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Estudos Bíblicos: Sinóticos e Escritos Joaninos Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Valter Luiz Lara Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Evangelho Segundo João • Introdução; • Autoria; • Data e Local de Composição; • Contexto Histórico e Social; • Objetivo, Conteúdo e Estrutura Literária; • Jesus no Evangelho Joanino; • Fé e Eclesiologia no Evangelho Joanino; • Conclusão. · Capacitar o aluno a desenvolver leitura crítica e contextualizada do Evangelho segundo João (EJo), oferecendo informações básicas sobre os conflitos internos e externos que marcaram a história social e religiosa da comunidade que está por detrás de sua redação. · Proporcionar ao aluno aspectos do texto como os objetivos, estrutura literária e a organização temática com alguns dos principais temas que deram origem ao Escrito desse Evangelho, apresentando-o como resposta aos problemas e conflitos vividos pela comunidade de fé que ele representa. OBJETIVO DE APRENDIZADO Evangelho Segundo João Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Evangelho Segundo João Contextualização A história da humanidade infelizmente é marcada por conflitos, guerras e violências de todo tipo. As razões religiosas estão presentes e algumas vezes, se não são a causa dos conflitos, colaboram muito para potencializar ou oferecer as motivações para torná-los ainda mais violentos. Leia abaixo, em itálico, um trecho de uma reflexão repleta de informações a esse respeito que foi postada em 05/03/2008 no Portal Portas Abertas – servindo cristãos perseguidos, cujo título é: “Entenda os principais conflitos religiosos do Mundo”. Atualmente, vários países vivem intensos conflitos religiosos. No Iraque, ataques suicidas de homens-bombas motivados por princípios do fundamentalismo islâmico. Outro exemplo é a Nigéria, que em 2006 teve um confronto entre cristãos e mulçumanos que resultou na morte de 150 pessoas em apenas uma semana. Mas não é de hoje que este problema assola o mundo. As Cruzadas, por exemplo, aconteceram do século 6 ao 8 e tinham como objetivo impor o cristianismo na Terra Santa (Palestina). Conflitos e tensões Uma das acusações mais comuns feitas às religiões é que elas causam mais violência do que paz. Por essa ótica, o mundo seria um lugar melhor sem elas e suas rixas. Há alguma verdade nisso. As divisões religiosas atravessam continentes, épocas e ainda hoje influenciam a política, a economia e as comunidades. Debates históricos, guerras, lutas e disputas internas criaram os mapas contemporâneos do mundo e o fizeram de modo que poucos se deram conta. Por exemplo, a União Europeia, “cristã”, surgiu da vivência das invasões muçulmanas nos séculos 14-17 e da ocupação de parte da Europa oriental pelo islã até o século 20. Os violentos conflitos no Iraque têm suas raízes na dissidência entre muçulmanos sunitas e xiitas, no século 7, e lutas no Sudão, Etiópia e Nigéria remontam em certas áreas ao século 10. Perseguição sem precedentes A violência, contudo, não vem apenas do lado da religião. Nos últimos 100 anos, as principais religiões foram mais perseguidas do que em qualquer outro período histórico. E, na maioria dos casos, trata-se não de religião perseguindo religião, mas de ideologia perseguindo religião. Isso abrange desde as investidas da revolução socialista de 1924 no México contra o poder, as terras e, por fim, o clero e os edifícios da Igreja Católica até as agressões aos bahaístas no Irã, a partir da década de 1970, passando pela repressão a todas as religiões na URSS, pelo extermínio dos judeus no nazismo e pela agressão maciça a toda religiosidade na China da Revolução Cultural. 8 9 Infelizmente, as zonas de tensão se mantêm: na medida em que as religiões se recuperam da perseguição, alguns reiniciam suas próprias perseguições. Entretanto, o tempo e a vivência dos últimos 100 anos, mais o impacto dos movimentos ecumênicos e multiconfessionais, começaram a mudar muitos grupos religiosos, e, nesses casos, as velhas divisões e inimizades foram se desvanecendo. Divisões históricas, várias delas com séculos de existência, criadas por diferenças na crença e na prática religiosa, estão na origem de muitas das tensões e conflitos atuais. Leia mais: https://goo.gl/LBBjcv Ex pl or A leitura do EJo proposta nessa Unidade não ignora essa realidade de disputa religiosa. Fique atento ao que foi apresentado como contexto conflituoso que faz gerar o texto joanino. Observe os diferentes grupos, tanto internos quanto externos que estão em oposição e fazem parte das polêmicas encontradas no Evangelho e, muitas delas projetadas para o tempo de Jesus. O episódio da cura do cego de nascença (Jo 9) deixa claro