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FUNDAMENTOS DE 
ADMINISTRAÇÃO GERAL E 
HOSPITALAR
2
Mariângela Rosa de Oliveira
São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A 
2022
 FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E 
HOSPITALAR
1ª edição
3
2022
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
Head de Platos Soluções Educacionais S.A
Silvia Rodrigues Cima Bizatto
Conselho Acadêmico
Alessandra Cristina Fahl
Camila Braga de Oliveira Higa
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Revisor
Nara Fabiana Mariano
Editorial
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Márcia Regina Silva
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ 
Oliveira, Mariângela Rosa de
Fundamentos de administração geral e hospitalar / 
Mariângela Rosa de Oliveira. – São Paulo: Platos Soluções 
Educacionais S.A., 2022.
32 p.
ISBN 978-65-5356-148-9
1. Gestão. 2. Administração hospitalar. 3. Fundamentos. I. 
Título.
CDD 650
_____________________________________________________________________________ 
 Evelyn Moraes – CRB: 010289/O
O48f 
© 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.
https://www.platosedu.com.br/
4
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina __________________________________ 05
Histórico das organizações hospitalares e a Política Nacional de 
Atenção Hospitalar __________________________________________ 06
Modelos de Gestão e marcos temporais e de desenvolvimento 
tecnológico ___________________________________________________ 17
Processo gerencial e Ferramentas de Gestão ________________ 29
Sistemas de Informação, Orçamento em Saúde e Auditoria em 
Saúde ________________________________________________________ 42
FUNDAMENTOS DE ADMINISTRAÇÃO GERAL E HOSPITALAR
5
Apresentação da disciplina
Nesta disciplina, visitaremos alguns conceitos e marcos históricos das 
instituições hospitalares e suas transformações ao longo do tempo, 
como espaço de cuidado. O desenvolvimento da sociedade, a migração 
das pessoas do campo para as cidades, as grandes guerras e a revolução 
industrial têm direcionado os caminhos para a oferta de cuidado 
em saúde. Os espaços de cuidado, primordialmente estruturados 
para atender as demandas da sociedade, foram os hospitais que 
influenciaram e determinaram grandes mudanças na história da 
formação médica e na enfermagem moderna. 
A epidemiologia clínica e social, o desenvolvimento de equipamentos 
médicos e a mudança do pensamento místico para o desenvolvimento 
da ciência da saúde com estudos dos patógenos e seus meios de 
controle, principalmente, as doenças infectocontagiosas, transformando 
o hospital enquanto uma instituição caritativa para um local com 
função social e econômica de restabelecimento da saúde das pessoas, 
principalmente como manutenção das forças de trabalho qualificadas. 
A migração dos hospitais como espaços coordenados por religiosos 
para espaços administrados com bases nas especialidades médicas, ou 
seja, espaços disciplinados e sistematizados, com foco na manutenção 
da saúde, deixando de ser espaços de exclusão social. Os marcos da 
Revolução Industrial influenciaram os modelos de oferta de cuidado e 
gestão dos hospitais. Veremos detalhadamente cada uma destas fases 
e suas bases teóricas. Por fim, abordaremos as perspectivas de futuro 
para os hospitais e quais serão as possíveis tecnologias de cuidado.
6
Histórico das organizações 
hospitalares e a Política Nacional 
de Atenção Hospitalar
Autoria: Mariângela Rosa de Oliveira
Leitura crítica: Nara Fabiana Mariano
Objetivos
• Descrever brevemente o histórico das instituições 
hospitalares.
• Conhecer as mudanças estruturais nos hospitais ao 
longo do tempo.
• Entender como se estabeleceu os hospitais no Brasil.
• Listar a trajetória histórica dos hospitais na política 
de saúde no Brasil.
7
1. O surgimento do Hospital e suas mudanças 
ao longo do tempo
Nesta disciplina, você conhecerá as origens das instituições hospitalares 
e seus objetivos fundamentais e mudanças ao longo do tempo.
A palavra hospital tem origem latina de hospes, que significa hóspede, 
hospedeiro, espaço de hospedagem.
Os registros históricos apresentam indícios de que a origem do primeiro 
hospital surgiu anteriormente a Era Cristã, sem muita clareza da 
informação. Algumas referências citam os primeiros hospitais na era 
budista, datado de 430 a.C., no Ceilão, atual Sri Lanka. A solicitação do 
governante da época era um espaço para abrigamento de pessoas em 
situações de vulnerabilidade. Os hospitais eram espaços anexos aos 
mosteiros. Alguns registros da Índia também citam hospitais na mesma 
época (BRASIL, 1965, pg. 13).
A Grécia também apresenta registro de templos afastados para 
abrigamento de doentes que eram cuidados por sacerdotes médicos. 
Os cuidados na época eram impregnados de misticismo. Foi uma fase 
de grande desenvolvimento e marca, com grande destaque, a história 
da Medicina com nomes importantes, como Hipócrates (460-370aC) 
e Aristóteles (384-322aC). A prática médica tinha grande influência 
religiosa desde seus primórdios e a história da Medicina e a história 
dos hospitais se encontram em vários momentos da história até se 
fundirem, mais recentemente, no século XVII.
Da época grega até Idade Média, a Medicina não teve grande expressão 
de desenvolvimento. O pensamento religioso, até então, não permitia 
a exploração do corpo humano e os cuidados tinham forte cunho 
religioso, com objetivo de purificação da alma (BRASIL,1965).
8
A Era Cristã fortalece a construção de espaços para cuidado de 
enfermos, período da história marcado pela estruturação de cidades, 
grande movimento migratório e muitas guerras. Os hospitais cuidavam 
de enfermos, feridos de guerras e abrigava os peregrinos. Essas 
instalações eram grandes e em áreas afastadas de centros urbanos.
As diferentes ordenações religiosas, em várias partes do mundo, foram 
organizando espaços anexos as igrejas ou santuários para cuidado 
dos enfermos e abrigo de peregrinos. Os cuidados dos doentes eram 
coordenados pelos religiosos e pessoas excluídas da sociedade, tais 
como as prostitutas, que eram levadas para os hospitais para realizar os 
cuidados dos doentes como forma de purificação dos pecados.
Segundo Foucault (2015), os hospitais eram locais que concentravam os 
excluídos da sociedade, retirando de circulação as pessoas consideradas 
perigosas para a salvação das almas dos que morriam e dos que 
executavam o cuidado. No oriente, durante a Era Maometana, os 
hospitais eram espaços de cuidado, ligados às ordens religiosas, mas 
eram centros de formação médica e de ciência.
Não podemos esquecer que a Idade Média foi marcada por grandes 
epidemias e estes hospitais tiveram grande importância e foram criados 
espaços específicos para abrigamento destes grupos de doentes, como 
os doentes de hanseníase, conhecida como doença de Lázaro ou a 
Lepra. Grandes Instituições foram concebidas com esse intuito e os 
contaminados com essa doença eram institucionalizados para evitar 
sua circulação na sociedade. Outro marco desta era foi a peste negra, 
doença transmitida pelos dejetos de ratos e que estava diretamente 
relacionada às precárias condições de higiene a que as pessoas estavam 
expostas nas cidades.
As grandes navegações tambématribuíram aos hospitais a função de 
realizar a quarentena das tripulações para evitar a propagação das 
doenças epidêmicas da época. As pessoas ficavam abrigadas para 
9
verificação das condições de saúde e não comprometerem as transações 
comerciais.
A formação dos médicos na Europa era realizada em escolas médicas 
restritas, com grande estudo de botânica e das influências da natureza 
na saúde das pessoas. O acesso a cuidados médicos era restrito a 
nobreza e pessoas de destaque na sociedade.
A partir do século XVI, os médicos passam a realizar visitas pontuais 
aos doentes, a obediência às ordens religiosas de não explorar o corpo 
humano são deixadas de lado e a Medicina volta a se desenvolver. No 
século XVII, aconteceram grandes descobertas médicas. Alguns marcos 
desta época, como a obra de Leonardo da Vinci o corpo humano, a 
descoberta do sistema circulatório revolucionou os conhecimentos 
médicos da época. Os médicos passam a fazer visitas aos doentes nos 
hospitais para observação da doença.
Os registros sobre as condições e evolução dos doentes passam a 
ser feitos pela equipe de cuidadoras, enfermeiras, assim como as 
prescrições realizadas durante as visitas médicas.
A necessidade de cuidado e o restabelecimento da saúde dos feridos de 
guerra, principalmente soldados qualificados, precisa ocorrer de forma 
mais efetiva pois gerava grandes prejuízos aos governos que perdiam os 
investimentos realizados naquela pessoa. As observações que os feridos 
morriam em decorrência das febres e não dos ferimentos ficava clara e 
a necessidade de melhorias e transformações dos espaços hospitalares 
torna-se urgente.
1.1 O século XVIII e a grande mudança nos hospitais
Chegando ao século XVIII, nos deparamos com um hospital em franco 
processo de mudança de objetivos. A presença dos médicos nas 
10
enfermarias torna-se cada vez mais frequente e as observações da 
evolução das doenças modifica os meios de cuidado.
A formação médica deixa a academia e passa a ser realizada, pela 
primeira vez, no espaço hospitalar. Médicos passam a desenvolver 
equipamentos para a assistência como o estetoscópio e o bisturi nesta 
época.
Os estudos realizados durante as necropsias possibilitaram amplo 
conhecimento sobre os órgãos e sistemas e suas alterações ocorridas 
pelas condições de adoecimento conforme vemos na figura.
