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APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período MORFOFISIOLOGIA PÂNCREAS Glândula retroperitoneal que mede +/- 12-15cm de comprimento e 2,5 de espessura. Encontra-se posteriormente à curvatura maior do estômago. Composto por cabeça, corpo e cauda e se liga ao duodeno por dois ductos. Os sucos pancreáticos são secretados pelas células exócrinas por ductos que se unem para formar dois ductos maiores (ducto pancreático e o ducto acessório), que levam as secreções até o intestino delgado. O ducto pancreático se une ao ducto colédoco (vem do fígado e vesícula biliar) e entra no duodeno pela ampola de Vater ou hepatopancreática. A ampola se abre na papila maior do duodeno, que permite a passagem do suco pancreático e biliar para o duodeno, regulada pelo músculo esfíncter da ampola hepatopancreática ou esfíncter de Oddi. O outro grande ducto do pâncreas, o ducto pancreático acessório (ducto de Santorini), sai do pâncreas e esvaz iase no duodeno aproximadamente 2,5 cm acima da ampola hepatopancreática. O pâncreas é composto por aglomerados de células epiteliais glandulares: Ácinos: porção exócrina, suas células secretam mistura de líquidos e enzimas digestórias (suco pancreático). Exócrinas: células duetais, centroacinares e acinares. Ilhotas pancreáticas (ilhotas de Langerhans): porção endócrina, suas células secretam os hormônios insulina, glucagon, somatostatina e polipeptídio pancreático. - Células alfa: sintetizam e secretam o hormônio glucagon (que eleva os níveis de glicose no sangue), glicentina (reduz secreção gástrica e esvaziamento gástrico), GRPP (relacionado com a glicentina), GLP1 e GLOP2 (peptídeos relacionados ao glucagon). - Células beta: produzem insulina, que estimula as células do corpo a extrair glicose da corrente sanguínea, peptídeo C (avalia produção de insulina pelo corpo) e amilina (antagonista de insulina). - Células delta: secretam somatostatina, responsável por inibir o pâncreas endócrino, impedindo a secreção da insulina e glucagon, além de inibir gastrina, ácido gástrico, pepsina, secreções de hormônio do crescimento (GH) e TSH. - Células PP: 1%; sintetizam polipeptídeo pancreático, exclusivo do pâncreas, inibe parte exócrina. Parece ser liberado durante alimentação e outros estímulos vagais, mas seus efeitos metabólicos ainda não são esclarecidos. - Células G: 1%; Produzem gastrina (estimula suco gástrico e secreção de HCl). - Células Épsilon: 0-5-1%. Produção de grelina (participa do metabolismo energético, estimula o apetite e a liberação do hormônio do crescimento - GH). Neurotransmissores provenientes de fibras parassimpáticas que modulam a secreção hormonal das ilhotas pancreáticas: • Acetilcolina: estimula liberação de insulina, glucagon e polipeptídeo pancreático. Sua ação se inicia após a l igação no receptor muscarínico da célula β, ativando a fosfolipase C, a via inositol-1,4,5-trifosfato (IP3) e diacilglicerol (DAG) e, consequentemente, aumentando a concentração de cálcio intra- celular. • Polipeptídeo Intestinal Vasoativo (VIP): distribuído nas fibras parassimpáticas que inervam as ilhotas pancreáticas e o TGI; aumenta a concentração de cálcio intra-celular. • Polipeptídeo liberador de gastrina (GRP): presentes nas fibras parassimpáticas do pâncreas, estimulando a secreção de insulina, glucagon, somatostatina e polipeptídeo pancreático. Também age na via fosfolipase C, IP3, DAG, aumentando a concentração de cálcio intra-celular. Neurotransmissores provenientes de fibras simpáticas que modulam a secreção hormonal das ilhotas pancreáticas: • Noradrenalina: inibe a secreção de insulina, diminuindo a concentração de AMPc e de cálcio intra-celular. Estimula a secreção do glucagon. • Galanina: presente tanto nas fibras simpáticas que inervam as ilhotas, como no pâncreas exócrino. Inibe tanto a secreção basal de insulina quanto a estimuada. • Neuropeptídeo Y: presente tanto na porção endócrina, quanto exócrina do pâncreas. Inibe a secreção de insulina basal e estimulada. Composição e funções do suco pancreático APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período O pâncreas produz diariamente 1.200/1.500ml de suco pancreático, líquido claro e incolor que consiste em água, sais, bicarbonato de sódio e enzimas. - o bicarbonato dá ao suco um pH ligeiramente alcalino (7,1-8,2), que tampona o suco gástrico ácido no quimo, interrompe a ação da pepsina do estômago e cria o pH apropriado para ação das enzimas digestórias no intestino delgado. • Enzimas: - amilase pancreática -> amido; - tripsina, quimiotripsina, carboxipeptidase, elastase -> proteínas em peptídeos; - lipase pancreática -> triglicerídeos; - ribonuclease e desoxirribonuclease -> ácidos nucleicos. As enzimas pancreáticas que digerem proteínas são produzidas em forma inativa, logo, não digerem as células do próprio pâncreas. A t r ips ina é secretada na forma inat iva tripsinogênio. As células acinares pancreáticas também secretam a proteína inibidora de tripsina, que se combina a qualquer tripsina formada acidentalmente no pâncreas ou no suco pancreático e bloqueia a sua atividade enzimática. Quando o tripsinogênio alcança o lúmen do intestino delgado, encontra uma enzima de ativação da borda em escova chamada enteroquinase, que divide parte da molécula tripsinogênio para formar a tripsina. Por sua vez, a tripsina atua sobre os precursores inat ivos (chamados quimotr ipsinogênio, procarboxipeptidase e proelastase) para produzir a quimotripsina, a carboxipeptidase e a elastase, respectivamente. MORFOFISIOLOGIA VESÍCULA BILIAR A vesícula biliar é um órgão em forma de saco, parecida com uma pera, localizada abaixo do lobo direito do fígado. Sua função é armazenar a bile, líquido produzido pelo fígado que atua na digestão de gorduras no intestino. - a bile é formada pela mistura de várias substâncias, entre elas o colesterol , responsável pela imensa maioria da formação de cálculos (pedras), que podem impedir o fluxo da bile para o intestino e causar uma inflamação chamada colecistite. Colecistite aguda • Dor no andar superior direito do abdômen há mais de 6h, com sinais ultra-sônicos de colecistite, ou dor no hipocôndrio direito com litíase vesicular ao ultrassom, podendo estar associada à febre, leucocitose e/ou proteína C reativa > 10mg/l. • A dor da cólica biliar é causada pelo espasmo do ducto cístico, desencadeado pelo estímulo da colecistoquinina durante a alimentação. É caracterizada pela cólica no epigástrio e hipocôndrio direito, associada à náuseas e vômitos e de duração menor que 6h. • A dor na colecistite aguda geralmente é causada pela obstrução do ducto cístico pela impactação do cálculo biliar e seguida da inflamação da mucosa vesicular. Pode ocorrer também, infecção secundária, evoluindo para empiema, necrose e até perfuração da vesícula biliar. - A bile, produzida pelo fígado, desce pelos ductos hepáticos (direito, esquerdo e comum e colédoco). Em jejum, a papila de Vater? e o esfíncter de Oddi permanecem fechados, fazendo com que a bile entre em “estase” e retorne à vesícula bi l iar (enchimento retrógrado). - Em paciente pré-dispostos a formar cálculos bil iares, a vesícula contrai durante a alimentação (devido aos hormônios, CCK) e relaxa, fazendo com que o cálculo tenha uma maior chance de ser impulsionado para frente. Com isso, pode ocorrer de o cálculo ser impactado no ducto cístico ou infundíbulo, em paralelo a isso, a vesícula continua contraindo e relaxando, deixando a bile em estase (de forma prolongada) e gerando espasmos na bile, logo, a cólica biliar. - As toxinas presentes na bile começam a se mutar, gerando inflamação e favorecendo a infecção da vesícula biliar, gerando distensão da parede vesicular, dor, febre e leucocitose. - Sinal de Murphy. - Tríade: dor em hipocôndrio direito, febre e leucocitose.