essa projeção. O conflito com os judeus, muito marcante no EJo precisa ser visto na ótica do contexto restrito da expulsão de cristãos joaninos da sinagoga no último quarto do século primeiro. Essa briga histórica, embora presente no Evangelho, de maneira alguma pode ser transferida automaticamente para os nossos dias. É preciso fazer uma leitura crítica que respeite a escritura e a ótica do evangelista desde a defesa de sua comunidade perseguida pela sinagoga daquele tempo (Jo 16,2), mas não se pode usar o conflito do passado para legitimar diferenças religiosas que precisam ser respeitadas. Caso contrário, corre-se o risco de comprometer o diálogo inter- religioso tão necessário para superar a violência religiosa como testemunho para um mundo de paz tão sonhado por todos. A Tradução Ecumênica da Bíblia, neste sentido, deu um exemplo ousado: traduziu a palavra grega “Ioudaios” (“judeus” em português) por “autoridades judaicas” e assim ofereceu a oportunidade do leitor fazer justiça ao que de fato aconteceu quando o EJo se refere a conflitos de Jesus com grupos judaicos de seu tempo. Afinal de contas, Jesus e o grupo de seus discípulos eram, na Palestina de seu tempo, todos judeus. Agora é com você. Leia todo o material da Unidade e faça o seu próprio discernimento sobre como se deve ler o Quarto Evangelho, se na linha da tensão proselitista contra outras confissões religiosas ou na afirmação da fé em Jesus como aquele que traz vida e vidaplena para todos (Jo 10,10)? 9 UNIDADE Evangelho Segundo João Introdução O Evangelho segundo João1 é um evangelho com características bem diferentes dos evangelhos sinóticos (Mt, Mc e Lc). Ele traz uma visão sobre Jesus que os autores costumam chamar de “alta cristologia”. Trata-se de uma expressão para distinguir o que eles chamam de “baixa cristologia” dos evangelhos sinóticos. “Alta” e “baixa” são referências ao grau de aproximação e identificação de Jesus com o Pai, isto é, um modo de tratar Jesus privilegiando ora a sua divindade (alta cristologia – no EJo), ora a sua humanidade (baixa cristologia – evangelhos sinóticos). Ao título de Messias, o EJo acrescenta muito mais a Jesus. Ele é “o caminho, a verdade e a vida” e por ele “se chega ao Pai” (Jo 14,6). Em João a identidade de Jesus em relação ao Pai é toda singular: quem o vê, vê o Pai (Jo 14,9). O prólogo do Evangelho desde o início confessa Jesus como “logos2 de Deus preexistente” (Jo 1,1-3), aquele que se encarna e vem fazer morada no meio da humanidade (Jo 1,14). Tudo isso que é proclamado no EJo transformou-se no fundamento da cristologia, isto é, no modo como a maioria das igrejas cristãs, sejam evangélicas ou católicas confessam Jesus: segunda pessoa da Santíssima Trindade. Na teologia cristã (com exceção para algumas igrejas como As Testemunhas de Jeová), a Trindade representa a identidade de um só e único Deus em três distintas pessoas: o Deus Pai, o Deus Filho Jesus Cristo e o Deus Espírito Santo. É o que se afirma como o mistério do Deus trino e uno ao mesmo tempo, o que supõe o outro mistério em Jesus: única pessoa e duas naturezas, a humana e divina, o homem-deus. É no EJo que esses mistérios estão melhor demonstrados ou pelo menos sugeridos com maior ênfase do que nos outros três evangelhos. Outra coisa importante que se pode inferir do EJo é o quanto ele permite, ao estudioso interessado no contexto de sua escritura, conhecer melhor as origens cristãs e o desenvolvimento de sua identidade distinta no confronto com a sinagoga dos judeus e no conflito com outras tendências do cristianismo confessado por outras igrejas irmãs seguidoras do homem de Nazaré. Os escritos joaninos (o EJo e as Cartas de João) são fontes imprescindíveis para compreensão de uma boa parte da história das comunidades primitivas. Eles fazem alusão a conflitos fundamentais vividos por comunidades que buscavam afirmar identidades próprias com matizes diferentes dentro do movimento mais amplo daqueles que se consideravam discípulos de Jesus. 1 Nessa Unidade será adotado a sigla “EJo” para Evangelho Segundo João, “Jo” para a citação e “João” quando a referência for o evangelista. 2 Logos, na língua grega significa verbo, palavra, discurso inteligível ou razão como fundamento do mundo. É uma palavra que pode expressar a sabedoria divina como identidade própria de Deus, ou o Deus mesmo na cultura judaica veterotestamentária. O livro de provérbios assim define a sabedoria de Deus: como realidade preexistente a toda obra criada (Pr 8, 23-31). 