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Farmacologia Animal R E S U M O 2 0 2 3 Dilene Silva Estudante de Medicina Veterinária 1 Por: Dilene da Silva 1. Conceitos básicos; 2. Cálculo de volume; 3. Prescrição; 4. Farmacodinâmica; 5. Farmacocinética; 6. Vias de Administração. 2 Por: Dilene da Silva Livro Base: Farmacologia Aplicada a Medicina Veterinária – 6ª Edição – Helenice Spinosa A farmacologia é a ciência que estuda as ações no corpo humano/organismo. E fazemos uma analogia desde a origem até a eliminação do organismo. Alguns conceitos importantes... • Droga: a droga age nos organismos gerando alterações, modificando as funções já existentes. Pode trazer efeitos benéficos ou maléficos; • Medicamento: visa a ação benéfica e podem gerar efeitos colaterais que dependem de diferentes fatores; • Fármaco: medicamentos, quando humanos são regulamentados pela ANVISA; • Remédio: cura, alivia ou evita a enfermidade. Podem se apresentar como agentes físicos ou químicos. Ex.: colocar gelo após uma “pancada” em determinada parte do corpo, alimentos etc.; • Produto de uso veterinário: fármacos regulamentados pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento); • Placebo: utilizado em pesquisas científicas, e é uma substância sem propriedade farmacológica; Ex.: Amido. • Nutraceutico: é o produto que trata e alimenta o paciente; Áreas da Farmacologia... • Farmacodinâmica: estuda o mecanismo de ação dos medicamentos; • Farmacocinética: estuda o caminho percorrido pelo medicamento; • Farmacotécnica: preparo, purificação e conservação; • Farmacognosia: tem a função de estudar/isolar o princípio ativo – artigo. Ex.: quando as pessoas falam que o quiabo cura Cinomose; • Farmacologia clínica: comparação de análises laboratoriais de animais saudáveis e animais enfermos; • Farmacoterapêutica: tratamento de enfermidades. Um grande exemplo são as cirurgias que é a associação do medicamento e técnicas para o controle; Outros termos... • Posologia: estuda a dosagem de medicamentos com fins terapêuticos. (DOSE X DOSAGEM); • Concentração: podem estar nas seguintes unidades: mg/ml, µc/ml ou mcg/ml, %, UI/ml e mg; DIAGNÓSTICO TERAPEUTICO É quando não se sabe o que o paciente tem, e através dos sinais clínicos se traça uma suspeita e é passado o medicamento para o tratamento até a melhora do paciente. Quando não há a melhora, não chamamos de diagnóstico terapêutico. 3 Por: Dilene da Silva • Dosagem: dose + a frequência de adm. e duração de tratamento; nesses casos, a diferença do termo concentração, é que o ml é kg; • Dose: quantidade de medicamento necessário para promover a resposta terapêutica; Cálculo de volume A fórmula para o cálculo de volume é: 𝑉 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 × 𝐷𝑜𝑠𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 Transformações que precisamos saber: Exemplos: Animal: Gato Peso: 3,5 Kg Medicamento: Dexmedetomidina Dose: 3 µc/Kg Concentração: 0,5 mg/ml O primeiro passo é realizar as transformações necessárias para igualar as unidades. Vemos nesse caso que a dose e a concentração possuem unidades diferentes. Vamos transformar a concentração de mg/ml para µc/ml, que basta apenas multiplicar por 1000: C = 0,5 mg/ml * 1000 = 500 µc/ml Certo, após a transformação, jogamos os valores na fórmula: 𝑉 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 × 𝐷𝑜𝑠𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑉 = 3,5 Kg × 3 µc/Kg 500 µc/ml 𝑉 = 10,5 500 ml 𝑉 = 0,021 𝑚𝑙 4 Por: Dilene da Silva Animal: Cachorro Peso: 25 Kg Medicamento: Acepromazina Dose: 0,05 mg/Kg Concentração: 2% * 10 = 20 mg/ml 𝑉 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 × 𝐷𝑜𝑠𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑉 = 25 Kg × 0,05 mg/Kg 20 mg/ml 𝑉 = 1,25 20 ml 𝑉 = 0,06625 𝑚𝑙 = 0,06 𝑚𝑙 Animal: Cavalo Peso: 375 Kg Medicamento: Cetamina Dose: 3 mg/Kg Concentração: 10% * 10 = 100 mg/ml 𝑉 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 × 𝐷𝑜𝑠𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑉 = 375 Kg × 3 mg/Kg 100 mg/ml 𝑉 = 1125 100 ml 𝑉 = 11,25 𝑚𝑙 = 11,2 𝑚𝑙 𝑜𝑢 11 𝑚𝑙 Cálculo de volume – Comprimido A fórmula para o cálculo de volume (COMPRIMIDO) é: 𝑉 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 × 𝐷𝑜𝑠𝑒 Exemplos: Animal: Gato Peso: 3,5 Kg Medicamento: Lidocaína Dose: 0,2 ml/Kg QUANDO A CONCENTRAÇÃO ESTÁ EM PORCENTAGEM (%) Quando está em % e precisamos transformar para mg/ml, basta apenas multiplicar por 10. Posso utilizar para todos os medicamentos. 5 Por: Dilene da Silva Concentração: 2% 𝑉 = 3,5 𝐾𝑔 × 0,2 𝑚𝑙/𝐾𝑔 𝑉 = 0,7 𝑚𝑙 Animal: Cachorro Peso: 25 Kg Medicamento: Comprimido Dose: 0,1 mg/Kg Concentração: 2 mg 𝑉 = 25 𝐾𝑔 × 0,1 𝑚𝑔/𝐾𝑔 𝑉 = 2,5 𝑚𝑔 + Frequência de Administração São as divisões da farmacologia que através de expressões latinas que informam a quantidade/frequência de ingestão do medicamento. Quadro de expressões latinas relacionadas com a posologia de medicamentos Abreviatura Latim Significado Horas S.i.d. Semel in die Uma vez ao dia A cada 24 horas B.i.d. Bis in die Duas vezes ao dia A cada 12 horas T.i.d. Ter in die Três vezes ao dia A cada 8 horas Q.i.d. Quater in die Quatro vezes ao dia A cada 6 horas Q.d. Quaque die Todos os dias Prescrição controlada por exemplo P.r.n. Pro re nata Se necessário ------------------------------------------------- Informações retiradas do livro base Além das expressões citadas no quadro, ainda temos: • q.s e q.s.p: utilizamos para medicações manipuladas; • QUOD: a cada dois dias. Prescrição A prescrição nada mais é que a receita, um documento onde irá conter todas as informações necessárias para a administração do medicamento ao paciente, podem ser escritas