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Aula 00 AFRFB 2009 PORTUGUÊS EXERCÍCIOS

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CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL 
QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF 
PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 
 
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Olá, pessoal, 
Finalmente, temos uma luz no fim do túnel, e não é um trem em sentido 
contrário...rs... 
Com a proximidade da divulgação do edital para os cargos de Auditor-Fiscal e Analista 
Tributário da Receita Federal do Brasil, precisamos nos preparar para a prova de 
Língua Portuguesa (disciplina responsável por um grande número de eliminações nos 
concursos), e nada melhor do que resolver questões de provas anteriores elaboradas 
pela ESAF. 
Esse curso de exercícios tomou por base o material usado para o curso preparatório do 
concurso do Ministério da Fazenda para o cargo de Assistente Técnico-Administrativo, 
com uma ótima novidade. Foram incluídas diversas questões dos certames mais 
recentes da ESAF. Como não houve muitas provas de 2007 para cá, teremos de usar 
também questões mais “antigas”, mas não menos importantes, para englobarmos todo 
o programa. 
Este material também foi adaptado às novas regras ortográficas. Mantivemos, nas 
questões, a grafia original da prova, mas o texto dos comentários já possui a nova 
grafia, com todas as mudanças devidas (retirada do trema, supressão de acentos etc.). 
Sempre que houver alguma palavra que tenha sido modificada em função do Acordo, 
você verá, logo no início dos comentários, uma observação acerca da nova grafia. 
Dessa forma, você se acostumará a perceber o que mudou e o que se manteve 
inalterado. 
Teremos nove encontros, incluindo este, em que estudaremos os seguintes assuntos: 
ORTOGRAFIA, VERBOS, CONCORDÂNCIA, REGÊNCIA, CRASE, PRONOMES, 
CONJUNÇÃO, PERÍODOS, PONTUAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E ORDENAÇÃO TEXTUAL. 
Questões que abordem um único assunto serão reproduzidas na íntegra. As que 
explorem assuntos diversos na mesma questão serão tratadas de forma diferente: 
terão cada opção separada por assunto e sua correção será analisada sob a forma de 
certo ou errado (como nas provas da Cespe/UnB). Assim, o enunciado original dessas 
questões será modificado para “julgue a assertiva abaixo” ou algo parecido. Se preciso 
for, o texto correspondente será reproduzido em cada uma delas. O objetivo é 
exclusivamente didático, de modo que possibilite ao aluno o estudo de cada ponto da 
disciplina separadamente. 
Ao fim de cada aula, será apresentada a lista com todos os exercícios nela 
comentados, para que o aluno, a seu critério, os resolva antes de ver o gabarito e ler 
seus comentários. 
Neste primeiro artigo, trataremos de ORTOGRAFIA. 
O estudo da ORTOGRAFIA abrange: 
1 - EMPREGO DE LETRAS (s/z; sc/sç/ss; j/g; izar/isar; etc) 
2 - ACENTUAÇÃO GRÁFICA 
3 - USO DE OUTROS SINAIS DIACRÍTICOS (principalmente o HÍFEN e o TREMA) 
Antigamente, lá por 1997 e 1998, era comum a ESAF abordar o assunto em questões 
exclusivas. Hoje, exige-se do candidato um bom vocabulário e o conhecimento do 
significado de expressões, especialmente das parônimas. 
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Em relação à grafia das palavras, reproduzimos as palavras de Pasquale Cipro Neto 
& Ulisses Infante em Gramática da Língua Portuguesa: 
“A competência para grafar corretamente as palavras está 
diretamente ligada ao contato íntimo com essas mesmas palavras. 
Isso significa que a freqüência do uso é que acaba trazendo a 
memorização da grafia correta. Além disso, deve-se criar o hábito de 
esclarecer as dúvidas com as necessárias consultas ao dicionário. 
Trata-se de um processo constante, que produz resultados a longo 
prazo.” 
Ninguém é obrigado a conhecer TODAS as palavras da língua. Logo, não é vergonha 
nenhuma desconhecer o significado de uma ou outra. Por isso, na dúvida, deixe a 
preguiça de lado e abra o dicionário para verificar como se escreve ou o que significa 
algumas delas. 
Com relação ao primeiro tópico (emprego de letras), há, no mercado, vasto material 
de qualidade que trata disso (uso do G / J, SC / SÇ / Ç / SS, etc). 
Recentemente, são poucas as questões de prova que exploram esse tópico do estudo. 
Assim, vou-me ater a lembrar-lhes que a palavra derivada costuma conservar a 
grafia da palavra primitiva. Por exemplo, normalmente se usa “x” após “en” 
(enxuto, enxovalhar), mas isso não acontece com encher, que deriva de cheio, ou 
com encharcado, que provém de charco (pântano), pelo fato de o dígrafo “ch” já 
constar da palavra primitiva. “Costuma”, porque raras vezes podemos nos deparar 
com alguns casos (excepcionais) que buscam na etimologia a mudança das letrinhas, 
por exemplo, estender e extensão (o substantivo que manteve o x da forma verbal 
latina extendere, segundo Aurélio) ou catequese e catequizar. 
E por que “paralisar” (paralisia) se escreve com “s” e “imunizar” (imune) se escreve 
com “z”? Porque, quando as palavras primitivas já apresentam a letra “s”, ela é 
mantida nas palavras derivadas. 
Caso não conste essa letra na palavra primitiva, entra em ação o “z” nas derivadas 
Essa é a diferença entre PAIZINHO (diminutivo de “pai”) e PAISINHO (diminutivo de 
país). 
Aliás, até 1971 (quando ocorreu uma grande mudança ortográfica no Brasil, maior até 
do que a atual), para marcar o hiato em “paisinho” (que deriva de país e se lê “pa-i-si-
nho”) e deixar claro que não é um ditongo, usava-se um trema sobre o primeiro “i” 
(païsinho). Esse emprego do sinal foi abolido há bastante tempo. Agora, sepultaram de 
vez o pobre do trema, coitado. Só se manteve nas palavras aportuguesadas em que tal 
sinal aparecia na palavra estrangeira (período mülleriano – Müller). Assim, a Gisele 
Bünchen continua com tudo no lugar, inclusive o trema, e as palavras porventura 
derivadas de seu sobrenome receberão o sinal (algo como “corpo 
bündcheniano”...uau!...rs...). 
Outra dica preciosa: na dúvida com relação à grafia de uma palavra que sofreu algum 
processo de transformação (substantivo derivado de verbo ou substantivo derivado de 
adjetivo), busque a grafia de outra palavra conhecida sua (que servirá de 
paradigma), tomando o cuidado de observar se esta sofreu o mesmo processo 
daquela. Aquilo que aconteceu com uma irá acontecer com a outra também. 
Veja os exemplos. 
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permitir -> permissão / emitir -> emissão 
conceder -> concessão / retroceder -> retrocessão 
Cuidado!!! EXCEÇÃO é derivado de EXCETUAR – e não de EXCEDER. Deve ser esse 
o motivo de tanta gente fazer confusão. 
Vejamos, agora, uma questão de concurso bem recente da ESAF, que abordou esse 
assunto: 
1 - (ESAF/Ministério da Fazenda – Assistente Técnico-Administrativo /2009) 
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de grafia. 
A economia brasileira entrou na crise internacional em melhores condições do que(1) 
no passado, mas a exportação caiu, a atividade recuou desde o(2) fim de 2008 e o 
desemprego tem(3) crescido. As primeiras tentativas de reativar a economia por meio 
de facilidades fiscais deram resultado modesto, mas já(4) afetaram a arrecadação 
tributária. Além disso, o manejo da política orçamentária foi limitado pelo aumento de 
gastos com pessoal. É preciso continuar usando os estímulos fiscais, mas com melhor 
planejamento e com mais esforço de contensão(5) das despesas improdutivas. 
(O Estado de S. Paulo, 3/3/2009) 
a) 1 
b) 2 
c) 3 
d) 4 
e) 5 
 