10 11 Nessa unidade, além dos tópicos que esclarecem as informações sobre autoria, data, local de composição e outros temas importantes presentes no EJo, você terá ainda uma descrição mais longa da eclesiologia joanina, isto é, um panorama das características que marcaram a comunidade que ele representa. Por isso, o contexto histórico, social e religioso do texto deverá ter um espaço privilegiado nessa unidade de estudos sobre o EJo. Fique atento e procure estabelecer em sua leitura uma sintonia entre o texto do evangelho e as novas informações sobre o seu contexto. Autoria A tradição, desde Irineu (ano 180), definiu João, o filho de Zebedeu, como o autor do quarto evangelho. O fato é que não há nada no texto que autorize em definitivo essa autoria. Podemos afirmar apenas que há um testemunho ocular que serve como fundamento do relato escrito (19,35; 21,24). Dessa maneira podemos afirmar que temos uma escola ou grupo de discípulos redatores que se reconhecem herdeiros do que foi escrito ou transmitido oralmente pelo primeiro autor (cap. 1-20). O autor do quarto evangelho, na verdade, deve ser chamado de discípulo amado, pois é assim que o relato se refere ao personagem cujo testemunho e memória ocular são fundamentos da narrativa (13,23; 19,26; 20,2.8; 21,7.20). Data e Local de Composição Ainda é controversa a opinião sobre o lugar de composição. A data da redação final pode ser definida como sendo no máximo entre 100 e 110. Com relação ao lugar de origem, Alexandria é a primeira hipótese, pois há a evidência dos papiros que continham desde muito cedo parte do evangelho e que de lá vieram. Hoje, porém, a maioria dos autores prefere a cidade de Éfeso como local de origem da redação do evangelho joanino. A primeira razão é o parentesco com o livro do Apocalipse e a segunda provém da polêmica com a sinagoga, que em Éfeso é uma realidade atestada (Ap 2,9; 3,9). Naquela cidade havia um grupo de seguidores do Batista (At 19,1-7), aliás único lugar fora da Palestina em que o Novo Testamento menciona a presença destes discípulos. Além disso, Éfeso é um cenário onde a polêmica antidocetista e antignóstica, presente no evangelho, não precisa ser descartada. Entretanto, acreditamos na opinião defendida por Klaus Wengst, que coloca a composição mais provável do evangelho segundo João na região sírio- -palestinense dominada pelo reino de Agripa II, nas terras de Gaulanítide, Batanea e Traconítide, localizada ao norte da Palestina (WENGST, 1988, p. 87-89). 11 UNIDADE Evangelho Segundo João Contexto Histórico e Social A teoria mais aceita e consistente para compreender a história das diversas etapas da comunidade joanina, tendo como fundamento a história da redação do Ejo, foi apresentada por Raymond Brown. Abaixo apenas transcrevemos sua proposta de quatro etapas dessa história da comunidade que Brown reconstitui com base na leitura crítica do próprio texto. Etapas da história da redação do EJo. Primeira Etapa. Trata-se do período chamado de pré-evangélico, tempo das origens da comunidade; de sua relação com o judaísmo da metade do século primeiro. No tempo em que o evangelho foi escrito, os cristãos joaninos tinham sido expulsos das sinagogas (9,22;16,2) porque eles reconheciam Jesus como Cristo. Tal expulsão reflete a situação no último quartel do século primeiro, quando o centro de ensino do Judaísmo era em Jâmnia (Jabneh), um judaísmo que era predominantemente fariseu e assim não mais tão pluralístico como antes de 70. Com efeito, a ação da expulsão pode estar ligada à reformulação (85, d.C. aproximadamente) de uma das dezoito bençãos (Shemoneh Esreh) que eram recitadas nas sinagogas. A reformulação da décima segunda bênção envolvia uma maldição sobre os minîm, isto é, os que se tinham desviado, os quais, ao que tudo indica, incluíam os judeus cristãos. Embora o evangelho tenha sido escrito depois deste ponto no tempo, a história pré-evangélica certamente incluía as controvérsias entre cristãos joaninos e os chefes da sinagoga. Em 11,48 há uma referência à destruição do Templo (lugar) que ocorreu em 70. As referências precisas a lugares e costumes da Palestina, as memórias samaritanas que mencionaremos abaixo sugerem que algumas das tradições se formaram antes da grande sublevação no cristianismo da palestina causada pela revolta dos judeus contra Roma na década de 60. E assim podemos ter razão quando datamos a Primeira Fase, o período pré- -evangélico da história joanina consciente, num período de várias décadas, desde a metade dos 50 até o fim dos 80. Segunda etapa. Envolveu a situação da vida da comunidade joanina no tempo em que o evangelho foi escrito. “Escrito” é um termo ambíguo, pressupondo- -se a atividade tanto de um evangelista como de um redator, mas o período de aproximadamente 90 d.C dataria a principal redação do evangelho. A expulsão das sinagogas então já passou, mas a perseguição (16,2-3)continua, e há profundas cicatrizes na alma joanina em relação aos judeus. A insistência numa alta cristologia, tornada cada vez mais intensa pelas lutas com os judeus, afetou as relações da comunidade com os outros grupos cristãos, cuja avaliação de Jesus é inadequada segundo os padrões joaninos. As tentativas de proclamar a luz de Jesus aos gentios podem também ter encontrado dificuldades, e “o mundo” tornou-se um termo geral para todos aqueles que preferem as trevas à luz. Esta fase nos fornece informações detalhadas sobre o local da comunidade joanina num mundo pluralístico de crentes e não crentes, no final do século. 