família e pais com 
registro criminal 
- 71% das vítimas de violência doméstica informaram 
que seu parceiro prejudicou ou matou animais; 32% 
relatam que seus filhos também o fizeram repetindo o 
ciclo intergeracional de violência (Ascione, 1988) 
- A violência pode ser aprendida e reproduzida = a 
família é o primeiro núcleo de socialização, 
aprendizagem e escola de valores dos indivíduos 
- Lar caótico, com modelagem de país agressivo era 
mais comum 
 
 
 
 
 
 
 
Feito por: Emilly Rebeca 
O que é o transtorno de acumulação? 
- É a psicopatologia caracterizada pela aquisição 
compulsiva de objetos desnecessários ou animais, 
dificuldade em desfazer-se dessas posses e 
desorganização do ambiente de convívio (SCHMIDT et 
al.,2014) 
- Indivíduos que acumulam e experimentam 
sofrimento e prejuízo pela persistente dificuldade de se 
desfazerem ou se separarem de determinados bens, 
apresentam angústia frente a ideia de descartá-los 
- Psicopatologia incluída no manual de diagnostico e 
estatístico de transtornos mentais DSM-5, da 
associação americana de psiquiatria (APA,2013) 
 
Classificação do transtorno de acumulação 
• Acumulação compulsiva: 
- Obtenção de objetos desnecessários,torna-se um 
comportamento repetitivo, constituindo uma forma de 
investimento, em uma tentativa de preservar o valor 
afetivo subjacente as coisas 
- Apresentam enorme medo de perderem ou 
desfazerem-se de objetos que possam vir a ser 
importante no futuro, ou pela sua conexão emocional 
associada. Por isso, desenvolvem determinadas 
crenças acerca da posse e provação de objetos que 
levam a comportamentos de indecisão, evitação de 
contato sociais e perfeccionismo 
- Normalmente, encontram dificuldades na 
organização de seu espaço físico, tornando o seu 
alimento de convívio praticamente inabitável 
- Perdem o senso de autocontrole, tornando impossível 
a classificação de seus itens, possivelmente em virtude 
de déficits cognitivos relacionados a atenção e 
organização espacial 
- Obtêm mais satisfação no acúmulo propriamente 
dito, do que na possibilidade de desfrutar dos objetos 
adquiridos 
- Alguns pesquisadores supõem que essas pessoas 
teriam, necessariamente, passado por experiências de 
privação material em algum momento de suas vidas. 
No entanto, o TA está relacionado, sobretudo, com 
experiencias de privação emocional na infância de 
privação emocional na infância 
 
• Acumulação colecionadora: 
- Classificação nosológica que pode ser considerada a 
mais sadia ou na qual o lado saudável da personalidade 
comumente prevalece 
- Os colecionadores de caráter compulsivo conseguem 
manter um nível de organização maior relacionado ao 
ambiente onde vivem 
- Pessoas que colecionam buscam objetos pra 
completar sua coleção, organizam-nos ou procuram 
exibi-los 
- Contudo, a grande diferença entre os colecionadores 
e os acumuladores compulsivos reside no fato de que 
os primeiros escolhem objetos específicos, enquanto 
os segundos selecionam coisas em geral e apresentam 
dificuldade de organizar o ambiente onde convivem 
• Acumulação de animais: 
- Indivíduos que adquirem uma grande quantidade de 
animais (dezenas ou centenas), os quais podem ser 
mantidos em espaços inadequados ou em condições 
inseguras e insalubres 
- Por vezes, os sujeitos que se manifestam essa forma 
específica do TA não conseguem satisfazer os cuidados 
básicos de que um animal precisa, mas continuam a 
mantê-los consigo 
- Essa classe de indivíduos é movida por sentimento de 
dó e compaixão para com animais em situação de 
abandono ou maus-tratos, apresentando, inclusive, 
dificuldades em livra-se deles mesmo após a morte dos 
bichos 
- Essas pessoas não percebem os efeitos negativos que 
tal comportamento produz em sua vida e permanecem 
alimentando sua necessidade de cuidar e de controlar 
- Eventos traumáticos e de dificuldades de 
relacionamentos, podem estar associados com o início 
dos sintomas no TA. Teoria do apego foi utilizada para 
compreender o desenvolvimento clínico dessa forma 
de comportamento adaptativo 
- Passaram por experiencia de apego disfuncional e, na 
vida adulta, vinculam-se com animais quando o apego 
humano torna-se problema. Esses sujeitos 
desenvolvem a crença de que ninguém pode cuidar tão 
bem de um animal quanto eles mesmos. No entanto, 
muitas vezes, as condições desse cuidado apresentam-
se inadequadas, em virtude da quantidade de animais 
acumulados, comprometendo a própria saúde 
Feito por: Emilly Rebeca 
- O Hording of animal research consortium (HARC) 
define como “alguém que acumula um grande número 
de animais; falha ao prover padrões mínimos de 
nutrição, sanidade e cuidados veterinários; falha ao 
agir quanto as condições deteriorantes dos animais, 
incluindo a doença, a fome e até mesmo a morte, e 
também, quanto as condições ambientais, como 
superpopulação e condições não sanitárias extremas. 
Além disso, há o efeito deletério deste hábito tanto a 
saúde e ao bem-estar do indivíduo colecionador 
quanto aos outros habitantes da casa, principalmente 
crianças e idosos” 
- Por conta disso, esse hábito coloca em risco a 
vizinhança, devido à falta de sanidade ambiental, o que 
facilita a disseminação de zoonoses 
- Outros fatores prejudiciais aos animais incluem 
problemas de comportamento, bem como problemas 
de socialização 
 
