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1 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL E LICENCIAMENTO AMBIENTAL 1 FACUMINAS A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação.Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 2 SUMÁRIO CONCEITOS IMPORTANTES ....................................................................................... 4 NORMAS TÉCNICAS .................................................................................................... 7 DEFINIÇÃO, EVOLUÇÃO E OBJETIVOS ................................................................... 8 PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DA NORMALIZAÇÃO ................................................. 9 SISTEMA INTERNACIONAL DE NORMATIZAÇÃO E A DINÂMICA DA CERTIFICAÇÃO ........................................................................................................... 10 CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001 – GESTÃO AMBIENTAL ................................... 13 BREVES REFLEXÕES ................................................................................................. 13 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO ................................................................... 14 SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: INTERAÇÃO ENTRE LCM E LCA ........... 15 A SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO AMBIENTAL ............................................ 16 A NORMA ISO 14001 ................................................................................................... 21 TC- GERENCIAMENTO AMBIENTAL ...................................................................... 21 REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA ISO 14001 ............... 25 MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ............................................... 26 SUBSEÇÃO 4.2 - POLÍTICA AMBIENTAL ............................................................... 27 SUBSEÇÃO 4.3 - PLANEJAMENTO .......................................................................... 27 SUBSEÇÃO 4.4 - IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO ............................................. 28 SUBSEÇÃO 4.5 - VERIFICAÇÃO ............................................................................... 30 SUBSEÇÃO 4.6 - ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO ........................................... 31 CERTIFICAÇÃO NBR 16000 E ISO 26000 – GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE ........................................................................................................................................ 31 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES ..................................................... 31 PRINCÍPIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL .................................................... 34 PROGRAMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO EM RESPONSABILIDADE SOCIAL .......................................................................................................................... 37 3 CERTIFICAÇÃO OHSAS 18000 – SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL ...... 39 CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA ........................................... 43 IMPORTÂNCIA E JUSTIFICATIVAS PARA CERTIFICAÇÃO PARA SISTEMAS DE SEGURANÇA ......................................................................................................... 43 AUDITORIA E PRÉ-AUDITORIA ............................................................................... 47 ETAPAS DO LICENCIAMENTO ................................................................................ 49 O que fazer quando estiver em operação, mas sem a Licença? ...................................... 55 Modificar atividade ou empreendimento é preciso uma nova Licença? ........................ 56 OBTENÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS ........................................................... 59 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 70 4 CONCEITOS IMPORTANTES Na gestão de negócios, qualquer que seja ele, área industrial, saúde, educação, encontramos pelo menos quatro funções ou ações básicas que se fazem presentes: planejar, executar, controlar e avaliar, objetivando que o negócio cresça, que se mantenha no mercado, que atenda ao seu público com eficiência e eficácia, entregando-lhe produtos e/ou serviços de qualidade sem perder de vista seu objetivo maior. Grosso modo, no caso da empresa privada seria o lucro mediante redução de custos e em se tratando de empresas públicas, atendimento ao público com qualidade. Qualidade, eficiência, eficácia são alguns dos critérios que nos levam aos Sistemas de Gestão Integrados, os conhecidos SIG’s, que vão além da satisfação dos clientes, objeto do sistema de gestão de qualidade, ou de proteção ao meio ambiente, objeto do sistema de gestão ambiental. Os SIGs garantem que, respondendo às exigências de uma regulamentação cada vez mais rigorosa, respeitando o ambiente e preocupando-se permanentemente com a saúde e a segurança das pessoas no trabalho, ou seja, considerando a dimensão ambiental e social, a satisfação do cliente estará ainda mais garantida, pois são quatro sistemas compatíveis integrados com um único intuito: a obtenção de resultados cada vez melhores para as organizações que os adotem (RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2008). Chegamos onde queríamos: aos sistemas de normalização! A implantação de sistemas de normalização disponibiliza, para os gestores das organizações, poderosa ferramenta para estabelecer e atingir objetivos organizacionais. A utilização da normalização internacional, muito além de impactar na redução de custos de produção e melhoria da qualidade do produto final, tem gerado benefícios não apenas em aspectos tecnológicos, mas também na área econômica e social, tais como: aos consumidores, a conformidade com normas internacionais assegura qualidade, confiabilidade e segurança; aos fornecedores, assegura ampla aceitação internacional de seus produtos, estabilidade, crescimento, parceria com clientes e facilidade de compreensão mútua; aos acionistas, proporciona melhores resultados operacionais, aumento na participação de mercado, crescimento nos lucros e no retorno sobre investimentos; 5 aos empregados, proporciona melhores condições de trabalho, saúde e segurança, estabilidade empregatícia, satisfação com o trabalho e efeitos morais positivos; aos governos, fornece bases tecnológicas e científicas para apoiar a legislação de saúde, segurança e meio ambiente; e, para a sociedade, facilita o cumprimento de requisitos legais e regulamentares, gera melhoria na saúde e segurança e reduz impactos sociais e ambientais. Embora o foco deste módulo seja a Norma ISO 14001, veremos algumas outras, conforme as ilustrações abaixo. A Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT) justifica e explica de maneira sucinta e clara, a importância de tais normas, vejamos algumas delas: a) Sistema de Gestão Ambiental – ABNT NBR 14001 O aumento crescente da consciência ambiental e a escassez de recursos naturais vêm influenciandocada vez mais as organizações a contribuírem de forma sistematizada na redução dos impactos ambientais associados aos seus processos. A Conformidade do sistema com a ABNT NBR 14001 garante a redução da carga de poluição gerada por essas organizações, porque envolve a revisão de um processo produtivo visando a melhoria contínua do desempenho ambiental, controlando insumos e matérias-primas que representem desperdícios de recursos naturais. Certificar um Sistema de Gestão Ambiental significa comprovar junto ao mercado e à sociedade que a organização adota um conjunto de práticas destinadas a minimizar impactos que imponham riscos à preservação da biodiversidade. Com isso, além de contribuir com o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida da população, as organizações obtêm um considerável diferencial competitivo fortalecendo sua ação no mercado. b) Sistema de Gestão da Responsabilidade Social – ABNT NBR 16001 O surgimento de movimentos dirigidos aos interesses diversos dos consumidores impõe nas organizações a necessidade de se atualizarem frente a este contexto. Certamente, as organizações que possuem posicionamento ético melhoram sua imagem pública gradativamente, alcançando maior legitimidade social. Para ser realmente eficiente, os procedimentos da organização precisam ser conduzidos dentro de um sistema de gestão estruturado. A partir daí, a Certificação do Sistema de Gestão de Responsabilidade Social demonstrará ao mercado que a organização não existe apenas para explorar os recursos econômicos e humanos, mas também para contribuir com o desenvolvimento social, por meio da realização 6 profissional de seus colaboradores e da promoção de benefícios ao meio ambiente e às partes interessadas. c) Sistema da Segurança e Saúde Ocupacional – OHSAS 18001 Este sistema tem por objetivo assegurar o bom cumprimento de procedimentos e cuidados que venham a garantir o gerenciamento dos riscos de saúde e segurança em uma organização. Também neste caso, nota-se certa pressão da sociedade para que as organizações ajam de maneira que sejam evitados acidentes ou fatalidades com seus colaboradores. Trabalhando com base nesses princípios, a organização consegue também a geração de mais qualidade e produtividade dos empregados e de seus processos fabris. Tendo todos estes procedimentos funcionando, a Certificação do Sistema da Segurança e Saúde Ocupacional serve ainda para mostrar, tanto para os fornecedores quanto para os consumidores, o grau de seriedade do trabalho de uma organização. d) Segurança da informação: Em determinados ramos de negócio, a informação se mostra como o bem mais importante e, sendo assim, precisa ser protegida de acordo com os riscos associados. Para manter características como confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações, organizações deste setor buscam várias formas de se protegerem, a fim de garantir a entrega de um bom trabalho. O Sistema de Gestão de Segurança da Informação é uma forma de gerenciamento utilizada para estabelecer políticas baseadas na análise de risco do negócio. Tendo este sistema certificado, a organização demonstrará sua capacidade de definir, implementar, operar, manter e sempre melhorar a segurança da informação (www.abnt.org.br). Mediante as premissas acima, começaremos nossos estudos pela definição de normas técnicas, seus objetivos, os princípios e benefícios. Na sequência, os sistemas de normalização e a dinâmica da certificação. Cada sistema e sua respectiva NBR ISO terá uma unidade específica. Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. 7 Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. NORMAS TÉCNICAS Falar em normas técnicas nos remete de imediato à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e à Organização Internacional para Padronização (ISO). Sobre a ABNT é importante saber: foi fundada em 1940, é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro; é uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de Normalização através da Resolução n.º 07 do CONMETRO (Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), de 24.08.1992; é membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização); a ABNT é a única e exclusiva representante no Brasil das seguintes entidades internacionais: ISO (International Organization for Standardization), IEC (International Electrotechnical Commission); e das entidades de normalização regional COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e a AMN (Associação Mercosul de Normalização). Quanto a ISO, em 1946, em Londres, Inglaterra, representantes de vinte e cinco países decidiram criar uma organização internacional com o objetivo de facilitar, em nível mundial, a coordenação e a unificação de normas industriais. Essa organização, com sede em Genebra, Suíça, começou a funcionar oficialmente em 23 de fevereiro de 1947 com a denominação International Organization for Standardization (ISO), ou Organização Internacional de Normalização. A ISO é uma organização não governamental internacional, que hoje reúne mais de uma centena de organismos nacionais de normalização. Representando países que respondem por cerca de 95% do PIB mundial, tem por objetivo promover o desenvolvimento da padronização de atividades correlacionadas, de forma a possibilitar o intercâmbio econômico, científico e tecnológico em níveis mais acessíveis aos aludidos organismos (MARSHALL JR., 2001). 8 DEFINIÇÃO, EVOLUÇÃO E OBJETIVOS Normalização pode ser definida como uma atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva, com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem, em um dado contexto. O contexto da normalização não se restringe à modernidade. Ao contrário, há muito tempo, na história da evolução humana, a normalização é uma constante. Pesos e medidas, dinheiro, leis, expressões gráficas para representar números e letras são exemplos de normalização fundamentais para a vida em coletividade. Segundo Ribeiro Neto, Tavares e Hoffmann (2008), foi em fins do século XVIII que tivemos uma concepção moderna de normalização, de caráter técnico e científico, exatamente quando foi criado o sistema métrico de medidas e surgiu, na indústria, o conceito de produção em série, com a consequente necessidade de intercambialidade de componentes. A percepção dos benefícios decorrentes da intercambialidade de peças, não só em uma mesma fábrica, mas entre diferentes fábricas, estimulou em alguns países o desenvolvimento dos primeiros organismos de normalização. São objetivos da normalização: comunicação – proporciona os meios necessários para a troca adequada de informações entre clientes e fornecedores, com vista a assegurar a confiança e um entendimento comum nas relações comerciais; simplificação – reduz as variedades de produtos e de procedimentos, de modo a simplificar o relacionamentoentre produtor e consumidor; proteção ao consumidor – define os requisitos que permitam aferir a qualidade dos produtos e serviços; segurança – estabelece requisitos técnicos destinados a assegurar a proteção da vida humana, da saúde e do meio ambiente; economia – diminui o custo de produtos e serviços mediante a sistematização, racionalização e ordenação dos processos e das atividades produtivas, com a consequente economia para fornecedores e clientes; eliminação de barreiras – evita a existência de regulamentos conflitantes, sobre produtos e serviços, em diferentes países, de forma a facilitar o intermédio comercial. 9 PRINCÍPIOS E BENEFÍCIOS DA NORMALIZAÇÃO O processo de elaboração de normas técnicas está apoiado em princípios, que são fundamentais para que todos os objetivos da normalização sejam atendidos e para que ela seja eficaz na sua aplicação e reconhecida por todos. Princípio da Voluntariedade – a participação em processo de normalização não é obrigatória e depende de uma decisão voluntária dos interessados. Essa vontade de participar é imprescindível para que o processo de elaboração de normas ocorra. Outro aspecto que fundamenta a voluntariedade do processo de normalização é o fato de que o uso da norma também não é obrigatório, devendo ser resultado de uma decisão em que são percebidas mais vantagens no seu uso do que no não uso. Princípio da Representatividade – é preciso que haja participação de especialistas cedidos por todos os setores – produtores, organizações de consumidores e neutros (outras partes interessadas tais como universidades, laboratórios, institutos de pesquisa, órgãos do governo), de modo que a opinião de todos seja considerada no estabelecimento da norma. Dessa forma, ela de fato reflete o real estágio de desenvolvimento de uma tecnologia em um determinado momento, e o entendimento comum vigente, baseado em experiências consolidadas e pertinentes. Princípio da Paridade – não basta apenas a representatividade, é preciso que as classes (produtor, consumidor e neutro) estejam equilibradas, evitando-se assim a imposição de uma delas sobre as demais por conta do maior número de representantes. Assim, deve-se buscar assegurar o equilíbrio das diferentes opiniões no processo de elaboração de normas. Princípio da Atualização – a atualização do processo de desenvolvimento de normas, com a adoção de novos métodos de gestão e de novas ferramentas de tecnologia da informação, contribui para que o processo de normalização acompanhe evolução tecnológica. Esse princípio de atualização deve ser constantemente perseguido para que a normalização atenda à intensa demanda considerando que uma norma defasada tecnologicamente fatalmente cairá no desuso. 10 Princípio da Transparência – todas as partes interessadas devem ser disponibilizadas, a qualquer tempo, as informações relativas ao controle, atividades e decisões sobre o processo de desenvolvimento de normas técnicas. Princípio da Simplificação – o processo de normalização deve ter regras e procedimentos simples e acessíveis, que garantam a coerência, a rapidez e a qualidade no desenvolvimento e implementação das normas. Princípio do Consenso – para que uma norma tenha seu conteúdo o mais próximo possível da realidade de aplicação, é necessário que haja consenso entre os participantes de sua elaboração. Consenso é processo pelo qual um Projeto de Norma deve ser submetido, compreendendo as etapas de análise, apreciação e aprovação por parte de uma comunidade, técnica ou não. A finalidade desse processo de consenso é o de atender aos interesses e às necessidades da coletividade, em seu próprio benefício. Não é uma votação, mas um compromisso de interesse mútuo, não devendo, portanto, ser confundido com unanimidade. Quanto aos inúmeros benefícios, citando apenas alguns, a normalização ajuda a: organização do mercado; constituição de uma linguagem única entre produtor e consumidor; melhorar a qualidade de produtos e serviços; orientar as concorrências públicas; aumentar a produtividade, com consequente redução dos custos de produtos e serviços, a contribuição para o aumento da economia do país e o desenvolvimento da tecnologia nacional. SISTEMA INTERNACIONAL DE NORMATIZAÇÃO E A DINÂMICA DA CERTIFICAÇÃO Um conjunto de partes coordenadas para realizar um conjunto de finalidades é chamado de sistema, o qual trabalha de maneira coordenada, embora cada uma destas partes tenha objetivos próprios. Em se tratando de sistemas de gestão, com foco na ISO 9001, estes são baseados em normas internacionais, ou seja, em especificações estabelecidas em consenso e aprovadas por um organismo específico composto por membros de vários países (FERREIRA, 2012). Segundo a ABNT (2008), dentre alguns dos objetivos da normalização tem-se a possibilidade de uma melhor comunicação entre o cliente e o fornecedor (melhorando a 11 confiabilidade das relações comerciais e de serviços) e a eliminação