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Direito Civil - Disposições Gerais – Prescrição

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Direito Civil 
Disposições Gerais – Prescrição
Professor Fidel Ribeiro
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Direito Civil 
NOÇÕES GERAIS SOBRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
O decurso de tempo é fato natural capaz de criar ou extinguir direitos. 
A aquisição de direitos pelo tempo expressa-se na Lei através do usucapião, conhecida em ou-
tros países e por parte da nossa doutrina como “prescrição aquisitiva”.
Em concursos públicos, mais frequente a cobrança de questões sobre a influência do tempo 
na extinção de direitos. A perda de direitos através do decurso de tempo expressa-se de duas 
maneiras, prescrição e decadência, que vêm atender ao famoso e histórico brocardo jurídico:
Dormientibus Non Sucurrit Ius “O direito não socorre aos que dormem”. 
Antigamente, parte da doutrina, de modo um tanto quanto equivocado, diferenciava prescri-
ção e decadência da seguinte forma:
 • prescrição: extingue o direito de ação (conceito equivocado)
 • decadência: extingue o direito.
A diferenciação antes proposta encontra-se notadamente equivocada. Pois, não extingue-se 
o direito de ação. Afinal, direito de ação trata-se do direito de ir ao Poder Judiciário, requerer 
algo. Justamente, o que é garantido pela Constituição Federal, a partir do princípio da inafasta-
bilidade da jurisdição. A bem da verdade, a prescrição põe fim à pretensão.
Conceito moderno de prescrição:
Prescrição é a perda do direito de reparação do direito violado em virtude da inércia de seu 
titular. 
Prescrição não extingue o direito de ação e sim a EXTINGUE A PRETENSÃO, que é o direito de 
exigir de outro o cumprimento de algum dever jurídico. 
Exemplo: Na condição de advogado, firmei um contrato de honorários com um cliente no valor 
de dez mil reais, que seria pago na data “X”. Chegando na data pactuada, inocorrendo paga-
mento, surge o meu direito de cobrar em juízo. Isto é, exercer a “pretensão”. De acordo com 
o Código Civil, o prazo para cobrança de honorários de profissionais liberais é de cinco anos. 
Durante este período, posso exercer meu direito de reparação, através da pretensão, mediante 
ação judicial. Após os cinco anos, extingue-se a pretensão. O devedor segue sendo devedor. 
Porém, não mais conseguirei exigir em juízo o pagamento. 
→ a prescrição sempre deriva da Lei
→ não há “prescrição convencional”, apenas legal
 
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→ o nascimento da pretensão dá-se a partir da violação de um direito
→ a prescrição comporta renúncia, suspensão e interrupção
A doutrina afirma que a prescrição possui três requisitos:
 • violação do direito (quando nasce a pretensão)
 • inércia do titular
 • decurso do prazo previsto em Lei
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE:
Chama-se de prescrição intercorrente o fato de o autor de uma ação, já iniciada, permanecer-se 
inerte de forma contínua pelo prazo do tempo que seria suficiente para a perda da pretensão. 
Por muito tempo discutiu-se se a prescrição intercorrente seria ou não aplicável no Direito 
Civil. Com o Código de Processo Civil de 2015, restou literalmente prevista a possibilidade da 
prescrição dar-se de modo intercorrente, isto é, no decorrer do processo. Conforme o CPC:
Art. 921. Suspende-se a execução:
(...)
III – quando o executado não possuir bens penhoráveis
(...)
§ 1º Na hipótese do inciso III, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de 1 (um) ano, durante o 
qual se suspenderá a prescrição.
§ 2º Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano sem que seja localizado o executado ou que 
sejam encontrados bens penhoráveis, o juiz ordenará o arquivamento dos autos.
§ 3º Os autos serão desarquivados para prosseguimento da execução se a qualquer tempo 
forem encontrados bens penhoráveis.
§ 4º Decorrido o prazo de que trata o § 1º sem manifestação do exequente, começa a correr o 
prazo de prescrição intercorrente.
§ 5º O juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, 
reconhecer a prescrição de que trata o § 4º e extinguir o processo.
PRETENSÕES IMPRESCRITÍVEIS
Há pretensões que pela sua natureza não comportam prescrição. O exemplo mais tradicional é 
quanto ao direito ao estado de filiação. Embora possa-se requerer o reconhecimento do estado 
de filiação, com a consequente declaração de paternidade, os efeitos patrimoniais decorrentes 
prescrevem. 
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RELAÇÃO ENTRE PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA COM DIREITOS SUBJETIVOS 
E DIREITOS POTESTATIVOS
Conforme Agnelo Amorim Filho(“Critério Científico Para Distinguir Prescrição e Decadência), a 
diferenciação entre os dois institutos pode dar-se com base nos direitos a eles vinculados. 
Direitos Subjetivos: conferem ao titular a prerrogativa de exigir de alguém um comportamento. 
→ direitos subjetivos podem ser violados
Ex: “crédito”. Pode ser violado? Sim. A partir da violação, surge a pretensão, isto é, a possibilidade 
de exigir-se do devedor a sua satisfação. 
Direitos Potestativos: conferem ao titular o poder de produzir efeitos pela sua simples 
manifestação de vontade. 
→ direitos potestativos não podem ser violados, pois somente dependem do próprio titular do 
direito. 
Ex: “vício do produto”. A lei (Código de Defesa do Consumidor) prevê um prazo de 30 dias para 
reclamar dos vícios dos produtos(não duráveis) ou 90 dias (bens de consumo durável). Tal 
direito de reclamar pode ser violado por outro? Não, pois depende apenas do consumidor fazer 
a reclamação. 
O prazo referente à pretensão de exigir de alguém um comportamento relacionado a direito 
subjetivo é prescricional.
O prazo referente à possibilidade do detentor do direito realizar determinado ato relacionado a 
direito potestativo é decadencial. 
TÍTULO IV
Da Prescrição e da Decadência
CAPÍTULO I
DA PRESCRIÇÃO
Seção I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos 
prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo 
de terceiro, depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos 
do interessado, incompatíveis com a prescrição.
 
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→ o Direito Civil Brasileiro proíbe renúncia antecipada à prescrição. O direito de renúncia à 
prescrição somente pode ocorrer após esta concretizar-se. Isto é, somente pode-se renunciar à 
prescrição depois dela efetivamente ocorrer. 
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
→ qualquer grau de jurisdição: leia-se, instâncias ordinárias. Nas instâncias extraordinárias 
podem ser alegadas apenas em caso de terem sido discutidas nas instâncias ordinárias. 
Art. 194. O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer a 
absolutamente incapaz. (Revogado pela Lei nº 11.280, de 2006)
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou 
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor.

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