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1 Consórcios Públicos Intermunicipais Centralização de funções por entidades intermunicipais5 2 Conteudista: Yan Cattani (conteudista, 2021); Diretoria de Desenvolvimento Profissional. Enap Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2021 SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF 3 Sumário Unidade 1: O que é uma Central Intermunicipal (CIM)? ......................................................4 1.1 O que pode ser feito por uma Central Intermunicipal (CIM)? ............................................................ 4 1.2 Compras públicas centralizadas ................................................................................................................. 5 1.3 Outras atividades da Administração Municipal que podem ser compartilhadas ....................... 8 Referências .............................................................................................................................................................10 Unidade 2: Formatos bem-sucedidos de Centrais Intermunicipais (CIM) .................... 11 2.1 O desenho básico de uma CIM .................................................................................................................11 2.2 Exemplos de experiência brasileira em CIM .........................................................................................12 Referências .............................................................................................................................................................17 4 1.1 O que pode ser feito por uma Central Intermunicipal (CIM)? A execução de diversas atividades da Administração Pública pode, muitas vezes, necessitar da concentração de funcionários e de estrutura para consecução de seus serviços para a sociedade. Uma alternativa para a realização desse tipo de atividade é realizar a cooperação municipal através do agrupamento de funções municipais em serviços que não requerem grandes volumes de investimentos de capital ou que têm esses investimentos já realizados pela Administração Pública. A depender da finalidade, o consórcio pode, mediante previsão no protocolo de intenções, operacionalizar a execução de atividades comuns por conta própria (um exemplo são os consórcios de pavimentação asfáltica, que, com recursos do rateio, estruturam-se com equipamentos e têm equipe própria para prestar esse serviço aos entes consorciados mediante celebração de contrato de programa); ou, então, realizar as chamadas licitações compartilhadas em favor de seus entes consorciados, isto é, atuando como gerenciador da licitação. Esse tipo de consórcio pode funcionar, na prática, como uma verdadeira CIM, buscando uma maior resolutividade das ações dos governos municipais. Unidade 1: O que é uma Central Intermunicipal (CIM)? Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer o que pode ser feito por uma CIM, como realizar compras públicas centralizadas e de saber, também, sobre outras atividades da Administração Municipal que podem ser compartilhadas. Neste módulo, você verá a multiplicidade de conceitos associados à Central Intermunicipal (CIM), assim como exemplos práticos de consórcios públicos que atuam nessa modalidade. O módulo 5 está estruturado da seguinte forma: Centralização de funções por entidades intermunicipais M Ó D U LO 5 • Unidade 1 – O que é uma central intermunicipal? • Unidade 2 – Formatos bem-sucedidos de Centrais Intermunicipais 5 Em conformidade com as regras gerais de compras públicas, os consórcios públicos que realizam compras centralizadas, sejam elas obras, serviços, sejam elas alienações etc., também devem ser realizadas mediante processo licitatório, o qual também é aplicado a concessões, permissões ou autorizações de serviços públicos conforme constam na Lei nº 8.666/1993 e na Lei nº 10.520/2002. No caso de haver dispensa ou inexigibilidade de licitação (Art. 24 e 25, da Lei nº 8.666/1993, respectivamente), a contratação direta deve seguir as “[...] formalidades previstas no parágrafo único do artigo 26 da Lei de Licitações” (CNM, 