de barreiras técnicas e comerciais (evitando a existência de regulamentos conflitantes em diferentes países). Assim, observa-se que a normalização está presente em diversas áreas, sendo que, com isso, são geradas várias normas internacionais de gestão que, devido à necessidade das organizações em atender à demanda de diversos grupos de interesse, vêm sendo amplamente adotadas (ZUTSHI; SOHAL, 2005 apud VITORELI, 2011). De acordo com Fortes (2007, p. 47 apud OLIVEIRA et al., 2009, p. 18-9), a ISO é considerada a maior instituição do mundo que trata das “questões de desenvolvimento de padrões voltados à área técnica”, e afirma ainda que “a utilidade dos padrões se estende aos ambientes de produção, tanto privados quanto públicos, tornando-os mais seguros, eficientes e transparentes”. Tais padrões podem ser utilizados “como base técnica para as questões legais que envolvam a saúde, o ambiente e a segurança”. A ABNT foi o órgão nacional responsável por produzir traduções referentes a essas normas. Até dezembro de 2005, haviam sido conferidas 776.608 certificações ISO 9001 em todo o mundo (FNQ, 2006 apud OLIVEIRA et al., 2009). A sobrevivência das organizações em tempos de globalização e competitividade passa pela garantia de produtos e serviços com uma qualidade beirando a excelência. Pois bem, a solução encontrada pelas empresas é investir em um sistema de qualidade, conforme os requisitos normativos da ISO 9001 e outras normas que veremos em detalhes ao longo do módulo, com foco maior na certificação para gestão ambiental. De acordo com Carpinetti et al. (2007 apud STAINO et al., 2011), em alguns casos, essas certificações são necessárias uma vez que são exigidas pelo próprio cliente, em outras situações, mesmo que isso não ocorra, a implementação criteriosa dos requisitos de gestão estabelecidos na norma elevará a eficácia e eficiência da empresa, tornando-a mais competitiva. Para a implantação de sistemas de gestão da qualidade, conforme as normas da série ISO, é necessário atentar para os princípios estabelecidos pela norma, como foco no cliente, liderança, abordagem factual para a tomada de decisão, abordagem sistêmica, abordagem por processos, relação benéfica com fornecedores e melhoria contínua. As empresas devem tomar decisões baseadas em fatos e dados, os quais podem ser obtidos por meio das ferramentas da qualidade. Para identificar os processos-chave de uma organização, deve ser realizado um estudo de todas as atividades que fazem parte da rotina de trabalho da empresa, de forma crítica e sem omissões (STAINO et al., 2011). 12 Segundo Marshall JR. (2001), a ISO tem por objetivo promover o desenvolvimento da padronização e de atividades correlacionadas de forma a possibilitar o intercâmbio econômico, cientifico e tecnológico em níveis mais acessíveis aos aludidosorganismos. A família de norma ISO representa um consenso internacional em boas práticas que possam assegurar que a organização forneça produtos/serviços que atendam ou superem as necessidades de seus clientes, que são o foco desta norma. Elas auxiliam na melhoria dos processos internos, no aumento da capacitação dos funcionários, no acompanhamento da satisfação dos clientes, colaboradores e fornecedores, num processo contínuo de melhoria. Para a preparação destas normas internacionais são conciliados os interesses dos produtores, consumidores, comunidade e governo. Na prática, a normalização está presente na fabricação dos produtos, na transferência de tecnologia e na melhoria da qualidade de vida, através de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente. Devido a fatores como a evolução tecnológica, desenvolvimento de novas ferramentas, metodologias, novos requisitos, entre outros, a ISO estabeleceu que as normas devem ser revisadas em períodos inferiores a 5 anos. Nesse contexto, a certificação é um procedimento para alcançar um padrão que assegure qualidade, surgida da necessidade de as organizações comunicarem a seus clientes e ao mercado a adequação de seus princípios de gestão aos requisitos ISO. Como as normas são revisadas periodicamente, a certificação passa a ser uma atividade dinâmica. A certificação é efetuada por um organismo certificador que no âmbito Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade (SBAC) deve estar cadastrado no Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) para exercer tal atividade. Isso acontece para que o processo de certificação seja imparcial e a credibilidade do certificado seja assegurada. As auditorias são realizadas com o objetivo de averiguar se atividades desenvolvidas estão de acordo com o estabelecido previamente. Elas são divididas em auditoria de adequação (verificação da conformidade da documentação da organização à norma) e auditoria de conformidade (verificação por meio de evidência objetiva, da efetiva implementação dos procedimentos que compõem o sistema da qualidade de uma empresa). 13 Também são classificadas como auditorias de primeira parte (auditoria interna), de segunda parte (cliente-fornecedor) e de terceira parte (sem relação comercial, feita por um organismo independente) (MAGALHÃES, 2009). CERTIFICAÇÃO NBR ISO 14001 – GESTÃO AMBIENTAL BREVES REFLEXÕES Não há dúvida que o conceito de sustentabilidade vem evoluindo ao longo do tempo! Principalmente a evolução da percepção de sobrevivência da organização, para o consenso de que é preciso sobreviver sem comprometer as gerações futuras. Essa visão mais ampla de sustentabilidade emergiu em uma perspectiva tridimensional, incorporando as dimensões econômica, social e ambiental, ou o termo em inglês Triple Bottom Line (CARVALHO; MIGUEL, 2012). Esse tripé vem em grande medida responder ao processo de exaustão dos recursos naturais, em grande medida fruto de uma visão míope da dimensão econômica e da perspectiva de curto prazo. Nesta visão antiga, a hipótese que conduzia a ação é que as questões ambientais e sociais trariam impacto negativo na dimensão econômica, o que tem sido contestado nestas últimas décadas, pelas evidências de que as três dimensões se reforçam, formando um ciclo virtuoso (CARVALHO; RABECHINI JR, 2011). Essa nova visão vem não somente como fruto de uma sociedade mais consciente e crítica quanto a questões ambientais e sociais, mas também alarmada pela ocorrência de eventos extremos e aquecimento global. Esse processo resultou em legislações e normas mais rígidas, com maior fiscalização e responsabilização por passivos ambientais. Por outro lado, as empresas também perceberam o potencial competitivo do tema. O desafio de produzir com maior eficiência no uso de recursos naturais cada vez mais escassos, gerindo o ciclo de vida do projeto ao descarte, tem gerado ganhos efetivos e minimizado problemas ambientais, que pode deteriorar a imagem da empresa perante os consumidores. Nesse sentido o “marketing verde” representa fonte de vantagem competitiva desde que feito de forma autêntica e com consistência ao longo do tempo, ou seja, faça parte dos valores da organização (CARVALHO; MIGUEL, 2012). Embora essa nova tendência seja clara, ainda há muito que fazer. Uma pesquisa sobre sustentabilidade realizada com uma centena de empresas da lista da revista Fortune revelou que 72% delas não incluem aspectos relacionados à sustentabilidade em seus projetos, investimentos, transações ou processos de avaliação. 14 É claro que existem empresas pioneiras em adotar a abordagem sustentável, como é o caso da Natura no Brasil ou da americana Body Shop. No entanto, podemos situar as empresas em uma escala contínua que vai de uma postura reativa, com baixo comprometimento com essa causa, cumprindo estritamente a lei, até organizações mais comprometidas, com postura proativa. Nessas empresas mais proativas, observamos uma preocupação sistêmica com a sustentabilidade que, em geral, é desdobrada para os seus sistemas de gestão. Uma das ações nesse sentido é a tentativa de integrar estes sistemas gerenciais por meio de um sistema integrado de gestão. Os sistemas integrados de gestão (SIG) compõem-se de um conjunto de quatro normas gerenciais de cunho voluntário, que, se adotadas em conjunto nas organizações, permitem uma visão de integrada sustentável. É claro que apenas as normas não garantem que a empresa terá uma postura proativa, pois isso depende da estratégia e da cultura e valores da organização. No entanto, a iniciativa de ter um sistema integrado de gestão demonstra o grau comprometimento com a gestão do tripé da sustentabilidade na organização. Esse conjunto de normas é composto pelas normas ISO 9000 e ISO 14000, de gestão da qualidade e de gestão ambiental, respectivamente, acrescidas das normas ISO 26000 de responsabilidade social e da OHSAS 18000 de saúde e segurança ocupacional. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO O desenvolvimento das três normas da ISO, International Organization for Standardization, veio em ordem cronológica, iniciada pela de gestão da qualidade, seguida da gestão ambiental e, mais recentemente, da norma de responsabilidade social, sendo que a pioneira série ISO 9000, amplamente adota pelas empresas, influenciou fortemente a estrutura das normas subsequentes ISO 14000 e ISO 26000. Ambas adotam o conceito de melhoria contínua e propõem diretrizes de mudança. A outra norma mencionada trata das questões de saúde e segurança ocupacional, denominada da série OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assessment Series). Essa norma, em conjunto com a família ISO 14000, fornece a base para o que as empresas têm chamado de SMS (saúde, meio ambiente e segurança). Embora sinérgicas, caso implementadas de forma estanque, podem gerar desperdícios e aumento desnecessário de documentação gerando burocracia. Desta forma, as empresas que adotam as quatro normas simultaneamente devem criar um sistema 15 integrado de gestão, o que é relativamente mais simples, dado que as quatro normas adotam estrutura similar. Também o planejamento e gestão dos recursos alocados deve ser conjunto. Há métodos de integração dos sistemas de gestão, a maioria com propostas por fases, que variam de um nível de gestão isolado até a integração plena, passando por níveis intermediários. A integração pode se dar de forma paulatina, em que coexistem documentos dos sistemas, mas o conteúdo é comparado, havendo referências cruzadas e coordenação interna. Na versão integrada há processos genéricos e ciclo de gestão integração (BERNARDO et al., 2009 apud CARVALHO; MIGUEL, 2012). A seguir veremos uma síntese de cada uma das normas usadas em um sistema de gestão integrado, voltado para a sustentabilidade. A preocupação comgestão ambiental pode ter visões distintas conforme a cultura organizacional das empresas. Há três visões mais comuns de abordagem para a gestão ambiental empresarial: a) controle da poluição; b) prevenção da poluição e c) abordagem estratégica. Enquanto na abordagem de controle da poluição, o comportamento é mais reativo, em que a organização responde às pressões da comunidade e cumpre a lei; na abordagem estratégica de gestão ambiental a postura é proativa e concebida como parte do negócio, desde o marketing e projeto do produto até as técnicas de produção mais limpa e o pós- venda. As normas da série ISO 14000, de maneira geral, abordam a gestão ambiental. No entanto, é necessário salientar o conceito de gerenciamento do ciclo de vida (life cycle management – LCM), tratado na norma ISO 14040, que é importante para que a empresa adote uma visão sustentável e que também pertença a esse conjunto de normas. O conceito de ciclo de vida refere-se aos estágios sucessivos e encadeados de um sistema que envolve um produto, desde a aquisição da matéria-prima ou geração de recursos naturais até a sua disposição final. Atrelado a esse conceito temos a avaliação do ciclo de vida (life cycle assessment - LCA), apresentado na norma ISO 14044, que permite identificar e avaliar os impactos ambientais potenciais de um sistema ao longo do ciclo de vida, conforme ilustrado abaixo: SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: INTERAÇÃO ENTRE LCM E LCA O impacto ambiental pode ser definido como qualquer modificação, positiva ou negativa, no meio ambiente, resultante das atividades, produtos ou serviços de uma 16 organização. Logo, não se trata apenas de identificar os impactos negativos, mas sim antever as oportunidades de melhoria no desempenho ambiental de produtos e serviços, ao mesmo tempo em que identifica os trade offs dessas alternativas com os aspectos social e econômico, o que em regra não é tarefa fácil. Há três elementos obrigatórios na avaliação do impacto do ciclo de vida, segundo a norma ISO 14044: a) seleção das categorias de impacto, b) indicadores de categorias e c) modelos de caracterização. O primeiro, seleção das categorias, identifica as categorias de impacto mais críticas para o perfil ambiental do sistema de produto projetado; a classificação refere-se à correlação entre as cargas ambientais e as categorias de impacto selecionadas; e a caracterização agrega as cargas ambientais correlacionadas às categorias de impacto e as converte para indicadores (CARVALHO; MIGUEL, 2012). Feitas estas considerações, mas antes de mirarmos na norma ISO 14000, vamos falar mais um pouco sobre sustentabilidade! A SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO AMBIENTAL Até bem recentemente, acreditava-se de forma generalizada que a atividade humana acarretava apenas reflexos locais ou, no máximo, mudanças regionais no ambiente. É sabido que os efeitos da atividade humana no planeta são de tal envergadura que, atualmente, este se encontra às voltas com experimentações ambientais não planejadas cujos resultados, na maior parte das vezes, são imprevisíveis. O principal objetivo da ciência ambiental, que ainda podemos dizer está emergindo, é obter conhecimentos básicos para entender sistematicamente como o planeta funciona. Esse conhecimento poderá ser aplicado para ajudar a resolver os problemas ambientais globais, portanto, a emergência dessa ciência ambiental abriu novos horizontes para o entendimento das relações entre ciências biológicas e físicas, o que requer cooperação interdisciplinar e educação. Na base de praticamente todos os problemas ambientais está o rápido crescimento da população humana. De fato, será difícil resolver outros problemas, a menos que a quantidade de pessoas que habitam o ambiente esteja de acordo com sua capacidade de sustentação. Talvez a maior responsabilidade nessa área esteja vinculada ao esclarecimento e à educação dos seres humanos para os problemas populacionais. À medida que a população se torna mais educada e a taxa de analfabetismo decresce, o crescimento populacional tende também a se estabilizar, e até a decrescer. 17 Nesse contexto, sustentabilidade é uma terminologia que recentemente ganhou popularidade e que, de uma forma geral, significa a utilização de determinado recurso natural de tal forma que ele permaneça continuamente disponível. Entretanto, o termo é usado de forma vaga e equivocadamente em certas circunstâncias. Alguns o definem como a garantia de que as futuras gerações terão iguais oportunidades de acesso aos recursos oferecidos atualmente pelo planeta. Outros argumentam que sustentabilidade se refere a tipos de desenvolvimento que são economicamente viáveis, não agridem ao ambiente e são socialmente justos. Entretanto, todos concordam com a necessidade de se aprender como manter os recursos ambientais, de forma a continuarem a prover benefícios à população humana e a outras formas de vida no planeta. Por outro lado, um número crescente de pessoas está vivendo em áreas urbanas. Infelizmente os centros urbanos têm sido negligenciados e a qualidade ambiental urbana tem sofrido prejuízos, através de poluição aérea, problemas de destinação de resíduos sólidos, inquietações sociais e outras formas de “estresse” do ambiente. No passado, os poucos que estudavam o ambiente centravam sua atenção no selvagem ou natural, em vez de dirigirem seus esforços na direção do ambiente urbanizado. Hoje já se observa a necessidade de um maior foco em aglomerações urbanas e em cidades como ambiente onde se possa viver. Encontrar soluções para problemas ambientais envolve mais que simplesmente juntar fatos e entendimentos de temas científicos de um problema particular. Também tem muito a ver com os sistemas de valores vigentes e os temas de justiça social. Para resolver problemas ambientais em um determinado local é importante entender quais os seus valores e as possíveis soluções que seriam socialmente justas. A partir daí, é possível aplicar conhecimentos científicos sobre determinado problema e achar soluções aceitáveis para o mesmo (ZILBERMAN, 2004). Ainda sobre a questão da sustentabilidade, na administração contemporânea, a dimensão da gestão ambiental está sendo considerada uma das principais chaves para a solução dos graves problemas que afligem o mundo moderno (MORAES FILHO, 2009). As vantagens da gestão ambiental decorrem de regras e práticas administrativas preestabelecidas que atuam para reduzir os riscos ambientais da atividade, aumentando a motivação e satisfação de seus colaboradores. Os negócios estão se voltando cada vez mais para questões ambientais. Cinco fatores influenciam essa mudança de postura: (1) necessidade de obediência às leis; 18 (2) eficácia em custos; (3) opinião pública; (4) pressão dos movimentos ambientalistas; (5) pensamento a longo prazo. O pensamento sistêmico revela que as questões ambientais permeiam a empresa e por isso deveriam ser abordadas de modo abrangente e integrativo. Assim, a proteção ambiental passou a ser uma necessidade e ao mesmo tempo uma fonte de lucro para os negócios, o que abre uma perspectiva positiva para sua efetiva implementação, pois não transgride o princípio da busca permanente pelo lucro, indissociável da lógica de funcionamento das organizações em meio empresarial. Hoje em dia, face à crescente concorrência dada à globalização, os clientes estão cada vez mais informados e predispostos a comprar e usar produtos que respeitem o meio ambiente. O produto ecologicamente correto vende mais nos mercados e detém a preferência do consumidor. No diagnóstico estratégico ambiental, citam-se dez razões (convincentes, como afirma Moraes, 2009) para a adoção pelas empresas de um design e marketing ambiental para os produtos com melhoria nos processos internos de produção. Elas são: (a) maior satisfação dos clientes; (b)melhor imagem da empresa; (c) conquista de novos mercados; (d) redução de custos pela eliminação de desperdícios; (e) melhoria do desempenho geral da empresa; (f) redução de riscos (multas, ações legais, acidentes); (g) maior permanência do produto nos mercados (ausência de reações negativas); (h) maior facilidade na obtenção de financiamentos; (i) caminho único para a obtenção de certificados ambientais (selos verdes e similares); j) prestação de contas às chamadas partes