Epidemiologia da acumulação de animais 
- Todas as espécies podem ser alvo de colecionadores, 
mas a maioria dos casos relatados envolve 
principalmente cães e gatos 
- A maioria dos acumuladores são do sexo feminino, 
com mais de 60 anos de idade, solteira, divorciadas ou 
viúvas 
- Cerca de 55% dessas pessoas vivem sozinhas e 15% 
vivem com outra pessoa. Poucos casos relatavam a 
existência de crianças ou de idosos na residência 
- Atinge em qualquer classe social e ocorre 
independente do local de moradia 
 
Modelos psicológicos relacionados ao colecionismo 
- Ilusão: Individuo está desconectado da realidade 
- Demência: Não há o reconhecimento do individuo do 
que acontece tanto com ele como com os animais 
- Vícios: Há falta de controle dos impulsos e o individuo 
foca somente em seu objeto de desejo 
Ligação ou conexão: Relaciona-se com a privação 
precoce o amor e da estabilidade parental 
 
 
Identificação de pessoas com transtorno de 
acumulação 
- Apresentam resistência em deixar que visitantes 
vejam o local no qual os animais são mantidos 
- Reluta ou é incapaz de relatar quantos animais 
realmente existem 
- Apresenta pouco esforço para doar e muito empenho 
para adquirir 
- Adquire continuamente animais, embora não cuide 
adequadamente dos animais já existentes 
- Diz-se capaz de prover excelente cuidado durante 
toda vida do animal que necessita de cuidados 
especiais – Paralisados, com vírus da leucemia felina 
(FeLV), agressão extrema – embora não comprove os 
recursos 
- Não tem pessoal, nem equipe de voluntários 
consistentes com o número de animais aos quais alega 
fornecer cuidados adequados 
- Adquire animais de locais distantes de sua residência 
- Local com alta densidade populacional de animais 
- Presença de fezes e urina para todos os lados 
- Odor nauseabundo, com presença de ureia, que é 
irritante as mucosas 
- Presença de gaiolas trancadas e correntes 
- Local que pode apresentar alta variação de 
temperatura, de acordo com o clima 
 
Tipos de pessoas com transtorno de acumulação 
• ACUMULADOR PROTETOR SOBRECARREGADO: 
- Exibe alguma consciência de problemas com o 
cuidado dos animais. 
- Problemas frequentemente desencadeados pela 
mudança em circunstâncias (saúde, renda, 
relacionamento) 
- Começa com o esforço inicial para entregar cuidado 
adequado, mas fica sobrecarregado. 
- Declínio no cuidado é bastante gradual. 
- Forte apego aos animais como membros da família. 
- Poucos problemas com autoridades e menor 
necessidade de controla 
Feito por: Emilly Rebeca 
- Tende a ser retirado e isolado. 
- Adquire animais passivamente. 
- Autoestima ligada ao papel como protetor. 
 
• ACUMULADOR RESGATADOR: 
- Tendência para negar vigorosamente problemas com 
cuidado. 
- Compulsão para salvar mais animais do que tem 
capacidade de cuidar. 
- Começa com recursos adequados para o cuidado, mas 
o declínio dos cuidados é mais rápido por causa de 
volume. 
- Missão forte para salvar animais e medo da morte ou 
eutanásia alimenta a compulsão para adquirir. 
- Evita autoridades ou impede acesso. 
- Pode trabalhar com uma rede de facilitadores e ser 
mais envolvido com outras pessoas. 
- Tende a adquirir animais mais ativamente. 
 
• EXPLORADOR: 
- Tipo mais difícil de colecionador para lidar com; 
negação completa de problemas ou legítima de 
preocupação dos outros. 
- Falta de empatia por pessoas ou animais e é 
indiferente ao dano causado. 
- Pode ter características sociopáticas. 
- Egoísta e narcisista. 
- Manipulador e astuto, muitas vezes bastante 
carismático. 
- Falta culpa ou remorso por ações. 
- Adquire animais ativamente. 
 