a punho legivelmente ou digitadas, com o objetivo de levar a informação ao tutor e ao farmacêutico. Esse documento requer responsabilidade, pois haverá assinatura do médico veterinário. A validade desse documento é de 30 dias, exceto para antimicrobianos, cujo prazo é de 10 dias. Sempre ao prescrever, devemos utilizar o verbo no imperativo, como uma ordem. A prescrição leva em conta a responsabilidade, que engloba vários aspectos: 2 mg + 0,5 mg (1/4) 6 Por: Dilene da Silva • Aspectos clínicos: diagnóstico – indicação de medicação mais adequada para o tratamento; • Aspecto profissional: prescrição de medicação na posologia adequada, em casos em que for percebido algum erro ou desconfiança, o farmacêutico deve alertar o médico veterinário; • Aspecto legal: conhecimento da medicação de acordo com as legislações impostas. As prescrições podem ser: • Higiênicas: são prescrições com instruções que auxiliam no tratamento do paciente. Ex.: Alimentos, bebidas, shampoos etc. – Regime ou dietas; • Medicamentosas: contém medicamentos, contendo três categorias: Farmacopeicos; Magistrais (medicamento manipulado) e Especialidades (fórmulas aprovadas pelo MAPA); Os medicamentos veterinários, recentemente promulgada pela Lei 12689 de julho de 2012 que introduz o conceito de produto de uso veterinário, medicamento de referência e medicamento similar e genérico de uso veterinário. Logo: • Produto de uso veterinário: produto de referência de uso veterinário; • Medicamento de referência; • Medicamento similar: com o mesmo princípio ativo, uma “imitação” do original, e nesse quesito não conseguimos modificar os mg, por exemplo; • Medicamento genérico: com o mesmo princípio ativo, uma “imitação” do original, e nesse quesito conseguimos modificar os mg, por exemplo; Composição da prescrição – ordem de montagem: Escrita geralmente em folha branca com medida de 14x20 cm (pode ser A4 também). 1. Cabeçalho: parte superior, que contém: nome completo, especialidade, número da inscrição, endereço completo. 2. Superscrição: identificação do paciente, tutor e endereço; 3. Inscrição: modo de administração: uso interno, externo, local, via oral; 4. Subscrição: para medicamentos magistrais; 5. Indicação ou instrução: informaçõesao paciente/tutor sobre a administração do medicamento; 6. Assinatura ou firma do profissional: local, data e assinatura. Ex. do livro base: 7 Por: Dilene da Silva Formulações ou Fórmulas Farmacêuticas Fórmulas elaboradas, visando a facilitação de administração do medicamento. É constituída por: • Princípio ativo: substância principal; • Adjuvantes: substâncias empregadas no auxílio da preparação da fórmula; • Corretivos: substâncias que auxiliam a tornar a fórmula mais agradável a formulações orais; • Veículo ou excipiente: veículo são para líquidos e excipientes para sólidos, e esses são o meio em que o princípio ativo é colocado. Utilizamos esses termos para prescrição de medicações manipuladas. Preparação Medicamentosa • Manipulado em cápsula: não posso dividir; • Drágea: não possuem os sucos de divisão e geralmente não o quebramos; • Comprimido: aparecem no mercado em três formas geométricas, e possuem sucos de divisão; • Tablete: um grande exemplo de tablete é o NexGard; • Injetável: solução já diluída. As ampolas possuem frascos marrons, conhecidos como âmbar, pois o produto é sensível a luz. O produto mais oleoso chamamos de emulsão; • Pour on e spoton: “Spot on” quando se deve administrar o produto em um só ponto sobre a pele (ex.: cernelha) “Pour on” quando se administra ao longo de todo o dorso CERNELHA AO LONGO DE TODO DORSO Indicações: É indicado para o controle de ectoparasitas (carrapatos, pulgas, ácaros, piolhos). 8 Por: Dilene da Silva • Premier: produto “diluído” na ração do animal. Receitas de Uso Controlado As receitas controladas, possui medicações que são distribuídas por tipos A, B e C, essa distribuição na medicina veterinária é feita pelo MAPA, onde haverá apenas uma medicação por receita. Receitas do tipo A: • A1: entorpecentes – opioides, ex.: morfina; • A2: entorpecentes – para uso de concentrações especiais. Os medicamentos do tipo A são dispostos em uma receita de cor amarela e possuem apenas um medicamento por receita. Receitas do tipo B: Tem cor azul e é usada para substâncias psicotrópicas e psicotrópicas anorexígena. Contém 3 vias, uma que fica retina na farmácia, uma com o tutor e outra no bloco do médico veterinário. Receitas do tipo C: Coloração branca. • C2: substâncias encontradas em antibiótico; • C1: antidepressivos e outras substâncias de controle especial; • C4 e C5: anabolizantes etc. Atividade complementar – receitas: 9 Por: Dilene da Silva Dilene da Silva Acadêmica em Medicina Veterinária Rua Salvador Cardoso, 16, Centro – Nova Venécia ES (27) 99615-5054 # USO ORAL # 1 – Doxiciclina 80 mg ------------------------------------------------------------------------------ Caixas Dê 3 (três) comprimidos e meio (1/2) ao animal a cada 12 (doze) horas durante 28 (vinte e oito) dias. 2 – Prednisona 20 mg ------------------------------------------------------------------------------ Caixas Dê 1 (um) comprimido e ¼ (um quarto) ao animal a cada 12 (doze) horas durante 5 (cinco) dias. 3 – Dipirona 500 mg ------------------------------------------------------------------------------- Caixas Dê 1 (um) comprimido e ¼ (um quarto) ao animal a cada 8 (oito) horas durante 5 (cinco) dias. OPÇÃO LÍQUIDA: 3 – Dipirona 500 ml -------------------------------------------------------------------------------- Frasco Dê 1.4 (um ponto quatro) ml ao animal a cada 8 (oito) horas durante 5 (cinco) dias. Nova Venécia ES, 07 de março de 2023. 