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Frentecomfim_Oliveira_2018


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Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes 
Departamento de Psicologia 
Programa de Pós-Graduação em Psicologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DE FRENTE COM O FIM: OS PROFISSIONAIS DE CUIDADOS 
PALIATIVOS E O LUTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jéssica Priscylla Medeiros de Oliveira 
 
 
 
Natal 
2018 
2 
 
 
Jéssica Priscylla Medeiros de Oliveira 
 
 
 
 
 
 
 
 
De frente com o fim: Os Profissionais de Cuidados Paliativos e o Luto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação de Mestrado sob orientação da Profa. 
Dra. Geórgia Sibele Nogueira da Silva a ser 
apresentada ao Programa de Pós- Graduação da 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 
como requisito parcial para obtenção do título de 
mestre em Psicologia. 
3 
 
 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN 
Sistema de Bibliotecas - SISBI 
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - 
CCHLA 
 
 Oliveira, Jéssica Priscylla Medeiros de. 
 De frente com o fim: os profissionais de cuidados paliativos 
e o luto / Jéssica Priscylla Medeiros de Oliveira. - 2018. 
 263f.: il. 
 
 Dissertação (mestrado) - Centro de Ciências Humanas, Letras e 
Artes, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN, 2020. 
 Orientadora: Professora Doutora Geórgia Sibele Nogueira da 
Silva. 
 
 
 1. Cuidados Paliativos - Dissertação. 2. Luto - Dissertação. 
3. Profissionais de Saúde - Dissertação. 4. Humanização - 
Dissertação. 5. Cuidado - Dissertação. I. Silva, Geórgia Sibele 
Nogueira da. II. Título. 
 
RN/UF/BS-CCHLA CDU 159.9:393.7 
 
 
 
 
 
Elaborado por Ana Luísa Lincka de Sousa - CRB-15/748 
 
 
 
4 
 
Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes 
Departamento de Psicologia 
Programa de Pós-Graduação em Psicologia 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
Profª Drª Geórgia Sibele Nogueira da Silva (orientadora) 
 
 
 
Profº Dr Marlos Alves Bezerra (UFRN) 
 
 
 
Profº. Drº João Bosco Filho (UERN) 
 
 
 
SUPLENTES: 
 
 
Profª. Drª Ana Karenina de Melo Arraes Amorim (UFRN) 
 
 
 
Profª Drª. Annatália Meneses de Amorim Gomes (UECE) 
 
 
 
Natal 
2018 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“(...) Essa exposição de afeto é que dá a rara oportunidade, de conhecer verdadeiramente as 
pessoas em pouco tempo de convívio, visto que, premiadas pelo sofrimento e pela ameaça da 
morte, nunca têm animo nem motivação para aparentarem, e desnudas de disfarce, elas 
simplesmente são. Esse intercâmbio afetivo intenso, apesar da fugacidade do encontro, 
enseja a oportunidade – para que aproveitemos ou não – de nos tornarmos especialistas em 
gente, essa matéria-prima que se renova a cada novo personagem, com sua história pessoal, 
às vezes caótica, às vezes pungente, mas sempre rica, única e intransferível”. 
(J.J Carmago em “A tristeza pode esperar”) 
6 
 
 
Agradecimentos 
 
Já dizia Raul Seixas: “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho 
que se sonha junto é realidade”. Para tornar meu sonho realidade, não cheguei até aqui sozinha. 
Vivo a realização desse sonho em partilha. 
Primeiramente, agradeço à Deus por ter me sustentado em todo esse caminhar, por ter 
atendido a minha fé nos períodos de calor e baixa estação, e por tudo que faz em meu processo 
de existir. Gratidão a Nossa Senhora que acreditou em mim quando eu achei que não fosse 
suportar todas as demandas que o mundo me impôs. Gratidão ao meu santo anjo protetor, que 
me guardou e me zelou, trazendo-me serenidade. 
 
Continuando o rol dos anjos, agradeço aos meus avôs Flávio e Severino que partiram 
deste mundo, mas que não por isso deixaram de fazer presentes em minha vida, e a minha Vó 
Bal e Vó Dete, que estão na terra cuidando de mim, me zelando em suas orações. 
 
Agradeço a minha mãe, meu maior exemplo de perseverança, de força, de alegria. 
Obrigada por ter lutado, por permanecer aqui sendo meu porto-seguro, minha melhor amiga, 
minha companheira de vida. Agradeço ao meu pai, meu maior exemplo de doação, e de o que 
de fato é ser pai. Vocês me permitiram sonhar. Meu coração se enche de gratidão por ser filha 
de pais tão cuidadosos, participativos, que abraçam meus sonhos e cuidam das minhas dores. 
 
Agradeço as extensões de mim, meus irmãos, Diego e Thiago. Gratidão por serem a 
eternização da minha história, por andarmos de mãos dadas na vida, nos apoiando e 
construindo caminhos de possibilidades para o outro. 
7 
 
 
Agradeço a Igor, meu namorado. Gratidão por ter me tirar do caos, me fazer desacelerar, 
trazendo alegria, amor e serenidade aos meus dias. Gratidão por todo cuidado, torcida e por ser 
meu companheiro nesse viver. 
 
Agradeço às minhas sobrinhas, Ana Luíza e Ana Flávia, por terem me apresentado o 
amor mais sereno, mais puro e mais conquistador do mundo. Gratidão por me mostrarem, 
cotidianamente, que a vida pode ser muito mais. 
 
Agradeço as minhas amigas, Melissa, Ingrid, Hanna, Aline, Gabi, Paula, Flora, Bruna, 
Camila, Laíse, Marcela,e Falú, por todo carinho e apoio durante essa jornada. Que doce vínculo! 
 
Agradeço às melhores companhias que tive na travessia de ser mestranda, Bia e Gi. 
Gratidão pela união, companheirismo e cuidado. Gratidão por compartilhar angústias, medos, 
perpassados pela certeza de que tudo daria certo no final. Conseguimos! 
 
Agradeço aos mestres que me inspiram e me impulsionam a ser uma pesquisadora, 
psicóloga, ética e cuidadosa. Primeiramente, agradeço a minha orientadora, Geórgia Sibele, 
quem eu muito admiro e tenho orgulho, por trazer poesia e amor à ciência, por acreditar em 
mim quando eu mesma já tinha desistido, e por segurar na minha mão, orientando e 
aprimorando nosso trabalho com zelo e afeto. Ela costuma reinventar espaços, e na sua doçura, 
reinventou nossa relação, e trouxe luz não só aos meus escritos, como aos meus vínculos. 
Gratidão por ter me apresentado um mundo sensível, cuidadoso e amigo, à despeito dos 
obstáculos. Gratidão pelos áudios, cartas, arquivos sublinhados. Enfim, por todo cuidado! 
Como me sinto conectada a você... espero que o meu carinho tenha chegado de algum modo 
até você nesse percurso de cantos e encantos. 
8 
 
 
Agradeço ainda, a Marlos por ter confiado em mim quando eu não tinha nenhuma 
experiência, me proporcionando o desvelar dos meus sonhos. Gratidão por todo acolhimento, 
por toda escuta atenta. Sinto sua torcida! Também estou torcendo por você! 
 
Agradeço a Ana Andréa e Symone, por terem ajudado a tornar-me psicóloga, 
acreditando no meu percurso, confiando, e me abraçando sempre que necessário. Gratidão por 
sempre entrarem em contato, afirmando a torcida e amor mútuo. 
 
Agradeço ao LETHS, por ter me aberto a possibilidade da pesquisa, por ter me 
embasado teoricamente para construir os inícios do meu caminhar, por ter aberto campos de 
estágio que me proporcionaram o encanto com a morte. 
 
Agradeço também, desde já, a banca examinadora, por acolher meu escrito e contribuir 
com suas considerações. Espero ter tecido fios de afetações em seus corações em forma de 
gratidão. 
 
Agradeço a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, por ter sido minha segunda 
casa nos últimos anos, por me apresentar uma Psicologia cuidadosa através dos meus 
professores e colegas de profissão. 
 
Agradeço à Capes, pelo financiamento desta pesquisa 
 
Agradeço aos poetas paliativistas que cruzaram o meu caminho, por me mostrarem 
encanto na dor, me impulsionando uma escrita com afeto. Agradeço por toda injeção de ânimo 
a cada palavra narrada, me mobilizando a ir em busca de um mundo melhor e mais cuidadoso. 
Gratidão por me permitirem o partilhar da experiência, me mostrandoum tanto de poesia em 
suas possibilidades de serem profissionais, e um modo de cuidar potente e amoroso ao fim da 
vida. Vocês me fazem ir cada vez mais em busca de cuidar das dores, legitimando as emoções, 
9 
 
abrindo espaços de ressignificações encantadoras diante de cotidianos tão difíceis. Seguiremos 
juntos, na alma, no coração e na busca por espaços de cuidado. 
10 
 
 
Lista de Tabelas 
 
 
1. Construção das categorias temáticas. 
 
2. Síntese de características dos entrevistados 
 
3. Síntese da relação entre concepções de CP, papeis e significados do cuidar no fim e seus 
desafios 
11 
 
 
Lista de Siglas 
 
 
ABCP - Associação Brasileira de Cuidados Paliativos 
ANCP – Academia Nacional de Cuidados Paliativos 
APCP – Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos 
CFM - Conselho Federal de Medicina 
CP – Cuidados Paliativos 
 
INCA - Instituto Nacional do Câncer 
 
LETHS - Laboratório de Estudos em Tanatologia e Humanização das Práticas em Saúde 
MEC - Ministério da Educação 
MS – Ministério da Saúde 
 
OMS – Organização Mundial de Saúde 
 
PNCP - Programa Nacional de Cuidados Paliativos 
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
UTI – Unidade de Terapia Intensiva 
12 
 
 
Resumo: 
 
 
 
