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APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Diarreia é uma alteração do hábito intestinal. Podendo alterar o volume, a consistência (líquidas ou amolecidas) e frequência das evacuações (+ de 3 por dia). Obs: as fezes com peso maior de 200g por dia também podem ser consideradas diarreia. • O intestino delgado recebe +/-10L de água por dia, cerca de 6L são absorvidos no jejuno e 2,5 no íleo. O cólon recebe do delgado +/-1,5L e apenas 100ml são eliminados nas fezes. A capacidade absortiva total do cólon é de 4-5L/ dia, quando essa quantidade é excedida, surge a diarreia. • Ocorre excesso de líquido no lúmen intestinal quando há deficiência na capacidade de transporte de eletrólitos do intestino delgado ou grosso ou quando cria-se um gradiente osmótico desfavorável (inibição da absorção de Na+ ou secreção ativa de Cl-) que não pode ser suplantado pelos mecanismos de absorção de eletrólitos. • Na membrana basolateral dos enterócitos, a atividade da bomba de Na+/K+ ATPase mantém baixas concentrações intracelulares de Na+, isto força um fluxo absortivo contínuo deste eletrólito junto com água. • A diarreia inflamatória se caracteriza por lesão e morte de enterócitos, atrofia de vilosidades e hiperplasia de criptas. As criptas hiperplásicas preservam sua capacidade secretória de Cl–. Na inflamação grave ocorre extravasamento l infát ico, além da at ivação de vár ios mediadores inflamatórios, que promovem aumento da secreção de Cl–, contribuindo para a diarreia. A interleucina 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF) também são liberados no sangue, causando febre e mal- estar. A fisiopatologia da diarreia envolve cinco mecanismos: • Secretora: resulta da hipersecreção de água e eletrólitos (cloreto e sódio) pelo enterócito. Pode tá,nem resultar da produção excessiva de hormônios como gastrina, serotonina, prostaglandinas, calcitonina. • Osmótica: ocorre quando certas substâncias que não podem ser absorvidas pela parede do cólon permanecem no intestino. Essas substâncias fazem com que uma quantidade excessiva de água permaneça nas fezes, causando diarreia. • Motora: alteração na motricidade do trânsito gastrointestinal que prejudicam a capacidade absortiva; também podem surgir por redução da área absortiva consequente de ressecções intestinais ou de fístulas enteroentéricas. • Exudativa/Inflamatória: quando há áreas inflamadas que causam secreção de substâncias como sangue, pus e muco. É encontrada nas doenças inflamatórias intestinais, neoplasias, shigelose, colite pseudomembranosa, linfangiectasia intestinal. • Disabsort iva: resul ta de deficiências digestivas e lesões parietais do intestino delgado que impedem a correta digestão ou absorção. Este processo pode causar diarreia com esteatorreia e resíduos alimentares. Diarreia é classificada em: a) aguda: duração máxima de 30 dias, habitualmente ficando restrita a 2 semanas. b) persistente: duração de 2-4 semanas. c) crônica: duração superior a 1mês. Há também a pseudo diarreia, em que o paciente vai várias vezes no banheiro evacuar, porém o peso é menor de 200g por dia, sendo uma característica da síndrome do intestino irritável. As diarreias podem ser altas ou baixas: Para diferenciar, é preciso observar quatro parâmetros: volume, frequência, presença de tenesmo e achados. a) ALTAS: Provenientes do intestino delgado. A maioria desencadeia diarreia de padrão secretor. 1. Volume: Há episódios diarreicos mais volumosos, isso porque a maior parte da absorção se dá no intestino delgado, logo, se ele não estiver absorvendo bem, teremos uma diarreia mais volumosa, podendo a perda líquida ultrapassar até 10 litros/dia, provocando um choque hipovolêmico. 2. Frequência: Há uma baixa frequência. Não há tenesmo. 3. Achados: Pode ter a presença de restos alimentares, já que o intestino delgado não está absorvendo direito, e também dor intermitente periumbilical ou em quadrante inferior do abdome; b) BAIXAS: Provenientes do intestino grosso. Costumam apresentar padrão inflamatório. 1. Volume: As evacuações são em menor quantidade, porque a maior parte da APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período absorção já se deu no delgado, logo pouco volume sobra no intestino grosso. 2. Frequência: muito frequentes. 