 
 
 
 
 
TIPO DE 
ACUMULADOR 
PERSUASÃO 
COM 
ACORDO 
VERBAL 
AMEAÇADE 
AÇÃO LEGAL 
ACUSAÇÃO 
Sobrecarregado É mais 
provável 
que seja 
receptivo 
para ajudar 
e reduzir o 
tamanho. 
ode ser 
suficiente 
para reduzir a 
probabilidade 
de 
reincidência. 
Frequentemente 
desnecessário e 
pode ser 
contraproducente. 
Resgatador Improvável, 
pelo menos 
nos estágios 
iniciais. 
A motivação 
motriz é 
continuar 
com os 
esforços de 
resgate, 
então a 
ameaça deve 
oferecer 
potencial 
para 
uma 
operação 
reduzida. 
Pode ser 
necessária 
quando as 
ameaças 
falharem. 
Explorador Improvável. Improvável 
de ser 
intimidado. 
Provavelmente 
essencial. 
 
Animais de pessoas com transtorno de acumulação 
- Geralmente estão sujos, com pelos repletos de nós, 
com lesões cutâneas, oculares e otológicas graves, com 
ou sem ectoparasitas 
- Crescem em gaiolas, podendo apresentar 
deformidade de aparelho locomotor, pois não tem 
espaço para andar ou se deitar adequadamente 
- As unhas podem estar quebradas 
- Possuem baixo escore corporal 
- A vulva e o pênis podem apresentar lesões, pois o 
animal pode tentar beber a urina ou o contato direto 
com a urina pode causar ferimentos 
- Animais que não são castrados pode estar em 
cruzamentos constantes, levando a abrasões na vulva 
- Animais mortos no ambiente = risco de disseminação 
de doenças = agravante em termos jurídicos = devem 
ser submetidos ao exame necroscópico com fins 
judiciais 
- Resgatados vivos devem receber cuidados médicos-
veterinários imediatos, e preferivelmente, ser 
removidos o mais breve possível do local 
Feito por: Emilly Rebeca 
- Fiel depositário para preservar as provas e vida dos 
animais 
- Devem ser identificados e fotografados 
individualmente = cuidados urgentes = facilita também 
o momento e adoção 
 
Fatores para serem considerados 
- Desfazer-se de objetos ou animais é demorado, 
envolve muito sofrimento por parte da pessoa 
- A remoção faz parte do processo terapêutico, 
devendo garantir o cuidado contínuo, para evitar 
reincidência. 
- Ação não discutida entre os setores envolvidos 
poderá acarretar o retrocesso no processo. 
- Evitar sobreposição de ações. 
- O vínculo de confiança é de suma importância, para 
que a pessoa em situação de acúmulo consiga se 
desfazer de seus pertences em algum momento. 
- Avaliar os riscos e a capacidade da pessoa. 
- Evitar “limpezas extremas” 
- Processo passo a passo demorado. 
- Manejo interdisciplinar. 
- Cuidar dos problemas clínicos associados. 
- Buscar melhorar a situação sem remover a pessoa da 
moradia. 
 
Atuação em casos de maus tratos 
- O diagnóstico de abuso, crueldade, negligência ou 
maus-tratos em animais é um dos assuntos mais 
desafiadores na clínica médica, que exige experiência, 
inteligência emocional, energia, sensibilidade, tato e 
não apenas uma pequena medida de coragem. 
- O clínico pode estar relutante em admitir que um 
cliente apresentaria tais animais para tratamento. No 
entanto, a maioria dos médicos veterinários se 
deparará em algum momento com um caso de abuso, 
negligência ou crueldade animal 
- Nas últimas décadas, pesquisadores e profissionais de 
diferentes áreas do conhecimento estabeleceram 
correlações significativas entre a violência contra 
animais e a violência contra pessoas (Teoria do Elo). 
- O ato de maltratar animais não é mais visto como um 
incidente isolado que possa ser ignorado, porque pode, 
muitas vezes, representar um crime indicador ou 
preditor, sendo um sinal de alerta de que outros 
indivíduos da família possam não estar seguros. 
 
Classificação dos termos 
 
 
• Maus-tratos: qualquer ato, direto ou indireto, 
comissivo ou omissivo, que intencionalmente ou 
por negligência, imperícia ou imprudência 
provoque dor ou sofrimento desnecessários aos 
animais. 
• Crueldade: qualquer ato intencional que provoque 
dor ou sofrimento desnecessários nos animais, 
bem como intencionalmente impetrar maus-tratos 
continuamente aos animais. 
• Abuso: qualquer ato intencional, comissivo ou 
omissivo, que implique no uso despropositado, 
indevido, excessivo, demasiado, incorreto de 
animais, causando prejuízos de ordem física e/ou 
psicológica, incluindo os atos caracterizados como 
abuso sexual. 
 