Entende-se como cuidados paliativos (CP) um conjunto de medidas que visam à melhoria da 
qualidade de vida de pacientes e familiares que se deparam com questões relacionadas a uma 
doença ameaçadora da continuidade existencial. Nesse ínterim, o luto torna-se um dos eixos 
mais importantes da equipe de CP, contemplando o paciente e a família desde o diagnóstico de 
uma doença sem possibilidade de cura, até o próprio processo de morte e morrer. Acerca desse 
olhar de cuidado para o sofrimento, aponta-se para o esquecimento do luto do profissional. 
Assim, nos indagamos sobre como o profissional de saúde que trabalha com CP lida com a 
morte de seus pacientes. Eles se enlutam? (Re)conhecem um possível enlutamento? Ele 
interfere em sua prática de cuidado? Isto posto, este estudo possui o objetivo de compreender o 
lugar do luto para os profissionais de saúde que trabalham com cuidados paliativos, em especial 
diante da morte. Realizamos uma pesquisa qualitativa, com a participação de 6 profissionais de 
saúde que trabalham com pacientes em cuidados paliativos próximos à morte na cidade de 
Natal/RN. O estudo foi ancorado na Hermenêutica Gadameriana, e teve como instrumentos a 
Entrevista Narrativa com uso de cenas projetivas. Nos diálogos com as narrativas chegamos 
aos seguintes capítulos: 1) “Cuidados Paliativos: a que se destina?”, no qual realizamos um 
passeio pela história desse modelo de cuidado até os dias de hoje, afunilando nas concepções 
que nossos colaboradores deram a paliação e os papeis exercidos por eles nesse cuidado; 2) 
“Profissionais de cuidados paliativos de frente para o fim: a formação, os significados e o 
cuidar”, no qual discorremos historicamente a relação dos profissionais com a morte, a 
formação deles para trabalharem em CP, as habilidades que eles julgam necessária para 
trabalharem com a finitude do paciente, trazendo os significados sobre a morte, e os desafios 
que lidam na prática de frente para o fim. 3) “Por trás do Jaleco, existe um luto?”, passeando 
sobre os estudos das teorias do luto, conhecendo o que entendem sobre luto, suas compreensões 
acerca de seus processos de enlutamento , bem como o lugar que o luto possui na experiência 
cotidiana deles, os recursos que desenvolvem para o lidar com as perdas, e onde encontram 
ajuda. Este estudo, ao contribuir com o desenvolvimento da atenção ao luto dos profissionais 
de cuidados paliativos, destaca a importância da continuação da formação para lidarem com a 
morte e com os lutos, dando abertura para a construção de espaços de cuidados para o 
acolhimento das emoções dos paliativistas. Espera-se que esta pesquisa possa ajudar a ampliar 
o cuidado humanizado ao dar voz para as dores, dando pistas capazes de promover uma melhor 
qualidade na produção de cuidado de todos os envolvidos no paliar: profissionais, pacientes e 
familiares. 
 
 
 
Palavras-Chave: Cuidados Paliativos, Luto, Profissionais de Saúde, Humanização, Cuidado. 
13 
 
 
Abstract: 
 
It is understood as palliative care (PC) a set of measures aimed at improving the life quality of 
patients and their families who have come across issues related to a certain disease which 
threatens their existential continuity. In the meantime, mourning becomes one of the most 
important axes of PC team, contemplating the patient and the family from the diagnosis of a 
disease without possibility of cure, to the very process of death and dying.About this look of 
care for suffering, one points to the forgetfulness of the professional's mourning. Thus, we ask 
ourselves how the health professional who works with CP deals with the death of his patients. 
Do they get involved? (Re) know a possible coup? Does it interfere with your practice of care? 
Therefore, this study aims to understand the place of mourning for health professionals who 
work with palliative care, especially before death, and the implications for humanized care. We 
conducted a qualitative research, with the participation of 6 health professionals working with 
patients in palliative care near death in the city of Natal / RN. The study was anchored under 
Gadamerian Hermeneutics, and had the Narrative Interview with the use of projective scenes 
as instruments. In the dialogues with the narratives we arrive at the following chapters: 1) 
"Palliative Care: what is it for?", In which we take a tour of the history of this model of care 
until the present time, tapering into the conceptions our employees gave to palliation and the 
roles performed by them in this care; 2) "Palliative care professionals facing the end: 
formation, meanings and care", in which we historically discuss the relation of professionals 
with death, their training to work in PC, the skills they deem relevant for working with the 
finitude of the patient, bringing the meanings about death, and the challenges they come across 
in the practice facing the end. 3) "Behind the white coat, is there a mourning?" Strolling through 
the studies of the theories of mourning, knowing what they understand about mourning, their 
understandings about their processes of mourning, as well as the impact of mourning in their 
everyday experience, the resources they develop to deal with losses, and where they find help. 
This study, by contributing to the development of attention to the palliative care professionals’ 
mourning, emphasizes the relevance of continuing training to cope with death and grief, 
opening the way for the construction of care facilities regarding the reception of the palliativists’ 
emotions. It is hoped that this research can help broaden the humanized care by giving voice to 
pain, providing clues capable of promoting a better quality of care for all those involved in the 
palliative process: professionals, patients and family members. 
 
Key words: Palliative care, Mourning, Health professionals, Humanization, Care. 
14 
 
SUMÁRIO 
Lista de Tabelas .......................................................................................................................... 10 
Lista de Siglas ............................................................................................................................. 11 
Resumo ....................................................................................................................................... 12 
Abstract .................................................................................................................................. ....13 
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................................... 18 
2.OBJETIVOS ............................................................................................................................28 
2.1. Objetivo Geral ...........................................................................................................28 
2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................... 28 
3. PERCURSO METODOLÓGICO ......................................................................................... 29 
3.1 Quadro Teórico ........................................................................................................... 30 
3.1.1 A Hermenêutica......................................................................................... 30 
3.2. Estratégias Operacionais da Pesquisa ......................................................................... 33 
3.2.1. Colaboradoras do Estudo. ............................................................................ 33 
3.2.2. Instrumentos de Acesso às Narrativas .......................................................... 36 
3.2.2.1. A entrevista Narrativa ................................................................... 36 
3.2.2.2. O uso de cena projetiva. ................................................................ 38 
3.2.2.3 Diário de Campo. ........................................................................... 39 
3.2.3. Tratamento e compreensão das narrativas .................................................... 40 
3.2.3.1 A Construção das categorias temáticas ........................................... 42 
3.2.4. Análise de Riscos e Medidas de Proteção. ................................................... 48 
3.2.5. Aspectos éticos ............................................................................................ 49 
3.2.6. O piloto da pesquisa .................................................................................... 49 
3.2.7 Inserção no Campo. ...................................................................................... 51 
15 
 
4. CUIDADOS PALIATIVOS: A QUE SE DESTINA? ............................................................ 56 
4.1 Breve passeio pela história dos Cuidados Paliativos .................................................. 56 
4.1.1 A travessia dos Cuidados Paliativos no Brasil ...............................................62 
4.2 As concepções dos profissionais sobre Cuidados Paliativos ........................................ 68 
4.2.1 Cuidado paliativos: não é que não tem mais jeito .......................................... 68 
4.2.2. Cuidados Paliativos: o Cuidado Integral ....................................................... 72 
4.2.2.1 Do Conforto e Qualidade de Vida .................................................. 76 
4.2.2.2 O Cuidado à Família ...................................................................... 80 
4.2.3 Cuidar paliativamente diante da terminalidade .............................................. 83 
4.2.3.1 Quanto torna-se paliativo exclusivo ................................................83 
4.2.3.2 O tempo que resta: os desejos de fim de vida .................................. 89 
4.3. O Papel do Profissional Paliativista e o Cuidar do Processo de Morte ......................... 92 
5. PROFISSIONAIS DE CUIDADOS PALIATIVOS DE FRENTE PARA O FIM: A 
FORMAÇÃO, OS SIGNIFICADOS E O CUIDAR ........................................................................... 107 
5.1 Os profissionais de saúde e a morte: da Era da Morte Domada aos dias de 
hoje ................................................................................................................................ 107 
5.2 O horizonte formativo ................................................................................................113 
5.2.1 Tem que ter técnica e precisa gostar de gente: habilidades do fazer 
paliativo .............................................................................................................. 121 
16 
 
5.3 O Fim e seus significados para os profissionais de CP ............................................... 128 
5.3.1. Significados sobre a morte ..........................................................................129 
5.3.1.1 Morte não é o fim, é transição .................................................................. 129 
5.3.1.2 Morte como fim ....................................................................................... 133 
5.3.2 Significados sobre a morte de um paciente .......................................................... 134 
5.3.2.1 Dar conforto: O Alívio do sofrimento. ..................................................... 135 
5.3.2.2 O dever cumprido e a ressignificação da vida .......................................... 137 
5.3.3 De frente para o fim: a experiência de perder um paciente paliativo ....................... 140 
5.3.3.1 O espanto diante da morte ....................................................................... 140 
5.3.3.2 Das primeiras perdas: As mudanças no lidar com a morte ........................ 144 
5.3.3.3 O cuidado com a família: das dificuldades de comunicação à empatia ..... 149 
5.3.3.4 A equipe .................................................................................................. 156 
5.3.3.5 O tempo para cuidar .................................................................................157 
5.3.3.6 A satisfação no encontro com a potência do cuidar .................................. 159 
5.3.3.7 E o pesar? ................................................................................................ 163 
6. POR TRÁS DO JALECO, EXISTE UM LUTO? ............................................................... 168 
6.1 Um passeio sobre os Estudos do luto......................................................................... 168 
6.2 O Luto à Luz dos nossos Poetas ................................................................................ 178 
6.2.1 Características do enlutamento .................................................................... 181 
17 
 
6.3 O Enlutar-se .............................................................................................................. 185 
6.3.1 O lugar do Luto na experiência de Perda de Nossos Poetas ......................... 186 
6.3.1.1 Luto reconhecido e vivenciado ..................................................... 187 
6.3.1.2 O luto antecipatório: a dor que começa antes do fim .................... 189 
6.3.1.3 Luto não reconhecido com pistas de vivenciado ........................... 192 
6.3.1.4 Cada um no seu canto chora seu pranto: o luto não 
autorizado ................................................................................................ 198 
6.4 Lutando para não enlutar: modos de lidar ..................................................................... 202 
6.4.1 A racionalização da dor diante do alívio do sofrimento ............................... 203 
6.4.2 Seguir a rotina do trabalho após a morte diante da não autorização de sua 
dor 206 
6.4.3 A ressignificação da dor diante do dever cumprido ..................................... 208 
6.4.4 Aliados pessoais e o autocuidado ................................................................ 213 
6.5 Os profissionais de CP e as implicações para o cuidado humanizado 
.............................................................................................................................................219 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 223 
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 230 
9. APÊNDICES ......................................................................................................................... 250 
18 
 
1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA 
 
 
Todo jardim começa com um sonho de 
amor. Antes que qualquer árvore seja 
plantada ou qualquer lagoseja construído, 
é preciso que as árvores e os lagos tenham 
nascido dentro da alma. Quem não tem 
jardins por dentro, não planta jardins por 
fora e nem passeia por eles... 
 