Primeiramente, vou apresentar a explicação gramatical. 
Existem as duas formas: com S (contensão) e com Ç (contenção). 
A palavra CONTENSÃO (com S) denota “esforço ou tensão consideráveis”. Agora, ficou 
fácil memorizar a grafia e o significado: conTENSÃO. 
Já a palavra CONTENÇÃO (com Ç) pode indicar: 
1) o ato de CONTENDER. Não sabe o que isso significa? Talvez você conheça a 
palavra “contenda”, que significa “luta, disputa”. Então,CONTENDER é LUTAR, 
RIVALIZAR, BRIGAR. Nesse sentido, segundo o Dicionário Houaiss da Língua 
Portuguesa, ocorre “flutuação ortográfica entre os homônimos CONTENÇÃO e 
CONTENSÃO, registrando-se exemplos do primeiro usado no sentido do 
segundo, mesmo em bons autores contemporâneos”. Isso quer dizer que, 
modernamente, há autores que, no sentido de luta, disputa, usam 
indistintamente o vocábulo com S ou com Ç; 
2) o ato ou efeito de CONTER. Foi esse o sentido empregado no texto. Vamos reler 
tal passagem: “É preciso continuar usando os estímulos fiscais, mas com 
melhor planejamento e com mais esforço de CONTENÇÃO das despesas 
improdutivas” (= com mais esforço para CONTER despesas improdutivas). 
Nesse sentido, não há dúvidas – escreve-se com Ç. 
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Agora, chega de “blá-blá-blá”...rs.. Vamos aplicar a técnica do paradigma para, na 
hora da prova, saber se escreveríamos com S ou com Ç. 
Pense em um verbo parecido com CONTER. Eu sugiro DETER. Então, como é escrito o 
substantivo correspondente a DETER? DETENÇÃO. 
Vamos pensar em outro: ABSTER => ABSTENÇÃO. 
Mais um: RETER => RETENÇÃO 
Como diria o mineirinho, uai, sô! Usando a técnica do paradigma, vimos que diversos 
verbos terminados em –TER formam –TENÇÃO. Então, concluímos que o substantivo 
derivado de CONTER é CONTENÇÃO (com Ç). A opção com erro de ortografia é a letra 
E. Simples assim! 
É claro que essa dica é para AJUDAR, mas pode ocorrer falha. Já que toda regra tem 
exceção. A essa altura, algum “cri-cri” já pensou na palavra “manter” e em seu 
substantivo correspondente, não é?...rs... 
(Se você pensou nisso, não se ofenda em ser chamado de “cri-cri”, pois, como sempre 
digo, é preciso se tornar um chato para passar em concurso público!...rs...) 
Pois bem, há justificativa para a inclusão daquele “u” em “manutenção”. No processo 
de formação do substantivo, retomou-se a origem latina que indicava “manu tenere”, 
ou seja, “ter em mãos”. Por isso, em vez de “mantenção”(*), formou-se 
“MANUTENÇÃO”, mas o Ç está lá, bonitão!!! 
 