10 Por: Dilene da Silva Dilene da Silva Acadêmica em Medicina Veterinária Rua Salvador Cardoso, 16, Centro – Nova Venécia ES (27) 99615-5054 # USO ORAL # 1 – Tramadol 12 mg ------------------------------------------------------------------------------ Caixas Dê meio (1/2) comprimido ao animal a cada 12 (doze) horas durante 3 (três) dias. OPÇÃO INJETÁVEL: # USO INJETÁVEL # 1 – Tramadol 40 mg/ml ---------------------------------------------------------------------------- Frasco Aplique 0.13 (zero ponto treze) ml no animal, por via intravenosa, a cada 12 (doze) horas durante 3 (três) dias. # USO ORAL # 2 – Meloxicam 0,5 mg ----------------------------------------------------------------------------- Caixas Dê meio (meio) comprimido ao animal a cada 24 (vinte e quatro) horas durante 3 (três) dias. 3 – Amoxicilina com clavulanato de Potássio 50 mg ------------------------------------------- Caixas Dê 1 (um) comprimido ao animal a cada 12 (doze) horas durante 5 (cinco) dias. Nova Venécia ES, 07 de março de 2023. 11 Por: Dilene da Silva Farmacodinâmica Estudo dos mecanismos de ação de um medicamento nas funções bioquímicas e fisiológicas no organismo vivo. É uma relação entre dose e resposta do organismo, gerado alterações em funções pré-existentes. Podem ter efeito rápidos, intermediários e longos. Levando em conta os mecanismos de ação dos medicamentos, podemos citar os seguintes grupos: • Medicamentos estruturalmente inespecíficos: é aquele que não atua diretamente na estrutura química da molécula, mas sim gera alterações nas propriedades da molécula, gerando desestabilidade nas funções da célula. – Ex.: Anestésicos em geral inalatórios e desinfetantes. • Medicamentos estruturalmente específicos: é aquele que atua diretamente na estrutura química da molécula, modificando as propriedades da molécula, ligando-se a receptores alterando assim, a função celular. Uso em menores concentrações comparadas aos estruturalmente inespecíficos. Receptores: indica o componente do organismo que interage com o agente químico, que é um constituinte celular. Tendo isso em vista, conclui-se que quanto mais receptores ligados no medicamento, o tipo de ligação (iônicas, ponte de hidrogênio, hidrofóbica, van der Waals e covalentes – mais incomum), maior ou fugaz será o efeito deste. Alvo de ligação: os alvos de ligação no animal, são basicamente macromoléculas proteicas com função de: enzimas, moléculas transportadoras, canais iônicos, receptores de neurotransmissores e ácidos nucleicos: • Enzimas: atua principalmente com ação inibitória, na ação entre medicamento e enzima. Também, pode haver alterações na estrutura de enzimas, o que pode gerar uma desorganização na via metabólica. Um grande exemplo é a norepinefrina (vasodilatador) que é substituía nos depósitos sinápticos, no SN simpático. • Moléculas transportadoras: as proteínas transportadoras contêm locais que reconhecem e identificam moléculas para transportá-las para o interior do citoplasma celular. Esses, são alvo de ação de alguns medicamentos, que tem a função de bloquear o transporte. • Receptores celulares: função de atuação como receptores de substâncias endógenas como hormônios, neurotransmissores e autacoides e estão relacionados a transmissão de mensagens de forma direta ou indireta (2º mensageiro). Essas transmissões podem ser rápidas em milissegundos (neurotransmissores – aumento da permeabilidade na membrana) ou lentos, levando horas. Os intermediários podem levar segundos (2º mensageiros – metabotrópicos). • Receptores ligados a proteína G: representa a maioria dos receptores conhecidos atualmente, os receptores acoplados a proteína G, que é uma mensageira, são responsáveis por alterações no interior das células. É composta por três subunidades (α, β e γ – complexo αβγ), sendo uma associada ao GTP. Nas subunidades, as porções β e γ não se dissociam. Essas subunidades estão ancoradas na membrana citoplasmática da célula, mas conseguem se deslocar livremente. Ativação da proteína G: 12 Por: Dilene da Silva Receptor ocupado por uma molécula agonista > afinidade com o complexo αβγ > ligação do complexo com o receptor> dissociação do GDP ligado a porção α > substituição pelo GTP > causando a separação do trimero da proteína G > liberação da primeira subunidade α-GDP ativada > essa subunidade se desloca a membrana e pode atuar sobre várias enzimas e canais iônicos > o fim do processo baseia-se em GTP hidrolisado em GDP, pela enzima GTPase na subunidade α, e quando a dissociação da proteína efetora α-GDP, se unindo ao complexo novamente. • Receptores ligados a proteína G: - Sistema adenilato-ciclase/cAMP: proteína conhecida com Gs, ativada a ligação do neurotransmissor ao receptor, no que estimula essa proteína a produzir o ATP, cAMP (2º mensageiro). Efeitos na função celular podem ocorrer de forma variada, mas o mecanismo mais comum no que leva esses efeitos, associam-se a ativação de proteinoquinases que dependem do cAMP. Proteínas G relacionadas: Gs (estimulante) e Gi (inibidora).; - Sistema guanilato-ciclase/cGMP: similar ao cAMP; - Sistema fosfolipase e fosfato de Inositol: sistema que envolve vários segundos mensageiros. PIP2, IP3 e o DAG; - Sistema fosfolipase A2 / ácido araquidônico/eicosanoides: a ação do ácido araquidônico nos eventos celulares é bem complexa; - Regulação de canais iônicos: acopladas a proteína Go, que controlam as funções dos canais iônicos, alterando a permeabilidade, sem envolvimento de segundo mensageiro; • Receptores NÃO ligados a proteína G: - Receptores ligados a tirosinoquinase: ligado a ação de fatores de crescimento e hormônios como a insulina. Mecanismo complexo e