O que são Maus-Tratos? 
• Art. 5º - Consideram-se maus-tratos: 
 I - Executar procedimentos invasivos ou cirúrgicos sem 
os devidos cuidados anestésicos, analgésicos e 
higiênico-sanitários, tecnicamente recomendados; 
II - Permitir ou autorizar a realização de procedimentos 
anestésicos, analgésicos, invasivos, cirúrgicos ou 
injuriantes por pessoa sem qualificação técnica 
profissional; 
Feito por: Emilly Rebeca 
III - agredir fisicamente ou agir para causar dor, 
sofrimento ou dano ao animal; 
 IV - Abandonar animais; 
a) deixar o tutor ou responsável de buscar assistência 
médico-veterinária ou zootécnica quando necessária; 
V - Deixar de orientar o tutor ou responsável a buscar 
assistência médico-veterinária ou zootécnica quando 
necessária; 
VI - Não adotar medidas atenuantes a animais que 
estão em situação de clausura junto com outros da 
mesma espécie, ou de espécies diferentes, que o 
aterrorizem ou o agridam fisicamente; 
 VII - deixar de adotar medidas minimizadoras de 
desconforto e sofrimento para animais em situação de 
clausura isolada ou coletiva, inclusive nas situações 
transitórias de transporte, comercialização e exibição, 
enquanto responsável técnico ou equivalente; 
VIII - manter animal sem acesso adequado a água, 
alimentação e temperatura compatíveis com as suas 
necessidades e em local desprovido de ventilação e 
luminosidade adequadas, exceto por recomendação 
de médico-veterinário ou zootecnista, respeitadas as 
respectivas áreas de atuação, observando-se critérios 
técnicos, princípios éticos e as normas vigentes para 
situações transitórias específicas como transporte e 
comercialização; 
IX - Manter animais de forma que não lhes permita 
acesso a abrigo contra intempéries, salvo condição 
natural que se sujeitaria; 
 X - Manter animais em número acima da capacidade 
de provimento de cuidados para assegurar boas 
condições de saúde e de bem-estar animal, exceto nas 
situações transitórias de transporte e comercialização; 
XI - manter animal em local desprovido das condições 
mínimas de higiene e asseio; 
 XII - impedir a movimentação ou o descanso de 
animais; 
XIII - manter animais em condições ambientais de 
modo a propiciar a proliferação de microrganismos 
nocivos; 
XIV - submeter ou obrigar animal a atividades 
excessivas, que ameacem sua condição física e/ou 
psicológica, para dele obter esforços ou 
comportamentos que não se observariam senão sob 
coerção; 
XV - Submeter animal, observada espécie, a trabalho 
ou a esforço físico por mais de quatro horas 
ininterruptas sem que lhe sejam oferecidos água, 
alimento e descanso; 
XVI - utilizar animal enfermo, cego, extenuado, sem 
proteção apropriada ou em condições fisiológicas 
inadequadas para realização de serviços; 
 XVII - transportar animal em desrespeito às 
recomendações técnicas de órgãos competentes de 
trânsito, ambiental ou de saúde animal ou em 
condições que causem sofrimento, dor e/ou lesões 
físicas; 
 XVIII - adotar métodos não aprovados por autoridade 
competente ou sem embasamento técnico-científico 
para o abate de animais; 
XIX - mutilar animais, exceto quando houver indicação 
clínico-cirúrgica veterinária ou zootécnica; 
 XX - Executar medidas de depopulação por métodos 
não aprovados pelos órgãos ou entidades oficiais, 
como utilizar afogamento ou outras formas cruéis; 
XXI - induzir a morte de animal utilizando método não 
aprovado ou não recomendado pelos órgãos ou 
entidades oficiais e sem profissional devidamente 
habilitado; 
 XXII - utilizar de métodos punitivos, baseados em dor 
ou sofrimento com a finalidade de treinamento, 
exibição ou entretenimento; 
XXIII - utilizar agentes ou equipamentos que inflijamdor ou sofrimento com o intuito de induzir 
comportamentos desejados durante práticas 
esportivas, de entretenimento e de atividade 
laborativa, incluindo apresentações e eventos 
similares, exceto quando em situações de risco de 
morte para pessoas e/ou animais ou tolerados 
enquanto estas práticas forem legalmente permitidas; 
 XXIV - submeter animal a eventos, ações publicitárias, 
filmagens, exposições e/ou produções artísticas e/ou 
culturais para os quais não tenham sido devidamente 
preparados física e emocionalmente ou de forma a 
prevenir ou evitar dor, estresse e/ou sofrimento; 
 XXV - fazer uso e/ou permitir o uso de agentes 
químicos e/ou físicos para inibir a dor ou que 
possibilitam modificar o desempenho fisiológico para 
fins de participação em competição, exposições, 
entretenimento e/ou atividades laborativas. 
Feito por: Emilly Rebeca 
 XXVI - utilizar alimentação forçada, exceto quando 
para fins de tratamento prescrito por médico-
veterinário; 
 XXVII - estimular, manter, criar, incentivar, utilizar 
animais da mesma espécie ou de espécies diferentes 
em lutas; 
XXVIII - estimular, manter, criar, incentivar, adestrar, 
utilizar animais para a prática de abuso sexual; 
 XXIX - realizar ou incentivar acasalamentos que 
tenham elevado risco de problemas congênitos e que 
afetem a saúde da prole e/ou progenitora, ou que 
perpetuem problemas de saúde pré-existentes dos 
progenitores. 
 
