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CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 1 www.pontodosconcursos.com.br Olá, pessoal, Finalmente, temos uma luz no fim do túnel, e não é um trem em sentido contrário...rs... Com a proximidade da divulgação do edital para os cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário da Receita Federal do Brasil, precisamos nos preparar para a prova de Língua Portuguesa (disciplina responsável por um grande número de eliminações nos concursos), e nada melhor do que resolver questões de provas anteriores elaboradas pela ESAF. Esse curso de exercícios tomou por base o material usado para o curso preparatório do concurso do Ministério da Fazenda para o cargo de Assistente Técnico-Administrativo, com uma ótima novidade. Foram incluídas diversas questões dos certames mais recentes da ESAF. Como não houve muitas provas de 2007 para cá, teremos de usar também questões mais “antigas”, mas não menos importantes, para englobarmos todo o programa. Este material também foi adaptado às novas regras ortográficas. Mantivemos, nas questões, a grafia original da prova, mas o texto dos comentários já possui a nova grafia, com todas as mudanças devidas (retirada do trema, supressão de acentos etc.). Sempre que houver alguma palavra que tenha sido modificada em função do Acordo, você verá, logo no início dos comentários, uma observação acerca da nova grafia. Dessa forma, você se acostumará a perceber o que mudou e o que se manteve inalterado. Teremos nove encontros, incluindo este, em que estudaremos os seguintes assuntos: ORTOGRAFIA, VERBOS, CONCORDÂNCIA, REGÊNCIA, CRASE, PRONOMES, CONJUNÇÃO, PERÍODOS, PONTUAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E ORDENAÇÃO TEXTUAL. Questões que abordem um único assunto serão reproduzidas na íntegra. As que explorem assuntos diversos na mesma questão serão tratadas de forma diferente: terão cada opção separada por assunto e sua correção será analisada sob a forma de certo ou errado (como nas provas da Cespe/UnB). Assim, o enunciado original dessas questões será modificado para “julgue a assertiva abaixo” ou algo parecido. Se preciso for, o texto correspondente será reproduzido em cada uma delas. O objetivo é exclusivamente didático, de modo que possibilite ao aluno o estudo de cada ponto da disciplina separadamente. Ao fim de cada aula, será apresentada a lista com todos os exercícios nela comentados, para que o aluno, a seu critério, os resolva antes de ver o gabarito e ler seus comentários. Neste primeiro artigo, trataremos de ORTOGRAFIA. O estudo da ORTOGRAFIA abrange: 1 - EMPREGO DE LETRAS (s/z; sc/sç/ss; j/g; izar/isar; etc) 2 - ACENTUAÇÃO GRÁFICA 3 - USO DE OUTROS SINAIS DIACRÍTICOS (principalmente o HÍFEN e o TREMA) Antigamente, lá por 1997 e 1998, era comum a ESAF abordar o assunto em questões exclusivas. Hoje, exige-se do candidato um bom vocabulário e o conhecimento do significado de expressões, especialmente das parônimas. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 2 www.pontodosconcursos.com.br Em relação à grafia das palavras, reproduzimos as palavras de Pasquale Cipro Neto & Ulisses Infante em Gramática da Língua Portuguesa: “A competência para grafar corretamente as palavras está diretamente ligada ao contato íntimo com essas mesmas palavras. Isso significa que a freqüência do uso é que acaba trazendo a memorização da grafia correta. Além disso, deve-se criar o hábito de esclarecer as dúvidas com as necessárias consultas ao dicionário. Trata-se de um processo constante, que produz resultados a longo prazo.” Ninguém é obrigado a conhecer TODAS as palavras da língua. Logo, não é vergonha nenhuma desconhecer o significado de uma ou outra. Por isso, na dúvida, deixe a preguiça de lado e abra o dicionário para verificar como se escreve ou o que significa algumas delas. Com relação ao primeiro tópico (emprego de letras), há, no mercado, vasto material de qualidade que trata disso (uso do G / J, SC / SÇ / Ç / SS, etc). Recentemente, são poucas as questões de prova que exploram esse tópico do estudo. Assim, vou-me ater a lembrar-lhes que a palavra derivada costuma conservar a grafia da palavra primitiva. Por exemplo, normalmente se usa “x” após “en” (enxuto, enxovalhar), mas isso não acontece com encher, que deriva de cheio, ou com encharcado, que provém de charco (pântano), pelo fato de o dígrafo “ch” já constar da palavra primitiva. “Costuma”, porque raras vezes podemos nos deparar com alguns casos (excepcionais) que buscam na etimologia a mudança das letrinhas, por exemplo, estender e extensão (o substantivo que manteve o x da forma verbal latina extendere, segundo Aurélio) ou catequese e catequizar. E por que “paralisar” (paralisia) se escreve com “s” e “imunizar” (imune) se escreve com “z”? Porque, quando as palavras primitivas já apresentam a letra “s”, ela é mantida nas palavras derivadas. Caso