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Livro Didático Digital
Uroanálise 
e Líquidos 
Corpóreos
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
CAROLINA GALVÃO SARZEDAS
AUTORIA
Carolina Galvão Sarzedas
Olá! Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e 
doutorado em Ciências. Tenho experiência técnico-profissional na área 
de bioquímica e biologia molecular há mais de 18 anos. Minha formação 
acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela ciência e pela 
educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica 
quanto na produção de materiais didáticos para grandes empresas de 
educação. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu 
elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você 
nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Líquido Extracelular: Serosos ................................................................ 10
Compartimentos Corporais ...................................................................................................... 10
Líquidos Serosos .............................................................................................................................. 11
Líquido Pleural ............................................................................................................... 12
Líquido Pericárdico ..................................................................................................... 14
Líquido Peritoneal ........................................................................................................ 15
Análise Laboratorial ...................................................................................................................... 16
Líquido Extracelular: Sinovial e Cefalorraquidiano .....................20
Líquido ou Fluido Sinovial ........................................................................................................ 20
Coleta e Análise Laboratorial .............................................................................. 21
Líquido Cefalorraquidiano ou Líquor ................................................................................24
Coleta e Análise Laboratorial .............................................................................25
Líquidos Extracelulares: Amniótico e Seminal ............................... 31
Líquido Amniótico ........................................................................................................................... 31
Coleta e Análise Laboratorial do Líquido Amniótico ..........................33
Líquido Seminal ................................................................................................................................35
Coleta e Análise Laboratorial ............................................................................. 36
Líquido extracelular: Saliva, Suco Gástrico e Suor ....................... 41
Saliva ........................................................................................................................................................ 41
Coleta e Análise Laboratorial .............................................................................42
Suco Gástrico .....................................................................................................................................43
Suor ...........................................................................................................................................................45
Coleta e Análise Laboratorial ............................................................................. 46
7
UNIDADE
04
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
8
INTRODUÇÃO
Você sabia que os líquidos corporais extracelulares são de suma 
importância para o organismo e que fazem parte do metabolismo dos 
organismos pluricelulares? São exemplos de líquidos extracelulares o 
líquido cefalorraquidiano (líquor), o líquido surfactante pleural, o pericárdio 
e peritoneal, além do líquido amniótico e seminal. 
As trocas metabólicas celulares são realizadas através do líquido 
extracelular e seus componentes. Algumas diferenças são fundamentais 
entre os líquidos intra e extracelulares, como íons e potássio, que estão em 
maior concentração no meio intracelular, porém pobres no extracelular. 
Você deve estar se perguntando: qual é a importância disso tudo? 
É que o conteúdo do meio extracelular e do meio intracelular deve ser 
diferente para que a homeostase metabólica seja mantida, e isto só é 
possível através de mecanismos para o transporte de íons por meio 
das membranas celulares. E através das medidas das concentrações é 
possível analisar, diagnosticar e acompanhar o tratamento de diversas 
enfermidades. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai 
mergulhar neste universo!
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo àUnidade 4. Nosso objetivo é auxiliar 
você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o 
término desta etapa de estudos:
1. Identificar e diferenciar os líquidos serosos.
2. Analisar os líquidos sinovial e cefalorraquidiano.
3. Definir as funções dos líquidos amniótico e seminal.
4. Explicar a importância do suor, da saliva e do suco gástrico.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
10
Líquido Extracelular: Serosos
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você será capaz de entender quais 
são os fluidos corporais extracelulares e suas principais 
funções na clínica médica. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.
Compartimentos Corporais
Podemos dizer que todo o líquido do nosso corpo está dividido em 
dois compartimentos: intracelular e extracelular. O líquido intracelular, 
como o próprio nome sugere, está presente dentro das células, enquanto 
o líquido extracelular é dividido em intersticial e plasma sanguíneo. 
O corpo ainda possui um terceiro compartimento de líquido, mas 
menor, conhecido como líquido transcelular, onde estão incluídos os 
líquidos dos espaços sinoviais, peritoniais, pericárdicos, intraoculares e 
cefalorraquidiano. Todos os líquidos transcelulares juntos possuem entre 
1 e 2 litros.