pouco conhecido. - Receptores que regulam a transcriação DNA: hormônios esteroides e tireoidianos. Esses receptores ficam no interior das células, diferentemente dos anteriores estudados. Afinidade com o DNA nuclear > ligação > aumento na atividade do RNApolimerase > aumento de produção de RNAmensageiro > síntese de proteínas > efeitos celulares > processo que pode durar entre horas e dias. Relação DOSE X RESPOSTA O efeito de uma medicação, depende da quantidade em que foi administrada, logo, podemos representar essa relação em uma curva dose x resposta. O efeito máximo de X medicação será quando todos os receptores estiverem ocupados. Agonista: substância que se liga ao receptor e o ativa, levando ao efeito farmacológico. Antagonista: substância que ao se combinar com o receptor, não o ativa, pois cria um “bloqueio”. O que chamamos de fármacos reversores. Curva DOSE X RESPOSTA A resposta farmacológica é diretamente proporcional ao número de receptores. 13 Por: Dilene da Silva Potência: a potência está relacionada a dose de determinada medicação. Quanto menor a dose, maior a potência. Quando temos as seguintes unidades: mg e mcg, independente da dose, o medicamento que estiver com mcg terá maior potência. Medicamentos pouco potentes, necessitam de doses elevadas, já os extremamente potentes podem levar a intoxicação se não adm. de maneira correta. Eficácia Máxima/ Efeito Máximo / Eficácia: quando o fármaco atinge 100% da sua capacidade máxima / intensidade. Eficácia e potência são parâmetros independes um do outro. Inclinação: mecanismo de ação de um agente terapêutico. Variabilidade: determina como será a curva do gráfico, que pode variar de acordo com a espécie ou raça do animal. Efeitos anormais/colaterais • Hiper-reativo: resposta a doses baixas de determinado medicamento; • Hiporreativo: altas dosagens para atingir o efeito máximo; • Tolerância/resistência: com o tempo, após ingerir muito determinado medicamento, o remédio pode não fazer mais efeito, criando certa resistência a ele, em que as enzimas e receptores, não funcionam mais; • Taquifilaxia / dessensibilização: não terá o efeito necessário; • Efeito incomum / idiossincrasias: efeito não esperado ativado por determinado medicamento, isso acontece em pequena escala; • Supersensibilidade: aumento do efeito de determinado medicamento, elevando a sensibilidade; • Hipersensibilidade: liberação de histamina no corpo, como reações alérgicas. Mecanismos relacionados a tolerância 14 Por: Dilene da Silva Interação medicamentosa Associação de medicamentos que podem alterar o efeito do outro. • Sinergismo: um medicamento potencializa o outro, ocorrendo na mesma direção. Pode ser: -Por adição: associação de medicamentos da mesma classe, em que a combinação é igual a soma dos medicamentos com o efeito isolado; -Por potenciação: associação de medicamentos de classe distinta, em que a combinação é maior do que a soma dos feitos isolados. Uma substância potencializa a outra. • Antagonismo: combinação de medicamentos que pode levar a diminuição ou anulação dos efeitos de um deles. -Competitivo pelo reversível: basicamente é a competição pelo mesmo receptor, o que se liga, inativa o outro; -Competitivo parcial reversível: dois medicamentos agonistas (iguais), mas com diferentes capacidades de desencadear o efeito, logo, o antagonista menos eficaz atua como antagonista parcial do agonista principal; -Competitivo irreversível: dissociação lenta ou sem ocorrência do receptor, não se alcançando o efeito máximo; -Não competitivo: o antagonista bloqueia o agonista em algum possível mecanismo celular em que ele agiria; -Farmacocinético ou disposicional: reduz de forma efetiva: biotransformação, absorção e excreção; -Fisiológico/Funcional: dois agonistas que agem em receptores independentes e que geram reações opostas que se anulam; -Químico ou antidotismo: duas substâncias que não interagem com os receptores, mas reagem quimicamente. Farmacocinética A farmacocinética é o estudo do movimento de uma substância no organismo – absorção, distribuição, biotransformação e excreção. Principais vias: renal, biliar e fecal. Absorção Série de processos, em que uma substância penetre, sem lesão traumática, chegando até o sangue. (trato gastrointestinal). Todavia, para que chegue até o sangue é necessário que o medicamento penetre diversas membranas biológicas (epitélios e membranas celulares). O pH do meio é muito importante, pois ele definirá se hidrossolúvel ou lipossolúvel. Influência do pH A porção ionizada e não ionizada de determinado medicamento será definido pelo pH do meio onde ele se encontra. Esses medicamentos geralmente são compostos por ácidos ou bases fracas em que em soluções aquosas se apresentam parcialmente ionizados. As soluções não ionizadas ultrapassam a membrana mais rapidamente, e geralmente estão presente em locais mais ácidos (lipossolúvel). Classificação em três categorias 15 Por: Dilene da Silva • Apolar: não sofrem interferência do pH e conseguem ultrapassar qualquer membrana biológica; • Ácidos orgânicos: tem influência do pH, logo, os ácidos fracos são mais bem dissolvidos no estômago devido ao ácido clorídrico; • Aminas orgânicas: são mais bem absorvidas em pH alcalino (a partir do duodeno) – bases fracas – ligações: primárias, secundárias, terciárias e quaternárias de carbono – ligação próton reversível. Atividade complementar – receitas manipuladas 16 Por: Dilene da Silva Dilene da Silva Acadêmica em Medicina Veterinária Rua Salvador Cardoso, 16, Centro – Nova Venécia ES (27) 99615-5054 ESPÉCIE DO ANIMAL: canino RAÇA: York Shire PESO: 5,2 Kg SEXO: (X) F ( ) M IDADE: 9 anos TUTOR: Fulana NOME DO ANIMAL: Ciclano # USO TÓPICO OU EXTERNO – MANIPULAR # 1 – Shampoo 150 ml - Clorexidina 2%; - Cetoconazol 2%; - Aloe Vera 2%; Veículo Q.S.P. -------------------------------------------------------------------------------------- 150 ml Dê banho no animal, a cada 5 (cinco) dias, fazendo bastante espuma e deixe agir por 15 (quinze) minutos. Repita o processo por 45 (quarenta e cinco) dias. Nova Venécia ES, 21 de março de 2023. 