2019, p. 3). A Lei de Consórcios Públicos (Lei nº 11.107/2005) também permitiu alterações no limite de valores das compras públicas, elevando em 20% os valores das dispensas. Assim, o valor habitual da lei, previsto nos incisos I e II do Artigo 24 da Lei nº 8.666/1993 passa de R$33.000,00 para R$39.600,00, enquanto, para compras e outros serviços, o valor é alterado de R$17.600,00 para R$21.120,00, conforme pode ser resumido na tabela abaixo: 1.2 Compras públicas centralizadas Limites para dispensa de licitações pelos consórcios públicos. Fonte: CMN (2019). Valores para Lei de Compras Públicas em consórcio. Fonte: CMN (2019). Limites de dispensa usuais Limites de dispensa para os consórcios até R$ 33.000,00 para obras e serviços de engenharia e R$ 17.600,00 para compras e outros serviços. até R$ 39.600,00 para obras e serviços de engenharia e de até R$ 21.120,00 para compras e outros serviços. Com relação às demais modalidades de licitação, a Lei de Consórcios Públicos realizou alterações significativas na Lei de Compras Públicas, Lei nº 8.666/1993. O Artigo 23 § 8º, da Lei de Compras Públicas, a lei prevê que “No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número” (BRASIL, 1993). Considerando-se os valores atualizados da lei de compras públicas, realizado pelo Decreto nº 9.4125/2018, as licitações passam a contemplar os seguintes valores para as seguintes configurações de consórcios: Valores usuais Art. 23, I e II da Lei 8.666/1993 Valores para consórcios com até 03 consorciados (dobro) Valores para consórcios com mais de 03 consorciados (triplo) I - para obras e serviços de engenharia: a) convite: até R$ 330.000,00; b) tomada de preços: até R$ 3.300.000,00; c) concorrência: acima de R$ 3.300.000,00. II - para compras e serviços não referidos no inciso anteror a) convite até: R$ 176.000,00; b) tomada de preços: até R$ 1.430.000,00; c) concorrência: acima:R$ 1.430.000,00. I - para obras e serviços de engenharia: a) convite: até R$ 660.000,00; b) tomada de preços: até R$ 6.600.000,00; c) concorrência: acima de R$ 6.600.000,00. II - para compras e serviços não referidos no inciso anteror a) convite até: R$ 352.000,00; b) tomada de preços: até R$ 2.860.000,00; c) concorrência: acima:R$ 2.860.000,00. I - para obras e serviços de engenharia: a) convite: até R$ 990.000,00; b) tomada de preços: até R$ 9.900.000,00; c) concorrência: acima de R$ 9.900.000,00. II - para compras e serviços não referidos no inciso anteror a) convite até: R$ 528.000,00; b) tomada de preços: até R$ 4.290.000,00; c) concorrência: acima:R$ 4.290.000,00. 6 De acordo com nota publicada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM, 2019), os limites de compras, nos casos em que há dispensa de licitação ou inexigibilidade, não devem ser conjugados com a aplicação do dobro dos valores mencionados no caput do artigo, ou do triplo, quando formado por um número maior de entes federativos. Conforme consta na nota: Adicionalmente, a prestação de serviços públicos, por meio do consórcio público para seus entes associados, poderá ser feita mediante dispensa de licitação, desde que seja celebrado, previamente, o contrato de programa, conforme consta no Art. 24, inciso XXVI, da Lei nº 8.666/1993. Outra importante alteração realizada pela lei de consórcios na Lei de Compras Públicas é com relação à questão de compartilhamento de licitações. A realização compartilhada pode ser realizada com os entes consorciados, podendo eles participarem ou não do acompanhamento e da execução do contrato. Através desse procedimento, há um ganho de eficiência na análise de procedimentos burocráticos, fato que gera economia de recursos entre os participantes. Além da redução de custos, há, também, a redução deprazos, maior transparência e, também, a facilitação do processo licitatório para os licitantes, uma vez que há padronização dos parâmetros da licitação (CNM, 2020). Conforme recomenda a CNM (2020), para que o processo seja vantajoso, algumas cautelas são necessárias para efetuar a licitação compartilhada. Primeiramente, deve-se realizar um adequado planejamento, definindo