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CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 3 – Princípios fundamentais, Direitos e Garantias Fundamentais Olá! Nesta aula, comentaremos exercícios sobre os assuntos “princípios fundamentais” e “direitos e garantias fundamentais”, disciplinados nos Títulos I e II da Constituição da República (do art. 1º ao 16, já que o edital não inclui partidos políticos). Esse assunto está expresso nos itens 4 e 6 do nosso edital. Devemos alertá-lo de que nesse assunto podem ser cobrados: (1) a literalidade da Constituição; (2) a teoria geral relativa aos direitos e garantias fundamentais; e (3) os inúmeros aspectos doutrinários e jurisprudenciais relativos a esse assunto. Essas três vertentes serão vistas aqui em detalhes. Nesta aula sobre direitos e garantias fundamentais seremos mais diretos e breves nos comentários, para que, com isso, possamos examinar o maior número possível de exercícios. Em verdade, nesse assunto, quanto maior o número de exercícios que fizermos melhor será para a fixação do conhecimento, seja do texto literal da Constituição Federal, seja dos imensuráveis entendimentos do STF sobre o conteúdo e alcance deles. Mas, não se preocupe! O exame não será superficial! Aqueles pontos que, pela sua importância, demandarem uma explicação mais elaborada, serão detalhadamente, calmamente explicados! Vamos iniciar o curso, então, com a revisão dos princípios fundamentais e logo a seguir questões que nos permitam introduzir a teoria de direitos fundamentais. Assim, em linhas gerais, apresentamos as noções gerais sobre o assunto e como ele foi abordado na nossa Constituição Cidadã. Lembre-se de que, se você preferir, as questões estarão listadas no final da aula e os gabaritos, todos na última página. Boa aula! 1) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) As opções desta questão contêm fundamentos e objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, nos termos da Constituição Federal de 1988. Assinale a opção que contempla apenas fundamentos. a) Soberania, solidariedade, valor social do trabalho. b) Cidadania, justiça, dignidade da pessoa humana. c) Cidadania, soberania, valor social da livre iniciativa. d) Liberdade, justiça, pluralismo político. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 2 e) Garantia do desenvolvimento nacional, solidariedade, dignidade da pessoa humana. Gabarito: “c” Começaremos esta aula tratando dos princípios fundamentais da República Federativa do Brasil. Esse assunto é abordado pela nossa Constituição nos arts. 1° a 4° e para acertar as questões da ESAF relativas a ele você precisa apenas: (i) memorizá-los; e, principalmente, (ii) saber distinguir: I – os fundamentos; II – os objetivos fundamentais; e III – princípios que regem as relações internacionais. Fique tranquilo, pois não é difícil distinguí-los. A questão trata especificamente do art. 1°. O primeiro aspecto que você deve ter em mente é o de que nesse artigo são apresentadas as características essenciais do Estado brasileiro: forma de Estado (federação), forma de governo (república), regime político (democrático) e a característica de Estado de Direito (noção de limitação do poder estatal). O art. 1° ainda apresenta os fundamentos do nosso Estado. Observe que são 5 os fundamentos, que podem ser memorizados por meio do mnemônico: so-ci-di-va-plu. É ridículo? É, mas quem sabia o mnemônico acertou a questão...rsrs. O esquema abaixo apresenta os detalhes mais relevantes do art. 1°. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 3 Assim, a letra “c” é a única em que todos os itens correspondem a fundamentos do Estado brasileiro. Vale destacar o teor do art. 1°, §único, que reforça o princípio democrático: “Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” 2) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Construir uma sociedade livre, justa e solidária é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. Item errado. Repetindo aquela dica que demos anteriormente. Você não pode confundir fundamentos, objetivos e princípios que regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil. Apresentamos os fundamentos anteriormente (so-ci-di-va-plu) e não se encontram neles construir uma sociedade livre, justa e solidária. Em realidade, esse é um dos objetivos fundamentais da nossa República, expressos no art. 3° da CF/88. I – soberania II – cidadania III – dignidade da pessoa humana IV – valores sociais do trabalho e da livre iniciativa V – pluralismo político Estado Democrático de Direito Forma de governo e forma de Estado Regime político formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal tem como fundamentos República Federativa do Brasil CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 4 É interessante você observar que esses objetivos fundamentais têm em comum assegurar a igualdade material entre os brasileiros, possibilitando iguais oportunidades a fim de concretizar a democracia econômica, social e cultural e tornar efetivo o fundamento da dignidade da pessoa humana. Ou mais importante: como se trata de objetivos, todos eles iniciam por um verbo, o que pode facilitar sua identificação. 3) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação é princípio que rege a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. Item errado. Segundo podemos observar no esquema anterior, a questão traz um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, expressos no art. 3°. Ou seja, mais uma vez, o erro está em tentar confundir o candidato misturando fundamentos, objetivos fundamentais e princípios que regem o Brasil nas relações internacionais. Os dez princípios fundamentais orientadores das relações do Brasil na ordem internacional estão expressos no art. 4°. Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 5 O art. 4°, §único, estabelece que a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino- americana de nações. Esses princípios reforçam o reconhecimento da soberania elemento de igualdade dos Estados e o ser humano como cerne da atenção da República brasileira. 4) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A cooperação entre os povos para o progresso da humanidade constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil. Item errado. A cooperação entre os povos para o progresso da humanidade constitui um dos princípios que regerão a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais (art. 4°, IX). 5) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O repúdio ao terrorismo e ao racismo é princípio que rege a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais.Item certo. Segundo o art. 4°, VIII, o repúdio ao terrorismo e ao racismo é um dos princípios que regerão a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. 6) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, geográfica, política e educacional dos povos da América Latina. Item errado. A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 6 Ao lado dos princípios que regerão a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais, a CF/88 apresenta um objetivo a ser perseguido pelo Brasil no plano internacional. Com efeito, segundo o §único do art. 4°, a República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Ou seja, a questão cobrou a literalidade do parágrafo único do art. 4°. Bom, diante dessas questões, deu pra perceber que vale a pena memorizar esses quatro primeiros artigos da nossa CF, não é? Vamos falar um pouco dos direitos e garantias fundamentais agora... 7) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Pessoas jurídicas de direito público podem ser titulares de direitos fundamentais. Item certo. Essa é uma excelente questão para iniciarmos uma breve revisão sobre a parte teórica referente aos direitos fundamentais. Como você já sabe, os direitos fundamentais originaram-se a partir da necessidade de se garantir uma esfera irredutível de liberdades aos indivíduos em geral frente ao Poder estatal. São exemplos o direito à vida, à liberdade, à propriedade, à liberdade de expressão dentre outros. Somente no século XX, com o surgimento do Estado Social, passa-se a exigir uma atitude comissiva do Estado em favor do bem-estar do indivíduo. Com isso, podemos classificar os direitos fundamentais em três dimensões (ou gerações). Na primeira geração, consolidada no final do séc. XVIII, temos os direitos ligados aos ideais do Estado liberal, de natureza negativa, com foco na liberdade individual frente ao Estado (direitos civis e políticos). Na segunda dimensão, surgida no início do séc. XX, temos os direitos ligados aos ideais do Estado social, de natureza positiva, com foco na igualdade entre os homens (direitos sociais, culturais e econômicos). Há ainda a terceira dimensão, também reconhecida no séc. XX, em que temos os direitos de índole coletiva e difusa (pertencentes a um grupo indeterminável de pessoas), com foco na fraternidade entre os povos (direito ao meio ambiente, à paz, ao progresso etc.). Aproveitando, vamos relembrar sucintamente outros pontos ligados à teoria dos direitos fundamentais. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 7 1 – As expressões direitos e garantias não se confundem. Enquanto os direitos são os bens em si mesmo considerados (principal), as garantias são instrumentos de preservação desses bens (acessório). 2 – Se inicialmente os direitos fundamentais surgiram tendo como titulares as pessoas naturais, hoje já se reconhece direitos fundamentais em favor das pessoas jurídicas ou mesmo em favor do estado. Portanto, está CORRETA a questão. 3 – Embora originalmente visassem regular a relação indivíduo-estado (relações verticais), atualmente os direitos fundamentais devem ser respeitados mesmo nas relações privadas, entre os próprios indivíduos. 4 – Os direitos fundamentais não dispõem de caráter absoluto, já que encontram limites nos demais direitos previstos na Constituição. Assim, a título de exemplos, a garantia da inviolabilidade das correspondências não será oponível ante a prática de atividades ilícitas; a liberdade de pensamento não pode conduzir ao racismo – e assim por diante. 5 – No caso concreto poderá haver colisão entre diversos direitos (por exemplo, liberdade de comunicações x inviolabilidade da intimidade). O intérprete deverá então realizar uma harmonização entre esses direitos em conflito, tendo em vista a inexistência de hierarquia e subordinação entre eles, evitando o sacrifício total de um perante o outro. Assim, conforme as peculiaridades da ocasião, prevalecerá um direito, prevalecendo o outro numa nova situação. 6 – Não se admite a renúncia total por parte do indivíduo de um direito fundamental. Ou seja, é característica deles serem irrenunciáveis. Todavia, modernamente, admite-se que deixem de ser exercidos pelos seus titulares temporariamente em determinadas situações. É isso aí. Vistos esses aspectos (de forma bastante sucinta, como deve ser em uma revisão) passemos a uma questão que vai tratar da organização dos direitos e garantias fundamentais na Constituição de 1988. 8) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu cinco espécies de direitos e garantias fundamentais: direitos e garantias individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos; e direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos. Item certo. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 8 Aproveitando essa assertiva, vale a pena apresentarmos a você uma rápida visão panorâmica sobre como a Constituição Federal de 1988 disciplinou os direitos e garantias fundamentais. Ao contrário da Constituição pretérita, a vigente Constituição não começou o seu texto versando sobre a organização nacional, mas sim apresentando os princípios fundamentais (Título I) e os direitos e garantias fundamentais (título II). Só depois, no Título III (art. 18 e seguintes), é que ela disciplina a organização político administrativa da República Federativa do Brasil. Os direitos e garantias fundamentais estão disciplinados no Título II (arts. 5º a 17), por isso denominado “catálogo dos direitos fundamentais”. Nesse Título II, os direitos e garantias fundamentais foram divididos em cinco grupos, a saber: a) direitos e deveres individuais e coletivos (art. 5º); b) direitos sociais (arts. 6º a 11); c) direitos de nacionalidade (arts. 12 e 13); d) direitos políticos (arts. 14 a 16); e) direitos de existência dos partidos políticos (art. 17). Portanto, CORRETA a questão. A primeira observação cabível é a de que todos esses direitos estão previstos no nosso edital quando ele diz apenas “direitos e garantias fundamentais”, concorda? De qualquer forma, deve-se destacar que a ESAF prefere os individuais e coletivos (art. 5°). Mas, voltemos à nossa análise... Nem todos os direitos e garantias fundamentais presentes na nossa Constituição estão enumerados nesse catálogo próprio. Há, também, diversos direitos fundamentais presentes em outros dispositivos da nossa Constituição, que são, por esse motivo, denominados “direitos fundamentais não-catalogados” (fora do catálogo próprio). O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, por exemplo, é um direito fundamental de terceira geração não-catalogado, pois está previsto no art. 225 da Constituição Federal. Nesse sentido, o constituinte foi expresso (art. 5º, § 2º): “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regimee dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.” CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 9 Além disso, nem todos esses direitos e garantias fundamentais catalogados foram expressamente gravados como cláusula pétrea. Com efeito, a Constituição Federal só gravou expressamente como cláusula pétrea “os direitos e garantais individuais” (art. 60, § 4º, I). Ou seja, segundo nossa Carta Magna, não seria cláusula pétrea a garantia do mandado de segurança coletivo, por exemplo, visto não ter esta um caráter individual, mas sim coletivo. Por outro lado, há direitos e garantias fundamentais fora desse catálogo próprio gravados como cláusula pétrea, como, por exemplo, o princípio da anterioridade tributária (art. 150, III, “b”), já consagrado como cláusula pétrea pelo STF, por representar uma garantia individual do contribuinte brasileiro. As normas que consagram os direitos e garantias fundamentais – catalogados ou não-catalogados – têm, em regra, aplicação imediata (art. 5º, § 1º). Essa regra, porém, admite exceções, haja vista a presença no texto constitucional de diversos direitos fundamentais consagrados em normas de eficácia limitada (portanto, de aplicabilidade mediata, indireta e reduzida), dependentes de regulamentação por norma infraconstitucional para a produção de seus integrais efeitos. Esse catálogo dos direitos e garantias fundamentais há de ser estudado tendo-se em vista as disposições restritivas dos arts. 136, § 1º (estado de defesa), e 139 (estado de sítio) da Constituição Federal, que autorizam restrições e até mesmo suspensões de diversos direitos e garantias fundamentais durante a execução de tais medidas de exceção (estado de defesa e estado de sítio), sem necessidade, sequer, de autorização judicial (as medidas restritivas são de natureza administrativa, e serão adotadas diretamente pelo executor da medida de exceção). Por fim, é bom lembrar que a enumeração constitucional dos direitos e garantias fundamentais não é limitativa, taxativa, haja vista que outros poderão ser reconhecidos ulteriormente, seja por meio de futuras emendas constitucionais (EC) ou mesmo mediante normas infraconstitucionais, como os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Brasil (art. 5º, § 2º). Sintetizando: CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 10 Ufa! Feita essa super-revisão, podemos tratar dos vários direitos e garantias em espécie previstos na CF/88. 9) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A Constituição trouxe, entre os direitos e garantias fundamentais, o direito ao contraditório e à ampla defesa. Esse direito, nos termos da Constituição, é destinado somente àqueles litigantes que demandem em processos: a) judiciais criminais e nos processos administrativos disciplinares. b) judiciais de natureza criminal. c) judiciais de natureza cível. d) judiciais e administrativos. e) judiciais criminais e cíveis. Gabarito: “d” A questão trata dos princípios do contraditório e ampla defesa. É de se observar que o art. 5°, LV, garante aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Ou seja, tanto em processo judicial, quanto em processo administrativo, há que se preservar o direito dos litigantes ao contraditório e ampla defesa. Valem a pena alguns comentários sobre esse assunto. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 11 É importante ter em mente que esse direito de defesa não se resume ao direito de se manifestar no processo. Com efeito, ele contém os seguintes direitos: I – Direito de ser informado e ter acesso às informações do processo; II – Direito de se manifestar sobre os elementos do processo; e III – Direito de ver os seus argumentos considerados. Além disso, observe as posições jurisprudenciais sobre o tema. I – Súmula 523 do STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. II - No âmbito do processo criminal, a garantia constitucional do contraditório não é exigível na fase do inquérito. Nesse sentido, não é admitida sentença condenatória fundamentada exclusivamente em elementos colhidos em inquéritos policiais. III – Ofende os princípios do contraditório e ampla defesa a denúncia vaga, genérica ou imprecisa, que não descreva de forma adequada a conduta do réu. IV – Contraria o direito à ampla defesa o não conhecimento da apelação em razão do não-recolhimento do condenado à prisão. V – É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e direitos como condição de admissibilidade de recurso administrativo. Por fim, dê uma olhada em três súmulas vinculantes do STF: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.” (Súmula Vinculante 14) “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.” (Súmula Vinculante 5) “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.” (Súmula Vinculante 3) CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 12 10) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, assim como a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. Item certo. A assertiva apresenta o direito à liberdade de expressão e combina os incisos IV e IX do art. 5°. IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; Portanto, correta a assertiva. É interessante observar que esse direito não é absoluto, já que encontra limites nos direitos à proteção constitucional à vida privada (art. 5°, V e X) e na vedação ao racismo. 11) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem decorrente de sua violação. Item certo. A questão está de acordo com os incisos V e X do art. 5°. Os direitos à intimidade e à própria imagem formam a proteção constitucional à vida privada. É de se destacar que esses direitos funcionam como limites à liberdade de expressão e de imprensa. Sobre esse direito de proteção à intimidade e à vida privada, podemos comentar alguns aspectos: I – A indenização poderá ser cumulativa (dano material e moral); II – Para a condenação por dano moral não é necessário comprovar ofensa à reputação do indivíduo; III – Não só o dano à reputação, mas também a dor, o sofrimento, a humilhação, o desconforto são indenizáveis a título de dano moral; IV – As pessoas jurídicas também têm direito à indenização por danos morais, em razão de fato ofensivo à sua honra e à imagem. A propósito, vamos relembrar o teor da Súmula Vinculante11, que remete à inviolabilidade da honra e imagem das pessoas: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 13 parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” 12) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Os direitos fundamentais, na ordem constitucional brasileira, não podem ter por sujeitos passivos pessoas físicas. Item errado. Como vimos, inicialmente, os direitos e garantias fundamentais destinavam-se proteger o indivíduo frente ao Estado. Assim, tinham este último como sujeito passivo. Modernamente, observa-se que vários direitos têm o indivíduo como sujeito passivo, por exemplo o art. 5°, XXV. Esse inciso trata da requisição administrativa no caso de iminente perigo público e tem o Estado como destinatário. Além disso, vale lembrar que os direitos fundamentais aplicam-se também às relações privadas. 13) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) É inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida de forma absoluta a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Item errado. Desde o advento da República, o Brasil é um país laico (leigo ou não confessional), o que significa que aqui não há religião oficial. Nesse sentido, a nossa Carta Magna assegura a liberdade de crença, religiosa e de convicção política e religiosa nos seguintes termos: VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Observe que a questão cobrou o conhecimento do inciso VI do art. 5°. Todavia apresenta esse direito como sendo absoluto, o que é incorreto. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 14 Sabemos que não há direitos fundamentais absolutos, tendo em vista que eles podem encontrar limites em outros direitos ou princípios constitucionais. Especificamente sobre o direito ao livre exercício de cultos, o Supremo já decidiu que a garantia de liberdade de culto seguramente não alcança a prática de atos que, sem embargo de sua roupagem mística, são tipificados pela lei penal. 14) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) Os direitos fundamentais são garantidos aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país. Os demais estrangeiros não podem invocar direitos fundamentais no Brasil. Item errado. Embora o caput do art. 5º da Constituição diga textualmente exatamente isso (“garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”), não foi essa a orientação que prevaleceu na jurisprudência. Na verdade, a expressão “estrangeiros residentes no País” deve ser entendida como “estrangeiros sob as leis brasileiras”, isto é, residentes ou não-residentes, os estrangeiros têm assegurados os direitos fundamentais, enquanto estiverem sob o manto do nosso ordenamento jurídico. 15) (ESAF/AFRE/MG/2005) A Constituição enumera, de forma taxativa, no seu Título sobre Direitos e Garantias Fundamentais, os direitos individuais reconhecidos como fundamentais pela nossa ordem jurídica. Item errado. A enumeração constitucional dos direitos e garantias fundamentais não é taxativa, limitativa. Significa que outros direitos fundamentais além daqueles expressamente enumerados pela Constituição poderão ser reconhecidos aos brasileiros, desde que decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. É o que reza o art. 5º, § 2º, da Constituição, nos termos seguintes: “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. 16) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Poderá ser privado de direitos quem invocar motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 15 política para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Item certo. A assertiva trata do inc. VIII do art. 5° (escusa de consciência), que compõe a esfera de proteção do direito de convicção política e religiosa: VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Observe que se trata de dispositivo de eficácia contida, plenamente exercitável até a superveniência de lei. Assim, a princípio, ninguém poderá ser privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política. Enquanto não houver lei estabelecendo a prestação alternativa, o indivíduo poderá mesmo se eximir de obrigação legal a todos imposta. Posteriormente, caso sobrevenha a referida lei, o indivíduo poderá deixar de cumprir obrigação a todos imposta desde que realize a prestação alternativa. Todavia, caso se recuse a cumprir essa obrigação e também a prestação alternativa, poderá ser privado de direitos. É nesse sentido a combinação entre o inc. VIII do art. 5° e o inc. IV do art. 15, segundo o qual: Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: (...) IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; 17) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial transitada em julgado. Item certo. A liberdade de associação é tratada pela Constituição no art. 5°, mais precisamente em seus incisos de XVII a XXI. Essa liberdade abrange tanto uma faculdade do indivíduo de índole positiva (de criar uma associação CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 16 com outrem) quanto de natureza negativa (de não se obrigar a pessoa a se associar). Essa questão poderia ser resolvida com o conhecimento da literalidade do inciso XIX da Constituição. Observe: XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; A suspensão ou dissolução das associações são temas que exigem reserva de jurisdição. Ou seja, a Constituição protege o direito de associação contra a atuação administrativa ou mesmo a atuação do poder legislativo. De se frisar: essas medidas – suspensão das atividades ou dissolução compulsórias de associação – estão abrangidas pela chamada “reserva de jurisdição”, ou seja, são medidas da competência exclusiva do Poder Judiciário. Em resumo, a associação poderá ter suas atividades suspensas ou ser dissolvida pordeterminação judicial. Como o caso de dissolução é mais gravoso, ele exige trânsito em julgado. 18) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) O habeas data, que serve de garantia ao direito de acesso a informações, é prerrogativa das pessoas físicas e não jurídicas, sendo de competência, a depender da entidade governamental violadora, do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça. Item errado. O habeas data é cabível contra ato de autoridade pública ou de agente de pessoa privada que possua registros ou banco de dados de caráter público (CF, art. 5º, LXXII). Será concedido para: (i) o conhecimento de informações; (ii) a retificação de dados; ou (iii) a complementação de dados. O habeas data poderá ser impetrada somente pelo titular das informações. Mas é garantia não só dos brasileiros, mas também dos estrangeiros e mesmo das pessoas jurídicas, que poderão impetrá-la. Daí o erro da questão. Vamos lembrar desses detalhes: I – para a impetração, é necessário que tenha havido requerimento administrativo e a negativa por parte da autoridade em atendê-lo; e II – a ação é gratuita, porém exige advogado para sua impetração; CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 17 Assim como afirmado pela questão, a competência de julgamento é definida pela autoridade violadora. 19) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) Considere os fatos hipotéticos relatados a seguir e assinale a opção correta frente às normas constitucionais vigentes. Juiz de direito determinou a expedição de mandado de busca e apreensão de um automóvel de propriedade de pessoa tida como devedora do Estado de São Paulo. Os agentes executores do mandado tiveram dificuldade para localizar o endereço do executado, que era muito distante do fórum, e lá chegaram apenas à noite. Conversaram com o morador, mas ele não entregou o automóvel e nem autorizou a entrada dos agentes. Os agentes perceberam que o automóvel se encontrava na garagem anexa à casa, arrombaram a garagem, apreenderam o automóvel e o levaram ao fórum para posterior avaliação. O juiz era competente e os agentes executores do mandado estavam investidos na função que exerciam. a) Os executores do mandado agiram ilegalmente, porque ninguém pode entrar na casa sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial, e a garagem está compreendida no conceito de casa e, em razão da ilegalidade, geraram, para o Estado de São Paulo, o dever de indenizar o morador. b) Os executores do mandado agiram ilegalmente, porque o valor do automóvel era muito superior ao valor da dívida fiscal. c) Os executores do mandado agiram legalmente, porque embora ninguém possa entrar na casa sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial, a garagem não possui nenhuma proteção contra a execução de mandados judiciais. d) Os agentes executores do mandado agiram legalmente, porque estavam cumprindo determinação judicial. e) Os executores do mandado agiram legalmente, porque após arrombarem a garagem constataram que o automóvel se encontrava aberto e com a chave na ignição e por isso não foi necessário arrombá-lo para que o mandado fosse efetivamente cumprido. Gabarito: “a” CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 18 Dentro da matéria de direitos fundamentais, talvez esse seja um dos assuntos mais cobrados em questões de concurso. Vamos a ele (art. 5°, XI): “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.” Em suma, por determinação judicial, só será possível penetrar na residência sem o consentimento do morador durante o dia. Mas para prestar socorro, em flagrante delito ou desastre essa ação pode ocorrer durante o dia ou mesmo à noite. Em suma, como regra é inviolável o domicílio. Mas a própria CF estabelece exceções: 1 – Flagrante delito ou desastre; 2 – Prestação de socorro; 3 – Durante o dia, por determinação judicial. Analisando a situação hipotética, os agentes entraram à noite, com mandado judicial, sem o consentimento do morador, não na casa, mas na garagem de determinada pessoa. Nesse caso, não seria possível aos agentes entrar naquela casa, mesmo com ordem judicial, já que a execução do mandado se deu no período noturno. Aproveitando a ocasião, relembremos aquela posição jurisprudencial de que o conceito de “casa” compreende também qualquer recinto fechado, não aberto ao público (escritório de contabilidade, consultório médico, quarto de hotel etc.). Mas observe que os agentes violaram a garagem, que, segundo a doutrina, está também inclusa no âmbito de privacidade do indivíduo, bem como o jardim e demais partes externas que se contêm nas divisas espaciais da propriedade. Para finalizar, vale lembrar que o Supremo Tribunal Federal considerou válido provimento judicial (oriundo de Ministro do próprio STF) que autorizou o ingresso de autoridade policial em recinto profissional durante a noite, para o fim de instalar equipamentos de captação acústica (escuta ambiental) e de acesso a documentos no ambiente de trabalho do acusado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 19 Ao autorizar o ingresso domiciliar, durante a noite, o Tribunal asseverou que tal medida (instalação de equipamentos de escuta ambiental) não poderia jamais ser realizada com publicidade, sob pena de sua frustração, o que ocorreria caso fosse praticada durante o dia, mediante apresentação de mandado judicial. Com isso, firmou-se o entendimento de que a escuta ambiental não se sujeita aos mesmos limites da busca domiciliar (CF, art. 5º, XI), bastando, para sua validade, a existência de autorização judicial, seja para execução durante o dia, seja para execução durante a noite. 20) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) Assinale a opção correta relativa ao tratamento dado pela jurisprudência que atualmente prevalece no Supremo Tribunal Federal, ao interpretar a Constituição Federal, relativa aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil. a) Incorporam-se à Constituição Federal, porque os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. b) Incorporam-se ao ordenamento jurídico como lei ordinária federal porque a Constituição confere ao Supremo Tribunal Federal, competência para julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. c) Os que tiveram ato de ratificação antes da vigência da Emenda Constitucional n. 45, de 2004, são equivalentes às emendas constitucionais em razão dos princípios da recepção e da continuidade do ordenamento jurídico. d) A legislação infraconstitucional anterior ou posterior ao ato de ratificação que com eles seja conflitante é inaplicável, tendo em vista o status normativo supralegal dos tratados internacionais sobre direitos humanos subscritos pelo Brasil. e) Os que tiveram ato de ratificação depois da vigência da Emenda Constitucional n. 45, de 2004, independentemente do quorum, são equivalentes às emendas constitucionais em razão do princípio da prevalência dos direitos humanos. Gabarito:“d” Essa é uma ótima questão para apresentarmos os detalhes pertinentes ao assunto “tratados e convenções internacionais”. Já falamos sobre isso CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 20 na Aula 0, mas esse assunto merece uma revisão, tamanha a sua atual importância para concursos públicos. Com efeito, em dezembro de 2008, o STF, ao reapreciar a problemática da situação hierárquica dos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos celebrados pelo Brasil, alterou o seu entendimento sobre o tema. Assim, passou a entender que tais tratados e convenções internacionais têm status de supralegalidade (quando incorporados pelo rito ordinário, isto é, mediante aprovação de decreto legislativo por maioria relativa das Casas do Congresso Nacional) ou de emenda constitucional (quando incorporado por decreto legislativo aprovado segundo o rito previsto no § 3º do art. 5º da Constituição Federal). Em face desse novo entendimento firmado pelo STF, podemos afirmar que os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Brasil poderão assumir três diferentes posições hierárquicas ao serem incorporados ao nosso ordenamento pátrio, a saber: I - status de supralegalidade – tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos (não é “direitos fundamentais” de forma geral) incorporados pelo rito ordinário (mediante decreto legislativo aprovado por maioria simples nas Casas Legislativas); II - status de emenda constitucional – tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos incorporados pelo rito especial do § 3º do art. 5º da Constituição Federal (mediante decreto legislativo aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos respectivos membros); III - status de lei ordinária federal – demais tratados e convenções internacionais que não tratam de direitos humanos. Ou seja, no caso da nossa assertiva, tratados internacionais sobre direitos humanos, trata-se de supralegalidade. Isso implica em que a legislação ordinária incompatível pré-existente torna-se inaplicável. Ademais, veda a produção de nova legislação ordinária incompatível. Correta, portanto, a letra “d”. Vale lembrar, ainda, que em se tratando de matéria tributária, o Código Tributário Nacional contém disposição específica, segundo a qual “os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha”. Por fim, não se esqueça: os tratados e convenções internacionais, independentemente do status de sua incorporação – status de lei CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 21 ordinária, de supralegalidade ou de emenda constitucional -, submetem- se a controle de constitucionalidade, tanto na via abstrata quanto na via incidental. 21) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O civilmente identificado pode ser submetido à identificação criminal, nos termos da lei. Item certo. A assertiva está de acordo com o inc. LVIII do art. 5° da CF/88. “LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;” Com esse inciso a Constituição assegura ao indivíduo que porte um documento oficial de identificação (carteira de identidade, por exemplo) o direito de não ser submetido à identificação criminal, salvo naquelas hipóteses previstas em lei. Observe que se trata de uma norma de eficácia contida (segundo a classificação vista na Aula 1). Na inexistência da lei, o direito do indivíduo civilmente identificado (de não ser criminalmente identificado) é plenamente exercitável. 22) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. Item certo. A possibilidade de ação privada subsidiária da pública está prevista no art. 5°, LIX, nos seguintes termos: “LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;” Observe que a assertiva limitou-se a exigir o conhecimento literal do inciso LIX do art. 5°. Vale a pena explicar de forma sucinta o tema. Diante do princípio da inércia da jurisdição o Estado-juiz deve ser provocado para que possa aplicar o direito penal a determinada situação concreta. Essa função provocadora do Poder Judiciário é, em regra, função do Ministério Público, que é o legitimado para o ajuizamento da ação penal (pública). Observe o art. 129, I. Como exceção, há casos em que pode o indivíduo dar início à ação (nesse caso, denominada ação penal privada). Todavia, embora a iniciativa de ações públicas seja privativa do MP, se essa ação não for intentada no prazo legal no caso de um crime de CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 22 ação pública, poderá o particular iniciar a ação penal privada subsidiária. Em outras palavras, diante da inércia do Ministério Público, o particular oferecerá queixa-crime para início do processo. E a partir daí, o MP atuará com as mesmas prerrogativas que possui relativamente às ações penais públicas. Por fim, vale destacar que a ação subsidiária só é cabível diante da inércia do MP. Assim, caso esse último tenha pedido arquivamento do processo, não será cabível a ação, pois não se terá configurado a inércia. 23) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O Brasil admite a prisão civil por dívida. Item certo. Segundo nossa Constituição, o Brasil admite sim a prisão civil por dívida (art. 5°, LXVII). “LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;” Portanto, correta a questão. Todavia, apesar dessa previsão constitucional, podemos dizer que, atualmente, nosso arcabouço jurídico admite apenas uma única e exclusiva hipótese de prisão civil por dívida: a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. E o depositário infiel? É uma longa história... Sabe-se que, recentemente, o STF afastou a possibilidade de prisão civil do depositário infiel em nosso país, em respeito ao Pacto de San José da Costa Rica, tratado internacional sobre direitos humanos ratificado pelo Brasil no ano de 1992 (também conhecido como “Convenção Interamericana de Direitos Humanos”). Mas, se o Pacto de San José da Costa Rica foi ratificado pelo Brasil em 1992, por que só agora o STF firmou tal entendimento? Para responder a essa indagação, vamos apresentar um breve histórico acerca dessa problemática: Momento 1: Em 1988, foi promulgada a vigente Constituição Federal, que autoriza a prisão civil por dívida em duas situações excepcionais: a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 23 Momento 2: Quatro anos após, em 1992, o Brasil ratifica, sem ressalvas, o Pacto de San José da Costa Rica, que só admite a prisão civil por dívida em uma única hipótese: devedor de alimentos; Momento 3: Em 1997, o STF examina a validade do Pacto de San José da Costa Rica, no tocante ao afastamento, pelo seu texto, da possibilidade de prisão civil do depositário infiel; o tribunal firmou, à época, o entendimento de que os tratados internacionais sobre direitos humanos celebrados pelo Brasil têm força hierárquica de lei ordinária federal, e que, portanto, não teriam nenhuma validade naquilo que contrariassem a ConstituiçãoFederal (ou seja, entendeu que continuava sendo legítima a prisão civil do depositário infiel); Momento 4: O STF passou a considerar legítima, também, por equiparação à figura do depositário infiel, a prisão civil de outros devedores civis, nos seguintes contratos: alienação fiduciária em garantia, penhor mercantil, penhor agrícola, depósito de imóvel, depósito judicial. Momento 5: Em dezembro de 2008, o STF, ao reapreciar a problemática da situação hierárquica dos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos celebrados pelo Brasil, alterou o seu entendimento e passou a entender que tais tratados e convenções internacionais têm status de supralegalidade (quando incorporados pelo rito ordinário, isto é, mediante aprovação de decreto legislativo por maioria relativa das Casas do Congresso Nacional) ou de emenda constitucional (quando incorporado por decreto legislativo aprovado segundo o rito previsto no § 3º do art. 5º da Constituição Federal). Em face desse novo entendimento do STF, podemos afirmar o seguinte: I - como o Pacto de San José da Costa Rica tem status de supralegalidade (acima das leis, mas abaixo da Constituição), ele afastou toda a legislação ordinária interna que regulamentava a prisão civil do depositário infiel, e, com isso, afastou a própria possibilidade de prisão civil do depositário infiel no Brasil; ademais, como se situa hierarquicamente acima das leis, tal tratado internacional proíbe que leis posteriores venham a tratar dessa matéria, contrariando os seus termos; II - com o afastamento da possibilidade de prisão civil do depositário infiel, restou afastada, também, a possibilidade de prisão dos demais devedores civis, que só era admitida por equiparação à figura do depositário infiel (devedor no contrato de alienação fiduciária em garantia, no contrato de penhor mercantil etc.). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 24 Cuidado! Não se pode falar que “o Pacto de San José da Costa Rica revogou a Constituição Federal” ou que “o Pacto de San José da Costa Rica revogou a prisão civil do depositário infiel, prevista na Constituição Federal”. Não foi esse o entendimento firmado pelo STF! O entendimento firmado pelo STF é de que o Pacto de San José da Costa Rica é norma infraconstitucional (abaixo da Constituição) e, como tal, não poderia revogar a Constituição! O que tal tratado internacional fez foi revogar a legislação ordinária interna que regulamentava a prisão civil do depositário infiel (isso ele poderia fazê-lo, pois é norma supralegal, acima das leis!) e, com isso, por via reflexa, afastou a possibilidade dessa prisão no Brasil. Não deixe esses detalhes passarem despercebidos! 24) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A lei não poderá restringir a publicidade dos atos processuais. Item errado. A questão trata do princípio da publicidade dos atos processuais “LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;” Observe que a regra é a publicidade dos atos processuais. Todavia, a lei poderá restringi-la quando a intimidade ou o interesse social exigirem. Estabelecendo relação com outro assunto nosso: trata-se de norma de eficácia contida. 25) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O Brasil admite a pena de morte. Item certo. A pena de morte não será admitida no Brasil, salvo em caso de guerra declarada pelo Presidente da república. Ou seja, a questão está correta por haver esta única possibilidade. Aproveitando a questão, vejamos penas admitidas (art. 5°, XLVI) e vedadas (art. 5°, XLVII) pela nossa ordem constitucional. XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: XLVII - não haverá penas: - privação ou restrição da liberdade; - de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX - perda de bens; CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 25 - multa; - de caráter perpétuo - prestação social alternativa; - de trabalhos forçados - suspensão ou interdição de direitos - de banimento - de morte no caso de guerra declarada - cruéis 26) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, entretanto, exige-se prévio aviso à autoridade competente. Item certo. O direito de reunião (assim como ocorre com o direito de associação) liga-se à liberdade de expressão e ao sistema democrático de governo. Podemos dizer que é uma forma coletiva de exercício da liberdade de expressão. A assertiva está de acordo com o inciso XVI do art. 5° da CF. Observe que não é necessária a autorização do Poder Público, sendo exigido apenas: (i) aviso prévio; (ii) fins pacíficos; (iii) ausência de armas; (iv) locais abertos ao público; e (v) não-frustração de outra reunião anteriormente marcada para o mesmo local. Devemos lembrar que a própria CF admite a restrição excepcional desse direito nos casos de estado de defesa (art. 136, § 1°, I, “a”) e estado de sítio (art. 139, IV). Por fim, responda-nos: seria o habeas corpus instrumento jurídico adequado para a tutela do direito de reunião? A resposta é não. No caso de lesão ou ameaça ao direito de reunião, o indivíduo deve recorrer ao mandado de segurança. 27) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) A mera instauração de inquérito, ainda quando evidente a atipicidade da conduta, não constitui meio hábil a impor violação aos direitos fundamentais, em especial ao princípio da dignidade humana. Item errado. A assertiva está errada por contrariar entendimento sedimentado na jurisprudência do Supremo e manifesto no seguinte extrato do HC 82.969, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 30-9-03, 2ª Turma, DJ de 17-10-03: “A mera instauração de inquérito, quando evidente a atipicidade da conduta, constitui meio hábil a impor violação aos direitos fundamentais, em especial ao princípio da dignidade humana.” CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 26 28) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo o sigilo da correspondência, por ordem judicial. Item errado. A assertiva trata da inviolabilidade das correspondências e comunicações (art. 5°, XII): “XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;” Ou seja, é admitida a quebra do sigilo das comunicações telefônicas por ordem judicial e não o sigilo das correspondências. Daí o erro da questão. Apesar do exposto, você deve se lembrar que mesmo o sigilo das correspondências não é absoluto, já que não há direitos fundamentais absolutos. Nesse sentido, o STF já decidiu que, excepcionalmente, é possível até mesmo a interceptação das correspondências e comunicações telegráficas e de dados no caso de tais liberdades estarem sendo utilizadas como instrumento de salvaguarda de prátiacas ilícitas. Quanto à interceptação telefônica, vamos aproveitar esse item para, brevemente, revisar os aspectos relevantes sobre esse assunto, disciplinado no inciso XII do art. 5º da Constituição da República. 1) a autorização para interceptação telefônica só poderá ocorrer com obediência aos três requisitos constitucionais, a saber: (i) ordem judicial (trata-se de medida sujeita à reserva de jurisdição, isto é, nenhum outro órgão ou autoridadepode autorizar a interceptação telefônica); (ii) nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer (a Lei nº 9.296/1996 estabelece os casos estritos em que a interceptação telefônica poderá ocorrer, a saber: quando houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; quando a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis; o fato investigado constituir infração penal punida com pena de reclusão); e (iii) para fins de investigação criminal e instrução processual penal (não poderá ser autorizada a interceptação telefônica no curso de processos administrativos ou de natureza cível); CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 27 2) além da interceptação das comunicações telefônicas, a Lei nº 9.296/1996 permite, também, a interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática (email, fax, msn etc.), desde que obedecidos os mesmos requisitos do inciso XII do art. 5º da Constituição Federal, acima explicados; 3) embora a Lei nº 9.296/1996 só admita a interceptação telefônica no curso de instrução processual ou investigação de crime punível com reclusão, o STF considera lícita a prova levantada no curso da interceptação de crime punível com detenção, desde que haja conexão entre os delitos (isto é, desde que haja conexão entre o delito punível com pena de reclusão, que deu origem à interceptação, e o crime punível com detenção, descoberto acidentalmente durante a execução dessa medida); 4) a interceptação de comunicação telefônica ocorrerá em autos apartados, apensados aos autos do inquérito policial ou do processo criminal, preservando-se o sigilo das diligências, gravações e transcrições respectivas (afinal, se não houvesse sigilo quanto à interceptação, a medida seria inócua); após a execução da medida, haverá a degravação do conteúdo das comunicações, que será levada aos autos para que o réu possa exercer, a posteriori, o seu direito ao contraditório e ampla defesa; segundo o STF, a degravação das conversas não precisa ser integral, total; 5) embora a Lei nº 9.296/1996 determine que a interceptação não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual tempo, o STF firmou entendimento de que são válidas renovações sucessivas desse prazo, desde que comprovada a indispensabilidade do meio de prova; 6) as inviolabilidades do inciso XII do art. 5º da Constituição – das correspondências e das comunicações – protegem a operação em si (enquanto em trânsito), e não o seu conteúdo final; assim, por exemplo: no tocante aos emails, a proteção alcança o seu conteúdo enquanto em trânsito (isto é, a comunicação em si), e não estes depois de armazenados em disco rígido de computador; em relação às correspondências, aplica-se o mesmo entendimento: a proteção alcança o seu conteúdo enquanto em trânsito (isto é, a correspondência em si), e não estas depois de recebidas e abertas pelo seu destinatário; logo, é lícita a busca e apreensão domiciliar autorizada judicialmente de computadores com emails armazenados em seu disco rígido, bem assim de cartas já recebidas e abertas pelo seu destinatário encontradas no interior do domicílio. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 28 7) apesar de o procedimento em tela ser admitido apenas em processos criminais, nossa Corte Suprema entende que os dados colhidos em interceptações de comunicações telefônicas, judicialmente autorizadas para produção de provas em investigação criminal ou instrução processual penal, podem ser utilizados em procedimento administrativo disciplinar, contra as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado à colheita dessa prova. Quanto a esse último ponto, não faça confusão! Uma coisa é autorizar a escuta telefônica no âmbito de processo administrativo disciplinar, expediente vetado pela nossa Constituição. Outra coisa, completamente diferente e admitida pelo STF, é a utilização em processo administrativo disciplinar de dados colhidos em interceptação telefônica autorizada no âmbito de um processo criminal. Esse último caso trata, em verdade, da denominada prova emprestada, em que a prova licitamente colhida no processo criminal é “emprestada” para a instrução de um processo administrativo. 8) Lembre-se, por fim, que essas garantias podem sofrer restrição no caso de estado de defesa e estado de sítio (art. 136, §1° e 139). Pronto! Se você fixar bem esses aspectos acima, poderá ficar tranquilo acerca de interceptação telefônica nas questões da sua prova! Não vacile! 29) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo, por determinação judicial após as 18 horas e durante o dia para prestar socorro, em caso de flagrante delito ou desastre. Item errado. Com as explicações anteriores você pode acertar essa questão. Lembre- se: I – no caso de flagrante delito ou desastre ou para prestar socorro não é necessário que a ação ocorra durante o dia; mas II – por determinação judicial, só será possível penetrar na residência sem o consentimento do morador durante o dia. Daí o erro da questão. Mais um detalhe: para a doutrina, o conceito de dia corresponde a todas as horas compreendidas entre o nascer e o pôr-do-sol. Ou, de forma mais poética, entre “a aurora e o crepúsculo”....rsrs CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 29 30) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Exige-se o trânsito em julgado da decisão judicial para que as associações tenham suas atividades suspensas. Item errado. Quando trata do direito de associação, é comum a ESAF tentar pegar o candidato nesse aspecto. A suspensão das atividades da associação exige decisão judicial, mas não o trânsito em julgado (art. 5°, XIX). O trânsito em julgado é condição necessária apenas para a dissolução compulsória de uma associação. 31) (ESAF/TFC/CGU/2008) Assinale a opção que indica um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. a) Valorizar a cidadania. b) Valorizar a dignidade da pessoa humana. c) Observar os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. d) Constituir uma sociedade livre, justa e solidária. e) Garantir a soberania. Gabarito: “d” Essa questão cobra a memorização dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, expressos no art. 3°. A letra “d” apresenta um dos objetivos fundamentais (art. 3°, I). As demais alternativas estão incorretas. Com efeito, são fundamentos da República: Cidadania; dignidade da pessoa humana; valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; e soberania. 32) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos fundamentais que forem aprovados, no Congresso Nacional, serão equivalentes às emendas constitucionais. Item errado. Só terão status de emenda constitucional os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos incorporados pelo rito especial do § 3º do art. 5º da Constituição Federal (mediante decreto legislativo aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos respectivos membros). Não confunda direitos humanos com direitos fundamentais! CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 30 Os tratados internacionais sobre direitos fundamentais não entram nessa regra especial e terão status de lei ordinária federal. Caso verse sobre direitos humanos,mas sejam incorporados pelo rito ordinário (mediante decreto legislativo aprovado por maioria simples nas Casas Legislativas), os tratados e convenções internacionais terão status de supralegalidade (abaixo da Constituição, mas acima das leis ordinárias). 33) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, por isso que é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal, ainda que emanada de autoridade judicial; caso contrário, nega-se o Estado de Direito. Item certo. Essa assertiva trata da cidadania, um dos fundamentos da nossa República, apresentados na primeira questão desta Aula. Ao erigir a cidadania como fundamento da República, a CF/88 exige do Poder público atuação concreta para propiciar efetiva participação do cidadão na vida política e na condução dos negócios do Estado. Assim, atribui ao cidadão não apenas o direito, mas também o dever de fazer valer os seus direitos, cobrar dos seus representantes, controlar os atos dos órgãos públicos etc. Nesse sentido já decidiu o Supremo que resistir a ordens ilegais não é apenas um direito do cidadão, mas um dever cívico. Na realidade, a questão cobra esse entendimento do Supremo. Mais especificamente extrato do HC 73.454, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 22-4-96, 2ª Turma, DJ de 7-6-96: “Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. Mais: é dever de cidadania opor-se à ordem ilegal; caso contrário, nega-se o Estado de Direito.” 34) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) A prova ilícita pode prevalecer em nome do princípio da proporcionalidade, do interesse público na eficácia da repressão penal em geral ou, em particular, na de determinados crimes; a dignidade humana não serve de salvaguarda à proscrição da prova ilícita. Item errado. Determina a Constituição Federal que as provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no processo, seja este administrativo ou judicial (art. 5º, LVI). Ademais, o Supremo já decidiu que a própria Constituição ponderou os valores contrapostos nesses casos e optou pelos princípios CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 31 fundamentais – se necessário, em prejuízo da eficácia da persecução criminal. Assim, a proscrição da prova ilícita serve de salvaguarda aos valores fundamentais, inclusive o da dignidade humana (HC 79.512, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 16-12-99, Plenário, DJ de 16-5- 03). 35) (ESAF/AFC/CGU/2008) A República Federativa do Brasil possui fundamentos e as relações internacionais do País devem ser regidas por princípios. Assinale a única opção que contempla um fundamento da República e um princípio que deve reger as relações internacionais do Brasil. a) Soberania e dignidade da pessoa humana. b) Prevalência dos direitos humanos e independência nacional. c) Cidadania e valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. d) Pluralismo político e repúdio ao terrorismo e ao racismo. e) Defesa da paz e solução pacífica dos conflitos. Gabarito: “d” Não tem jeito. Você tem que saber distinguir os fundamentos, dos objetivos, dos princípios que regem o Brasil nas relações internacionais. Observe bem que essa questão pede a assertiva que apresente um fundamento e também um princípio que regerá o Brasil nas relações internacionais. Tanto a letra “a” quanto a letra “c” apresentam dois fundamentos (art. 1°). Já as letras “b” e “e” apresentam dois princípios que regerão a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais (art. 4°). A letra “d” é o gabarito por apresentar um fundamento (Pluralismo político) e um princípio que deve reger as relações internacionais do Brasil (solução pacífica dos conflitos). 36) (ESAF/APO/MPOG/2008) A Constituição acolhe uma sociedade conflitiva, de interesses contraditórios e antagônicos, na qual as opiniões não ortodoxas podem ser publicamente sustentadas, o que conduz à poliarquia, um regime onde a dispersão do Poder numa multiplicidade de grupos é tal que o sistema político não pode funcionar senão por uma negociação constante entre os líderes desses grupos (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, pp. 143- 145, com adaptações). Assinale a opção que indica com exatidão CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 32 o fundamento do Estado brasileiro expressamente previsto na Constituição, a que faz menção o texto transcrito. a) Soberania. b) Pluralismo político. c) Dignidade da pessoa humana. d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. e) Cidadania. Gabarito: “b” Observe que claramente o enunciado refere-se ao pluralismo político ao mencionar: sociedade conflitiva, interesses contraditórios e antagônicos, diferentes opiniões e negociações decorrentes de sistema político composto por multiplicidade de grupos. 37) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Assinale a opção que indica um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil expressamente previsto na Constituição Federal que confere amparo constitucional a importantes programas do governo federal que se concretizam por meio da política nacional de assistência social integrando as esferas federal, estadual e municipal. a) Garantir a prevalência dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. b) Promover o desenvolvimento internacional. c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. d) Erradicar o terrorismo e o racismo. e) Promover a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. Gabarito: “c” Bom, já vimos quais são os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. A alternativa correta é a letra “c”, prevista no art. 3°, III. A letra “a” menciona um fundamento: valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1°, IV). A letra “b” está errada, pois o objetivo fundamental correto é garantir o desenvolvimento nacional (art. 3°, II). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 33 A letra “d” também está errada. O repúdio ao terrorismo e ao racismo é um princípio que rege o Brasil em suas relações internacionais. A letra “e” também apresenta um princípio que rege o Brasil em suas relações internacionais. 38) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo por determinação judicial, ou, durante o dia, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. Item errado. Como regra é inviolável o domicílio. Mas a própria CF estabelece exceções: 1 – Flagrante delito ou desastre; 2 – Prestação de socorro; 3 – Durante o dia, por determinação judicial. Ou seja, nos casos de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro não é necessário que a entrada no domicílio ocorra durante o período diurno. 39) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, inclusive aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Item errado. Observe o que estabelece o inciso XXXIII do art. 5º da Constituição Federal: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedadee do Estado”. Ou seja, o direito à informação sofre uma ressalva: as informações cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado Vale lembrar que a tutela judicial do direito à informação é o mandado de segurança, e não o habeas data. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 34 40) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Constituem crimes inafiançáveis e imprescritíveis a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Item errado. Repetindo o que dissemos na Aula 0. Nesse assunto, você tem que guardar quais são os crimes imprescritíveis e quais são insuscetíveis de graça. Imprescritíveis (XLII e XLIV) Insuscetíveis de graça ou anistia (XLIII) 1 - Racismo 1 - Tortura 2 - Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático 2 - Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins 3 - Terrorismo 4 - Hediondos Todos eles são crimes inafiançáveis. Assim, os hediondos e 3 T’s (tortura, terrorismo e tráfico) são insuscetíveis de graça ou anistia, mas não são imprescritíveis. 41) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) A lei considerará crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático. Item errado. O racismo e a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático são inafiançáveis e imprescritíveis, mas não são insuscetíveis de graça ou anistia. 42) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. Item certo. Esse assunto já foi exaustivamente tratado nesta aula. De se observar que a questão está de acordo com o art. 5°, §3°, da CF/88: CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 35 “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” 43) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A República Federativa do Brasil não tem como um dos seus fundamentos a) a soberania. b) a cidadania. c) o monismo político. d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. e) a dignidade da pessoa humana. Gabarito: “c” Todas as assertivas estão corretas exceto a letra “c”. Com efeito um dos fundamentos da RFB é o pluralismo político, o oposto do monismo político. 44) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Os sigilos de correspondência e das comunicações telegráficas poderão ser restringidos nas hipóteses de decretação de estado de defesa e de sítio, desde que se observe a devida reserva de jurisdição. Item errado. Ótima questão. Deve ter pegado bons candidatos pouco atentos. Os artigos 136, §1°, e 139, I, estabelecem algumas restrições aos direitos fundamentais no caso de ocorrência de estado de defesa e estado de sítio. Ou seja, a própria CF/88 já autoriza a execução dessas medidas, não sendo necessária decisão judicial para isso. Por isso, ERRADA a questão. Aliás, por decisão judicial, esses direitos já poderão ser restringidos em situações especiais, independentemente dessas situações de estado de defesa e sítio. Afinal de contas, não há direitos absolutos como você sabe. 45) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) O Brasil é regido, nas suas relações internacionais, pelo princípio da prevalência dos direitos humanos, por isso, o exercício concreto de direitos fundamentais pode servir para eximir o cumprimento de um dever ou obrigação nascida ou em decorrência de normas constitucionalmente inseridas no sistema jurídico. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 36 Item errado. É comum as bancas elaborarem questões de concurso tentando pegar o candidato ao afirmarem que as normas constitucionais que tratam de direitos fundamentais seriam superiores às demais normas constitucionais. Fique atento! Não há hierarquia entre normas constitucionais. Assim, não se admite a alegação de exercício de direito fundamental visando a justificar o descumprimento de obrigação decorrente de outras normas constitucionais. 46) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) A quebra de sigilo bancário de indivíduo que é objeto de investigações por crime pode ser determinada diretamente pela autoridade policial, no inquérito policial, ou pela autoridade judicial, depois de proposta a ação penal. Item errado. Essa questão versa sobre a garantia de sigilo bancário. Autoridade policial não pode determinar a quebra de sigilo bancário. Por isso, errada a questão. Esse assunto é bastante recorrente em questões de concursos, e, por isso, vale a pena revisá-lo. A garantia do sigilo bancário, inserida no princípio constitucional que protege a intimidade e a vida privada (art. 5º, X), só pode ser atingida (quebra do sigilo) nos seguintes casos: 1 – por determinação judicial; 2 – por determinação das autoridades e agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente (Lei Complementar 105/2001); 3 – por determinação do Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; 4 – por determinação de CPI; 5 – por determinação do Ministério Público, desde que para defesa do patrimônio público. Quanto ao Ministério Público, devemos alertar que a jurisprudência do STF muitas vezes resistiu a que o MP pudesse determiná-la diretamente, por falta de autorização específica. Contudo, há um precedente do Supremo confirmando a possibilidade de acesso do MP aos dados CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 37 sigilosos em se tratando de requisição de informações e documentos para instruir procedimento administrativo instaurado em defesa do patrimônio público (MS 21.729, Rel. p/ o ac. Min. Néri da Silveira, julgamento em 5-10-95, DJ de 19-10-01). Vale comentar que, conforme jurisprudência recente da Suprema Corte, o TCU não dispõe de competência para quebra de sigilo bancário de seu investigado. Podemos esquematizar essas informações da seguinte forma: Se você entendeu bem o assunto, podemos perguntar: Se o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) faz parte do Poder Judiciário, pode ele quebrar sigilo bancário? A resposta é não. O CNJ integra o Poder Judiciário, mas não dispõe de função jurisdicional. Portanto, não tem competência para determinar quebra de sigilos bancário, fiscal ou telefônico. 47) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) O direito de petição garante a todo indivíduo, independentemente de ser advogado, a defesa, por si mesmo, de qualquer interesse seu em juízo. Item errado. O direito de petição aos Poderes Públicos (CF, art. 5º, XXXIV, a) é remédio constitucional administrativo, para ser utilizado perante a Administração Pública, e não em Juízo. De fato, o direito de petição, além de gratuito, não exige advogado – mas é somente para defesa de direitosou contra ilegalidade ou abuso de poder perante a Administração Pública, e não para peticionar em juízo. 48) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) Por ser a liberdade de expressão livre de censura, pacificou-se o entendimento de que não se pode punir a opinião divulgada que seja agressiva à honra de terceiros. Item errado. A Constituição Federal assegura a liberdade de expressão (art. 5º, IX), mas essa liberdade não poderá violar a intimidade, a vida privada, a CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 38 honra e a imagem das pessoas, sob pena de responsabilização por dano material ou moral (art. 5º, X). 49) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) Para a reparação do dano moral por ofensa à intimidade e à privacidade exige-se a ocorrência de ofensa à reputação do indivíduo. Item errado. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que, para o efeito da indenização por dano moral prevista no inciso X do art. 5º da Constituição, não se exige a comprovação de ofensa à reputação da vítima. Na prática, significa que a simples violação a um daqueles valores constitucionais – intimidade, vida privada, honra e imagem – já gera o direito à indenização por dano moral, ainda que dessa violação não decorra ofensa à reputação da vítima. A perda de um ente querido, por exemplo, pode ser indenizada a título de dano moral. 50) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) A casa é o asilo inviolável do indivíduo, não se podendo em nenhum caso nela penetrar, durante a noite, sem o consentimento do proprietário, nem mesmo com mandado judicial. Item errado. A casa é asilo inviolável do indivíduo (art. 5º, XI), mas é possível nela penetrar, a qualquer hora do dia ou da noite, nas seguintes hipóteses: (a) com o consentimento do morador; (b) em caso de flagrante delito ou desastre; (c) para prestar socorro. A proibição para a penetração na casa durante a noite aplica-se, somente, à determinação judicial (isto é, neste caso a Constituição só autoriza o ingresso durante o dia). 51) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) A sala alugada, mas não aberta ao público, em que o indivíduo exerce a sua profissão, mesmo que ali não resida, recebe a proteção do direito constitucional da inviolabilidade de domicílio. Item certo. A expressão “casa”, empregada pelo inciso XI do art. 5º da Constituição, alcança não só a residência do indivíduo, mas também quaisquer ambientes não franqueados ao público, sejam de natureza residencial (casa de praia, apartamento ocupado em hotel etc.) ou profissional (consultório do médico, escritório do advogado, dependências da empresa não franqueadas ao público etc.). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 39 52) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) Uma lei nova, desde que seja de ordem pública, pode incidir sobre prestações futuras de um contrato preexistente, admitindo-se, portanto, que assuma caráter retroativo. Item errado. A doutrina estabelece uma diferença entre lei de ordem privada e lei de ordem pública. Lei de ordem privada é aquela que, normalmente oriunda dos ramos do Direito privado (civil, comercial etc.), regula relações privadas, negócios privados. Lei de ordem pública é aquela que, de regra oriunda dos ramos do Direito público (administrativo, penal, processual penal etc.), regula as relações entre o Estado e os indivíduos, com supremacia de atuação do primeiro. Acontece que, em certos ordenamentos constitucionais, a garantia ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito só é invocável diante de lei de ordem privada, isto é, nesses ordenamentos uma lei de ordem pública tem aplicação imediata, podendo prejudicar direito adquirido e ato jurídico perfeito. No Brasil, a proteção ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito pode ser invocada tanto frente a lei de ordem pública quanto frente a lei de ordem privada, isto é, nem lei de ordem privada, nem lei de ordem pública pode desrespeitar esses institutos. Portanto, o enunciado está errado porque afirma que uma lei nova, desde que seja de ordem pública, pode assumir caráter retroativo, ou seja, retroagir no tempo alcançando prestações futuras de um contrato celebrado no passado. No Brasil as leis novas somente podem alcançar contratos celebrados a partir de sua entrada em vigor (garantia de irretroatividade da lei, prevista no inciso XXXVI, do art. 5º da CF). 53) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) A garantia constitucional da irretroatividade da lei não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. Item certo. A garantia constitucional da irretroatividade da lei está prevista no inciso XXXVI do art. 5º da Constituição, segundo o qual “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Esse exercício da Esaf reproduz a Súmula 654 do STF, que tem o seguinte enunciado: “A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.” CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 40 Significa dizer que as entidades estatais – União, estados, Distrito Federal e municípios – não podem, hoje, estabelecer em lei certa obrigação e, amanhã, alegar direito adquirido para furtar-se ao pagamento de tal obrigação. Vamos examinar uma situação hipotética. Imagine que a União aprove, hoje, em 2007, uma lei concedendo aumento de remuneração retroativo a 1º de janeiro de 2006, isto é, contemplando período já trabalhado pelos servidores. Em momento seguinte, a União se recusa a efetuar o pagamento desse aumento, relativamente ao período pretérito, invocando a proteção ao direito adquirido. Nessa situação é que assume relevância a Súmula 654 do STF, pois ela proíbe que a União – entidade que editou a lei estabelecendo a obrigação retroativa – invoque futuramente a proteção ao direito adquirido para furtar-se ao seu cumprimento. Então, quando estiver fazendo a prova, pense assim: a garantia constitucional da irretroatividade da lei (art. 5º, XXXVI) foi outorgada às pessoas frente às entidades estatais; não pode a entidade estatal que elaborou a lei invocar tal garantia para, futuramente, furtar-se ao cumprimento da obrigação estabelecida nessa lei. 54) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) Sempre que um grupo de indivíduos sofre uma mesma lesão a direito individual pode buscar reparação por meio de mandado de segurança coletivo por ele mesmo impetrado. Item errado. Não faça essa confusão! Pessoas naturais não têm legitimação para impetrar mandado de segurança coletivo. Mandado de segurança coletivo somente pode ser impetrado pelas entidades indicadas no inciso LXX do art. 5º da Constituição Federal, a saber: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados. Se um grupo de indivíduos sofre uma mesma lesão a direito individual, poderá impetrar um mandado de segurança individual, formando-se a figura processual denominada “litisconsorte ativo” (pluralidade de sujeitos ativos numa ação). 55) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) É necessariamente nulo todo o processo em que se descobre uma prova ilícita. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 41 Item errado. Quando é detectada a presença de provas ilícitas nos autos de processo, faz-se o chamado “desentranhamento”, isto é, as provas ilícitas serão retiradas do processo. Mas, casohaja outras provas lícitas autônomas nos autos, o processo poderá ter a sua regular continuidade com base nestas provas. 56) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) É válida a prova de um crime descoberta acidentalmente durante a escuta telefônica autorizada judicialmente para apuração de crime diverso. Item certo. A situação descrita nessa assertiva pode ser assim exemplificada. Imagine que, no curso de determinada investigação criminal, o Poder Judiciário autorize a interceptação das comunicações telefônicas de João, suspeito da prática delituosa. Em seguida, na execução da medida, durante a gravação das conversas telefônicas, aparece, num dos diálogos, Pedro, como praticante de um crime. Veja que, nessa situação, Pedro aparece acidentalmente, como um estranho, que até então não era alvo da investigação. Porém, a prova levantada contra ele é considerada lícita, pois foi gravada com autorização do Poder Judiciário (embora a autorização judicial tenha recaído sobre o telefone de João, ela alcança as ligações ativas e passivas deste). Essa prova é denominada “prova acidental”, pois, de fato, o seu surgimento se dá acidentalmente, no âmbito de uma investigação de outro crime. 57) (ESAF/AFC/CGU/2006) A Constituição Federal reconhece a instituição do júri, assegurado-lhe a irrecorribilidade dos seus veredictos. Item errado. Ao autorizar a criação do júri, a Constituição Federal prescreve como princípio a ser observado na sua instituição a soberania dos veredictos (art. 5º, XXXVIII). Entretanto, o STF firmou entendimento de que a “soberania dos veredictos” do júri não impede a interposição de recursos perante o Poder Judiciário contra suas decisões. Segundo o Tribunal, a soberania dos veredictos está na obrigação de, caso seja declarada pelo Poder Judiciário a nulidade do julgamento do CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 42 júri, retornar os autos para constituição de novo júri, a fim de realizar-se novo julgamento, sem os vícios verificados no julgamento anterior. 58) (ESAF/AFC/CGU/2006) O exercício do direito de petição aos Poderes Públicos, independentemente de taxas, para defesa de direitos, depende, nos termos constitucionais, de disciplina legal. Item errado. O direito de petição e o direito de certidão, remédios constitucionais administrativos previstos no inciso XXXIV do art. 5º da Constituição, são normas de aplicabilidade imediata, que independem de regulamentação por lei. 59) (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) Na vigência do estado de sítio, poderá haver restrição da liberdade de reunião, não sendo admitida a suspensão desse direito, uma vez que ele tem proteção constitucional até mesmo contra alterações pelo poder constituinte derivado. Item errado. Determina o art. 137 da Constituição que o Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. As medidas que poderão ser tomadas contra as pessoas na vigência do estado de sítio dependem da hipótese autorizadora de sua decretação (inciso I ou inciso II do art. 137 da Constituição, transcritos acima). Temos, então, o seguinte: a) na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no inciso I do art. 137, só poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: I - obrigação de permanência em localidade determinada; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 43 III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; IV - suspensão da liberdade de reunião; V - busca e apreensão em domicílio; VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; VII - requisição de bens. b) na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no inciso II do art. 137, poderão ser tomadas contra as pessoais medidas restritivas ainda mais amplas, haja vista a Constituição não ter estabelecido nenhuma lista de restrições (veja que as medidas exaustivamente enumeradas nos incisos do art. 139 dizem respeito ao estado de sítio decretado com base no inciso I do art. 137). Ou seja, não é necessário se restringir à enumeração anterior. 60) (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) A liberdade de manifestação do pensamento, nos termos em que foi definida no texto constitucional, só sofre restrições em razão de eventual colisão com o direito à intimidade, vida privada, honra e imagem. Item errado. A liberdade de pensamento (art. 5º, IV), como qualquer outro direito e garantia fundamental, não tem natureza absoluta, sofrendo restrições impostas por outros valores constitucionalmente protegidos. Dentre esses valores que impõem restrições à liberdade de pensamento, podemos destacar, além dos já apontados no próprio enunciado, a vedação ao racismo (art. 5º, XLII), isto é, a manifestação de pensamento do indivíduo não pode ser racista. 61) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) Como regra geral, os direitos fundamentais somente podem ser invocados em juízo depois de minudenciados pelo legislador ordinário. Item errado. Em regra, os direitos fundamentais têm aplicabilidade imediata, podendo ser invocados pelo titular independentemente da expedição de norma regulamentadora pelo legislador ordinário (CF, art. 5º, § 1º). Daí o erro da questão. Porém, devemos destacar que nem todos os direitos e garantias fundamentais têm aplicabilidade imediata. Essa é a regra geral, mas não se trata de regra absoluta. Há direitos e garantias fundamentais gravados CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 44 em normas de eficácia limitada, dependentes de regulamentação ordinária para a invocação do direito nelas previsto (exemplos: art. 7º, XX e XXVII). Vale lembrar, ainda, que essa regra que estabelece a aplicação imediata para os direitos e garantias fundamentais, embora esteja prevista no § 1º do art. 5º, aplica-se também a direitos e garantias fundamentais previstos em outros artigos da Constituição. 62) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) Pode-se afirmar que, no direito brasileiro, o direito à vida e à incolumidade física são direitos absolutos, no sentido de que nenhum outro previsto na Constituição pode sobre eles prevalecer, nem mesmo em um caso concreto isolado. Item errado. No constitucionalismo moderno a regra é a não-existência de direitos fundamentais de natureza absoluta. Os direitos e garantias fundamentais não podem, por exemplo, ser invocados para acobertar uma prática criminosa. Assim, o direito à vida e o direito à incolumidade física não são absolutos, podendo ser afastados diante de um caso concreto (em legítima defesa, por exemplo, esses direitos poderão ser violados legitimamente, com plena proteção do ordenamento jurídico). Ademais, vale lembrar, no caso de guerra declarada a própria Constituição admite a pena de morte (CF, art. 5º, XLVII, a). 63) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) O agente político do Estado não pode invocar o direito à privacidade, enquanto estiver no exercício do cargo. Item errado. O exercício de mandato ou função pública não subtrai do agente político o direito à privacidade e à intimidade. O que o Poder Judiciário tem feito, em determinadoscasos concretos, especialmente no caso da prática de delito em detrimento do exercício da função pública, é impor certo abrandamento a esse direito à privacidade, em respeito a outros princípios constitucionais, como o da publicidade e o da moralidade, que informam a atuação de todo o agente público (CF, art. 37). 64) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) A Constituição em vigor expressamente admite a possibilidade de leis retroativas no ordenamento brasileiro. Item certo. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 45 A Constituição admite expressamente a retroatividade da lei penal benéfica ao réu (CF, art. 5º, XL). É bom lembrar que, no Brasil, não só a lei penal benigna pode retroagir. Leis de outras naturezas também poderão ser retroativas, desde que outorgando tratamento benigno ao indivíduo frente ao Estado. 65) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) O direito de reunião em lugares abertos ao público não depende de prévia autorização de autoridade pública. Item certo. O direito de reunião não exige autorização, mas sim prévio aviso à autoridade competente (CF, art. 5º, XVI). 66) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) A obrigação de reparação do dano decorrente da prática de um delito desaparece com a morte da pessoa condenada pela prática desse delito. Item errado. A Constituição determina que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, mas a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens podem, nos termos da lei, ser estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido (CF, art. 5º, XLV). 67) (ESAF/AFC/STN/2005) As associações não poderão ser compulsoriamente dissolvidas, havendo a necessidade de decisão judicial, transitada em julgado, para a simples suspensão de suas atividades. Item errado. As associações poderão ser dissolvidas, desde que por decisão judicial transitada em julgado. Poderão também ter suas atividades suspensas por decisão judicial, não se exigindo, neste caso, o trânsito em julgado (CF, art. 5º, XIX). 68) (ESAF/AFC/STN/2005) O princípio da anterioridade nonagesimal, direito individual do contribuinte, não se aplica ao imposto de renda. Item errado. Esse enunciado da Esaf é um daqueles difíceis de engolir! Sabe-se que o princípio da anterioridade tributária – previsto no art. 150, III, b, da CF – foi gravado como cláusula pétrea pela jurisprudência do STF. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 46 Aliás, foi ao reconhecer o princípio da anterioridade como cláusula pétrea que o STF firmou o entendimento de que a cláusula pétrea “direitos e garantias individuais” (CF, art. 60, § 4º, IV) protege outros direitos e garantias individuais além daqueles expressamente enumerados no art. 5º da Constituição. Então, por que o enunciado está errado? Está errado porque, ao firmar essa posição, o STF deixou assente que o princípio da anterioridade tributária é cláusula pétrea por representar uma garantia individual do contribuinte (e não um direito individual, como afirma o enunciado!). Difícil de agüentar um trocadilho desses, não?! Bem, vamos pelo menos aproveitar esse enunciado para alguma coisa: vamos revisar a distinção entre direitos fundamentais e garantais fundamentais. Os direitos fundamentais representam certos bens inseridos no texto da Constituição. As garantias fundamentais visam a assegurar a fruição, a proteção desses bens. Assim, ao direito à locomoção (CF, art. 5º, XV) corresponde a garantia do habeas corpus (CF, art. 5º, LXVIII). Ao direito de informação (CF, art. 5º, XXXIII) correspondem a garantia do direito de petição aos poderes públicos (CF, art. 5º, XXXIV) e a garantia do mandado de segurança (CF, art. 5º, LXIX) para o caso de ilegalidade que obstaculize o exercício daquele direito – e assim por diante. 69) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A configuração constitucional do princípio do acesso à justiça, quanto aos beneficiários do direito à assistência jurídica integral e gratuita prestada pela Defensoria Pública ou por quem lhe faça as vezes, apenas obriga o Estado e efetuar esse serviço aos que comprovarem insuficiência de recursos. Item certo. Determina a Constituição que o Estado está obrigado a prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos (CF, art. 5º, LXXIV). Essa obrigação estatal, de fato, alcança somente aqueles que comprovarem insuficiência de recursos. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 47 A incumbência de prestar essa assistência é da Defensoria Pública (CF, art. 134). Veja que o enunciado diz “prestada pela Defensoria Pública ou por quem lhe faça as vezes”. Essa afirmação está perfeita, porque aqueles estados-membros que até hoje não criaram Defensoria Pública estão obrigados a prestar essa assistência por meio de outros órgãos, haja vista tratar-se de direito fundamental de aplicabilidade imediata. O direito à assistência jurídica integral e gratuita alcança pessoas naturais e pessoas jurídicas e contempla honorários de advogado e perito (o exame de DNA, por exemplo, deve ser custeado pelo Estado àqueles que comprovarem insuficiência de recursos). 70) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É assegurada a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva, não podendo a lei, em virtude do livre exercício dos cultos religiosos e da inviolabilidade da liberdade de crença, estabelecer restrições àquela prestação. Item errado. A Constituição assegura a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva, nos termos da lei (CF, art. 5º, VII). Essa expressão “nos termos da lei” não deixa dúvidas sobre a possibilidade de o legislador ordinário estabelecer restrições a essa prestação. É bom que fique claro, entretanto, que mesmo se não houvesse essa expressão, a lei poderia impor restrições a essa prestação religiosa, desde que respeitado o princípio da razoabilidade. Isso porque, como vimos, o constitucionalismo moderno refuta a idéia da existência de direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta. 71) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Os direitos e garantias fundamentais expressos na Constituição Federal não poderão ser objeto de restrição ou suspensão, salvo na vigência de estado de defesa ou estado de sítio. Item errado. Os direitos e garantias fundamentais não têm natureza absoluta e, como tais, poderão ser objeto de restrição diante de casos concretos, ou mediante lei. A própria lei pode impor restrições ao exercício dos direitos fundamentais, desde que observado o princípio da razoabilidade, isto é, desde que as CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 48 restrições impostas sejam: (a) necessárias; (b) adequadas; e (c) na medida certa (proporcionalidade em sentido estrito). Em suma, trata-se da chamada teoria dos limites dos limites, que pode ser assim entendida: I - não existem direitos e garantias fundamentais de natureza absoluta; II - logo, o legislador ordinário pode impor limites ao exercício desses direitos e garantias; III - entretanto, o poder da lei de impor limites ao exercício de direitos e garantias constitucionais não é ilimitado, haja vista que o legislador ordinário deverá respeitar o núcleo essencial desses institutos e, também, o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade - que exige necessidade, adequação e proporcionalidade estrita da restrição imposta. Enfim, a “teoria dos limitesdos limites” impõe o seguinte: “o poder da lei de impor limites ao exercício de direitos e garantias constitucionais se sujeita, por sua vez, a limites, haja vista que a limitação imposta só será válida se respeitar o núcleo essencial de tais institutos e, também, o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade”. Por fim, é verdade que durante o estado de defesa (CF, art. 136, § 1º) e o estado de sítio (CF, art. 139) a própria Constituição autoriza a restrição e suspensão de direitos fundamentais. Mas, não é só nesses casos que poderão ser impostas restrições ao exercício dos direitos fundamentais. Também em circunstâncias normais poderão eles ser restringidos e suspensos, desde que presentes os requisitos acima apontados. 72) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A reprodução em emenda constitucional de direito constante de tratado internacional sobre direitos humanos em que a República Federativa do Brasil seja parte eleva esse direito no ordenamento jurídico brasileiro a status constitucional. Item certo. Sabe-se que os tratados internacionais celebrados pela República Federativa do Brasil em geral são aprovados pelo Congresso Nacional, por meio de decreto legislativo, e ulteriormente promulgados pelo Presidente da República, por decreto. Quando aprovados por esse rito legislativo, incorporam-se ao nosso ordenamento com status de lei ordinária federal. Por outro lado, sabe-se que as emendas à Constituição legitimamente aprovadas pelas Casas do Congresso Nacional incorporam-se ao nosso CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 49 ordenamento com status constitucional, isto é, na mesma posição hierárquica das normas constitucionais originárias. Ora, o enunciado disse, então, o óbvio: se um direito previsto em tratado internacional (norma ordinária) é reproduzido em emenda à Constituição (norma constitucional), esse direito é elevado a status constitucional no ordenamento jurídico brasileiro! Vale lembrar que, depois da promulgação da EC nº 45/2004 (Reforma do Judiciário), é possível que tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos sejam incorporados ao nosso ordenamento com status constitucional (equivalente à emenda constitucional), desde que sejam aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros (CF, art. 5º, § 3º). 73) (ESAF/PFN/2004) Sempre que o interesse público entra em linha de colisão com um interesse individual, aquele deve prevalecer. Item errado. Não há regra pré-determinada para a solução de conflito entre interesses individuais e coletivos. Não podemos jamais dizer que um interesse coletivo prevalecerá sempre sobre um direito individual, tampouco que um interesse individual prevalecerá sempre sobre um interesse coletivo. Exemplificando: o interesse público de desvendar um crime não pode desconsiderar valores individuais, como a inviolabilidade da intimidade (CF, art. 5º, X); um interesse individual (direito de propriedade, por exemplo) não pode sempre se sobrepor ao público (a propriedade não pode desrespeitar o direito público ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, por exemplo). Somente diante de um caso concreto, de acordo com suas características, podemos fazer a avaliação e decidir pela prevalência de um ou de outro. 74) (ESAF/PFN/2004) No conflito entre princípios constitucionais, os que se referem a direitos fundamentais devem sempre prevalecer sobre os demais. Item errado. Em um Estado democrático e pluralista como o nosso, a Constituição protege os mais diferentes bens, senão vejamos. Por um lado, assegura- se o direito à propriedade (art. 5º, XXII); por outro, exige-se que a propriedade cumpra a sua função social (art. 5º, XXIII); em outro dispositivo, permite-se a desapropriação da propriedade (art. 5º, XXIV), CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 50 ou a sua requisição administrativa pela autoridade competente em caso de iminente perigo público (art. 5º, XXV). Alguns desses valores são definidos como fundamentais (art. 5º ao 17), outros como cláusulas pétreas (art. 60, § 4º) – e assim por diante. Entretanto, em um regime de Constituição rígida, como o nosso, todos esses direitos constitucionais têm o mesmo valor, a mesma força normativa. Não existe relação de subordinação, de hierarquia entre eles. São todos formalmente constitucionais e se equivalem em teor normativo e hierárquico. Logo, não se pode dizer jamais que alguns prevalecerão sempre sobre os demais, como afirmado nesse enunciado da Esaf. Aqui também vale a máxima já citada anteriormente: não há regra pré-determinada para a solução de conflito entre direitos fundamentais. Fica aqui uma dica para a prova (e não foi a única vez que a ESAF cobrou isso): quando um enunciado afirmar que um direito constitucional (seja ele qual for!) deve prevalecer sempre sobre outro direito constitucional, nem perca tempo, porque a assertiva está ERRADA! 75) (ESAF/PFN/2004) Quando dois princípios constitucionais colidem, um deles invariavelmente exclui o outro como inválido. Item errado. Quando num caso concreto temos um conflito (ou colisão) entre princípios constitucionais, não podemos dizer que um deles será excluído do ordenamento constitucional. De jeito nenhum. Ora, em se tratando de princípios insertos na Constituição, os dois permanecerão em vigor. O intérprete deverá, por meio de um juízo de ponderação, buscar a harmonia entre os princípios conflitantes, reduzindo proporcionalmente o alcance de ambos, até chegar à solução do caso concreto, com a prevalência de um ou de outro princípio (mas, com a mantença de ambos no ordenamento constitucional). Mas, sempre tendo a certeza de que os dois princípios constitucionais conflitantes deverão permanecer no ordenamento constitucional, com plena validade para a aplicação a outros casos concretos. 76) (ESAF/PFN/2004) Uma lei desarrazoada pode ser, por isso, declarada inconstitucional. Item certo. Lei desarrazoada é aquela que desrespeita o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade e, como tal, é inconstitucional. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 51 O princípio implícito da razoabilidade tem a sua sede material no art. 5º, LIV, da Constituição, que determina a observância do devido processo legal. Como se trata de princípio constitucional implícito, diz-se que o princípio da razoabilidade é parte integrante do devido processo legal na sua acepção substantiva. E qual a relevância do princípio da razoabilidade? O princípio da razoabilidade atua como um limite à imposição de restrição a direito constitucional. Significa dizer que as leis restritivas de direito só serão válidas se forrem razoáveis, isto é, se respeitarem o princípio da razoabilidade. Aquelas leis restritivas que ultrapassarem a razoabilidade serão inválidas, por serem desarrazoadas ou irrazoadas. E qual o conteúdo do princípio da razoabilidade? O que o princípio da razoabilidade exige das leis restritivas de direito? O princípio da razoabilidade impõe às leis restritivas de direito a observância de três requisitos: (a) necessidade; (b) adequação; (c) medida certa (proporcionalidade estrita). Significa dizer que qualquer lei restritiva de direito só será válida se a restrição por ela imposta for necessária (justificável perante o interesse público), adequada (que tenha condições de atingir o fim almejado) e proporcional (deve existir uma equivalência entre a restrição imposta e o fim a ser atingido; não haverá essa proporcionalidade se houver outros meios menos gravosos do que o adotadopela lei para o atingimento do mesmo fim). Pois bem, as leis restritivas de direito que respeitarem esses requisitos serão razoáveis, constitucionais; as leis restritivas de direito que desrespeitarem algum desses requisitos serão desarrazoadas, inconstitucionais. 77) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Os direitos fundamentais, na ordem constitucional brasileira, não podem ter por sujeitos passivos pessoas físicas. Item errado. Embora a regra numa relação jurídica envolvendo direito fundamental seja o indivíduo figurar no pólo ativo (como titular do direito) e o Estado no pólo passivo (como obrigado à satisfação do direito), nada impede que uma pessoa física figure como sujeito passivo num direito fundamental. Um bom exemplo é o direito de requisição administrativa da propriedade particular pelo Poder Público no caso de iminente perigo público (CF, art. 5º, XXV). Nesse caso, o titular da propriedade particular, que poderá ser CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 52 pessoa física, figurará como sujeito passivo, obrigando-se perante o Poder Público, que é o titular desse direito fundamental. 78) (ESAF/PFN/2004) A ofensa à imagem de um indivíduo pode gerar pretensão de indenização por danos materiais, não, porém, de indenização por danos meramente morais. Item errado. A ofensa à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas assegura o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente dessa violação (CF, art. 5º, X). Se for o caso, as indenizações – por dano moral e por dano material – poderão cumular-se, isto é, um mesmo ato de violação pode gerar o direito à indenização por dano material e moral, simultaneamente. 79) (ESAF/PFN/2004) O patrimônio dos indivíduos está garantido contra o confisco, não se admitindo a perda de bens como sanção criminal. Item errado. A perda de bens é uma das penas admitidas pela Constituição Federal (art. 5º, XLVI, b). Vale lembrar que a Constituição permite, também, que a pena de perdimento de bens seja estendida aos sucessores e contra eles executada, até o limite do valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV). 80) (ESAF/PFN/2004) É inconstitucional a cobrança de contribuição previdenciária de servidores públicos já aposentados na data da criação da contribuição, por ofensa ao direito adquirido. Item errado. A Emenda Constitucional nº 41/2003 (Reforma da Previdência) passou a prever a cobrança de contribuição previdenciária dos servidores públicos inativos e dos pensionistas. A exigência da contribuição previdenciária daqueles que já eram inativos ou beneficiários de pensão à data da promulgação da emenda foi impugnada em ação direta de inconstitucionalidade – ADIN perante o STF, mas o Tribunal firmou entendimento de que essa exigência é constitucional. Dentre outros fundamentos, o STF deixou assente que não existe direito adquirido à não-imposição de tributos e que, portanto, uma situação hoje não tributada poderá ser atingida pela tributação amanhã, ressalvadas as imunidades constitucionais. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 53 81) (ESAF/FISCAL/PA/2002) O princípio constitucional da igualdade entre homens e mulheres impede que se confira qualquer direito a pessoas do sexo feminino que não seja extensível também às do sexo masculino. Item errado. O princípio constitucional da igualdade entre homens e mulheres (CF, art. 5º, I) não impede tratamento discriminatório entre os sexos, desde que haja razoabilidade para o critério diferenciador. Por exemplo: é plenamente possível a realização de concurso público só para as pessoas do sexo feminino, desde que as atribuições do cargo justifiquem (concurso para o cargo de agente penitenciário numa prisão feminina, por exemplo). 82) (ESAF/AFRF/2000) O Ministério Público pode determinar a interceptação das ligações telefônicas de suspeito, desde que haja indícios fortes da prática do delito. Item errado. O Ministério Público não dispõe de competência para determinar a interceptação das ligações telefônicas de suspeito. A autorização para interceptação telefônica é medida sujeita à chamada “reserva de jurisdição”, isto é, que só pode ser determinada por ordem judicial (CF, art. 5º, XII). 83) (ESAF/AFRF/2000) O preso não está obrigado a responder perguntas feitas pela autoridade policial e pela autoridade judiciária. Item certo. O preso tem o direito a manter-se calado durante seu interrogatório, não podendo o seu silêncio ser usado em seu desfavor, haja vista que ninguém está obrigado a incriminar a si próprio (CF, art. 5º, LXIII). Vale lembrar que, além do direito ao silêncio, o preso tem o direito constitucional de ser informado desse seu direito a permanecer calado. Significa dizer que o interrogatório realizado sem a advertência ao preso quanto ao seu direito de permanecer calado é absolutamente nulo. 84) (ESAF/AFRF/2000) Ninguém pode ser preso até ser considerado culpado em sentença transitada em julgado. Item errado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 54 A Constituição determina que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória – princípio da presunção da inocência, previsto no art. 5º, LVII. Esse princípio, porém, não impede a prisão do indivíduo antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, vale dizer, são constitucionais as prisões cautelares (em flagrante, temporária, preventiva). Segundo o STF, a força desse princípio na vigência da atual Constituição é somente impedir o lançamento do nome do réu no rol dos culpados antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória, isto é, o réu não pode ser registrado (“fichado”) para os fins penais antes de sua condenação definitiva. 85) (ESAF/AFC/2000) Por força do princípio da legalidade, o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe, enquanto os poderes públicos somente podem fazer o que a lei autoriza. Item certo. É diferente a força do princípio da legalidade para os particulares e para os agentes públicos. Aos particulares é lícito fazer tudo aquilo que a lei não proíba. Não é necessária uma lei autorizando determinado comportamento, basta que não exista lei proibindo-o. Para os agentes públicos, o princípio da legalidade deve ser compreendido de forma diferente. O agente público, no exercício de suas funções, somente poderá agir conforme o estabelecido em lei. Inexistindo previsão legal para uma hipótese, não há possibilidade de atuação administrativa. 86) (ESAF/AFRF/2000) De acordo com o princípio da legalidade, a lei pode retroagir para fixar penas mais rigorosas, em casos de crimes hediondos. Item errado. Determina a Constituição que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (CF, art. 5º, XL). 87) (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) Por ser direito personalíssimo, os indivíduos só têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular. Item errado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 55 A Constituição estabelece que todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado (art. 5º, XXXIII). 88) (ESAF/PFN/2006) O direito constitucional de reunião não protege pretensão do indivíduo de não se reunir a outros.Item errado. O direito de reunião, previsto no inciso XVI do art. 5º da Constituição, protege não só o direito de reunir-se, mas, também, o direito de não querer participar da reunião. Sobre isso, observe o que já disse o Ministro Celso de Mello sobre o direito de reunião: “a) O direito de reunião constitui faculdade constitucionalmente assegurada a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no País; b) os agentes públicos não podem, sob pena de responsabilidade criminal, intervir, restringir, cercear ou dissolver reunião pacífica, sem armas, convocada para fim lícito; c) o estado tem o dever de assegurar aos indivíduos o livre exercício do direito de reunião, protegendo-os, inclusive, contra aqueles que são contrários à assembléia; d) o exercício do direito de reunião independe e prescinde de licença da autoridade policial; e) a interferência do estado nas reuniões legitimamente convocadas é excepcional, restringindo-se, em casos particularíssimos, a prévia comunicação do ato à autoridade do local da assembléia; f) o direito de reunião, permitindo o protesto, a crítica e a manifestação de idéias e pensamento, constitui instrumento de liberdade dentro do estado moderno”. Veja que está destacado, em negrito, a parte que se refere, especificamente, ao aspecto abordado no enunciado da Esaf, que é o fato de esse direito proteger, também, aqueles que não queiram participar da reunião. 89) (ESAF/PFN/2006) A vedação constitucional à pena de caráter perpétuo se circunscreve à esfera das reprimendas penais. Item errado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 56 Segundo a jurisprudência do STF, a vedação à pena de caráter perpétuo (art. 5º, XLVII, b) alcança, também, a esfera administrativa. Significa dizer que não pode ser adotada no Brasil nem pena criminal perpétua, nem penalidade administrativa de caráter perpétuo. 90) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) Segundo a Constituição Federal de 1988, a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio permanente para sua utilização, bem como proteção às criações industriais e à propriedade das marcas. Item errado. A Constituição estabelece que a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País (art. 5º, XXIX). Aproveitando a questão, gostaríamos de chamar sua atenção para os seguinte detalhe. Diferentemente da disciplina dos inventos industriais, a CF/88 garante aos autores o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar (art. 5°, XXVII). Em suma, no caso de direito autoral sobre obras literárias, por exemplo, é garantido o direito exclusivo permanente, sendo que a lei irá estabelecer o período de utilização por parte dos herdeiros. Por outro lado, no caso de inventos industriais, a lei poderá limitar o período de utilização do próprio autor. 91) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) A proteção da honra, prevista no texto constitucional brasileiro, que se materializa no direito a indenização por danos morais, aplica-se apenas à pessoa física, uma vez que a honra, como conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, é qualidade humana. Item errado. A proteção à honra e à imagem, prevista no inciso X do art. 5º da Constituição, aplica-se às pessoas naturais e às pessoas jurídicas. 92) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) A competência da União para legislar sobre as condições para o exercício de profissões é uma restrição à liberdade de ação profissional. Item certo. Estabelece a Constituição que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 57 estabelecer (art. 5º, XIII). Conforme examinado em aula pretérita, trata-se de típica norma constitucional de eficácia contida, que poderá posteriormente ser restringida por lei. Essa competência para legislar sobre as qualificações/condições para o exercício de profissões é privativa da União, por força do art. 22, XVI, da Constituição. 93) (ESAF/APO/MPOG/2005) Nos termos da Constituição Federal, não há possibilidade do civilmente identificado ser obrigado a ser submetido à identificação criminal. Item errado. Determina a Constituição que o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei (art. 5º, LVIII). Como se vê, o legislador ordinário pode prever situações em que a identificação criminal será obrigatória. 94) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assinale a opção correta. a) A Constituição veda todo tratamento diferenciado entre brasileiros que tome como critério o sexo, a etnia ou a idade dos indivíduos. b) O direito à incolumidade física expressa caso de direito fundamental absoluto. c) A liberdade de expressão garantida pela ordem constitucional diz respeito à atividade de comunicação de fatos verídicos, atuais ou históricos, não alcançando as opiniões em torno deles. d) A publicação da fotografia de alguém, que causa constrangimento e aborrecimento, pode ensejar indenização por danos morais. e) É nulo o processo em que se produz prova ilícita, mesmo que nele haja outras provas, não decorrentes da prova ilícita, que permitam a formação de um juízo de convicção sobre a causa. Gabarito: “d” A assertiva “a” está errada porque o princípio constitucional da isonomia não impede a fixação, em lei, de tratamento diferenciado entre brasileiros, levando-se em conta os mais variados critérios (sexo, etnia, idade, altura etc.), desde que haja razoabilidade para a discriminação. A assertiva “b” está errada porque, conforme exaustivamente examinado nesta aula, os direitos e garantias fundamentais não têm natureza absoluta. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 58 A assertiva “c” está errada porque a liberdade de expressão alcança, também, as opiniões sobre fatos verídicos, atuais ou históricos. A assertiva “d” está certa porque a publicação da fotografia de alguém, que causa constrangimento, humilhação ou aborrecimento, pode ensejar indenização por danos morais, por força da inviolabilidade da imagem, prevista no inciso X do art. 5º da Constituição. Aliás, vale lembrar que, segundo a jurisprudência do STF, a publicação não autorizada de fotografia pode ensejar indenização por danos morais, independentemente da comprovação de dano à reputação da vítima. A assertiva “e” está errada porque a mera presença de provas ilícitas nos autos não invalida, necessariamente, o processo, se nele há provas lícitas autônomas (isto é, não derivadas das provas ilícitas). 95) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Em que caso haverá invasão ilícita de domicílio: a) um agente público, munido de determinação judicial, força a sua entrada, à noite, na casa de um cidadão, para realizar uma busca e apreensão. b) um agente público ingressa na casa de um cidadão, à noite, em seguida a consentimento oral do morador. c) um transeunte, que é médico, força a entrada na casa de um cidadão, depois que vizinhos desse lhe narram que o morador está passando mal e não tem como solicitar socorro por si mesmo. d) um particular, para libertar pessoas seqüestradas, que se encontram cativas em uma residência, nela força a sua entrada, mesmo com a oposição do moradore sem mandado judicial. e) em seguida a uma enchente, que causa destruição e mortes, particulares ingressam, à noite, numa das casas atingidas pela calamidade, em busca de feridos, mesmo sem autorização judicial. Gabarito: “a” Determina a Constituição que a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial (art. 5º, XI). Portanto, na hipótese da assertiva “a” a invasão é ilícita, haja vista que, por determinação judicial, a penetração na casa do indivíduo somente poderá se dar durante o dia. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 59 Nas demais assertivas, a invasão é lícita. Na hipótese da assertiva “b”, houve consentimento do morador; nas assertivas “c” e “e”, a invasão é para prestar socorro; na assertiva “d”, tem-se situação de flagrante delito. 96) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a jurisprudência do STF, não é permitida a regionalização de critérios de concorrência em concursos para acesso a cargos públicos, por ofensa ao princípio da universalidade que informa esse tipo de concurso. Item errado. A controvérsia sobre a regionalização de concurso público foi levada à apreciação do STF por um candidato ao cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal – AFRF, pois os últimos concursos da Receita Federal (desde 1996) foram regionalizados (no concurso de AFRFB/2009, não há mais a regionalização), vale dizer, os candidatos concorreram por Região Fiscal. As vagas são distribuídas por diferentes regiões e o candidato opta por uma região, concorrendo exclusivamente às vagas correspondentes à região escolhida. Com a adoção desse critério, é comum o candidato ser reprovado na região de sua escolha, embora tenha obtido pontuação que o aprovaria em diversas outras regiões no mesmo concurso. O candidato pode ser reprovado na região “x” com 246 pontos, enquanto outros candidatos ao mesmo cargo podem ser aprovados em outras regiões com 201 pontos. Essa regionalização sempre foi muito criticada. Primeiro, porque concurso público deve ser informado por critérios objetivos, e com a regionalização passa-se a ter no certame um elemento aleatório, incerto, sujeito ao acaso (que é a sorte – ou o azar – na escolha da região!). Segundo, porque com a regionalização não são aprovados os candidatos de maior pontuação, o que, para muitos, contraria o objetivo maior do certame, que é selecionar os candidatos mais preparados. Terceiro, porque o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal é nacional e, portanto, logo no primeiro concurso de remoção após o ingresso dos novos servidores, o Auditor já poderá ser removido para as mais diferentes regiões do País (ou seja, na prática, a regionalização só existe no momento do ingresso no cargo!). Mas, discussões à parte, o fato é que o STF considerou a regionalização constitucional, e isso é o que vale para a prova. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 60 97) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, a inviolabilidade do sigilo das correspondências, das comunicações telegráficas e dos dados não é absoluta, sendo possível sua interceptação, sempre excepcionalmente, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, quando este direito estiver sendo exercido para acobertar práticas ilícitas. Item certo. Vimos que o constitucionalismo moderno não aceita a idéia da existência de direitos e garantias fundamentais de caráter absoluto. Logo, a inviolabilidade das correspondências, por exemplo, não pode ser invocada pelo indivíduo para acobertar uma prática ilícita, criminosa. É comum, diante da prática de certos crimes (crime de seqüestro, por exemplo), a violação das correspondências, em respeito ao direito à vida, ameaçado pela prática delituosa. 98) (ESAF/AFC/2000) Para o exercício do direito de reunião pacífica, sem armas e em lugar aberto ao público, não se exige prévia autorização da autoridade administrativa, mas se exige que a ela seja dirigido prévio aviso. Item certo. O direito de reunião não exige autorização da autoridade competente, mas exige prévio aviso (CF, art. 5º, XVI). Além do prévio aviso à autoridade competente, exige a Constituição que a reunião seja realizada pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, e que não frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. Uma última orientação sobre o direito de reunião: se houver ilegalidade ou arbitrariedade contra o direito de reunião, o meio idôneo para reparação dessa ilegalidade ou arbitrariedade é o mandado de segurança, e não o habeas corpus. É impressionante a quantidade de vezes que o direito de reunião é cobrado em concurso! Acho que chega, não é mesmo? 99) (ESAF/AFC/2000) Segundo o princípio do juiz natural, não se pode despojar alguém da sua liberdade ou da sua propriedade sem que se lhe assegure o direito ao contraditório. Item errado. O princípio do juiz natural está consagrado em dois incisos do art. 5º da Constituição: não haverá juízo ou tribunal de exceção (inciso XXXVII) e CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 61 ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente (inciso LIII). O inciso XXXVII veda a criação de juízo ou tribunal de exceção, para o julgamento casuístico de um determinado crime. Seria inconstitucional, por exemplo, a criação, às pressas, de um tribunal para o julgamento de um grave crime de terrorismo que tenha sido cometido no Brasil. O inciso LIII proíbe o julgamento, pelos juízos e tribunais existentes, de matéria que não seja de sua competência. Seria absolutamente nula, por exemplo, uma sentença penal condenatória proferida por um Juiz de Direito (Justiça Estadual) se a competência para a apreciação da matéria pertence à Justiça Federal. A assertiva está errada porque não se refere ao princípio do juízo natural, mas sim ao princípio do contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV), que é um dos requisitos do princípio do devido processo legal (art. 5º, LIV). 100) (ESAF/AFC/2000) O exercício do direito de criar associação depende de autorização da autoridade pública competente, nos termos da lei. Item errado. A criação de associações independe de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento (art. 5º, XVIII). 101) (ESAF/AFC/STN/2000) De acordo com o direito brasileiro, as normas de tratados internacionais de que o Brasil faz parte têm prevalência sobre as leis e as emendas à Constituição. Item errado. A natureza jurídica dos tratados internacionais sofreu mudança recente, mas não altera o entendimento sobre essa assertiva. Em face das recentes decisões do STF, podemos afirmar que os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Brasil poderão assumir três diferentes posições hierárquicas ao serem incorporados ao nosso ordenamento pátrio. Em nenhum dos casos, suas normas terão prevalência sobre as emendas constitucionais. Vejamos as três posições: I - status de supralegalidade – tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos (não é “direitos fundamentais” de forma geral) incorporados pelo rito ordinário (mediante decreto legislativo aprovado por maioria simples nas Casas Legislativas); CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 62 II - status de emenda constitucional – tratados e convençõesinternacionais sobre direitos humanos incorporados pelo rito especial do § 3º do art. 5º da Constituição Federal (mediante decreto legislativo aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos respectivos membros); III - status de lei ordinária federal – demais tratados e convenções internacionais que não tratam de direitos humanos. 102) (ESAF/AFC/STN/2000) A proibição da prisão civil pelo constituinte não impede a prisão de quem deixa de cumprir, de modo voluntário e inescusavelmente, obrigação alimentícia. Item certo. Em regra, a Constituição proíbe a prisão civil por dívida (art. 5º, LXVII). Na época dessa questão eram permitidas as prisões civis: (a) do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia; e (b) do depositário infiel. Como visto de forma bastante detalhada nessa aula, atualmente, nosso ordenamento jurídico só admite a prisão civil do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. Só pra te lembar: isso se deve à recepção do Pacto de San Jose com status de supralegalidade. 103) (ESAF/AFC/STN/2000) Por força do princípio da isonomia, toda norma que estabeleça tratamento jurídico diferenciado entre brasileiros é inconstitucional. Item errado. O princípio da isonomia não proíbe tratamento diferenciado entre brasileiros. Nada impede que a lei estabeleça tratamento diferenciado, desde que haja razoabilidade, isto é, desde que haja justificativas plausíveis para a discriminação. Assim, a lei poderá estabelecer tratamento diferenciado levando em conta, dentre outros, o critério sexo (exigência de esforço físico mais brando para o sexo feminino em teste de determinado concurso público; concurso público só para o sexo feminino, para o ingresso no cargo de agente penitenciário numa prisão feminina etc), o critério idade (estabelecimento de idade mínima e máxima para o ingresso em certos cargos públicos, cujas atribuições justifiquem; atendimento prioritário aos idosos etc.), o critério econômico (créditos públicos facilitados para a população de baixa renda etc.) – e outros. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 63 Vale lembrar que, segundo a jurisprudência do STF, em se tratando de concurso público, as restrições ao princípio da igualdade só poderão ser estabelecidas em lei. Significa dizer que editais de concurso e outros atos administrativos em geral (decretos, portarias etc.) não podem estabelecer restrições ao princípio de igualdade em concurso público. Quando isso é dito em sala de aula, sempre algum candidato diz que “o edital x estabeleceu idade mínima”. Ora, é evidente que o edital, como regramento do concurso, apresentará a restrição. Porém, para que a restrição trazida no edital seja válida, é indispensável que tal restrição esteja prevista na lei de organização da respectiva carreira. Se a lei não estabelece nenhuma restrição, se não há previsão legal, a restrição trazida exclusivamente no edital é inválida. 104) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, não cabe a impetração de mandado de segurança objetivando assegurar direito líquido e certo à insubmissão a certa modalidade de tributação, na hipótese de o ato coator apontado se confundir com a própria adoção de medida provisória. Item certo. Essa questão está reproduzindo uma decisão do STF, que indeferiu preliminarmente mandado de segurança interposto para assegurar direito líquido e certo à insubmissão a retenção de tributos prevista em medida provisória (MS-ED 25.265/DF, rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgamento em 28/03/2007, DJ 08/06/2007). Naquela oportunidade, o Supremo entendeu que a referida medida provisória veiculava apenas medidas gerais e abstratas. Então, remeteu à conhecida Súmula 266 daquela Corte: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese.” Vale comentarmos que foi publicada nova lei sobre o mandado de segurança (Lei 12016/09) em que foram positivados vários aspectos já sedimentados pela jurisprudência. Acreditamos que quem já conhecia o assunto “mandado de segurança” não vai ter dificuldades por causa dessa mudança, sendo os detalhes específicos mais relevantes no âmbito do direito processual civil. Assim, dispõe a lei que será concedido mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 64 de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça (art. 1°, caput). É de se observar que os processos de mandado de segurança e os respectivos recursos terão prioridade sobre todos os atos judiciais, salvo habeas corpus (art. 20). Lembre-se que os atributos de certeza e liquidez referem-se à matéria de fato, e não à matéria de direito. Assim, não há óbice para se impetrar mandado de segurança em assuntos juridicamente controvertidos. Por outro lado, não caberá mandando de segurança contra (art. 5°): I - ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução; II - decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; III - decisão judicial transitada em julgado; IV - atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público (art. 1°, §2°). É interessante você observar que pela primeira vez o mandado de segurança coletivo foi regulamentado em legislação infraconstitucional (a “antiga” lei era de 1951 e não tratava disso, já que o MS coletivo foi criado pela CF/88). Assim, o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por (art. 21): I - partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária; ou II - organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. O direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo dividem-se em (art. 21, §1°): I - coletivos → transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica; CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 65 II - individuais homogêneos → decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante. Quanto aos efeitos do mandado de segurança coletivo, a lei estabelece que, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetrante (art. 22). Segundo a lei, o MS coletivo não afetará as ações individuais (não induz litispendência), mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração da segurança coletiva. Quanto à liminar no âmbito do MS coletivo, só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setentae duas) horas. 105) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) O uso de algemas só é lícito em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada previamente a excepcionalidade por escrito. Item errado. A assertiva faz remissão à Súmula Vinculante n° 11, publicada em homenagem ao fundamento da República da dignidade da pessoa humana e à inviolabilidade da honra e imagem das pessoas: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” Observa-se que não há exigência de que essa justificativa seja prévia. Daí o erro da questão. 106) (ESAF/AFC/STN/2008) Depreende-se claramente da Constituição que menor de dezoito anos de idade pode ser responsabilizado pela prática de conduta descrita como crime. Item certo. A assertiva está de acordo com o art. 228 da CF/88, que garante a inimputabilidade penal aos menores de 18 anos, mas já prevê a possibilidade de responsabilização pela legislação especial. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 66 107) (ESAF/AFC/STN/2008) Do regime e dos princípios adotados pela Constituição Federal ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte não podem decorrer quaisquer direitos e garantias que não estejam expressamente previstos na própria Constituição. Item errado. Os direitos e garantias fundamentais estão em enumeração aberta na CF/88. Observe o art. 5°, §2°: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.” Ou seja, outros direitos e garantias podem ser acrescentados, como o foram, de fato, alguns direitos hoje previstos. 108) (ESAF/AFC/STN/2008) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a ampliar a aplicação das normas definidoras dos direitos e garantias. Item errado. Quanto a esse assunto vamos comentar dois detalhes: I – São cláusulas pétreas apenas os direitos e garantias individuais; II – Não se admite a emenda constitucional tendente a abolir os direitos e garantias individuais. Ou seja, EC pode versar sobre direitos e garantias individuais desde que não tenda a aboli-los. Portanto, podem os direitos e garantias individuais serem ampliados, sem se cogitar ofensa a cláusula pétrea. 109) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. Item errado. A assertiva tentou confundir o candidato ao dar ao mandado de injunção as características do mandado de segurança (art. 5°, LXIX). “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 67 ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.” O mandado de injunção é remédio constitucional destinado a corrigir omissão governamental que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Há um importante e novo detalhe sobre esse assunto! O Supremo Tribunal Federal, em sua nova composição, abandonou a tradicional posição “não concretista” e passou a adotar a posição “concretista” no tocante aos efeitos da decisão proferida no mandado de injunção. Com isso, ao julgar procedente o mandado de injunção, o Tribunal passou a concretizar, desde logo, o exercício do direito constitucional carente de norma regulamentadora. Foi o que aconteceu, por exemplo, no mandado de injunção em que se discutia o direito de greve do servidor público, tendo o Tribunal firmado entendimento de que, até que seja elaborada a lei específica reclamada pela Constituição (art. 37, VII), os servidores poderão exercer o direito de greve, obedecendo-se ao regramento da lei de greve do setor privado (Lei nº 7.783/1989). Fique atento, pois esse detalhe vem sendo cobrado. 110) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Item errado. Mais uma vez a ESAF tentou confundir o candidato trocando o conceito dos remédios constitucionais. Em verdade, a ação popular será concedida para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. A ação popular é remédio destinado à defesa de direitos coletivos e colocado à disposição de qualquer cidadão para viabilizar uma forma de participação e controle popular dos atos da administração pública. A ação popular é gratuita e de natureza cível. Como tal, não é alcançada pela competência do foro especial por prerrogativa de função perante o STF. O c . CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 68 111) (ESAF/TFC/CGU/2008) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura, observada a necessidade de licença. Item errado. Trata-se do basilar direito à liberdade de expressão (inciso IX do art. 5° da CF/88): “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.” Portanto, não há necessidade de licença. E daí o erro da questão. A liberdade de expressão ainda inclui os incisos IV, V, IX e XIV do art. 5° da CF e inclui também a liberdade de pensamento, idéias e informações. É interessante observar que esse direito não é absoluto, já que encontra limites nos direitos à proteção constitucional à vida privada (art. 5°, V e X) e na vedação ao racismo, por exemplo. Por fim, tratando de liberdade de expressão, vale lembrar que o STF decidiu que a CF não recepcionou o art. 4º, V, do Decreto-lei 972/69, o qual exige o diploma de curso superior de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. Com essa decisão, nossa Corte Maior posicionou-se no sentido de que, se por um lado a liberdade de expressão não é direito absoluto, por outro lado, é inadmissível que a legislação crie embaraços à liberdade de informação, como poderia ocorrer com a exigência do referido diploma. 112) (ESAF/AFRF/2005) Cumpridas as demais condições de elegibilidade, previstas na Constituição Federal, todos os que tiverem feito alistamento eleitoral são elegíveis. Item errado. Essa questão versa sobre direitos políticos (disciplinados nos art. 14 a 16 da CF/88), mais especificamente sobre elegibilidade. A elegibilidade é a capacidade eleitoral passiva, ou o direito de ser votado. Primeira observação a ser feita é que todo elegível é eleitor (visto que a alistabilidade, ou capacidade de votar, é uma condição de elegibilidade). Mas nemtodo eleitor pode ser eleito, já que é exigível o cumprimento de outros requisitos. Na verdade, para concorrer a um mandato eletivo é necessário: (i) o cumprimento da condições de elegibilidade; e (ii) a não-incidência em nenhuma das inelegibilidades. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 69 Observe então que não basta cumprir as condições de elegibilidade, diferentemente do que afirma a questão. Por isso ela está ERRADA. Com efeito, é necessário não estar na posição de inelegível. Continuando..... As condições de elegibilidade são: I – nacionalidade brasileira (ou condição de equiparado); II – pleno exercício dos direitos políticos; III – alistamento eleitoral; IV – domicílio eleitoral na circunscrição; V – idade mínima (na data da posse); VI – filiação partidária. Todavia, como visto, para ser eleito, além de preencher essas condições, o cidadão não pode se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade, tratadas na próxima questão. 113) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) No âmbito dos direitos políticos, o analfabeto pode votar, mas não pode ser eleito para nenhum cargo eletivo. Item certo. Essa questão trata mais especificamente sobre as inelegibilidades. Vamos dar uma olhada rápida nesse assunto. As inelegibilidades funcionam como impedimentos à candidatura a um mandato eletivo, implicando a ausência de capacidade eleitoral passiva (capacidade de ser votado). A CF apresenta algumas inelegibilidades. Mas esse rol não é exaustivo, já que o § 9° do art. 14 prevê que lei complementar poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade. A inelegibilidade pode ser absoluta (relacionada a qualquer cargo eletivo) ou relativa (em razão de algumas situações, em que o candidato não pode se eleger para determinados cargos, podendo ser eleito para outros). Sabemos que você já conhece os casos de inelegibilidades. Mas dê uma olhada nesse esquema que agrupa sistematicamente essas situações, como forma de revisão. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 70 Além desses casos, vale trazer uma jurisprudência do STF sobre a chamada “ficha suja” do candidato. Segundo o Supremo, a vida pregressa do candidato pode se constituir em inelegibilidade apenas no caso de trânsito em julgado. É dizer: o mero apontamento e desenvolvimento de uma ação judicial, sem o trânsito em julgado, não tem o condão de caracterizar a inelegibilidade. A assertiva trata de uma das inelegibilidades absolutas: os analfabetos. O analfabeto pode votar (embora não esteja obrigado, o voto é facultativo!), mas é absolutamente inelegível, isto é, não pode ser eleito para nenhum cargo (CF, art. 14, §§ 1º e 4º). Assim, correta a questão. 114) (ESAF/TRF/2003) Basta ter nacionalidade brasileira para ter o direito de ser votado. Item errado Foi comentado logo acima que há vários requisitos para se obter a de capacidade eleitoral passiva (capacidade de ser votado). Assim, não basta ter nacionalidade brasileira. 115) (ESAF/TRF/2003) Os conscritos podem votar. Item errado. Além dos analfabetos, a CF/88 apresenta outro caso de inelegibilidade absoluta. Trata-se dos conscritos (art. 14, §2°), que não podem votar: “não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos.” 116) (ESAF/PROCURADOR/BACEN/2001) As hipóteses de inelegibilidade estão dispostas taxativamente no texto constitucional. Item errado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 71 O rol das inelegibilidades expresso no art. 14 da CF/88 não é exaustivo. Assim, o § 9° do art. 14 prevê que lei complementar poderá estabelecer outros casos de inelegibilidade relativa. 117) (ESAF/AFRF/2005) O alistamento eleitoral facultativo não implica obrigatoriedade do voto. Item certo. Segundo o art. 14, §1º, II, o alistamento eleitoral e o voto são facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; e c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Ou seja, enquanto os maiores de 18 anos em geral são obrigados a votar, essas três categorias de cidadãos acima podem optar se querem ou não se alistar. Essa faculdade não é afastada pelo ato de se alistar. É dizer: mesmo que venham a se alistar, não estarão obrigados a votar. 118) (ESAF/TRF/2003) Um determinado cidadão brasileiro pode ter o direito de votar e não ter o de ser votado. Item certo. Como já exaustivamente comentado, não basta ser eleitor para ser elegível, sendo necessário que o cidadão preencha outros requisitos. 119) (ESAF/AFRF/2005) A condenação criminal, transitada em julgado, de brasileiro naturalizado implica a perda dos seus direitos políticos. Item errado O art. 15 da CF/88 veda a cassação de direitos políticos, como forma de se evitar o retorno a antigas práticas arbitrárias de supressão de direitos. Além disso, o art. 15 ainda lista os casos de perda ou suspensão dos direitos políticos: I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; II - incapacidade civil absoluta; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. A distinção entre suspensão e perda dos direitos políticos é que a primeira é temporária e essa última é definitiva. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 72 Agora vem a parte mais complicada: quais seriam os casos de perda e quais seriam os casos de suspensão? Bom, a Constituição não especifica isso. O que podemos dizer é que é pacífico que os casos previstos nos itens II, III e V são casos de suspensão. Já o item I é caso de perda de direitos políticos. Quanto ao item IV, há bastante divergência... Enquanto para a doutrina (prof. Alexandre de Moraes, por exemplo) o item IV seria caso de perda, há diploma legal (Lei 8.239/91) tratando-o como caso de suspensão. Para responder a questão, você precisa apenas saber que o item III é um dos casos de suspensão, estando, por isso, ERRADA a questão. 120) (ESAF/TRF/2003) O brasileiro nato sempre poderá exercer o direito ao sufrágio. Item errado. Nem todo brasileiro nato pode votar. São exemplos os menores de 16 anos e aqueles que tiverem seus direitos políticos suspensos. Nessas condições, mesmo sendo brasileiros natos, essas pessoas não podem votar. 121) (ESAF/AFRF/2005) Os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, serão sempre brasileiros natos, porque o Brasil adota, para fins de reconhecimento de nacionalidade nata, o critério do jus solis. Item errado. Apesar de adotar, como regra, o critério ius solis, a CF/88 prevê algumas exceções, em que predomina o critério ius sanguinis. Nesse sentido, nem toda pessoa que nasça no território brasileiro será brasileira. Segundo o art. 12, I, “a”, serão brasileiros natos os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país. A contrario sensu, se os pais forem estrangeiros e estiverem no Brasil a serviço de seu país, mesmo os nascidos no Brasil não serão brasileiros natos. 122) (ESAF/AFRF/2005) Nos termos da Constituição Federal, o cargo de Ministro de Estado da Justiça é privativo de brasileiro nato. Item errado. O art. 12, §3° apresenta os cargos privativos de brasileiros natos. Observe bem quais são eles, pois é comum que sejam cobradas questõessobre isso: CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 73 “§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa.” Não se encontra nesse rol o cargo de ministro da justiça. Portanto, fique atento: o único cargo de ministro de Estado que é privativo de brasileiro nato é o de Ministro da Defesa. 123) (ESAF/TRF/2003) Todo brasileiro nato é cidadão passível de exercício do poder de votar e de ser votado. Item errado. Assunto já analisado nas assertivas anteriores. A condição de brasileiro nato não basta nem para votar (capacidade eleitoral ativa), nem para ser votado (capacidade eleitoral passiva). 124) (ESAF/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ANA/2009) É livre a manifestação de pensamento e protegido o anonimato. Item errado. O art. 5°, IV, assegura a livre manifestação do pensamento. Todavia, é vedado o anonimato como forma de possibilitar a responsabilização daquele que venha a causar danos a terceiros no exercício da liberdade de expressão. 125) (ESAF/ ANALISTA ADMINISTRATIVO /ANA/2009) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. Item certo. O direito de resposta está compreendido e contrapõe-se à liberdade de expressão. Assim, essa última encontra limites na esfera de direitos íntimos do indivíduo. Caso esses direitos sejam violados, cabe direito de resposta, incluindo a indenização se houver dano. A questão reproduz o art. 5°, V. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 74 126) (ESAF/ ANALISTA ADMINISTRATIVO /ANA/2009) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Item certo. Já vimos questão anterior sobre a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Segundo o art. 5°, IX, o exercício desse direito independe de censura ou licença. 127) (ESAF/TFC/CGU/2008) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, desde que haja autorização da autoridade pública competente e que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. Item errado. Como vimos, o direito de reunião (assim como ocorre com o direito de associação) liga-se à liberdade de expressão e ao sistema democrático de governo. Podemos dizer que é uma forma coletiva de exercício da liberdade de expressão. A assertiva está ERRADA por contrariar o inciso XVI do art. 5° da CF. Observe que não é necessária a autorização do Poder Público, sendo exigido apenas: (i) aviso prévio; (ii) fins pacíficos; (iii) ausência de armas; (iv) locais abertos ao público; e (v) não-frustração de outra reunião anteriormente marcada para o mesmo local. 128) (ESAF/TFC/CGU/2008) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Item certo. A questão trata do direito à informação e está de acordo com o previsto no inc. XXXIII do art. 5º da Constituição Federal: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. 129) (ESAF/TFC/CGU/2008) A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 75 Item certo. Tendo em vista a relevância do direito à liberdade, a CF estabelece direitos para o preso. De início, podemos observar que exceto nas prisões militares ou em flagrante, a CF limita às autoridades judiciárias a competência para determinar a prisão. Vale lembrar que durante o estado de defesa e estado de sítio a própria CF admite a prisão administrativa (arts. 136, §3°, I e 139). Além disso, as normas constitucionais assinalam a necessidade de concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança, devendo em qualquer hipótese dar-se o relaxamento da prisão ilegal. A nossa ordem constitucional assegura ainda direitos subjetivos ao preso, indiciado ou réu, dentre os quais (art. 5°, XLVIII a L e LXI a LXVI): I – o de permanecer calado, incluindo a necessidade de ser advertido por parte dos agentes públicos sobre esse direito ao silêncio; II – o de respeito à sua integridade física e moral; III – o de receber assistência de sua família e de seu advogado; IV – o de que os responsáveis por sua prisão e interrogatório sejam identificados; V – a garantia de que sua prisão e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à sua família ou à pessoa por ele indicada; VI – o de que a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; VII – o de que às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; Portanto, correta a questão, por estar de acordo com art. 5°, XLVIII. Ademais, o STF firmou entendimento de que o uso de algemas deve ter caráter excepcional e o seu excesso configura afronta à dignidade do preso e à presunção de inocência. É o que se depreende da Súmula Vinculante 11: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 76 ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” Já comentamos exaustivamente que a nossa ordem jurídica admite ainda a prisão civil por inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia. Vale a pena comentar jurisprudência do Supremo segundo a qual as prisões cautelares por período prolongado, além do necessário à satisfação de suas finalidades, são incompatíveis com o princípio da dignidade da pessoa humana. E, por fim, vale lembrar que a prisão ilegítima, por afrontar o direito de locomoção, pode ser combatida por meio de habeas corpus (art. 5°, LXVIII). “LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. 130) (ESAF/TFC/CGU/2008) Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. Item certo. De acordo com o comentado na assertiva anterior, a questão está CORRETA. Observe que ela limita-se a reproduzir o teor do inc. L do art. 5° da CF/88. 131) (ESAF/TFC/CGU/2008) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, é possível afirmar que os tratados e convenções sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, portrês quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às (aos) a) emendas constitucionais. b) leis ordinárias. c) leis complementares. d) decretos legislativos. e) leis delegadas. Gabarito: “a” Caso um tratado sobre direitos humanos (não é sobre direitos fundamentais em geral) seja aprovado pelo mesmo procedimento das CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 77 emendas constitucionais, ele será equivalente a uma emenda constitucional, de acordo com o art. 5°, §3°. 132) (ESAF/AFC/CGU/2008) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, observados os limites estabelecidos pela censura e obtenção de licença nos termos da lei. Item errado. A assertiva trata da liberdade intelectual e de criação. Segundo o art. 5°, IX, da CF: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;” Não se esqueça de que nossa Constituição de 1988 extinguiu a censura prévia. 133) (ESAF/AFC/CGU/2008) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a pagamento pela utilização devidamente autorizada e o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Item errado. É interessante destacar que o direito à inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas é um dos limites da liberdade de expressão. Observe que são livres a manifestação do pensamento (art. 5°, IV) e a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação (art. 5°, IX), mas é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem (art. 5°, V). Ademais, segundo o art. 5°, X, da CF/88: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” Ou seja, a Constituição assegura a indenização pelo dano (material ou moral) que seja decorrente da violação intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas. Mas não abrange a utilização devidamente autorizada. 134) (ESAF/AFC/CGU/2008) Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, mas a obrigação de reparar o dano e a decretação CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 78 do perdimento de bens vai até o limite do valor do patrimônio dos sucessores. Item errado. Trata-se do princípio da pessoalidade da pena (art. 5°, XLV), segundo o qual a condenação penal é intransmissível. Ou seja, não vai além do condenado, não se estendendo aos parentes, amigos etc. Não prejudicam o princípio da pessoalidade da pena a transmissão do dever de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens, desde que se atenham ao limite do valor transferido. Assim, fique atento: não há possibilidade de a condenação alcançar o patrimônio de terceiros, mas tão somente aquele patrimônio transferido. Por isso o erro da questão. Nos termos da CF/88: “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;” 135) (ESAF/AFC/CGU/2008) O Estado brasileiro também é regido por um princípio de estatura constitucional que visa a impedir que sejam frustrados os direitos políticos, sociais, culturais e econômicos já concretizados, tanto na ordem constitucional como na infraconstitucional, em atenção aos objetivos da República Federativa do Brasil, que são os de promover o bem de todos, sem quaisquer formas de discriminação, constituir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Assinale a opção que denomina com exatidão o princípio constitucional descrito. a) Proibição do retrocesso no domínio dos direitos fundamentais e sociais. b) Proibição de juízo ou tribunal de exceção. c) Proibição de privação da liberdade ou de bens patrimoniais sem o devido processo legal. d) Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. e) Proibição de privação de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 79 Gabarito: “a” Os direitos sociais são direitos de segunda dimensão e estão catalogados entre os art. 6° e 11° da Constituição. Em geral, os direitos sociais em espécie são cobrados pela ESAF de forma bastante literal. Portanto, vale a pena dar uma lida do art. 7°, principalmente. Quanto à teoria envolvida com esses direitos, podemos destacar a título de revisão dois importantes aspectos: (i) a proibição do retrocesso; e (ii) a reserva do financeiramente possível. Vale destacar que os direitos sociais exigem uma prestação do poder público, atuando no sentido de efetivar a sua concretização, principalmente por meio de políticas públicas. Digamos que o legislador infraconstitucional tenha regulamentado determinado direito social constitucional de forma a torná-lo efetivo. Entende a doutrina que não poderia mais haver um retrocesso na aplicação desse direito. Ou seja, não seria admissível uma lei que revogasse ou prejudicasse aquele direito que antes havia sido concretizado e era plenamente exercitável. Nesse sentido, uma lei ordinária ou emenda constitucional que prejudicasse direito social já concretizado poderia ser impugnado por inconstitucionalidade por contrariar o princípio da proibição do retrocesso social. Por outro lado, os direitos sociais estão sujeitos à chamada reserva do financeiramente possível. Ou seja, a concretização dos direitos sociais encontra limites não só na razoabilidade da pretensão deduzida em face do Poder Público como também na existência de disponibilidade financeira do Estado. Daí se afirmar que a concretização dos direitos sociais se sujeita à cláusula da reserva do financeiramente possível, segundo a qual o Poder Público está obrigado a implementar as políticas públicas que levem à concretização dos direitos sociais previstos na Constituição, mas no limite do financeiramente possível. Por exemplo, com fundamento nessa cláusula, tem-se entendido que a fixação do valor do salário-mínimo em patamar inferior àquele esperado para a satisfação das necessidades vitais do trabalhador (moradia, alimentação, educação, transporte, saúde, vestuário, lazer, higiene, transporte e previdência social) não implica desrespeito à Constituição, tendo em vista a limitação dos recursos financeiros estatais disponíveis. 