Importante ter a resolução 1236/2018 
 
 
Circunstâncias em que um Médico-Veterinário pode 
encontrar Abuso Animal, Crueldade e Negligência na 
Prática Privada 
 
Categoria de 
Abuso Animal 
Frequência da 
suspeita vista na 
prática privada 
Critério para 
suspeita 
Negligência Ocasional a 
comum 
- Má condição 
corporal, mas 
cliente recusa o 
tratamento 
necessário. 
- Pelos severamente 
emaranhados 
e cliente recusa 
escovar ou tosar. 
- O cliente recusa o 
atendimento 
médico para aliviar 
grave doença 
ou lesão. 
- Falta de 
preocupação com o 
bem-estar animal. 
- Ambiente perigoso 
ou anti-higiênico. 
- Abrigo 
inadequado. 
- Número excessivo 
de animais. 
Negligência em 
grande escala 
(acumulação) 
Provavelmente 
poucos clientes. 
- Grande número de 
animais. 
- Não continuidade 
de cuidados. 
- A maioria das 
consultas são para 
traumas, doenças 
parasitárias ou 
infectocontagiosas. 
- O cliente frequenta 
vários 
estabelecimentos 
médicos 
veterinários. 
- Esforços heroicos 
solicitados para 
animais recém-
adquiridos com 
mal prognóstico. 
Rinha de cães Depende da 
região 
- Padrão 
característico de 
feridas de mordida 
em cabeça, 
pescoço, pernas. 
- Muito mais 
prevalente em Pit 
Bulls e outras 
raças “lutadoras”. 
- O proprietário 
pode ele mesmo 
tratar as lesões. 
Inflição 
intencional de 
lesões 
De incomum a 
raro 
- Lesões não 
consistentes com 
a história. 
 
- Nenhum indicador de diagnóstico único é indicativo 
de maus-tratos; 
- Pode haver um número de explicações para os sinais 
apresentados; 
 
Feito por: Emilly Rebeca 
-É uma combinação variável de fatores que leva a um 
elevado índice de suspeita... 
 
No que prestar atenção? 
CLIENTE OU ANIMAL? 
- Tem que prestar atenção no cliente, mas também no 
paciente, o animal. 
- O cliente pode revelar informações sobre crueldade 
ou negligência, incluindo implicar o perpetrador. 
- O cliente pode estar esperando por uma chance de 
proteger o animal de estimação se for dada uma 
oportunidade de compreensão. 
- O cliente é mais provável não ser o abusador real e 
pode, simultaneamente, revelar informações sobre ser 
ela própria uma vítima ou ele mesmo. 
 
Perfil do cliente 
- O cliente pode ser novo ou pode visitar vários 
estabelecimentos médicos-veterinários em uma 
tentativa de evitar apresentar uma história contínua de 
violência ou para evitar levantar suspeitas. 
- Pode haver discrepâncias em nomes, endereços ou 
propriedade do animal. 
- A família pode ter um histórico com muitos animais 
de estimação, que com alta rotatividade e oferecem 
cuidados mínimos ou esporádicos. 
- Os maus-tratos podem ocorrer quando o apego ao 
animal de estimação é fraco e a família está sob 
pressão devido a fatores como pobreza, instabilidade 
familiar e outras vulnerabilidades. 
- Os abusadores podem vir de qualquer classe social. 
- A maioria dos abusadores de animais é do sexo 
masculino 
- Crianças e adolescentes podem ser abusadores, 
muitas vezes como resultado de serem vítimas ou 
testemunhas de abusam de si mesmos. 
 
Comportamento do cliente 
- O cliente não tem conhecimento ou preocupação com 
animais de estimação anteriores ou é indiferente sobre 
os ferimentos do animal de estimação atual 
- Em outros casos, o cliente pode parecer muito 
preocupado com o animal e agir de forma muito 
cooperativa. 
- O cliente pode ser agressivo ou argumentativo ou 
demonstrar comportamentos, hematomas ou dar 
informações consistentes com sinais sugerindo 
possível violência doméstica. 
- O cliente pode relutar em contar uma história 
completa. 
- O cliente pode demorar para procurar atendimento 
médico-veterinário. 
- O cliente pode expressar não se sentir seguro em 
casa, ou pode haver preocupações sobre um idoso 
isolado ou um número excessivo de animais privados 
de cuidados adequados. 
- Um parceiro pode agir nervoso ou diferente perto do 
outro. 
- Pode haver uma história de alta rotatividade de 
animais de estimação na casa, especialmente animais 
mais jovens ou aqueles com histórias repetitivas de 
problemas comportamentais. 
 