17 Por: Dileneda Silva Dilene da Silva Acadêmica em Medicina Veterinária Rua Salvador Cardoso, 16, Centro – Nova Venécia ES (27) 99615-5054 ESPÉCIE DO ANIMAL: felino RAÇA: SRD PESO: 3,2 Kg SEXO: ( ) F (X) M IDADE: 1 ano TUTOR: Fulana NOME DO ANIMAL: Ciclano # USO ORAL – MANIPULAR # 1 – Intraconazol 32 mg------------------------------------------------------------------------------------- Excipiente Q.s.p ------------------------------------------------------------------------------ 70 cápsulas Dê 1 (uma) cápsula ao animal a cada 24 (vinte e quatro) horas por 60 (sessenta) dias. Nova Venécia ES, 21 de março de 2023. 18 Por: Dilene da Silva Dilene da Silva Acadêmica em Medicina Veterinária Rua Salvador Cardoso, 16, Centro – Nova Venécia ES (27) 99615-5054 ESPÉCIE DO ANIMAL: felino RAÇA: SRD PESO: 3,2 Kg SEXO: ( ) F (X) M IDADE: 1 ano TUTOR: Fulana NOME DO ANIMAL: Ciclano # USO ORAL – MANIPULAR # 2 – S-Adenosil-Metionina 90 mg ------------------------------------------------------------------------- Excipiente Q.s.p ------------------------------------------------------------------------------ 40 cápsulas Dê 1 (uma) cápsula ao animal a cada 24 (vinte e quatro) horas por 30 (trinta) dias. Nova Venécia ES, 21 de março de 2023. 19 Por: Dilene da Silva Dilene da Silva Acadêmica em Medicina Veterinária Rua Salvador Cardoso, 16, Centro – Nova Venécia ES (27) 99615-5054 ESPÉCIE DO ANIMAL: canino RAÇA: SRD PESO: 15,2 Kg SEXO: (X) F ( ) M IDADE: 10 anos TUTOR: Fulana NOME DO ANIMAL: Ciclano # USO ORAL – MANIPULAR # 1 – Gabapentina 152 mg------------------------------------------------------------------------------------ Excipiente Q.s.p------------------------------------------------------------------------------- 30 cápsulas Dê 1 (uma) cápsula ao animal a cada 12 (doze) horas por 14 (quatorze) dias. Nova Venécia ES, 21 de março de 2023. 20 Por: Dilene da Silva Dilene da Silva Acadêmica em Medicina Veterinária Rua Salvador Cardoso, 16, Centro – Nova Venécia ES (27) 99615-5054 ESPÉCIE DO ANIMAL: canino RAÇA: SRD PESO: 15,2 Kg SEXO: (X) F ( ) M IDADE: 10 anos TUTOR: Fulana NOME DO ANIMAL: Ciclano # USO ORAL – MANIPULAR # 2 – Vitamina K 15 mg -------------------------------------------------------------------------------------- Excipiente Q.s.p------------------------------------------------------------------------------- 15 cápsulas Dê 1 (uma) cápsula ao animal a cada 12 (doze) horas por 7 (sete) dias. Nova Venécia ES, 21 de março de 2023. 21 Por: Dilene da Silva Passagem de medicamentos por membranas biológicas Na grande maioria das vezes uma absorção de determinado medicamento se dá por transporte passivo, mas em alguns, essa absorção pode se dar por processos ativos, com ou sem gasto de energia, com o emprego de substâncias carreadoras. Processo passivo: é um processo que não utiliza energia (ATP) para acontecer. Podem ser, difusões: • Simples ou passiva: o medicamento se distribui da porção mais concentrada para a menos concentrada, respeitando o gradiente de concentração. As moléculas do medicamento (soluto) precisam ser apolares e o peso molecular deve ser compatível com a bicamada lipídica da membrana. • Filtração: pequenas substâncias (polares, apolares e hidrossolúveis), que atravessam os canais iônicos de uma membrana; Transporte mediado por carreador: os carreadores são componentes da membrana que podem transportar substâncias para o interior da célula. • Difusão facilitada: sem o gasto de energia, o medicamento se move a favor do gradiente de concentração, a difusão é mais rápida do que a simples. Ex.: entrada de glicose na célula; • Transporte ativo: substrato movido contra o gradiente de concentração, com gasto de energia para ocorrer (hidrólise de ATP). Por ser um transporte com alto grau de especificidade estrutural, se duas substâncias se oferecerem para o transporte, uma pode inibir a outra. Um grande exemplo desse tipo de transporte é o a Proteína G (transporte de substâncias para fora da célula). Nas raças de cães Collie e Sthetland tem a funcionalidade desse mecanismo prejudicada, o que há o aumento de toxicidade por ivermectina. • Pinocitose e fagocitose: uma membrana se invagina em determinada macromolécula, em que a fagocitose é para absorção de moléculas sólidas e pinocitose para absorção de moléculas líquidas, e exigem gasto de energia para acontecerem e nem de carreadores. Tipos de barreiras tissulares corporais Mucosa gastrointestinal: por ser revestido por células epiteliais muito juntinhas, onde há um bloqueio dos espaços intercelulares, há a necessidade das substâncias se difundirem através de membranas celulares. As substâncias devem ser solúveis; Barreiras epiteliais da pele, córnea e bexiga: da mesma forma que a mucosa gastrointestinal, as células são bem unidas, sendo assim, a forma de penetração única é a difusão, exclusivamente para substâncias apolares; Barreira hematoencefálica: SNC, com barreira que possui poucas vesículas de pinocitose, por essa e demais características, essa barreira impede que substâncias polares e de grande peso molecular penetrem o SNC; Barreira hematotesticular: células de Sertoli – Apresentam junções intimas, funções de suporte e nutrição de células germinativas. Essa barreira é pouco permeável a proteínas, o que impede de a testosterona sair do lúmen do túbulo. Só penetram substância pouco polares com capacidade de difusão ou transporte ativo. 