Vejamos, agora, outra questão que explora esses conceitos. 
(ESAF / IRB – Advogado / 2006) 
Assinale o trecho do texto que apresenta erro gramatical. 
Machado de Assis – Um gênio Brasileiro, de Daniel Piza 
a) Na apresentação da biografia de Machado de Assis (1839-1908), o jornalista Daniel 
Piza observa que o autor foi, ao mesmo tempo, uma expressão de sua época e uma 
exceção a ela. 
b) Em seus contos e romances, ele deixou um retrato acurado do Rio de Janeiro do 
século XIX, mas sua crítica ácida à sociedade brasileira nem sempre foi percebida 
pelos seus contemporâneos. 
c) Piza busca demonstrar que Machado era muito diferente do protagonista de seu 
último romance, Memorial de Aires. 
d) O escritor não tinha “tédio a controvérsias”, pois, na verdade, participou dos 
grandes debates públicos de sua época. 
e) A ascenção social do mulato no Brasil escravista e a epilepsia estão entre os 
aspectos de sua vida examinados no livro. 
(Adaptado de Revista VEJA, 28 de dezembro de 2005, p.196) 
 
Gabarito: E 
Comentário. 
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Aplicando a técnica do paradigma, pensemos em uma palavra parecida com 
ASCENDER, para verificarmos como seria sua “transformação” em um substantivo. 
A que considero mais próxima (e mais comum) é COMPREENDER. Como fica o 
substantivo? COMPREENDER COMPREENSÃO (COM “S”). 
Escolherei mais uma, para confirmar o processo: PRETENDER PRETENSÃO. 
Então, o substantivo correspondente a ASCENDER é ASCENSÃO (com “s” como as 
demais palavras). 
 