a necessidade, identificando a solução e uma consulta de preços do que se pretende obter com a licitação. Deve-se, em segundo lugar, comprovar a vantajosidade do processo perante todos os envolvidos no certame conjunto. Por fim, deve-se incluir todos os entes envolvidos sob um mesmo conjunto de regras, de modo a disciplinar a contratação pública. O Tribunal de Contas do Mato Grosso (TCE/MT) esclareceu que a previsão do §1º do art. 24 da Lei 8.666/1993, que aumenta em 20% o limite de valores para dispensa de licitação para compras, obras e serviços, previsto nos incisos I e II do artigo 23 em favor dos consórcios públicos, não deve ser conjugada com o §8º do artigo 23 que prevê, no caso de consórcios públicos, a aplicação em dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) Entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número, para se alcançar o valor do limite da dispensa (CNM, 2019, p. 4). Além de todos os cuidados necessários para realização de licitação compartilhada, é necessário que o consórcio público tenha previsto, em seu estatuto, a finalidade de compartilhamento de licitações. 7 Há uma distinção importante a ser realizada para o caso de compartilhamento de licitações. É o caso de licitações realizadas para consórcio público e aquelas realizadas para os entes consorciados. No caso das licitações realizadas para o consórcio público, o objetivo é obter bens e serviços para benefício próprio do consórcio. No segundo caso, as licitações realizadas para os entes consorciados fazem o consórcio público atuar como um mecanismo que gerencia o procedimento de licitação compartilhada (CNM, 2020). Para que esse mecanismo seja realizado de modo adequado, o consórcio e seus entes consorciados assumem diferentes papéis e responsabilidades. No caso de o consórcio atuar como ente gerenciador, há cinco responsabilidades. A primeira trata da identificação, do planejamento e da definição do escopo da licitação, realizada juntamente com entes consorciados. Em segundo lugar, deve-se estimar uma periodicidade das contratações a serem realizadas. Em terceiro, o consórcio tem a responsabilidade de gerenciar tanto a fase interna quanto a fase externa da licitação, isto é, realizar procedimentos formais que variam desde colher orçamentos, publicar edital, receber documentação dos licitantes, até julgar recursos, publicar resultados, entre outros. Em quarto lugar, cabe ao consórcio consolidar as informações sobre estimativas individualizadas e totais de consumo dos participantes. Em quinto e último lugar, o consórcio deverá adequar o edital e o termo de referência. No caso dos entes participantes, estes deverão seguir três passos básicos. O primeiro deles é manifestar o interesse em participar da licitação. O segundo é informar o quantitativo de consumo. Por fim, o último passo é celebrar o contrato com o vencedor da licitação (se assim for definido no edital). A figura abaixo resume os passos: Papel e responsabilidade de cada ente nas licitações compartilhadas. Fonte: CMN (2020). Ente Papel Responsabilidade Consórcio Público Ente gerenciador • Identificar, planejar e definir, juntamente com os entes consorciados, produtos e serviços com potencial para contratação compartilhada; • Estabelecer uma periodicidade das contratações; • Gerenciar a face interna e externa da licitação (procedimento formal-burocrático: colher orçamentos, publicar edital, receber documentação dos licitantes, julgar eventuais recursos, publicar resultado, etc); • Consolidar as informações referentes à estimativa individual e total de consumo dos órgãos participantes; • Promover a adequação do edital e do termo de referência. Administração direta e indireta dos Entes consorciados Ente participante • Manifestar interesse em participar da licitação; • Informar o quantitativo de consumo; • Se for assim estabelecido no edital, celebrar o contrato com o vencedor da licitação. 