12 13 Terceira Etapa. Refere-se à situação de vida nas comunidades joaninas agora divididas, no tempo em que foram escritas as epístolas, provavelmente por volta do ano 100 d.C. À guisa de introdução apresentarei uma seção intermédia que procura estabelecer o que aconteceu entre o evangelho e as epístolas para causar a espécie de divisão relatada em 1Jo 2,19. Argumentarei com a hipótese de que a luta acontece entre dois grupos dos discípulos de João, que estão interpretando o evangelho de maneiras opostas, no que se refere à cristologia, à ética, à escatologia e à pneumatologia. Os temores e o pessimismo do autor das epístolas sugerem que os separatistas estão tendo maior sucesso numérico (1Jo 4,5) e o autor está tentando defender seus adeptos contra posteriores incursões de falsos mestres ( 2,27; 2Jo 10,11). O autor sente que é a “última hora” ( 1Jo 2,18). Quarta etapa. Momento da dissolução dos dois grupos joaninos depois que as epístolas foram escritas. Os separatistas, não mais em comunhão com a ala mais conservadora da comunidade joanina, provavelmente tenderam mais rapidamente no século segundo para o docetismo, o gnosticismo, o cerintianismo e o montanismo. Isto explica porque o quarto evangelho, que eles levaram consigo, é citado mais cedo e mais frequentemente por escritores heterodoxos do que por escritores ortodoxos. Os adeptos do autor de 1Jo no começo do século segundo parecem ter gradualmente se incorporado no que Inácio de Antioquia chama “a Igreja católica”, como se demonstra pela aceitação crescente da cristologia joanina da pré-existência do Verbo. Entretanto, esta incorporação deve ter custado o preço da aceitação joanina da estrutura autoritária do ensino da Igreja, provavelmente porque o seu próprio princípio do Paráclito como o mestre não ofereceu defesa suficiente contra os separatistas. Como os separatistas e seus descendentes heterodoxos usaram mal o quarto evangelho, ele não é citado como Escritura pelos escritores ortodoxos na primeira parte do século II. Contudo, o uso das epístolas como um guia correto para interpretar o evangelho finalmente conquistou para João um lugar no cânon da Igreja. Muito deste reconhecimento mostra uma comunidade cuja avaliação de Jesus era aguçada pela luta, e cuja elevada apreciação da divindade de Jesus levava ao antagonismo fora da comunidade e a cismas dentro dela. Se a águia joanina pairava por sobre a terra, ela o fazia com as garras de fora preparadas para a luta. E os últimos escritos que nos ficaram mostram os filhotes da águia dilacerando- -se mutuamente pela posse do ninho. Há momentos de contemplação tranquila e de penetração iluminada nos escritos joaninos, mas eles também refletem um envolvimento profundo na história cristã. Como Jesus, a palavra transmitida à comunidade joanina vivia na carne. (BROWN, 1983, p. 20-23 ) A teoria das diferentes etapas de composição do evangelho nos remete aos conflitos vividos pela comunidade e desse modo aos diferentes grupos religiosos que faziam parte dessa história. De uma maneira direta ou indireta, o quarto evangelho é o testemunho escrito da existência desses grupos. Não há espaço para caracterizar todos eles e o papel que tiveram na história da comunidade joanina, mas é bom levá-los em consideração para melhor compreender o sentido da narrativa joanina. 13 UNIDADE Evangelho Segundo João Os grupos internos em conflito na comunidade joanina 1. Grupos originários da 1ª etapa: meados dos anos 50 ao final dos 80 O grupo de origem pertence à Palestina ou perto daquela região; são judeus que tinham esperanças relativamente semelhantes às de seus con- cidadãos, inclusive alguns dos seguidores de João Batista aceitaram Je- sus como Messias davídico sem grandes dificuldades. Ele foi considera- do por esse primeiro grupo como aquele que havia sido prometido pelas profecias e cuja missão fora confirmada por seus milagres (Jo 1,35-41). O segundo grupo dessa primeira etapa era formado por judeus de tendên- cias contrárias ao Templo; fizeram convertidos na Samaria e entenderam Jesus contra uma tradição mosaica e de maneira não davídica. 