3. Achados: Há tenesmo, urgência fecal e irritação do reto. Pode ter presença de sangue, muco e/ou pus, caracterizando uma disenteria e fezes escuras. Fisiologicamente a diarreia pode estar associada à acidose metabólica e à desidratação. • Acidose metabólica: o líquido diarreico apresenta alta concentração de bicarbonato (já que os l íqu idos secretados no t rato gastrointestinal possuem alto teor). Está associada à uma alta concentração de íons H+ e diminuição do pH. Para que isso ocorra, o corpo faz uma compensação metabólica, que pode ser rápida (com o sistema tampão ou componente respiratório) ou lenta (renal), acontece pela troca de íons no tubo de néfron. • Desidratação: ocorre na diarreia devido a perda de líquidos, diminuindo a volemia e PA. Essa diminuição pode ser compensada a longo ( c o m p e n s a ç ã o r e n a l , a u m e n t o d a osmolaridade do plasma) e a curto prazo (lei de Frank Starling, baroreflexos e resposta miogênica). DIARREIA AGUDA • A principal causa das diarreias agudas são infecciosas (90%), podendo ser bacteriana, viral, parasitária e fúngica. • Há ainda outras causas como, alguns medicamentos (orlistate - tratamento obesidade; metformina - tratamento diabetes; acarbose - tratamento de diabetes t a m b é m , q u e d i m i n u i a b s o r ç ã o d e carboidratos no intestino, raramente utilizados; diuréticos; procinéticos; anti-inflamatórios (AINES) e quimioterápicos. • Há também causas por into lerâncias alimentares e ingestão de elementos osmótico, como manitol, sorbitol. • O organismo saudável possui mecanismos de defesa que permitem resistir aos agentes lesivos e que incluem: 1. suco gástrico, que é letal a muitos organismos pelo baixo pH; 2. motilidade intestinal, que dificulta a aderência dos microrganismos à parede do intestino; 3. sistemas linfático e imune , que promovem a defesa celular e humoral contra os agentes nocivos. A falha desses mecanismos e/ou a alta agressividade do estímulo agressor do intestino causam a diarreia. Etiologia Nas populações mais pobres predomina a etiologia bacteriana e, nas de melhor nível social, prevalece a viral. Viral • Causas mais comuns de diarreia aguda. • Principais vírus: rotavírus, norovírus, adenovírus entérico e astrovirus. - l iberam proteínas que atuam como TOXINAS, aumentando a ativadade da adenilato ciclase e guanilato ciclase, e aumentando a secreção de fluidos para luz intestinal, causando a diarreia. • Diarreia aquosa, sem sangue, sem pus, leve, associada apenas a vômito, pode aparecer ou não febre (mais baixa) , autol imitada, melhorando em até 72h. • Rotavírus: mais em crianças e idosos; transmissão oral-fecal; mais comum nos meses de inverno e geralmente é uma diarreia aquosa e autolimitada. Bacteriana • Segunda causa mais comum de diarreia infecciosa (aguda). • Principais bactérias: E. Coli, salmonella, Campylobacter jejuni, S. Aureus, Shigella, Yersinia, VIbrião da cólera. I. S. Aureus: Geralmente em presente em alimentos (ovos, maionese e presunto). - produz toxinas que não alteram cor, sabor, cheiro e textura do alimento. - a diarreia aparece de 1-24h após a ingestão. - o paciente apresenta dor abdominal, vômito e diarreia, mas NÃO apresenta febre e melhora em 1- 2 dias. II. E. Coli enterotoxigênica: Geralmente pela ingestão de água ou alimento contaminados. - período de incubação: 24-48h. - libera toxinas que estimulam a liberação de adenilato ciclase ou a guanilatociclase, que aumentam secreção de fluidos. - a diarreia é aquosa, NÃO apresenta sangue ou muco e o paciente apresenta vômitos e dor abdominal. III. E. Coli enterohemorrágica: Tramissão por al imento c o n t a m i n a d o s , principalmente carne mal cozida e mal preparada. - período de incubação: 4-9 dias. - fezes com sangue, pus e muco. - produz toxina que causa inflamação da mucosa e APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período manifesta com diarreia com sangue, cólicas, vômitos, dor abdominal, mas NÃO TEM FEBRE. - Obs: O uso de antibióticos no tratamento dessa bactéria, o paciente pode evoluir com síndrome hemolítica urêmica, ou evoluir com púrpura trombocitopênica. IV. Shiguela: Por via fecal/oral. - a diarreia se inicia de 24-48h. - o paciente pode apresentar pus, muco e sangue nas fezes. - Tra tamento com c ip rofloxax ina ou levoflaxacina por 3 a 10 dias. V. Salmonella: Alimentos contaminados, principalmente ovos e carnes. - período de incubação: 8 a 48h. - o paciente apresenta dor abdominal, febre, fezes com sangue, pus e muco. - Tratamento é também com a ciprofloxaxina ou