- Secundário por inflamação peritoneal. PANCREATITE AGUDA E CRÔNICA Processo inflamatório do pâncreas. Normalmente acontece quando há obstrução/ lesão do ducto pancreático, fazendo com que as enzimas não consigam ser liberadas no lúmen do intestino, se acumulando no pâncreas. Quando substâncias químicas (enzimas) são liberadas dentro do próprio pâncreas ou ativadas dentro dele, elas “destroem” o órgão (tecido, células, parênquima), criando o processo inflamatório. Pancreatite Aguda • Inflamação aguda do pâncreas, devido à ativação de enzimas no próprio parênquima pancreático. • Formas graves podem comprometer órgãos a distância, com alta mortalidade. • 80-90% é leve, autolimitada d melhora em 3-7 dias, podendo apresentar edema de pâncreas. • 10-20% evoluem com necrose e hemorragia retroperitoneal. Etiologia APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período • Litíase biliar: cálculo passa pelo esfíncter de Oddi, podendo obstruir ou causar edema no esfíncter, ocasionado refluxo da bile para o ducto pancreático ou aumento da pressão do ducto pancreático, promovendo uma ativação das enzimas pancreáticas com a autodigestão do parênquima. - 30-40%; - Obesos; - 50-70 anos; - Mulheres. • Alcoólica: - 10-30% dos casos de PA; - 2ª principal causa; - Acomete poucos etilistas. • Lama biliar: suspensão viscosa de bile (pode conter cálculos < 3mm). - 20-40% de PA idiopática tem lama; - Maioria assintomáticos; • Tabagismo; • Hipertrigliceridemia: lesão direta do pâncreas por ácidos graxos (em excesso) produzidos a partir da hidrólise dos triglicerideos. - Principalmente quando triglicerídeo > 1000. • Pós-CPRE; • Hipercalcemia: devido deposição de cálcio no ducto pancreático, estimulando a ativação dos zimogênios; • Mutações genéticas; • Medicamentos: ação tóxica direta ou reação de hipersensibilidade. • Infecções, traumas. Fisiopatologia O pâncreas é responsável por produzir e armazenas enzimas pancreáticas na forma inativa, que são ativadas no intestino durante a digestão. A principal enzima ativada é o tripsinogênio, que se transforma em tripsina, que ativa a maior par te das enz imas , ocas ionando uma autodigestão do pâncreas. Teoria centrada na tripsina A pancreatite aguda resulta inicialmente da ativação prematura do tripsinogênio em tripsina no interior das células pancreáticas. - Quando há ativação do tripsinogênio, os ácinos respondem à ela, ocasionando uma ráp ida indução de morte ce lu la r -> mecanismos de defesa capazes de proteger o pâncreas da tripsina ativada. Entretanto, quando essa resposta é superada, o resultado disso é a ativação seriada dos demais zimogênios (enzimas inativas) e da fosfolipase A2, promovendo a autodigestão do parênquima pancreático. A tripsina vai ativar: - Quimiotripsinogênio em quimiotripsina, causando proteólise. - Pró-elastase em elastase, que vai degradar os vasos sanguíneos, contr ibuindo para formação de microtrombos e hemorragias. - Lipase: lipólise da gordura peripancreática. Essa agressão inicial leva a complicações inflamatórias locais e ao desencadeamento de uma resposta inflamatória sistêmica. O problema é que o pâncreas é cheio de gordura e a maioria das enzimas são lipolíticas, o que ocasiona uma autofagia, fazendo com que as enzimas comecem a degradar/necrosar o parênquima pancreático, gerando edema, infiltração de líquido. A conversão patológica de tripsinogênio em tripsina pode ser por 3 fatores: 1. Alteração da homeostase do cálcio 2. Co-localização de lisossomos e zimogênios 3. Alteração do pH A pancreatite aguda aumenta o risco de infecção, por comprometer a barreira intestinal, levando à translocação bacteriana do lúmen intestinal até a circulação sanguínea. As citocinas e enzimas ativadas que entram na cavidade peritoneal causam queimadura química e acúmulo de líquido no terceiro espaço; aquelas que entram na circulação sistêmica causam uma resposta inflamatória sistêmica que pode resultar em síndrome de desconforto respiratório agudo e lesão renal aguda. Normalmente há um lesão no parênquima pancreático, mas que é reversível. Os tipos de pancreatite aguda são: • Pancreatite intersticial: - Se define pelo aumento do pâncreas no exame de imagem; - O borramento peripancreático pode ser visto e constitui sinal de inflamação. • Pancreatite necrosante: - Caracteriza-se pela existência de necrose pancreática e/ou peripancreática; - Ocorre em 5-10% dos pacientes com PA e está associada a um curso prolongado e mais grave da doença. Quanto à