Figura 1 – Retrata a realização de uma biópsia por um grupo de 
médicos.
Fonte: Wynnter/ iStock.com.
11
Seguindo a franca evolução dos procedimentos médicos nos hospitais, 
tivemos grande evolução das técnicas cirúrgicas nos ambientes 
hospitalares, que, anteriormente, eram executadas pelos barbeiros.
A Enfermagem moderna designada como profissão, também apresentou 
grande desenvolvimento nesta época. Formaram-se grupos de jovens 
moças da nobreza, em diversos países da Europa, que iniciaram seus 
estudos sobre os cuidados de enfermos e participaram de forma 
voluntária dos hospitais. Algumas jovens acompanham militares para 
realizar cuidados nos hospitais de campanha nas guerras. Deste grupo 
de moças, teremos a estruturação da Enfermagem como ciência, com 
Florence Nightingale, no século XIX.
Nesta época, temos como marco a transformação dos hospitais de 
função social e religiosa de abrigamento para um espaço de recuperação 
de doentes e desenvolvimento das ciências da saúde.
Importante colaboração desta época também foi a reestruturação física 
dos hospitais, com relatório produzido pela Academia de Ciências de 
Paris (BRASIL, 1965, p. 42).
1.2 Os hospitais no Brasil
Os hospitais, no Brasil, seguiram a mesma trajetória observada na 
Europa. No processo de colonização, no Brasil, tivemos a instalação 
dos primeiros hospitais de ordens religiosas que estavam em terras 
brasileiras na época. Os primeiros hospitais foram implantados por volta 
de 1540, com as primeiras Santas Casas. Estas instituições seguiram os 
mesmos padrões e finalidades das instalações portuguesas, de realizar 
cuidados sociais e acomodação para pessoas em vulnerabilidade.
12
As primeiras Santas Casas foram instaladas em cidades litorâneas para 
prestar assistência às movimentações portuárias, principalmente, mas 
ofertava cuidados sociais aos nativos e o cuidado dos enfermos.
No século XVIII, temos as instalações das primeiras instituições 
hospitalares militares no país, com foco no restabelecimento da saúde 
das corporações e seus familiares (SANTOS, 2017).
Após a imigração europeia para o Brasil, temos as instalações dos 
hospitais filantrópicos subsidiados pelas comunidades migrantes, entre 
eles, podemos citar a Beneficência Portuguesa, Sírio Libanês, Oswaldo 
Cruz e Albert Einstein, que, atualmente, compõem o grupo de hospitais 
de excelência do país.
O Brasil não tinha estrutura de cuidados em saúde e sofreu muito 
com as consequências das epidemias no século XIX, juntamente com 
o processo de urbanização intensificado, e as Santas Casas ofereciam 
conforme suas condições cuidados para as pessoas.
A primeira faculdade de Medicina, no Brasil, foi instalada em Salvador, 
em 1808, seguindo os padrões europeus. A enfermagem permanecia no 
país, sendo desempenhada de forma caritativa por pessoas leigas sob 
as orientações de religiosos. A enfermagem só se estruturou no país 
como profissão e implantou as primeiras escolas de enfermagem, em 
1920, com apoio de enfermeiras americanas da Fundação Rockefeller. 
Essa parceria permitiu a implantação do primeiro curso de Enfermagem, 
com a Fundação Nacional de Saúde, e, posteriormente, surge a Escola de 
Enfermagem Anna Neri, no Rio de Janeiro.
A partir desta época, inicia-se, no Brasil, a assistência de Enfermagem 
praticada como ciência. A falta de profissionais qualificados na 
13
enfermagem foi uma realidade por décadas até a expansão das escolas 
formadoras na década de 1980 (MOREIRA,1999).
Figura 2 – Ana Justina Ferreira Néri, pioneira brasileira da 
Enfermagem
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8b/Ana_Neri1.
jpg/484px-Ana_Neri1.jpg?20070117180359. Acesso em: 4 maio 2022.
1.3 A Política Nacional de Saúde Hospitalar
Observamos, com os registros históricos, que o Brasil, até meados 
do século XIX, não tinha nenhuma estrutura organizada de oferta de 
cuidados em saúde. O pouco cuidado, ofertado aos doentes no país, 
era realizado pelas Santas Casas e de forma muito precária por falta de 
estrutura e pessoal, principalmente.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8b/Ana_Neri1.jpg/484px-Ana_Neri1.jpg?20070117
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8b/Ana_Neri1.jpg/484px-Ana_Neri1.jpg?20070117
14
Os médicos com formação liberal, preparados para atuação em seus 
consultórios particulares, realizavam cuidados de forma individualizada e as 
pessoas que podiam pagar recebiam seus cuidados médicos em casa.
O século XX tem marcos importantes na história da Saúde, no Brasil, e a 
construção das políticas públicas de saúde que temos, atualmente. Um 
desses marcos foi o enfrentamento das epidemias de varíola e de febre 
amarela, com as primeiras campanhas de vacinação coletiva no país, 
não aceita pela população, na época, e que gerou um evento conhecido 
como a revolta da vacina.
Surge, em 1920, o Departamento Nacional de Saúde Pública, que, 
posteriormente, deu origem ao Ministério da Saúde. O foco principal do 
departamento era o controle sanitário portuário e medidas higienistas 
para controle de epidemias (SANTOS, 2017).
As organizações hospitalares não tinham padronização técnico científica 
sistematizada pela federação e o país, em proporções continentais, 
apresentava organizações de saúde no litoral e região sudeste, 
principalmente.
Os trabalhadores formais possuíam suas caixas de assistência à saúde e 
previdência, conhecidas como Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPS), 
e cada setor trabalhista passou a organizar sua oferta de cuidados em 
saúde. Algumas caixas de previdência tinham seu próprio hospital para 
ofertar os cuidados aos trabalhadores.
Em 1930,a partir de Getúlio Vargas, as ações de saúde e as CAPS passam 
a ser centralizadas e o Estado passa a gerir os recursos dessas caixas de 
previdência e ser responsável pelos pagamentos dos atendimentos em 
todo o território.
Esta situação de precariedade e excludência de oferta de cuidados, 
seguiu, até a reforma sanitária em 1984, quando alguns estados e 
15
municípios tomaram como responsabilidade a oferta de cuidados 
de saúde e controle da rede assistencial. Em 1986, vivenciamos a 8 
Conferência de Saúde; em 1988, a Constituinte Brasileira; e em 1990, a 
criação do SUS, por meio da Lei n. 8080/90 (BRASIL,1990).
O SUS trouxe, como princípio, o acesso universal e as diretrizes 
de descentralização, a hierarquização assistencial. Entretanto, as 
iniquidades de distribuição de serviços de saúde pelo Brasil eram 
enormes. A partir de então, o Ministério da Saúde e os Estados ficaram 
responsáveis pela coordenação das redes hospitalares e os municípios 
responsáveis pela Atenção Básica e Vigilâncias. Passamos a aplicar 
normatizações e padronização das internações, e a realização de 
procedimentos com base na legislação apresentada pelo SUS para todo 
o território.
Com a criação da Agência Nacional de Saúde (ANVISA) e o 
direcionamento de normas sanitárias, a padronização por critérios 
clínicos apresentou um cenário crítico para as atividades de cuidado 
social das Santas Casas, principalmente.
Nos anos 2000, apresentamos uma grande defasagem na oferta de 
leitos hospitalares, no Brasil. Diante disso, em 2003, o Ministério da 
Saúde institui a Política Nacional de Saúde Hospitalar (PNSH), com 
objetivo de estruturação e implantação de hospitais, principalmente, os 
de pequeno porte, como forma de incentivar e criar meios para diminuir 
a desigualdade apresentadas (SANTOS, 2017).
Finalmente, em dezembro de 2013, é publicada a Política Nacional 
de Assistência Hospitalar (PNHOSP), sistematizando e norteando de 
forma mais objetiva a assistência hospitalar e sua integração nas redes 
assistenciais já formadas (BRASIL, 2013).
Realizando essa retrospectiva pela história dos serviços hospitalares, 
no Brasil e no mundo, e sua relação direta com as ciências da saúde, 
16
podemos vislumbrar que a participação das entidades médicas se fez 
presente em todo processo histórico da saúde, dada essa participação e 
a configuração da prática médica como ciência e das demais profissões 
não, as instituições hospitalares carregam em si uma prática baseada no 
modelo assistencial centrado na prática médica, na doença e na cura.
A relação da Medicina com os hospitais se encontra e se funda na 
Idade Moderna, desenhando o padrão que temos, atualmente, com 
foco na ciência e de seu adensamento tecnológico. A forte presença 
de instituições religiosas, junto aos hospitais, e a categorização da 
enfermagem como prática empírica e não científica, são explicadas pela 
história.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento Nacional de Saúde. Divisão de 
Organização Hospitalar. História e evolução dos hospitais. Rio de Janeiro, 1965. 
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_08.pdf. Acesso 
em: 4 maio 2022.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria n. 3.390, de 30 de 
dezembro de 2013. Brasília, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/gm/2013/prt3390_30_12_2013 -. Acesso em: 4 maio 2022.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 
n. 8.080, de 19 de setembro de 1990.Brasília, 1990. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080. Acesso em: 4 maio 2022.
FOUCAULT, M. O nascimento do hospital. In: FOUCAULT, M. Microfísica do poder. 