8 De acordo com o Artigo 112, da Lei de Compras Públicas, os contratos de licitação compartilhada devem ser firmados de modo direto entre o licitante vencedor e os órgãos participantes da licitação compartilhada, isto é, os municípios ou os órgãos indiretos da administração participante (CNM, 2020). As despesas correntes das contratações devem constar em dotação específica dos orçamentos de cada participante da licitação compartilhada. Sua classificação poderá ser indicada quando houver a contratação ou o empenho, ou podem constar diretamente no edital. Por fim, quanto à modalidade licitatória, a CNM (2020, p. 108) explica a preferência pelos pregões: Quanto a eleição da modalidade licitatória, na prática tem-se observado comum a utilização da modalidade pregão, via formalização de ata de registro de preço, para as licitações compartilhadas. Esse procedimento funciona como uma espécie de cadastro de fornecedores, cujos preços são registrados em ata e vinculam o licitante vencedor pelo prazo de 12 meses em relação a esses preços e condições de contratação (entrega, etc). A vantagem desse rito é que o Ente contratante não tem obrigação de celebrar o contrato, resguardando-o de eventuais imprevistos. Todas as situações [...] arroladas demonstram o caráter meramente exemplificativo constante do Decreto federal nº 6.017/2007, pois são variadas as atribuições que podem ser objeto de consorciamento. Por esse motivo, a previsão aberta do inciso XIII do art. 3º do mencionado Decreto, ao prever no âmbito dos consórcios “o exercício de competências pertencentes aos entes da Federação nos termos de autorização ou delegação”. Mais genérico e abrangente, impossível comprovar o caráter aberto desse instrumento de cooperação federativa. 1.3 Outras atividades da Administração Municipal que podem ser compartilhadas De acordo com o Art. 3º, do Decreto Federal nº 6.017/2007, são exemplificados os seguintes objetivos pertinentes à atuação dos consórcios públicos (BRASIL, 2007): I - a gestão associada de serviços públicos; II - a prestação de serviços, inclusive de assistência técnica, a execução de obras e o fornecimento de bens à administração direta ou indireta dos entes consorciados; III - o compartilhamento ou o uso em comum de instrumentos e equipamentos, inclusive de gestão, de manutenção, de informática, de pessoal técnico e de procedimentos de licitação e de admissão de pessoal; (...) VI - a promoção do uso racional dos recursos naturais e a proteção do meio-ambiente; (...) XI - o fornecimento de assistência técnica, extensão, treinamento, pesquisa e desenvolvimento urbano, rural e agrário; (...) Como pode-se observar nos itens destacados, a lista de possibilidades de atuação é bastante abrangente. Conforme aponta Probst (2018, p.155): 9 No estado de São Paulo, há, atualmente, em curso duas frentes de uso dos consórcios públicos como peças-chave para fomento do desenvolvimento regional. A primeira delas é capitaneada pela Secretaria de Desenvolvimento Regional do Governo do Estado de São Paulo, chamada “SP+Consórcios”. A segunda é através da parceria entre governo do Estado de São Paulo e Sebrae Nacional, no programa denominado “Consórcio Empreendedor”. No programa SP+Consórcios, o objetivo é estimular “[...] a atividade consorciada em diversas frentes em prol do empreendedorismo. Os principais eixos da iniciativa são convergentes com a agenda de gestores públicos em todo Estado, tais como: desburocratização, fortalecimento de lideranças para o desenvolvimento da região, formação e consolidação de consórcios multifinalitários, inclusão produtiva, compraspúblicas, sistema de inspeção municipal, inovação, entre outros” (SDR, 2021). No caso da iniciativa realizada pelo Sebrae, o programa Consórcio Empreendedor visa efetivar políticas públicas de desenvolvimento de base empreendedora por meio da integração de municípios, proporcionar, aos municípios menores, as oportunidades de políticas públicas típicas das grandes cidades e criar e fortalecer instituições permanentes do desenvolvimento regional. Essas ações são realizadas através de oito eixos temáticos: Governança do Desenvolvimento Regional, Desenvolvimento e Comunicação Institucional de Consórcios, Liderança e Gestão Pública Regional, Desburocratização e Melhoria do Ambiente de Negócios, Inovação no Setor Público, Inclusão Produtiva, Compras Públicas e Educação Empreendedora. Por fim, podemos, também, incluir no rol de atividades possíveis das CIM, atividades administrativas que possuem grande relevância para o Poder Público, de natureza burocrática ou aquelas compreendidas como atividades-meio da Administração Pública. São exemplos a criação de escolas de governo, o desenvolvimento de sistemas de tecnologia de informação, o asfaltamento, entre outras possibilidades (PROBST, 2018). Você chegou ao final desta unidade de estudo! Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Como exemplo de outras atividades, diversas têm sido as iniciativas no Brasil para fortalecer o papel dos consórcios públicos como mecanismos centralizadores de ações públicas para os municípios. 10 Referências BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 21 jul. 2021. BRASIL. Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm. Acesso em: 21 jul. 2021. CNM. As aquisições de bens e serviços no âmbito dos consórcios públicos. Brasília: Confederação Nacional de Municípios, 2019. CNM. Consórcios públicos intermunicipais: estrutura, prestação de contas e transparência. Brasília: Confederação Nacional de Municípios, 2020. PROBST, M. F. A gestão associada de serviços públicos no sistema constitucional tributário brasileiro: a instituição, fiscalização e cobrança de taxa no âmbito dos consórcios públicos. Florianópolis: UFSC, 2018. SDR. “SP+Consórcios” impulsiona as parcerias entre Estado, municípios, a população e os pequenos empreendedores locais. Secretaria de Desenvolvimento Regional, 2021. Disponível em: https://www.sdr.sp.gov.br/spconsorcios-impulsiona-parcerias-entre-estado-municipios- a-populacao-e-os-pequenos-empreendedores-locais/. Acesso em: 21 jul. 2021. SEBRAE. Programa Consórcio Empreendedor. Sebrae, 2021. Disponível em: https://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/programas/programa-consorcio-empreended or,5e3cb13f876f9710VgnVCM100000d701210aRCRD. Acesso em: 21 jul. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm https://www.sdr.sp.gov.br/spconsorcios-impulsiona-parcerias-entre-estado-municipios-a-populacao-e-os-pequenos-empreendedores-locais/ https://www.sdr.sp.gov.br/spconsorcios-impulsiona-parcerias-entre-estado-municipios-a-populacao-e-os-pequenos-empreendedores-locais/ https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/programas/programa-consorcio-empreendedor,5e3cb13f876f9710VgnVCM100000d701210aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/programas/programa-consorcio-empreendedor,5e3cb13f876f9710VgnVCM100000d701210aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/programas/programa-consorcio-empreendedor,5e3cb13f876f9710VgnVCM100000d701210aRCRD 11 CENTRAL INTERMUNICIPAL (CIM) CONSÓRCIO PRODUTOS EXEMPLOS: FUNDING REALIZAÇÃO DE COMPRAS REGULAÇÃO ECONÔMICA REALIZAÇÃO DE ATIVIDADE MEIO CONTRATO DE RATEIOS TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA RECURSOS PRÓPRIOS RECURSOS NÃO ONEROSOS MUNICÍPIO 1 MUNICÍPIO 2 MUNICÍPIO 3 CIM 2.1 O desenho básico de uma CIM Com relação à estrutura organizacional das CIM, estas podem ser dividida em três etapas. A primeira delas trata do funding do consórcio público. A segunda etapa trata da estrutura de governança, enquanto, na terceira etapa, são retratados os produtos provenientes do arranjo. No caso da estrutura de financiamento, o funding de uma CIM, basicamente, apresenta duas fontes de recursos. A primeira delas é através do rateio entre os entes consorciados, via divisão de custos realizada pelo contrato de rateio. Em segundo lugar, a fonte mais comum pode ser obtida através do repasse de recursos não onerosos, via transferências voluntárias. Com relação à governança, a estrutura da CIM deve contemplar além da estrutura mínima (isto é, Assembleia Geral, Controle Interno, Conselho Fiscal, Diretoria Executiva, Área administrativo-financeira); o consórcio deverá adotar Câmaras Temáticas, a fim de garantir o sucesso da política pública compartilhada, conforme pode ser visualizado no exemplo abaixo, sobre consórcio multifinalitário (CNM, 2020): Unidade 2: Formatos bem-sucedidos de Centrais Intermunicipais (CIM) Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você saberá como é o desenho de uma CIM e seu potencial na economia de recursos, além de conhecer alguns exemplos bem-sucedidos em diferentes áreas. Estrutura organizacional de uma Central Intermunicipal (CIM) Fonte:PNUED e ME (2020). 