levoflaxacina, mas com período maior de 7 a 14 dias. VI. Campylobacter jejuni: Transmissão por água ou alimentos contaminados. - período de incubação: 2 a 5 dias., melhora em 3 a 7 dias. - causa diarreia aquosa, sem sangue, pus e muco, mas pacientes imunodeprimidos pode aparecer sangue e muco. - Tra tamento com c ip rofloxax ina ou azitromicina. VII. Yers ín ia : Tram issão po r a l imen tos contaminados. - período de incubação: 1 a 2 dias - pode MIMETIZAR APENDICITE AGUDA. - pode causar diarreia com sangue, pus e muco. - Tratamento com antibiótico somente nos casos graves, usando gentamicina e ceftriaxona. Parasitária • Evolução mais prolongada (mais de 7 dias). • Mais comuns com: Entamoeba hystolitica, Giárdia Lamblia, I. Entamoeba hystolítica: Transmissão água ou alimento contaminados. - Produz toxinas que podem levar a lesão, ulceração, hemorragia e perfuração do intestino. - A diarreia apresenta sangue, o paciente apresenta dor abdominal e febre. - Tratamento com metronidazol ou tinidazol, associado com o Iodoquinol ou com a paramonicina. II. Giárdia Lamblia: Tramissão por água contaminada. - A diarreia é aquosa, sem sangue nas fezes, mas pode se tornar CRÔNICA. Fisiopatologia Mecanismo da diarreia: • Os agentes infecciosos podem causar lesões diretas na mucosa, ocasionando uma lesão/ inflamação ou podem produzir toxinas que aumentem a secreção da mucosa intestinal, causando diarreia. • Geralmente a transmissão ocorre via oral/fecal ou por alimentos contaminados. • Agentes: salmonella, vibrião de cólera e cepas de E. coli: eles liberam toxinas que ativam a adenilato ciclase ou guanilato ciclase, essa ativação estimula e aumenta a secreção de fluidos pela mucosa intestinal, causando a diarreia (há um desequilíbrio entre secreção e absorção da mucosa). • Já a Shigella e algumas cepas da E. coli, podem causar lesão e inflamação direta da mucosa intestinal, comprometendo a absorção intestinal. Nesses casos, normalmente há presença de sangue nas fezes, pus, muco. • As infecções virais e bacterianas intestinais, são autolimitando duram de 3 a 7 dias, tendo curso de duração menor. Já por protozoários, a duração é maior de 7 dias. Podem ser classificadas como: • Diarreia inflamatória - o paciente apresenta sangue, muco e pus nas fezes, além de apresentar febre, dor abdominal, sinais de toxemia. - tem presença de leucócitos nas fezes e são causadas por bactérias enteroinvasivas, que causam inflamação e lesão da mucosa intestinal. • Diarreia não inflamatória - fezes são aquosas, sem sangue, pus e muco. - sem presença de leucócitos (pedir pesquisa de leucócitos nas fezes) e, são auto limitadas. APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período Diarreia dos viajantes - Ocorre normalmente em pessoas que viajam para países subdesenvolvidos, 10 a 50% dos viajantes. - Tr a n s m i s s ã o p o r á g u a e a l i m e n t o s contaminados. - 80% dos casos são causados por infecção BACTERIANA, mais comum 25% a 50% dos casos, por bactéria E. Coli enterotoxigênica, (que não causa sangue e pus nas fezes). - Outras bactérias menos prevalentes: Shigella Salmonella e Campylobacter. - Pode ser causada também por infecções virais e parasitárias. Manifestações Clínicas • Na história do paciente, devem-se investigar o local e as condições em que a diarreia foi adquirida. Deve-se investigar a ingestão recente de água, f rutas ou verduras potencialmente contaminadas, alimentos suspeitos, viagens recentes, presença de pessoas próximas também acometidas, uso recente de antibióticos e outros fármacos, história sexual, banho em locais públicos e contatos com animais. • Na avaliação clínica, além de definir o padrão da diarreia aguda, devem-se também avaliar possíveis complicações, especialmente a desidratação. Relato de boca seca e sede, diurese concentrada, oligúria, associados a achados ao exame físico de pele e mucosas desidratadas e hipotensão postural com taquicardia, demonstram desidratação e sua gravidade. • A diarreia inflamatória apresenta espectro clínico mais grave e exige tratamento mais criterioso. É causada por bactérias invasivas, parasitos e bactérias produtoras de citotoxinas que afetam preferentemente o íleo e o cólon. Promove ruptura do revestimento mucoso e perda de soro, hemácias e leucócitos para o lúmen. - em geral, diarreia de pequeno volume, com muco, pus ou sangue (disenteria), febre, dor abdominal predominante no quadrante inferior