2. ed., p. 171-189. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
MOREIRA, M. C. N. A Fundação Rockefeller e a construção da identidade profissional 
de enfermagem no Brasil na Primeira República. História, Ciências, Saúde-
Manguinhos, v. 5, n. 3., p. 621-645. Rio de Janeiro,1999,
SANTOS, T. B. S.; PINTO, I. C. M. Política Nacional de Atenção Hospitalar: con(di)
vergências entre normas, Conferências e estratégias do Executivo Federal. Saúde 
em Debate., v. 41, spe 3, p. 99-113. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: https://
www.scielo.br/j/sdeb/a/QgFtSCTsjqQ6PSHJ8bm3Vwy/abstract/?lang=pt. Acesso em: 
4 maio 2022.
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd04_08.pdf
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt3390_30_12_2013%20-
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt3390_30_12_2013%20-
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080
https://www.scielo.br/j/sdeb/a/QgFtSCTsjqQ6PSHJ8bm3Vwy/abstract/?lang=pt
https://www.scielo.br/j/sdeb/a/QgFtSCTsjqQ6PSHJ8bm3Vwy/abstract/?lang=pt
17
Modelos de Gestão e marcos 
temporais e de desenvolvimento 
tecnológico
Autoria: Mariângela Rosa de Oliveira
Leitura crítica: Nara Fabiana Mariano
Objetivos
• Conhecer as fases e modelos da administração e 
gestão.
• Revisar os marcos históricos da administração.
• Explicitar como a Revolução Industrial influenciou os 
modelos de gestão em saúde.
• Compreender como as inovações tecnológicas 
influenciaram a gestão hospitalar.
18
1. A Administração e a Revolução Industrial
A sociedade moderna, organizada nos centros urbanos e desenvolvendo 
atividades em grupo, passou a ter seu cotidiano organizado em 
estruturas institucionais com planejamento, normativas e expectativas 
quanto aos resultados esperados. As técnicas administrativas são 
modificadas ao longo do tempo e de suas transformações nos meios de 
produção e interação socioeconômica.
Nessas estruturas institucionais, temos as empresas, as instituições 
bancárias por exemplo, com finalidade lucrativa, as organizações sem 
fins lucrativos, como as igrejas. Podem ser públicas ou privadas e demais 
derivações, porém, todas precisam ter um plano, finalidades, estruturas 
de organização, previsão orçamentária etc. Nasce aí, a administração 
como área de conhecimento específico para cuidado destas atividades 
listadas acima (CHIAVENATO,2014).
Tal estrutura existe desde os primórdios da primeira Revolução 
Industrial, no século XVIII, para condução do processo de produção e 
o acompanhamento de resultados. Atualmente, dentro da estrutura 
administrativa das organizações, temos diferentes papéis a serem 
executados que vão desde o supervisor de operação até a mais 
alta liderança. A figura do gerente surge no processo de produção, 
do século XIX, e seus provimentos dependiam do aumento de 
produção dos seus liderados. As atividades do gerente implicam em 
conhecimentos técnicos somados a modo de execução nas relações 
com as pessoas.
O pensamento Cartesiano, de René Descartes, desde o século XVIII, traz 
para as relações sociais a necessidade de busca da razão e da verdade 
absoluta, superando as lógicas místicas muito presentes até então. O 
desenvolvimento de métodos e o destaque para o raciocínio lógico são 
grandes destaques da obra de Descartes. Acreditava-se que o corpo 
19
era separado da mente e as atividades não raciocinadas passam a ter 
menos importância.
Os modelos administrativos surgiram para regular o processo de 
produção que deixa sua característica artesanal para um modo de 
produção seriado. Para isso, era preciso uma atuação administrativa que 
garantisse a execução das tarefas. No século XX, temos várias teorias 
que determinaram o modo de produção e os processos de trabalho 
necessários em diferentes áreas até a atualidade conforme veremos 
abaixo.
Teoria Cientifica de Taylor – 1903:
Na busca por métodos mais eficazes de produção, com objetivos de 
redução de custos e aumento de produtividade, Taylor, engenheiro 
norte americano, chamou a atenção para as tarefas desempenhadas 
pelos trabalhadores no processo fabril e, com isso, o conceito de 
qualificação e especialização da força de trabalho. A obra de Taylor 
também trouxe luz para a necessidade de melhora das condições de 
trabalho, o que foi bem-visto na época pelos donosdas fábricas e pelos 
trabalhadores. Fazendo uso do método cartesiano, temos o marco da 
administração como ciência nesta época. O Taylorismo, como ficou 
conhecido, consistia em profissionais realizando atividades manuais de 
forma repetida e sem necessidade de raciocínio sobre suas atividades 
realizadas no trabalho. Surge o trabalhador que pensa e o que executa 
(CHIAVENATO,2014).
Teoria Clássica de Fayol – 1916:
Na França, no final da Primeira Guerra Mundial, surge uma nova teoria 
administrativa. Fayol, também engenheiro, com os mesmos objetivos de 
Taylor, cria o Fayolismo focando essa teoria na melhoria do processo de 
trabalho como um todo. Fayol apresentava a importância de uma visão 
20
global (do início ao fim) do processo produtivo e apontava que os bons 
resultados viriam se toda essa estrutura funcionasse bem, tirando o foco 
do indivíduo e da especialização do trabalho manual, como na obra de 
Taylor.
O Fayolismo aponta a necessidade de articulação entre o processo 
de produção de cada setor dentro de uma fábrica com os demais 
setores de produção, possibilitando, ao trabalhador, visualizar todo o 
processo de produção fabril. Fayol utilizou a normatização do processo 
de trabalho, incrementando os setores especializados e inserindo a 
administração escalonada em níveis hierárquicos.
Nos Estados Unidos, uma experiência exitosa para a história da 
indústria foi desenvolvida por Henry Ford (1863 a1947) que reuniu as 
características das duas teorias principais e estruturou sua fábrica de 
automóveis com processos de trabalho, especializados e paralelos, para 
aumentar eficiência e reduzir o tempo, controlando todos os processos 
de produção desde a matéria-prima até a comercialização dos carros 
e se tornou um marco da produção em série na indústria, ficando 
conhecido como Fordismo (CHIAVENATO,2014).
Teoria das Relações Humanas – Mayo e colaboradores: 1927 
a 1932:
Nos Estados Unidos, surge, então, um grupo que se opõe às Teorias 
Clássicas. Conhecida como Teoria de Mayo ou Teoria das Relações 
Humanas, essa nova teoria dispõe sobre o desenvolvimento de estudos 
qualitativos junto às fábricas, acompanhando sistematicamente 
o processo de produção e entrevistando os trabalhadores por 
aproximadamente cinco anos. O Estudo de Hawthorne (1927 a= 
1932), teve importante contribuição para a Teoria das Relações 
Humanas, apontando como resultado que a produção fabril estava 
diretamente influenciada pelas relações de trabalho, as crenças dos 
21
trabalhadores, suas expectativas, ou seja, os trabalhadores se envolviam 
com o processo de trabalho e este envolvimento era determinante 
para o aumento da produção e dos bons resultados, questionando 
frontalmente a teoria de Fayol, principalmente, no que tange a 
formalidade das relações de trabalho regulada pelas normativas 
(CHIAVENATO,2014).
Hawthorne (1932) destacou a importância das emoções dos 
trabalhadores sobre seus resultados e enfatizou os efeitos negativos 
das atividades repetitivas/ mecânicas para os trabalhadores. A partir da 
Teoria de Mayo, surge a ideia da importância do papel social do trabalho 
nas vidas das pessoas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o processo de produção industrial 
foi impulsionado e novos autores surgem fazendo considerações sobre 
as teorias vigentes, embutindo novos conceitos das ciências humanas. 
Surgem, então, autores propondo mudanças no estilo de liderar o 
processo de trabalho, trazendo conceitos de cooperação e trabalho 
em equipe, demarcando um processo de transição vivido em toda a 
sociedade.
A Teoria das Relações Humanas impulsionou outras áreas de estudo, 
como a definição das necessidades humanas básicas, estudos sobre clima 
e organização do trabalho, além de inúmeros estudos sobre tipos de 
lideranças e seus impactos no processo de produção. Estudos nesta área 
continuam frequentes e o desenvolvimento da liderança, atualmente, tem 
maior enfoque nas habilidades não técnicas da administração, tais como o 
aperfeiçoamento de habilidades sociais e de comunicação.
Após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1945, um novo marco 
na Revolução Industrial, surgem novas concepções ajustadas para a 
época sobre a Teoria Clássica. Diversos autores redesenham as teorias 
fundamentais da administração, com enfoque no processo de trabalho e 
foco em resultados.
22
Druker (1954 apud Chiavenato, 2014) apresenta a teoria da 
administração por objetivos e o planejamento ganha importância. 
A teorias sobre administração estratégica são revisitadas e algumas 
ferramentas são desenvolvidas nessa época para diagnósticos das 
estruturas das organizações, como a matriz SWOT.
A estrutura hierarquizada, com diferenciação clara de papéis, os 
organogramas institucionais e o planejamento, também passam a serem 
executados de forma hierárquica: estratégico, tático e operacional 
(CHIAVENATO,2014).
Ferramentas de controle da qualidade são definidas e executadas em 
cada nível hierárquico das organizações.
É preciso enfatizar que, nesta mesma época, a estruturação burocrática 
das instituições era baseada na Teoria de Max Weber, também 
conhecida como Teoria Burocrática. Nesta teoria, as relações de trabalho 
baseadas na descrição dos processos e na legislação para cada etapa 
da produção, além de regras que alinhassem a organização do trabalho 
com seus objetivos finais.