interessadas (clientes, acionistas, sociedade). Todas essas razões apontam no sentido de um maior fortalecimento da empresa em seu ambiente de negócio, o que leva à hipótese de ser o conceito de sustentabilidade empresarial um caminho não só desejável, como correto e provável de ser seguido. Inúmeras empresas vêm assumindo essa postura, mudando o foco de administrar, colocando a questão ambiental na prioridade de suas ações. E já parece estar surtindo 19 efeitos, a considerar a recente notícia divulgada pela revista científica Nature, segundo publicado no site Globo on-line (maio 2006), de que uma equipe de cientistas havia chegado à conclusão de que a camada de ozônio da Terra que protege o ambiente das radiações ultravioletas está passando por uma lenta recuperação. Uma prova da eficácia e sucesso do Protocolo de Montreal (1987), concluiu (MOARES, 2009). No caso brasileiro, seguindo a literatura disponível, o mesmo autor cita a Petrobras, na exploração de minérios fósseis; as companhias siderúrgicas em geral, tidas anteriormente como vilãs do meio ambiente; as petroquímicas e em especial a Petroflex, em Pernambuco, detentora de vários prêmios e certificados ISO, referenciada como exemplo de preservação ambiental; a Alcan e a Alcoa, no setor de alumínio; a Kablin (maior produtora e exportadora de papel do Brasil), única empresa no país, de acordo com informações em seu site corporativo, a receber o certificado FSC (Forest Stewardship Counsil), pelo manejo de plantas medicinais em suas florestas no Paraná; a Natura, recentemente instalada no México e em Paris em seu processo de internacionalização com forte apelo à ecoeficiência e administração com responsabilidade social com profundo respeito à natureza; a Ripasa, no setor de produção de papel e celulose. A visão de desenvolvimento clássica com foco apenas no crescimento econômico (e que prevalece ainda hoje para muitas economias) não leva em consideração, pelo menos em níveis adequados ou aceitáveis, a questão dos riscos de esgotamento dos recursos naturais, sobretudo os não renováveis e o impacto das atividades econômicas na degradação do meio ambiente. A visão econômica contemporânea ainda em construção, com foco no equilíbrio do ecossistema como precondição para o desenvolvimento social, prevê com maior acuidade a questão da preservação ambiental introduzindo a noção de reciclagem como forma de maior eficiência administrativa e processo por excelência redutor de poluição ambiental e indutor de responsabilidade social. No plano administrativo, a visão de desenvolvimento com foco puramente no crescimento econômico busca levar em conta as seguintes prioridades dentro da empresa por ordem de importância: (a) satisfação dos acionistas ou interesse dos sócios proprietários; (b) satisfação dos distribuidores (maximização das margens de lucro); (c) satisfação dos fornecedores (bons preços nas partidas fornecidas); (d) satisfação dos empregados; 20 (e) satisfação dos consumidores (quando não são satisfeitas, recorrência ao Código de Defesa do Consumidor). A visão com foco no equilíbrio e responsabilidade social apregoando maior respeito ao consumidor leva a inverter a ordem de prioridades dentro da empresa, devendo então estar em primeiro plano: (a) satisfação dos consumidores (norteando as ações das empresas); (b) satisfação dos empregados (valorização do capital humano); (c) satisfação dos fornecedores (preços compatíveis nas partidas fornecidas); (d) satisfação dos distribuidores (margens responsáveis de lucro); (e) satisfação dos acionistas ou sócios proprietários. Muda, portanto, a visão e a forma de administrar. É com essa expectativa que se devem buscar os novos caminhos para o desenvolvimento econômico e social: o caminho da sustentabilidade empresarial. Ela é uma expectativa e uma esperança. Os desdobramentos futuros das relações entre as nações em sua fase atual de globalização da economia nos fornecerão os dados e informações que permitirão avaliar se o caminho apontado está sendo de fato trilhado ou se teimamos em seguir velhos atalhos, ignorando as inter-relações que nos unem como inquilinos comuns de um mesmo condomínio, a Terra (MORAES, 2009). A importância que deve assumir cada indivíduo nas relações entre sistema produtivo e meio ambiente, enquanto consumidor na nova ordem econômica globalizada, parece nos conferir uma importante e poderosa arma. A do controle pelo consumo, isto é, não precisamos de agências institucionais nos moldes tradicionais até então em vigor para executar as vontades ou propósitos que não a da organização em redes, perfeitamente factível com as tecnologias atuais. Ela está ao alcance das mãos. Resta saber se teremos disposição e organização suficientes para usá-la em nosso proveito que se supõe a favor de toda a comunidade. O conceito introduzido no início da década dos anos 80 por Lester Brown (CAPRA, s.d. apud TRIGUEIRO, 2004, p. 19), definindo comunidade sustentável como “a que é capaz de satisfazer às próprias necessidades sem reduzir as oportunidades das gerações futuras”, está pronto para ser modelado. E cabendo a nós pela primeira vez, de forma palpável e inequívoca no atual estágio tecnológico, uma parcela importante da capacidade em influir em nosso destino comum. 21 Urge alinhavá-los dando-lhes consistência, substância e unidade como força capaz de fazer frente aos problemas ambientais contemporâneos na sociedade em que vivemos (MORAES, 2009). A NORMA ISO 14001 A ISO 14001 é uma norma internacionalmente reconhecida que define o que deve ser feito para estabelecer um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) efetivo. A norma é desenvolvida com objetivo de criar o equilíbrio entre a manutenção da rentabilidade e a redução do impacto ambiental; com o comprometimento de toda a organização. Com ela é possível que sejam atingidos ambos objetivos. A origem da norma ISO 14000 se deu no início da década de 1990 quando a ISO se organizou para criar um conjunto de regras que tratassem da questão ecológica, em virtude dos grandes problemas ambientais causados pelo grande desenvolvimento econômico e industrial. Em 1993, a ISO reuniu uma grande quantidade de profissionais e montou um comitê para a criação das normas e deu a ele o nome de TC 207 que tinha por objetivo desenvolver as normas ambientais que regeriam questões relacionadas ao fator ambiental (série 14000), esse comitê foi dividido em subcomitês que cuidariam de áreas específicas no desenvolvimento das normas. TC- GERENCIAMENTO AMBIENTAL Como resultado do trabalho do SC1, foram publicadas em 1996 as normas da série ISSO 14000 voltadas para gestão ambiental, utilizando como referência as normas BS 22 7750 e os requisitos estabelecidos no Sistema Europeu de Ecogestão e Auditorias Ambientais (Emas). A versão brasileira dessas normas foi publicada também em 1996 pela ABNT, estando sob a responsabilidade do CB 38 – Comitê Brasileiro de Gestão ambiental. Em dezembro de 2004 saiu a segunda edição. O TC 207, por meio de seus diferentes comitês, é responsável pela publicação de um conjunto distinto de normas. O sistema de gestão ambiental mais difundido é o que tem por referência os requisitos estabelecidos pela ISO 14001. Segundo pesquisa publicada pela ISO (ISO Survey 2008), até o final de 2008 foram emitidos 188.815 certificadosde conformidade, abrangendo 155 países e representando um incremento de 18% em relação ao número de certificados do ano anterior. O Brasil ocupava a 16ª posição no ranking mundial de número de certificados emitidos (RIBEIRO NETO; TAVARES; HOFFMANN, 2008). A ISO 14001 pode ser aplicada em empresas de qualquer porte e qualquer atividade, seja ela indústria, prestadora de serviços, agroindústria, empresas públicas ou até empresas de extração, a ISO 14001 ainda certifica produtos e serviços que estejam de acordo com as normas ambientais. Quanto ao momento de sua aplicação: esse conjunto de normas pode e deve ser aplicado em empresas que tenha qualquer tipo de atividade. A consciência ambiental é uma tendência que cresce a cada dia e que tende a crescer mais ainda, portanto, uma empresa que está no mercado e que deseja continuar e melhorar seu posicionamento no mesmo pode-se utilizar dos benefícios dessa certificação. Em relação ao processo de implantação da norma, ele se dá da seguinte forma: a empresa precisa se adequar a legislação ambiental, para que possa receber a certificação, que só pode ser concedida mediante empresa certificadora especializada para isso. O processo de treinamento de colaboradores está inserido na adequação da empresa de um modo geral. Depois de recebida a certificação a cada determinado período de tempo, a empresa passará por auditorias que serão realizadas por órgãos competentes. São vantagens da implantação da ISO 14001: identificação da empresa com a consciência ambiental; o efeito da consciência ecológica que influenciará os colaboradores. São pontos fortes da norma: redução de desperdícios, pois uma empresa com uma visão ambiental, sempre buscará produzir mais produtos e serviços, com menos recursos; 23 pode ser considerado fator chave – com todas as auditorias e mudanças feitas na empresa por causa da certificação a empresa terá processos mais eficientes, isso trará menores custos, melhor qualidade, maior lucro e maior satisfação do cliente para com a empresa. Em contrapartida, temos também alguns pontos fracos, mas que podem ser corrigidos: necessidade de treinar colaboradores de empresas terceirizadas; inexperiência