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Fechamento – Problema 3 Módulo Dor Abdominal, Diarreia, Vômito e Icterícia Hyana M. 1 UNIME 2021 definição: Diarreia: eliminação de fezes amolecidas em uma frequência maior que 3 vezes ao dia OU volume aumentado (maior que 200g/dia). ➔ É importante conhecer o habito intestinal do paciente, precisa perguntar se aquilo pra ele é normal ou não (pq as vezes classifica como diarreia, mas o paciente é comum ir nessa quantidade de vezes ao banheiro). fisiopatologia: A diarreia ocorre quando há desequilíbrio entre a absorção e secreção de fluidos pelo intestino devido a uma citotoxina ou lesão que leve a uma redução da absorção. Diarreia osmótica: Ocorre por acúmulo de solutos osmoticamente ativos não absorvíveis no lúmen intestinal. Assim, ocorre retenção de líquidos intraluminais e consequentemente diarreia. → Esse é o tipo de diarreia provocada por: lactulose, manitol – alta ingestão de carboidratos pouco absorvíveis, induzida por magnésio (antiácidos), disabsorção de carboidratos e uso de antibióticos, abuso de laxativos. Diarreia secretória: Há um distúrbio no processo hidroeletrolítico pela mucosa intestinal, por meio do aumento de secreção de íons e água para o lúmen ou inibição da absorção, por meio de drogas ou toxinas. DIFERENÇA DA OSMÓTICA: na secretora o gap osmolar é baixo, não melhora com jejum e é responsável por um grande volume de fezes aquosas. → Esse é o tipo de diarreia provocada por: E. coli enterotoxigênica, Vibrio cholerae, Salmonella sp. Diarreia inflamatória: É causada por uma alteração inflamatória, levando a produção de muco, pus e sangue nas fezes. → Gera auma alteração na absorção da mucosa. → Esse é o tipo de diarreia provocada por: doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Diarreia funcional: Na diarreia funcional, a secreção a absorção estão normais, mas não há tempo suficiente para ocorrer a absorção desses nutrientes de forma correta. É um diagnóstico de exclusão, ou seja, quando ausência de doença orgânica justificável. Ocorre por hipermotilidade intestinal. → Esse é o tipo de diarreia provocada por: síndrome do intestino irritável e diarreia diabética (neuropatia autonômica). Diarreia disabsortiva/esteatorreia: A causa dessa diarreia esta associada a baixa absorção dos lipídios no intestino delgado, então ela pode ser causada por uma síndrome de má absorção ou por uma síndrome de má digestão. → Esse é o tipo de diarreia provocada por: doença celíaca, doença de Crohn, doença de Whipple, giardíase, estrongiloidíase e linfoma intestinal. DIARREIRA AGUDA: Inicialmente, as primeiras suspeitas para um quadro de diarreia aguda são infecções e intoxicação alimentar. → Cerca de 80% das diarreias agudas são causadas por infecções por vírus, bactérias, helmintos e protozoários. O resto acontece devido à ingestão de Diarreia é diferente de urgência fecal e pseudodiarreia. - Urgência fecal é a eliminação involuntária das fezes, geralmente por distúrbios neuromusculares, sem alteração do peso e consistência. - Pseudodiarreia é a eliminação frequente de pequenos volumes de fezes, sem alteração da consistência e peso. CLASSIFICAÇÃO PADRÃO: AGUDA: menos que 2 semanas de duração; PERSISTENTE/subaguda: entre 2 – 4 semanas CRONICA: mais de 4 semanas Fechamento – Problema 3 Módulo Dor Abdominal, Diarreia, Vômito e Icterícia Hyana M. 2 UNIME 2021 medicamentos, açúcares pouco absorvidos, inflamação pélvica... - Virais: normalmente são acompanhadas por vômitos e a diarreia - Toxinas: normalmente são relacionadas a ingestão de alimentos contaminados As principais etiologias para gastroenterites (irritação e inflamação do tubo digestivo, incluindo estomago e intestino) são: Gastroenterite viral: São a causa mais comum e diarreias infecciosas, o mais importante é o rotavirus. Mas existe também o novovirus, adenovírus, astrovírus. → O rotavírus causa diarreia mais em bebês, principalmente no inverno. E também causa diarreia aguda em idosos. MANIFESTAÇÕES: As diarreias virais manifestam-se em um contexto de gastroenterite aguda, com fezes aquosas, tendo como característica