2. Grupos originários da 2ª etapa: anos 90. A abertura da comunidade aos gregos era concebida como fazendo parte dos planos de Deus. Nesse momento a comunidade pode ter saído da Palestina e provavelmente de Jerusalém (At 6,1) para uma diáspora, fuga ou missão entre os gregos do mundo pagão. 3. Grupos da 3ª etapa: Epístolas joaninas dos anos 100-110. A con- centração defensiva de uma cristologia contra “os judeus” e os “cristãos judeus” levou a uma divisão dentro da comunidade joanina, fazendo surgir o grupo dos adeptos do autor das epístolas. Esse grupo defendia a tese de que para ser filho de Deus a pessoa devia observar os mandamentos e con- fessar que Jesus Cristo veio na carne (1Jo 4,2). Os separatistas, contrários a essa confissão de fé, foram considerados pelos primeiros como filhos do diabo e anticristos (1Jo4,1). O contraponto de uma alta cristologia era a compreensão de tendência docética: achar que Jesus não assumiu verdadeiramente a fragilidade da carne e não foi inteiramente humano; o adjetivo docética vem do verbo grego, dokein, cujo significado é “parecer”. A tese então desse grupo consistia em afirmar que o Cristo é um ser divino de mera aparência humana. Apenas parece um ser humano, mas de fato não é. 4. Grupos da 4ª etapa: depois das Epístolas joaninas – início do século II O grupo dos separatistas de tendência docética torna-se gnóstico3. A maior parte da comunidade joanina parece ter aceitado a teologia separatista, a qual, tendo-se apartado dos moderados por meio do cisma, tendeu para o verdadeiro docetismo (considera Jesus um ser divino de mera aparência humana) e depois para o gnosticismo (de um Jesus preexistente a crentes preexistentes que também tinham vindo do mundo celeste). Há também o grupo dos fiéis joaninos, é aquele cujos membros mantiveram comunhão com a igreja dos doze - a grande igreja. 3 Gnóstico é um grupo religioso cujas características são diversas, mas seus membros têm em comum a visão dualista e extremamente espiritualista do mundo, rejeitando o mundanismo da carne e da matéria. 14 15 Os grupos externos em confl ito com a comunidade joanina 1º) O mundo. São aqueles que preferem as trevas à luz de Jesus porque suas ações são más. Por esta opção, eles já estão condenados; estão debaixo do poder do maligno - o príncipe deste mundo; odeiam Jesus e seus discípulos, os quais são visto como de outro mundo. No EJo, “o mundo” é um conceito mais amplo do que “os judeus”, mas os inclui como sua melhor expressão. 2º) Os Judeus. Muitos dos que estavam dentro da sinagoga não acreditaram em Jesus e decidiram que qualquer pessoa que recebesse Jesus como Messias seria expulsa da sinagoga (9,34). 3º) Os discípulos de João Batista. Embora alguns dos discípulos de João Batista não tenham se juntado a Jesus e nem à comunidade dos cristãos joaninos, outros o aceitaram e vieram compor o povo dos fiéis herdeiros de Deus. 4º) Os criptocristãos4. São os judeus cristãos que permaneceram dentro das sinagogas, recusando a admitir publicamente que criam em Jesus, principalmente para não perderem os privilégios que estavam implicados na pertença ao judaísmo da diáspora. Viver fora da sinagoga, uma vez que a religião judaicaera permitida pela lei romana, significava cair na clandestinidade e ser perseguido pelo império. “Eles amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus” (12,42-43). 5º) Os cristãos judeus. São os cristãos que tinham deixado a sinagoga, mas cuja fé em Jesus era inadequada segundo os padrões da alta cristologia joanina. Talvez fossem remanescentes e herdeiros de um cristianismo que existiu em Jerusalém liderado por Tiago, o irmão do senhor e que sobreviveu com muita força nas primeiras décadas do movimento cristão. 6º) Os cristãos das igrejas apostólicas. As comunidades chamadas apostólicas são aquelas que se sentem herdeiras do legado da memória dos primeiros apóstolos que aderiram a Jesus como o seu Messias e que naquele momento já estavam separados das sinagogas. São cristãos que se reuniam em comunidades mistas formadas por gentios e judeus. A comunidade do Evangelho segundo Mateus pode muito bem ser um exemplo de comunidade apostólica. São representantes do cristianismo ligado e submetido à autoridade de Pedro e do grupo dos doze apóstolos. A cristologia deles era moderadamente elevada. Confessavam que Jesus era o Messias nascido em Belém, de descendência davídica e, portanto, era Filho de Deus desde a concepção. Mas não tinham uma visão clara da sua vinda do alto em termos de preexistência antes da criação. 