não conste essa letra na palavra primitiva, entra em ação o “z” nas derivadas Essa é a diferença entre PAIZINHO (diminutivo de “pai”) e PAISINHO (diminutivo de país). Aliás, até 1971 (quando ocorreu uma grande mudança ortográfica no Brasil, maior até do que a atual), para marcar o hiato em “paisinho” (que deriva de país e se lê “pa-i-si- nho”) e deixar claro que não é um ditongo, usava-se um trema sobre o primeiro “i” (païsinho). Esse emprego do sinal foi abolido há bastante tempo. Agora, sepultaram de vez o pobre do trema, coitado. Só se manteve nas palavras aportuguesadas em que tal sinal aparecia na palavra estrangeira (período mülleriano – Müller). Assim, a Gisele Bünchen continua com tudo no lugar, inclusive o trema, e as palavras porventura derivadas de seu sobrenome receberão o sinal (algo como “corpo bündcheniano”...uau!...rs...). Outra dica preciosa: na dúvida com relação à grafia de uma palavra que sofreu algum processo de transformação (substantivo derivado de verbo ou substantivo derivado de adjetivo), busque a grafia de outra palavra conhecida sua (que servirá de paradigma), tomando o cuidado de observar se esta sofreu o mesmo processo daquela. Aquilo que aconteceu com uma irá acontecer com a outra também. Veja os exemplos. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 3 www.pontodosconcursos.com.br permitir -> permissão / emitir -> emissão conceder -> concessão / retroceder -> retrocessão Cuidado!!! EXCEÇÃO é derivado de EXCETUAR – e não de EXCEDER. Deve ser esse o motivo de tanta gente fazer confusão. Vejamos, agora, uma questão de concurso bem recente da ESAF, que abordou esse assunto: 1 - (ESAF/Ministério da Fazenda – Assistente Técnico-Administrativo /2009) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de grafia. A economia brasileira entrou na crise internacional em melhores condições do que(1) no passado, mas a exportação caiu, a atividade recuou desde o(2) fim de 2008 e o desemprego tem(3) crescido. As primeiras tentativas de reativar a economia por meio de facilidades fiscais deram resultado modesto, mas já(4) afetaram a arrecadação tributária. Além disso, o manejo da política orçamentária foi limitado pelo aumento de gastos com pessoal. É preciso continuar usando os estímulos fiscais, mas com melhor planejamento e com mais esforço de contensão(5) das despesas improdutivas. (O Estado de S. Paulo, 3/3/2009) a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 Primeiramente, vou apresentar a explicação gramatical. Existem as duas formas: com S (contensão) e com Ç (contenção). A palavra CONTENSÃO (com S) denota “esforço ou tensão consideráveis”. Agora, ficou fácil memorizar a grafia e o significado: conTENSÃO. Já a palavra CONTENÇÃO (com Ç) pode indicar: 1) o ato de CONTENDER. Não sabe o que isso significa? Talvez você conheça a palavra “contenda”, que significa “luta, disputa”. Então,CONTENDER é LUTAR, RIVALIZAR, BRIGAR. Nesse sentido, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, ocorre “flutuação ortográfica entre os homônimos CONTENÇÃO e CONTENSÃO, registrando-se exemplos do primeiro usado no sentido do segundo, mesmo em bons autores contemporâneos”. Isso quer dizer que, modernamente, há autores que, no sentido de luta, disputa, usam indistintamente o vocábulo com S ou com Ç; 2) o ato ou efeito de CONTER. Foi esse o sentido empregado no texto. Vamos reler tal passagem: “É preciso continuar usando os estímulos fiscais, mas com melhor planejamento e com mais esforço de CONTENÇÃO das despesas improdutivas” (= com mais esforço para CONTER despesas improdutivas). Nesse sentido, não há dúvidas – escreve-se com Ç. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 4 www.pontodosconcursos.com.br Agora, chega de “blá-blá-blá”...rs.. Vamos aplicar a técnica do paradigma para, na hora da prova, saber se escreveríamos com S ou com Ç. Pense em um verbo parecido com CONTER. Eu sugiro DETER. Então, como é escrito o substantivo correspondente a DETER? DETENÇÃO. Vamos pensar em outro: ABSTER => ABSTENÇÃO. Mais um: RETER => RETENÇÃO Como diria o mineirinho, uai, sô! Usando a técnica do paradigma, vimos que diversos verbos terminados em –TER formam –TENÇÃO. Então, concluímos que o substantivo derivado de CONTER é CONTENÇÃO (com Ç). A opção com erro de ortografia é a letra E. Simples assim! É claro que essa dica é para AJUDAR, mas pode ocorrer falha. Já que toda regra tem exceção. A essa altura, algum “cri-cri” já pensou na palavra “manter” e em seu substantivo correspondente, não é?...rs... (Se você pensou nisso, não se ofenda em ser chamado de “cri-cri”, pois, como sempre digo, é preciso se tornar um chato para passar em concurso público!...rs...) Pois bem, há justificativa para a inclusão daquele “u” em “manutenção”. No processo de formação do substantivo, retomou-se a origem latina que indicava “manu tenere”, ou seja, “ter em mãos”. Por isso, em vez de “mantenção”(*), formou-se “MANUTENÇÃO”, mas o Ç está lá, bonitão!!! Vejamos, agora, outra questão que explora esses conceitos. (ESAF / IRB – Advogado / 2006) Assinale o trecho do texto que apresenta erro gramatical. Machado de Assis – Um gênio Brasileiro, de Daniel Piza a) Na apresentação da biografia de Machado de Assis (1839-1908), o jornalista Daniel Piza observa que o autor foi, ao mesmo tempo, uma expressão de sua época e uma exceção a ela. b) Em seus contos e romances, ele deixou um retrato acurado do Rio de Janeiro do século XIX, mas sua crítica ácida à sociedade brasileira nem sempre foi percebida pelos seus contemporâneos. c) Piza busca demonstrar que Machado era muito diferente do protagonista de seu último romance, Memorial de Aires. d) O escritor não tinha “tédio a controvérsias”, pois, na verdade, participou dos grandes debates públicos de sua época. e) A ascenção social do mulato no Brasil escravista e a epilepsia estão entre os aspectos de sua vida examinados no livro. (Adaptado de Revista VEJA, 28 de dezembro de 2005, p.196) Gabarito: E Comentário. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 5 www.pontodosconcursos.com.br Aplicando a técnica do paradigma, pensemos em uma palavra parecida com ASCENDER, para verificarmos como seria sua “transformação” em um substantivo. A que considero mais próxima (e mais comum) é COMPREENDER. Como fica o substantivo? COMPREENDER COMPREENSÃO (COM “S”). Escolherei mais uma, para confirmar o processo: PRETENDER PRETENSÃO. Então, o substantivo correspondente a ASCENDER é ASCENSÃO (com “s” como as demais palavras). 2 – (ESAF/AFC CGU / 2006) Analise a correção gramatical da assertiva abaixo. - O rendimento médio mensal real do trabalho das pessoas com 10 anos ou mais de idade permaneceu no mesmo patamar de 2003 (R$ 733,00), estancando a trajetória decendente iniciada em 1997. Gabarito: ITEM INCORRETO Comentário. O adjetivo DESCENDENTE provém do verbo DESCENDER que, por sua vez, possui íntima ligação com o verbo DESCER. Uma trajetória descendente é aquela que desce, que decresce. Todos esses vocábulos apresentam o dígrafo “SC” em seu interior, registro que deve ser mantido nas palavras derivadas. Para acertar, basta lembrar a já mencionada regra da PALAVRA PRIMITIVA x PALAVRA DERIVADA. Essa é uma breve demonstração das nossas aulas, que terão, certamente, muito mais questões elaboradas pela ESAF, comentadas e acompanhadas de uma revisão do assunto estudado. Continuaremos a falar sobre ortografia (acentuação gráfica, emprego de hífen, ponto este bastante atingido pelo Acordo Ortográfico) e alguns parônimos no próximo encontro. Até lá. Grande abraço e bons estudos. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS EM EXERCÍCIOS P/ RECEITA FEDERAL QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF PROFESSORA: CLAUDIA KOZLOWSKI 6 www.pontodosconcursos.com.br LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS 1 - (ESAF/Ministério da Fazenda – Assistente Técnico-Administrativo /2009) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou de grafia. A economia brasileira entrou na crise internacional em melhores condições do que(1) no passado, mas a exportação caiu, a atividade recuou desde o(2) fim de 2008 e o desemprego tem(3) crescido. As primeiras tentativas de reativar a economia por meio de facilidades fiscais deram resultado modesto, mas já(4) afetaram a arrecadação tributária. Além disso, o manejo da política orçamentária foi limitado pelo aumento de gastos com pessoal. É preciso continuar usando os estímulos fiscais, mas com melhor planejamento e com mais esforço de contensão(5) das despesas improdutivas. (O Estado de S. Paulo, 3/3/2009) a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 2 - (ESAF/IRB – Advogado/2006) Assinale o trecho do texto que apresenta erro gramatical. Machado de Assis – Um gênio Brasileiro, de Daniel Piza a) Na apresentação da biografia de Machado de Assis (1839-1908), o jornalista Daniel Piza observa que o autor foi, ao mesmo tempo, uma expressão de sua época e uma exceção a ela. b) Em seus contos e romances, ele deixou um retrato acurado do Rio de Janeiro do século XIX, mas sua crítica ácida à sociedade brasileira nem sempre foi percebida pelos seus contemporâneos. c) Piza busca demonstrar que Machado era muito diferente do protagonista de seu último romance, Memorial de Aires. d) O escritor não tinha “tédio a controvérsias”, pois, na verdade, participou dos grandes debates públicos de sua época. e) A ascenção social do mulato no Brasil escravista e a epilepsia estão entre os aspectos de sua vida examinados no livro. (Adaptado de Revista VEJA, 28 de dezembro de 2005, p.196) 3 – (ESAF/AFC CGU/2006) Analise a correção gramatical da assertiva abaixo. - O rendimento médio mensal real do trabalho das pessoas com 10 anos ou mais de idade permaneceu no mesmo patamar de 2003 (R$ 733,00), estancando a trajetória decendente iniciada em 1997.