Histórico X lesões 
- O cliente apresenta uma história inconsistente (a 
história não se encaixa nas lesões) 
- Frequentemente, os ferimentos são muito graves 
para serem explicados pela história fornecida. Por 
exemplo, o cliente pode citar um acidente de trânsito 
ou de veículo motorizado como uma desculpa fácil, ou 
um incidente que não é consistente com os padrões 
normais de comportamento animal ("o animal caiu"), 
mas os ferimentos não são consistentes com a história. 
-O cliente apresenta um histórico discrepante (o 
histórico muda). O cliente pode oferecer histórias 
diferentes para vários membros da equipe, ou vários 
membros da família podem apresentar histórias 
diferentes. 
 
Tipo de lesões 
- A perícia veterinária identificou uma extensa lista de 
condições clínicas que sugerem maus-tratos. 
- Algumas das lesões físicas mais comuns que podem 
Feito por: Emilly Rebeca 
levantar um índice de suspeita incluem lesões antigas 
evidentes em exames, ultrassom ou raio-x. 
- Lesões nas costelas (fraturas), em particular, devem 
levantar suspeitas. 
 
 
Histórico de lesões repetitivas 
- Lesões repetitivas podem ser vistas com o mesmo 
animal ao longo de um período de tempo, ou lesões 
mais antigas podem ser encontradas no exame. 
- Lesões repetitivas também podem ser vistas em 
outros animais da casa, simultaneamente ou 
sequencialmente 
- Histórico de ferimentos ou mortes inexplicáveis em 
outros animais da casa. 
- Considere a idade do animal: cães e gatos com menos 
de 2 anos estão em maior risco 
 
Comportamento do animal 
- Mudanças no comportamento de um animal que não 
podem ser adequadamente explicadas por condições 
médicas subjacentes podem ser o resultado de lesões 
traumáticas e não acidentais. 
- Por exemplo, um animal que demonstra medo de um 
membro da família, agressão ou submissão excessiva 
ou alívio quando separado do dono pode contribuir 
para o índice de suspeita 
-Um diagnóstico provisório de maus-tratos a animais 
não deve ser baseado apenas no comportamento 
 
 
Prepare-se para a ação 
- O passo mais importante que um clínico pode dar 
para garantir um resultado positivo nessas situações 
inevitáveis é preparar-se com antecedência para essa 
possibilidade. 
- A criação de uma política para o estabelecimento 
médico veterinário, esclarecendo aos funcionários 
quais ações do clientenão serão toleradas e quais 
medidas serão tomadas quando forem detectados 
maus-tratos aos animais é recomendável. 
 
- 5 passos para se preparar para o atendimento de 
casos de maus-tratos: 
1- Esteja Ciente das Leis e Decretos 
- O médico-veterinário tem o dever de reportar ao 
CRMV as suspeitas e constatações de maus-tratos e 
como cidadão ele tem o dever cívico de reportar esses 
casos as autoridades competentes. 
- Portanto, ao atender algum animal em que suspeita 
ou constate de ele esteja sofrendo maus-tratos, o 
médico-veterinário deve registrar todas as 
constatações no prontuário médico, indicando 
responsável, local, data, fatos e situações, incluindo 
todas as evidências (exames, laudos, fotos etc.) e 
finalizando com assinatura, carimbo e data do 
documento. 
- Além disso, deve enviar o relatório médico ao CRMV 
de seu estado, por qualquer meio físico ou eletrônico, 
para registro temporal, podendo o CRMV enviar o 
respectivo documento para as autoridades 
competentes, ou além disso pode denunciar o caso aos 
órgãos competentes de sua cidade. 
- Para registrar a denúncia, sugere-se descrever os 
fatos ocorridos com a maior exatidão, clareza e 
objetividade possíveis, informando endereço e nome 
dos responsáveis envolvidos. 
- O médico-veterinário deve anexar provas e 
evidências, como cópia do prontuário, exames 
subsidiários laudos de RX, US etc.), fotos, vídeos, 
notícias de jornais, mapas, bem como nomes de 
testemunhas e endereços. Quanto mais detalhada a 
denúncia, melhor. 
 