4 Criptocristãos é uma palavra composta. Cripto significa, no vocabulário grego, escondido. Cristo, por sua vez, é o título de honra dado a Jesus como Filho de Deus. 15 UNIDADE Evangelho Segundo João Objetivo, Conteúdo e Estrutura Literária Os objetivos do quarto evangelho foram apresentados pelo próprio evangelista. Ele escreve para que os seus leitores “creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenham vida em nome dele” (Jo 20,31). O conteúdo da narrativa, marcada por vários e longos discursos de Jesus, pode ser dividido segundo a seguinte estrutura: 1,1-18: Prólogo; 1,19-12,50: Livro dos sinais; 13,1-17,26: Livro da comunidade; 18,1-20,31: Livro da glorificação de Jesus: • Paixão, morte e ressurreição; 21,1-25: conclusão: acréscimo posterior. Jesus no Evangelho Joanino A comunidade joanina representada pela narrativa do EJo provavelmente conhecia outras comunidades cristãs e não conhecia os outros evangelhos, recebeu e tinha algum contato com as comunidades, por exemplo, representadas pelos doze apóstolos. Mas esse conhecimento não a impede de buscar entender Jesus da maneira que a realidade de seu contexto assim exigia. Neste sentido, o EJo é bem peculiar em seu modo de ver e retratar Jesus. Embora haja uma sintonia e continuidade com os Evangelhos sinóticos e as cartas paulinas, pois Jesus continua sendo o Messias prometido pelas Sagradas Escrituras, no EJo há muito mais que descobrir e revelar sobre o homem de Nazaré. Desde o início, no quarto evangelho o que se nota é essa confissão de fé em Jesus unido e identificado radical e profundamente com Deus Pai (Jo, 1-18). Por isso, o retrato de Jesus no EJo possui traços que vão definitivamente configurar toda a cristologia posterior, a ponto de dominar a identidade do cristianismo em distinção a outras religiões, sobretudo por causa da identificação de Jesus como o Verbo de Deus que se faz carne e veio habitar em nosso meio (Jo 1,14). Humanidade e divindade se encontram perfeitas e completas em Jesus; e isso é relatado tanto no começo (Jo 1,1) quanto no final do Evangelho, na confissão conclusiva de Tomé: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). A riqueza dos detalhes e o modo como Jesus é reconhecido aparece todo momento da narrativa, sobretudo nos títulos e adjetivos que lhes são atribuídos. Alguns evidentemente já nomeados pelos outros evangelhos: Messias, Senhor, 16 17 Mestre e Rei são alguns deles. Entretanto, alguns são típicos e senão são todos exclusivos do EJo, nele aparecem com maior ênfase e significação. Quais títulos são atribuídos a Jesus e apontam para uma interpretação cristológica tipicamente joanina? A tabela abaixo mostra os mais importantes: Verbo/Palavra de Deus Jo 1,1 Luz verdadeira Jo 1,9 Filho único de Deus feito carne Jo 1,14 Cordeiro de Deus Jo 1,29 Aquele sobre quem desce o Espírito Santo Jo 1,33 O eleito de Deus Jo 1,34 Aquele que é um com o Pai Jo 10,30 O enviado do Pai Jo 3,34 Jo 5,36-37 6,29.44; 7,16.28.33; 8,1618.26.29.42; 9,4; 12,45.49; 13,29; 14,9.10-11.20; 17,6-8.11.21; 20,21 O “Eu Sou”(alusão ao nome de Deus) Jo 8,24.28.58 “Eu Sou” o Messias Jo 4,26 “Eu Sou” o pão da vida Jo 6,35.48.51 “Eu Sou” a Luz do mundo Jo 8,12; 9,5 “Eu Sou” a Porta Jo 10,7-9 “Eu Sou” o Bom Pastor Jo 10,11-14 “Eu Sou” a Ressurreição e a Vida Jo 11,25 “Eu Sou” o Mestre e Senhor Jo 13,14 “Eu Sou” o Caminho, a Verdade e a Vida Jo 14,6 “Eu Sou” a Videira Jo 15,5 “Eu Sou” Jesus de Nazaré Jo 18,5 “Eu Sou” Rei Jo 18,37 O que mostram e quais são os significados desses títulos atribuídos a Jesus? Qual é a cristologia que deles decorre? Sem alongar a reflexão, afinal são interpretações geralmente desenvolvidas e refletidas ao longo da história do cristianismo e alguns deles dividem igrejas no modo como podem ser concebidos mais precisamente. A ideia, por exemplo, de compreender Jesus identificado com Deus Pai é bastante controversa, embora, como já foi afirmado anteriormente, é proclamação de fé da maioria das igrejas cristãs e seu fundamento está presente, sobretudo, na cristologia do EJo. O “Eu Sou” proclamado sozinho denota uma referência explícita ao nome traduzido de Deus no livro do Êxodo (3, 13-14) do Antigo Testamento. Além disso, o diálogo com Filipe aponta para a mesma identificação: 8 Filipe lhe diz: “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta!” 9 Jesus lhe diz: “Há tanto tempo estou convosco e tu não me conheces” Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como podes dizer: ‘Mostra-nos o Pai!’? 