importante a presença de vômitos, com duração habitualmente curta (máximo de 72 horas), e também podem apresentar disenteria (fezes com sangue). Gastroenterite bacteriana: O principal agente é o E. Coli. Mas existem a Salmonella, Shigella, S. aureus, Clostridium Difficile... • E. coli enterotoxigênica (ETEC): É a principal causadora da diarreia dos viajantes. Essa se adere a mucosa intestinal, produz toxinas termoestável e termosensível que estimulam a secreção de água para o lúmen intestinal. Como não ultrapassa a mucosa e não promove lesão, a diarreia cursa sem muco, pus ou sangue, porém é caracterizada por ser explosiva e de grande volume. Dura cerca de 5 dias. • E. coli enteropatogênica (EPEC): Tem capacidade de se aderir a mucosa intestinal, promovendo alteração estrutural das células, com modificação do citoesqueleto e apagamento das vilosi- dades. A absorção e secreção ficam prejudicadas, levando a uma diarreia bem aquosa. É comum surtos dessa cepa em crianças, principalmente nas que não são amamentadas. • Shigela: É uma bactéria gram negativa e resistente ao suco gástrico. Ela pode ser encontrada nos alimentos e agua contaminados. Existem 4 fases: 1. Incubação: dura de 1 a 4 dias; 2. Diarreia aquosa inicial 3. Disenteria 4. Fase pós-infecciosa As principais complicações são intestinais (megacólon tóxico, perfuração intestinal, prolapso intestinal) ou metabólicas (hipoglicemia, hiponatremia, desidratação). O tratamento de escolha é feito com ciprofloxacino. • S. aureaus: O S. aureus é capaz de produzir uma toxina termoestável. A intoxicação alimentar esta associada a essa bactéria, como por ex em maionese, cremes e ovos. Os sintomas começam após algumas horas da ingestão do alimento, e acaba cursando com diarreia volumosa, náuseas, vômitos e cólicas. • Colite pseudomembranosa: A colite pseudomembranosa é uma doença que é caracterizada basicamente por febre, dor abdominal e diarreia. É causada pela bactéria clostridium difficile, ou seja, por toxinas produzidas pelo clostridium difficile. → O fator de risco mais importante para que ocorra a colonização é a exposição a antibióticos, como ex a cefalosporina → então é importante perguntar sobre histórico recente de antibiótico ou de internação? (pq alguns antibióticos podem mexer com a flora gastrointestinal e gerar diarreia). → Além disso, a diarreia associada ao C. difficile é mais comum em indivíduos hospitalizados, maiores de 60 anos, com doença de base grave e é diretamente proporcional ao tempo de hospitalização. A patogênese da diarreia causada por esta bactéria inclui basicamente três eventos: a. Alteração da flora colônia normal; b. Colonização pelo Clostridium difficile toxigênico; c. Crescimento da bactéria com liberação de toxinas (as mais conhecidas, toxinas A e B) que levam à inflamação e ao dano da mucosa intestinal. Esses esporos germinam no intestino delgado e colonizam o cólon, e vivem pacificamente ate que uma causa qualquer, como por ex antibióticos, destrua a Fechamento – Problema 3 Módulo Dor Abdominal, Diarreia, Vômito e Icterícia Hyana M. 3 UNIME 2021 flora e as clostridium se multiplica, causando a doença, ou seja, para a doença é necessário a contaminação pela bactéria, uso de antibióticos, como cefalosporinas – que irão alterar a flora e também é preciso da presença de IgG contra a toxina A, para produzir lesão direta do colón. Os antibióticos relacionados com a doença: ❶ ASSOCIADOS: clindamicina, ampicilina, amoxicilina, cefalosporinas, fluoroquinolonas. ❷ OCASIONALMENTE ASSOCIADOS: sulfonamidas, trimetoprim, macrolídeos,outras penicilinas... ❸ RARAMENTE ASSOCIADO: aminoglicosídeos parenterais, tetraciclina, cloranfenicol, metronidazol, vancomicina. QUADRO CLINICO: o quadro clinico desses pacientes vai variar de gravidade. O paciente pode ter uma diarreia sem colite ou ter ate uma colite fulminante. Inicialmente vai apresentar diarreia nos 4 a 9 dias após o inicio do uso de antibióticos. Quase nunca vai apresentar sangue visível, possui um odor característico e aumento da frequência das evacuações, podendo chegar ate 20 evacuações por dia. A maioria