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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE DIREITO DIREITO PROCESSUAL PENAL II: RESUMO DO LIVRO “ENSAIOS SOBRE A CADEIA DE CUSTÓDIA DAS PROVAS NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO”, DE YURI AZEVEDO E CAROLINE VASCONCELOS GOIÂNIA-GO 2023 BÁRBARA VIEIRA BORGES ATIVIDADE 1 Trabalho elaborado para fins de avaliação parcial na disciplina de Direito Processual Penal II, referente ao núcleo comum do curso de graduação em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Goiás (UFG), sob orientação da Prof. Dr. Adegmar José Ferreira, como requisito parcial para a aprovação na presente disciplina. GOIÂNIA-GO 2023 RESUMO DO LIVRO “ENSAIOS SOBRE A CADEIA DE CUSTÓDIA DAS PROVAS NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO”, DE YURI AZEVEDO E CAROLINE VASCONCELOS Em primeiro lugar, faz-se indispensável uma breve síntese do livro “Ensaios sobre a cadeia de custódia das provas no processo penal brasileiro” (2017). A obra foi escrita por Yuri Azevedo e Caroline Regina Oliveira Vasconcelos e trata de um dos aspectos mais delicados na temática da aquisição de fontes de prova, isto é, que ela consiste em preservar a idoneidade de todo o trabalho que tende a ser realizado sigilosamente, em um ambiente de reserva que, se não for respeitado, compromete o conjunto de informações que eventualmente venham a ser obtidas dessa forma. A obra inicia apontando que, em um Estado Democrático de Direito, a presunção de inocência é toda como um direito fundamental garantido constitucionalmente e diretamente associado ao direito ao devido processo legal, dentro do qual se inclui o direito à prova para que possam ser exercidos a ampla defesa e o contraditório. Atualmente, o que se busca é que a prova seja tomada em seu aspecto objetivo, na medida em que relacionada a procedimento de investigação e produção de conhecimento em âmbito processual e em seu aspecto subjetivo, com o intuito de levar à aceitação dos argumentos expostos pelos espectadores da prova, desde que essa aceitação seja motivada por critérios racionais-legais. Por fim, espera-se, dentro do processo penal, que a prova não seja tomada como uma crença, mas analisada a sob um prisma racional. Nesse sentido, para que um processo possa ser considerado justo, ele deve se pautar em alguma noção de verdade e a prova a ser buscada deve ser a de melhor qualidade possível baseando-se no menor risco possível de erro judiciário. Quanto à obtenção de provas por meios ilícitos, o autor aponta que se deve buscar a utilização dos princípios da proporcionalidade e manter em mente que a pessoa cuja conduta está sendo analisada tem o direito à prova da inocência, a qual deve se prevalecer em relação à prova obtida ilicitamente. Nessa esteira, assevera os autores que é na fase inquisitorial que mais comumente se procede à violação da cadeia de custódia da prova, acarretando, por exemplo, que não sejam respeitadas garantias da prova previstas em lei. Como principal exemplo, utiliza os autores, as inspeções condicionadas à realização por peritos e que devem ser documentadas precisamente, mas que, infelizmente, não são realizadas dessa maneira e as declarações prestadas muitas vezes não correspondem ao emitido, eis que, muitas vezes, são modificadas ao longo da redução à termo. É por isso que a preservação da cadeia de custódia das provas deve ser buscada, para que represente um ganho na qualidade da prova produzida e também dos meios de informação coletados durante a investigação, preservando garantias à defesa do imputado e, mais importante, para que reflita o ideal de um processo justo e pautado pelos valores do devido processo legal. Faz-se indispensável, portanto, que a tomada de decisão seja feita com base em critérios racionais e legais, buscando a prova produzida sob os requisitos do ordenamento jurídico e justificável através de um discurso razoável. Além disso, sendo a violação reconhecida, e a prova ilícita, deve ela ser considerada inadmissível no processo e desentranhada nos moldes do art. 157, caput e parágrafo terceiro. Mais adiante, preocupam-se os autores da obra em tratar da relação entre prova e verdades. Para eles, essa relação é importante quando tomada estritamente no que se refere ao campo do saber ligado à ciência jurídica e, mais especificamente, ao do processo penal. Nesse sentido, o que caracteriza essa verdade é justamente o campo de sua prospecção, uma vez que há regras a serem respeitadas na pesquisa da verdade no campo do processo. Desse modo, as partes não podem se valer de qualquer meio possível para buscar a verdade, devendo ser levadas em consideração regras sobre a produção da prova e sua admissibilidade. Neste ponto, a prova e sua valoração têm a função de servir como uma espécie de caminho pelo qual o juiz trilha em busca de uma verdade possível durante o processo. Há a visão de que a busca da verdade no processo é contraproducente, pois ao fim do procedimento o juiz decidirá de acordo com outros fatores, sendo despiciendo recorrer