gravidade: • Leve: - A inflamação se limita ao pâncreas e regiões adjacentes. - Pacientes não apresentam falência de órgãos ou complicações sistêmicas ou locais. A mortalidade é rara. • Moderadamente grave: - Pacientes apresentam complicações locais ou sistêmicas, mas não apresentam insufic iênc ia do ó rgão ou apenas insuficiência transitória (resolução em 48 horas). • Grave: - Há insuficiência persistente de um ou múltiplos órgãos (> 48 horas). https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/insufici%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-e-ventila%C3%A7%C3%A3o-mec%C3%A2nica/insufici%C3%AAncia-respirat%C3%B3ria-hipox%C3%AAmica-aguda-irha,-sara https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-geniturin%C3%A1rios/les%C3%A3o-renal-aguda/les%C3%A3o-renal-aguda-lra APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período - A maioria dos pacientes tem uma ou mais complicações locais. - A taxa de mortalidade é > 30%. Complicações • Locais: acúmulo de líquido pancreático e peripancreático, trombose da veia esplênica, formação de pseudoaneurisma e disfunção do esvaziamento gástrico. • Sistêmica: choque e insuficiência de órgãos. Obs: o acúmulo pancreático e peripancreático do líquido pancreático rico em enzimas pode ocorrer no início do curso da doença. A memória se resolve espontaneamente, mas se passar de 4 semanas irão criar uma cápsula fibrosa. Essas coleções encapsuladas são denominadas pseudocisto pancreático o (apenas líquido) e necrose isolada (líquido + material necrótico sólido). As principais complicações sistêmicas são a insuficiência aguda de um único orgão ou de múltiplos de órgãos (p. ex., insuficiência cardiovascular e/ou respiratória, lesão renal aguda) e choque. Manifestações Clínicas • Dor abdominal: - Contínua em andar superior do abdome, tipo barra com irradiação para o dorso; - Alívio na posição genupeitoral (“prece maometana”) - Pancreatite biliar: dor bem localização de início súbito com intensidade máxima em 10-20min; - Pancreatite alcoólica/metabólica: mal localizada, de início gradual. Quadro clássico: dor abdominal + náuseas + vômitos; Exame Físico: - Dor abdominal à palpação; - Distensão abdominal; - Febre: - Taquicardia; - Desidratação; - Hipotensão; - Irritação peritoneal (sinal de Blumberg). Sinal de Gray-Turner: equimose em flancos; Sinal de Cullen: equimose periumbilical; Sinal de Fox: equimose em base de pênis; Equimose: regiões azuladas. Paniculares: necrose da gordura subcutânea. Sinais de gravidade: - Febre alta (maior ou igual 38,5ºC); - Taquicardia e hipotensão; - Taquipneia (podendo evoluir para síndrome do desconforto respiratório agudo); - Rebaixamento do nível de consciência. Resposta inflamatória sistêmica: • Comprometimento respiratório: derrame pleural à esquerda, atelectasia, síndrome do desconforto respiratório agudo. • Insuficiência renal: hipovolemia e necrose tubular aguda. • Choque: hipovolemia e vasodilatação. Fatores de risco: - Histórico de litíase biliar;- Histórico de etilismo crônico; - Libação alcoólica; - Hipercalcemia; - Hipertrigliceridemia (triglicerídeos sericos > 1.000 mg/dL); - Uso de medicamentos pancreatotóxicos. Diagnóstico O diagnóstico de pancreatite aguda exige a p resença de do is en t re t rês c r i té r ios diagnósticos: - Quadro clínico sugestivo: Dor epigástrica ou em andar superior de abdome, em faixa ou barra, persistente, com irradiação para o dorso; - Amilase e/ou lipase maior que três vezes o limite superior da normalidade; - Exame de imagem sugestivo de pancreatite aguda (TC, RSM). Exames Laboratoriais: • Hemograma completo (pode apresentar leucocitose com desvio à esquerda e aumento de hemoglobina e hematócrito); • Eletrólitos (incluindo cálcio) - devido aos vômitos repetidos e a perda volêmica; • Ureia e creatinina; • Glicemia; • Amilase e lipase (Elevação de amilase e/ou lipase maior que três vezes o limite superior é critério diagnóstico para pancreatite); - Amilase sérica: Eleva-se em 6-12 horas após o início do quadro e mantém-se positiva por até 3-5 dias. - Lipase sérica: Eleva-se em 4-8 horas após o início