(Rubem Alves) 
 
 
 
 
E assim, com os dizeres de Rubem Alves, inicio a construção desta pesquisa, contando 
sobre a minha experiência com flores, contos e encantos, em uma enfermaria paliativa, ainda 
enquanto estagiária. Conto para vocês um pouco do meu processo de construção e nascimento 
de afetações, do jardim que me fez chegar até aqui. A partir da disciplina de “Psicologia da 
Morte”, ministrada pela professora Geórgia Sibele Nogueira, e de um curso que realizei ainda 
enquanto estudante do 4º ano do curso de Psicologia, fui sendo afetada com a temática da 
finitude. A cada leitura, a cada passeio por um jardim recheado de dor e encanto pela morte, fui 
plantando sementes dentro de mim. Felizmente, tive a oportunidade, no final deste curso, de 
poder escolher em qual enfermaria gostaria de fazer o meu estágio. E assim, diante da minha 
curiosidade, da afetação e do desejo de experienciar a facticidade finita do outro que me chega, 
escolhi vivenciar uma enfermaria substancialmente caracterizada pelos cuidados paliativos 
(CP). 
Preparei leituras, busquei conhecimento sobre as sementes que poderiam transformar 
meu jardim em um habitar encantado, e fui para o campo. Todavia, logo nos primeiros contatos, 
fui dando-me conta que aquilo que eu tinha ido com tanta sede para regar, que era o poder falar 
sobre a morte com os pacientes em cuidados paliativos e o poder acompanhar estes rituais de 
despedida, ainda era uma experiência delicada para todos que a vivenciavam. 
19 
 
Fui aproximando-me da terra, cuidando do adubo, sentando no chão, e a presença da 
dificuldade de se falar sobre tal temática circundava aquela enfermaria, e só se aproximava. 
Ora, uma enfermaria que se propõe a pensar em uma forma de assistência pautada nos cuidados 
paliativos não teria mais abertura para falar sobre a finitude? 
Fui seguindo em minha imersão e certa vez escutei de uma paciente: “Vou te fazer um 
pedido: quando a gente falar a palavra morte, a gente fala bem baixinho pra ela não escutar e 
querer chegar perto, certo? Xiiii... Bem baixinho.” Diante dessa fala fui percebendo o quanto 
é presente o medo da proximidade da morte. Parecia que fantasiosamente podia-se defender 
dela, era como se o não falar sobre a mesma pudesse de certa forma afastá-la. Fui tendo a 
oportunidade de caminhar lado a lado com os envolvidos em muitos processos de despedida, 
estando disponível para os familiares e os pacientes, que eram os protagonistas do meu cuidado 
até então. 
Contudo, pouco a pouco fui percebendo que essa dificuldade não se resguardava apenas 
aos familiares e aos pacientes, e assim fui podendo refletir sobre a experiência dos profissionais 
que se colocam frente aos cuidados paliativos. A semente que eu não esperava plantar no meu 
jardim nasceu a partir dos ventos que a trouxeram. Assim sendo, a semente foi teimosa, cresceu 
e germinou, me pegando de surpresa. Fiquei frente à dor daquele que até então para mim era 
figura única, e exclusiva, de proporcionar cuidado e não foco de cuidado. Chegou-me a 
dificuldade destes sujeitos também em poder experienciar a vivência do ter que comunicar a 
família o estado paliativo do paciente, do ter que presenciar a dor do paciente frente ao 
esgotamento de terapêuticas curativas e o mais importante: o ter que presenciar a morte 
daqueles pacientes os quais construíram laços. 
20 
 
 
Entre laços e nós, e em contrapartida as minhas expectativas iniciais de entrar em campo 
supondo que por ser uma enfermaria de cuidados paliativos, uma forma de assistência que 
possui uma filosofia humanizada com espaço para dores e lutos, encontrei um novo cenário: 
um cenário de dificuldade em experienciar a morte e o luto desses profissionais de maneira 
autêntica. Comecei a ficar inquieta acerca do peso que se carrega por ter que sempre sustentar 
a dor de maneira silenciosa. 
Perecia que as dores, as angústias e os medos passavam a serem calados na iminência 
da morte de um paciente, não havendo autorização e espaço para lidar com eles. Nesse sentido, 
em decorrência da minha afetação em poder olhar de alguma forma para o luto e para a dor 
desses profissionais de saúde, acrescido do término do meu fazer neste espaço de saúde, passei 
a regar o meu jardim de afetações com as discussões desenvolvidas no Laboratório de Estudos 
em Tanatologia e Humanização das Práticas em Saúde (LETHS) e com leituras acerca desse 
fenômeno. Nessa direção trago um pouco da problematização da relação profissionais de saúde, 
luto e cuidados paliativos, a partir de alguns autores que vêm contribuindo com a minha 
reflexão. 
Sabemos que em decorrência do desenvolvimento da medicina, farmacologia e da 
cirurgia, observa-se, a cronificação de muitas doenças, antes consideradas sem cura, como o 
câncer, por exemplo, fazendo com que estes pacientes necessitem de cuidados continuados e 
constantes, suscitando assim uma nova forma de cuidar (Kovács, 2003). Esse progressivo 
aumento da expectativa de vida de pessoas com doenças crônicas e degenerativas, aliado as 
mudanças no processo de adoecer e morrer promovidas pelas transições demográficas em 
saúde, trouxeram à tona questionamentos éticos acerca dos cuidados disponibilizados aos 
doentes terminais (Bifulco & Iochida, 2009). Tais reflexões possibilitaram a abertura para 
21 
 
 
pensar, quando constatada a irreversibilidade da doença, em um por vir de muito a ser feito, 
abrindo espaço para os Cuidados Paliativos. 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) entende-se cuidados paliativos, 
 
como: 
 
“um conjunto de medidas que visam à melhoria da qualidade de vida de pacientes e 
familiares que se deparam com questões relacionadas a uma doença ameaçadora da 
continuidade existencial, através da prevenção e do alívio do sofrimento possibilitados 
pela identificação precoce, pela eficiente avaliação e tratamento da dor, bem como pela 
atenção a outros sintomas físicos, psíquicos e espirituais” (OMS, 2006). 
 
 
Essa nova especialidade de saúde reflete a mudança de paradigma e de conceitos sobre 
o corpo humano, o adoecimento e a morte, sendo um conjunto de práticas e discursos voltados 
para cuidado final da vida do paciente fora de possibilidade de cura (Silva, 2008). É na busca 
pela melhoria dessa conjuntura que os cuidados paliativos despontam como uma alternativa, 
desenvolvendo o cuidado ao paciente que viabiliza a qualidade de vida, a dignidade humana no 
decorrer da doença, na terminalidade da vida, na morte e no luto (Paiva, Almeida Junior & 
Damásio, 2014). 
Assim sendo, os avanços científicos ocorridos no século XX possibilitaram uma 
revolução na forma de viver e um novo paradigma do morrer ou do viver o tempo de fim de 
vida (Neto, 2006). Nesse cenário, anunciado por muitos pesquisadores e profissionais de saúde, 
realço as dores, os medos e as angústias daquele que estão frente à finitude: o paciente, os 
familiares e os profissionais de saúde. As perdas que emergem nesse contexto, implicam na 
abertura de um espaço para o luto, que é reconhecido enquanto princípio de foco de cuidado 
por parte da OMS. Diante disso, me inquieto. Se o cuidado paliativo se coloca também enquanto 
proposta de cuidar do processo de morte e morrer, nos quais o processo do enlutamento 
precisa ser assistido, como o luto é vivenciado pelos profissionais que cuidam? Como não olhar 
22 
 
para o luto deles? Aliás, qual o lugar do luto? 
 
De acordo com Bowlby (1990), o luto é a resposta à ruptura de um vínculo significativo, 
no qual havia um investimento afetivo entre o enlutado e o ente que se foi, elucidando que a 
dimensão do luto é proporcional ao grau de apego, considerando-se fatores relacionados à perda 
e seus significados. Desenhado como um processo natural e esperado,no qual alguns fatores 
podem dificultar e complicar a vivência do luto: qualidade da relação com a pessoa que morreu, 
tipo de morte, idade do morto e significado da morte para o enlutado (Franco, 2008; Parkes, 
2009). A forma como é vivido e administrado pode interferir em várias esferas da vida do sujeito 
(Worden, 1998). 
É oportuno destacar que para Pessini (2008), o luto é um dos eixos importantes da equipe 
de cuidados paliativos, que contempla o paciente e a família desde o diagnóstico de uma doença 
sem possibilidade de cura até o próprio processo de morte e morrer. Melo (2014) acrescenta 
que os cuidados paliativos oferecem espaço e suporte para que não só os pacientes possam 
vivenciar o seu luto, bem como na como assistência do luto da família e dos cuidadores. Assim 
sendo, esta atenção paliativa envolve todos aqueles envolvidos neste processo frente à finitude 
(Santos, Lattaro & Almeida, 2016). 
Acerca desse olhar de cuidado dos familiares e dos pacientes, o estudo de Silva et al. 
(2015) aponta para um esquecimento da própria dor do profissional. Faz-se valoroso sublinhar 
que Braga e Queiroz (2013) dissertam que o cuidar de pessoas fora de possibilidade terapêutica 
curativa é uma tarefa que requer um preparo. O que acontece é com o advento da instituição de 
saúde como espaço da morte, os profissionais de saúde passam a serem responsáveis por 
lidarem como essa facticidade existencial. 
23 
 
 
Kovács (2010) expõe que os cuidados voltados a pacientes fora de possibilidade curativa 
são apresentadas como exemplo de prática que busca modificar a representação da morte, 
tornando-a um evento natural, consequência da vida. No entanto, a autora destaca que a morte 
como sinônimo de fracasso profissional ainda é predominante e influencia no trabalho do 
profissional de saúde. 
 