10 Não crês que estou no Pai e o Pai está em mim? (Jo 14,8-10) 17 UNIDADE Evangelho Segundo João Sendo assim, pode-se inferir do EJo as seguintes características da cristologia joanina5: • Jesus é apresentado em sua identidade divina sem a perda de sua humanidade profundamente enraizada na fragilidade da carne, do tempo e da história de seu povo. • Jesus é Messias, Mestre, Rei, Profeta e Juiz do final dos tempos, maior que Moisés e Abraão. • Jesus é o ENVIADO DO PAI. • Jesus é o Revelador do Pai e de Si mesmo como Filho único do Pai. • Jesus é o Ressuscitado glorificado pelo Pai • Jesus é o modelo a ser seguido: o caminho que conduz a Deus • Jesus é a Vida em Plenitude: a porta, o bom pastor e a luz. Além da cristologia joanina, outros temas da teologia são singulares no EJo. A seguir destacamos os mais significativos para a compreensão da narrativa como um todo. Fé e Eclesiologia no Evangelho Joanino Fé como condição para ver o que é essencial: teologia dos sinais O Ejo, ao narrar o ministério público de Jesus e sua prática, é bem sintético. Trabalha com modelos e exemplos simbólicos, os quais ele chama de sinais. Na primeira parte de sua obra o evangelista narra sete sinais da prática de Jesus que revelam a sua identidade messiânica como enviado do Pai. Entretanto, admite que muitos outros sinais foram dados ao longo da vida pública de Jesus. E justifica com que propósito relatou apenas estes sete: 30 Jesus fez ainda, diante de seus discípulos, muitos outros sinais, que não se acham escritos neste livro. 31 Esse, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (Jo 20,30-31). O que está em questão na forma de mostrar os sinais é a compreensão da fé em Jesus e como se chega a ela. Nos evangelhos sinóticos a intenção da narrativa acerca dos milagres e feitos de Jesus parece pressupor que são tais ações que levam o discípulo e a multidão a crer em Jesus. Isso ocorre, por exemplo, no episódio da cura do paralítico de Cafarnaumno EMc: “O paralítico levantou-se e, imediatamente, carregando o leito, saiu diante de todos, de sorte que ficaram admirados e glorificaram a Deus, dizendo: ‘Nunca vimos coisa igual” (Mc 2,12). 5 Cf. CASALEGNO, 2009, principalmente o Cap. 11: As grandes linhas cristológicas, p. 185-208. 18 19 No EJo é diferente. O pressuposto da teologia joanina é sua concepção de fé. Para o evangelista não é o testemunho ocular do acontecimento que conduz a pessoa que o presencia à fé. Não. É o contrário: é a uma atitude aberta para crer que vê nos acontecimentos, sinais da presença de Deus em Jesus. A fé é que conduz ao discernimento positivo do sinal. Por ele é sinal e não apenas um milagre. É como se o evangelista dissesse: para ver o milagre é preciso ter fé, caso contrário, estarão cegos para o milagre. Isso ocorre claramente no episódio do cego de nascença. O cego é curado, mas só quem tem fé admite a cura. O texto mostra que fariseus veem a mesma coisa, mas não enxergam a presença da graça naquele acontecimento. Na verdade, eles é que são cegos. Por isso, o EJo, diante do testemunho de fé de Tomé que vê para crer, valoriza e proclama a bem-aventurança do testemunho daquele que crê sem ter visto (Jo 20,29). Nessa ótica da valorização do sinal que provoca sempre um discernimento de fé, diante do qual haverá, de um lado, aqueles que creem e de outro, aqueles que não creem: Os que NÃO creram 37 Apesar de ter realizado tantos sinais diante deles, não creram nele [...] (Jo 12,37) X Os que creram 42 Contudo, muitos chefes creram nele [...] (Jo 12,42) Veja como o evangelista organizou a estrutura da redação dos sete sinais para cumprir o objetivo declarado ao final do Evangelho (Jo 20,30-31): 1. As bodas de caná Jo 2,1-11 2. A cura do servo do centurião Jo 4,46-54 3. A cura de um enfermo na piscina de Betesda Jo 5,1-18 4. A multiplicação dos pães Jo 6,1-15 5. Jesus caminha sobre o mar Jo 6,16-21 6. A cura do cego de nascença Jo 9,1-38 7. Ressurreição de Lázaro Jo 11,1-43 Conclusão: Jo 12,37-50 A eclesiologia e o discipulado da igualdade radical no EJo. A comunidade joanina não só tem uma fé peculiar em Jesus, chamada por muitos de “alta cristologia”, tem igualmente uma forma própria de entender a comunidade dos que creem. 19 UNIDADE Evangelho Segundo João Sua eclesiologia, modo de conceber a vida comunitária na igreja, dispensa qualquer forma de hierarquia. Há uma compreensão radical do serviço e da igualdade entre os irmãos muito presente na proposta do lava-pés (Jo 13,1-17). Ali há o testemunho de uma memória de Jesus que realiza a inversão do status vigente naquela sociedade desigual que dignifica o trabalho equivocadamente considerado indigno e inferior: Jesus, mestre e senhor (Jo 13,14) assume a tarefa delegada aos estratos considerados inferiores da sociedade. Lavar os pés deixa de ser função dos que estão nos estratos mais inferiores da escala social: criança, escravo e mulher, homem, senhor e adulto devem viver a igualdade na reciprocidade das relações, inclusive na divisão das tarefas. Nenhuma forma de discriminação pode existir na comunidade, muito menos com base na divisão tão necessária do trabalho. Portanto, o lava-pés é relato que propõe, entre outras possibilidades de interpre- tação, a circularidade do serviço e do exercício do poder. A proposta clássica de compreensão das relações comunitárias à luz da fraterni- dade que propõe a comunidade como instância em que se vive a família na ruptura da estrutura patriarcal é substituída pela relação vertical dos discípulos com Jesus, o único mestre: eu sou a videira e vocês são os ramos (Jo 15,5). Não há mais se- nhor e escravo, mas apenas amigos. É na amizade que se encontra a plenitude da igualdade entre as pessoas. 