dos pacientes relata diarreia aquosa, esverdeada, com odor fétido, branda, com cólicas localizadas no abdome inferior. O exame físico é normal ou revela sensibilidade leve à palpação no quadrante inferior esquerdo. As fezes podem conter muco, mas raramente apresentam sangue macroscópico. Uma das apresentações se caracterizam por formação de pseudomembranas que cobrem o cólon. retossigmoidoscopia DIAGNÓSTICO: da colite pseudomembranosa é feito através de uma combinação de critérios: (1) Diarreia com mais de 3 episódios de fezes não moldadas por dia, durante um tempo de 2 dias e que não possua outra causa; (2) Detecção de toxina A e B nas fezes ou detecção de C. difficile na coprocultura/PCR ou pseudomembranas na endoscopia do cólon. Mais da metade dos pacientes hospitalizados diagnosticados com colite por C. difficile apresentam contagem de leucócitos superior a 15.000/μL, e a possibilidade de C. difficile deve ser considerada em todos os pacientes hospitalizados com leucocitose (valor acima do normal de leucócitos) inexplicada. Os dados laboratoriais sugestivos de doença grave incluem: ❶ Contagem de leucócitos superior a 15.000/μL, ❷ Albumina sérica inferior a 2,5 g/dL (causada por enteropatia perdedora de proteína - caracterizada por perda de proteínas pelo trato gastrointestinal), ❷ Lactato sérico elevado (pode levar a pensar em sepse) ou creatinina crescente. TRATAMENTO: vai se iniciar suspendendo o antibiótico que causou o quadro. Depois a conduta irá se basear em infecção primária ou recorrente. Geralmente, no tratamento utiliza-se metronidazol (antimicrobiano) em casos leves a mode- rados e vancomincina ou fidaxomicina, em casos graves, por 10 dias. Gastroenterites parasitárias: A grande parte dos parasitos estão associados a diarreias persistentes à crônicas. Ex: giárdia e entamoeba hitolytica. PRINCIPAIS FATORES DE RISCO PARA AS GASTROENTERITES AGUDAS: - INFECÇOES: shigella, salmonela - VIAJANTES: E. coli - USO RECENTE DE ANTIBIOTICOS ou ASILOS: Colite pseudomembranosa - CRECHES: shigella, giardíase e rotavirose - IMUNODEFICIENIAS - PROMISCUIDADE SEXUAL (é importante perguntar os habitos do paciente) - PRESENÇA DESSES PACIENTES EM PISCINAS A administração profilática de probióticos (contendo Lactobacillus casei, Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus) para pacientes hospitalizados que estejam sendo tratados com antibióticos pode reduzir a incidência da diarreia associada ao C. difficile. Fechamento – Problema 3 Módulo Dor Abdominal, Diarreia, Vômito e Icterícia Hyana M. 4 UNIME 2021 abordagem ao paciente com diarreia aguda: QUESTOES INICIAIS PARA PERGUNTAR AO PACIENTE: ✓ Há quanto tempo começou? ✓ Histórico recente de antibiótico ou de internação? (pq alguns antibióticos podem mexer com a flora gastrointestinal e gerar diarreia) ✓ Diarreia veio precedida por náuseas e vômitos? (é importante porque nas virais o vomito vem primeiro) ✓ A diarreia apareceu após ingesta de agua ou alimentos contaminados? (oque comeu, quando e quando apareceram os sintomas) ✓ Viajou? Pra onde? E comeu o que? ✓ Teve febre? Quantos graus? ✓ Quais medicações o paciente usa ✓ Alergias do paciente, alergias alimentares e medicamentosas ✓ Patologias previas ✓ Questionar fatores de risco de diarreia desse paciente (se é criança, como é higiene, mora com muitas pessoas na mesma casa..) ✓ Frequência das evacuações ✓ Características das fezes (coloração, odor, consistência..) ✓ Ausência de melhora após 48 horas ✓ Questionar ativamente sinais de alarme ✓ Idade do indivíduo (> 70 anos) e imunocomprometidos (ambos sinais de alarme) ATENÇÃO: Quando acompanhada de náuseas, vômitos e dor abdominal difusa, a diarreia aguda compõe a síndrome de gastroenterite aguda, uma condição habitualmente causada por infecções virais ou intoxicação alimentar. Nos casos em que há sangue concomitante, se constitui como um quadro de disenteria e está mais associada a infecções por bactérias, como Shigella e Salmonella. Ao EXAME FÍSICO, o paciente pode se apresentar com sinais de desidratação e não podemos deixar passar os quadros mais graves: • Mucosas desidratadas