A partir da década de 1970, surgem novos métodos propondo 
reorganizações se para superar os processos de trabalho lineares/ 
seriado por processos paralelos/ complexos, além de organizar a 
produção por projetos.
Já na década de 1980, as reestruturações das organizações produtivas 
e as novas teorias que propunham reduzir as estruturas hierárquicas, 
tendo início aí os primeiros registros históricos dos processos de 
terceirização da mão de obra.
Teoria Estruturalista:
Devido a incompatibilidade das teorias descritas acima se 
desenvolverem de maneira simultânea, a Teoria Estruturalista, com forte 
23
influência das ciências sociais, propõe uma nova tentativa de fundir os 
conceitos da Teoria das Relações Humanas com a Teoria Weberiana, 
resultando no aumento de eficiência das organizações com esta 
aproximação entre as duas teorias (CHIAVENATO, 2014).
Teoria da Contingência:
Com a complexidade das relações de trabalho e tamanho das 
organizações, surge a Teoria da Contingência, que versa sobre a 
ideia de que tudo é relativo e interdepende, ou seja, as estruturas 
organizacionais de planejamento passam a prever as diversas influências 
sobre o processo produtivo, como, por exemplo, as mudanças o 
climáticas, as ações humanas, dentre outros sobre o resultado a ser 
obtido (CHIAVENATO, 2014).
Na década de 1990, presenciamos o grande desenvolvimento 
tecnológico com a presença marcante da informatização dos processos 
de trabalho, demarcando este período como nova era da Revolução 
Industrial, conforme poderemos observar na Teoria dos Sistemas.
Teoria de Sistemas:
As relações sistêmicas de produção, com o estabelecimento de redes 
matriciais e filiais, se iniciam, dando início ao conceito de globalização 
da produção. A complexidade das relações humanas é incorporada nos 
processos de trabalhos (CHIAVENATO, 2014).
Chegamos, então, nos anos 2000, e a complexidade das relações intra e 
interorganizações aumenta com o surgimento da Internet. A velocidade, 
a plasticidade de informações e formato das relações de trabalho, se 
transformam quase que diariamente. Novos formatos organizacionais 
de trabalho vão surgindo e outros são totalmente reformulados ou até 
mesmo extintos.
24
1.1 A Gestão em Saúde
As estruturas administrativas na saúde, em especial nos hospitais, se 
apresentaram, por muitos anos, por meio dos conceitos de disciplina 
e do controle oriundas das ordens religiosas e militares. A adoção das 
Teorias de Taylor e Fayol, nas relações de trabalho em saúde, ocorreram 
da mesma forma como nos demais setores de trabalho.
A necessidade de manutenção da saúde dos trabalhadores, que passam 
a ser mão deobra especializada com investimento das organizações, 
precisava ser preservada. Os conceitos de saúde pública, de saneamento 
básico, vigilância epidemiológica e sanitária, tem início no final do século 
XIX e tem seu marco de importância no início do século XX (MALIK; 
VECINA, 2016).
Neste período, estruturam-se nos principais países desenvolvidos dois 
modelos de gestão na saúde, os Serviço Nacionais de Saúde (SNS) e o 
modelo de Seguridade Social, com a intensificação de parcerias público-
privadas.
Os serviços baseados no modelo de Seguridade Social são maioria nos 
países europeus, já do modelo SNS, são estruturados na Inglaterra, 
Espanha e Canadá. Destacamos que a assistência farmacêutica é de 
coparticipação, no qual o cliente custeia uma parte de suas despesas em 
conjunto com o governo.
Os modelos de saúde em todo o mundo passam por intensas 
transformações ocasionadas pelo envelhecimento da população, 
mudanças no perfil epidemiológico, medicalização da saúde, 
banalização de procedimentos médicos, gerados pelo aumento do 
consumo desnecessário de procedimentos e medicamentos, além do 
corporativismo na saúde (MALIK; VECINA, 2016).
No início de 1900, as políticas de saúde, no Brasil, passaram por intensas 
mudanças, principalmente, após a chegada da Coroa Portuguesa em 
25
nossas terras. Em 1904, com o aumento de casos de varíola, o conceito 
de vigilância em saúde ganha novos contornos, principalmente, a partir 
da Revolta da Vacina. Nosso país, já no final do século XVIII, passava 
a investir no desenvolvimento de tecnologias para a erradicação de 
doenças, como as vacinas, que, em 1975, com a instituição do Ministério 
da Saúde (BRASIL, 1975), impulsionou a estruturação do Programa 
Nacional de Imunização (PNI).
O Brasil só começou a estruturar serviços e ofertas de saúde a partir 
da década de 1920. Neste período, os pobres eram cuidados nos 
hospitais por pessoas sem nenhuma qualificação técnica, já os ricos, 
eram assistidos por médicos em seus domicílios (modelo médico 
assistencial privatista). O governo realizava algumas ações de vigilância 
em saúde nas regiões portuárias para controle de epidemias (Modelo do 
Campanhismo Sanitarista).
Até o nascimento do Sistema Único de Saúde (SUS), tivemos uma 
trajetória conturbada nas políticas de saúde no Brasil. Das Caixas de 
Aposentadorias e Pensão (CAPS) na década de 1930, até a instituição do 
Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), 
em 1977, a saúde pública brasileira já sofria com sérios problemas de 
financiamento público, que impactaram diretamente o orçamento da 
saúde (BRASIL,1990).
Como destaque nas políticas de saúde brasileira, temos a linha de 
cuidado para os doentes de HIV/ AIDS instituída na década de 1990, 
a implantação de Estratégia Saúde da Família em 1994, os cuidados 
hospitalares e a oferta de serviços alta complexidade, como o cuidado 
de pessoas hemofílicas, doentes renais e os transplantes realizados 
exclusivamente pelo SUS. Assim como a promulgação da lei dos 
genéricos, que favoreceu o acesso a medicamentos com menor custo, a 
partir da quebra de patentes da indústria farmacêutica.
Apesar do grande avanço, a implementação do SUS, conforme instituído 
na legislação do país no processo de democratização na década de 
26
1980, já nascia com sérios problemas estruturais, que permanecem até 
hoje. Para se ter ideia, até os anos 2000, o SUS não tinha uma legislação 
vigente que garantisse seu financiamento pelos poderes municipal, 
estadual e federal, e somente a partir da Emenda Constitucional n. 
29/2000, uma vitória à época, foi instituído um percentual de recursos 
financeiros que cada ente da federação, por lei, precisa destinar para o 
SUS. Cabe ressaltar que, apesar de aprovada, a EC n. 29 ainda não foi 
regulamentada, ou seja, ainda não há uma clara definição dos termos 
que os três poderes devem repassar o financiamento para o SUS 
(BRASIL, 2000).
Diante de tal impasse financeiro, entramos nos anos 2000 com o 
fortalecimento das parcerias público-privada, por meio das Organizações 
Sociais (OS) na saúde. As OS, inicialmente, assumiram a gestão de 
hospitais e, posteriormente, outras redes assistenciais por todo o 
território nacional.
Em 2016, o SUS sofre novo agravamento de seu financiamento. Com a 
crise econômica agravada neste período, todo o orçamento das ações de 
seguridade social, tais como saúde, educação, assistência social, foram 
congelados por vinte anos, por meio da Emenda Constitucional n. 95/ 
2016, ou seja, os gastos com políticas de seguridade social não podem 
aumentar até 2036 (BRASIL,2016).
1.2 A Inovação
Apesar de toda a dificuldade de financiamento do nosso sistema de 
saúde, o SUS possui inúmeros destaques, tais como na produção de 
pesquisa e excelência assistencial.
Os Hospitais Universitários contribuem com grande produção científica 
e se destacam em técnicas cirúrgicas, e a robótica, atualmente, é 
uma realidade dos centros cirúrgicos. O Brasil também se destaca na 
inovação de ofertas de serviços de base territorial e comunitária, como 
27
a Atenção Primária à Saúde. O controle da mortalidade infantil, no início 
do ano 2000, foi destaque na Organização das Nações Unidas (ONU), 
com medidas sanitárias, educação em saúde e melhora das ações de 
pré-natal.
Mais recentemente, houve a presença da telemedicina e da inteligência 
artificial em vários setores da assistência à saúde. Os softwares para 
autocuidado apoiado têm apresentado resultados de grande relevância, 
reduzindo gastos na assistência e compartilhando as responsabilidades 
no cuidado.
A Quarta Revolução Industrial em processo, a partir da adoção da 
tecnologia do 5G, tem trazido destaque para o cuidado à saúde mental, 
devido a prejuízos relacionais e o surgimento de novas patologias 
decorrentes da vida pós-moderna. Quando a gestão dos serviços de 
saúde, temos assistido ao surgimento de novas organizações, apostando 
na gestão democrática e horizontal.
Até aqui, pudemos analisar as grandes mudanças na administração 
e sua relação com os modelos econômicos vigente, bem como a 
organização social de cada momento da história reflete na gestão da 
saúde.
Referências
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. 
Lei n. 6259, de 30 de outubro de 1975. Brasília, 1975. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6259.htm#:~:text=L6259&text=LEI%20
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Acesso em: 4 maio 2022.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei 
n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Brasília, 1990. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em: 4 maio 2022.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6259.htm#:~:text=L6259&text=LEI%20No%206.259%2C%20DE%2030
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm
28
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. 
Emenda Constitucional n. 29, de 13 de setembro de 2000. Brasília, 2000. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/
emc29.htm. Acesso em: 4 maio 2022.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. 