do quadro e mantém-se positiva por 8-14 d ias; sens ib i l idade 79-100%; especificidade 82-100%; • Hepatograma: alterações sugestivas de pancreatite bil iar incluem aumento de transaminases, enzimas canaliculares e hiperbilirrubinemia com predomínio de direta, caracterizando colestase pela litíase ou microlitíase biliar; - TGP (ALT) > 150 é um limiar que apresenta maior especificidade para pancreatite biliar (< 150, porém, não afasta o diagnóstico). • Proteína C reativa: > 150 mg/dL, sugere pancreatite aguda grave; • Desidrogenase lática (LDH); https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/medicina-de-cuidados-cr%C3%ADticos/choque-e-reanima%C3%A7%C3%A3o-vol%C3%AAmica/choque APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período • Lactato; • Gasometria arterial: quadros mais leves, na presença de vômitos, apresentam-se com alcalose metabólica. Quadros mais graves com disfunção renal e síndrome da resposta inflamatória sistêmica se apresentam com acidose metabólica; • Proteínas totais e albumina sérica; Exames de Imagem Não estão indicados de rotina. Reserva-se aos casos duvidosos, em que os cr i tér ios diagnósticos não estão fechados, ou na presença de qualquer sinal de gravidade. - RX simples de abdome e tórax; - USG abdominal; - RSM de abdome com colangiopancreato ressonância; - TC de abdome com contraste Escores Prognósticos Pancreatite Crônica A pancreatite crônica é a inflamação pancreática com dano estrutural pancreático permanente, fibrose e estenoses ductais, seguidos por declínio das funções exócrina e endócrina (insuficiência pancreática). - Inflamação e fibrose -> insuficiência exócrina (sem produção de enzimas) -> insuficiência endócrina (sem produção de insulina e glucagon) -> câncer de pâncreas. A fibrose causada pela inflamação e pela lesão p a n c re á t i c a re c o r re n t e é a p r i n c i p a l característica da pancreatite crônica. A pancreatite crônica pode causar calcificação do parênquima pancreático, formação de cálculos intraductais ou ambos, bem como atrofia do pâncreas. Fisiopatologia Pacientes com PC, geralmente possuem secreção de suco pancreático hiperproteico e litogênico, tornando mais suscetível a formação de cálculos e tampões que se calcificam no ducto pancreático, causando obstrução do ducto e ativação das enzimas pancreáticas e, por fim, inflamação crônica. Alguns portadores de PC apresentam deficiência de nutrientes antioxidantes (ex: selênio, vitamina C e metionina), que são importantes para a produção de antioxidantes. Logo, se há uma deficiência nesse produção, há um aumento do estresse oxidativo, dos radicais livres, causando lesão direta e inflamação do pâncreas. Pode estar associada à autoimunidade. Alguns anticorpos, como: antianidrase carbônica II, fator antinuclear (FAN) e antilactoferrina já foram identificados em pacientes com PC idiopática e associado a outras doenças autoimunes. Etiologia • Álcool: principal. - 70-80% dos casos são por consumo excessivo de álcool; - Apenas 5-10% dos estilistas crônicos são acometidos; - Consumo > 100g de álcool por pelo ou menos 5 anos. • Tabagismo; • PC hereditária: < 2%; < 20 anos; parentes de 1º grau com a doença; sem histórico de etilismo. • Pancreatite autoimune; • Obstrução do ducto pancreático. TIPOS DE ABDÔMEN AGUDO ABDOME AGUDO • Dor abdominal de aparecimento súbito ou não, não traumático, de intensidade variável, que pode necessitar de intervenção cirúrgica ou não. • Geralmente com duração de horas até 4 dias, não ultrapassando 7 dias. • Em geral, necessita de intervenção médica imediata, cirúrgica ou não. Uma grande série de doenças musculares, gastrointestinais, ginecológicas, urológicas, vasculares, psicossomáticas, cardíacas, parasitárias, pulmonares e intoxicações exógenas, dentre outras podem causar dor abdominal e até simular abdômen agudo. Etiologia As dores abdominais podem ser classificadas segundo: APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período • Anatomia: pela localização da dor, se pode indicar as possíveis causas ou órgãos acometidos. • Causas abdominais e extra-abdominais. • Processo