e pele seca • Olhos fundos e turgor cutâneo diminuído • Pulso radial fraco • Incapacidade de ingerir líquidos • Diminuição do nível de consciência diagnostico: A partir de uma anamnese e exame físico bem detalhado, a base para o diagnóstico é: • Cultura de fezes, para bactérias e vírus, parasitológico de fezes e imunoensaios para toxinas de vírus, bactérias e protozoários. • Solicitação de hemograma, para avaliar leucocitose; • Bioquímica séria, para avaliar perda de eletrólitos. • A colonoscopia não é indicada para casos de diarreia aguda. Esses exames devem ser solicitados em pacientes com mais de 70 anos, duração maior que uma semana, ≥ 6 episódios/dia, desidratação grave, toxemia, imunossupressão, etiologia hospitalar ou sinais de diarreia inflamatória. É importante levar em conta as características das dejeções e os patógenos mais associados: • Diarreia aquosa: vírus, toxinas, coli, Cólera e Clostridium difficile. • Diarreia com sangue: Shigella, Salmonella, Campylobacter, E. coli êntero-hemorrágica. tratamento: A base do tratamento de diarreias agudas é: ❶ Hidratação ❷ Correção de distúrbios hidroeletrolítico ❸ Realimentação ❹ Uso de antibióticos ❺ Probióticos. ANTIBIÓTICO: O tratamento é feito com antibióticos com quinolonas - são compostos que possuem um carbono na posição -3 da estrutura anular primária, agindo SINAIS DE ALARME: - presença de sangue, muco ou pus → indica uma diarreia de caráter inflamatório. - presença de febre → de quantos graus? - instabilidade hemodinâmica → pulsos finos, confusão mental... - sinais de sepse → Qsofa Qsofa: hipotensão (PAS < 100 mmHg); alteração do estado mental (Glasgow <15) e taquipneia > 22 irp/min --- Score > ou igual a 2 pontos: critério de alto risco para sepse. Fechamento – Problema 3 Módulo Dor Abdominal, Diarreia, Vômito e Icterícia Hyana M. 5 UNIME 2021 como antibióticos bastante potentes por via oral e sem produzir muitos efeitos colaterais. • E vai ser com base nos patógenos mais frequentes, como ex: Shigella, E coli, Salmonella... • E é restrito aos pacientes com: - febre - disenteria - frequência de evacuações maior que 8x por dia - idosos e imunocomprometidos - pacientes hospitalizados ANTIDIARREICOS: Agentes antidiarreicos como loperamida ou difenoxilato podem ser úteis para reduzir o número de evacuações em pacientes com doença leve. A loperamida (2 mg VO, três ou quatro vezes ao dia) é efetiva para o tratamento de pacientes com diarreia, reduzindo a frequência e a urgência das evacuações e melhorando a consistência das fezes. Pode ser usada “de forma profilática” nas situações em que a diarreia é prevista (como situações estressantes) ou seria inconveniente (reuniões sociais). REIDRATAÇÃO: O uso de soluções de reidratação oral (SRO) esta indicada na prevenção da desidratação e no tratamento das formas leves, moderada e grave sem choque e também na continuidade do tratamento iniciado por via parenteral. Os quadros diarreicos com desidrataçãograve devem iniciar a reidratação, preferencialmente por via endovenosa, associando depois a reidratação por via oral. O soro para a reidratação oral é recomendado pela OMS e geralmente é vendido sem prescrição. A maioria vem sob a forma de pó, que será misturado com água. Dissolve-se um pacote de SRO em 1 L de água para produzir uma solução salina contendo o seguinte (em mmol/L): ✓ SRO padrão da OMS: sódio 90, potássio 20, cloreto 80, citrato 10 e glicose 111 ✓ SRO com osmolaridade reduzida da OMS: sódio 75, potássio 20, cloreto 65, citrato 10 e glicose 75 ✓ QUANDO PENSAR NA INTERNAÇÃO? ✓ Sinais de desidratação grave (olhos fundos, pulsos firmes) ✓ Queda do estado geral (dessaturação, sinais de choque) ✓ Imunossuprimidos ✓ Extremos de idade – crianças e idosos No surto da diarreia, o paciente não perde apenas agua, ele perde tbm eletrólitos (sódio, potássio e cloro). Então é insuficiente a ingestão apenas de agua. É necessário oferecer SRO que tenha agua e eletrólitos. E os sais de reidratação oral não vão alterar o sintoma diarreia, mas seu uso vai prevenir/tratar a desidratação.
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