Alguns dos líquidos transcelulares ocupam os chamados “espaços 
em potencial” ou cavidades, que têm superfícies que praticamente se 
tocam, sendo separadas por uma fina camada de líquido entre elas, 
fazendo com que as superfícies deslizem uma sobre as outras. Este 
deslizamento é facilitado pelo líquido viscoso proteico que lubrifica as 
superfícies. Estes espaços ou cavidades são: cavidade pleural, cavidade 
peritoneal, cavidade pericárdica, cavidades sinoviais, cavidades das 
articulações e bolsas. 
A passagem de líquidos, eletrólitos ou proteínas não encontra 
resistênciana membrana da superfície dos espaços em potencial, o que 
significa que os líquidos dos capilares adjacentes se movimentam entre 
o espaço em potencial e o líquido intersticial com relativa facilidade, se 
tornando um grande espaço tecidual. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
11
Os espaços em potencial estão ligados de maneira direta ou indireta 
aos vasos linfáticos.
EXEMPLO
Grandes vasos linfáticos podem ter saída direta para as cavidades 
peritoneal e pleural.
Na sequência, listaremos alguns tipos de fluidos corporais e suas 
respectivas cavidades e funções.
Líquidos Serosos
As cavidades têm superfícies que entram em contato entre si e se 
movimentam. O líquido seroso (LS) se localiza nesses espaços fechados 
do organismo com a função de lubrificar as cavidades. 
As cavidades pleural, peritoneal e pericárdica, presentes nos 
pulmões, na cavidade abdominal e no coração, respectivamente, são 
revestidas por duas membranas conhecidas como serosas, sendo que 
uma delas reveste as paredes da cavidade e a outra cobre o órgão no 
interior da cavidade.
Figura 1 – membranas visceral e parietal da cavidade pleural
Fonte: Anatomia On-line.
As velocidades de produção e reabsorção dos líquidos serosos 
são proporcionais, por isso sua quantidade é pequena no organismo. Os 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
12
derrames desses líquidos são classificados de acordo com a composição 
bioquímica e citológica, podendo ser transudatos e exsudatos.
Os derrames exsudatos são provenientes de processos 
inflamatórios, infecções e neoplasias, pois aumentam a permeabilidade 
capilar e, com isso, comprometem as membranas. Seu diagnóstico é mais 
extenso e necessita de outras análises para determinar a causa.
EXEMPLO 
Derrames exsudatos ocorrem em câncer, tuberculose e pneumonia. 
Os derrames transudatos são resultados de processos mecânicos no qual 
um distúrbio sistêmico causa o rompimento do equilíbrio entre filtração e 
reabsorção do líquido. Geralmente, ocorrem em condições clinicamente 
aparentes, como insuficiência cardíaca congestiva, cirrose com ascite e 
nefrose. O problema é resolvido tratando-se a condição subjacente e 
observando a resolução do derrame.
Líquido Pleural
A pleura visceral é uma delicada membrana que reveste o exterior 
do pulmão e a pleura parietal está presente na superfície interna da parede 
do tórax. O líquido pleural é um ultrafiltrado de plasma presente entre 
os folhetos pleurais que tem como função facilitar a expansão pulmonar 
dentro da caixa torácica, assim como lubrificar a superfície pleural de 
forma a facilitar os movimentos respiratórios.
O líquido pleural possui baixa celularidade, sendo composto 
basicamente por monócitos, linfócitos, células mesoteliais e uma porção 
proteica (albumina, fibrinogênio, globulinas). 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
13
EXPLICANDO MELHOR:
A quantidade de líquido em cada cavidade pleural é 
pequena (1 a 20ml), e quando aumentada começa a fluir 
para a cavidade pleural. Seu excesso é bombeado para fora 
pelos vasos linfáticos (aqueles que se abrem diretamente 
na cavidade pleural) para o mediastino, para a superfície 
superior do diafragma ou para as superfícies laterais da 
pleura parietal. 