Tendo em vista esta realidade, muitos são os dados da literatura que também atestam o 
quanto os profissionais de saúde apresentam aspectos deficitários no que se diz respeito ao lidar 
com a morte e o morrer (Esslinger, 2004; Silva, 2006; Nogueira da Silva & Ayres, 2010). Este 
despreparo se vincula ao papel da equipe de saúde na sociedade, que é visto como o encarregado 
de diagnosticar o mal e erradicá-lo, em uma obsessão em manter a vida biológica, conduzindo 
a chamada obstinação terapêutica (Siqueira, 2012), acrescido de currículos técnicos, voltados 
ao corpo biológico, que fazem com que estes profissionais olhem para a morte apenas do ponto 
de vista científico, compondo o paradigma científico- tecnológico em saúde (Borges & Mendes, 
2012). Isso fica mais evidente em relação ao profissional de medicina, pois, quanto mais clara 
sua impotência para manter a vida do seu paciente, maior pode ser sua resistência em relação à 
morte (Mendes, Lustosa & Andrade, 2009). 
 
Os profissionais de saúde em geral quando em contato com o sofrimento, nas suas 
diversas dimensões, vivem conflitos em relação ao seu posicionamento frente à dor, que nem 
sempre conseguem mascarar ou aliviar. Cuidar do sofrimento do cuidador profissional é 
fundamental. Afinal, como pode cuidar se ele mesmo não é cuidado? As feridas, as dores, os 
medos, as afetações e os vínculos emergem nesse contexto. Assim sendo, cabe então pararmos 
para refletir sobre o luto dos profissionais de saúde, processo desencadeado pela perda de 
pacientes com os quais estabeleceu vínculos mais intensos. Para Esslinger (2014) preciso 
reconhecer a humanidade daqueles que cuidam, sendo assim vínculos são construídos e 
24 
 
portanto, a cada morte, da menor ou maior identificação com as situações vividas, ocorre um 
processo de luto. 
 
Alguns autores se referem aos profissionais de saúde, em geral, como enlutados não 
reconhecidos, logo, sem direito de expressar seus sentimentos. Os profissionais de saúde se 
vinculam a alguns pacientes e quando ocorre à morte têm que lidar com a sensação de fracasso 
e impotência, entrando em um em processo de luto, que não é reconhecido e autorizado. 
Contudo, o não compartilhar do vivido e a impessoalidade das emoções, do sentido e do 
significado dado à perda daquele vinculado, podem provocar esgotamento psíquico. Há um 
adoecimento destes profissionais pelo não entrar em contato com as emoções sentidas, tendo 
em vista a importância de essa dor ser chorada e vivida para a elaboração do luto (Liberato, 
2008, Carvalho, 2004 citados em Kovács, 2010; Silva, 2006). 
 
Borges e Mendes (2012) explanam que há uma dificuldade no diálogo acerca da morte 
e do morrer entre os diferentes atores sociais envolvidos nesse processo em decorrência da 
normatização estrita e a hierarquização presentes na instituição hospitalar. Nesse ínterim, faz- 
se oportuno destacar que no que concerne aos CP, o estudo de Silva et al. (2015) apontam que 
os profissionais que trabalham nessas unidades ainda carecem de formação, expondo que a 
temática é pouco abordada durante a graduação, e a morte é vista apenas como algo biológico. 
 
De mais a mais, a rotina acelerada e as múltiplas demandas de cuidado que os 
profissionais são solicitados cotidianamente em um contexto de cuidados paliativos, dificultam 
a criação de um espaço de cuidado para esses profissionais que se sentem imersos em um fazer 
cansativo e sistemático. Silva et al. (2015), chama atenção para a sobrecarga emocional que 
o paliativismo desperta nos profissionais, que visam amenizar lançando mão de mecanismo de 
defesa, que nem sempre são capazes de atenuar ou mascarar o sofrimento. Nesse prisma de 
abordagem me questiono novamente: a morte e o luto não teriam que ser tematizados tendo em 
25 
 
vista as premissas dos cuidados paliativos? Não teria que haver um espaço para olhar para a dor 
desse profissional? 
 
Diante da problematização apresentada, foi possível perceber a pouca produção 
científica encontrada até o momento deste escrito. O foco tem sido prioritariamente no cuidado 
ao luto do paciente e dos familiares, colocando o profissional de saúde apenas enquanto agente 
que cuida e não de possibilidade de receber cuidado e de se enlutar, corroboram com as minhas 
impressões iniciais ao adentrar enquanto estagiária em um hospital. Até o momento deste 
escrito encontramos uma pesquisa recente realizada por Braz e Franco (2016) sobre luto, 
cuidados paliativos e profissionais de saúde. Nossa inquietação busca um olhar diferente, ao 
tentar compreender sobre a possível experiência do luto do próprio profissional, para tal 
percorremos desde as concepções que possuem à sua vivência com a morte do paciente. 
 
Portanto, ao reconhecermos por meio do cenário que apresentamos, que uma equipe de 
cuidados paliativos, inevitavelmente, lida com o sofrimento e com a perda diariamente, se 
reorganizando como podem para poder seguir em frente; entendemos que é imprescindível 
refletir como é esse “seguir em frente”, tematizando o caminhar desses profissionais e sua 
possível vivência com o luto por morte de um paciente. Sendo assim enquanto pesquisadora, 
que vivenciou esta realidade na prática e que buscou a literatura, me inquieto com esse cenário 
e me faço uma série de questionamentos: Os princípios dos CP estão sendo realizados nos 
espaços que se propõem a tal? Como os profissionais dos cuidados paliativos em 
Natal/RN, lidam com a perda de um paciente ao qual se vincularam? Esses profissionais 
possuem espaço para vivenciarem suas dores entre eles? Ou seja, possuem espaços para 
legitimarem e vivenciarem o luto? Qual o significado do luto para os profissionais que 
trabalham com CP? A não autorização da vivência do luto implicaria em um distanciamento do 
paciente para evitar a vinculação? Qual a relação entre o possível (não) enlutamento e a 
qualidade do cuidado prestado? 
26 
 
 
Por conseguinte, considerando a centralidade do luto nos princípios dos cuidados 
paliativos, da tímida literatura no tocante à vivência do luto desses profissionais específicos,dos resquícios de uma formação historicamente biologicista, e do horizonte delicado que os 
estudos apontam para a relação dos profissionais de saúde em geral com finitude, ressalta-se a 
relevância de mais estudos científicos que se disponham a refletir acerca dessa conjuntura, e 
buscar elucidar a necessidade de cuidar do processo de cuidar (Nogueira da Silva e Ayres, 
2010); justificando assim a realização do estudo em questão, retomando as minhas afetações 
enquanto sujeito que caminhou em uma enfermaria paliativa. Ao plantar jardins por dentro, 
planto por fora e me coloco em abertura para pensar e passear neles através de uma pesquisa. 
 
Após introduzir o leitor na temática, apresentamos os objetivos desse estudo, que buscou 
compreender o lugar do luto para os profissionais de saúde que trabalham com cuidados 
paliativos, em especial diante da morte. Em seguida teremos o percurso metodológico do nosso 
estudo. Continuamos trazendo o capítulo intitulado “Cuidados Paliativos: a que se destina?”, 
no qual realizamos um passeio breve pela história dessa forma de cuidado até os dias de hoje, 
afunilando nas concepções dadas pelos profissionais ao paliar, discutindo também sobre os 
papeis que fazem parte do ofício deles ao acompanharem a morte. Posteriormente, no capítulo 
“Profissionais de cuidados paliativos de frente para o fim: a formação, os significados e o 
cuidar”, fazemos um levantamento da relação dos profissionais com a morte historicamente, 
discorremos sobre a formação de nossos depoentes para trabalharem em CP, como ocorre e as 
habilidades que eles julgam necessária para trabalharem com a finitude do paciente, trazendo 
os significados sobre a morte, e os desafios que lidam na prática de frente para o fim. 
Encerrando o diálogo com as narrativa encontraremos o capítulo “Por trás do Jaleco, existe 
um luto?”, onde fazemos um passeio sobre os estudos do luto, conhecendo as compreensões de 
nossos colaboradores sobre o processo de enlutamento, bem como o lugar que o luto possui na 
27 
 
experiência cotidiana deles, além de conhecermos os recursos que desenvolvem para o lidar 
com as perdas, e onde encontram ajuda. Após essa trajetória, trazemos as considerações finais, 
seguida das referências bibliográficas e apêndices. 
28 
 
 
2. OBJETIVOS 
 
 
 
 
Objetivo geral 
 
Compreender o lugar do luto para os profissionais de saúde que trabalham com 
cuidados paliativos, em especial diante da morte. 
Objetivos Específicos: 
 
a) Identificar as concepções dos profissionais sobre cuidados paliativos; 
 
b) Identificar o papel dos profissionais de CP no enfrentamento do processo de morte 
de um paciente; 
c) Identificar, a existência, ou não, de teorias e orientações recebidas pelos 
profissionais para atuarem em cuidados paliativos, morte e luto 
d) Conhecer o significado da morte para eles e o significado da morte na prática 
profissional 
e) Investigar a vivência no lidar com a morte de um paciente 
 
f) Conhecer a concepção e significado do luto para os profissionais paliativistas; 
 
g) Identificar a existência, ou não, da vivência do processo de luto, por parte dos 
profissionais, e suas formas de enfrentamento 
29 
 