2- Saiba onde deve denunciar 
Feito por: Emilly Rebeca 
- Qualquer pessoa que presencie maus-tratos a 
animais de qualquer espécie deve recolher provas, 
como fotos, vídeos, nome de testemunhas e endereço 
das mesmas, laudos técnicos ou atestado veterinário 
que sustentem a denúncia, e ir à delegacia de polícia 
mais próxima para lavrar o Boletim de Ocorrência (BO). 
A denúncia de maus-tratos é legitimada pelo Art. 32 da 
Lei de Crimes Ambientais e pela Constituição Federal 
Brasileira de 1988 
- A pessoa deve descrever com exatidão os fatos 
ocorridos, o local e, se possível, o nome e endereço do 
responsável, bem como mostrar as evidências que 
corroboram com a denúncia, pois quanto mais 
detalhada a denúncia, melhor. 
-O policial ou delegado que se negar a agir cometerá 
crime de prevaricação, que de acordo com o Art. 319 
do Código Penal Brasileiro compreende “retardar ou 
deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou 
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para 
satisfazer interesse ou sentimento pessoal”. Caso isso 
aconteça, deve-se prestar queixar ao Ministério 
Público ou à Corregedoria da Polícia Civil. 
- Assim que o escrivão ouvir seu relato sobre o crime, a 
ele cumpre instaurar inquérito policial ou lavrar Termo 
Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Negando-se a 
fazê-lo, lembre-o de que ele pode ser responsabilizado 
por crime de prevaricação, previsto no Art. 319 do 
Código Penal Brasileiro. 
- Uma dica é que a pessoa ao ir à delegacia para 
denunciar um crime de maus-tratos a animais, leve 
impresso o Art. 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei 
Federal nº 9.605 de 1998), uma vez que há policiais que 
não estão cientes do conteúdo dessa lei, assim como o 
Art.319 do Código Penal Brasileiro (Decreto Lei n° 
2.848, de1940). 
- Há algumas delegacias especializadas que podem 
aceitar de maneira mais amistosa essa denúncia, como 
as Delegacias de Proteção Animal e do Meio Ambiente. 
- A denúncia de prática maus-tratos contra animais 
pode ser feita diretamente ao Ministério Público. 
- O registro pode ser feito pelo site do Ministério 
Público Federal ou pelas ouvidorias dos Ministérios 
Públicos estaduais: http://www.mpf.mp.br 
http://www.mppb.mp.br/index.php/ouvidoria 
- O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos Naturais Renováveis (Ibama) também pode 
ser acionado, especialmente quando as condições de 
maus-tratos afetam animais selvagens, silvestres e 
espécies exóticas. 
- As denúncias podem ser feitas gratuitamente, pelo 
telefone 0800 61 8080 ou pelo e-mail 
linhaverde.sede@ibama.gov.b 
- O registro também pode ser realizado pelo site do 
Ibama ou presencialmente, em uma unidade física da 
autarquia. 
- É possível denunciar também ao órgão público 
competente do município, para o setor que responde 
aos trabalhos de vigilância em saúde, zoonoses ou 
meio ambiente. 
- Vale ressaltar que a falsa comunicação de um crime 
também é crime e tem pena de detenção, de um a seis 
meses, ou multa, prevista no Art. 340 do Código Penal 
Brasileiro 
 
3- Estabeleça um processo interno de tomada de 
decisão 
- Um procedimento deve ser estabelecido com 
antecedência, por meio do qual os membros da equipe 
médica-veterinária que tenham preocupações sobre o 
bem-estar de um animal ou pessoa possam consultar 
colegas experientes para determinar o curso de ação 
mais apropriado. 
- Há possibilidade de implementar alguns relatórios e 
questionários para a avaliação de riscos já existentes 
para facilitar o andamento desse processo. 
 
4- Familiarize-se com o Reconhecimento de Maus-
Tratos 
O treinamento agora está amplamente disponível na 
identificação clínica de condições que sugerem maus-
tratos aos animais 
- Há vários livros didáticos (Merck, 2007; Sinclair, 
Merck & Lockwood, 2006; Munro & Munro, 2008; 
Cooper & Cooper, 2007) disponíveis para ajudar os 
profissionais a fazerem um diagnóstico diferencial de 
crueldade, abuso ou negligência. 
- Os principais abrigos de animais podem ter médicos-
veterinários com especialização em diagnosticar e 
responder aos incidentes de maus-tratos aos animais. 
 