desencadeante: geralmente utilizada pela cirurgia de urgência. Há também, a classificação segundo a natureza do processo determinante: • Inflamatório: apendicite, colecistite aguda, pancreatite aguda, diverticulite, doença inflamatór ia pélv ica, abscessos intra- abdominais, peritonite primárias e secundárias. • Perfurativo: úlcera peptica, neoplasia gastro- intestinal perfurada, amebíase, febre tifóide, divertículos do cólon. • Obstrutivo: aderências intestinais (bridas), hérnia estrangulada, fecaloma, obstrução pilórica, volvo, intussuscepção, cálculo biliar, corpo estranho, bolo de áscaris. • Vascular: isquemia intestinal, trombose mesentérica, torção do omento, torção de pedículo de cisto ovariano, infarto esplênico. • Hemorrágico: gravidez ectópica rota, ruptura do baço, ruptura de aneurisma de aorta abdominal, cisto ovariano hemorrágico, necrose tumoral, endometriose. Fisiopatologia Toda percepção de dor (nocicepcao) é captada por neurônios sensitivos (nociceptores), que possuem terminações nervosas e se relacionam com órgãos específicos. Sempre que há estímulo, ele é propagado pelos neurônios é percebido no SNC, no córtex somatossensorial. Base fisiopatologica da dor: existem 2 tipos de fibras que conduzem os estímulos dolorosos: • Fibras A-delta (somatossensoriais): - Fibras mielinizadas (tende a conduzir o impulso nervoso de maneira mais rápida). - Dor súbita, bem local izada e bem caracterizada. - Ex: pele e músculos. • Fibras C (viscerais): - Fibras não-mielinizadas, gerando uma condução lentificada. - Dor vaga, difusa, mal localizada e mal caracterizada. - Ex: músculos, mesentério, vísceras abdominais e peritônio. A dor pode ser dividida em: I. Dor Visceral - É propagada por meio das fibras C (vísceras intrabdominais). - Dor vaga, mal caracterizada. - As vísceras intrabdominais fazem estímulos para os nociceptores (quimiorreceptores ou mecanorreceptores), que são sensíveis a distensão. Quando a víscera abdominal contrai e distende de forma vigorosa gera uma sensação de dor. As fibras C vão levar o estímulo para o SNC, porém, antes disso,vão passar pelas cadeias simpáticas e fazer sinapses com outras vísceras que confluem no mesmo gânglio intrabdominal, fazendo com os pacientes não consigam especificar o local de dor. - Sinais e sintomas: náusea, vômito, sudorese e palidez. II. Dor Parietal - Inervada pela fibra A, que possui condução mais rápida do estímulo doloroso. - Dor intensa e bem localizada. - Quando há irritação do peritônio parietal, nesse caso, as aferências passam direto para a medula espinhal (t6-L1). III. Dor Referida - “Mistura” das duas anteriores, já que, algumas vísceras/estruturas internas do corpo confluem aferencias viscerais e parietais em gânglios comuns, causando uma dor distante do órgão comprometido. Causas de dor abdominal: Inflamação do peritônio (peritonite): quando há extravasamento de conteúdo visceral ou inflamação/infecção do peritônio de forma geral. - abdome em tábua: quando há uma inflamação intensa do peritônio parietal, causando uma contração da musculatura abdominal, deixando o abdome rígido por um período longo de tempo. Distensão de vísceras e afecções vasculares. Investigação: • Quadro clínico (dor - intensidade, tipo, tempo, periodicidade, fatores de melhora e piora - d is tensão abdomina l , febre , náusea, instabilidade hemodinâmica (pode levar ao choque). • Exame físico geral e abdominal (estado geral, nível de consciência, investigação de peritonismo). Sempre realizar toque retal. Diagnóstico APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período A ava l i ação in i c i a l deve cons is t i r de hematológico completo, exame qualitativo de urina (urina rotina), amilase e teste de gravidez. Após esta primeira avaliação, se não foi possível a confirmação diagnóstica, devemos iniciar uma avaliação radiológica, partindo da radiografia abdominal em decúbito dorsal e ortostático. Avançando-se para a USG de abdômen, tomografia computadorizada (TC), e em alguns casos arteriografia e ressonância magnética. A videolaparoscopia e a laparotomia exploradora const i tuem-se nos