dos órgãos certificadores. A relevância da norma reside no fato de que: impactos ambientais estão se tornando um tema cada vez mais importante no mundo, com pressão para minimizar esse impacto, oriunda de uma série de fontes: autoridades governamentais locais e nacionais, reguladores, associações comerciais, clientes, colaboradores e acionistas. As pressões sociais também aumentam em função da crescente gama de partes interessadas, tais como consumidores, organizações ambientais e não governamentais de minorias (ONGs), universidades e vizinhos. Então, a ISO 14001 é relevante para todas as organizações, incluindo desde: sites únicos até grandes companhias multinacionais; companhias de alto risco até organizações de serviço de baixo risco; indústrias de manufatura, de processo e de serviço; incluindo governos locais; todos os setores da indústria incluindo setores públicos e privados; montadoras e seus fornecedores. São benefícios da norma: demonstrar, para reguladores e governo, um comprometimento em obter conformidade legal e regulatória; demonstrar seu comprometimento ambiental para os stakeholders; demonstrar uma abordagem inovadora e voltada para o futuro para clientes e futuros colaboradores; aumentar seu acesso a novos clientes e parceiros de negócios; gerenciar melhor seus riscos ambientais, agora e no futuro; reduzir potencialmente seus custos de seguros por responsabilidade pública; melhorar a sua reputação (BSI, 2013). 24 A estrutura de um sistema de gestão ambiental, conforme os requisitos da ISO 14001:2004, para ser aderente às diretrizes e objetivos organizacionais, deve contemplar os seguintes componentes que estão alocados no quadro abaixo: 25 O quê Para quê Identificar os aspectos e impactos ambientais Prevenir a ocorrência de acidentes ambientais, facilitará identificação da legislação aplicável e servir de referência para a estruturação do SGA. Identificar a legislação aplicável Promover a conformidade com a legislação ambiental em todas as esferas, federal, estadual e municipal, aplicáveis ao negócio da organização. Definir a política ambiental, objetivos e metas Explicitar o comprometimento da alta administração com as questões ambientais, com a busca da melhoria contínua, com o atendimento legal, para alinhar os esforços de todos os componentes da força de trabalho. Definir e implementar programas Assegurar atendimento aos objetivos e metas ambientais. Identificar processos e controles necessários Assegurar um melhor entendimento das atividades, identificar os impactos ambientais, as responsabilidades e as formas de controle pertinentes. Sistematizar processos Clarificar responsabilidades, o modo de execução, os controles e minimizar impactos. Identificar e prover os recursos necessários Assegurar equipamentos, softwares, instalações e recursos humanos adequados às necessidades. Executar processos conforme especificado Assegurar que a produção ocorra em condições controladas, gere resultados previsíveis, consistentes e com os menores impactos ambientais. Monitorar, medir e analisar resultados, incluindo atendimento legal Permitir um gerenciamento com base em informações sustentadas pelo atendimento legal e subsidiar as ações de correção e de melhoria. Melhorar continuamente o sistema Assegurar redução de não conformidades, redução do risco de acidentes, redução de sanções legais e aumento contínuo da satisfação das partes interessadas. REQUISITOS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL DA ISO 14001 A ISO 14001:2004 está estruturada em quatro seções; somente a seção 4 é composta de requisitos do sistema de gestão ambiental: Introdução 1. Objetivo e campo de aplicação 2. Referências normativas 3. Termos e definições 4. Requisitos do sistema de gestão ambiental 4.1. Requisitos gerais 26 4.2. Política ambiental 4.3. Planejamento 4.4 Implementação e operação 4.5 Verificação 4.6 Análise pela administração Isto significa que devem ser identificados os aspectos de seu negócio que impactam o meio ambiente e compreender a legislação ambiental relevante à sua situação. O próximo passo é preparar objetivos para melhoria e um programa de gestão para atingi- los, com análises críticas regulares para melhoria contínua. Empresas certificadoras podem periodicamente auditar o sistema e, caso conforme, certificar a sua companhia na ISO 14001. A Figura abaixo representa o modelo do sistema de gestão ambiental conforme a NBR ISO 14001:2004. A sequência e interação proposta dos requisitos possibilitam à organização a implementação de um sistema, com política e objetivos alinhados aos requisitos legais aplicáveis e aos seus aspectos ambientais significativos. Adicionalmente, o sistema de gestão ambiental está alicerçado em uma abordagem por processos, em que é adotada a metodologia do PDCA - Plan, Do, Check and Act, no sentido de promover a melhoria contínua. MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL Temos uma visão geral do requisito e de sua estrutura: SUBSEÇÃO 4.1 - REQUISITOS GERAIS Explicita as diretrizes a observar por uma organização que esteja buscando implementar um sistema de gestão ambiental, segundo a norma NBR ISO 14001:2004. Essa subseção, por ser genérica, tem também como função estabelecer a obrigatoriedade do cumprimento de todos os demais requisitos. Resumo dos requisitos: O que é exigido Para que é exigido Que seja estabelecido, documentado, implementado, mantido e continuamente melhorado o SGA e a forma como serão atendidos os requisitos normativos.Requer também que seja definido e documentado o escopo do SGA. Para assegurar o atendimento aos requisitos normativos e o alinhamento aos propósitos da organização. 27 SUBSEÇÃO 4.2 - POLÍTICA AMBIENTAL A política ambiental contempla as diretrizes da organização em relação aos seus compromissos com o meio ambiente. Cumpre-lhe ser adequada ao perfil da organização, considerando a sua operação, aspectos ambientais significativos, relacionamento com as partes interessadas e legislação pertinente. Deve conter o compromisso com a melhoria contínua e a prevenção da poluição; como tal, é também a base para o estabelecimento dos objetivos e metas ambientais. A divulgação interna da política ambiental é de fundamental importância para garantir que todos entendam as diretrizes estabelecidas. A divulgação externa visa a demonstrar, para as demais partes interessadas, o comprometimento de organização com as questões ambientais. O que é exigido Para que é exigido Que a política ambiental inclua o comprometimento com a melhoria contínua, a prevenção da poluição, o atendimento aos requisitos legais; que seja comunicada e entendida por todos, e que esteja disponível para o público. Para promover o alinhamento de esforços no atendimento dos requisitos da comunidade e da organização no que se refere à proteção ambiental e prevenção de poluição. SUBSEÇÃO 4.3 - PLANEJAMENTO Os requisitos de planejamento têm por objetivo permitir o alinhamento das ações da organização de modo a atender a seus requisitos ambientais e aos requisitos da Norma ISO 14001, otimizando recursos. Para tanto, solicita-se a identificação dos seus aspectos ambientais significativos, os requisitos legais pertinentes, outros requisitos, quando aplicáveis, e a definição dos seus objetivos e metas. Essas informações são de fundamental importância para estruturar os procedimentos de implementação, operação e verificação do sistema de gestão ambiental. A subseção de planejamento é composta dos seguintes itens: 4.3.1 Aspectos ambientais. 4.3.2 Requisitos legais e outros. 4.3.3 Objetivos, metas e programas. 28 O que é exigido Para que é exigido 4.3.1 Aspectos ambientais A identificação dos aspectos ambientais das atividades da organização especificando aqueles que possam ter impactos significativos no meio ambiente. Para assegurar uma gestão adequada aos aspectos ambientais identificados e à legislação aplicável. 4.3.2 Requisitos legais e outros A identificação dos requisitos legais aplicáveis e de outros eventualmente subscritos, relacionados com os aspectos ambientais. 4.3.3 Objetivos, metas e programas O estabelecimento de objetivos e metas ambientais, mensuráveis e coerentes com a política ambiental. A elaboração de programas, visando a atender aos objetivos e metas, que incluem: os responsáveis, os meios e os prazos. SUBSEÇÃO 4.4 - IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO A implementação e a operação efetiva de um sistema de gestão ambiental só são possíveis com o comprometimento de todos da organização. O conjunto de requisitos deste item visa a assegurar os recursos e condições para a implementação das diretrizes estabelecidas e para a adequada operação do SGA. Para tal, solicita-se a definição das responsabilidades e autoridades, a identificação e provimento das competências necessárias, procedimentos de comunicação interna e externa, regras de documentação, controle das operações e formas de tratamento a emergências. A subseção de implementação e operação é composta dos seguintes itens: 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades 4.4.2 Competência, treinamento e conscientização 4.4.3 Comunicação 4.4.4 Documentação 4.4.5 Controle de documentos 4.4.6 Controle operacional 4.4.7 Preparação e resposta a emergências O que é exigido Para que é exigido 4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e autoridades A disponibilização dos recursos e a definição das responsabilidades e autoridades para a gestão do SGA. Solicita também a nomeação de um Para prover a disponibilização dos recursos, assegurar a 29 representante da administração para assegurar a adequação do SGA e relatar o seu desempenho para a alta administração. competência e a comunicação tanto interna como externamente. 