esquerdo, tenesmo, dor retal. - causada pela invasão das células intestinais ou toxinas associadas às infecções por C. difficile ou E. coli. - algumas vezes, apresenta, no início da evolução, diarreia aquosa, que só mais tarde se converte em típica diarreia inflamatória, quando os microrganismos ou suas toxinas lesam a mucosa colônica. • A diarreia não inflamatória é, em geral, moderada, mas pode provocar grandes perdas de volume. É causada habitualmente por vírus ou por bactérias produtoras de enterotoxinas e afeta preferentemente o intestino delgado. - os microrganismos aderem ao epitélio intestinal sem destruí-lo, determinando diarreia secretora, com fezes aquosas, de grande volume e sem sangue; pode estar associada a náuseas e vômitos. As cólicas, quando p resen tes , são d i sc re tas , precedendo as exonerações intestinais. - Pode ser volumosa, causando desidratação com hipopotassemia e acidose metabólica. • Diarreia aquosa e leve, principalmente quando viral. • Pode apresentar sangue, pus e muco, principalmente quando bacteriana. • Os pacientes podem apresentar no geral: náuseas, vômitos, febre, tenesmo (vontade de defecar constante mesmo que não haja fezes), distensão e dor abdominal e flatulências. • Algumas etiologias vão causar uma diarreia leve, aquosa e autolimitada, e outras, uma diarreia mais grave, com sangue, pus, muco, febre, dor abdominal e sinais de toxemia. • Como não há invasão dos tecidos, não aparecem leucócitos nas fezes. Diagnóstico Na maioria dos casos, a avaliação clínica é suficiente para definição diagnóstica e para determinar a gravidade do quadro. O estado imunológico do hospedeiro também é importante na conduta diagnóstica e terapêutica. Exemplos disso são: deficiência de IgA e g i a r d í a s e , a c l o r i d r i a e s a l m o n e l o s e , transplantados e infecção por citomegalovírus, AIDS e criptosporidíase, idosos residentes em asilo e infecção pelo Clostridium difficile, imunodeprimidos e candidíase intestinal. Em casos mais leves, paciente com bom estado geral,somente acompanhar e não necessita de uma avaliação adicional. Em casos graves: fazer avaliações adicionais e pedir exames laboratoriais. • Realizar em pacientes apresentam evolução com piora, com febre, que apresentam fezes com sangue, luz e muco, crianças, idosos, pacientes com comorbidades graves, imunocompetentes. • Pacientes que demonstram envolvimento sistêmico e de outros órgãos, desidratação e ausência de melhora nas primeiras 48h do início da diarreia. Exames: - hemograma: avaliar anemia, linfocitose, hemoconcentração, leucocitose; - Função renal e eletrólitos: a desidratação causa hipovolemia e elevação da creatinina; - Estudo das fezes (leucócitos fecais); - Coprocultura; APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período - Pesquisa de toxinas e antígenos de patógenos - Exames de imagem; - Endoscopia. Tratamento • Embora a maioria das diarreias agudas seja autolimitada e não requeira tratamento, a diarreia pode ser especialmente grave nos lactentes e nas crianças pequenas, nos pacientes com doenças coexistentes, nos idosos e nos indivíduos previamente saudáveis quando se estende por períodos longos. Desse modo, a reposição de líquidos e eletrólitos é incluída como um dos objetivos do tratamento da diarreia. • O tratamento mais importante é a hidratação do paciente, por via oral ou, em casos graves, hidratação por via venosa. • Os fármacos usados para tratar diarreia incluem difenoxilato e loperamida, que são derivados opioides. Esses fármacos reduzem a motilidade GI e estimulam a absorção de água e eletrólitos. • O subsalicilato de bismuto pode ser usado para reduzir a frequência das evacuações malformadas e aumentar a consistência das fezes, principalmente nos casos de diarreia do viajante. Esse fármaco parece inibir a secreção intestinal causada pela E. coli enterotoxigênica e pelas toxinas da cólera. • Os fármacos antidiarreicos não devem ser u s a d o s p o r p a c i e n t e s c o m d i a r re i a sanguinolenta, febre alta ou sinais de toxemia em vista do risco de agravarem a doença. • Os antibióticos devem ser reservados para pac ien tes com pa tógenos en té r i cos confirmados. • Antibioticoterapia não será necessária em todos os casos, apenas quando as fezes apresentarem sangue, pus e muco, sinais de toxemia e desidratação. - Antibióticos de 1 escolha: Ciproflaxacina ou a levoflaxacina. - Obs: sempre lembrar da CIPRO que não tem