22 Por: Dilene da Silva Barreira placentária A placenta é o contato entre o feto e a fêmea prenhe. As características, podem se deferir entre os animais. Tipos: • Placenta epiteliocorial: encontrada em ruminantes, suínos e equinos, onde há a penetração sem distribuição maior do tecido uterino materno. Possui camadas espessas para impedirem a passagem de anticorpos da mãe para o feto. Por isso nessas espécies, a importância da ingestão do colostro pelo neonato para a assimilação de gamaglobulina; • Placenta endoteliocorial: encontrada em carnívoros, distribuição ampla de tecido; • Placenta hemocorial: encontrada em primatas e roedores. Essa barreira se comporta como as demais, onde substâncias de baixo peso molecular e lipossolúveis, atravessam a camada da placenta, por difusão simples, ou também por difusão facilitada, transporte ativo ou pinocitose. O medicamento pode atravessar por filtração, chegando ao feto e causando uma “depressão respiratória”. Barreiras Capilares Tipos de estruturas capilares no corpo humano: • Capilares com máculas: os mais existentes no corpo, apresentam zonas frouxas, o que permite que substâncias químicas sem ligação com proteínas saiam do seu interior e alcançam o espaço extracelular; • Capilares fenestrados: característicos de órgãos excretores (glomérulos renais e glândulas salivares) e secretores (pancreáticas e hipofisária). Permitem o acesso livre de substâncias para o interior da célula, ou seja, aquelas não ligadas a proteínas; • Capilares com bloqueio completo: ex. capilares da barreira hematoencefálica. Única passagem. Biodisponibilidade A biodisponibilidade mede a quantidade de determinado medicamento em x forma farmacêutica que ao ser administrado em um organismo vivo, atinge a corrente sanguínea de forma inalterada. Em um conceito mais abrangente, considera-se também o local de ação, ou seja, a biofase. A biodisponibilidade é utilizada para determinar a quantidade de um medicamento absorvido, a partir da forma farmacêutica, a velocidade de absorção, e a permanência em que o líquido permanece no organismo e sua relação com as respostas farmacológicas e/ou toxicológicas. O estudo da biodisponibilidade possibilita: determinação da posologia de um medicamento, da suaforma farmacêutica, adequação da dose. As placentas endoteliocorial e hemocorial, possibilita a passagem de gamaglobulinas para os filhotes. 23 Por: Dilene da Silva Bioequivalência ex.: medicamentos genéricos. É o estudo de duas ou mais substâncias, contendo o mesmo princípio ativo, adm. na mesma dose, pela mesma via e na mesma espécie animal. Distribuição dos medicamentos Após a absorção do medicamento, ele sai do local de compartimento para o seu local de ação de forma livre no sangue, no que também depende do grau de vascularização do tecido em questão, para que haja o equilíbrio entre o plasma e o líquido. Nos órgãos como coração, rins, fígado e cérebro, por serem bem perfundidos, acontece de maneira rápida (compartimento central) quando comparados a pele, ossos ou depósitos de gordura (compartimento periférico). Ligação as proteínas plasmáticas Após a absorção no organismo, um medicamento tende a se ligar, de forma reversível a uma proteína. Considera-se que a ligação com proteínas plasmáticas como um reservatório circulante de um medicamento potencialmente ativo. Ao mudar os níveis dessas proteínas pode aumentar a toxicidade de medicamentos que apresentam afinidade por proteínas. Ou seja, quando determinado medicamento está de forma livre, quando há a disputa pelo mesmo sítio de ligação, pode ser o responsável por um efeito farmacológico e/ou toxicológico. A proteína sanguínea ALBUMINA é muito importante na ligação de medicamentos. Os cães de corridas, os Galgos, tem sérios problemas em ter um baixo metabolismo/síntese proteica. A área sob curva é o tempo em que a medicação está no organismo. Apenas a parte livre do medicamento pode deixar o plasma e alcançar o local e ação. 24 Por: Dilene da Silva Meia Vida de eliminação É o tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado agente terapêutico se reduza a metade. A partir disso, conseguimos estimar o tempo de duração que esse agente permanecerá no organismo e assim, definir a frequência em que será dosada. Assim concluímos que a meia-via é importante para estimar: • Duração de ação após uma dose; • O tempo necessário para a eliminação plasmática do medicamento; • A frequência da dose; • O tempo necessário para alcançar o equilíbrio dinâmico. Quando há falha na posologia, temos concentrações ineficazes para a produção de uma resposta terapêutica, e que para que isso não ocorra, é importante obedecer a janela terapêutica, que é o que determina o tempo/frequência de ingestão do agente terapêutico. Biotransformação dos medicamentos É a transformação química de medicamentos ou agentes terapêuticos no organismo, em que favorece sua eliminação, e com frequência resulta na inativação farmacológica. Os animais terrestres possuem mecanismos enzimáticos que se localizam no fígado, que são responsáveis pela transformação de compostos lipossolúveis. Através da veia porta, obrigatoriamente toda substância absorvida no sistema gastrointestinal, vai até o fígado (efeito de primeira passagem), onde é biotransformada para posteriormente alcançar o resto do organismo. Vale ressaltar que o fígado não é exclusivamente para a biotransformação, que pode acontecer em outros órgãos também. Existem duas etapas de biotransformações: • Reações de fase I: ocorre no sistema microssomal hepático – fígado; CYP450 (componente primordial p/ biotransformação de substâncias químicas; • Reações de fase II ou sintéticas/de conjugação: acontecem em enzimas. Excreção de medicamentos Os principais órgão de excreção são os rins, o fígado e os pulmões. A excreção de um medicamento pode ser posterior a sua biotransformação ou de forma inalterada. 