 
3. PERCURSO METODOLÓGICO 
 
 
 
“Eu quero desaprender para aprender de 
novo. Raspar as tintas com que me 
pintaram. Desencaixotar emoções, 
recuperar sentidos.” 
Rubem Alves 
 
 
 
A metodologia, de acordo com Minayo (2008), pode ser considerada o caminho trilhado 
do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. À vista disso, inclui 
simultaneamente o método, as técnicas e a criatividade do pesquisador. É a partir da natureza 
do estudo que determinamos o caminho metodológico a ser seguido. O caminho do presente 
trabalho será percorrido pela pesquisa qualitativa cujas estratégias metodológicas facilitam a 
compreensão dos fenômenos humanos, especialmente nos aspectos que não podem ser 
medidos, quantificados (Silva, 2006). 
As técnicas qualitativas podem proporcionar uma oportunidade para que as pessoas 
revelem seus sentimentos, permitindo não somente descrever o objeto, como também, conhecê- 
lo (Spencer, 1993), fazendo sentido com o objetivo da construção deste trabalho. Corroborando 
com esses conceitos, Holanda (2006) ressalta, que a abordagem qualitativa é um método das 
ciências humanas, propondo conhecer e elucidar os processos de constituição da subjetividade. 
Minayo (2002) evidencia que a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de 
significados, motivos, valores, aspirações e atitudes, correspondendo ao espaço mais íntimo das 
relações e dos processos que não podem ser reduzidos à operacionalização das variáveis. 
Defende seu alcance para a compreensão dos valores culturais bem como das representações de 
determinados grupos, no caso desta pesquisa, dos sujeitos profissionais de saúde sobre 
30 
 
 
temas específicos. Neste seguimento refere-se ao verbo compreender como principal ação nesta 
atitude investigativa (Minayo, 2012). 
Para atender aos objetivos de nosso estudo realizamos uma pesquisa qualitativa e 
escolhemos o referencial da Hermenêutica Gadameriana, como guia teórico metodológico do 
percurso. A hermenêutica desenvolvida por Hans-Georg Gadamer, funda o trabalho de 
interpretação na intersubjetividade, sendo a linguagem o meio pelo qual se realiza a 
intersubjetividade e a busca de entendimento (Silva, 2006). Inspirada na Fenomenologia 
Heideggeriana, em sua ontologia do ser, rompe com a perspectiva filosófica essencialista do 
racionalismo cartesiano. Permite, assim, o aprofundamento na experiência ao evocar sentidos e 
significados dados pelos profissionais colaboradores da pesquisa acerca da experiência frente 
ao paciente em cuidados paliativos. 
É importante frisar que para esses pressupostos a linguagem é a fonte de acesso à 
intersubjetividade, e que eles advogam a superação da dicotomia sujeito-objeto (Silva, 2006). 
O caráter linguístico significa que a compreensão ocorre por meio da linguagem. Não é possível 
ocorrer experiência antes ou depois da linguagem, e sim dentro dela. Tanto para Gadamer, 
quanto para Heidegger, a linguagem é a revelação do mundo (Schmidt, 2017). Gadamer nos diz 
que “é literalmente mais correto dizer que a linguagem nos fala, em vez de que nós a falamos” 
(Gamader, 2002). Portanto, defendem a dialética entre pesquisado e pesquisador na busca de 
desvelar e desocultar o que nos discursos os sujeitos falam de si. 
3.1. Quadro Teórico 
 
 
3.1.1 A Hermenêutica 
A hermenêutica vem do grego e está ligada ao deus grego Hermes, que tinha a função 
de tornar acessível aos homens a mensagem divina e a quem era atribuído a origem da escrita 
31 
 
 
e da linguagem. Originariamente é definida como a arte de interpretação, desde a época de seu 
surgimento no século XVII (Brito, Santos, Braga, Printes, Chaves & Silva, 2007). 
Para compreender a escolha pela hermenêutica enquanto quadro teórico interpretativo, 
faz-se necessário explanar que a filosofia hermenêutica desenvolve-se a partir de uma reflexão 
metadiscursiva que funda a compreensão de realidades e obras humanas na sua linguisticidade. 
Nesse prisma de abordagem, a hermenêutica passa a ter uma tarefa crítica, não se restringindo, 
como acontecia em outras épocas, apenas a uma teoria ou metodologia de interpretação e 
compreensão do texto e da fala, cabendo-lhe determinar o verdadeiro sentido das ciências de 
espírito e a verdadeira amplitude do significado da linguagem (Brito et al., 2007). 
Para Hans-Georg Gadamer (2002), a hermenêutica tem como tarefa o esclarecimento do 
milagre da compreensão, descobrindo os sentidos das ações humanas. Parte do princípio de que 
todo conhecimento do mundo é mediado pela linguagem. Para ele, todo o ato de compreender 
significados, de entender-se com o outro a respeito de algo, colocando a compreensão como 
sustentação para expandir sua própria hermenêutica filosófica (Schmidt,2017). 
Nessa direção Minayo (2002) expõe que a hermenêutica se funda na arte da 
“compreensão” de “textos” e tem trazido valiosas contribuições nas pesquisas sociais ao 
estender-se a interpretação de discursos e ações. Esclarece, também, que o termo “texto” pode 
ser usado em sentido amplo. No caso desta proposta, será utilizado como discurso. O discurso 
e a fala permitirão o desvelamento da proposição, posto que o discurso humano, possibilita ao 
pesquisador não apenas a verdade, mas o conhecer também da aparência, do engano e da 
simulação. Buscam-se formas de comunicação para o que não é objetivável, sendo a linguagem 
uma delas. 
32 
 
 
A referia autora destaca também que o método hermenêutico se relaciona com o 
fenomenológico e o dialético, possibilitando o esclarecimento sobre as estruturas mais 
profundas desse mundo cotidiano, a medida que traz para o primeiro plano a compreensão do 
tratamento dos dados e das condições cotidianas da vida, possibilitando o esclarecimento sobre 
as estruturas mais profundas desse mundo cotidiano (Minayo, 2002). 
Sendo assim, considerando o homem como ser singular e único, sua compreensão 
consistirá na apreensão de sua totalidade, entendendo o homem como melhor interprete de si 
mesmo e que o fazer científico a partir da relação pesquisador-pesquisado se estabelece na 
procura dialética pela compreensão da questão que levou ao estranhamento inicial (as questões 
que impeliram à pesquisa), posto que para compreender, é primordial sentir-se interpelado, 
estando aberto para olhar o outro, entender-se com ele sobre sua verdade, o que só é possível a 
partir da suspensão de pré-conceitos, utilizando-se do jogo dialógico de pergunta-resposta. 
Neste prisma de abordagem, a compreensão se coloca como continuação de uma 
conversação já iniciada antes de nós e que nós assumimos e modificamos, através de novos 
achados de sentido, as perspectivas de significado que nos foram transmitidas. Ademais, é 
importante ressaltar que tal compreensão está relacionada ao espaço e tempo pelos limites dados 
a partir da historicidade humana (Gadamer, 2002). 
Portanto é preciso partir de uma compreensão histórica. Não é a partir de padrões e 
preconceitos humanos que iremos buscar a compreensão, mas sim a partir do horizonte do qual 
fala a tradição (Brito et al., 2007), posto que de acordo com Gadamer, para compreender é 
preciso estarmos “livres” desses preconceitos, nos colocando receptivos ao que vem até nós. 
Deve-se refletir a compreensão com a participação em um evento de tradição, e não com um 
33 
 
 
ato subjetivo. Configura-se como um processo de transmissão, em que passado e o presente são 
mediados constantemente (Gadamer, 2002). 
Temos assim outro conceito importante para a compreensão como entendida por 
Gadamer: a “fusão de horizontes”. Para ele, os horizontes dos sujeitos se fundem em busca da 
compreensão do discurso, que está além das palavras, ações e gestos, pois se constitui na relação 
entre eles (Gadamer, 2002). Este horizonte traz à tona tanto os limites momentâneos 
estabelecidos pelo horizonte quanto a ideia de que nosso horizonte se transforma enquanto nos 
movemos (Schmidt, 2017). 
É oportuno pontuar que o horizonte do interprete, da pesquisadora, não se coloca por 
meio estático, sendo assim capaz de se expandir para outros novos horizontes. Diante disso, “a 
compreensão sempre é a fusão destes horizontes que supostamente existem por si mesmos”, o 
que nos leva a entender que ao compreender um texto projetamos o horizonte do texto dentro 
do nosso próprio horizonte (Schmidt, 2017). 
Levanta-se a experiência hermenêutica, como o surgimento do novo, de maneira 
fundamental para o crescimento do ser enquanto participante de uma pluralidade cultural. Para 
se chegar a essa nova experiência, Gadamer afirma incessantemente que é necessário estar 
aberto para o novo, para a experiência, para a quebra de expectativa, pois o novo deixaria de 
sê-lo se não tivesse que se afirmar contra alguma coisa, estando esta pesquisa atenta a essa 
questão (Bonfim, 2010). Sendo assim, nessa pesquisa, por meio da hermenêutica se vislumbrará 
a possibilidade de compreender o lugar do luto para os profissionais de saúde que trabalham 
com cuidados paliativos, em busca do desvelar do vivido. 
34 
 