2 – (ESAF/AFC CGU / 2006) Analise a correção gramatical da assertiva abaixo. 
 
- O rendimento médio mensal real do trabalho das pessoas com 10 anos ou mais de 
idade permaneceu no mesmo patamar de 2003 (R$ 733,00), estancando a trajetória 
decendente iniciada em 1997. 
 
 
Gabarito: ITEM INCORRETO 
Comentário. 
O adjetivo DESCENDENTE provém do verbo DESCENDER que, por sua vez, possui 
íntima ligação com o verbo DESCER. Uma trajetória descendente é aquela que 
desce, que decresce. 
Todos esses vocábulos apresentam o dígrafo “SC” em seu interior, registro que deve 
ser mantido nas palavras derivadas. 
Para acertar, basta lembrar a já mencionada regra da PALAVRA PRIMITIVA x PALAVRA 
DERIVADA. 
 
 
Essa é uma breve demonstração das nossas aulas, que terão, certamente, muito mais 
questões elaboradas pela ESAF, comentadas e acompanhadas de uma revisão do 
assunto estudado. 
Continuaremos a falar sobre ortografia (acentuação gráfica, emprego de hífen, ponto 
este bastante atingido pelo Acordo Ortográfico) e alguns parônimos no próximo 
encontro. Até lá. 
Grande abraço e bons estudos. 
 
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LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS 
1 - (ESAF/Ministério da Fazenda – Assistente Técnico-Administrativo /2009) 
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de grafia. 
A economia brasileira entrou na crise internacional em melhores condições do que(1) 
no passado, mas a exportação caiu, a atividade recuou desde o(2) fim de 2008 e o 
desemprego tem(3) crescido. As primeiras tentativas de reativar a economia por meio 
de facilidades fiscais deram resultado modesto, mas já(4) afetaram a arrecadação 
tributária. Além disso, o manejo da política orçamentária foi limitado pelo aumento de 
gastos com pessoal. É preciso continuar usando os estímulos fiscais, mas com melhor 
planejamento e com mais esforço de contensão(5) das despesas improdutivas. 
(O Estado de S. Paulo, 3/3/2009) 
a) 1 
b) 2 
c) 3 
d) 4 
e) 5 
 
2 - (ESAF/IRB – Advogado/2006) 
Assinale o trecho do texto que apresenta erro gramatical. 
Machado de Assis – Um gênio Brasileiro, de Daniel Piza 
a) Na apresentação da biografia de Machado de Assis (1839-1908), o jornalista Daniel 
Piza observa que o autor foi, ao mesmo tempo, uma expressão de sua época e uma 
exceção a ela. 
b) Em seus contos e romances, ele deixou um retrato acurado do Rio de Janeiro do 
século XIX, mas sua crítica ácida à sociedade brasileira nem sempre foi percebida 
pelos seus contemporâneos. 
c) Piza busca demonstrar que Machado era muito diferente do protagonista de seu 
último romance, Memorial de Aires. 
d) O escritor não tinha “tédio a controvérsias”, pois, na verdade, participou dos 
grandes debates públicos de sua época. 
e) A ascenção social do mulato no Brasil escravista e a epilepsia estão entre os 
aspectos de sua vida examinados no livro. 
(Adaptado de Revista VEJA, 28 de dezembro de 2005, p.196) 
 
3 – (ESAF/AFC CGU/2006) Analise a correção gramatical da assertiva abaixo. 
- O rendimento médio mensal real do trabalho das pessoas com 10 anos ou mais de 
idade permaneceu no mesmo patamar de 2003 (R$ 733,00), estancando a trajetória 
decendente iniciada em 1997.

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