4.4.2 competência, treinamento e conscientização A determinação das competências de todo o pessoal que tenha potencial de causar impactos ambientais, providos os treinamentos necessários e mantidos os registros correspondentes. Requer, também, que seja promovida a conscientização das questões ambientais, para aqueles que trabalham para a organização ou em seu nome. 4.4.3 Comunicação O estabelecimento de um procedimento para promover a comunicação interna e tratamento das solicitações oriundas de partes interessadas externas. 4.4.4 Documentação Que a documentação do SGA contenha política e objetivos, escopo, descrição dos elementos do SGA, sua interação e documentos associados, registros e outros documentos necessários para operação e controle dos processos associados com aspectos ambientais significativos. Para assegurar um entendimento único das diretrizes e procedimentos do SGA. incluindo a estruturação da documentação, forma de controle e definição das responsabilidades. 4.4.5 Controle de documentos O estabelecimento de um procedimento para controlar todos os documentos do SGA, definindo responsabilidades para aprovação e controles para assegurar que as versões vigentes estejam disponíveis nos locais de uso. 4.4.6 Controle operacional Que sejam planejadas as operações associadas aos aspectos ambientais significativos, definidos procedimentos e critérios operacionais e comunicado aos fornecedores. Para assegurar o controle das operações com aspectos ambientais significativos. 4.4.7 Preparação e resposta a emergências Que sejam identificadas as potenciais situações de emergência e acidentes, tratadas as situações reais e prevenidos ou mitigados os impactos ambientais associados. Para tratar e/ou mitigar situações de emergência e acidentes. 30 SUBSEÇÃO 4.5 - VERIFICAÇÃO Os requisitos associados à verificação estão vinculados à etapa C, de verificação do PDCA, e têm por objetivo principal garantir o atendimento às diretrizes estabelecidas do SGA por meio de: avaliação do desempenho ambiental; atendimento aos requisitos legais e outros; tratamento de eventuais não conformidades reais e potenciais; controle das evidências; e processos de autoverificação. A subseção de verificação é composta dos seguintes itens: 4.5.1 Monitoramento e medição 4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros 4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva 4.5.4 Controle de registros 4.4.5 Auditoria interna O que é exigido Para que é exigido 4.5.1 Monitoramento e medição Que sejam monitoradas e medidas as características operacionais que possam ter impacto ambiental significativo, incluindo o desempenho ambiental, controles operacionais e a conformidade com objetivos e metas. Para permitir o efetivo acompanhamento operacional e aderência às diretrizes organizacionais, visando à rapidez na tomada de ações. 4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros O estabelecimento de procedimentos para avaliar o atendimento aos requisitos legais e a outros subscritos pela organização, mantendo-se os registros dessa avaliação. Para garantir a contínua aderência às legislações vigentes, nos âmbitos federal, municipal e estadual. 4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e ação preventiva A estruturação de procedimento para tratar das não conformidadesreais e potenciais, ações corretivas e ações preventivas, incluindo ações para mitigação dos impactos, análise de causa, registro e análise de eficácia. Para permitir a pronta resposta a ações adversas e prevenir a ocorrência de outras, causando o menor impacto ao meio ambiente e à organização. 4.5.4 Controle de registro A manutenção de registros para demonstrar a conformidade com os requisitos do sistema de gestão ambiental da organização e da norma IS014001. Um Para garantir a rastreabilidade das operações e assegurar confiabilidade ao SGA. 31 procedimento deverá ser estabelecido para controle desses registros. 4.5.5 Auditoria interna A realização de auditorias internas a intervalos planejados para verificar se o SGA está de acordo com os requisitos da ISO 14001 e com o que foi planejado pela organização; e se está sendo mantido. Um procedimento deverá ser estabelecido definindo as responsabilidades e os requisitos para planejamento e execução de auditorias. Convém consultar a ISO 19011:2002- Diretrizes para auditoria de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. Para prover confiança à organização e às demais partes interessadas quanto à conformidade e eficácia do SGA. SUBSEÇÃO 4.6 - ANÁLISE PELA ADMINISTRAÇÃO Os requisitos da análise pela administração preveem que a alta administração da organização atue no sentido de assegurar a contínua adequação, pertinência e eficácia do SGA. Assim, inclui a verificação do cumprimento da política ambiental, da avaliação do grau de atendimento aos objetivos e metas, do desempenho ambiental, do atendimento aos requisitos legais e normativos e à satisfação das partes interessadas. O que é exigido Para que é exigido Que a alta direção analise criticamente a adequação, pertinência e eficácia do SGA a intervalos planejados; que sejam mantidos registros dessas análises. Para assegurar que o SGA se mantenha adequado, pertinente e eficaz. CERTIFICAÇÃO NBR 16000 E ISO 26000 – GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE CONTEXTUALIZAÇÃO DAS CERTIFICAÇÕES Para entendermos a importância da NBR 16000 e ISO 26000 faremos uma breve contextualização do panorama social mundial tomando por base a década de 1970, quando a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, o mundo começou a conscientizar-se dos problemas oriundos da degradação ambiental e passamos a ver de forma diferenciada nossas relações com a natureza. Foi apenas um passo, é 32 verdade, mas foi um primeiro passo muito importante. Afinal de contas, conscientização é o pontapé inicial para mudanças! De um lado a consciência começando a surgir, de outro, a desigualdade social que se expandia de maneira acelerada e com ela a exclusão social e a violência. Em decorrência destes dois fatores, deparamo-nos, na década de 1990, com um novo fenômeno social, qual seja a proliferação do 3º setor: a esfera pública não-estatal. Somado a isto, ganharam força os movimentos da qualidade empresarial e dos consumidores. De agente passivo de consumo, o consumidor passa a ser agente de transformação social, por meio do exercício do seu poder de compra, uso e descarte de produtos, de sua capacidade de poder privilegiar empresas que tinham valores outros que não somente o lucro na sua visão de negócios. Assim, sociedade civil e empresas passam a estabelecer parcerias na busca de soluções, diante da convicção de que o Estado sozinho não é capaz de solucionar a todos os problemas e a responder a tantas demandas (INMETRO, 2012). É diante desta conjuntura que nasce o movimento da responsabilidade social. Movimento este que vem crescendo e ganhando apoio em todo o mundo, e que propõe uma aliança estratégica entre 1º, 2º e 3º setores na busca da inclusão social, da promoção da cidadania, da preservação ambiental e da sustentabilidade planetária, na qual todos os setores têm responsabilidades compartilhadas e cada um é convidado a exercer aquilo que lhe é mais peculiar, mais característico. E, para que essa aliança seja possível, a ética e a transparência são princípios fundamentais no modo de fazer negócios e de relacionar-se com todas as partes interessadas. À sociedade civil organizada cabe papel fundamental pelo seu poder ideológico – valores, conhecimento, inventividade e capacidades de mobilização e transformação. A responsabilidade social conclama todos os setores da sociedade a assumirem a responsabilidade pelos impactos que suas decisões geram na sociedade e meio ambiente. Nesse sentido, os setores produtivos e empresariais ganham um papel particularmente importante, pelo impacto que geram na sociedade e seu poder econômico e sua capacidade de formular estratégias e concretizar ações. Essa nova postura, de compartilhamento de responsabilidades, não implica, entretanto, em menor responsabilidade dos governos, ao contrário, fortalece o papel inerente ao governo de grande formulador de políticas públicas de grande alcance, visando o bem comum e a equidade social, aumentando sua responsabilidade em bem gerenciar a sua máquina, os recursos públicos e naturais na sua prestação de contas à 33 sociedade. Além disso, pode e deve ser o grande fomentador, articulador e facilitador desse novo modelo que se configura de fazer negócios (INMETRO, 2012). Nesse contexto, o Brasil é um dos pioneiros nesse movimento, contribuindo a partir da elaboração uma norma nacional de responsabilidade social, a ABNT NBR 16001:20041 - Responsabilidade Social - Sistema de gestão - Requisitos, para a qual o Inmetro desenvolveu o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social. O Brasil também liderou, em parceria com a Suécia, o Grupo de Trabalho da ISO (Internatinal Organization for Standardization) incumbido de elaborar a ISO 26000:2010 - Diretrizes em responsabilidade social, publicada em 1º de novembro de 2010. O Inmetro desenvolveu o Programa Brasileiro de Certificação em Responsabilidade Social de acordo com a NBR 16001, desde