12 Exemplo de estrutura administrativa-financeira e técnica de um consórcio multifinalitário Fonte: CMN (2020). Nesse caso, as funções de Infraestrutura e Inspeção Sanitária correspondem a funções típicas de uma CIM e podem ser melhor estruturadas caso sejam segmentadas as funções em suas respectivas câmaras técnicas. Por fim, no que tange aos produtos entregues pelo CIM, estes podem ser resumidos aos bens e serviços adquiridos, assim como a realização de atividades compartilhadas, como as já descritas anteriormente. São inúmeros os casos de experiência brasileira em CIM. Nos casos mostrados a seguir, buscou-se exemplificar atividades de baixo investimento de capital, sendo um exemplo sobre consórcio que realiza atividade-meio da Administração Pública e outro caso que realiza atividade-fim. O primeiro deles é o Consórcio de Informática na Gestão Pública Municipal (CIGA), e o segundo trata do caso do Consórcio Paraná Saúde. Ao iniciar pelo CIGA, conforme consta na página do consórcio (CIGA, 2021): 2.2 Exemplos de experiência brasileira em CIM O Consórcio de Informática na Gestão Pública Municipal – CIGA é pessoa jurídica de direito público, sob a forma de associação pública, devendo reger-se pelas normas da Constituição da República Federativa do Brasil, da Lei n.º 11.107, de 6 de abril de 2005, do Decreto n.º 6.017, de 17 de janeiro de 2007, e demais normas pertinentes, pelo presente Protocolo de Intenções e pela regulamentação que vier a ser adotada pelos seus órgãos competentes. O CIGA é um órgão público subordinado aos municípios que aderiram ou vierem a aderir ao consórcio. O CIGA tem a finalidade de executar a gestão associada de serviços públicos, com isso desenvolve soluções para o aperfeiçoamento da gestão pública de prefeituras, câmaras e outras entidades, usando soluções tecnológicas. Com as soluções, os entes municipais podem alcançar economia de recursos públicos, melhoria nos serviços de tecnologia, promoção da gestão municipal, transparência nos processos e compartilhamento de informações. Dentre as diversas soluções tecnológicas está o Diário Oficial Eletrônico dos Municípios de Santa Catarina, utilizado por mais de 750 entidades de 268 municípios. Diretoria Executiva Área Administrativo- Financeira Contábil/ Financeiro Jurídico Operacional e compras Recursos Humanos Central de dados/ TI Área Técnica Engenheiro Civil Operador de máquinas MédicoVeterinário Agrônomo Gestão de Projetos Engenheiro Ambiental Câmara temática Infraestrutura Câmara temática Inspeção sanitária Gestor de resíduos sólidos Câmara temática Meio Ambiente 13 Estrutura organizacional do CIGA. Fonte: CIGA (2021). Com relação à estrutura organizacional, existem quatro instâncias superiores formadas pelo Conselho de Administração, pela Assembleia Geral, pelo Conselho Fiscal e pela Diretoria Executiva. A Assembleia Geral é a instância máxima do CIGA, sendo composta pelos Chefes do Poder Executivo dos municípios consorciados. É na Assembleia Geral que ocorre a deliberação sobre os temas definidos no Contrato de Consórcio, “[...] sendo as deliberações tomadas em maioria simples, salvo nos casos que exigirem maioria qualificada ou unanimidade de votos, nos termos do Contrato de Consórcio” (CIGA, 2021). Por sua vez, ao Conselho de Administração compete a supervisão da gestão administrativa e a coordenação da Assembleia Geral. Ao Conselho Fiscal compete a supervisão da gestão financeira e orçamentária do CIGA, em especial sobre a prestação de contas do consórcio e o balanço anual do consórcio. Por fim, a Diretoria Executiva é o órgão onde ocorre a execução das atividades do CIGA, • CIGA DIÁRIO - divulgação on-line de atos oficiais administrativos que atendem à necessidade de transparência pública. • CIGA CÂMARA - portal com domínio exclusivo para o poder legislativo, voltado para a divulgação de informações e serviços. • CIGA SIMPLES - relatórios personalizados que facilitam o acesso à arrecadação, à inadimplência e aos indícios de sonegação. “[...] dirigida pelo Diretor Executivo nomeado pelo Conselho de Administração, [...]