Emenda Constitucional n. 95, de 15 de dezembro de 2016. Brasília, 2016. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/
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CHIAVENATO,I. Introdução à Teoria Geral da Administração: uma visão 
abrangente da moderna das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
MALIK, A. M.; VECINA, G. Gestão em Saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2016.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc29.htm
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc95.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc95.htm
29
Processo gerencial e Ferramentas 
de Gestão
Autoria: Mariângela Rosa de Oliveira
Leitura crítica: Nara Fabiana Mariano
Objetivos
• Conhecer as fases do processo gerencial.
• Listar os marcos históricos da Administração.
• Explicitar como as fases da Revolução Industrial 
modificaram os processos gerenciais.
• Relacionar as mudanças na gestão da saúde e o 
impacto das inovações tecnológicas.
30
1. O processo gerencial
O período Neoclássico, da administração, e os diversos autores 
relacionados a esse período, trouxeram para a gestão industrial 
diferentes formas de lidar com o cotidiano do trabalho em busca de 
maior eficiência, posteriormente, qualidade e redução dos custos.
Figura 1 – Linha do tempo da gestão.
Fonte: elaborada pela autora.
O século XX foi marcado por diversas experimentações na 
administração, até a construção do processo gerencial conhecido por 
todos nós na atualidade. Revisitando a literatura, observamos que desde 
o modelo de Fayol, a visão sistêmica das instituições e verificação de 
melhorias em cada etapa do processo de produção tem como objetivo o 
aumento da eficiência como um todo.
O Fordismo foi o modelo bem-sucedido dessa metodologia, com foco 
no aumento da eficiência. Ford aliou os processos sistematizados 
desde a matéria-prima utilizada, o desenho dos projetos e as etapas 
de produção, definindo o processo de produção para controle das 
31
execuções, que passam então a ocorrer de forma integrada e simultânea 
(CHIAVENATO, 2014).
Teóricos que seguiram o modelo de Fayol e propuseram melhorias 
no método, acrescentaram, à estrutura de gestão, a produção por 
processos e projetos. Para estes teóricos, agregar aos processos 
gerenciais os conceitos da teoria das relações humanas e as 
necessidades dos trabalhadores, passou a compor o quadro de objetivos 
a serem alcançados nos processos de produção.
Uma contribuição importante desta época se deu sobre as relações 
de poder nas instituições e a lógica do gerencialismo centralizador, 
substituindo-a por gestões descentralizadas, com divisão de poder e 
a presença de supervisores, consultores de gestão na hierarquia das 
instituições.
A discussão sobre liderança e a administração como técnica de gestão 
de pessoas e a eficiência aumentada pela relação entre as pessoas, 
foram transformando os espaços produtivos e seus resultados 
foram positivos. Nas instituições de saúde, por exemplo, os conceitos 
neoclássicos chegaram tardiamente já que por influência religiosa e 
militar, o controle e centralidade de poder prevaleceu até meados do 
século XX.
A gestão por objetivos trouxe para as instituições o foco para a 
necessidade de definir a missão e valores da organização. Todas as 
etapas do processo de produção da indústria deveriam estar alinhadas 
com objetivos institucionais, já que os desajustes na produção atingiam 
os objetivos da instituição.
O processo de evolução da gestão por objetivos se deu pela gestão por 
planejamento. Para atingir os objetivos elencados, era preciso estruturar 
planos. Temos três modelos de planejamento: o operacional, como o 
nome já remete ao trabalho executado pelo operariado; o tático, que é o 
32
plano setorial, normalmente, executado pelas supervisões e diretorias; e 
o estratégico, que é o plano da instituição com os objetivos gerais.
Planejar permite que a gestão faça previsões e provisões com base em 
diagnósticos, tomando decisões para minimizar imprevistos e erros 
de operação, avaliando se o plano foi bem-sucedido ou não e se seus 
ajustes foram necessários. O processo gerencial, então, se consolida 
a partir de um processo de trabalho cíclico de: planejar, organizar, 
monitorar e controlar.
As escolas de administração foram se apropriando e aprimorando da 
necessidade de planejar e tornando o planejamento uma ferramenta 
importante para garantir, cada vez mais, a eficiência, a qualidade e a 
redução de custos da operação, aumentando os lucros.
A implementação de ferramentas para a qualificar os processos 
gerenciais, a partir do século XX, foram impulsionados pela era digital e 
permitiram, cada vez mais, controle de processos de produção.
Figura 2 – Ciclo PDCA
Fonte: elaborada pela autora.
33
O ciclo PDCA (Plan, Do, Check e Act), importante ferramenta de gestão 
da qualidade, foi criado na década de 1920, nos Estados Unidos, e é 
um marco na consolidação do processo gerencial, pois se propõe a 
implementar, identificar e resolver problemas do processo de produção. 
Ao longo do tempo, observamos a evolução do ciclo PDCA para o 
ciclo PDSA (Plan, Do, Study e Act), com intuito de desenvolver novos 
conhecimentos no processo produtivo.
O conceito de melhoria contínua nasce deste princípio do ciclo PDCA. A 
cada ciclo executado, podemos reconhecer pontos de fragilidade, definir 
prioridades e aprimorar as estratégias, agregando valor, aumentando a 
qualidade, reduzindo custos, evitando perdas.
Os processos de acreditação International Organization for 
Standardization (ISO), certificações de meio ambiente e os métodos 
de gestão da qualidade total Total Quality Manegement (TQM) também 
estão baseados no ciclo PDCA, já que essa ferramenta é compreendida 
como simples e rápida de implementar. O Toyotismo se apropria, 
se desenvolve e aprimora essas ferramentas e princípios e propõe 
novas ferramentas de gestão, o Lean (metodologia de mapeamento de 
processos com objetivo de reduzir desperdícios e custos) e o Six Sigma 
(metodologia de qualidade com foco em redução de variabilidade).
Na saúde, temos os serviços de alta qualidade de gestão, com foco na 
oferta de assistência baseada em valor, em que todos estes conceitos 
são agregados ao conceito da atenção centrada no cliente. Como 
podemos observar, a assistência à saúde incorpora as ferramentas da 
gestão industrial para permitir a qualificação da assistência à saúde, em 
cenários cada vez mais complexos e tecnológicos.
Os desafios atuais têm levado os serviços de saúde na implementação 
de ferramentas de gestão com a metodologia Ágil, simplificando 
processos, incorporando a gestão de múltiplos projetos de maneira 
simultânea, formando times de especialistas integrados a times de 
tecnologia da informação.
34
A telessaúde e a inteligência artificial transformaram rapidamente 
o cenário da saúde, modificando a atuação de diversas categorias 
profissionais, incorporando novas categorias que antes não pertenciam 
à realidade dos serviços de saúde, assim como em outras cadeias 
produtivas. A redução de custos de operação com estas novas 
tecnologias têm permitido ampliar o acesso à serviços de saúde, em 
cenários tão díspares como o que temos no Brasil.
Hoje, médicos especialistas de centros de excelência realizam 
atendimentos nos rincões do país, por meio da telemedicina. Equipes 
de enfermagem fazem o monitoramento dos planos terapêuticos, 
por teleatendimento, equipes de saúde realizando atendimentos 
ambulatoriais e de pronto atendimento de baixa complexidade por 
teletrabalho e trabalhando em home office.
Neste novo cenário, a gestão tem enfrentado novos desafios, como a 
atual discussão sobre os modelos de financiamento, incorporação de 
novos procedimentos às tabelas de custos, a gestão de pessoas em 
home office, o sigilo nos atendimentos e as barreiras dos protecionismos 
de classes trabalhadoras frente a estas inovações.
1.1 A gestão em saúde hospitalar no Brasil
As estruturas administrativas na saúde hospitalar, no Brasil, composta 
pelo setor público, as operadoras desaúde, as instituições filantrópicas e 
alguns grupos familiares, estabelecem diferentes padrões de autonomia 
e gestão nas instituições hospitalares.
A rede hospitalar do país tem sua composição mista e os serviços 
públicos compõem a parte menor da oferta de leitos. O modelo 
de financiamento destas diferentes instituições também influencia 
diretamente sobre sua gestão. Na estrutura do Sistema Único de Saúde 
(SUS), o financiamento das despesas das instituições hospitalares foi 
sistematizado por meio do pagamento da Autorização de Internação 
35
Hospitalar (AIH). As despesas com as internações são grande parte das 
atividades hospitalares, mas não compõem a totalidade de seus custos. 
Também temos as tabelas de custeios de procedimentos de média 
complexidade e de apoio diagnóstico que representam uma pequena 
parte do hall de atividades (IBANEZ; VECINA, 2007).
Os hospitais do SUS tem o custeio da gestão de pessoas e despesas 
básicas em um orçamento fixo separado e as despesas de internações 
custeadas pelas AIHs, com recursos extras em seu orçamento. A 
autonomia na gestão destas instituições é menor porque a gestão 
de pessoal é descentralizada e a estabilidade no modelo de trabalho 
compromete os processos de melhoria e eficiência.
Já nas instituições privadas e filantrópicas, o repasse do SUS é 
exclusivamente referente às AIHs e tabela de procedimentos, os 
orçamentos para a totalidade de outras despesas são oriundos de 
fontes de recursos financeiros diferentes. Nas instituições privadas, 
temos o pagamento realizado pelas carteiras de clientes segurados 
diretos ou os coletivos das seguridades sociais, com financiamento misto 
de trabalhadores e empregados em suas receitas, concentrando-se nas 
grandes cidades e nas regiões com maior desenvolvimento.