a sua primeira versão, e agora definiu um plano de transição (por meio da Portaria INMETRO / MDIC número 407 de 02/08/2012) para as organizações estabelecendo que: I. As organizações certificadas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 podem, a qualquer tempo, a contar da data de publicação desta Portaria, migrar para a versão atual da norma, mediante auditoria. II. As solicitações de certificação inicial poderão continuar a ser concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 12 (doze) meses contados da publicação desta Portaria. III. As solicitações de recertificação poderão continuar a ser concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 em até 24 (vinte e quatro) meses contados da publicação desta Portaria. IV. Todas as certificações vigentes concedidas com base na norma ABNT NBR 16001:2004 deverão ser migradas para a versão atual da norma ou serem canceladas no prazo de 36 (trinta e seis) meses, contar da data de publicação desta Portaria. Ou seja: até 02 de agosto de 2013, as organizações poderão solicitar certificação inicial com base na norma antiga (ABNT NBR 16001:2004); as empresas já certificadas na primeira versão poderão solicitar recertificação até 02 de agosto de 2014; 1 A NBR ISSO 16001 estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão de Responsabilidade Social, permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos que levem em conta as exigências legais, seus compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, além da transparência de suas atividades. 34 a partir de 02 de agosto de 2015, todas as organizações deverão ter migrado para a versão de 2012. A norma propõe uma visão holística, em que as questões essenciais de governançaorganizacional são: direitos humanos; práticas trabalhistas, práticas justas de operações; questões do consumidor, ambiente, envolvimento e desenvolvimento da comunidade, conforme ilustrado abaixo: PRINCÍPIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL A norma define responsabilidade social como sendo a responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que: contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem-estar da sociedade; leve em consideração as expectativas das partes interessadas; esteja em conformidade com a legislação aplicável; seja consistente com as normas internacionais de comportamento; esteja integrada em toda a organização e seja praticada em suas relações. Os princípios que regem a norma são os seguintes: accountability (responsabilização) – assumir voluntariamente as responsabilidades pelas consequências de suas ações e decisões, respondendo pelos seus impactos na sociedade e no meio ambiente, prestando contas aos órgãos de governança e demais partes interessadas; transparência – fornecer às partes interessadas de forma acessível, clara, compreensível e em prazos adequados todas as informações sobre os fatos que possam afetá-las; comportamento ético – agir de modo aceito como correto pela sociedade e de forma consistente com as normas internacionais de comportamento; considerações pelas partes interessadas (stakeholders) – ouvir, considerar e responder aos interesses das pessoas ou entidades que tenham um interesse identificável nas atividades da organização; respeito ao Estado de Direito – ponto de partida mínimo para ser considerado socialmente responsável, cumprir integralmente as leis do local onde está operando; 35 respeito às Normas Internacionais de Comportamento – adotar prescrições de tratados e acordos internacionais favoráveis à responsabilidade social, mesmo que não obrigada por lei; direito humanos – reconhecer a importância e a universalidade dos direitos humanos, cuidando para que as atividades da organização não os agridam direta ou indiretamente, zelando pelo ambiente econômico, social e natural que requerem. São temas centrais desta norma: a) Governança organizacional: trata de processos e estruturas de tomada de decisão, delegação de poder e controle. O tema é, ao mesmo tempo, algo sobre o qual a organização deve agir e uma forma de incorporar os princípios da responsabilidade social à sua forma de atuação cotidiana. b) Direitos humanos: inclui verificação de obrigações e de situações de risco; resolução de conflitos; direito civis, políticos, econômicos, sociais e culturais; direitos fundamentais do trabalho; evitar a cumplicidade e a discriminação; e cuidado com os grupos vulneráveis. c) Práticas trabalhistas: refere-se tanto a emprego direto quanto ao terceirizado e ao trabalho autônomo. Inclui emprego e relações do trabalho; condições de trabalho e proteção social; diálogo social; saúde e segurança ocupacional; desenvolvimento humano dos trabalhadores. d) Meio ambiente: inclui prevenção da poluição; uso sustentável de recursos; combate e adaptação às mudanças climáticas; proteção e restauração do ambiente natural; e os princípios da preocupação, do ciclo de vida, da responsabilidade ambiental e do “poluidor pagador”. e) Práticas operacionais justas: compreende combate à corrupção; envolvimento político responsável; concorrência e negociação justas; promoção da responsabilidade social na esfera da influência da organização e respeito aos direitos de propriedade. f) Questões dos consumidores: inclui práticas justas de negócios, marketing e comunicação; proteção à saúde e a segurança do consumidor; consumo sustentável; serviço e suporte pós-fornecimento; privacidade e proteção de dados; acesso a serviços essenciais; educação e conscientização. g) Envolvimento com a comunidade e seu desenvolvimento: refere-se ao envolvimento com a comunidade; investimento social; desenvolvimento 36 tecnológico; investimento responsável; criação de empregos; geração de riqueza e renda; promoção e apoio à saúde, à educação e à cultura. Segundo Carvalho e Miguel (2012), baseando-se em dados do INMETRO, a ISO 26000 é uma norma de diretrizes, sem o objetivo da certificação, com o propósito de ser aplicável a todos os tipos e porte de organizações (pequenas, médias, e grandes) e de todos os setores (governo, ONGs e empresas privadas). A estrutura compreende as seguintes partes: 1º. Introdução – fornece informações sobre o conceito da norma de diretrizes e os motivos de sua elaboração. 2º. Escopo – define o assunto da norma, sua abrangência e os limites de sua aplicabilidade. 3º. Referências normativas – apresenta uma lista de documentos que devem ser lidos juntamente com a norma de diretrizes; e escopo. 4º. Termos e definições – identifica os termos usados na norma que precisam ser definidos e fornece tais definições. 5º. O contexto da responsabilidade social em que as organizações atuam – apresenta os contextos histórico e contemporâneo relacionados ao tema e também coloca questões emergentes da natureza do conceito de responsabilidade social. 6º. Princípios de responsabilidade social relevantes a todas as organizações – identifica um conjunto de princípios de responsabilidade social extraídos de várias fontes e fornece diretrizes em relação a eles. 7º. Diretrizes sobre temas de responsabilidade social – oferece orientação separada em uma gama de assuntos/questões centrais e as relaciona às organizações. 8º. Diretrizes para todas as organizações na implementação da responsabilidade social – fornece diretrizes práticas para a implementação da responsabilidade social e sua integração com a organização. 9º. Anexos – apresenta uma relação de ferramentas existentes no campo dos temas que a norma aborda. Anexo A – apresenta um cardápio de algumas iniciativas e ferramentas voluntárias relacionadas à RS, de caráter regional ou internacional, identificadas à época. Anexo B – contém abreviaturas usadas na norma 37 PROGRAMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO EM RESPONSABILIDADE SOCIAL Em 2006, o INMETRO publicou através da Portaria INMETRO nº 027, de 09/02/2006, um Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC) com base na NBR 16001 – Responsabilidade Social – Requisitos. O processo de elaboração do RAC foi extremamente participativo e contou com o apoio e envolvimento de todos os setores da sociedade. O regulamento foi revisado em 2009. Em abril de 2007 foi, oficialmente, lançado o Programa Brasileiro de Avaliação da Conformidade em Responsabilidade Social, juntamente com a entrega do 1º Certificado. Hoje o Brasil já conta com 21 empresas certificadas e 3 organismos de certificação dentro do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, a saber: - FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini; - BRTUV Avaliações da Qualidade S.A.; - BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda (INMETRO, 2012; CARVALHO; MIGUEL, 2012, p. 425). Em 2011, foi realizada uma pesquisa com organizações certificadas na norma ABNT NBR 16001:2004, pesquisa está decidida pela ABNT/CEE RS sendo recebidas respostas de 16 organizações certificadas. Vale a pena conferir os resultados compilados dessa pesquisa. Quanto ao nível de dificuldade de implantação de cada requisito da norma veja o gráfico abaixo: 38 Fonte: http://www.inmetro.gov.br/qualidade/responsabilidade_social/palestras/pesquisa_com_ organizacoes_certificadas.pdf Quanto às necessidades de mudanças nos requisitos da norma: Metade dos respondentes concordou que a norma deve conter requisitos de desempenho, enquanto a outra metade não concordou. 39 Quanto à contribuição da norma para melhorar o relacionamento da organização com algumas das
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