. O exercício das tarefas de competência da Diretoria Executiva [...] [é] compartilhado com a Gerência Administrativa e a Gerência de Tecnologias da Informação” (CIGA, 2021). Enquanto na Gerência Administrativa ocorre a organização e a execução de processos relativos aos recursos humanos, burocráticos, licitação pública, contratos administrativos e execução financeira e orçamentária, na Gerência de Tecnologia, é onde ocorre a realização dos produtos gerados pelo consórcio. É nessa gerência que ocorre a elaboração, a coordenação e a supervisão dos projetos criados pelo CIGA, com gerenciamento da equipe de analistas, de programadores e de técnicos em informática. Atualmente, há cinco analistas de sistemas, três programadores e sete técnicos em tecnologia da informação. Ao todo, existem os seguintes produtos: Assembléia Geral Diretor Executivo Conselho de Administração Conselho Fiscal Analista de Sistemas Programor Técnico em TI Contador Assistente Administrativo Assessor Jurídico Controlador Interno Gerente de Tecnologias da InformaçãoGerente Administrativo 14 • CIGA CIM - sistema de integração das informações relacionadas ao processo de abertura e alteração de empresas. • CIGA OBRAS - planejamento, acompanhamento e gestão de obras, para a elaboração e a administração de projetos. • CIGA NOTA - sistema de emissão de notas fiscais e controle tributário pela prefeitura. • CIGA GEO - Sistema de Informações Georreferenciadas (SIG) com o objetivo de gerir o cadastro técnico multifinalitário. • CIGA SINFAT - gerenciamento de pedidos de licenciamento ambiental de seus empreendedores. • e-CIGA - processos e documentos eletrônicos, com assinatura e arquivamento digital. • CIGA COLETOR - integração de dados municipais de forma simples. • CIGA BOAS PRÁTICAS - sistema de compartilhamento de boas práticas municipais. • CIGA CARTÃO - solução informatizada para as transações de pagamento de tributos municipais por meio de cartão. • CIGA EDUCAÇÃO - iniciativas tecnológicas para apoiar os municípios na área da educação. O segundo caso bem-sucedido é o caso do Consórcio Paraná Saúde (CPS). Focalizado na compra de medicamentos para Assistência Farmacêutica Básica, o consórcio público possui 398 municípios associados, dos 399 do estado (CPS, 2021). Conforme aponta documento da CMN (2017, p. 8): De acordo com a instituição, o objetivo social do CPS é o de representar os municípios consorciados nos assuntos de assistência à saúde pública e farmacêutica, realizar o planejamento e a execução de programas destinados à promoção da proteção à saúde, com uso racional de medicamentos, realizar a orientação e a viabilização de infraestrutura de assistência farmacêutica entre os associados, promover a compra de medicamentos, de insumos e de bens necessários ao atendimento de serviços ambulatoriais, hospitalares etc., fomentar a participação de formulação de política de Assistência Farmacêutica no Estado, sua organização e sua estruturação (CMN, 2017). A programação de compras é outro procedimento importante realizado pelo CPS. Os medicamentos básicos são disponibilizados no site do Consórcio e são acompanhados de indicação de teto financeiro disponibilizado para cada ente participante. De posse dessas informações, o município pode realizar a seleção e a quantificação dos medicamentos necessários, baseados nos seus dados de demanda, os quais consideram diversos outros fatores, como sazonalidades e estoques existentes do medicamento. Em sequência (CMN, 2017, p. 10): Os recursos para a operacionalização das atividades são oriundos de rateio de despesas entre os Municípios. A estratégia de aquisição centralizada proporciona um ganho de escala na aquisição de medicamentos. Os Municípios de