136) (ESAF/APO/MPOG/2008) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 80 imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Assinale a opção que indica com exatidão a objeção que legitimamente pode ser oposta ao Estado para eximir-se de obrigação legal a todos imposta. a) Escusa de obrigação legal. b) Escusa de direitos. c) Escusa de consciência. d) Escusa de prestaçãoalternativa. e) Escusa de liberdade. Gabarito: “c” Desde o advento da República, o Brasil é um país laico (leigo ou não confessional), o que significa que aqui não há religião oficial. Nesse sentido, a nossa Carta Magna assegura a liberdade de crença, religiosa e de convicção política e religiosa nos seguintes termos: “VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei.” Observe que a questão cobrou o conhecimento do inciso VIII do art. 5°. Esse comando constitucional consagra o direito à denominada “escusa de consciência”, “objeção de consciência”, ou ainda “alegação de imperativo de consciência”. Portanto, correta a letra ”c”. Assim, é assegurado ao indivíduo o direito de se recusar a cumprir determinada obrigação que seja conflitante com suas convicções religiosas, políticas ou ideológicas. Observe que se trata de dispositivo de eficácia contida (prescreve um direito constitucional imediatamente exercitável, mas que poderá posteriormente ser restringido por lei), que deve assim ser interpretado: a) a princípio, o indivíduo não poderá ser privado de direito por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política; CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 81 b) enquanto não existir prestação alternativa fixada em lei, o indivíduo poderá eximir-se de obrigação legal a todos imposta, por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política; c) fixada em lei a prestação alternativa, o indivíduo poderá eximir-se de obrigação legal a todos imposta, desde que cumpra a prestação alternativa fixada em lei; d) porém, se o indivíduo se recusar a cumprir a obrigação a todos imposta e também a prestação alternativa fixada em lei, poderá legitimamente ser privado de seus direitos (CF, art. 15, IV). 137) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante ou de interesse coletivo ou geral, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Item errado. Segundo o art. 5°, LXXII, será cabível o habeas-data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. É de se destacar ainda o cabimento para a complementação das informações e anotações, quando elas forem justificáveis. Assim, o habeas data é direito personalíssimo. Não é cabível para conhecimento de informações de terceiros, nem de interesse coletivo ou geral. Você pode perguntar: mas o direito de informação não garante o acesso a informações de interesse coletivo e geral, nos termos do art. 5°, XXXIII? Correto, mas a violação a esse direito será protegida por meio de mandado de segurança, já que não cabe a utilização de habeas data. 138) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) O exercício dos direitos sociais como educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados, depende da existência de lei disciplinando cada um desses direitos. Item errado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 82 Os direitos sociais constituem prestações positivas proporcionadas pelo Estado Social de Direito a fim de proporcionar melhores condições de vida aos indivíduos. São, assim, relacionados ao direito à igualdade. Classificado como um dos grupos dos direitos fundamentais, aos direitos sociais se aplica aquele comando constitucional segundo o qual “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata” (art. 5°, §1°). Ou seja, o aplicador do direito deve efetivar a aplicação imediata desses direitos (com a maior eficácia), independentemente de regulação por parte do legislador ordinário. A questão está errada, pois dá a entender que, como regra, os direitos sociais seriam de eficácia limitada (de acordo com a classificação já vista na primeira aula). Mas, observe: essa regra de aplicação imediata não é absoluta. Embora a regra seja a eficácia e a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais, o fato é que existem direitos fundamentais que realmente consubstanciam normas de eficácia limitada, dependentes de regulamentação por lei para a produção de seus efeitos essenciais. Com efeito, a Constituição faz depender de legislação ulterior a aplicação plena de algumas normas definidoras de direitos sociais (veja, por exemplo, os incisos XX, XI e XXVII do art. 7°). 139) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Item certo. A assertiva reproduz o teor do art. 5°, LXXI. Como vimos, trata-se de remédio constitucional criado para proteger o indivíduo contra a omissão governamental em dar efetividade ao direito constitucionalmente assegurado, incidindo na denominada violação negativa do texto constitucional. São pressupostos de cabimento do mandado de injunção: I – falta de norma regulamentadora de um preceito constitucional de natureza mandatória; II – inviabilização do exercício de um direito ou liberdade constitucional; III – o transcurso de prazo razoável para a elaboração da norma. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 83 Estabelecendo então uma relação entre esse assunto e o da primeira aula podemos observar que as normas constitucionais cuja ausência de regulamentação dará ensejo à impetração de mandado de injunção são as de eficácia limitada, salvo aquelas definidoras de princípios institutivos de natureza facultativa. Apesar de não estar previsto expressamente, admite-se o mandado de injunção coletivo, que poderá ser impetrado, por analogia, pelos mesmos legitimados ao mandado de segurança coletivo a fim de viabilizar direitos constitucionalmente previstos, mas que estejam inviabilizados pela ausência de regulamentação. É interessante você associar o mandado de injunção e a nova posição concretista do Supremo a uma nova perspectiva de maior ativismo judicial, sem prejuízo do princípio da separação dos poderes. Assim, por um lado, não é desejável a atuação de legislador positivo por parte do Poder Judiciário no caso da existência de diploma elaborado pelo Legislativo. Por outro lado, a inexistência de lei configurando inércia desarrazoada, negligente e desidiosa, que inviabilize o exercício de direitos fundamentais, pode legitimar uma postura atuante do Judiciário no âmbito do mandado de injunção. 140) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) É assegurada licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 180 dias. Item errado. Como todos sabem, a gestante tem direito à licença. Mas, por qual período: 120 ou 180 dias? Não confunda.O art. 7°, XVIII, assegura licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias. 141) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) É assegurada assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 24 anos de idade, em creches e, de acordo com a idade e a evolução pessoal, em estabelecimentos de ensino fundamental, de ensino médio e de ensino superior. Item errado. Essa não foi difícil: 24 anos de idade? Bom, de acordo com o art. 7°, XXV, a assistência gratuita aos filhos e dependentes é assegurada desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas. Esse limite de idade foi alterado pela EC n° 53/2006. As bancas adoram mudanças, não é? Por isso, guarde essa informação! CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 84 142) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Proíbe-se trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. Item certo. O art. 7°, XXXIII, proíbe o trabalho aos menores de dezesseis anos. Admite- se apenas aquele realizado na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Caso o trabalho seja perigoso, insalubre ou em horário noturno, serão necessários pelo menos 18 anos. 143) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. Item errado. O mandado de injunção é cabível quanto a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania (art. 5°, LXXI). Como já foi visto, para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo, é utilizado o habeas data (art. 5°, LXXII, “b”). 144) (ESAF/ ANALISTA ADMINISTRATIVO /ANA/2009) É resguardado a todos o sigilo da fonte e assegurado o acesso à informação. Item errado. De acordo com o art. 5°, XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. A regra é o acesso de todos às informações de interesse público ou geral. Diferentemente, a garantia do sigilo da fonte apenas subsiste no caso de ser indispensável ao exercício profissional. Assim, não é regra dirigida a todos, mas aos profissionais de jornalismo. E tem por finalidade o mesmo princípio do acesso à informação, visto que sem o resguardo ao sigilo da fonte, determinadas informações não seriam divulgadas por receio do próprio informante. 145) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) Sobre os direitos e garantias fundamentais, nos termos da Constituição da República, CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 85 é correto afirmar que, desde que previstas em lei, é permitida a aplicação de penas a) de morte, agravada no caso de guerra declarada. b) de trabalhos forçados. c) de suspensão ou interdição de direitos. d) de banimento. e) cruéis. Gabarito: “c” Revisando as penas admitidas (art. 5°, XLVI) e vedadas (art. 5°, XLVII) pela nossa ordem constitucional. XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: XLVII - não haverá penas: - privação ou restrição da liberdade; - de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX - perda de bens; - multa; - de caráter perpétuo - prestação social alternativa; - de trabalhos forçados - suspensão ou interdição de direitos - de banimento - de morte no caso de guerra declarada - cruéis Ou seja, a única alternativa que atende à nossa CF/88 é a letra “c”. 146) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Item errado. O mandado de injunção é remédio constitucional destinado a corrigir omissão governamental que inviabilize o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 86 Observe que a questão apresentou o conceito do habeas data (art. 5°, LXXII), que será cabível: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. Será cabível o habeas data ainda no caso de complementação de dados ou, nos termos da Lei 9.507/97, “para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável”. 147) (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) O direito à razoável duração dos processos administrativos tem expressa previsão constitucional, dentro dos direitos e garantias fundamentais. Item certo. A EC n° 45/2004 (Reforma do Judiciário) introduziu norma que assegura a razoável duração do processo judicial e administrativo (art. 5°, LXXVIII): “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.” Esse direito fundamental, agora positivado, decorre do entendimento de que uma duração indefinida do processo afeta a proteção judicial efetiva e a própria dignidade da pessoa humana. Assim, o Supremo tem concedido habeas corpus em prisões cautelares em razão do excesso de prazo. Mas observe: logicamente, não há que se alegar excesso de prazo se o atraso decorre de atos protelatórios da própria defesa. 148) (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) Para que manifestantes possam reunir-se em frente a um determinado órgão fazendário, devem obter prévia autorização da autoridade competente. Item errado. Essa situação trata do direito fundamental de reunião. Segundo o inciso XVI do art. 5° da CF. Observe que não é necessária a autorização do Poder Público, sendo exigido apenas: (i) aviso prévio; (ii) fins pacíficos; (iii) CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 87 ausência de armas; (iv) locais abertos ao público; e (v) não-frustração de outra reunião anteriormente marcada para o mesmo local. Agora, imagine a situação hipotética da assertiva. Imagine ainda que ocorra a violação do direito de reunião sob a alegação de que não houve prévia autorização... Qual seria o remédio constitucional adequado para corrigir essa situação? Se você respondeu Mandado de segurança está correto. Espero que você não tenha respondido habeas corpus... Lembre-se que este último aplica-se no caso de violação à liberdade de locomoção. 149) (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) A Constituição Federal assegura, de forma expressa, os direitos ao contraditório e à ampla defesa somente nos processos judiciais, sendo possível a extensão de tais direitos aos processos administrativos pela via interpretativa. Item errado. Os princípios do Contraditório e da Ampla defesa estão prescritos expressamente no inciso LV do art. 5° e ligam-se intimamente ao princípio do devido processo legal: “aos litigantes,em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Observa-se que a Constituição assegura de forma expressa o contraditório e a ampla defesa aos processos administrativos. Daí o erro da questão. Sobre esse direito, há alguns aspectos a se destacar: Segundo jurisprudência do STF, no âmbito do processo criminal, a garantia constitucional de contraditório não é exigível na fase de inquérito policial, já que essa última afigura-se como uma mera fase investigatória, de natureza administrativa e preparatória para a acusação. Em outras palavras, no inquérito ainda não há acusação. Fala-se em indiciado, já que esse procedimento busca colher provas sobre o fato e sua autoria. Assim, não há que se propiciar o contraditório. Todavia, ofende a garantia do contraditório fundar-se a condenação exclusivamente em elementos informativos do inquérito policial não retificados em juízo. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 88 Outra jurisprudência relevante trata da chamada denúncia genérica. É atentatório ao direito do contraditório o oferecimento de denúncia vaga ou imprecisa, por impedir ou dificultar o exercício do direito de defesa. Por fim, sobre contraditório e ampla defesa, vale a pena transcrevermos três Súmulas Vinculantes: “Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.” (Súmula Vinculante 3) “A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.” (Súmula Vinculante 5) “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.” (Súmula Vinculante 14) 150) (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) Nos termos da Constituição Federal, diversos direitos de trabalhadores rurais e urbanos foram expressamente previstos como aplicáveis também a servidores ocupantes de cargos públicos. Entre as opções abaixo, assinale a que não corresponde a um de tais direitos. a) Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. b) Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo. c) Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais. d) Licença-paternidade, nos termos fixados em lei. e) Proteção do mercado de trabalho da mulher. Gabarito: “a” Essa assertiva contempla tanto o assunto direitos sociais, quanto o assunto administração pública na CF/88. Observamos que é comum ser cobrado quais direitos sociai previstos no art. 7° foram estendidos: (i) aos servidores públicos, art. 39, §3°; e (ii) aos empregados domésticos, art. 7°, §único. Observe os termos do art. 39, §3°: CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 89 “Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.” Com exceção da letra “a”, todas as assertivas apresentam direitos estendidos aos servidores públicos por força do art. 39, §3°. Com efeito, de acordo com a CF/88, o piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho (art. 7°, V), não é um direito incluído dentre aqueles aplicáveis aos servidores públicos. 151) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Aos litigantes são assegurados, em processo administrativo, o contraditório e a ampla defesa, se a respectiva legislação de regência assim o dispuser. Item errado. As garantias do contraditório e ampla defesa estão previstas no art. 5°, LV, e são de eficácia plena, não necessitando de legislação infraconstitucional para surtirem efeito. 152) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Item certo. A assertiva está de acordo com o art. 5°, LIV. O princípio do devido processo legal é um dos mais abrangentes e relevantes direitos constitucionais relativos ao processo no Estado Democrático de Direito. Ele deve ser combinado com os princípios da inafastabilidade da jurisdição (art. 5°, XXXV) e com a plenitude do contraditório e da ampla defesa (art. 5°, LV) Vale lembrar que, segundo a jurisprudência do STF, a sede material (implícita) do princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade está no princípio do devido processo legal (due process of law) na sua acepção substantiva, previsto no inciso LIV do art. 5º da Constituição Federal. 153) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. Item certo. A questão limita-se a reproduzir o art. 5°, LIII, direito fundamental ligado ao processo, que, verificado em conjunto com o art. 5°, XXXVII, consubstancia o princípio juízo natural: “XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;” CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 90 “LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;” Esse princípio propugna pela atuação imparcial do Judiciário ao obstar que seja estabelecido tribunal ou juízo excepcional e garantir que sejam respeitadas absolutamente as regras objetivas de determinação de competência. 154) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. Item certo. Determina a Constituição Federal que as provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no processo (art. 5º, LVI). Assim, a prova ilícita não pode ser utilizada no processo judicial, e nem mesmo no administrativo. A presença de provas ilícitas nos autos de processo – administrativo ou judicial – não o invalida necessariamente. Uma vez detectadas as provas ilícitas, faz-se o que se chama de desentranhamento (separação) das provas ilícitas, que serão retiradas dos autos, podendo o processo prosseguir normalmente, com base nas demais provas lícitas autônomas. Porém, vale lembrar que no desentranhamento deverão ser retiradas do processo as provas ilícitas originárias e, também, todas as demais provas delas derivadas. Isso porque, segundo o entendimento do STF, tem aplicação entre nós a teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), segundo a qual a prova ilícita originária contamina todas as demais provas levantadas a partir dela. Vejamos dois exemplos de aplicação da doutrina da teoria dos frutos da árvore envenenada: Exemplo 1: Tício é preso em flagrante; após a sua prisão, resta comprovado nos autos que sua prisão em flagrante só foi possível em razão de escuta telefônica clandestina (não autorizada pelo Poder Judiciário) realizada anteriormente pela autoridade policial; Tício deve ser colocado imediatamente em liberdade, pois o seu flagrante (prova derivada) está contaminado pela ilicitude da escuta telefônica clandestina (prova originária). Exemplo 2: Tício é preso em flagrante; durante a sua prisão, é interrogado pela autoridade policial, momento em que são produzidas importantes provas; posteriormente, é reconhecida a invalidade da sua prisão; Tício deverá ser colocado imediatamente em liberdade e deverão, também, ser retiradas dos autos do processo todas as provas produzidas com o seu CURSOON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 91 interrogatório, pois essas provas resultantes do interrogatório (provas derivadas) estão contaminadas pela prisão ilícita (prova originária) – afinal, Tício só foi interrogado porque estava preso! Vale lembrar que, por maioria apertada de votos (seis a cinco!), o STF decidiu que essa doutrina é aplicável em nosso país, em respeito ao inciso LVI do art. 5º da Constituição Federal. 155) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. Item certo. A assertiva reproduz o art. 5°, LX, da Constituição Federal, que trata da publicidade dos atos processuais. 156) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) É dever da Administração Pública assegurar aos cidadãos o acesso às informações por ela mantidas mas, ao mesmo tempo, é seu dever resguardar o sigilo da fonte. Item errado. A Constituição Federal assegura o direito de informação ao indivíduo no art. 5°, XXXIII: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.” Trata-se de direito de natureza administrativa decorrente da observância do princípio da publicidade e do controle da administração pública. Esse direito é o mais amplo possível, sendo excepcionado pela necessidade de sigilo que garanta a segurança da sociedade e do Estado. Nesse sentido, não é resguardado o sigilo da fonte. Na verdade, a ESAF quis confundir o candidato ao misturar dois direitos fundamentais. Assim, ao tratar da liberdade de comunicação, a CF assegura o sigilo da fonte, nos termos do art. 5°, XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”. Já vimos que garantia do sigilo da fonte tem como destinatários os jornalistas e protegem o direito à liberdade de expressão e a divulgação de informações que não seriam veiculadas se a fonte devesse ser revelada. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 92 157) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em repartições públicas para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal, coletivo ou geral. Item errado. A assertiva faz menção aos direitos de certidão e de petição previstos no art. 5°, XXXIV: “são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal” Como comentado anteriormente o direito à informação abrange a obrigação do Estado de fornecer informações não só do interesse particular do requerente, mas também de interesse coletivo ou geral. Todavia, essas informações de interesse coletivo e geral não se incluem no direito de certidão, independentemente do pagamento de taxas. Fique atento. Não faça confusão entre os incisos do art. 5°. 158) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Sendo os direitos fundamentais cláusulas pétreas, é inadmissível toda emenda à Constituição que sobre eles disponha. Item errado. Caro aluno, antes de ler nosso comentário, tente encontrar dois erros nessa assertiva. Observe o teor do art. 60, §4°, IV: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: (...) IV - os direitos e garantias individuais.” Conclui-se que: I – são cláusulas pétreas apenas os direito individuais; II – não são vedadas quaisquer emendas que disponham sobre direitos e garantias individuais, mas tão somente aquelas tendentes a abolir esses direitos. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 93 159) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) É constitucionalmente legítima a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa. Item errado. O Supremo pacificou seu entendimento de que taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa viola o princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5°, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito). Veja o teor da Súmula 667: “Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa.” 160) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) As garantias constitucionais da ampla defesa e do devido processo legal têm aplicação exclusiva nos processos administrativos ou judiciais em que alguém se acha na condição de acusado de infração administrativa ou criminal. Item errado. O devido processo legal e a ampla defesa aplicam-se nos processos administrativos e judiciais independentemente de estar alguém na condição de acusado de infração. Observe que o termo “litigantes” deve ser tomado em sua acepção mais abrangente possível, incluindo qualquer situação em que estejam envolvidos interesses contrapostos. De acordo com o art. 5°, LV: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” Assim, em âmbito administrativo, por exemplo, o respeito a esses princípios não se restringe ao processo administrativo disciplinar. O Supremo entende que os princípios do contraditório e da ampla defesa incluem: (i) o acesso às informações do processo; (ii) o direito de manifestação; e (iii) o direito de ver seus argumentos considerados. Segundo a mais recente jurisprudência do STF, a exigência de garantia para a interposição de recurso voluntário (depósito recursal) no âmbito de processo administrativo é inconstitucional, por violar o princípio da ampla defesa (CF, art. 5º, LV). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 94 161) (ESAF/AFT/2003) Aplicado o princípio da reserva legal a uma determinada matéria constante do texto constitucional, a sua regulamentação só poderá ser feita por meio de lei em sentido formal, não sendo possível discipliná-la por meio de medida provisória ou lei delegada. Item errado. As matérias constitucionais que estão protegidas pelo princípio da reserva legal só podem ser regulamentadas por lei ou por outros atos equivalentes ou superiores à lei. Poderão, então, ser regulamentadas por lei ordinária, por lei complementar, por emenda à Constituição e, ainda, por medida provisória e lei delegada, se não for matéria vedada a estas duas espécies normativas. Na verdade, a maior força do princípio da reserva legal é proibir que as matérias constitucionais por ele protegidas sejam tratadas por atos administrativos infralegais em geral, tais como decreto regulamentar, portarias, instruções normativas e outros. Aliás, esse é um ótimo momento para estabelecermos a distinção entre princípio da legalidade e reserva legal. Pois bem, embora esses princípios sejam tratados por muitos como sinônimos, o fato é que a doutrina estabelece distinção entre o princípio da legalidade (mais amplo) e o princípio da reserva legal (mais estrito). O princípio da legalidade estabelece que qualquer comando jurídico impondo comportamentos forçados há de provir de uma das espécies normativas existentes na nossa ordem constitucional.Daí o teor do inciso II do art. 5°: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.” Ou seja, ele opera de maneira geral, sendo que todos os comportamentos humanos estão sujeitos ao princípio da legalidade. Ao contrário, a reserva legal restringe-se a determinados campos materiais especificados na Constituição, que devem ser disciplinados por lei formal. É dizer: a reserva legal aplica-se a determinadas matérias da Constituição. Assim, não faça confusão: não é que algumas matérias estão submetidas à legalidade e outras à reserva legal. Não é isso! O princípio da legalidade aplica-se aos comportamentos do Poder Público de forma geral. E a reserva legal, sim, aplica-se a algumas matérias para as quais a Constituição expressamente estabelece essa relação. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 95 Perceba ainda que quando a Constituição Federal submete certa matéria ao princípio da legalidade, tal matéria poderá ser disciplinada por lei, ou mediante atos administrativos expedidos com fundamento na lei (decreto regulamentar, por exemplo). Assim, quando a Constituição, no inciso II do art. 5º, estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, tem-se, aí, o princípio da legalidade, pois, nessa expressão, o vocábulo “lei” está empregado no seu sentido amplo, alcançando não somente lei em sentido estrito, mas, também, atos administrativos expedidos com fundamento em lei. Por isso, diz-se que o princípio da legalidade tem maior alcance (alcança um maior número de matérias constitucionais), mas menor densidade (pois pode ser satisfeito não só por meio de lei, mas também pela expedição de atos administrativos). Por outro lado, quando a Constituição submete certa matéria ao princípio da reserva legal, está ela a exigir, exclusivamente, lei em sentido estrito ou ato normativo com força de lei. Assim, quando a Constituição estabelece que a remuneração dos servidores públicos somente poderá ser fixada por lei (art. 37, X), temos, aqui, o princípio da reserva legal, pois o vocábulo “lei” está empregado em sentido estrito, alcançando somente lei formal (elaborada pelo Legislativo, com a participação do chefe do Executivo) ou ato normativo com força de lei (medida provisória). Por isso, diz-se que o princípio da reserva legal tem menor alcance (alcança um menor número de matérias constitucionais), mas maior densidade (já que impõe que tais matérias sejam disciplinadas, necessariamente, por lei ou ato normativo com força de lei, isto é, fica proibido o seu tratamento mediante ato administrativo). O quadro a seguir resume essas informações para auxiliá-lo na memorização dos principais aspectos. Legalidade Reserva Legal Exige lei formal, ato com força de lei, ou atos administrativos infralegais editados nos limites destes Exige lei formal, ou ato normativo com força de lei (proibido o tratamento por atos administrativos infralegais) CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 96 Maior alcance Menor alcance Menor densidade de conteúdo Maior densidade de conteúdo Vale ainda mencionar a você o fato de que a reserva legal pode se realizar de forma absoluta ou relativa. Temos a reserva legal absoluta quando a Constituição exige do legislador o esgotamento do tema, não deixando espaço para a atuação discricionária dos agentes públicos. Ou seja, exige lei formal para a integral regulamentação do tema. A reserva legal relativa ocorre quando houver espaço para a complementação da norma por parte do seu aplicador. Ainda há a necessidade de lei, mas esta estabelecerá apenas as bases ou parâmetros. Ou seja, nesse último caso (reserva legal relativa), caberá à administração esmiuçar e detalhar o alcance da lei, por meio de atos infralegais, dentro dos limites estabelecidos pela lei formal. 162) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) O direito de livre locomoção pode sofrer restrição, conforme previsto na Constituição, por meio da chamada reserva legal qualificada. Item errado. Você deve estar pensando: e a reserva legal qualificada? O que é? Bom, esse assunto relaciona-se às restrições aos direitos fundamentais. Assim, enquanto há direitos fundamentais não sujeitos expressamente a restrição legal (por exemplo, o art. 5°, X, que trata da inviolabilidade da imagem), há direitos submetidos à reserva legal simples e há aqueles submetidos à reserva legal qualificada. A reserva legal simples ocorre quando o constituinte limita-se a autorizar a intervenção legislativa sem fazer qualquer exigência quanto ao conteúdo ou finalidade da lei. No caso da reserva legal qualificada, eventual restrição deve ser feita tendo em vista determinado objetivo ou o atendimento de determinado requisito expressamente definido na Constituição. Observe o art. 5°, XV, ao tratar do direito de locomoção: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens.” CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 97 Esse caso a doutrina classifica como sendo de reserva legal simples. Ou seja, a Constituição exige apenas que eventuais restrições sejam previstas em lei (“nos termos da lei”). Situação diferente é estabelecida para a inviolabilidade das comunicações telefônicas (art. 5°, XII), por exemplo, em que há condições especiais e fins a serem perseguidos para a restrição do direito, observe: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal” Ou seja, o legislador ordinário não tem plena liberdade para estabelecer os casos de restrição da inviolabilidade das comunicações telefônicas. Eventual restrição só se concretizará mediante ordem judicial e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Sabemos que são muitos detalhes. Assim, um esquema pode facilitar sua memorização dessas classificações. Sintetizando: O erro da questão é afirmar que o direito de livre locomoção seria caso de reserva legal qualificada. Como visto, trata-se de reserva legal simples. 163) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) A nacionalidade brasileira é condição necessária e suficiente para que se proponha ação popular visando à anulação de ato lesivo ao patrimônio público. Item errado. A legitimidade para impetração de ação popular é do cidadão e não de qualquer brasileiro. 164) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O princípio constitucional da presunção de inocência tornou inconstitucional toda a prisão que não encontre causa numa sentença penal transitada em julgado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 98 Item errado. O princípio da presunção da inocência está previsto no art. 5°, LVII: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.” Dele decorre outro princípio: o do in dúbio pro reo, segundo o qual havendo dúvida, adota-se a solução mais favorável ao réu. O princípio da presunção da inocência impede o lançamento do nome do réu no rol dos acusados antes do trânsito em julgado da ação penal condenatória. Esse princípio impede também a prisão do réu antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.Essa é a regra, mas há as exceções das prisões cautelares: prisão em flagrante; prisão temporária; e prisão preventiva (de acordo com a legislação penal). Em direito constitucional você precisa apenas lembrar que há prisões que são admitidas independente do trânsito em julgado da ação. Observe que a prisão em flagrante, por exemplo, é citada pela própria Constituição (incisos XI e LXI, do art. 5°, entre outros). 165) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Em face do princípio democrático, do princípio da separação dos poderes e da cláusula do materialmente possível inerente aos direitos fundamentais de ordem social, esses direitos sociais somente produzem efeitos jurídicos depois de desenvolvidos pelo legislador ordinário. Item errado. Já comentamos que os direitos fundamentais (neles incluídos os direitos sociais) são de aplicabilidade imediata, como regra (art. 5°, §1°). Ademais, como você sabe, mesmo os direitos fundamentais de eficácia limitada produzem efeitos jurídicos com a simples entrada da Constituição em vigor. Todavia, não produzem todos os seus efeitos jurídicos, já que dependem de regulamentação infraconstitucional. 166) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Toda gravação de conversa telefônica realizada sem autorização da autoridade judicial competente constitui prova ilícita. Item errado. Como visto, nosso ordenamento não admite prova ilícita de forma nenhuma. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 99 A gravação telefônica, de acordo com o inc. XII do art. 5°, está sujeita à chamada reserva de jurisdição. Portanto, a interceptação telefônica, sem autorização judicial, para captação e gravação de conversa de terceiros é ilícita, ofensiva à Constituição Federal. Aliás, tal atitude constitui crime, sujeito à pena de reclusão de dois a quatro anos e multa, conforme tipificado pelo art. 10 da Lei nº 9.296/1996. Há, porém, situações em que a gravação realizada sem autorização judicial será considerada lícita, desde que presente uma excludente de antijuridicidade, como a legítima defesa. Assim, segundo a jurisprudência do STF: a) é lícita a gravação realizada por um dos interlocutores, sem o consentimento do outro, desde que diante de legítima defesa (João está sendo vítima de uma investida criminosa por parte de Pedro; João poderá gravar o conteúdo da conversa, sem autorização judicial e sem o conhecimento de Pedro, e tal prova será lícita); b) é lícita a gravação realizada por terceiro, com o consentimento de um dos interlocutores, mas sem o conhecimento do outro, desde que diante de legítima defesa (João e Pedro conversam, e aquele está sendo vítima de uma investida criminosa por parte deste; João poderá solicitar a Manoel que grave o conteúdo da conversa, sem autorização judicial e sem o conhecimento de Pedro, e tal prova será lícita para que João dela se utilize em sua defesa frente a Pedro). Cuidado! Nessas duas hipóteses não se trata da utilização de prova ilícita. Nesses casos, a excludente de antijuridicidade (legítima defesa) afasta a ilicitude da prova, que, com isso, passa a ser considerada lícita. 167) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) A existência, em um processo administrativo ou penal, de prova ilicitamente obtida contamina necessariamente todo o feito, tornando-o nulo. Item errado. Não se admite a prova ilícita em processos administrativos ou judiciais (art. 5°, LVI). Mas a mera presença de provas ilícitas nos autos não invalida necessariamente todo o processo. Detectadas as provas ilícitas, faz-se o que se chama desentranhamento de provas, isto é, são separadas as provas lícitas das ilícitas. Estas (as ilícitas) são retiradas dos autos (assim como aquelas provas delas decorrentes), mas o processo pode ter a sua regular continuidade com fundamento nas provas lícitas autônomas. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 100 168) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O sistema de direitos fundamentais em vigor no Brasil impede o legislador de restringir o direito à proteção judicial que se encontre em eventual colisão com outros direitos ou valores constitucionais. Item errado. Como já visto, não existe direito fundamental absoluto, tendo em vista que eles encontram limites nos demais direitos igualmente consagrados no texto constitucional. Assim, protegido pelo manto da liberdade de expressão, não pode o indivíduo cometer o crime de racismo, pois nesse caso, há dois direitos fundamentais em conflito. Nesse mesmo sentido, admite-se, por exemplo, restrições ao exercício da ampla defesa e do contraditório ou mesmo a violação das correspondências caso esses direitos estejam sendo utilizados para acobertar o cometimento de crimes. Assim, o erro da questão é afirmar que frente ao direito de proteção judicial, os demais direitos ou valores constitucionais deveriam ceder, ou, em outras palavras, o erro está em considerar que não poderia ser restringido o direito de proteção judicial. 169) (ESAF/AFC/CGU/2006) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical, permanecendo a estabilidade provisória até um ano após o pleito, caso ele não seja eleito. Item errado. A Constituição Federal veda a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei (art. 8º, VIII). 170) (ESAF/AFC/CGU/2006) A legalidade do exercício do direito de greve pelo trabalhador, nos termos da Constituição Federal, é aferida em face do período de dissídio da categoria. Item errado. Ao assegurar o direito de greve, a Constituição dispõe que compete aos próprios trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender (art. 9º). Portanto, não é somente no período de dissídio da categoria que a greve será legal. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 101 Na verdade, a legalidade da greve será aferida levando-se em conta o atendimento (ou não) dos requisitos constitucionais e legais para a sua realização, dentre os quais o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade e os abusos eventualmente cometidos. 171) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) A assistência gratuita aos filhos e dependentes do trabalhador em creches e pré-escolas só é garantida desde o nascimento até a idade de seis anos. Item errado. A Constituição assegura, como direito social dos trabalhadores, a assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até cinco anos de idade em creches e pré-escolas (art. 7º, XXV, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 53/2006). 172) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Dada a sua concepção constitucional, o habeas corpus é incabível, quando visar a obter o reconhecimento de nulidade de processo criminal em que a pena imposta foi declarada extinta. Item certo. O habeas corpus está previsto no art. 5°, LXVIII (“conceder-se-á habeas- corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder). Observa-se que ele protege a liberdade de locomoção. Portanto, se não ameaçada essa liberdade de ir e vir não há que se falar em cabimento de habeas corpus. Pode-se dizer que o habeas corpus é instrumento idôneo para impugnar a determinação de quebra dos sigilos bancário e fiscal no curso de processo criminal, sempreque essa medida implicar ofensa indireta, potencial ou reflexa ao direito de locomoção. Exemplificando: se o indivíduo está respondendo a processo criminal no qual, em tese, possa ser condenado à pena privativa de liberdade (detenção ou reclusão), e nesse processo é determinada a quebra do seu sigilo bancário, poderá ele impetrar habeas corpus para impugnar essa determinação, pois, nesse caso, a quebra do sigilo bancário já representa uma ofensa indireta ao seu direito de locomoção (afinal, se ele não afastar tal medida, posteriormente ele poderá ser condenado à pena privativa de liberdade com fundamento nas provas apuradas a partir dos seus dados bancários). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 102 Agora, vamos ver se você entendeu mesmo! E se o indivíduo estivesse respondendo a processo criminal por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. Poderia ele, neste caso, impetrar habeas corpus para afastar eventual ilegalidade (a determinação arbitrária de quebra do seu sigilo bancário, por exemplo)? Não, não poderia. Por quê? Porque nesse caso não haveria nenhuma ofensa – direta ou indireta – ao seu direito de locomoção, haja vista que ele não correria o risco de ser condenado à pena restritiva de liberdade. É o que enuncia a Súmula 693 do STF, nos termos seguintes: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada”. Nesse mesmo sentido, incabível o remédio heróico num processo em que a pena foi declarada extinta, já que não ocorre ameaça ao direito de locomoção. Por falar em súmula do STF, vale a pena conhecermos outras três súmulas do Tribunal acerca do uso do habeas corpus que têm sido reiteradamente cobradas em concursos. São as seguintes: “691 – Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar. 694 – Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública. 695 – Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.” Por fim, vale destacarmos uma súmula do STF que está superada, em razão de mudança de entendimento do Tribunal: “690 – Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais (superada).” Esse entendimento está superado pela atual jurisprudência do STF. O atual entendimento do STF é de que compete ao respectivo tribunal de segundo grau o julgamento de habeas corpus contra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais. Assim, no caso de decisão de turma recursal de juizados especiais criminais estaduais, o julgamento caberá ao respectivo tribunal de justiça (TJ); já no caso de decisão de turma recursal de juizados especiais CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 103 criminais federais, o julgamento caberá ao respectivo tribunal regional federal (TRF). 173) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Cabe habeas corpus para impugnar decisão penal condenatória à pena de multa. Item errado. Como vimos, é incabível o habeas corpus nesse caso, já que não há risco para a liberdade de ir e vir. 174) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. Item certo. A assertiva trata do direito de certidão, já comentado nesta aula. Reproduz corretamente o teor do art. 5°, XXXIII. 175) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) A recuperação, por agentes públicos, de dados constantes de computador de particular, objeto de busca e apreensão autorizada judicialmente, figura violação à proteção de comunicação de dados, não podendo instruir nenhum processo, cível ou penal. Item errado. As inviolabilidades do inciso XII do art. 5º da Constituição – das correspondências e das comunicações – protegem a operação em si (enquanto em trânsito), e não o seu conteúdo final. Assim, não está sob o manto dessa inviolabilidade os dados arquivados em computador recolhido por determinação judicial. Portanto, no tocante aos emails, por exemplo, a proteção alcança o seu conteúdo enquanto em trânsito (isto é, a comunicação em si), e não estes depois de armazenados em disco rígido de computador. Em relação às correspondências, aplica-se o mesmo entendimento: a proteção alcança o seu conteúdo enquanto em trânsito (isto é, a correspondência em si), e não estas depois de recebidas e abertas pelo seu destinatário. Assim, é lícita a busca e apreensão domiciliar autorizada judicialmente de computadores com emails armazenados em seu disco rígido, bem assim de cartas já recebidas e abertas pelo seu destinatário encontradas no interior do domicílio. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 104 176) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) A requisição, diferentemente da desapropriação, não supõe prévio pagamento de indenização – a indenização, ainda, no caso da requisição, subordina-se à ocorrência de dano. Além disso, em hipótese de requisição, a imissão na posse do bem independe de intervenção judicial. Item certo. A requisição administrativa é direito fundamental que tem por sujeito passivo o indivíduo e como titular o Estado e consiste numa das limitações ao direito de propriedade. Segundo o art. 5°, XXV: “No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”. Ou seja, há a garantia de indenização por parte do particular, mas: (i) apenas se houver dano; e (ii) caso haja dano, ela será ulterior. Outra restrição ao direito de propriedade consiste na desapropriação, segundo o art. 5°, XXIV: “a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;” Essa norma trata genericamente da desapropriação. Mas a CF/88 apresenta outros artigos (exceções) abordando situações específicas de desapropriação (ou expropriação), a saber: I – art. 182, §4° – desapropriação do solo urbano não aproveitado, nos termos do plano diretor do município. O expropriante será o município e o pagamento ocorrerá em títulos da dívida pública resgatáveis em 10 anos; II – art. 184 – desapropriação rural (por interesse social) para fins de reforma agrária do terreno que não cumpra sua função social. O expropriante será a União e o pagamento ocorrerá em títulos da dívida agrária resgatáveis em 20 anos; III – art. 243 – desapropriação confiscatória, sem direito a indenização e aplicável a terrenos com cultura ilegal de plantas psicotrópica. 177) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Pelo princípio da árvore dos frutos envenenados ou proibidos, a tão-só existência de prova reconhecidamente ilícita no processo basta para que a condenação seja nula, porquanto a proibição constitucional se CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 105 harmoniza com a exigência de um processo contraditório, em que se assegure ampla defesa.Item errado. A ESAF adora o assunto “provas ilícitas”. Com o que já comentamos sobre esse assunto, você pôde resolver essa questão. Ou seja, a mera existência de provas ilícitas no processo não é capaz de anulá-lo por inteiro. No caso de uma condenação, o resultado permanece válido caso possa ser atribuído a outras provas lícitas independentes. Assim, detectadas as provas ilícitas, faz-se o desentranhamento (separação) das provas ilícitas, que serão retiradas dos autos, podendo o processo prosseguir normalmente, com base nas demais provas lícitas autônomas. Evidentemente as demais provas derivadas da ilícita também são inválidas, tendo em vista a aplicação entre nós da teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree), segundo a qual a prova ilícita originária contamina todas as demais provas levantadas a partir dela. 178) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Entre as características funcionais dos direitos fundamentais encontra-se a legitimidade que conferem à ordem constitucional e o seu caráter irrenunciável e absoluto, que converge para o sentido da imutabilidade. Item errado. Os direitos fundamentais conferem legitimidade à ordem constitucional na medida em que estabelecem limites ao Poder e garantias ao cidadão frente ao Estado, reforçando assim a noção de Estado de Direito. Pode-se atribuir aos direitos fundamentais o caráter de irrenunciabilidade, mas não o de serem absolutos ou imutáveis. Primeiramente, não são absolutos já que comportam limitações de diversas ordens, como já comentado nesta aula. Ademais, não constituem categoria imutável, já que podem sofrer modificações: (i) por emenda constitucional, desde que não tenham por objeto comandos tendentes a abolir os direitos individuais; e (ii) por alteração do seu sentido pelas diversas reinterpretações por parte da doutrina e da jurisprudência (mutação constitucional). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 106 179) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Na esfera administrativa do inquérito policial não sobressai a garantia constitucional expressa da ampla defesa e do contraditório, motivo pelo qual, visando à eficiência das investigações, e no contexto do princípio da proporcionalidade, é válida a vedação de consulta dos autos pelo defensor do indiciado, em se tratando de procedimento sigiloso. Item errado. Essa questão trata de jurisprudências pacificadas o Supremo sobre os princípios do contraditório e da ampla defesa. Já vimos diversas posições jurisprudenciais sobre esse assunto, incluindo a decisão do STF no sentido de que, no âmbito do processo criminal, a garantia constitucional do contraditório não é exigível na fase do inquérito. Nesse aspecto, correta a primeira parte da questão. Todavia, outra posição jurisprudencial sobre o assunto foi sedimentada pela publicação da Súmula Vinculante n° 14: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.” (Súmula Vinculante 14) Assim, ERRADA a questão, já que deve ser resguardado o direito do defensor em ter acesso aos autos. 180) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A conformação constitucional do mandado de injunção tem recebido novas leituras interpretativas do Supremo Tribunal Federal, motivo pelo qual a decisão nele proferida não se encontra mais limitada à possibilidade de declaração da existência da mora legislativa para a edição da norma regulamentadora específica, sendo atualmente aceitável a possibilidade, dentro dos limites e das possibilidades do caso concreto, de uma regulação provisória pelo próprio Judiciário. Item certo. Interessante esse item, que trouxe o alcance das decisões do STF no âmbito do mandado de injunção. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, em sua nova composição, abandonou a tradicional posição “não concretista” e passou a adotar a posição “concretista” no tocante aos efeitos da decisão proferida no mandado de injunção. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 107 Com isso, ao julgar procedente o mandado de injunção, o Tribunal passou a concretizar, desde logo, o exercício do direito constitucional carente de norma regulamentadora, ao invés de simplesmente declarar a mora legislativa. Foi o que aconteceu, por exemplo, no mandado de injunção em que se discutia o direito de greve do servidor público, tendo o Tribunal firmado entendimento de que, até que seja elaborada a lei específica reclamada pela Constituição (art. 37, VII), os servidores poderão exercer o direito de greve, obedecendo-se ao regramento da lei de greve do setor privado (Lei nº 7.783/1989). 181) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Como definido no texto constitucional, o habeas corpus poderá ser utilizado para fazer cessar coação à liberdade de locomoção promovida por ato ilegal de particular. Item certo. Não só autoridades públicas, mas também particulares podem figurar como sujeito passivo em habeas corpus, em razão de ofensa ou ameaça ilegal ou arbitrária ao direito de locomoção. 182) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) O seguro contra acidentes do trabalho, quando feito pelo empregador, substitui eventuais indenizações por ele devidas quando o acidente com o empregado se der por culpa do empregador. Item errado. A Constituição estabelece como direito social dos trabalhadores o seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (CF, art. 7º, XXVIII). 183) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É cabível o mandado de injunção nos casos em que o Congresso Nacional se mostra omisso em expedir decreto legislativo disciplinando as relações decorrentes de medida provisória não convertida em lei. Item errado. Segundo a jurisprudência do STF, o mandado de injunção é remédio constitucional para fazer frente à falta de norma regulamentadora de direito previsto na Constituição, não se prestando para reparar a falta de norma regulamentadora de direitos previstos em normas infraconstitucionais, como é o caso de medida provisória. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 108 184) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É cabível o mandado de injunção quando a norma infraconstitucional regulamentadora do direito ou liberdade constitucional oferece disciplina insatisfatória aos interesses do impetrante, por ser injusta ou inconstitucional. Item errado. O mandado de injunção é remédio constitucional que pode ser impetrado diante da falta de norma regulamentadora de direito previsto na Constituição. Se já existe a norma regulamentadora, por mais imperfeita que seja ela, não será mais cabível mandado de injunção. Nesse caso, a pessoa interessada poderá impugnar a validade da norma regulamentadora imperfeita perante o Poder Judiciário por meio de outras ações (mandado de segurança, por exemplo), mas não mais pela via do mandado de injunção. 185) (ESAF/PFN/2004) O mandado de segurança impetrado contra ato do Superior Tribunal de Justiça deve ser impetrado originariamente no Supremo Tribunal Federal. Item errado. Segundo a jurisprudência do STF, a competência para apreciar mandado de segurança impetrado contra ato de tribunal do Poder Judiciário é do próprio tribunal. Assim, mandado de segurança contra ato do STJ é julgado pelo próprio STJ; mandado de segurança impetrado contra ato de órgão do TJSP é julgado pelo próprio TJSP – e assim por diante. 186)(ESAF/PFN/2004) Somente questões de direito não controvertidas podem ensejar a impetração de mandado de segurança. Item errado. Aspecto importantíssimo esse, sobre o mandado de segurança. Sabe-se que o mandado de segurança só é cabível para a proteção de direito líquido e certo não amparado pelos demais remédios constitucionais (CF, art. 5º, LXIX). Acontece que, segundo o STF, essa exigência de certeza e liquidez diz respeito à matéria de fato, e não à matéria de direito. Significa dizer que os fatos narrados pelo impetrante deverão ter a sua liquidez e certeza comprovadas desde a impetração do mandado, haja vista que nessa ação, de rito sumário, as provas são pré-constituídas, não havendo espaço para dilação probatória no seu rito processual. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 109 Enfim, a complexidade do direito não impede a impetração do mandado de segurança (desde que, evidentemente, os fatos narrados na inicial estejam devidamente comprovados). Por mais complexo e controvertido que seja o direito, poderá ele ser discutido na via do mandado de segurança. 187) (ESAF/PFN/2004) A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança, ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. Item certo. As entidades do inciso LXX do art. 5º da Constituição – organização sindical, entidade de classe e associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano – podem ajuizar mandado de segurança coletivo em defesa de interesses dos seus membros ou filiados (CF, art. 5º, LXX). Não se exige que o direito defendido no mandado de segurança coletivo pertença a toda a classe. Por exemplo: o sindicado dos Auditores-Fiscais da Receita Federal, que congrega servidores ativos e inativos, poderá impetrar mandado de segurança coletivo em defesa de direito exclusivo dos inativos, ou exclusivo dos ativos, ou exclusivo dos servidores que ingressaram no último concurso – e assim por diante. Este o enunciado da Súmula 630 do STF: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.” Observe ainda a positivação desse entendimento da nova lei do mandado de segurança (Lei 12.016/09): “Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.” É como já foi comentado. A nova lei se prestou a positivar vários aspectos já pacificados na doutrina sobre o mandado de segurança. 188) (ESAF/PFN/2004) A entidade de classe precisa da autorização expressa dos associados para impetrar mandado de segurança coletivo em favor dos associados. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 110 Item errado. Segundo a jurisprudência do STF, a entidade de classe não precisa de autorização dos associados para a impetração de mandado de segurança coletivo. Este o enunciado da Súmula 629 do STF: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes.” Agora, observe o mesmo art. 21 da Lei 12.016/09, já apresentado: “Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.” Trata-se de hipótese de substituição processual em que, segundo o STF, é dispensada a autorização expressa e específica dos associados, bastando para a impetração as autorizações genéricas constantes dos estatutos de constituição da entidade. Mas, cuidado: a) essa desnecessidade de autorização expressa e específica dos associados aplica-se à defesa do direito na via do mandado de segurança coletivo, em que temos a figura da substituição processual; b) se a associação decidir pela defesa do interesse dos associados por meio de outras ações judiciais ou administrativas, será necessária a autorização, pois nesta hipótese teremos caso de mera representação processual, em que é indispensável a autorização expressa dos associados, por determinação do art. 5º, XXI, da Constituição (art. 5º, XXI: “as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”). 189) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É admissível o mandado de injunção perante o Supremo Tribunal Federal mesmo naquelas hipóteses em que, impetrado por organização sindical, estiver destinado a constatar a ausência de norma que inviabilize o exercício de direito ou liberdade constitucional de seus filiados. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 111 Item certo. O enunciado está se referindo ao mandado de injunção coletivo. A Constituição prevê o mandado de segurança individual (art. 5º, LXIX) e o mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX). Em relação ao mandado de injunção, a Constituição prevê expressamente somente o mandado de injunção individual (art. 5º, LXXI), nada dizendo sobre o ajuizamento de mandado de injunção coletivo. Porém, a jurisprudência do STF firmou-se no sentido do cabimento do mandado de injunção coletivo, impetrado pelas mesmas entidades legitimadas à impetração do mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX). Portanto, o inciso LXX do art. 5º que diz “o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por” deve ser lido da seguinte maneira: “o mandado de segurança coletivo e o mandado de injunção coletivo podem ser impetrados por”. 190) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É cabível mandado de injunção quando a norma constitucional asseguradora de um determinado benefício possibilitar a sua fruição independentemente da edição de um ato normativo intermediário pelo Poder Legislativo. Item errado. O mandado de injunção pode ser impetrado quando o exercício de direito constitucional consagrado em norma de eficácia limitada estiver impedido por falta de norma regulamentadora (CF, art. 5º, LXXI). O impedimento do exercício do direito constitucional, em decorrência da falta da norma regulamentadora, é que viabiliza a impetração do mandado de injunção. Ora, se o direito pode ser fruído independentemente da edição de norma regulamentadora, por estar previsto em norma constitucional de eficácia plena ou contida, não há que se falar na impetração de mandado de injunção. 191) (ESAF/PFN/2004) Somente agentes públicos investidos em cargos públicos podem responder a mandado de segurança, na qualidade de autoridade coatora. Item errado. O mandado de segurança pode ser impetrado contra ato de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público (CF, art. 5º, LXIX). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITAFEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 112 Portanto, agente de pessoa jurídica privada poderá responder a mandado de segurança como autoridade coatora, desde que em relação ao exercício de atribuições do Poder Público. É o caso, por exemplo, dos concessionários e permissionários de serviços públicos, que respondem em mandado de segurança no tocante à prestação desses serviços públicos. Observe o que consigna o art. 1° da Lei 12.016/09: “Art. 1° - Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. §1° - Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.” Por outro lado, vale a pena lembrar: “§2° - Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.” 192) (ESAF/PFN/2004) O habeas corpus, jamais o mandado de segurança, constitui instrumento apto para se insurgir contra a quebra de sigilo bancário de alguém. Item errado. Em regra, o instrumento idôneo para atacar a quebra de sigilo bancário é o mandado de segurança. Entretanto, o STF admite a impetração de habeas corpus se essa medida implicar ofensa indireta ou reflexa ao direito de locomoção. Vejamos um exemplo de quebra do sigilo bancário com ofensa indireta ao direito de locomoção, que legitimaria a impetração de habeas corpus. Imagine que Tício esteja respondendo a um processo criminal por sonegação fiscal (crime apenado com reclusão), e que nesse processo seja determinada pelo magistrado competente a quebra do seu sigilo bancário. Se Tício entender que essa medida determinada pelo juiz foi arbitrária, poderá impetrar habeas corpus contra ela, por representar uma ofensa indireta ao seu direito de locomoção. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 113 Por que, nessa hipótese, a quebra do sigilo bancário representa uma ofensa indireta ao direito de locomoção de Tício? Porque amanhã Tício poderá ser condenado à pena privativa de liberdade com base nas provas levantadas durante a quebra do sigilo bancário. Portanto, a medida representa, hoje, uma ofensa potencial ao seu futuro direito de locomoção. Nesse caso – determinação da quebra do sigilo bancário com ofensa indireta ao direito de locomoção -, a pessoa poderá optar pelo ajuizamento do mandado de segurança ou pela impetração do habeas corpus. Provavelmente a pessoa optará pelo habeas corpus, pois é ação gratuita, que independe de advogado e que tem rito sumaríssimo, com prioridade de julgamento sobre as demais ações nos tribunais do Poder Judiciário. E se essa quebra do sigilo bancário houvesse sido determinada pela autoridade fiscal, no curso de um processo administrativo tributário, Tício poderia impetrar habeas corpus contra ela? Não, não poderia. Por que não? Porque em um processo administrativo tributário a quebra do sigilo bancário não implica ofensa indireta ao direito de locomoção de Tício. Por que não? Porque em hipótese alguma o direito de locomoção de Tício poderia ser violado em um processo administrativo tributário, pois neste não há possibilidade de imposição de pena restritiva de liberdade. Neste caso, Tício deverá utilizar-se do mandado de segurança. Entenda bem esse tópico. Mesmo no caso em que a quebra do sigilo bancário implique ofensa indireta ao direito de locomoção o indivíduo não está obrigado a utilizar-se do habeas corpus. Poderá, querendo, impetrar o mandado de segurança contra a medida. A utilização do habeas corpus é uma opção ao indivíduo. A possibilidade de utilização do habeas corpus nessa situação de violação indireta do direito de locomoção foi desenvolvida pela jurisprudência do STF em favor do indivíduo, pois, conforme dito antes, o habeas corpus é remédio que traz vantagens ao impetrante em relação ao mandado de segurança (é ação gratuita, que não exige advogado e possui rito sumaríssimo, que tem prioridade de julgamento sobre as demais ações nos tribunais do Poder Judiciário). 193) (ESAF/MPOG/APO/2000) É obrigatória a filiação a sindicato representativo do segmento econômico em que o trabalhador atua. Item errado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 114 Ninguém é obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato (CF, art. 8º, V). 194) (ESAF/MPOG/APO/2000) Em nenhuma hipótese o salário do trabalhador pode ser reduzido. Item errado. O princípio da irredutibilidade do salário do trabalhador não é absoluto. A Constituição permite que o salário do trabalhador seja reduzido mediante convenção ou acordo coletivo (CF, art. 7º, VI). 195) (ESAF/AFRF/2000) É cabível o instrumento do habeas data para impugnar prisão tida como ilegal. Item errado. O remédio constitucional para a impugnação de prisão tida como ilegal não é o habeas data, mas sim o habeas corpus (CF, art. 5º, LXVIII), haja vista tratar-se de violação ao direito de locomoção. O habeas data é remédio constitucional destinado a assegurar o acesso, a retificação ou a complementação de informações do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público (CF, art. 5º, LXXII). 196) (ESAF/AFC/2000) Sendo os servidores públicos também destinatários dos direitos sociais, a eles também devem ser estendidos os direitos decorrentes de convenções e acordos coletivos do trabalho da categoria a que pertencem. Item errado. Os servidores públicos também são destinatários dos direitos sociais, sendo a eles estendidos os seguintes direitos (CF, art. 39, § 3º): salário mínimo; garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; décimo terceiro salário; remuneração superior do trabalho noturno; salário-família; limites da jornada normal de trabalho; repouso semanal remunerado; remuneração do serviço extraordinário superior em, pelo menos, 50% da hora normal; férias anuais; licença à gestante; licença-paternidade; proteção do mercado de trabalho da mulher; redução dos riscos inerentes ao trabalho e proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Porém, o direito social ao reconhecimento das convenções e acordos coletivos (CF, art. 7º, XXVI) não foi outorgado aos servidores públicos. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 115 197) (ESAF/AFC/2000) A Constituição proclama o princípio da irredutibilidade do salário, mas o salário pode ser reduzido, por força de acordo ou de convenção coletiva do trabalho. Item certo. O princípio da irredutibilidade salarial do trabalhador não é absoluto. A Constituição permite que o salário do trabalhador seja reduzido por meio de convenção ou acordo coletivo (CF, art. 7º, VI). 198) (ESAF/AFC/2000) Todo trabalhador faz jus a repouso aos domingos, mas esse repouso não é remunerado. Item errado. O trabalhador faz jus a repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos (CF, art. 7º, XV). Enfim, orepouso é remunerado, mas não é necessariamente aos domingos. 199) (ESAF/AFC/2000) Os trabalhadores domésticos estão excluídos do gozo de direitos sociais. Item errado. Os trabalhadores domésticos não dispõem de todos os direitos sociais destinados aos trabalhadores em geral, mas não se pode dizer que eles foram excluídos do gozo de direitos sociais. Com efeito, foram estendidos aos domésticos alguns direitos sociais, previstos nos incisos IV, VI, VIII, XV, XVII, XVIII, XIX, XXI e XXIV do art. 7º da Constituição, bem assim a sua integração à previdência social (CF, art. 7º, parágrafo único). 200) (ESAF/AFC/2000) No direito constitucional brasileiro, a nacionalidade tem o mesmo sentido de cidadania. Item errado. A nacionalidade é um vínculo jurídico-político de direito público interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes do Estado. No Brasil, são nacionais aqueles que a Constituição define como tais (CF, art. 12, I e II). O conceito de cidadania é restrito, alcançando somente aqueles – brasileiros natos e naturalizados e portugueses equiparados - no gozo dos direitos políticos, aptos para votar. Assim, um brasileiro nato pode não ser cidadão (por exemplo: é brasileiro nato, mas não se alistou como eleitor). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 116 201) (ESAF/AFC/2000) A lei pode estabelecer diferenças de direitos entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados, sempre que isso seja comprovadamente relevante para a segurança nacional. Item errado. A Constituição Federal estabelece alguns tratamentos diferenciados entre brasileiro nato e brasileiro naturalizado (art. 5º, LI; art. 12, § 3º; art. 89, VII; art. 222). Esses casos constitucionais são taxativos, isto é, a lei não poderá estabelecer outras distinções entre brasileiros natos e naturalizados (CF, art. 12, § 1º). 202) (ESAF/AFC/2000) A Constituição não veda que um brasileiro nato seja também nacional de outro país estrangeiro. Item certo. Em duas situações especiais a Constituição permite que o brasileiro permaneça com a nacionalidade brasileira mesmo quando adquirir outra nacionalidade (CF, art. 12, § 4º, II). Com efeito, será declarada a perda da nacionalidade brasileira do brasileiro que adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. Anote-se que nesses casos o brasileiro permanece com a nacionalidade brasileira, mesmo tendo adquirido outra nacionalidade (trata-se de casos em que a aquisição da outra nacionalidade não decorre de ato de vontade do brasileiro, mas sim de previsão na lei estrangeira). 203) (ESAF/AFC/2000) De acordo com o sistema constitucional em vigor, os nacionais de países integrantes do MERCOSUL gozam dos mesmos direitos, no Brasil, do brasileiro naturalizado. Item errado. A Constituição não prevê nenhuma prerrogativa relativa à nacionalidade aos nacionais dos países integrantes do MERCOSUL. A única equiparação prevista na Constituição Federal diz respeito aos portugueses com residência permanente no País, que gozarão dos direitos inerentes ao brasileiro naturalizado, desde que em Portugal haja reciprocidade em favor dos brasileiros (CF, art. 12, § 1º). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 117 204) (ESAF/AFC/2000) Todos os nascidos no território brasileiro, depois da Constituição Federal de 1988, são considerados brasileiros natos. Item errado. Há um caso excepcional em que os nascidos no território brasileiro não são considerados brasileiros natos: os filhos de estrangeiros nascidos no Brasil não são brasileiros natos se os pais estiverem a serviço de seu país (CF, art. 12, I, a). 205) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) O cargo de Ministro da Justiça é privativo de brasileiro nato. Item errado. Os cargos privativos de brasileiro nato estão taxativamente enumerados no art. 12, § 3º, da Constituição Federal, e são os seguintes: de Presidente e Vice-Presidente da República; de Presidente da Câmara dos Deputados; de Presidente do Senado Federal; de Ministro do Supremo Tribunal Federal; da carreira diplomática; de oficial das Forças Armadas; de Ministro de Estado da Defesa. É importante destacar que a reserva de cargos a brasileiro nato é matéria constitucional, vale dizer, a lei não poderá estabelecer outros cargos privativos de brasileiros natos além desses enumerados na Constituição (CF, art. 12, § 2º). 206) (ESAF/PFN/2004) Somente cabe a ação popular quando comprovado de plano o grave prejuízo financeiro acarretado ao erário pela conduta do administrador-réu. Item errado. Segundo a jurisprudência do STF, a ação popular só possui um requisito: a ilegalidade ou imoralidade do ato. Significa dizer que para o cidadão propor uma ação popular não se exige a comprovação da ocorrência de efetivo dano material causado pelo ato atacado. Exemplo: um ato que desrespeita a moralidade administrativa pode ser atacado pelo cidadão na via da ação popular, ainda que não comprovada a ocorrência de efetivo dano material decorrente desse ato imoral. 207) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Todo brasileiro é parte legítima para propor ação popular contra ato de administrador público lesivo ao patrimônio público. Item errado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 118 Não é qualquer brasileiro, qualquer um do povo, qualquer indivíduo que pode propor ação popular. Só o cidadão pode propor ação popular (CF, art. 5º, LXXIII). Considera-se cidadão o brasileiro ou equiparado a brasileiro no gozo da capacidade eleitoral ativa, isto é, apto para votar. Significa dizer que não podem propor ação popular, dentre outros: o Ministério Público; as pessoas jurídicas; os inalistáveis (os menores de dezesseis anos, os estrangeiros e os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório) e os inalistados (indivíduos que poderiam ter se alistado, mas não o fizeram). Vale lembrar que há uma hipótese em que, em tese, o estrangeiro poderá propor ação popular: o português equiparado a brasileiro naturalizado, na forma do art. 12, § 1º, da Constituição. 208) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) Havendo reciprocidade, um português poderia ser oficial das Forças Armadas brasileira. Item errado. Os cargos de oficial das Forças Armadas são privativos de brasileiro nato (CF, art. 12, § 3º, VI) e o português equiparado tem direitos de brasileiro naturalizado. 209) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Nos termos da Constituição Federal, toda desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, dar-se-á mediante justa e prévia indenização em dinheiro. Item errado. Estabelece a Constituição que a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição (art. 5º, XXIV). Já comentamos em quais casos a Constituição estabelece exceções a essa regra. Assim, a própria Constituição estabelece hipóteses de desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos (art. 182, § 4º, III), bem assim mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos (art. 184). CURSOON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 119 Vale lembrar, ainda, que a Constituição prevê uma hipótese de expropriação confiscatória, sem nenhum pagamento, na hipótese de glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas (art. 243). 210) (ESAF/AFC/CGU/2003) Embora qualquer pessoa tenha legitimidade ativa para propor habeas corpus, a seu favor ou de terceiro, independentemente de sua capacidade civil e política, segundo a jurisprudência dos Tribunais, essa legitimidade ativa não se estende ao menor de dezoito anos, em razão dos requisitos essenciais para a validade dos atos judiciais. Item errado. O habeas corpus é ação de legitimação universal, vale dizer, qualquer pessoa pode impetrar habeas corpus, independentemente de capacidade civil ou política. Assim, o menor de idade, o absolutamente incapaz, o indivíduo que está com os seus direitos políticos suspensos etc. poderá impetrar habeas corpus – gratuitamente, e sem necessidade de advogado. 211) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a jurisprudência do STF, havendo mais de um sindicato constituído na mesma base territorial, a sobreposição deve ser resolvida com base no princípio da anterioridade, cabendo a representação da classe trabalhadora à organização que primeiro efetuou o registro sindical. Item certo. Ao enumerar os direitos fundamentais sociais, a Constituição estabelece o princípio da unicidade sindical, que proíbe a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município (art. 8º, II). Muito se discutiu sobre o critério para resolver o conflito de representação, no caso da criação indevida de mais de uma entidade sindical na mesma base territorial. Havendo mais de um sindicato, a qual deles caberia a representação? Àquele que tivesse o maior número de sindicalizados? Ou àquele que houvesse obtido o registro sindical perante o órgão competente em primeiro lugar? O STF firmou entendimento de que o conflito será resolvido com base no princípio da anterioridade sindical, isto é, a representação da categoria caberá à entidade que obteve o registro sindical em primeiro lugar, independentemente do número de sindicalizados. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 120 212) (ESAF/AFC/CGU/2003) A decretação de greve por questões salariais, fora da época de dissídio coletivo, não encontra respaldo no direito de greve definido no texto constitucional. Item errado. A Constituição Federal de 1988 não condiciona o exercício do direito de greve do trabalhador à coincidência com o período de dissídio coletivo (o dissídio coletivo é instaurado perante a Justiça do Trabalho quando, durante a data-base da categoria, as partes – sindicato de trabalhadores e sindicato dos empregadores - não conseguem chegar a um acordo nas negociações coletivas). A Constituição apenas assegura o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender (art. 9º). Como se vê, cabe aos trabalhadores decidir sobre o momento de exercer o direito de greve. A Constituição permite o direito de greve nas atividades essenciais, mas, nesse caso, deve a lei dispor sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade (CF, art. 9º, § 1º). O direito de greve do trabalhador não é absoluto, haja vista que os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei (CF, art. 9º, § 2º). Cuidado! O direito de greve do trabalhador (CF, art. 9º) não pode ser confundido com o direito de greve do servidor público civil (CF, art. 37, VII). O direito de greve do trabalhador (art. 9º) é hoje norma constitucional de eficácia plena, devidamente regulamentada pela Lei nº 7.783/1989. Logo, os trabalhadores podem atualmente exercer esse direito. O direito de greve do servidor público civil (art. 37, VII) é norma constitucional de eficácia limitada, dependente de regulamentação por lei ordinária específica. Como vocês sabem, até hoje inexiste a lei ordinária específica. Assim, como já comentado, o STF recentemente decidiu que a legislação privada aplica-se aos servidores públicos civis, até que seja editada a referida norma. 213) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, a contribuição confederativa, como instrumento essencial para a manutenção do sistema de representação sindical, um direito coletivo dos CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 121 trabalhadores, é compulsória para os integrantes de uma categoria patronal ou laboral, sindicalizados ou não. Item errado. Determina a Constituição que a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei (art. 8º, IV). Veja que esse dispositivo constitucional prevê a existência de duas diferentes contribuições: uma fixada pela assembléia geral (contribuição confederativa) e outra fixada em lei (contribuição sindical). A tabela abaixo apresenta, sucintamente, as diferenças entre essas contribuições: CONTRIBUIÇÃO CONFEDERATIVA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL Fixada pela assembléia geral Fixada em lei Não é tributo É tributo Devida somente pelos trabalhadores sindicalizados Devida por todos os trabalhadores, sindicalizados ou não Como se vê, o enunciado está errado porque ele se refere à contribuição confederativa, que só é devida pelos trabalhadores sindicalizados. 214) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A gravação de conversa telefônica pode ser autorizada por autoridade judicial, para fins de instrução de processo administrativo disciplinar. Item errado. A Constituição Federal só permite a gravação de conversa telefônica no âmbito penal, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal (art. 5º, XII). Em hipótese alguma poderá ser autorizada a interceptação telefônica em processos administrativos ou de natureza cível. Por outro lado, as informações colhidas em uma escuta autorizada judicialmente no âmbito de um processo criminal poderão ser utilizadas em um processo administrativo disciplinar. 215) (ESAF/TFC/CGU/2008) Assinale a opção correta. São privativos de brasileiro nato os cargos, exceto: CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 122 a) de Presidente e Vice-Presidente da República. b) de Ministro do Supremo Tribunal Federal. c) de Deputados e Senadores. d) de Oficial das Forças Armadas. e) da carreira diplomática. Gabarito: “c” O art. 12, §3° apresenta os cargos privativos de brasileiros natos: “§ 3º - São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa.” Para facilitar a sua memorização, observe que dos itens I a IV, os cargos listados são exatamente aqueles que substituirão o Presidente da República em suas ausências (art. 80). Assim, a CF/88 entendeu por bem não possibilitar a um brasileiro naturalizado governar o país. Assim, um deputado ou mesmo um senador podesim ser brasileiro naturalizado, desde que ele não seja presidente. Isso porque são muitos parlamentares e nem todos virão a se tornar presidentes da respectiva Casa. O mesmo não ocorre no STF que é composto por 11 magistrados, sendo que geralmente todos chegam à presidência daquela Corte. Assim, nesse caso, o item IV já não permite que seja ministro do Supremo um brasileiro naturalizado. 216) (ESAF/MPOG/APO/2002) O indivíduo condenado por um fato que, quando praticado, era definido como crime, não se beneficia de lei posterior que descriminaliza a conduta. Item errado. Determina a Constituição que a lei penal não retroagirá, salvo para favorecer o réu (art. 5º, XL). CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 123 Portanto, a lei penal descriminadora - que deixa de tipificar a conduta como crime - retroagirá, pois é benéfica ao réu, mesmo sabendo que este já foi anteriormente condenado com base na lei anterior, então vigente. 217) (ESAF/PFN/2003) Não há reparação por danos morais sem prova de dano à reputação do autor da demanda. Item errado. Segundo a jurisprudência do STF, a reparação por danos morais não exige comprovação de efetivo dano à reputação da vítima. Significa dizer que, por exemplo, a simples utilização indevida da imagem da pessoa pode ensejar a indenização por danos morais (CF, art. 5º, X), ainda que essa utilização não tenha causado nenhum dano à reputação da vítima. 218) (ESAF/PFN/2003) A ação popular pode ser ajuizada para atacar ato jurisdicional. Item errado. Ato jurisdicional é o ato praticado por membro do Poder Judiciário – juiz ou tribunal – no desempenho da sua função típica, que é a função jurisdicional. Enfim, atos de natureza jurisdicional são as decisões judiciais proferidas pelos juízos e tribunais do Poder Judiciário nos casos submetidos à sua apreciação. Há controvérsia sobre o cabimento (ou não) de ação popular contra ato de natureza jurisdicional. Se a decisão de um magistrado violar um dos bens protegidos pela ação popular (o meio ambiente, por exemplo), poderá o cidadão propor uma ação popular contra esse ato do magistrado? A resposta é negativa. Segundo a jurisprudência do STF, não cabe ação popular contra ato de natureza jurisdicional (decisões judiciais) ou, em outras palavras, os atos de natureza jurisdicional são imunes à ação popular (não podem ser atacados na via da ação popular). E por que não? Porque, segundo o STF, se a decisão judicial ainda não transitou em julgado deverá ser atacada pelos recursos cabíveis nas leis processuais que regulam o respectivo processo; ou, se a decisão judicial já transitou em julgado, deverá ser atacada na via da ação rescisória. Logo, num ou noutro caso, não será cabível a propositura de ação popular. Podemos afirmar, então, que um ato praticado por um juiz jamais poderá ser atacado por meio de ação popular? CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 124 Não, não podemos afirmar isso. Os magistrados também praticam atos administrativos (nomeação e aplicação de penalidade a servidor, autorização de uma licitação pública para contratação de serviço etc.), e esses atos poderão ser normalmente atacados por meio de ação popular (somente os atos jurisdicionais não podem ser objeto de ação popular). 219) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Nenhum brasileiro pode ser extraditado. Item errado. A Constituição não permite a extradição do brasileiro nato. Porém, é admitida a extradição do brasileiro naturalizado em dois casos: (a) prática de crime comum, antes da naturalização; e (b) comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei (art. 5º, LI). 220) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A garantia do direito adquirido impede a alteração do regime jurídico dos servidores públicos por meio de lei. Item errado. Segundo a jurisprudência do STF, não há direito adquirido em face de mudança do regime jurídico estatutário dos servidores públicos. Significa dizer que o servidor público, ao tomar posse no cargo público, não adquire direito às vantagens então previstas no seu regime jurídico. O servidor não adquire direito à manutenção dessas vantagens por toda a sua vida funcional, até a aposentadoria. Essas vantagens poderão ser posteriormente suprimidas por lei e o servidor não poderá invocar direito adquirido em face dessas supressões. Veja o caso de um de nós. É um bom exemplo para entendermos essa orientação do STF. Quando eu, Vicente, ingressei no serviço público federal, em 1993, a Lei nº 8.112/90 (regime jurídico dos servidores públicos federais) estava com a sua redação original intacta. Naquela época, eu tinha direito à licença-prêmio, ao adicional de tempo de serviço, à incorporação da gratificação pelo desempenho de cargo em comissão etc. Com o tempo, todas essas vantagens foram suprimidas por lei, e eu não pude alegar direito adquirido diante dessas supressões. Por que não? Porque, segundo o STF, não há direito adquirido contra alterações do regime jurídico estatutário dos servidores públicos. 221) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O princípio constitucional da soberania dos veredictos do júri impede que juízes togados CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 125 julguem pedido de revisão criminal de condenação proferida em tribunal do júri. Item errado. Ao reconhecer à lei a competência para a instituição do júri, a Constituição estabelece os princípios que deverão ser seguidos pelo legislador na sua organização, a saber: (a) a plenitude de defesa; (b) o sigilo das votações; (c) a soberania dos veredictos; (d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Dentre esses princípios, temos a soberania dos veredictos, vale dizer, a decisão proferida pelo tribunal do júri ao julgar os crimes dolosos contra a vida é soberana. Porém, segundo a jurisprudência do STF, a soberania dos veredictos não impede a interposição de recursos perante o Poder Judiciário contra decisão do tribunal do júri (CF, art. 5º, XXXVIII, c). Portanto, é possível que tribunal do Poder Judiciário aprecie recurso interposto contra decisão proferida pelo tribunal do júri (o tribunal poderá declarar a nulidade da decisão do júri, por contrariedade às provas constantes dos autos, por exemplo), bem assim pedido de revisão criminal de condenação anteriormente imposta em tribunal do júri. Em relação aos outros princípios do júri, dois aspectos merecem destaque. O primeiro é que a Constituição outorgou ao júri a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. O legislador ordinário poderia ampliar essa competência do tribunal do júri? A lei poderia atribuir ao júri a competência para o julgamento de outros crimes, além dos dolosos contra a vida? Embora não haja consenso doutrinário a respeito, entendemos que a orientação dominante é no sentido negativo, de que a lei não pode ampliar a competência do tribunal do júri. De qualquer forma, há posições contrárias (por exemplo, a do prof. Alexandre de Moraes). O segundo é que não é correto afirmar que todos os crimes dolosos contra a vida serão julgados pelo tribunal do júri. Por que não? Porque, segundo o STF, as autoridades que têm foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal não se submetem a julgamento perante o tribunal do júri. Por exemplo: se o governador cometer um crime doloso contra a vida, será ele julgado pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ, e não pelo júri; se o prefeito cometer um crime doloso contra vida, será ele julgado perante o Tribunal de Justiça, e não peranteo júri – e assim por diante. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 126 Entretanto, o mesmo não se pode dizer do foro especial por prerrogativa de função previsto exclusivamente na Constituição Estadual. Nesse caso, segundo o STF, prevalece a competência do tribunal do júri para julgamento. Esse entendimento do STF está consolidado na Súmula nº 721 do tribunal, nos termos seguintes: “A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual.” Moral da história: na hora da prova, o segredo é você verificar se o foro especial da autoridade está definido na Constituição Federal ou exclusivamente na Constituição Estadual! Na primeira hipótese, o foro especial prevalecerá sobre a competência do júri popular; na segunda hipótese, não! 222) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Não constitui prova ilícita a gravação de conversa telefônica, como meio de legítima defesa, feita por um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro. Item certo. Em regra, a gravação de conversa por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro é ato ilícito, por ofensa à intimidade e à vida privada (CF, art. 5º, X). Porém, a gravação constituirá prova lícita se utilizada em legítima defesa. Se João conversa com Pedro, e Pedro grava a conversa sem o conhecimento de João, a gravação constituirá prova lícita, se utilizada em legítima defesa de Pedro (Pedro pode estar sendo vítima de uma investida criminosa de João). 223) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Durante o período de prisão, o condenado por sentença criminal transitada em julgado não sofre a suspensão dos seus direitos políticos. Item errado. O condenado criminalmente em sentença transitada em julgado sofre a suspensão dos seus direitos políticos, enquanto durarem os efeitos da condenação (CF, art. 15, III). 224) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Atos de improbidade administrativa acarretam a perda dos direitos políticos. Item errado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 127 Os atos de atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, e não a sua perda. É o que estabelece o art. 37, § 4º, da Constituição, segundo o qual os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 225) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Somente brasileiros podem titularizar cargos públicos. Item errado. Determina a Constituição que os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei (art. 37, I). Portanto, os estrangeiros podem titularizar cargos públicos, na forma da lei. Esse dispositivo constitucional, em relação aos estrangeiros, é de eficácia limitada, vale dizer, dependente de lei regulamentadora para a produção dos seus efeitos essenciais. Assim, ao contrário dos brasileiros, os estrangeiros só podem ter acesso a cargo, emprego ou função pública quando houver autorização em lei. Vale lembrar, ainda, que a lei não poderá autorizar os estrangeiros a ter acesso aos cargos públicos privativos de brasileiros natos (art. 12, § 3º). 226) (ESAF/AFRE/MG/2005) O mandado de segurança, o habeas corpus e o mandado de injunção são instrumentos processuais que compõem o grupo das garantias constitucionais. Item certo. O mandado de segurança, o habeas corpus, o mandado de injunção, a ação popular e o habeas data são as garantias constitucionais denominadas remédios constitucionais, em proteção aos direitos fundamentais consagrados na Constituição. 227) (ESAF/AFRE/MG/2005) O princípio da separação dos poderes impede que o juiz invoque o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade como fundamento para a declaração de inconstitucionalidade de uma lei. Item errado. O princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade - que tem sua sede material no postulado do devido processo legal em sua acepção substantiva, previsto no art. 5º, LIV, da Constituição – é reiteradamente CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 128 invocado pelo Poder Judiciário para a declaração da inconstitucionalidade das leis restritivas de direito, quando essas impõem uma restrição desarrazoada, irrazoada ou desproporcional. Vimos que o princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade exige das leis restritivas de direito o cumprimento de três requisitos: a) necessidade; b) adequação; e c) medida certa da restrição imposta (proporcionalidade estrita). Caso a lei restritiva de direito ofenda a um desses requisitos, será uma lei desarrazoada, irrazoada ou desproporcional e, como tal, deverá ser declarada inconstitucional pelo Poder Judiciário. Ufa! Foram muitas questões sobre direitos e garantias fundamentais, não? Acreditamos que com essa quantidade de questões e os respectivos comentários, você pôde reforçar seus conhecimentos sobre os principais aspectos (constitucionais, legais, doutrinários e jurisprudenciais) dessa matéria. Nos vemos na próxima aula. Um grande abraço e bons estudos! Vicente Paulo e Fred Dias CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 129 RELAÇÃO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA 1) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) As opções desta questão contêm fundamentos e objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, nos termos da Constituição Federal de 1988. Assinale a opção que contempla apenas fundamentos. a) Soberania, solidariedade, valor social do trabalho. b) Cidadania, justiça, dignidade da pessoa humana. c) Cidadania, soberania, valor social da livre iniciativa. d) Liberdade, justiça, pluralismo político. e) Garantia do desenvolvimento nacional, solidariedade, dignidade da pessoa humana. 2) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Construir uma sociedade livre, justa e solidária é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. 3) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação é princípio que rege a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. 4) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A cooperação entre os povos para o progresso da humanidade constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil. 5) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O repúdio ao terrorismo e ao racismo é princípio que rege a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. 6) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, geográfica, política e educacional dos povos da América Latina. 7) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Pessoas jurídicas de direito público podem ser titulares de direitos fundamentais. 8) (ESAF/ANALISTA CONTÁBIL-FINANCEIRO/SEFAZ-CE/2006) A Constituição Federal de 1988 estabeleceu cinco espécies de direitos e garantias fundamentais: direitos e garantias individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos; e direitos relativos à existência e funcionamento dos partidos políticos. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br130 9) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) A Constituição trouxe, entre os direitos e garantias fundamentais, o direito ao contraditório e à ampla defesa. Esse direito, nos termos da Constituição, é destinado somente àqueles litigantes que demandem em processos: a) judiciais criminais e nos processos administrativos disciplinares. b) judiciais de natureza criminal. c) judiciais de natureza cível. d) judiciais e administrativos. e) judiciais criminais e cíveis. 10) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença, assim como a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. 11) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem decorrente de sua violação. 12) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Os direitos fundamentais, na ordem constitucional brasileira, não podem ter por sujeitos passivos pessoas físicas. 13) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) É inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida de forma absoluta a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. 14) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) Os direitos fundamentais são garantidos aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país. Os demais estrangeiros não podem invocar direitos fundamentais no Brasil. 15) (ESAF/AFRE/MG/2005) A Constituição enumera, de forma taxativa, no seu Título sobre Direitos e Garantias Fundamentais, os direitos individuais reconhecidos como fundamentais pela nossa ordem jurídica. 16) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) Poderá ser privado de direitos quem invocar motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 131 17) (ESAF/EPPGG/MPOG/2009) As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas por decisão judicial transitada em julgado. 18) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) O habeas data, que serve de garantia ao direito de acesso a informações, é prerrogativa das pessoas físicas e não jurídicas, sendo de competência, a depender da entidade governamental violadora, do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça. 19) (ESAF/APOFP/SEFAZ/SP/2009) Considere os fatos hipotéticos relatados a seguir e assinale a opção correta frente às normas constitucionais vigentes. Juiz de direito determinou a expedição de mandado de busca e apreensão de um automóvel de propriedade de pessoa tida como devedora do Estado de São Paulo. Os agentes executores do mandado tiveram dificuldade para localizar o endereço do executado, que era muito distante do fórum, e lá chegaram apenas à noite. Conversaram com o morador, mas ele não entregou o automóvel e nem autorizou a entrada dos agentes. Os agentes perceberam que o automóvel se encontrava na garagem anexa à casa, arrombaram a garagem, apreenderam o automóvel e o levaram ao fórum para posterior avaliação. O juiz era competente e os agentes executores do mandado estavam investidos na função que exerciam. a) Os executores do mandado agiram ilegalmente, porque ninguém pode entrar na casa sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial, e a garagem está compreendida no conceito de casa e, em razão da ilegalidade, geraram, para o Estado de São Paulo, o dever de indenizar o morador. b) Os executores do mandado agiram ilegalmente, porque o valor do automóvel era muito superior ao valor da dívida fiscal. c) Os executores do mandado agiram legalmente, porque embora ninguém possa entrar na casa sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial, a garagem não possui nenhuma proteção contra a execução de mandados judiciais. d) Os agentes executores do mandado agiram legalmente, porque estavam cumprindo determinação judicial. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 132 e) Os executores do mandado agiram legalmente, porque após arrombarem a garagem constataram que o automóvel se encontrava aberto e com a chave na ignição e por isso não foi necessário arrombá-lo para que o mandado fosse efetivamente cumprido. 20) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) Assinale a opção correta relativa ao tratamento dado pela jurisprudência que atualmente prevalece no Supremo Tribunal Federal, ao interpretar a Constituição Federal, relativa aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos ratificados pelo Brasil. a) Incorporam-se à Constituição Federal, porque os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. b) Incorporam-se ao ordenamento jurídico como lei ordinária federal porque a Constituição confere ao Supremo Tribunal Federal, competência para julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. c) Os que tiveram ato de ratificação antes da vigência da Emenda Constitucional n. 45, de 2004, são equivalentes às emendas constitucionais em razão dos princípios da recepção e da continuidade do ordenamento jurídico. d) A legislação infraconstitucional anterior ou posterior ao ato de ratificação que com eles seja conflitante é inaplicável, tendo em vista o status normativo supralegal dos tratados internacionais sobre direitos humanos subscritos pelo Brasil. e) Os que tiveram ato de ratificação depois da vigência da Emenda Constitucional n. 45, de 2004, independentemente do quorum, são equivalentes às emendas constitucionais em razão do princípio da prevalência dos direitos humanos. 21) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O civilmente identificado pode ser submetido à identificação criminal, nos termos da lei. 22) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal. 23) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O Brasil admite a prisão civil por dívida. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 133 24) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A lei não poderá restringir a publicidade dos atos processuais. 25) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) O Brasil admite a pena de morte. 26) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, entretanto, exige-se prévio aviso à autoridade competente. 27) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) A mera instauração de inquérito, ainda quando evidente a atipicidade da conduta, não constitui meio hábil a impor violação aos direitos fundamentais, em especial ao princípio da dignidade humana. 28) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo o sigilo da correspondência, por ordem judicial. 29) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo, por determinação judicial após as 18 horas e durante o dia para prestarsocorro, em caso de flagrante delito ou desastre. 30) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Exige-se o trânsito em julgado da decisão judicial para que as associações tenham suas atividades suspensas. 31) (ESAF/TFC/CGU/2008) Assinale a opção que indica um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. a) Valorizar a cidadania. b) Valorizar a dignidade da pessoa humana. c) Observar os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. d) Constituir uma sociedade livre, justa e solidária. e) Garantir a soberania. 32) (ESAF/ATA/MINISTÉRIO DA FAZENDA/2009) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos fundamentais que forem aprovados, no Congresso Nacional, serão equivalentes às emendas constitucionais. 33) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, por isso que é dever de CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 134 cidadania opor-se à ordem ilegal, ainda que emanada de autoridade judicial; caso contrário, nega-se o Estado de Direito. 34) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) A prova ilícita pode prevalecer em nome do princípio da proporcionalidade, do interesse público na eficácia da repressão penal em geral ou, em particular, na de determinados crimes; a dignidade humana não serve de salvaguarda à proscrição da prova ilícita. 35) (ESAF/AFC/CGU/2008) A República Federativa do Brasil possui fundamentos e as relações internacionais do País devem ser regidas por princípios. Assinale a única opção que contempla um fundamento da República e um princípio que deve reger as relações internacionais do Brasil. a) Soberania e dignidade da pessoa humana. b) Prevalência dos direitos humanos e independência nacional. c) Cidadania e valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. d) Pluralismo político e repúdio ao terrorismo e ao racismo. e) Defesa da paz e solução pacífica dos conflitos. 36) (ESAF/APO/MPOG/2008) A Constituição acolhe uma sociedade conflitiva, de interesses contraditórios e antagônicos, na qual as opiniões não ortodoxas podem ser publicamente sustentadas, o que conduz à poliarquia, um regime onde a dispersão do Poder numa multiplicidade de grupos é tal que o sistema político não pode funcionar senão por uma negociação constante entre os líderes desses grupos (SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2005, pp. 143- 145, com adaptações). Assinale a opção que indica com exatidão o fundamento do Estado brasileiro expressamente previsto na Constituição, a que faz menção o texto transcrito. a) Soberania. b) Pluralismo político. c) Dignidade da pessoa humana. d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. e) Cidadania. 37) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Assinale a opção que indica um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil expressamente previsto na Constituição Federal que confere amparo constitucional a CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 135 importantes programas do governo federal que se concretizam por meio da política nacional de assistência social integrando as esferas federal, estadual e municipal. a) Garantir a prevalência dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. b) Promover o desenvolvimento internacional. c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. d) Erradicar o terrorismo e o racismo. e) Promover a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. 38) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo por determinação judicial, ou, durante o dia, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. 39) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, inclusive aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 40) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Constituem crimes inafiançáveis e imprescritíveis a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 41) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) A lei considerará crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático. 42) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 43) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A República Federativa do Brasil não tem como um dos seus fundamentos CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 136 a) a soberania. b) a cidadania. c) o monismo político. d) os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. e) a dignidade da pessoa humana. 44) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Os sigilos de correspondência e das comunicações telegráficas poderão ser restringidos nas hipóteses de decretação de estado de defesa e de sítio, desde que se observe a devida reserva de jurisdição. 45) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) O Brasil é regido, nas suas relações internacionais, pelo princípio da prevalência dos direitos humanos, por isso, o exercício concreto de direitos fundamentais pode servir para eximir o cumprimento de um dever ou obrigação nascida ou em decorrência de normas constitucionalmente inseridas no sistema jurídico. 46) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) A quebra de sigilo bancário de indivíduo que é objeto de investigações por crime pode ser determinada diretamente pela autoridade policial, no inquérito policial, ou pela autoridade judicial, depois de proposta a ação penal. 47) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) O direito de petição garante a todo indivíduo, independentemente de ser advogado, a defesa, por si mesmo, de qualquer interesse seu em juízo. 48) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) Por ser a liberdade de expressão livre de censura, pacificou-se o entendimento de que não se pode punir a opinião divulgada que seja agressiva à honra de terceiros. 49) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) Para a reparação do dano moral por ofensa à intimidade e à privacidade exige-se a ocorrência de ofensa à reputação do indivíduo. 50) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) A casa é o asilo inviolável do indivíduo, não se podendo em nenhum caso nela penetrar, durante a noite, sem o consentimento do proprietário, nem mesmo com mandado judicial. 51) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) A sala alugada, mas não aberta ao público, em que o indivíduo exerce a sua profissão, mesmo que ali não resida, recebe a proteção do direito constitucional da inviolabilidade de domicílio. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 137 52) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) Uma lei nova, desde que seja de ordem pública, pode incidir sobre prestações futuras de um contrato preexistente, admitindo-se, portanto, que assuma caráter retroativo. 53) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) A garantia constitucional da irretroatividadeda lei não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. 54) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) Sempre que um grupo de indivíduos sofre uma mesma lesão a direito individual pode buscar reparação por meio de mandado de segurança coletivo por ele mesmo impetrado. 55) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) É necessariamente nulo todo o processo em que se descobre uma prova ilícita. 56) (ESAF/ANALISTA/ANEEL/2006) É válida a prova de um crime descoberta acidentalmente durante a escuta telefônica autorizada judicialmente para apuração de crime diverso. 57) (ESAF/AFC/CGU/2006) A Constituição Federal reconhece a instituição do júri, assegurado-lhe a irrecorribilidade dos seus veredictos. 58) (ESAF/AFC/CGU/2006) O exercício do direito de petição aos Poderes Públicos, independentemente de taxas, para defesa de direitos, depende, nos termos constitucionais, de disciplina legal. 