meios d iagnóst icos definitivos, para aqueles casos onde toda a seqüência de exames anteriores não foi suficiente, ou como meio terapêutico, para os casos onde os exames definiram uma patologia cirúrgica como causa da dor abdominal. Diagnósticos e Tratamentos Específicos Doença Péptica • Geralmente, a dor apresenta-se inicialmente no andar superior, rapidamente gerenalizandose para todo o abdômen. • Sinais e sintomas: náuseas e vômitos, distensão abdominal, ruídos hidroaéreos reduzidos ou abolidos, sepse, hipotensão, taquicardia, sudorese e baixa diurese. • Sinal de Jobert (perda da macicez à percussão na projeção hepática). • Diagnóstico positivo, indicada intervenção cirúrgica, Complicações: hemorragia gastrointestinal, obstrução pilórica e perfuração. Obstrução Intestinal • Na maioria dos casos, a oclusão intestinal tem como causa as aderências entre alças (bridas), provenientes de cirurgias abdominais prévias, • As demais obstruções são causadas por hérnias, fecaloma, neoplasias, doença de Crohn, volvos, intussuscepção, íleo biliar. • Quadro clínico: típico com dores abdominais difusas tipo cólica, náuseas e vômitos, parada de eliminação de flatos e fezes e distensão abdominal progressiva. - Os vômitos são inicialmente com conteúdo gástrico, seguido de bile, chegando até a característica fecalóide. • Distensão abdominal, timpanismo à percussão e dor difusa à palpação. • Os ruídos hidroaéreos são inicialmente aumentados com timbre metálico, podendo estar ausentes em quadros avançados. • O tratamento consiste em reposição hídrica vigorosa e restabelecimento hidroeletrolítico, jejum e descompressão do trânsito intestinal por sonda gástrica, durante 24 a 48 horas. Espera-se a resolução espontânea do quadro. Nos pacientes sem resolução ou melhora progressiva, deve-se avaliar a necessidade de tratamento cirúrgico para lise de aderências. • A obstrução intestinal causada por hérnias, volvo de sigmóide, isquemia intestinal, intussuscepção e neoplasias devem ser tratadas, o mais precocemente possível, por meio de cirurgia. Doença isquêmica intestinal Classificação ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO • Quando há uma reação inflamatória em estrutura intrabdominal, que normalmente acomete peritônio ou vísceras abdominais, desenvolvendo a dor. • Causas: colecistite aguda, apendicite aguda, pancreatite aguda e diverticulite aguda. Apendicite Aguda - Causa mais comum de abdome agudo inflamatório. - Ocorre quando há obstrução do apêndice vermiforme, geralmente por fecalito, gerando reação inflamatória, irritação do peritônio visceral (recobre o apêndice), dor mal localizada. Com o avanço do quadro clínico, há o acometimento do peritônio parietal, ocasionando a dor bem localizada na fossa ilíaca direita. - Sinal de Blumberg, obturador e rovising. - Febre, dor, náusea, vômito e anorexia. Pancreatite Aguda - O pâncreas exócrino (que produz enzimas digestivas), produz enzimas de maneira inativa, porém há várias causas que ocasionam sua ativação de maneira precoce, intrapancreatica (principal: litíase biliar). - Diversas etiologias, geram ativação de enzimas pancreáticas, inflamação e necrose do parênquima e, por fim, dor. - O problema é que o pâncreas é cheio de gordura e a maioria das enzimas são lipolíticas, o que ocasiona uma autofagia, fazendo com que as enzimas comecem a degradar/necrosar o parênquima pancreático, gerando edema, infiltração de líquido. - Dor costuma ser em faixa, devido o órgão ser transversal. - Náusea, vômito, alterações sistêmicas (hipóxia, edema local, hemorragia). - Sinal de Grey-Turner (região azulada nos flancos) e sinal de Cullen (região periumbilical). Diverticulite Aguda - Inflamação de diverticulo, herniação da mucosa do cólon devido à fragilidade da túnica muscular, causando obstrução, inflamação (talvez perfuração) e dor. - Dor em fossa ilíaca esquerda. - Complicações: fistula, peritonite local ou generalizada. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período REFERÊNCIAS: • Clínica Médica vol. 4. • Anatomia e Fisiologia - Tortora.
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