25 Por: Dilene da Silva • Excreção renal: medicamentos que não sofrem influência do pH ou são pouco lipossolúveis. Devido a sua alta ligação proteica e maior peso molecular, não há absorção no glomérulo, todavia alguns medicamentos conseguem atravessar o glomérulo na sua porção distal do néfron, gerando uma reabsorção e aumentando a taxa de intoxicações; • Excreção biliar: o peso molecular e a polaridade influenciam nesse tipo de excreção. Alguns medicamentos são excretados por uma via hepática por intermédio da bile. Por isso: quanto maior o peso molecular, melhor a eliminação; quanto mais gordura, menor a absorção. - Ciclo êntero-hepático: algumas substâncias excretadas pela bile, podem ser reabsorvidas no intestino, o que gera um retardo na excreção total de um fármaco; • Excreção pelo leite: o pH é mais baixo do que do sangue (alcalino), o que facilita a excreção de medicamentos de caráter básico pelo leite. Logo, o mesmo efeito que teria no plasma, terá no leite, passando ao neonato, por isso é muito importante respeitar o tempo de carência do leite; • Excreção pelo ovo: os precursores da gema (lipídeos) são produzidos na fígado. Logo, quanto maior a lipossolubilidade, maior será a penetração na gema. Fatores que modificam os efeitos dos medicamentos no organismo • Solubilidade: se são hidro ou lipossolúveis; • Forma farmacêutica: líquidos (melhores e de mais rápida absorção) ou sólidos; • Área de absorção e concentração: vasoconstritores (adrenalina, por exemplo) – quanto menor a área, maior será a concentração, devido a disponibilidade no local, terá sua ação prolongada; • Calor: quanto maior o calor, aumentará a irrigação sanguínea no local, aumentando a área de absorção; • Alimentos; • Distribuição do medicamento: quanto mais alta a ligação com proteínas, mais tempo permanecerá no organismo, e o medicamento se diminui em sua forma livre, gerando uma ação prolongada; • Idade do animal: os neonatos possuem seus órgãos ainda prematuros, e possuem uma proteína chamada alfafetoproteína, que se encontra com abundância no organismo deles, e essa proteína não consegue ligar-se aos medicamentos, podem aumentar as chances de toxicidade. Já os animais idosos, possuem o aumento de depósitos de gorduras, o que gera um efeito mais prolongado. • Gestação: na gestação há o aumento do volume plasmático, gerando o aumento de líquidos. O CYP na gestação: quanto maior, maior será a dose, aumentando o efeito, quanto menor, isso representa sinais de toxidade; • Biotransformação: os gatos por exemplo, tem deficiência em conjugar medicamentos com glicuronídeos – ex.: paracetamol, dipirona etc. Os suínos, o sulfato. E os cães, o acetato. Etc.; • Uso prolongado: maior atividade do sistema microssomal hepático, gera a tolerância ao medicamento. 26 Por: Dilene da Silva Vias de administração - Vias parentais: são mais invasivas; - Vias digestivas: oral, sublingual, retal e ruminal. Antes de falarmos das principais vias, vamos relembrar um pouco sobre o sistema gastrointestinal: O intestino é o principal local de absorção de medicamentos. Quando os medicamentos são mais básicos (pH > 10) e os ácidos (pH < 3) há uma maior dificuldade de absorção, devido a forma não ionizada em que se encontram. • Cavidade bucal (mais externa) /oral (mais interna): a absorção é facilitada na via sublingual, devido a sua grande área vascularizada e o epitélio que permite a absorção. Não sofrem efeito de primeira passagem, e passam para a jugular para a circulação venosa, logo a inativação pelo pH estomacal é evitado, pela grande absorção; • Esôfago: as aves, possuem o inglúvio, mais comumente conhecido como papo, que é uma parte dilatada na porção final. Isso faz com que o medicamento se deposite nesse local, e não absorva de forma correta. Por isso, o ideal é que o medicamento seja injetado próximo ao peito do animal devido a veia safena; • Estômago: no estômago, possui a mucina, que é a mucosa de proteção desse órgão devido ao ácido clorídrico, logo, quanto maior a camada de mucina, menor a absorção; • Animais poli gástricos: possuem o rúmen (problemas relacionadosa microbiota ou reter o medicamento, o que pode alterar a biotransformação). • Intestino: É a principal área de absorção devido a sua alta vascularização e as vilosidades intestinais, presentes na região da mucosa; onde nós temos o esvaziamento gástrico. EFEITO DE PRIMEIRA PASSAGEM Efeito tal, que se refere a passagem da substância já absorvida no sistema gastrointestinal pelo fígado, através da veia porta, onde é biotransformada para após isso alcançar o restante do organismo. Quando adm. por via oral, necessita de uma dosagem maior. Os herbívoros possuem uma maior capacidade de biotransformação e por isso o efeito neles são bem maiores do que em onívoros e carnívoros. Entretanto, ao pensarmos no ruminante, devemos considerar que eles possuem uma microbiota complexa no rúmen e em equinos no ceco, e por conta disso o medicamento é biotransformada por essa microbiota, no que contribui também na quantidade de medicação absorvida. Vale ressaltar, que algumas medicações podem gerar a morte dessa microbiota, uma vez que gera certo desequilíbrio do meio, dando espaço ao crescimento de microrganismos, que podem ser patogênicos, ocasionando consequências à fisiologia digestiva do animal. Via Oral As medicações administradas via oral, é a forma mais segura, uma vez que não apresenta certa irritação tissular no local de injeção. Todavia, pode ocorrer uma variação de biodisponibilidade quando falamos de espécies distintas. 