As instituições filantrópicas, as organizações religiosas e grupos da 
sociedade civil e imigrantes, com a maior oferta de leitos pelo país, 
estão presentes em todas as regiões e apresentam uma diversidade 
imensa de perfil assistencial e modelo de gestão. Estamos falamos de 
instituições prestadores de serviços hospitalares básicos até serviços de 
alta complexidade e alta densidade tecnológica, que oferecem serviços 
de excelência pelo país.
Os hospitais filantrópicos de pequeno porte são maioria pelo interior 
do Brasil, com menores fontes de financiamento por meio de doações e 
que, em muitas localidades, ainda representam o único meio de acesso 
a cuidados de saúde. Estes hospitais enfrentam grandes dificuldades 
36
de manutenção de suas ofertas, pois têm como fonte de financiamento 
quase que exclusiva o pagamento de AIHs, impedindo-os de fazer 
investimentos para melhorias das ações de saúde.
Já as instituições privadas, os gestores têm ampla autonomia na gestão 
e conseguem implementar processos integrados à gestão de pessoas, 
aumentando a eficiência global. As instituições privadas e filantrópicas 
ficam com aproximadamente 2/3 do orçamento hospitalar do SUS. Este 
cenário expõe a dúvida sobre a eficiência dos modelos de gestão das 
diferentes instituições, a partir de estudos realizados em meados da 
primeira década deste milênio.
Este cenário trouxe, para a gestão pública, a necessidade urgente 
de melhorias, sanar problemas de financiamento, os incrementos 
tecnológicos que aumentam a complexidade dos serviços e a mudança 
de perfil epidemiológico da população exigem a manutenção e a 
viabilidade destes serviços.
Como mecanismos de tentar sanar tais defasagens, foi instituída, nesta 
época, a política de Parcerias Público Privadas (PPP), tais como as 
Organizações Sociais da Saúde (OSS) ou Institutos de Responsabilidade 
Social das filantropias, reformulando a gestão dos serviços que aderiram 
a nova política nos hospitais públicos (MALIK; VECINA, 2016).
Nas PPPs, os hospitais públicos deixam o modelo de orçamento 
tradicional, no qual as instituições recebiam um valor orçamentário 
fechado e preestabelecido, sem a programação de ações, planos de 
melhorias ou metas de eficiência e qualidade, com limitada autonomia 
do gestor e dificuldades na gestão de pessoas, pela estabilidade sem 
planos de melhoria, substituído pelo orçamento global, ou seja, cada 
instituição responsável pela gestão na parceria tem autonomia de 
dimensionar como deve estruturar seu orçamento, seus contratos, 
instituindo o planejamento de ações, métricas de avaliação e metas a 
serem cumpridas pela instituição.
37
Neste modelo, o gestor tem autonomia inclusive na gestão de pessoal e 
pode executar planos de incentivo por performance, colaborando para a 
eficiência geral da instituição.
As instituições filantrópicas e privadas oferecem possibilidades 
de serviços para venda direta aos seus clientes, que têm uma 
representatividade pequena nas instituições, entretanto, estes serviços 
ofertados possuem valores definidos pelas próprias instituições, não 
sendo regulados pelo SUS, com as AIH ou tabela de procedimentos 
médicos da AMB, que regula os valores de procedimento na oferta de 
serviços dos segurados e assistenciais previdenciárias.
O modelo de pagamento de procedimentos comumente executados nos 
serviços hospitalares, é a modalidade conhecida como fee for service, em 
que o pagamento é efetuado por procedimentos executados após sua 
realização, seja pelo SUS, por meio das AIHs, ou na rede privada, por 
meio dos sistemas de contas hospitalares.
O pagamento pelos serviços é executado posteriormente à sua 
execução, e é baseado em protocolos clínicos e/ou agrupamentos 
de diagnósticos para sua sistematização e definição de valores. Em 
alguns casos, é permitido às instituições ampliarem os procedimentos 
realizados por paciente, visando ampliar sua remuneração durante 
uma internação. Para realizar o controle destes procedimentos, são 
estruturados os serviços de auditoria de contas.
Algumas operadoras de saúde oferecem serviços em pacote de serviços, 
oferta ainda pouco praticada no país. Na década de 1990, com as 
dificuldades orçamentárias da saúde, estratégias de redução de oferta 
de serviços e formação de pacotes assistenciais foram palco de amplo 
debate entre os setores da economia e da saúde.
A Agência Nacional de Saúde (ANS) tem discutido com as operadoras de 
saúde, o modelo de custeio da saúde baseado em valor, substituindo o 
38
fee for service. Os pagamentos às instituições são realizados a partir de 
cumprimento de parâmetros de qualidade, monitorado por indicadores 
de eficiência e satisfação dos clientes.
O Ministério da Saúde (MS), por meio da Agência Nacional de Saúde 
Suplementar, em 2019, tem proposto este tipo de remuneração 
financeira para a Atenção Primária à Saúde (APS), com a instituição do 
Programa Previne Brasil. A defesa do MS consiste em ofertar ações 
de saúde na APS, a partir do desempenho/ performance das equipes, 
captação de usuários e indicadores de saúde. O Previne Brasil tem por 
objetivo instituir estas novas métricas de financiamento, com vistas a 
uniformizar as ações territoriais de saúde em todo Brasil (HARZHEIM, 
2020).
1.2 As tecnologias de apoio à gestão
Sistemas de Informação:
A viabilidade das instituições de saúde, atendendo aos parâmetros 
sanitários, atualizando os parques tecnológicos, de pessoal e a 
viabilidade econômica, tem demonstrado que muitos processos de 
gestão necessitam ser implementados e, para a execução de qualquer 
etapa da gestão com qualidade na operação, dependem da coleta de 
informação com qualidade e agilidade.
A amplitude e complexidade do cuidado em saúde exige da gestão 
acompanhamento contínuo do cenário socioeconômico, já que as 
condições sociais da clientela são determinantes para as condições de 
saúde e suas necessidades de cuidado (MALIK; VECINA,2016).
Para isso, os sistemas de informação em saúde são de grande 
importância. Podem ser internos e modelados para as necessidades 
da gestão local e operacional da instituição, como também os externos 
39
ao sistema de saúde e de outras bases de informação que possam 
colaborar comos diagnósticos e planejamento da assistência oferecida, 
à exemplo: Dashboard Institucional (interno) e dados do IBGE (externo).
Prontuário:
Os registros dos cuidados de saúde, até hoje, são determinantes 
para a qualidade e segurança do cuidado, para o aprimoramento 
das evidências referente às melhores práticas de cuidado e 
fundamentalmente para a colaboração com a gestão.
O primeiro passo da gestão de qualidade é obter informação de 
qualidade, a fim de que os diagnósticos institucionais sejam precisos e 
forneçam os elementos para um planejamento que realmente atenda às 
necessidades.
Balanced Scorecard:
Na década de 1990, surge, nos Estados Unidos, uma ferramenta 
para facilitar a gestão por desempenho nas empresas, por meio de 
indicadores com métricas para a gestão financeira, produção e de 
pessoas. O Balanced Scorecard (BSC) favorece a transparência nos 
processos administrativos e o acompanhamento contínuo e, além disso, 
possibilita a verificação de dados quantitativos e qualitativos em um 
mesmo local, produzindo informação para o seguimento e ajustes do 
plano gerencial (VIEIRA; MACHADO, 2019).
Com base na missão, visão e valores da instituição, essa ferramenta 
possibilita o desenho de indicadores para o acompanhamento de curto, 
médico e longo prazo, permitindo o acompanhamento de todas as 
áreas da instituição num único local. O gestor consegue acompanhar as 
relações entre áreas assistenciais e não assistenciais e seus impactos 
umas nas outras, de forma objetiva.
40
O BSC passou a ser amplamente utilizado na saúde, pela facilidade no 
manuseio e na possibilidade de síntese de indicadores complexos em 
um mesmo local. No Brasil, e principalmente nos serviços hospitalares, 
essa ferramenta possibilitou acompanhamento gerencial nos novos 
modelos de gestão estratégica. O BSC iniciou no seguimento hospitalar, 
com hospitais de destaque na gestão da qualidade. Suas vantagens são: 
favorecer a comunicação, os ajustes nas estratégias e o monitoramento 
financeiro, equilibrando as necessidades dentro da instituição hospitalar 
(VIEIRA; MACHADO, 2019).
A realidade atual, da gestão em saúde, é lidar com uma cadeia 
de imprevisibilidades próprias do setor, suas interfaces sociais e 
econômicas, manutenção de qualidade, redução de custos e de preços 
e as relações globais. Muitos sistemas de gestão hospitalar já utilizam 
o BSC incorporado à sua estrutura organizacional, com indicadores já 
sinalizados de forma intuitiva para o monitoramento, coletando dados 
nas diversas bases dentro do hospital.
O cenário empresarial da saúde, no país, está em franca transformação 
de empresas familiares para empresas multinacionais e tecnológicas. As 
adaptações, principalmente culturais, nas instituições saúde, são muito 
desafiadoras, pois exigem cada vez mais padronização, monitoramento, 
avaliação e uso de ferramentas simples e de fácil aplicabilidade.
Concluindo, o processo gerencial em saúde e o acompanhamento 
da evolução social, econômica e tecnológica, tem incorporado novos 
conceitos, novas técnicas administrativas, possibilitando a oferta de 
serviços de acordo com as necessidades sociais, cumprindo seu papel 
fundamental na sociedade capitalista de manutenção das forças de 
trabalho, sendo um espaço de produção de serviços e bens para a 
sociedade.