59) (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) Na vigência do estado de sítio, poderá haver restrição da liberdade de reunião, não sendo admitida a suspensão desse direito, uma vez que ele tem proteção constitucional até mesmo contra alterações pelo poder constituinte derivado. 60) (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) A liberdade de manifestação do pensamento, nos termos em que foi definida no texto constitucional, só sofre restrições em razão de eventual colisão com o direito à intimidade, vida privada, honra e imagem. 61) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) Como regra geral, os direitos fundamentais somente podem ser invocados em juízo depois de minudenciados pelo legislador ordinário. 62) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) Pode-se afirmar que, no direito brasileiro, o direito à vida e à incolumidade física são direitos absolutos, no sentido de que nenhum outro previsto na CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 138 Constituição pode sobre eles prevalecer, nem mesmo em um caso concreto isolado. 63) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) O agente político do Estado não pode invocar o direito à privacidade, enquanto estiver no exercício do cargo. 64) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) A Constituição em vigor expressamente admite a possibilidade de leis retroativas no ordenamento brasileiro. 65) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) O direito de reunião em lugares abertos ao público não depende de prévia autorização de autoridade pública. 66) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) A obrigação de reparação do dano decorrente da prática de um delito desaparece com a morte da pessoa condenada pela prática desse delito. 67) (ESAF/AFC/STN/2005) As associações não poderão ser compulsoriamente dissolvidas, havendo a necessidade de decisão judicial, transitada em julgado, para a simples suspensão de suas atividades. 68) (ESAF/AFC/STN/2005) O princípio da anterioridade nonagesimal, direito individual do contribuinte, não se aplica ao imposto de renda. 69) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A configuração constitucional do princípio do acesso à justiça, quanto aos beneficiários do direito à assistência jurídica integral e gratuita prestada pela Defensoria Pública ou por quem lhe faça as vezes, apenas obriga o Estado e efetuar esse serviço aos que comprovarem insuficiência de recursos. 70) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É assegurada a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva, não podendo a lei, em virtude do livre exercício dos cultos religiosos e da inviolabilidade da liberdade de crença, estabelecer restrições àquela prestação. 71) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) Os direitos e garantias fundamentais expressos na Constituição Federal não poderão ser objeto de restrição ou suspensão, salvo na vigência de estado de defesa ou estado de sítio. 72) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) A reprodução em emenda constitucional de direito constante de tratado internacional sobre CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 139 direitos humanos em que a República Federativa do Brasil seja parte eleva esse direito no ordenamento jurídico brasileiro a status constitucional. 73) (ESAF/PFN/2004) Sempre que o interesse público entra em linha de colisão com um interesse individual, aquele deve prevalecer. 74) (ESAF/PFN/2004) No conflito entre princípios constitucionais, os que se referem a direitos fundamentais devem sempre prevalecer sobre os demais. 75) (ESAF/PFN/2004) Quando dois princípios constitucionais colidem, um deles invariavelmente exclui o outro como inválido. 76) (ESAF/PFN/2004) Uma lei desarrazoada pode ser, por isso, declarada inconstitucional. 77) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) Os direitos fundamentais, na ordem constitucional brasileira, não podem ter por sujeitos passivos pessoas físicas. 78) (ESAF/PFN/2004) A ofensa à imagem de um indivíduo pode gerar pretensão de indenização por danos materiais, não, porém, de indenização por danos meramente morais. 79) (ESAF/PFN/2004) O patrimônio dos indivíduos está garantido contra o confisco, não se admitindo a perda de bens como sanção criminal. 80) (ESAF/PFN/2004) É inconstitucional a cobrança de contribuição previdenciária de servidores públicos já aposentados na data da criação da contribuição, por ofensa ao direito adquirido. 81) (ESAF/FISCAL/PA/2002) O princípio constitucional da igualdade entre homens e mulheres impede que se confira qualquer direito a pessoas do sexo feminino que não seja extensível também às do sexo masculino. 82) (ESAF/AFRF/2000) O Ministério Público pode determinar a interceptação das ligações telefônicas de suspeito, desde que haja indícios fortes da prática do delito. 83) (ESAF/AFRF/2000) O preso não está obrigado a responder perguntas feitas pela autoridade policial e pela autoridade judiciária. 84) (ESAF/AFRF/2000) Ninguém pode ser preso até ser considerado culpado em sentença transitada em julgado. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 140 85) (ESAF/AFC/2000) Por força do princípio da legalidade, o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe, enquanto os poderes públicos somente podem fazer o que a lei autoriza. 86) (ESAF/AFRF/2000) De acordo com o princípio da legalidade, a lei pode retroagir para fixar penas mais rigorosas, em casos de crimes hediondos. 87) (ESAF/ADVOGADO/IRB RESSEGUROS/2006) Por ser direito personalíssimo, os indivíduos só têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular. 88) (ESAF/PFN/2006) O direito constitucional de reunião não protege pretensão do indivíduo de não se reunir a outros. 89) (ESAF/PFN/2006) A vedação constitucional à pena de caráter perpétuo se circunscreve à esfera das reprimendas penais. 90) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) Segundo a Constituição Federal de 1988, a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio permanente para sua utilização, bem como proteção às criações industriais e à propriedade das marcas. 91) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) A proteção da honra, prevista no texto constitucional brasileiro, que se materializa no direito a indenização por danos morais, aplica-se apenas à pessoa física, uma vez que a honra, como conjunto de qualidades que caracterizam a dignidade da pessoa, é qualidade humana. 92) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) A competência da União para legislar sobre as condições para o exercício de profissões é uma restrição à liberdade de ação profissional. 93) (ESAF/APO/MPOG/2005) Nos termos da Constituição Federal, não há possibilidade do civilmente identificado ser obrigado a ser submetido à identificação criminal. 94) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Assinale a opçãocorreta. a) A Constituição veda todo tratamento diferenciado entre brasileiros que tome como critério o sexo, a etnia ou a idade dos indivíduos. b) O direito à incolumidade física expressa caso de direito fundamental absoluto. c) A liberdade de expressão garantida pela ordem constitucional diz respeito à atividade de comunicação de fatos verídicos, atuais ou históricos, não alcançando as opiniões em torno deles. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 141 d) A publicação da fotografia de alguém, que causa constrangimento e aborrecimento, pode ensejar indenização por danos morais. e) É nulo o processo em que se produz prova ilícita, mesmo que nele haja outras provas, não decorrentes da prova ilícita, que permitam a formação de um juízo de convicção sobre a causa. 95) (ESAF/TRT/7ª REGIÃO/JUIZ SUBSTITUTO/2006) Em que caso haverá invasão ilícita de domicílio: a) um agente público, munido de determinação judicial, força a sua entrada, à noite, na casa de um cidadão, para realizar uma busca e apreensão. b) um agente público ingressa na casa de um cidadão, à noite, em seguida a consentimento oral do morador. c) um transeunte, que é médico, força a entrada na casa de um cidadão, depois que vizinhos desse lhe narram que o morador está passando mal e não tem como solicitar socorro por si mesmo. d) um particular, para libertar pessoas seqüestradas, que se encontram cativas em uma residência, nela força a sua entrada, mesmo com a oposição do morador e sem mandado judicial. e) em seguida a uma enchente, que causa destruição e mortes, particulares ingressam, à noite, numa das casas atingidas pela calamidade, em busca de feridos, mesmo sem autorização judicial. 96) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a jurisprudência do STF, não é permitida a regionalização de critérios de concorrência em concursos para acesso a cargos públicos, por ofensa ao princípio da universalidade que informa esse tipo de concurso. 97) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, a inviolabilidade do sigilo das correspondências, das comunicações telegráficas e dos dados não é absoluta, sendo possível sua interceptação, sempre excepcionalmente, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, quando este direito estiver sendo exercido para acobertar práticas ilícitas. 98) (ESAF/AFC/2000) Para o exercício do direito de reunião pacífica, sem armas e em lugar aberto ao público, não se exige prévia autorização da autoridade administrativa, mas se exige que a ela seja dirigido prévio aviso. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 142 99) (ESAF/AFC/2000) Segundo o princípio do juiz natural, não se pode despojar alguém da sua liberdade ou da sua propriedade sem que se lhe assegure o direito ao contraditório. 100) (ESAF/AFC/2000) O exercício do direito de criar associação depende de autorização da autoridade pública competente, nos termos da lei. 101) (ESAF/AFC/STN/2000) De acordo com o direito brasileiro, as normas de tratados internacionais de que o Brasil faz parte têm prevalência sobre as leis e as emendas à Constituição. 102) (ESAF/AFC/STN/2000) A proibição da prisão civil pelo constituinte não impede a prisão de quem deixa de cumprir, de modo voluntário e inescusavelmente, obrigação alimentícia. 103) (ESAF/AFC/STN/2000) Por força do princípio da isonomia, toda norma que estabeleça tratamento jurídico diferenciado entre brasileiros é inconstitucional. 104) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, não cabe a impetração de mandado de segurança objetivando assegurar direito líquido e certo à insubmissão a certa modalidade de tributação, na hipótese de o ato coator apontado se confundir com a própria adoção de medida provisória. 105) (ESAF/ESPECIALISTA/ANA/2009) O uso de algemas só é lícito em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada previamente a excepcionalidade por escrito. 106) (ESAF/AFC/STN/2008) Depreende-se claramente da Constituição que menor de dezoito anos de idade pode ser responsabilizado pela prática de conduta descrita como crime. 107) (ESAF/AFC/STN/2008) Do regime e dos princípios adotados pela Constituição Federal ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte não podem decorrer quaisquer direitos e garantias que não estejam expressamente previstos na própria Constituição. 108) (ESAF/AFC/STN/2008) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a ampliar a aplicação das normas definidoras dos direitos e garantias. 109) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido para proteger direito líquido e certo, não CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 143 amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. 110) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 111) (ESAF/TFC/CGU/2008) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura, observada a necessidade de licença. 112) (ESAF/AFRF/2005) Cumpridas as demais condições de elegibilidade, previstas na Constituição Federal, todos os que tiverem feito alistamento eleitoral são elegíveis. 113) (ESAF/GESTOR FAZENDÁRIO/MG/2005) No âmbito dos direitos políticos, o analfabeto pode votar, mas não pode ser eleito para nenhum cargo eletivo. 114) (ESAF/TRF/2003) Basta ter nacionalidade brasileira para ter o direito de ser votado. 115) (ESAF/TRF/2003) Os conscritos podem votar. 116) (ESAF/PROCURADOR/BACEN/2001) As hipóteses de inelegibilidade estão dispostas taxativamente no texto constitucional. 117) (ESAF/AFRF/2005) O alistamento eleitoral facultativo não implica obrigatoriedade do voto. 118) (ESAF/TRF/2003) Um determinado cidadão brasileiro pode ter o direito de votar e não ter o de ser votado. 119) (ESAF/AFRF/2005) A condenação criminal, transitada em julgado, de brasileiro naturalizado implica a perda dos seus direitos políticos. 120) (ESAF/TRF/2003) O brasileiro nato sempre poderá exercer o direito ao sufrágio. 121) (ESAF/AFRF/2005) Os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, serão sempre brasileiros natos, porque o Brasil adota, para fins de reconhecimento de nacionalidade nata, o critério do jus solis. 122) (ESAF/AFRF/2005) Nos termos da Constituição Federal, o cargo de Ministro de Estado da Justiça é privativo de brasileiro nato. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 144 123) (ESAF/TRF/2003) Todo brasileiro nato é cidadão passível de exercício do poder de votar e de ser votado. 124) (ESAF/ANALISTA ADMINISTRATIVO/ANA/2009) É livre a manifestação de pensamento e protegido o anonimato. 125) (ESAF/ ANALISTA ADMINISTRATIVO /ANA/2009) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. 126) (ESAF/ ANALISTA ADMINISTRATIVO /ANA/2009) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e decomunicação, independentemente de censura ou licença. 127) (ESAF/TFC/CGU/2008) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, desde que haja autorização da autoridade pública competente e que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local. 128) (ESAF/TFC/CGU/2008) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 129) (ESAF/TFC/CGU/2008) A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado. 130) (ESAF/TFC/CGU/2008) Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. 131) (ESAF/TFC/CGU/2008) A respeito dos direitos e garantias fundamentais, é possível afirmar que os tratados e convenções sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às (aos) a) emendas constitucionais. b) leis ordinárias. c) leis complementares. d) decretos legislativos. e) leis delegadas. 132) (ESAF/AFC/CGU/2008) É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, observados os limites CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 145 estabelecidos pela censura e obtenção de licença nos termos da lei. 133) (ESAF/AFC/CGU/2008) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a pagamento pela utilização devidamente autorizada e o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. 134) (ESAF/AFC/CGU/2008) Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, mas a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens vai até o limite do valor do patrimônio dos sucessores. 135) (ESAF/AFC/CGU/2008) O Estado brasileiro também é regido por um princípio de estatura constitucional que visa a impedir que sejam frustrados os direitos políticos, sociais, culturais e econômicos já concretizados, tanto na ordem constitucional como na infraconstitucional, em atenção aos objetivos da República Federativa do Brasil, que são os de promover o bem de todos, sem quaisquer formas de discriminação, constituir uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Assinale a opção que denomina com exatidão o princípio constitucional descrito. a) Proibição do retrocesso no domínio dos direitos fundamentais e sociais. b) Proibição de juízo ou tribunal de exceção. c) Proibição de privação da liberdade ou de bens patrimoniais sem o devido processo legal. d) Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. e) Proibição de privação de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política. 136) (ESAF/APO/MPOG/2008) Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. Assinale a opção que indica com exatidão a objeção que CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 146 legitimamente pode ser oposta ao Estado para eximir-se de obrigação legal a todos imposta. a) Escusa de obrigação legal. b) Escusa de direitos. c) Escusa de consciência. d) Escusa de prestação alternativa. e) Escusa de liberdade. 137) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Conceder-se-á habeas data para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante ou de interesse coletivo ou geral, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. 138) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) O exercício dos direitos sociais como educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância, assistência aos desamparados, depende da existência de lei disciplinando cada um desses direitos. 139) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. 140) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) É assegurada licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 180 dias. 141) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) É assegurada assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 24 anos de idade, em creches e, de acordo com a idade e a evolução pessoal, em estabelecimentos de ensino fundamental, de ensino médio e de ensino superior. 142) (ESAF/Auditor do Tesouro Municipal/Prefeitura de Natal/2008) Proíbe-se trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. 143) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido para a retificação de dados, quando CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 147 não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. 144) (ESAF/ ANALISTA ADMINISTRATIVO /ANA/2009) É resguardado a todos o sigilo da fonte e assegurado o acesso à informação. 145) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) Sobre os direitos e garantias fundamentais, nos termos da Constituição da República, é correto afirmar que, desde que previstas em lei, é permitida a aplicação de penas a) de morte, agravada no caso de guerra declarada. b) de trabalhos forçados. c) de suspensão ou interdição de direitos. d) de banimento. e) cruéis. 146) (ESAF/PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO/2008) O mandado de injunção será concedido para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. 147) (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) O direito à razoável duração dos processos administrativos tem expressa previsão constitucional, dentro dos direitos e garantias fundamentais. 148) (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) Para que manifestantes possam reunir-se em frente a um determinado órgão fazendário, devem obter prévia autorização da autoridade competente. 149) (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) A Constituição Federal assegura, de forma expressa, os direitos ao contraditório e à ampla defesa somente nos processos judiciais, sendo possível a extensão de tais direitos aos processos administrativos pela via interpretativa. 150) (ESAF/PROCESSO SELETIVO INTERNO - MF/2008) Nos termos da Constituição Federal, diversos direitos de trabalhadores rurais e urbanos foram expressamente previstos como aplicáveis também a servidores ocupantes de cargos públicos. Entre as opções abaixo, assinale a que não corresponde a um de tais direitos. a) Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho. b) Garantiade salário, nunca inferior ao mínimo. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 148 c) Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais. d) Licença-paternidade, nos termos fixados em lei. e) Proteção do mercado de trabalho da mulher. 151) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Aos litigantes são assegurados, em processo administrativo, o contraditório e a ampla defesa, se a respectiva legislação de regência assim o dispuser. 152) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 153) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 154) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 155) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem. 156) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) É dever da Administração Pública assegurar aos cidadãos o acesso às informações por ela mantidas mas, ao mesmo tempo, é seu dever resguardar o sigilo da fonte. 157) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em repartições públicas para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal, coletivo ou geral. 158) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Sendo os direitos fundamentais cláusulas pétreas, é inadmissível toda emenda à Constituição que sobre eles disponha. 159) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) É constitucionalmente legítima a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa. 160) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) As garantias constitucionais da ampla defesa e do devido processo legal têm aplicação exclusiva nos processos administrativos ou judiciais em que alguém se acha na condição de acusado de infração administrativa ou criminal. 161) (ESAF/AFT/2003) Aplicado o princípio da reserva legal a uma determinada matéria constante do texto constitucional, a sua CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 149 regulamentação só poderá ser feita por meio de lei em sentido formal, não sendo possível discipliná-la por meio de medida provisória ou lei delegada. 162) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) O direito de livre locomoção pode sofrer restrição, conforme previsto na Constituição, por meio da chamada reserva legal qualificada. 163) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) A nacionalidade brasileira é condição necessária e suficiente para que se proponha ação popular visando à anulação de ato lesivo ao patrimônio público. 164) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O princípio constitucional da presunção de inocência tornou inconstitucional toda a prisão que não encontre causa numa sentença penal transitada em julgado. 165) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Em face do princípio democrático, do princípio da separação dos poderes e da cláusula do materialmente possível inerente aos direitos fundamentais de ordem social, esses direitos sociais somente produzem efeitos jurídicos depois de desenvolvidos pelo legislador ordinário. 166) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Toda gravação de conversa telefônica realizada sem autorização da autoridade judicial competente constitui prova ilícita. 167) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) A existência, em um processo administrativo ou penal, de prova ilicitamente obtida contamina necessariamente todo o feito, tornando-o nulo. 168) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) O sistema de direitos fundamentais em vigor no Brasil impede o legislador de restringir o direito à proteção judicial que se encontre em eventual colisão com outros direitos ou valores constitucionais. 169) (ESAF/AFC/CGU/2006) É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical, permanecendo a estabilidade provisória até um ano após o pleito, caso ele não seja eleito. 170) (ESAF/AFC/CGU/2006) A legalidade do exercício do direito de greve pelo trabalhador, nos termos da Constituição Federal, é aferida em face do período de dissídio da categoria. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 150 171) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) A assistência gratuita aos filhos e dependentes do trabalhador em creches e pré-escolas só é garantida desde o nascimento até a idade de seis anos. 172) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Dada a sua concepção constitucional, o habeas corpus é incabível, quando visar a obter o reconhecimento de nulidade de processo criminal em que a pena imposta foi declarada extinta. 173) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) Cabe habeas corpus para impugnar decisão penal condenatória à pena de multa. 174) (ESAF/AUDITOR/TCE-GO/2007) Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 175) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) A recuperação, por agentes públicos, de dados constantes de computador de particular, objeto de busca e apreensão autorizada judicialmente, figura violação à proteção de comunicação de dados, não podendo instruir nenhum processo, cível ou penal. 176) (ESAF/PROCURADOR DO DISTRITO FEDERAL/2007) A requisição, diferentemente da desapropriação, não supõe prévio pagamento de indenização – a indenização, ainda, no caso da requisição, subordina-se à ocorrência de dano. Além disso, em hipótese de requisição, a imissão na posse do bem independe de intervenção judicial. 177) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Pelo princípio da árvore dos frutos envenenados ou proibidos, a tão-só existência de prova reconhecidamente ilícita no processo basta para que a condenação seja nula, porquanto a proibição constitucional se harmoniza com a exigência de um processo contraditório, em que se assegure ampla defesa. 178) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Entre as características funcionais dos direitos fundamentais encontra-se a legitimidade que conferem à ordem constitucional e o seu caráter irrenunciável e absoluto, que converge para o sentido da imutabilidade. 179) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) Na esfera administrativa do inquérito policial não sobressai a garantia CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 151 constitucional expressa da ampla defesa e do contraditório, motivo pelo qual, visando à eficiência das investigações, e no contexto do princípio da proporcionalidade, é válida a vedação de consulta dos autos pelo defensor do indiciado, em se tratando de procedimento sigiloso. 180) (ESAF/PROCURADOR DA FAZENDA/PGFN/2007) A conformação constitucional do mandado de injunção tem recebido novas leituras interpretativas do Supremo Tribunal Federal, motivo pelo qual a decisão nele proferida não se encontra mais limitada à possibilidade de declaração da existência da mora legislativa para a edição da norma regulamentadora específica, sendo atualmente aceitável a possibilidade, dentro dos limites e das possibilidades do caso concreto, de uma regulação provisória pelo próprio Judiciário. 181) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Como definido no texto constitucional,o habeas corpus poderá ser utilizado para fazer cessar coação à liberdade de locomoção promovida por ato ilegal de particular. 182) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) O seguro contra acidentes do trabalho, quando feito pelo empregador, substitui eventuais indenizações por ele devidas quando o acidente com o empregado se der por culpa do empregador. 183) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É cabível o mandado de injunção nos casos em que o Congresso Nacional se mostra omisso em expedir decreto legislativo disciplinando as relações decorrentes de medida provisória não convertida em lei. 184) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É cabível o mandado de injunção quando a norma infraconstitucional regulamentadora do direito ou liberdade constitucional oferece disciplina insatisfatória aos interesses do impetrante, por ser injusta ou inconstitucional. 185) (ESAF/PFN/2004) O mandado de segurança impetrado contra ato do Superior Tribunal de Justiça deve ser impetrado originariamente no Supremo Tribunal Federal. 186) (ESAF/PFN/2004) Somente questões de direito não controvertidas podem ensejar a impetração de mandado de segurança. 187) (ESAF/PFN/2004) A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança, ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 152 188) (ESAF/PFN/2004) A entidade de classe precisa da autorização expressa dos associados para impetrar mandado de segurança coletivo em favor dos associados. 189) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É admissível o mandado de injunção perante o Supremo Tribunal Federal mesmo naquelas hipóteses em que, impetrado por organização sindical, estiver destinado a constatar a ausência de norma que inviabilize o exercício de direito ou liberdade constitucional de seus filiados. 190) (ESAF/PROCURADOR/DF/2004) É cabível mandado de injunção quando a norma constitucional asseguradora de um determinado benefício possibilitar a sua fruição independentemente da edição de um ato normativo intermediário pelo Poder Legislativo. 191) (ESAF/PFN/2004) Somente agentes públicos investidos em cargos públicos podem responder a mandado de segurança, na qualidade de autoridade coatora. 192) (ESAF/PFN/2004) O habeas corpus, jamais o mandado de segurança, constitui instrumento apto para se insurgir contra a quebra de sigilo bancário de alguém. 193) (ESAF/MPOG/APO/2000) É obrigatória a filiação a sindicato representativo do segmento econômico em que o trabalhador atua. 194) (ESAF/MPOG/APO/2000) Em nenhuma hipótese o salário do trabalhador pode ser reduzido. 195) (ESAF/AFRF/2000) É cabível o instrumento do habeas data para impugnar prisão tida como ilegal. 196) (ESAF/AFC/2000) Sendo os servidores públicos também destinatários dos direitos sociais, a eles também devem ser estendidos os direitos decorrentes de convenções e acordos coletivos do trabalho da categoria a que pertencem. 197) (ESAF/AFC/2000) A Constituição proclama o princípio da irredutibilidade do salário, mas o salário pode ser reduzido, por força de acordo ou de convenção coletiva do trabalho. 198) (ESAF/AFC/2000) Todo trabalhador faz jus a repouso aos domingos, mas esse repouso não é remunerado. 199) (ESAF/AFC/2000) Os trabalhadores domésticos estão excluídos do gozo de direitos sociais. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 153 200) (ESAF/AFC/2000) No direito constitucional brasileiro, a nacionalidade tem o mesmo sentido de cidadania. 201) (ESAF/AFC/2000) A lei pode estabelecer diferenças de direitos entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados, sempre que isso seja comprovadamente relevante para a segurança nacional. 202) (ESAF/AFC/2000) A Constituição não veda que um brasileiro nato seja também nacional de outro país estrangeiro. 203) (ESAF/AFC/2000) De acordo com o sistema constitucional em vigor, os nacionais de países integrantes do MERCOSUL gozam dos mesmos direitos, no Brasil, do brasileiro naturalizado. 204) (ESAF/AFC/2000) Todos os nascidos no território brasileiro, depois da Constituição Federal de 1988, são considerados brasileiros natos. 205) (ESAF/ANALISTA/MPU/2004) O cargo de Ministro da Justiça é privativo de brasileiro nato. 206) (ESAF/PFN/2004) Somente cabe a ação popular quando comprovado de plano o grave prejuízo financeiro acarretado ao erário pela conduta do administrador-réu. 207) (ESAF/MPOG/GESTOR/2000) Todo brasileiro é parte legítima para propor ação popular contra ato de administrador público lesivo ao patrimônio público. 208) (ESAF/TRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2006) Havendo reciprocidade, um português poderia ser oficial das Forças Armadas brasileira. 209) (ESAF/AFRF/TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA/2005) Nos termos da Constituição Federal, toda desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, dar-se-á mediante justa e prévia indenização em dinheiro. 210) (ESAF/AFC/CGU/2003) Embora qualquer pessoa tenha legitimidade ativa para propor habeas corpus, a seu favor ou de terceiro, independentemente de sua capacidade civil e política, segundo a jurisprudência dos Tribunais, essa legitimidade ativa não se estende ao menor de dezoito anos, em razão dos requisitos essenciais para a validade dos atos judiciais. 211) (ESAF/AFC/CGU/2003) Segundo a jurisprudência do STF, havendo mais de um sindicato constituído na mesma base territorial, a sobreposição deve ser resolvida com base no princípio da anterioridade, cabendo a representação da classe trabalhadora à organização que primeiro efetuou o registro sindical. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 154 212) (ESAF/AFC/CGU/2003) A decretação de greve por questões salariais, fora da época de dissídio coletivo, não encontra respaldo no direito de greve definido no texto constitucional. 213) (ESAF/AFT/2003) Segundo a jurisprudência do STF, a contribuição confederativa, como instrumento essencial para a manutenção do sistema de representação sindical, um direito coletivo dos trabalhadores, é compulsória para os integrantes de uma categoria patronal ou laboral, sindicalizados ou não. 214) (ESAF/GESTOR/MPOG/2002) A gravação de conversa telefônica pode ser autorizada por autoridade judicial, para fins de instrução de processo administrativo disciplinar. 215) (ESAF/TFC/CGU/2008) Assinale a opção correta. São privativos de brasileiro nato os cargos, exceto: a) de Presidente e Vice-Presidente da República. b) de Ministro do Supremo Tribunal Federal. c) de Deputados e Senadores. d) de Oficial das Forças Armadas. e) da carreira diplomática. 216) (ESAF/MPOG/APO/2002) O indivíduo condenado por um fato que, quando praticado, era definido como crime, não se beneficia de lei posterior que descriminaliza a conduta. 217) (ESAF/PFN/2003) Não há reparação por danos morais sem prova de dano à reputação do autor da demanda. 218) (ESAF/PFN/2003) A ação popular pode ser ajuizada para atacar ato jurisdicional. 219) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Nenhum brasileiro pode ser extraditado. 220) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) A garantia do direito adquirido impede a alteração do regime jurídico dos servidores públicos por meio de lei. 221) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) O princípio constitucional da soberania dos veredictos do júri impede que juízes togados julguem pedido de revisão criminal de condenação proferida em tribunal do júri. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 155 222) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002)Não constitui prova ilícita a gravação de conversa telefônica, como meio de legítima defesa, feita por um dos interlocutores, sem o conhecimento do outro. 223) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Durante o período de prisão, o condenado por sentença criminal transitada em julgado não sofre a suspensão dos seus direitos políticos. 224) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Atos de improbidade administrativa acarretam a perda dos direitos políticos. 225) (ESAF/PROCURADOR/FORTALEZA/2002) Somente brasileiros podem titularizar cargos públicos. 226) (ESAF/AFRE/MG/2005) O mandado de segurança, o habeas corpus e o mandado de injunção são instrumentos processuais que compõem o grupo das garantias constitucionais. 227) (ESAF/AFRE/MG/2005) O princípio da separação dos poderes impede que o juiz invoque o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade como fundamento para a declaração de inconstitucionalidade de uma lei. CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 156 GABARITOS OFICIAIS 1) C 2) E 3) E 4) E 5) C 6) E 7) C 8) C 9) D 10) C 11) C 12) E 13) E 14) E 15) E 16) C 17) C 18) E 19) A 20) D 21) C 22) C 23) C 24) E 25) C 26) C 27) E 28) E 29) E 30) E 31) D 32) E 33) C 34) E 35) D 36) B 37) C 38) E 39) E 40) E 41) E 42) C 43) C 44) E 45) E 46) E 47) E 48) E 49) E 50) E 51) C 52) E 53) C 54) E 55) E 56) C 57) E 58) E 59) E 60) E 61) E 62) E 63) E 64) C 65) C 66) E 67) E 68) E 69) C 70) E 71) E 72) C 73) E 74) E 75) E 76) C 77) E 78) E 79) E 80) E 81) E 82) E 83) C 84) E 85) C 86) E 87) E 88) E 89) E 90) E 91) E 92) C 93) E 94) D 95) A 96) E 97) C 98) C 99) E 100) E 101) E 102) C 103) E 104) C 105) E 106) C 107) E 108) E 109) E 110) E 111) E 112) E 113) C 114) E 115) E 116) E CURSO ON-LINE DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL - QUESTÕES ESAF PROFESSORES: VICENTE PAULO E FREDERICO DIAS www.pontodosconcursos.com.br 157 117) C 118) C 119) E 120) E 121) E 122) E 123) E 124) E 125) C 126) C 127) E 128) C 129) C 130) C 131) A 132) E 133) E 134) E 135) A 136) C 137) E 138) E 139) C 140) E 141) E 142) C 143) E 144) E 145) C 146) E 147) C 148) E 149) E 150) A 151) E 152) C 153) C 154) C 155) C 156) E 157) E 158) E 159) E 160) E 161) E 162) E 163) E 164) E 165) E 166) E 167) E 168) E 169) E 170) E 171) E 172) C 173) E 174) C 175) E 176) C 177) E 178) E 179) E 180) C 181) C 182) E 183) E 184) E 185) E 186) E 187) C 188) E 189) C 190) E 191) E 192) E 193) E 194) E 195) E 196) E 197) C 198) E 199) E 200) E 201) E 202) C 203) E 204) E 205) E 206) E 207) E 208) E 209) E 210) E 211) C 212) E 213) E 214) E 215) C 216) E 217) E 218) E 219) E 220) E 221) E 222) C 223) E 224) E 225) E 226) C 227) E