à verdade e possivelmente eliminando-a em sua argumentação. De outro lado, há que, busque a verdade sob a premissa de que alguma noção de verdade deve ser buscada no processo judicial, não se falando em verdade absoluta no processo ou em nenhum campo do conhecimento de qualquer área que seja. Quanto a este último ponto, só poderiam ser obtidas verdades relativas no processo pois a decisão obtida pelo juiz se pauta nas provas trazidas pelas partes. Ou seja, os fatos aconteceram no espaço-tempo passado, mas são trazidos por meios que não têm uma garantia de verdade absoluta e são contaminados pela visão parcial de conhecimento produzido. Pensando, agora, na verdade como probabilidade, temos que, ao analisar as provas um processo, o juiz chegará somente à conclusão de que um fato é, em maior ou menos grau, provável. Outrossim, é importante notar que a função de busca da verdade no âmbito processual deve levar em conta certas “regras orientadoras fortes” que reflitam em fatos probatórios suficientes para limitar a discricionariedade na avaliação da prova pelo juiz. Assim, a verdade servirá como limite para a motivação da sentença judicial, na medida que imporá restrições de caráter legal, racional e ético quando da produção e valoração das provas. Quanto ao caráter polissêmico do vocabulário prova, diversos são seus significados a depender das situações e dos sujeitos envolvidos no discurso. São alguns deles: a prova é compreendia como demonstração sobre a verdade relacionada a dado fato; sobre fonte de prova, ela serve para designar as pessoas ou coisas das quais pode-se conseguir a prova; quanto ao resultado da prova, ela é a própria conclusão eu se extrai dos diversos elementos de prova existentes a propósito de um determinado fato; e, por fim, como meio de prova, são os instrumentos ou atividades por intermédio dos quais os dados probatórios são introduzidos e fixados no processo. Nessa toada, os autores conceituaram objeto de prova como tudo aquilo que diz respeito à existência ou inexistência de um fato tido como crime, ou seja, os fatos penalmente relevantes. As provas, ainda, podem ser diretas, aquela em que seus elementos permitem conhecer o fato através de uma única operação inferencial, e indireta, em que a elemento de prova requer pelos menos duas operações inferenciais. Em se tratando da tipicidade, podem as provas serem típicas (previstas em lei) e atípicas. Pode, ainda, serem classificadas em provas reais, pessoais, testemunhais, documentais, materiais e, por fim, científicas (aquelas que exigem dos juízes que assumam a posição das ciências sociais e humanas como verdadeiras ciências recorrendo a especialistas ou especializando-se quando fizer o uso desses ramos do conhecimento).A reflexão apresentada no "Ensaios sobre a Cadeia de Custódia das Provas no Processo Penal Brasileiro" oferece uma análise aprofundada sobre um tema crucial para a justiça penal no Brasil. Ao destacar a importância da cadeia de custódia das provas em seus aspectos mais sistemáticos permite uma discussão severa acerca de princípios fundamentais do processo penal e até mesmo constitucionais. Nesse sentido, a cadeia de custódia das provas exerce um papel indispensável à garantia dos direitos fundamentais dos indivíduos em um Estado Democrático de Direito. Além da análise do acerto da decisão judicial, faz-se necessário investigar o caminho percorrido até o acesso aos meios e fontes de prova para que o processo penal brasileiro esteja o mais próximo possível do princípio do devido processo legal e de seus consectários. Tendo em vista a necessidade de limites à função estatal para que se respeite a dignidade da pessoa humana, o livro aborda a necessidade da preservação da cadeia de custódia da prova penal a fim de que seja observada a “mesmidade”, evitando que o sujeito do processo seja julgado não com base no “mesmo”, porém no “selecionado”. Ao considerarmos, por exemplo, que na maioria das vezes a palavra da vítima de estupro é suficiente para a condenação do réu, ainda que o resultado do exame de DNA indique no sentido de absolvê-lo, levando a decisões injustas, faz-se necessário aumentar a credibilidade de tais exames. Para tanto, o referido livro destaca a importância da correta gestão das amostras biológicas suscetíveis de análise para fins criminais, devendo-se preservar as circunstâncias da coleta e de sua trajetória para evitar o questionamento da admissibilidade da prova pericial de DNA no processo. Por fim, faz-se importante salientar que, dado o rudimentar sistema de controles epistêmicos, como quando a lei 12.654/2012 prevê mecanismos que visam a identificação genética para fins criminais, passou a ser necessário que sejam incorporados critérios da própria ciência no campo do exame do DNA, para que erros sejam evitados. Evitar não de forma absoluta, sob pena de se cair na armadilha ideológica da verdade inquisitorial, mas de modo a reduzir o espaço para a arbitrariedade estatal e a aumentar a qualidade da decisão judicial.
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