14 Vós sois meus amigos se praticais o que vos mando. 15 Já não vos chamo escravos porque o escravo não sabe o que seu senhor faz; mas vos chamo amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai vos dei a conhecer (Jo 15,15). Conclusão Muito mais poderia ser comentado e analisado diante de tanta riqueza que contem o EJo. Mas o que foi proposto nessa unidade é suficiente para compreender e fazer uma releitura do Evangelho Joanino segundo os condicionamentos, os pressupostos históricos, sociais e religiosos de seu tempo e de seus interlocutores imediatos. Agora é continuar o estudo e aproveitar as atividades que completam a unidade. 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Cronologias Bíblicas Consulte cronologias bíblicas disponíveis ao final das edições de Bíblias traduzidas para o Português. Priorize a observação dos eventos que ocorrem no tempo do Novo Testamento. A Bíblia de Jerusalém, usada nessa Unidade como texto de referência para as citações do Novo Testamento, incluiu o seu Quadro Cronológico em suas últimas páginas: BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. 8ª impressão. São Paulo: Paulus, 2012, p. 2181-2188. http://bit.ly/2nYMTV9 Filmes O Evangelho Segundo São João Sinopse: “O filme recria meticulosamente a era Bíblica, desde os seus templos à vida da aldeia, passando pelo guarda-roupa, que é fiel ao período e uma assombrosa composição musical. Produzido por uma equipa vencedora de prêmios, O Evangelho Segundo S. João é uma viagem emocional, uma história intemporal que retrata a missão do nascimento do Cristianismo”. “Dramaticamente poderoso e arrojado, este é o filme que testemunha Jesus como professor, milagreiro, curandeiro e o homem cheio de compaixão, que fala sobre a verdade e a esperança na vida eterna”. “O Evangelho Segundo São João está fiel ao poderoso texto da Bíblia Sagrada. Mostra o curso da vida de Jesus durante um período tumultuado da história. Ele retrata as ações, os milagres, as pregações, a vida e os ensinamentos de Jesus”. Leitura Evangelho Segundo João Leia a resenha de Johan Konings sobre a obra: BEUTLER, Johannes. Evangelho Segundo João. Comentário. Tradução de Johan Konings. São Paulo: Loyola, 2015. 550p. Trata-se de um breve comentário crítico do próprio tradutor de uma obra relativamente recente e de comentário completo sobre o EJo. Chaves metodológicas e critérios de interpretação são comentados por Konings de maneira a enriquecer o que foi oferecido nessa Unidade. https://goo.gl/4QudMZ Transformação Social servida à Mesa Consulte a Tese de Doutorado de Valter Luiz Lara sobre a narrativa do Lava-pés do Evangelho segundo João (Jo 13,1-17) e leia o seu 1º capítulo (Aproximações Teóricas e Metodológicas ao Evangelho Joanino). Nesse primeiro capítulo você encontrará informações atualizadas sobre diversos aspectos da interpretação do Quarto Evangelho. LARA, Valter Luiz. Transformação social servida à mesa. Interpretação cultural e sociorreligiosa do lava-pés em Jo 13,1-17. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2014. Tese de Doutorado em Ciência da Religião. 269 p. https://goo.gl/ARf94K 21 UNIDADE Evangelho Segundo João Referências BROWN, Raymond E. A comunidade do discípulo amado. São Paulo: Paulinas, 1983. CASALEGNO, Alberto. Para que contemplem a minha glória (João 17,24). Introdução à teologia do Evangelho de João. São Paulo: Loyola, 2009. CNBB. Uma Igreja que acredita. O Evangelho Segundo João. São Paulo: Paulinas, 1999. KONINGS, Johan. Evangelho segundo João: amor e fidelidade. Petrópolis: Vozes, 2000. _____. No mundo, não do mundo. Meditação sobre João e a cultura. In: Estudos Bíblicos, nº 61-78. Petrópolis: Vozes, 1999. KÜMMEL, Werner Georg. Introdução ao Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Paulus, 1982. MATEOS, J. & BARRETO, J. O Evangelho de São João. Análise linguística e comentário exegético. Trad.: Alberto Costa. São Paulo: Paulinas, 1989. RUBEAUX, Francisco. As raízes do Quarto Evangelho, in: Ribla, nº 22, Petrópolis: Vozes, 1995. VILLAC, Sylvia (coord.). Eu vim para que todos tenham vida em plenitude. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Itebra - Instituto TeológicoBrasilândia, 2001. 22
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