27 Por: Dilene da Silva - Formas farmacêuticas: soluções, líquidos, suspensões, géis, pastas, cápsulas, tabletes, bólus ruminal, pós e grânulos para adição no alimento, pós solúveis e premix. A escolha da forma farmacêutica administrada dependerá da espécie do animal, o tempo de ação (até o aparecimento de efeitos), e pela determinação da solubilidade e propriedades físico- químicas. Em casos de ruminantes, temos formulações por via oral de dose única, no que chamamos de bólus ruminal (geralmente antiparasitários), no qual a medicação pode ser liberada em até 140 dias. Via Retal Muito comum na clínica de pequenos, e bem utilizado em emergências, como crises convulsivas ou o Diazepam em gatos com mal epilético. As medicações administradas por essa via, possuem um efeito de primeira passem parcial (não entra pela veia porta), onde pode causar certa irritação local, dificultando a absorção. Via Ruminal Uso restrito de medicamentos com ação no rúmen – aplicados diretamente no local com emprego de agulhas. Via de administração parental As mais usuais são: administração por via intravenosa (diretamente na veia), intramuscular (entre os músculos) e subcutânea (abaixo da pele). Quando nos referimos aos animais de produção devemos nos atentar ao propósito da administração (terapêutico? Preventivo? Diagnostico terapêutico?), latência (tempo que leva entre a administração até o aparecimento do efeito desejado), período de carência e custo de tratamento, que é elevado. A administração por vias parentais também poderá ser determinada pela formulação farmacêutica, em que a concentração e volume administrados podem acarretar problemas como irritações tissulares e interferirem na taxa de absorção. • Via intravenosa: tem como vantagem a obtenção rápida dos efeitos farmacológicos, possibilidade de adm. de grandes volumes, e quando a medicação é administrada em pequena dosagem, devemos diluir em soro, e injetar por meio de infusão lenta para que não ocorra riscos de efeitos colaterais. As desvantagens são embolias, infecções – não utilizada de forma oleosa ou insolúveis. NÃO HÁ A NECESSIDADE DE TROCOTOMIA. -Cão e gato: utilizamos as veias cefálica, safena, femoral e jugular; -Bovinos: jugular e auricular; -Equinos: jugular e cefálica. TISSULAR = Tecidos; Quanto maior a concentração, menos o volume. TRICOTOMIA = Raspagem da pelagem. 28 Por: Dilene da Silva • Via intramuscular: comumente empregada, e possui um efeito mais prolongado. Possui uma absorção rápida, quando falamos em volumes moderados em veículos aquosos. Em caso de veículos oleosos, suspensões ou preparações de depósitos, a absorção pode ser retardada. Suas desvantagens podem ser a dor, quando aplicados em volume moderado, e aparecimento de lesões musculares, devido a aplicação de substâncias irritantes ou com pH distinto do neutro, promovendo processos inflamatórios. Geralmente é utilizada em animais bravos. NÃO PRECISA DE TRICOTOMIA. -Local de adm. em pequenos: membros pélvicos, braquiais ou lombares; -Em equinos: glúteo ou na região da tala do pescoço. • Via Subcutânea: Apropriada para adm. de medicamentos que precisam ser absorvidos de maneira lenta, e geralmente é utilizada em cães e gatos. Por conta disso, utilizamos a suspensão, para atingir uma duração mais prolongada. As medicações são absorvidas por difusão. Esse tipo de via pode gerar sensibilidade causando reações alérgicas. Devemos ter atenção com o pH e osmolaridade, se estes são próximos ao pH da pele para que não ocorram reações alérgicas. É administrada em locais onde possuem mais peles soltas como flancos e pescoço. • Outras vias: ➢ Via intradermal: utilizada para diagnósticos, e para cães atópicos para o fornecimento de analgésicos; ➢ Via intraperitoneal: quando há a necessidade de adm. de grandes volumes, pois essa via possui grande superfície de absorção – Ex.: quimioterapia, dialise peritoneal; ➢ Via intracardíaca: utilizada para eutanásia; ➢ Via intratecal: administrada na coluna, pois envolve a penetração em membranas do SNC, restrita para diagnóstico radiológico; ➢ Via epidural: utilizada em cirurgias abdominais em grandes animais; ➢ Via intra-articular: para efeito localizado, aplicado diretamente na articulação desejada; ➢ Via intraocular: utilizada em cirurgias de animais com diagnóstico de glaucoma; ➢ Via intraóssea: como a via intravenosa, mas é utilizada em casos em que o paciente está altamente desidratado ou em pacientes neonatos – aplasia; • Vias tópicas ou transmucosas: utilizada para efeitos localizados, considerada bastante segura, todavia pode ocorrer intoxicação em determinados casos. Devemos ressaltar também, que se o local de aplicação estiver com uma alta irrigação, terá maior absorção, podendo levar a efeitos indesejáveis. Ordem conforme a maior penetração do medicamento: Coelhos > ratos > cobaias > gatos > cães > suínos > seres humanos Exemplos: tipo pour-on – aplicado no dorso – e spot-on – aplicado na cernelha. Utilizados principalmente para o controle de ectoparasitas em grandes e pequenos animais. – Via tópica. • Via inalatória: utilização restrita a anestesia inalatória; • Via intramamária: utilizada para o tratamento de doenças em glândulas mamárias. Quanto maior a irrigação do musculo, maior e mais rápido será a biodisponibilidade. Exceto na via intraocular, precisamos realizar assepsia e tricotomia.