 
3.2 Estratégias Operacionais da Pesquisa 
 
3.2.1 Colaboradores do Estudo 
 
Contamos com a participação de 6 profissionais de saúde que trabalham com pacientes 
em cuidados paliativos próximos à morte, tentando contemplar todas as especialidades que 
compõe uma equipe multidisciplinar de CP, privilegiando as categorias que possuam uma 
atenção diária a esses pacientes, no intuito de ouvir as singularidades e as possíveis diferenças 
no lidar com a morte e com a possibilidade do enlutar-se. Os profissionais de saúde pertencem 
a equipes diferentes, sejam elas de instituições privadas ou públicas. O estudo aconteceu na 
cidade de Natal/RN. 
É oportuno destacar que, nos estudos qualitativos, a amostragem não obedece a critérios 
numéricos, mas à possibilidade de permitir aprofundamento e abrangência de compreensão de 
uma situação (Minayo, 2000). Teremos como critério, a disponibilidade dos profissionais em 
participar e trabalharem com pacientes em cuidados paliativos, buscando uma variação de 
tempo de atuação mais recente e mais prolongada. 
Os participantes são de ambos os sexos e idades variadas. Salienta-se também a 
importância da participação de diferentes profissões, posto que as diversas especialidades em 
saúde são demandadas pelos pacientes em processo de cuidado paliativo, pelo fato de apresentar 
desconforto relativo às dimensões do ser humano que são descritas como: dimensão física, 
emocional, social, familiar e espiritual (Melo & Caponero, 2009). Os critérios de inclusão foram 
atenderem pacientes em CP em processo de terminalidade (ou terem atendido), exercerem 
profissões que são colocadas pelos manuais de cuidados paliativos enquanto equipe paliativista, 
sendo todas elas de nível superior, como médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, 
nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, assistente espiritual e 
dentista e a disponibilidade deles em participar do estudo. 
35 
 
 
Nesse momento, é importante pontuar, que encontrar equipes de cuidados paliativos não 
é uma tarefa fácil visto que tais equipes ainda se encontram escassas e muitas vezes não são 
formalmente constituídas, muitos profissionais não são exclusivos de uma equipe paliativista. 
Isto posto, diante da rotina intensa e da sobrecarga dos profissionais que atuam nesta 
área, acrescido do fato de nenhum serviço de saúde da cidade em que a pesquisa foi realizada 
ter uma estruturação de equipe que contemple o que é colocado pelo manual dos cuidados 
paliativos que seria por médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, nutricionista, 
fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, assistente espiritual e dentista, não foi 
possível contemplar todo uma equipe de cuidados paliativos. Não encontramos dentista e 
assistente espiritual que trabalhem especificamente com pacientes paliativos na nossa cidade, 
são chamados apenas esporadicamente quando necessário ou a família solicita, no caso do 
capelão. Profissionais como nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta 
ocupacional encontramos apenas em uma unidade de cuidado. Se inserem na equipe de 
cuidados paliativos de uma instituição, mas suas rotinas de trabalho são divididas com os 
demais setores do hospital, não tendo um setor prioritário. Possuíam interesse em participar, 
contudo não possuíam disponibilidade de tempo. Diante disso, conseguimos e foram 
entrevistados: dois médicos, duas psicólogas, uma enfermeira e uma assistente social. 
Entende-se a importância dos técnicos de enfermagem, profissão que está em contato 
direto com os pacientes, abrindo espaço para um cenáriode afetação, dor e sofrimento 
também pela partida dos pacientes que estão cotidianamente acompanhando, e ainda nos 
indagamos a respeito de entrevista-los. Todavia, optou-se por restringir o estudo aos 
profissionais de saúde que são colocados como profissionais de compõe a equipe de cuidado 
do paliar, nos principais manuais de cuidados paliativos (ANCP, 2014). Deve-se, inclusive, 
refletir sobre a exclusão desses profissionais, enquanto agentes de cuidados, dentro da filosofia 
e dos manuais de cuidados paliativos. 
36 
 
O acesso a esses colaboradores de pesquisa foi facilitado pelo fato da pesquisadora e 
da sua orientadora conhecerem profissionais que trabalham em enfermarias de unidades de 
cuidados paliativos. Além disso, ambas fazem parte do LETHS/UFRN (Laboratório de Estudos 
em Tanatologia e Humanização das Práticas em Saúde) que atua oferecendo cursos e outras 
atividades de extensão abertas ou dirigidas aos profissionais que trabalham com o tema da 
morte, morrer, enlutamento e práticas humanizadas em saúde. 
A data e o local da entrevista foram acordados com os colaboradores, levando em 
consideração tanto a melhor opção para eles quanto o local onde fosse possível maior 
privacidade. 
 
 
3.2.2. Instrumentos de acesso às narrativas 
 
 
 
Foram realizadas entrevistas narrativas com o uso de cenas projetivas, bem como diário 
de campo. As participantes receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) 
assim como o Termo para Gravação de Voz para serem assinados. As entrevistas foram 
gravadas e posteriormente transcritas. 
 
 
3.2.2.1 A Entrevista Narrativa 
 
A entrevista é um dos mais importantes recursos que permitem captar os sistemas de 
valores e as interpretações que os indivíduos dão às experiências vivenciadas (Silva, 2006). 
Caracterizam-se como ferramentas não estruturadas, visando profundidade, de aspectos 
específicos (Jovchelovich & Bauer, 2002). No tocante as entrevistas narrativas, permitem ir 
além da mera transmissão de conteúdos ou informações, desejando a revelação da experiência, 
envolvendo assim aspectos primordiais tanto para o colaborador da pesquisa individualmente, 
como do contexto em que está inserido (Muylaert, 2014). 
37 
 
Minayo (2002) acerca da entrevista sublinha que a possibilidade da fala ser reveladora 
de condições estruturais, de sustento de valores, normas e símbolos é o que torna a entrevista 
um instrumento privilegiado de informação. Ademais, ressalta a sua capacidade de ter a magia 
de transportar, através de um porta-voz, as representações de grupos determinados em 
condições históricas, culturais, econômicas e sociais especificas. 
Para Minayo (2000), a entrevista pode ser entendida como uma conversa a dois, uma 
comunicação verbal que reforça a importância da linguagem e do significado da fala. Por meio 
dessa complexa “dialética de pergunta e resposta” realiza-se, de acordo com Gadamer, o 
compreender incessante com o qual vamos simultaneamente decifrando e instaurando nosso 
mundo (Ayres, 2005). 
Creswell (2014) acrescenta que há nas entrevistas narrativas a centralidade da característica 
colaborativa tendo em vista que a história do sujeito pesquisado emerge a partir da interação, 
troca e diálogo com o entrevistador. 
Na entrevista narrativa o entrevistado é convidado a falar livremente sobre um tema e as 
perguntas do investigador, quando são feitas, buscam dar mais profundidade às reflexões. A 
entrevista narrativa busca gerar uma situação, para estimular e encorajar o entrevistado a 
narrar a sua história de vida ou do contexto social (Jovchelovitch & Bauer, 2012). Nesse 
sentido, o colaborador da pesquisa nos conta sobre sua experiência, saindo do tom de informe, 
vislumbrando a oportunidade de pensar algo que não havia refletido (Dutra, 2002). 
Dessa forma, a entrevista narrativa teve como ponto inicial abordar o colaborador da 
pesquisa pedindo que narrasse sobre a experiência da perda de um paciente que o mesmo 
acompanhava em cuidados paliativos, com a maior riqueza de detalhes possíveis. Após isso, 
perguntas complementares foram feitas para se chegar aos objetivos da pesquisa e também para 
aprofundar pontos que já tenham sido abordados na fala da entrevistada, gerando maior 
38 
 
compreensão sobre o tema. 
 
Assim sendo, a entrevista narrativa rompe com a forma tradicional de entrevistas 
baseadas em perguntas e respostas, revelando-se como um instrumento importante para se 
construir investigações qualitativas. Dispõe de conhecimento científico compromissado com a 
apreensão fidedigna das narrações e a originalidade dos dados apresentados, tendo em vista a 
permissão no aprofundamento do dito, combinando histórias de vida a contextos sócio- culturais 
(Muylaert et al., 02014). 
 
 
3.2.2.2 O uso de cena projetiva 
 
 
 
De acordo com Spink (1993) a utilização combinada de mais de um recurso 
metodológico visa à compreensão em profundidade e a maior segurança na análise 
interpretativa. Isto posto, ao término de cada entrevista realizamos uma cena projetiva com os 
colaboradores de pesquisa. 
De acordo com Paiva (2005) as cenas são ferramentas para conscientização, invenção, 
ação e circulação de repertórios discursivos (e não-discursivos) de grupos e indivíduos, que 
podem resultar em mobilização individual e social. À vista disso, possibilitam uma 
ressignificação e elaboração simbólica de vivências que possam ter grande carga emocional. 
Contudo, esse estudo ancora-se, para o uso das cenas, no argumento de tratar-se de um 
instrumento que oferece “testemunho da experiência nas palavras do próprio sujeito, (...) sem 
grandes elaborações racionais” (Paiva, 2005, p.5), auxiliando, assim, a aproximação de temas 
delicados e difícil expressão (Minayo, 2008), que poderiam ter sidos impessoalizados durante 
as entrevistas. 
39 
 
3.2.2.3 Diário de Campo 
 
Iniciamos com Demo (2012) quando diz que “a comunicação humana é feita de 
sutilezas, não de grosserias”. Como o próprio nome diz, o diário de campo é um instrumento 
que o pesquisador recorre para realizar registros da sua observação e afetação ao longo do seu 
dia no campo de pesquisa frente ao fenômeno estudado. 
Para Minayo (2011) pode-se configurar como um “amigo silencioso”, de extrema 
relevância. É um espaço para angústias, questionamentos e reflexões que não são apreendidas 
através da utilização de outras técnicas. Nesse sentido, tendo em vista que esta presente pesquisa 
possui a hermenêutica como aporte teórico metodológico, o diário de campo assume 
centralidade na medida em que coloca o pesquisador como sujeito participativo e passivo de 
afetação e observação, dúvidas e inquietações que possa trazer caráter científico. 
De acordo com Oliveira (2014) ainda é recente o exercício do diário de campo, como 
possibilidade de instrumento de pesquisa. Contudo, sua presença enquanto instrumento de 
registro de informações pessoais, como diários confidenciais são anteriores a aplicação 
científica. Data-se que os diários surgiram no Japão e na Europa no século X, sendo utilizados 
inicialmente por sujeitos da elite da época. Com o desenvolvimento do uso da escrita, este 
40 
 
recurso foi sendo expandido, e assim por volta do século XVII, vários documentos foram sendo 
criados por cientistas, nobres, religiosos, arquitetos e outros (Alaszewski, 2006 citado em 
Zaccarelli & Godoy, 2010). 
Configura-se de maneira pessoal e intransferível, podendo se estender desde a primeira 
ida a campo até a fase final do estudo em questão. Minayo (2011) continua dissertando que 
“quanto mais rico for em anotações esse diário, maior será o auxílio que oferecerá à descrição 
e a análise de dados do objeto estudado” (p.64). 
Macedo (2010) coloca o diário de campo como instrumento reflexivo para o 
pesquisador. Demo (2012) corrobora com tal ideia quando explana que a pesquisa qualitativa 
possui atenção na observação daquilo que é dito e daquiloque também não é dito. A expressão 
daquele que deixou de falar, a pausa na voz, o movimento diferenciado a partir de alguma 
circunstância específica, podem carregar, algumas vezes, alguns sentidos mais apropriados do 
que muitas falas. Assim, aquilo que ouvimos, vimos, sentimos e experienciamos no trabalho 
podem ser registrados (Oliveira, 2014). 
 