41
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Saúde Suplementar. Guia para 
implementação de modelos de remuneração baseados em valor. Rio de Janeiro, 
2019. Disponível em: https://www.gov.br/ans/pt-br/arquivos/assuntos/gestao-
em-saude/projeto-modelos-de-remuneracao-baseados-em-valor/guia_modelos_
remuneracao_baseados_valor.pdf. Acesso em: 4 maio 2022.
CHIAVENATTO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração: uma visão 
abrangente da moderna das organizações. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
HARZHEIM, E. “Previne Brasil”: bases da reforma da Atenção Primária à Saúde. 
Ciência e Saúde Coletiva, Brasília, v. 25, n. 4, p. 1189-1196, 2020. Disponível em: 
https://www.scielosp.org/article/csc/2020.v25n4/1189-1196/. Acesso em: 4 maio 
2022.
IBANEZ, N.; VECINA, G. Modelos de gestão e o SUS. Ciência & Saúde Coletiva, v. 
12, p. 1831-1840. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/
a/8qftxM5GZwvNkVKvnv43kWw/abstract/?lang=pt. Acesso em: 4 maio 2022.
MALIK, A. M. VECINA, G. Gestão em Saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2016.
VIEIRA, R.P. MACHADO, F.G. Balanced Scorecard e sua aplicação na área da saúde. 
Interação–Revista De Ensino, Pesquisa e Extensão, v. 19, n. 2, p. 59- 69, Varginha: 
UNIS, 2019. Disponível em: https://periodicos.unis.edu.br/index.php/interacao/
article/view/137. Acesso em: 4 maio 2022.
https://www.gov.br/ans/pt-br/arquivos/assuntos/gestao-em-saude/projeto-modelos-de-remuneracao-baseados-em-valor/guia_modelos_remuneracao_baseados_valor.pdf
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https://periodicos.unis.edu.br/index.php/interacao/article/view/137
https://periodicos.unis.edu.br/index.php/interacao/article/view/137
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Sistemas de Informação, 
Orçamento em Saúde e Auditoria 
em Saúde
Autoria: Mariângela Rosa de Oliveira
Leitura crítica: Nara Fabiana Mariano
Objetivos
• Reconhecer os Sistemas de Informação em Saúde e 
suas funcionalidades.
• Associar os sistemas de informação e Gestão na 
Saúde.
• Descrever a composição do orçamento em Saúde.
• Explicar os conceitos da Auditoria em Saúde.
43
1. Os Sistemas de Informação
O conceito de informação surge com intuito de minimizar as 
incertezas nas tomadas de decisão, permitindo sistematizar dados, 
trazendo para o processo gerencial inovação e agilidade. A sociedade 
moderna foi aumentando a complexidade das relações e dos serviços 
e, com isso, utilizamos cada vez mais as informações para nortear 
nossas tomadas de decisão na vida e no trabalho.
A construção de uma informação acontece a partir da reunião de 
um conjunto de dados, que são os registros pontuais realizados 
sobre as ações executadas. As informações produzidas serão 
parte dos processos de comunicação nas relações do trabalho. A 
reunião e análise desses dados produzem informações que serão 
correlacionados, formando, então, os Sistemas de Informação 
(CHIAVENATO, 2014).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) na década de 1980, apontou 
a necessidade de padronizar as informações, com o objetivo de 
analisar as condições de saúde nos países. Não sabemos ao certo 
quantos Sistemas de Informação existem no SUS, pois temos as bases 
de domínio público e as de domínio restrito aos gestores, em suas 
diferentes esferas de governo, e algumas bases restritas a regiões, 
estados e municípios. Vamos nos ater às bases de domínio público 
para tratar a importância desta para a gestão da saúde nos sistemas 
público e privado.
Na criação do Sistema Único de Saúde (SUS, a Ln. 8080/90 apresenta 
a necessidade de constituir redes de informações entre as unidades 
federativas nas diferentes áreas de atuação do sistema de saúde, 
44
seguindo as diretrizes do SUS de regionalização e hierarquização 
dentro do sistema de saúde (BRASIL,1990; COELHO et al.,2021).
Os sistemas de informação podem ter como finalidade o 
monitoramento e avaliação das atividades realizadas nos serviços de 
saúde, vigilância das condições de saúde e a gestão propriamente 
dita dos serviços de saúde.
Localizamos os sistemas de informação de domínio público, 
acessando o portal do Ministério da Saúde, ou Secretarias de Saúde 
de Estados e alguns municípios. Como o SUS foi concebido com a 
rede de complementaridadecom o Sistema Suplementar (SS), temos 
muitas informações sobre os serviços de saúde privados.
O Departamento de Informática do SUS (DATASUS), é o setor que 
reúne as bases de todos os sistemas de informação no Ministério da 
Saúde, formando o Sistema Nacional de Informações em Saúde (SIS). 
Atualmente, temos nos SIS aplicativos de acesso para profissionais 
e cidadãos, apresentando dados sobre as condições de saúde 
a que estes sujeitos procuram. Alguns sistemas de informação 
são anteriores ao SUS, como exemplo, o Sistema de Informação 
de Mortalidade (SIM). A maior parte dos SIS originaram a partir 
da década de 1990. O DATASUS dispõe, em sua base, sistemas 
de informação em saúde e aplicativos, cerca de 260 bases de 
informações, em diferentes bases de programação (BRASIL, 2022).
Segue abaixo a lista de alguns dos principais SIS:
45
Figura 1 – Sistemas de Informação do Ministério da Saúde
Fonte: elaborada pela autora.
Nesta extensa lista de sistemas de informação, hoje, temos, no cenário 
da saúde pública, a falta de integração de dados, produzindo repetição 
de informações nos diferentes sistemas e, muitas vezes, apresentando 
divergências entre estes dados. Outro ponto que desperta atenção é o 
atraso das informações disponibilizadas. Não podemos deixar de lado as 
diferenças de acesso à tecnologia, principalmente, acesso à Internet nas 
diferentes regiões do Brasil e seus 5570 municípios.
Entre esses diversos sistemas de informação, ainda temos disponíveis 
os SIS específicos para a Saúde Suplementar. O acesso a estes SIS está 
46
disponível pelo portal da Agência Nacional de Saúde Suplementar 
(ANS). O Painel de Troca de Informações da Saúde Suplementar, 
conhecido como TISS, possui dados disponíveis desde 2015, com mais 
de três mil procedimentos para consulta. Também é possível acessar 
informações sobre a qualificação das operadoras de saúde, informações 
contábeis, informações sobre glosas (procedimentos, produtos e 
diárias hospitalares rejeitadas pelas operadoras nas prestações de 
contas hospitalares) e informações sobre ressarcimento do SUS para as 
operadoras.
A saúde privada e a saúde suplementar dispõem de alguns sistemas 
integrados de gestão, que consolidam as informações e alimentam 
outras bases de forma automática, contemplam dados cadastrais, 
registros de prontuário, faturamento e análises estatísticas. Estes SIS 
seguem conceitos da qualidade e segurança, e são formatados para 
atender as normas da ANS e garantir a saúde, financeira, principalmente, 
das instituições.
2. Orçamento em Saúde
Os recursos da saúde, no Brasil, sofreram redução expressiva desde a 
mudança na Seguridade Social anterior ao processo de democratização 
do Brasil, na década de 1980. A Constituição Federal prevê a 
responsabilidade do Estado Brasileiro em prover assistência à saúde, 
contudo, não contemplou em seu texto as premissas orçamentárias 
necessárias para garantir os princípios do SUS. A conformação do 
orçamento, na saúde pública, ocorre somando-se os recursos financeiros 
provenientes das receitas dos três entes federativos (União, Estados e 
Municípios) desde a concepção do SUS. Em 1998, foi instituído um novo 
imposto, no Brasil, como forma de compensação das receitas perdidas 
na saúde para a seguridade social, a contribuição por movimentação 
financeira, CPMF que foi extinta em 2008 (MALIK; VECINA, 2016).
47
Os recursos provenientes dos impostos não foram alocados em sua 
totalidade na saúde, a mudança na pirâmide etária, mudanças no perfil 
de morbimortalidade no país, o aumento da complexidade assistencial 
e modelo assistencial predominante, fizeram com que o aumento de 
demandas de cuidado em saúde, no SUS, crescesse de forma inversa ao 
seu orçamento.
O Brasil é um dos países que menos investe em Saúde, entre os países 
que participam da OMS e, com o passar dos anos, vem reduzindo 
cada vez mais o investimento público em saúde e transferindo as 
responsabilidades de execução em uma curva crescente para a saúde 
suplementar (FIGUUEIREDO et al., 2018).
Especificamente com relação ao orçamento da rede hospitalar, o cenário 
brasileiro apresenta fragilidade financeira devido a desarticulação de 
redes assistenciais, aumentando o uso dos serviços hospitalares com 
assistência de baixa complexidade, que não produzem Autorização de 
Internação Hospitalar (AIH)), principal fonte de receitas dos serviços 
hospitalares, seja público ou privado.
As estruturas hospitalares, pela complexidade, têm sua manutenção de 
ofertas de saúde com alto custo agregado. Outro ponto importante é a 
capacidade instalada destes serviços, seja em número de leitos seja em 
oferta de procedimentos. As unidades hospitalares de pequeno porte, 
com menos leitos e com característica de baixa densidade tecnológica, 
compõem boa parte dos leitos hospitalares nos interiores do país. Esses 
serviços têm alto custo e baixa resolutividade, sendo, em sua maioria, 
serviços filantrópicos.