http://www.mpf.mp.br/
http://www.mppb.mp.br/index.php/ouvidoria
Feito por: Emilly Rebeca 
5- Familiarize-se com os Procedimentos de Coleta e 
Preservação de Evidências 
-Um médico-veterinário deve ser treinado em 
procedimentos apropriados para coletar, documentar 
e preservar evidências, e procedimentos para 
submeter amostras de tecido e cadáveres para exames 
post-mortem conduzidos por um patologista 
veterinário 
- O médico-veterinário deve começar a coletar 
evidências físicas assim que suspeitar de abuso de 
animais e continuar coletando evidências 
continuamente durante o atendimento ao paciente. 
- Os profissionais devem tomar precauções para 
manter a cadeia de custódia das provas e manter 
registros médicos-veterinários meticulosos. 
A) Priorize a coleta de evidências: Itens de evidência 
com maior probabilidade de serem destruídos pelo 
tempo, outras pessoas ou condições ambientais devem 
ser coletados primeiro. 
B) Evite contaminar as evidências usando um boné, 
jaleco, máscara, luvas, etc., conforme o necessário 
C) Avalie e registre o estado mental e o 
comportamento do animal. 
D) Tire fotos e/ou vídeos antes e durante o exame. 
E) Identifique adequadamente o(s) animal(is) no 
prontuário médico e evite adivinhar a raça ou idade do 
animal, se houver dúvida. 
F) Faça um exame físico completo, incluindo pontuação 
do escore de condição corporal. 
1) Não se concentre na queixa principal ou nas 
anormalidades óbvia 
2) Não negligencie o que não é digno de nota: se um 
parâmetro é normal, anote-o. 
3) Considere o uso de formulários padrão para garantir 
que o exame físico seja completamente registrado. 
4) Examine cuidadosamente os pelos, a boca e as patas 
em busca de evidências de produtos químicos, fibras 
ou outros materiais que possam fornecer informações 
críticas sobre o abrigo do animal ou remédios caseiros 
que o proprietário possa ter tentado. Essas evidências 
precisam ser preservadas para uma investigação 
completa. 
5) Procure qualquer evidência no animal que possa 
explicar a condição ou lesão. A entomologia forense 
pode ajudar a estabelecer a hora da morte ou a idade 
dos ferimentos que contêm larvas 
6) No caso de animais mortos, todas as tentativas 
devem ser feitas para determinara causa exata da 
morte por encaminhamento a um patologista forense. 
G) Realize hemograma completo, painel bioquímico, 
análise fecal e urinálise. 
- Observação: o consentimento é necessário para a coleta de 
amostras, e a questão de quem pagará os exames deve ser 
considerada. 
• Animais negligenciados apresentam maior 
incidência de parasitismo, anemia e 
hipoproteinemia 
H) Faça radiografias de corpo inteiro. 
Observação: o consentimento é necessário para a coleta de 
amostras, e a questão de quem pagará os exames deve ser 
considerado. 
1) Procure fraturas em diferentes estágios de cura. 
2) As principais áreas a serem examinadas são a 
cabeça, costelas e extremidades. 
3) Rotule e registre as evidências de maneira 
adequada. 
4) O animal e tudo o que está associado ao animal é 
evidência e deve ser salvo, documentado, marcado 
e protegido, incluindo a guia e a coleira 
2) Marcar evidência significa registrar informações. Um 
registro de evidências útil: 
- Tempo apreendido; 
- De quem; 
- Descrição detalhada da propriedade; 
- Maneira embalada; 
- Tempo marcado e depositado; 
- Localização depositada. 
3) Rotular a coleção (ou a embalagem dentro da qual a 
coleção foi colocada) com as iniciais do investigador, 
número de funcionário (se aplicável) e a data da 
apreensão 
- Use uma caneta para marcar objetos metálicos. 
- Coloque a marca em um local discreto. Use uma 
caneta para marcar artigos absorventes, como roupas 
ou documentos. 
Feito por: Emilly Rebeca 
- Se um item for muito pequeno para ser marcado 
diretamente em sua superfície, coloque-o em um 
recipiente (caixa de comprimidos ou frasco de 
plástico), feche e marque o recipiente. 
- Nunca marque um item onde possam existir vestígios 
de evidências 
- Para um conjunto de objetos semelhantes, coloque a 
marca de identificação na mesma área geral de cada 
objeto. Se o item tiver peças removíveis, marque cada 
uma das partes principais. 
J) Certifique-se de que todas as evidências coletadas 
sejam consideradas em todos os momentos. 
K) Se o animal for visto em várias ocasiões ou 
hospitalizado: 
1) Registre o peso inicial e os pesos subsequentes em 
uma base regular ou semanal. Use um formulário de 
alteração de peso e tire fotos para documentar o ganho 
de peso. 
2) Registre atualizações diárias, mesmo se não houver 
mudanças na condição do animal. Quaisquer 
alterações devem ser cuidadosamente descritas, não 
importa o quão pequenas possam parecer. 
- Manter registros médicos abrangentes - incluindo 
avaliação de saúde, histórico médico, declarações 
feitas, comportamentos observados, descrição 
detalhada das lesões, uma opinião sobre se as lesões 
são explicadas de forma adequada, resultados de 
exames laboratoriais e procedimentos diagnósticos e 
fotografias e estudos de imagem – pode auxiliar em 
processos. 
- Nos casos em que histórias discrepantes são 
fornecidas a vários membros da equipe, é importante 
que cada uma dessas declarações seja registrada.

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