 
3.2.3 Tratamento e compreensão das narrativas 
 
 
 
Em relação ao tratamento e compreensão das narrativas, faz-se oportuno frisar que a 
compreensão assume uma centralidade nesta atitude investigativa, devendo-se considerar, à luz 
da hermenêutica, aspectos como a autonomia do discurso, o cuidado com a interpretação para 
que não seja um pressuposto, o reconhecimento dos preconceitos, inovação, criatividade e 
conhecimento acerca do tema estudado (Câmara, 2011). 
E a partir do supracitado, prendemo-nos a relação entre o familiar, nossa tradição, e aquilo 
se apresenta com estranheza no texto. Essa estranheza suscita que o interprete reflita e 
41 
 
questione o que era, comumente, aceito sem perguntas. Quando as possibilidades conflitantes 
emergem, a compreensão encontra espaço para seguir. Neste ponto, podemos nos indagar se 
interpretar não seria reconstruir o texto através da temporalidade. Contudo, avança. Desenvolve- 
se no descobrimento do que o texto tem a nos dizer, sendo um diálogo sobre um tópico onde a 
finalidade é chegar a um acordo sobre este tópico (Schmidt, 2017). 
Desse modo, o processo de interpretação, por sua vez, obedecerá à regra hermenêutica 
segundo o qual devemos compreender o todo a partir da parte e parte com base no todo, 
almejando a partir de leituras a ampliação da unidade de sentido pela concordância de todas as 
partes singulares com a totalidade compreensiva. No dizer de Gadamer (2002), a tarefa é a 
ampliação em círculos concêntricos à unidade do sentido compreendido. Silva (2006) destaca 
que, na tradição hermenêutica, essa circularidade não é vista como um círculo vicioso, mas 
muito mais como um círculo frutífero, uma espiral; o que implica na possibilidade de um 
aprofundamento e um entendimento do significado contínuo. 
Assim, após as entrevistas foram realizadas as transcrições das gravações, leitura 
compreensiva exaustiva do material, organização dos relatos, confronto entre o conteúdo dos 
objetivos e questões teóricas discutidas no estudo e agrupamento dos discursos obtidos 
mediante análise das entrevistas, possibilitando a construção de categorias temáticas. É 
importante frisar que as entrevistas serão gravadas a partir da autorização dos profissionais 
participantes da pesquisa. 
Assim, os seguintes caminhos foram trilhados na compreensão das narrativas: 
 
(a) leitura compreensiva, visando impregnação, visão de conjunto e apreensão das 
particularidades do material da pesquisa; 
(b) identificação e recorte temático que emergem dos depoimentos; 
 
(c) identificação e problematização das ideias explícitas e implícitas nos depoimentos; 
42 
 
 
(d) busca de sentidos mais amplos (sócio-político-culturais), subjacentes às falas dos sujeitos 
da pesquisa; 
(e) diálogo entre as ideias problematizadas, informações provenientes de outros estudos 
acerca do assunto e o referencial teórico do estudo; 
(f) elaboração de síntese interpretativa, procurando articular objetivo do estudo, base teórica 
adotada e dados empíricos (Câmara, 2011). 
3.2.2.1 A construção de categorias temáticas 
 
Apresentamos neste momento uma síntese ilustrativa dos resultados obtidos no processo 
de construção das categorias (ou eixos temáticos). Essas categorias foram compostas a partir 
narrativas provocadas por meio da entrevista narrativa e do uso das cenas. 
Tabela 1. Construção das categorias temáticas. 
 
Objetivos 
específicos 
Questões do roteiro Unidades de 
sentido 
Categorias ou 
Eixos temáticos 
Estrutura dos 
capítulos 
Identificar as 
concepções 
dos 
profissionais 
sobre 
cuidados 
paliativos; 
O que você entende por 
cuidados paliativos? 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Muito a 
fazer/trabalho 
- Pode cuidar 
- Desinteresse de 
outros 
profissionais 
 
- Dor Físico 
- Dor Emocional 
- Dor espiritual 
- Dor social 
 
- Acolher 
 
 
 
 
 
 
 
 
Entendimento 
dos 
profissionais de 
saúde sobre 
cuidados 
paliativos 
 
 
Atenção ao 
cuidar de todas 
as esferas 
4. CUIDADOS 
PALIATIVOS: A 
QUE SE 
DESTINA? 
4.1 Breve passeio 
pela história dos 
Cuidados Paliativos 
4.1.1 A travessia dos 
Cuidados Paliativos 
no Brasil 
 
4.2 As concepções dos 
profissionais sobre 
cuidados Paliativos 
 
4.2.1 Cuidado 
paliativos: não é que 
não tem mais jeito 
 
 
4.2.2 Cuidados 
Paliativos: o 
43 
 
 
 
 - Confortar 
- Cuidar da vida 
 
- Acolhimento da 
família 
 
 
 
- Critérios 
-A aproximação 
do fim 
 
- A escuta 
-Individualização 
do adoecimento 
- Concessões 
Confortar 
Qualidade de 
vida ao paciente 
Cuidar da 
família 
 
 
A entrada na 
paliação 
 
 
As realizações 
dos desejos 
Boa morte 
Cuidado Integral 
 
 
4.2.2.1 Do Conforto 
e Qualidade de Vida 
 
 
4.2.2.2 O Cuidado à 
Família 
 
 
4.2.3 Cuidar 
paliativamente 
diante da 
terminalidade 
4.2.3.1 Quanto 
torna-se paliativo 
exclusivo 
 
4.2.3.2 O tempo que 
resta: os desejos de 
fim de vida 
Identificar o 
papel dos 
profissionais 
de CP no 
enfrentamento 
do processo 
de morte de 
um paciente; 
Como você escolheu 
trabalhar com 
Cuidados Paliativos e o 
que mais o motiva? 
 
E qual o papel do 
profissional de CP 
diante de um paciente 
que está na iminência de 
morte? 
Qualidade de 
Morte 
-Porto-seguro 
-Tematizar a 
morte 
- Ampliar o fazer 
-Facilitar o luto 
-Seguir a rotina 
após a morte de 
um paciente 
Papeis dos 
Profissionais 
 
4.3. O Papel do 
Profissional 
Paliativista no 
cuidado do Processo 
de Morte 
Identificar, a 
existência, ou 
não, de 
teorias e 
orientações 
recebidas 
pelos 
profissionais 
para atuarem 
em cuidados 
paliativos, 
morte e luto 
Você se sente 
preparado para 
trabalhar com CP, na 
iminência da morte? 
Como se preparou/se 
capacitou? O que 
considera mais difícil? 
Em que sua formação 
ajudou? 
 
 
E sobre o luto (do 
paciente, da família e o 
seu?) você teve alguma 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Ausência da 
educação para a 
morte 
-Treinados para 
curar 
-Busca por 
capacitações 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Formação 
curativista 
Busca 
individual por 
5. 
PROFISSIONAIS 
DE CUIDADOS 
PALIATIVOS DE 
FRENTE PARA O 
FIM: A 
FORMAÇÃO, OS 
SIGNIFICADOS E 
O CUIDAR 
 
5.1 Os profissionais 
de saúde e a morte: 
da Era da Morte 
Domada aos dias de 
hoje 
44 
 
 
 
 formação? Qual? 
 
Quais as atitudes e 
habilidades, que você 
acha que um 
profissional precisa 
desenvolver para 
trabalhar com 
Cuidados Paliativos? 
 
-Gostar de gente 
-Empatia 
-Solidariedade 
-Saber ouvir 
-Conhecimento 
científico 
-Tempo 
-Autocuidado 
formação 
 
 
 
 
Habilidades 
necessárias 
5.2 O horizonte 
formativo 
 
 
5.2.1 Tem que ter 
técnica e precisa 
gostar de gente: 
habilidades do fazer 
paliativo 
Conhecer o 
significado da 
morte para 
eles e o 
significado da 
morte na 
prática 
profissional 
MORTE DE UM 
PACIENTE quais as 
primeiras palavras que 
vêm à sua cabeça? Diga 
pelo menos 5. Agora 
escolha uma mais 
representativa/ por que 
escolheu esta? 
 