erro, em caso de diarreia aguda. • Tratamento de sintomáticos: - Metoclopramida e ondansetron (vonal) para vômitos. - Hioscina e dipirona para dor. DIARREIA CRÔNICA • Diferente da diarreia aguda, a crônica ocorre com expressiva frequência em países industrializados. Etiologia • As principais causas de diarreia crônica são síndrome do intestino irritável (SII), doença inflamatória intestinal (DII), síndrome de má absorção e infecção crônica. • Portadores de imunodeficiências apresentam frequentemente diarreia associada a infecções oportunistas crônicas. • O câncer colorretal pode apresentar-se com diarreia crônica, habitualmente com sinais de perda de sangue. • O uso de medicamentos também deve ser investigado. Algumas drogas têm efeito secretório direto no intestino delgado e no cólon, principalmente a fenolftaleína e os derivados antraquinônicos como o sene. • O uso excessivo de dissacarídios não absorvíveis, como o sorbitol, em dietas com restrição de açúcar pode causar diarreia osmótica à semelhança de laxativos, como o manitol e o sulfato de magnésio. • Tumores neuroendócrinos produtores de neurotransmissores com ação secretagoga, como o VIP (peptídio vasoativo intestinal) nos VIPomas e a serotonina na síndrome carcinoide, estão associados à diarreia crônica e intensa. Manifestações Clínicas • O diagnóstico não se dá exclusivamente pelo quadro clínico, uma vez que, a diarreia crônica possui diversas possíveis etiologias de grande complexidade. • Ausência de perda ponderal e de sinais de desnutrição, presença de sintomas diurnos (predominantemente), alternância do hábito intestinal com períodos de constipação intestinal, além de crise de dor associada à distensão abdominal e aliviada pela evacuação são sugestivas de síndrome do intestino irritável (SII). O início dos sintomas, habitualmente, ocorre em períodos de instabilidade emocional e predomina em adultos jovens. Nestas condições, deve-se evitar investigação invasiva. • O médico deve pesquisar: viagens a áreas endêmicas para parasitoses; sintomas precipitados ou agravados por uso de determinado alimento, como a lactose (intolerância à lactose) ou o glúten (doença celíaca); comorbidades como o diabetes de APG - SOI IV Bianca Cardoso - Medicina 4 o Período longa data e hipertiroidismo que podem cursar com diarreia; história familiar de doença inflamatória intestinal (DII) ou doença celíaca que apresentam risco de herança genética; e x p o s i ç ã o a f a t o re s d e r i s c o p a r a contaminação pelo HIV; uso de álcool em doses potencialmente lesivas ao pâncreas; abuso de produtos dietéticos com sacarídios não absorvíveis; história medicamentosa. • Ao exame físico, pôde-se encontrar sinais extraintestinais de determinadas doenças. Na DII, além de massas inflamatórias abdominais, podem ocorrer lesões perianais, lesões cutâneas, aftas orais, olho vermelho e artropatias. Nas síndromes de má absorção e no câncer de cólon, devemos procurar sinais de desnutrição, como edema e anemia. Diagnostico • Deve seguir parâmetros clínicos objetivos, em função da complexidade da propedêutica específica. • Quando necessária, a solicitação de exames complementares deve guiar-se inicialmente pelas características do quadro diarreico, se diarreia alta ou baixa Exames • Exames laboratoriais: úteis na avaliação inicial da diarreia crônica, para avaliar presença de atividade inflamatória e comprometimento nutricional. • Hemograma • Provas de atividade inflamatória: PCR, VHS são marcadores de atividade inflamatória. Inespecificos para diarreia crônica, porém bons para DII. • Perfil nutricional/metabólico: associada à condições com perda nutricional significativa. • Estudo de fezes; • Pesquisa de agentes infecciosos; • Sangue oculto; • Endoscopia e endoscopia digestiva alta; • Colonoscopia: diarreias baixas; Exames de Imagem • Trânsito de intestino delgado: alta sensibilidade para avaliação de desordens do jejuno e íleo. • TC; Tratamento • Para os pacientes que estão em investigação diagnóstica, deve-se prescrever inicialmente dieta pobre em resíduos, restrição de leite e derivados, uti l izando-se medicamentos sintomáticos para a diarreia. REFERÊNCIAS: • Gastroenterologia essencial. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ): Editora Guanabara Koogan, 2001. • Porth CM, Matfin G. Fisiopatologia. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010.
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