pequeno porte do Estado do Paraná (80% tem até 20.000 habitantes) foram os mais beneficiados. Cabe ao Consórcio a aquisição e o acompanhamento da entrega dos medicamentos e insumos nas Regionais de Saúde e, posteriormente, sua distribuição aos Municípios. Também esão de responsabilidade do Consórcio, os controles gerenciais, o registro das despesas e a prestação de contas (Conselho Deliberativo do Consórcio) aos órgãos de auditoria e controladoria (Departamento Nacional de Auditoria do SUS, Tribunal de Contas do Estado do Paraná e Tribunal de Contas da União). Para a aquisição, o Consórcio adota o Elenco de Referência de Medicamentos da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica, pactuado com a Comissão Intergestores Bipartite (CIB/PR) e revisado, periodicamente, pela Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa/PR). 15 O CPS realiza todo o processo de logística de distribuição dos medicamentos adquiridos. Nesse caso, os fornecedores realizam as entregas diretamente as regionais de Saúde do Estado (22 ao todo), sendo a conferência, a separação e a entrega aos municípios realizada pelo CPS. Por fim, o acompanhamento de todas as entregas é realizado até o destino final (CMN, 2017). Com relação à estrutura de governança, a estrutura é similar ao do CIGA. Há a segmentação das instâncias superiores divididas entre a Assembleia Geral, Conselho Fiscal, Conselho Deliberativo e Diretoria Executiva. De modo análogo, as decisões tomadas pelo Conselho Deliberativo (no CIGA, trata-se do Conselho de Administração) são levadas a cabo pela Diretoria Executiva. A Diretoria Executiva, por sua vez, é segmentada da seguinte forma: Assessoria Jurídica; Controladoria; Diretoria Administrativa Financeira; e Diretoria Técnica. É justamente nesta última diretoria que parte relevante do processo de compras compartilhadas de medicamentos ocorre, em trabalho realizado pela equipe de apoio de três farmacêuticos e seis auxiliares administrativos. Organograma da CPS. Fonte: CIGA (2021). Conselho Deliberativo Conselho Fiscal Assembleia Geral 397 12 3 Diretoria Executiva 1 Assessoria Jurídica Controladoria 1 1 Diretoria Técnica Diretoria Adm/Financeira 1 1 Farmacêuticos 3 Contador 1 Auxiliar Administrativo 6 A discussão é iniciada em cada um dos Municípios do Estado, discutida no âmbito das Regionais de Saúde e consolidada em reunião entre representantes dos Municípios, Regionais de Saúde, Consórcio, especialistas, Centro de Medicamentos Básicos do Paraná (Cemepar) e Departamento de Assistência Farmacêutica(DAF). 16 Que bom que você chegou até aqui! Agora, chegou a hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o Exercício Avaliativo 5 que está disponível no ambiente virtual. Boa sorte! Para compreender melhor os temas tratados nesta unidade, veja a vídeoaula a seguir: Videoaula: Centralização de funções por entidades intermunicipais https://www.youtube.com/watch?v=HsFHV-McdPo https://cdn.evg.gov.br/cursos/678_EVG/video/m01_un01_va05/index.html 17 Referências CIGA. Quem Somos. Consórcio de Informática na Gestão Pública Municipal, 2021. Disponível em: https://ciga.sc.gov.br/quem-somos/. Acesso em: 21 jul. 2021. CMN. Nota Técnica nº 34/2017. Brasília: Confederação Nacional de Municípios, 2017. CNM. Consórcios públicos intermunicipais: estrutura, prestação de contas e transparência. Brasília: Confederação Nacional de Municípios, 2020. CPS. Sobre nós. 2021. Disponível em: https://www.consorcioparanasaude.com.br/?page_ id=1722. Acesso em: 21 jul. 2021. https://ciga.sc.gov.br/quem-somos/ https://www.consorcioparanasaude.com.br/?page_id=1722 https://www.consorcioparanasaude.com.br/?page_id=1722 Unidade 1: O que é uma Central Intermunicipal (CIM)? 1.1 O que pode ser feito por uma Central Intermunicipal (CIM)? 1.2 Compras públicas centralizadas 1.3 Outras atividades da Administração Municipal que podem ser compartilhadas Referências Unidade 2: Formatos bem-sucedidos de Centrais Intermunicipais (CIM) 2.1 O desenho básico de uma CIM 2.2 Exemplos de experiência brasileira em CIM Referências
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