 
 
 
-Passagem 
-Fim de um ciclo 
-Punição 
 
 
 
Religião 
Morte como 
transição 
5.3 O Fim e seus 
significados para os 
profissionais de CP 
5.3.1. Significados 
sobre a morte 
5.3.1.1 Morte não é 
o fim, é transição 
 
5.3.1.2 Morte como 
fim 
 
 
5.3.2 Significados 
sobre a morte de um 
paciente 
 
5.3.2.1 Dar conforto: 
O Alívio do 
sofrimento 
 
5.3.2.2 O dever 
cumprido e a 
ressignificação da 
vida 
-Final biológico 
-Parte da vida 
 
Fim de tudo 
 
 
-Conforto 
-Alívio-Descanso 
-Sofrimento 
 
Conforto e 
Alívio para 
paciente e 
família 
 
-Cuidar até o fim 
-Missão 
cumprida 
-Transformação 
Missão 
cumprida 
Iluminar à vida 
Investigar a 
vivência no 
lidar com a 
morte de um 
paciente 
Como você lida com a 
morte dos pacientes 
que você estava 
acompanhando em 
Cuidados Paliativos 
 
-Voltar no outro 
dia e não ver 
mais o paciente 
- A morte 
 
 
 
Impacto da 
surpresa 
5.3.3 De frente 
para o fim: a 
experiência 
de perder um 
paciente 
45 
 
 
 
 (CP)? 
 
 
Como foi a experiência 
de acompanhar a morte 
do seu primeiro 
paciente? 
 
 
 
 
Para você quais as 
dificuldades 
encontradas para 
trabalhar em cuidados 
paliativos em especial 
diante da morte? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fale um pouco como se 
sente cuidando de 
alguém que está 
morrendo? 
pegando de 
surpresa 
 
-Insegurança 
--Evitar a morte 
-Treinamento 
-Confortar o 
paciente 
 
-Família 
-Desconstrução 
de intervenções 
--Comunicação 
-Sofrimento da 
Família 
 
-Até onde 
intervir 
-Encaminhar 
cedo ou tarde 
demais 
- A equipe não 
sabe o que é 
paliar 
 
-Necessidade de 
mais tempo 
 
-Satisfação 
-Bem querer 
-Privilégio 
-Descobrir 
formas de 
cuidado 
- Satisfação 
 
-Tristeza 
-Lamento 
-Adeus aos 
sorrisos 
-Equipe 
envolvida 
-Negação do 
sentir 
 
Sentimentos das 
primeiras perdas 
Mudança no 
foco do cuidado 
atualmente 
 
 
Dificuldades 
Falta de 
informação 
Empatia 
 
 
Hora de 
encaminhar 
Estigma dos 
profissionais 
sobre o paliar 
 
 
Os desafios da 
falta de tempo 
 
 
 
 
Sentido do o 
que ainda pode 
ser feito 
 
 
A tristeza 
A dificuldade 
em entrar em 
contato com os 
sentimentos 
paliativo 
 
5.3.3.1 O espanto 
diante da morte 
 
5.3.3.2 Das 
primeiras perdas: As 
mudanças no lidar 
com a morte 
 
 
 
 
 
5.3.3.3 O cuidado 
com a família: das 
dificuldades de 
comunicação à 
empatia 
 
 
 
 
5.3.3.4 A equipe 
 
 
 
 
5.3.3.5 O tempo 
para cuidar 
 
5.3.3.6 A satisfação 
no encontro com a 
potência do cuidar 
 
5.3.3.7 E o pesar ? 
46 
 
 
 
Conhecer a 
concepção e 
significado do 
luto; 
O que você entende 
como luto? Quais as 
características/sintomas 
de que uma pessoa está 
vivenciando um luto? 
 
 
-Ruptura de 
vínculo 
-Momento 
depois de perder 
algo 
-Perda 
-Impacto da 
perda 
 
 
 
 
Processo diante 
de perdas 
6. POR TRÁS DO 
JALECO, EXISTE 
UM LUTO? 
6.1 Um passeio 
sobre os Estudos do 
luto 
 
6.2 O Luto à Luz 
dos Nossos Poetas 
 
-Negação 
-Barganha 
-Choro 
-Angústia 
-Saudade 
-Alterações no 
humor 
-Perda de apetite 
-Insônia 
- Falta de energia 
-Resistência em 
continuar a vida 
 
Fases do Luto 
 
 
Sentimentos 
 
 
Sintomas físicos 
Luto 
complicado 
 
 
6.2.1 Características 
do enlutamento 
Identificar a “Construa uma cena 
onde um profissional de 
saúde está 
acompanhando um 
paciente em cuidados 
paliativos que ele gosta 
muito, que possui um 
excelente vínculo, onde 
convivem há muito 
tempo, e ele acaba de 
morrer.” 
 
 
Como você se sente 
depois da morte de um 
paciente que você 
estava cuidando? 
 
 
 
 
 
Houve alguma perda 
 
 
 
 
 
 
-Sentimento de 
perda 
-Ruptura de 
vínculo 
-Dificuldade 
para dormir 
-Sofrimento 
-Tristeza 
-Lembranças 
recorrentes 
 
-Sentir a perda 
dela acontecer 
-Sentir que está 
perto de partir 
-Preparação 
 6.3 O Enlutar-se 
existência, ou 
 
não, da 
 
6.3.1 O lugar do 
Luto na experiência 
de Perda de Nossos 
Poetas 
vivência do 
processo de 
 
luto, por parte 
Vivência de luto 
Reconhecimento 
6.3.1.1 Luto 
reconhecido e 
vivenciado 
dos 
profissionais, 
 
6.3.1.2 O luto 
e suas formas 
 
de 
Vivência da 
perda antes da 
morte 
antecipatório: a dor 
que começa antes do 
enfrentamento 
fim 
 
Negação da 
 
47 
 
 
 
 marcante na sua prática 
que te faz pensar que 
você esteve enlutada 
por um paciente? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Você acha que existe 
espaço para essa 
vivência desses 
sentimentos no seu 
ambiente de trabalho? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que você fez para 
lidar com esse 
sentimento? Como você 
age? conversa com 
alguém? Tem algum 
ritual religioso ou 
espiritualista? 
 
 
 
 
 
 
Como foi retornar para 
o seu ambiente de 
-Pouca 
permissão para 
sentir 
-Luto não 
-Não passa de 
um dia o sentir 
-Tristeza 
-Insônia 
-Lembranças 
-Choro 
 
 
-Sofrimento que 
não é percebido 
-Se externa, não 
é bem acolhido 
-Falta de espaço 
na instituição 
-Viver a dor 
calado 
-Quem pode 
sofrer é paciente 
e família 
 
 
-Fim do 
sofrimento do 
paciente 
-Alívio diante da 
morte 
-Triste pela 
perda, mas pensa 
que terminou 
-Minimização da 
tristeza 
 
-Vida que segue 
-Foco no 
próximo paciente 
-Policiar para 
não desestruturar 
 
 
 
 
-Alívio ao ir até 
aonde é possível 
-Fazer o que 
vivência do luto 
 
 
Reações de 
enlutamento 
 
 
 
 
 
Solidão do 
sentir 
Não autorização 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Significados da 
dor da partida 
Foco no alívio 
Racionalização 
da dor 
 
 
Seguindo a 
rotina driblando 
a dor 
 
 
 
 
 
 
 
Dor 
ressignificada 
na esperança no 
 
 
6.3.1.3 Luto não 
reconhecido com 
pistas de vivenciado 
 
 
 
 
 
 
 
6.3.1.4 Cada um no 
seu canto chora seu 
pranto: o luto não 
autorizado 
 
 
 
 
6.4 Lutando para 
não enlutar: modos 
de lidar 
 
6.4.1 A 
 
racionalização da dor 
diante do alívio do 
sofrimento 
 
 
 
6.4.2 Seguir a rotina 
do trabalho após a 
48 
 
 
 
 trabalho após uma 
perda significativa? 
cabe ao 
profissional 
-Deve cumprido 
-Sofrimento 
reduzido 
cumprimento da 
função. 
morte diante da não 
autorização de sua 
dor 
 
-Pensar antes de 
dormir e rezar 
-Orar para que 
fique bem 
-Ler a bíblia 
- Ir à igreja 
Práticas 
religiosas 
 
 
 
Esporte 
 
6.4.3 A 
ressignificação da 
dor diante do dever 
 cumprido 
 
E o que você fez para 
lidar com essas perdas? 
- Exercícios 
Físicos Terapia. 
 
 
O que você acha que te 
ajuda a lidar com o 
luto? 
- Levar as 
questões do à 
psicoterapia 
pessoal 
 
6.4.4 Aliados 
pessoais e o 
autocuidado 
 
 
Cuidado com o 
cuidador 
Humanização 
Distanciamento 
 
 
Luto e cuidado 
humanizado 
 
6.5 Os profissionais 
de CP e as 
implicações para o 
cuidado humanizado 
 
 
 
3.2.4. Análise de Riscos e Medidas de Proteção 
 
 
 
Diante da delicada relação dos profissionais de saúde com a morte e o luto, a 
pesquisadora relatou para os calaboradores, caso durante a operacionalização metodológica 
alguma mobilização emocional ocorresse, garantiria o encaminhamento para um serviço de 
psicologia. Faz-se importante frisar que a pesquisadora também é psicóloga clínica, possuindo 
49 
 
 
especialização em psicologia clínica fenomenológico-existencial, possibilitando que ela 
mesma oferecesse, de maneira gratuita. Contudo, não foi necessário. 
 
 
3.2.5 Aspectos Éticos 
 
 
 
Foram tomadas as precauções necessárias para garantir e respeitar os direitos e a 
liberdade dos sujeitos pesquisados. Nesse ínterim, os colaboradores foram informados sobre os 
objetivos e o desenvolvimento da pesquisa, dando a elas a escolha em participar da pesquisa, 
garantindo-lhes, ainda, o direito de, após consentirem em participar, se retirar da pesquisa a 
qualquer momento. Foi respeitado o tempo necessário à reflexão individual, havendo garantia 
do anonimato das informações e depoimentos dos indivíduos. Firmamos o compromisso de 
seguir as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos do 
Conselho Nacional de Saúde (2012) em todos os seus aspectos e garantimos, 
incondicionalmente, a publicação dos resultados e o uso exclusivo para finalidade desta 
pesquisa. 
O

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