Financeiramente, essas unidades de pequeno porte tornam-se inviáveis 
e muitos deles fecham suas portas, gerando, com isso, as desigualdades 
de cuidado em saúde nas regiões do país. Emendas Parlamentares e 
doações têm sustentado parte destes serviços com as portas abertas. 
Os serviços oferecidos têm sido cada vez mais reduzidos pela falta 
48
de investimento com cuidados estruturais e incorporação de novas 
tecnologias, deixando-os restritos aos serviços de baixa complexidade.
Os hospitais da Rede de Saúde Suplementar enfrentam outras 
dificuldades para manutenção da rede hospitalar. Esta rede reduziu 
sua oferta de leitos nos hospitais pequenos, concentrando seus 
investimentos nas estruturas hospitalares maiores. O aumento 
da expectativa de vida das pessoas, a mudança no perfil de 
morbimortalidade, aumentam as demandas por leitos hospitalares de 
maior complexidade (BRASIL, 2022).
O equilíbrio nas contas destes serviços tem se dado pela implantação de 
serviços de promoção à saúde e prevenção de doenças, formando redes 
assistenciais com investimentos em serviços de menor complexidade 
para acompanhamento longitudinal de seus segurados, investindo 
na mudança de lógica de cuidado com intuito de reduzir o consumo 
desnecessário de procedimentos, implementando protocolos de saúde 
baseados em evidências científicas, já que, mesmo na lógica de custeio 
por fee for service, o valor pago não cobre as despesas da realização dos 
procedimentos (BRASIL, 2016).
Muitos destes procedimentos desnecessários eram realizados, muitas 
vezes, sem critérios clínicos evidentes, com a intenção de garantir a 
manutenção das contas. Essa lógica evidencia o senso comum de que 
cuidado em saúde é sinônimo de consumo de procedimentos técnicos, 
com maior complexidade tecnológica e medicamentos, reforçando o 
modelo hospitalocêntrico e curativista.
Na atualidade, o cuidado em equipe, com menor adensamento 
tecnológico, uso de protocolos de autocuidado apoiado e apoio à saúde, 
por meio remoto, tem reduzido custos, principalmente, nos Prontos 
Atendimentos, permitindo equilíbrio orçamentário.
Outras medidas que modificam a oferta de cuidado hospitalar, com 
redução de custos da operação, são as internações domiciliares para os 
49
cuidados de doentes crônicos e idosos, oferecendo cuidado com maior 
satisfação do cliente e menor custo para a instituição.
As medidas de intervenção menos invasivas também têm permitido 
internações mais curtas, com menor risco para os clientes e, 
consequentemente, menor custo para os hospitais. Dessa forma, as 
operadoras têm atendido às normativas da ANS. Com a informatização e 
os atendimentos remotos hoje, já vemos nascendo a discussão de Hospital 
Virtual, alguns dispositivos tecnológicos de fácil operação têm auxiliado os 
exames e os diagnósticos na assistência remota (BRASIL, 2022).
No Brasil, até meados de o início de 2020, tínhamos muita resistência 
dos colegiados da saúde para adesão aos serviços de telessaúde. A 
pandemia de SARSCOV-2 (COVID 19) provocou uma mudança nas 
normativasdesta modalidade assistencial, que foram rapidamente 
implementadas pela urgência de manutenção de cuidado à saúde das 
pessoas, garantindo o isolamento social. Consultas, monitoramentos, 
visitas diárias e terapias são ofertadas por telessaúde. As instituições 
estão realizando adequações em suas instalações e promovendo 
treinamentos para os profissionais, e a realidade imposta pela urgência 
da pandemia está se consolidando como meio permanente de cuidado 
e, obviamente, reduzindo os custos (BRASIL, 2020).
3. Auditoria em Saúde
Auditoria é o procedimento de examinar se determinada instituição ou 
setor está realizando suas atividades operacionais conforme normativas 
legais e técnicas previstas. Existem diversos tipos de auditoria. As 
auditorias internas são realizadas por equipe especializada, que faz a 
verificação permanente das atividades realizadas. A auditoria externa é 
realizada por serviço especializado em auditar, sem nenhuma relação 
com a instituição examinada, muitas vezes, com o intuído de garantir 
50
a transparência e idoneidade da instituição examinada. A auditoria de 
terceiros, quando o prestador de serviços terceirizado, acontece para 
verificação de cumprimento de normativas da instituição e garantir a 
qualidade final (BRASIL, 2016).
Nos serviços públicos, temos as auditorias realizadas pelo Ministério 
Público e Tribunal de Contas, verificando a gestão dos serviços e uso 
dos recursos públicos. Estas verificações ocorrem permanentemente e 
são realizadas através da análise de relatórios produzidos pelos entes 
públicos, também podem ocorrer com auditorias locais com critérios 
aleatórios ou por verificação de denúncia.
Temos os seguintes tipos de Auditorias:
Figura 2 – Tipos de Auditoria
Fonte: elaborada pelo autor.
51
Na saúde, temos as auditorias de sistemas de saúde, auditoria 
ambulatorial e hospitalar. O Ministério da Saúde tem regulamentação 
própria para a realização de auditoria em cada tipo de serviço. Nos 
serviços ambulatoriais do SUS, é possível realizar as auditorias por meio 
dos seguintes sistemas:
• Sistemas de Informação Ambulatorial (SIA).
• Autorização de procedimento de alto custo (APAC).
• Sistema de informação da média e alta complexidade (SISMAC).
• Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
Nestes relatórios, é possível saber a capacidade instalada dos serviços, 
os recursos humanos e tecnológicos disponíveis, a quantidade de 
procedimentos realizados e a conformidade da solicitação e execução 
destes procedimentos.
Na rede hospitalar, a verificação dos sistemas:
• Sistema de Internação Hospitalar (SIH).
• Autorização de procedimentos de alto custo (APAC).
• Sistema de Informação de média e alta complexidade (SISMAC).
• Tabela de Procedimentos (SIGTAP).
• Cadastro Nacional de estabelecimento de serviços de saúde 
(CNES).
Temos também os sistemas de informação para os serviços 
especializados, que são verificados de acordo com o perfil do serviço. 
Analisando os relatórios, é possível verificar o perfil de internação, 
tempo médio de ocupação de leitos, realização de procedimentos de 
52
acordo com a capacidade instalada de recursos materiais e humanos, 
perfil de mortalidade, condições de alta, critérios de solicitação de 
procedimentos de alto custo (BRASIL, 2016).
Área sensível e com necessidades de conhecimento específicas na 
auditoria, é o setor de verificação de procedimentos com solicitação 
de Órteses, Próteses e Materiais Especializados (OPME). Tanto na 
auditoria preventiva como na auditoria operacional e de contas, esses 
procedimentos requerem bastante atenção e, por vezes, são palco de 
questionamentos éticos e legais na assistência à saúde do SUS e da 
saúde suplementar. Neste setor, existe a necessidade de avaliação de 
qualidade, acompanhamento das evidências em saúde quanto ao uso, 
análise de condições especiais dos doentes e análise de doenças raras.
Ponto importante nas auditorias operacionais e de contas é evitar as 
glosas (não autorização de pagamento de procedimentos e diárias de 
internação pelas operadoras) e a verificação dos registros assistenciais, 
além da adequação das codificações e qualidade dos registros. O exame 
do paciente e a proposição de alterações no plano terapêutico para 
a equipe assistencial são mudanças que fazem parte das atividades 
desenvolvidas pela equipe de auditoria hospitalar.
A auditoria analítica necessita fazer uso de informações complementares 
aos sistemas de informação assistencial para conseguir ampliar sua 
visão, apoiando o gestor no planejamento dos serviços, por meio do 
conhecimento de morbimortalidade, previsibilidade de necessidades 
de cuidado do perfil da clientela, provisão material, análise global da 
instituição e relação com provedores (BRASIL, 2016).
A interface da equipe de auditoria analítica com os setores de qualidade 
e segurança também deve ser constantes, pois, dessa forma, é possível 
ter racionalidade no cuidado, preservando a qualificação da assistência.
Por fim, verificamos que a gestão em saúde e a qualidade da assistência 
dependem do uso das bases de dados para informações que apoiem 
53
a tomada de decisão pelos gestores com bases técnicas e científicas. 
A gestão, baseada em dados e evidências científicas, permite, às 
instituições, equilíbrio em seus orçamentos e, com apoio dos processos 
de auditoria, a manutenção das boas práticas assistenciais, seguindo os 
preceitos de qualidade e segurança.
Referências
BRASIL. Imprensa Nacional. Diário Oficial da União. Portaria n. 467, de 20 de 
março de 2020. Brasília, 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/
portaria-n-467-de-20-de-marco-de-2020-249312996. Acesso em: 5 maio 2022.
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Troca de Informações em Saúde Suplementar. Disponível em: www.ans.gov.br/
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hospitalar no SUS: orientações técnicas. 1. ed., 1. reimpr. Brasília, 2016. 
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/auditoria_assitenciais_
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CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração: uma visão 
abrangente da moderna das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
COELHO, G. C.; CHIORO, A. Afinal, quantos Sistemas de Informação em Saúde de 
base nacional existem no Brasil? Cadernos de Saúde Pública, v.37, n.7, 2021. 
Disponível em: http://cadernos.ensp.fiocruz.br/csp/artigo/1448/afinal-quantos-
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FIGUEIREDO, J. O. et al. Gastos público e privado com saúde no Brasil e países 
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MALIK, A. M.; VECINA, G. Gestão em Saúde. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
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