A região da pleura pode, de maneira direta ou indireta, sofrer diversos 
tipos de enfermidades, gerando alterações patológicas que podem alterar 
os tipos celulares presentes ou a quantidade do fluido pleural. O resultado 
acaba sendo um desequilíbrio entre a produção e a reabsorção do líquido, 
que pode levar a um derrame ou edema da cavidade pleural.
O derrame pode ser causado por insuficiência cardíaca, bloqueio 
da drenagem linfática da cavidade pleural, diminuição acentuada da 
pressão coloidosmótica do plasma, infecção ou qualquer outra causa de 
inflamação nas superfícies da cavidade pleural que rompa as membranas 
capilares e permita o rápido acúmulo de proteínas plasmáticas e de 
líquido na cavidade.
NOTA:
A insuficiência cardíaca causa altas pressões capilares e 
periféricas, levando à excessiva transudação de líquidos 
para a cavidade pulmonar. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
14
Figura 2 – Ilustração de um derrame pleural
Fonte: Wikipedia.
Líquido Pericárdico
Primeiramente vamos definir o pericárdio como um saco 
fibroelástico constituído por duas membranas denominadas pericárdio 
visceral e parietal. O líquido pericárdico é o líquido seroso formado por 
um ultrafiltrado do plasma, que preenche o espaço entre estas duas 
membranas pericárdicas. O volume de líquido possui entre 15 e 50ml, 
podendo aumentar de volume em inflamações, infecções, neoplasias, 
traumas e hipotireoidismo. 
O pericárdio parietal possui estrutura fibrosa formada primariamente 
por colágeno e, em menor quantidade, elastina, com espessura menor do 
que 2 mm. Em contrapartida, o pericárdio visceral possui uma camada 
simples de células mesoteliais aderidas ao epicárdio.
O pericárdio, assim como os outros líquidos serosos, tem como 
função principal lubrificar as membranas que o envolve. Além disso, o 
pericárdio restringe o volume cardíaco durante a diástole, particularmente 
nas câmaras direitas, e ainda, estabiliza o coração no mediastino e protege 
a disseminação de infecções de órgãos adjacentes de maneira mecânica. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
15
Figura 3 – Cavidade pericárdica
Fonte: Drake et al. (2021).
Líquido Peritoneal
A cavidade peritoneal é estéril e revestida por uma camada 
mesotelial denominada peritônio visceral, porque se espelha sobre 
as vísceras. O líquido peritoneal possui 50ml e é fisiologicamente um 
transudato. 
Os valores de densidade são considerados normais abaixo de 
1,016, com a concentração de proteínas inferior a 3g/dL e a contagem de 
leucócitos abaixo de 3000/µl. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
16
Figura 4 – Ilustração do líquido na cavidade peritonial
Fonte: Kenhub.
Análise Laboratorial 
Os líquidos serosos são colhidos por aspiração com agulha nas 
respectivas cavidades. Os procedimentos são denominados:
 • Líquido pleural – toracocentese.
 • Líquido pericárdico – pericardiocentese.
 • Líquido peritoneal – paracentese.
Uma quantidade grande de líquido precisa ser colhida do paciente, 
pois para o diagnóstico são necessárias várias amostras: para a contagem 
de células (amostra com anticoagulante), para a cultura (tubo estéril), para 
amostras bioquímicas (amostra heparinizada) e para a observação de 
coagulação espontânea (amostra não heparinizada). 
Líquido pleural 
Para a coleta do material, o paciente é colocado em posição 
sentada, com os braços levantados e apoiados. Um anestésico local é 
aplicado, seguido da inserção de uma agulha dentro da cavidade pleural 
para a retirada da amostra. A cor é de transparente a amarelo-claro.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
17
O acúmulo de líquido pleural é observado em pneumonia, 
carcinomas (derrames exsudatos) e na insuficiência cardíaca (distúrbio 
sistêmico-derrame transudatos). 
A turvação está relacionada à presença de leucócitos e indica 
infecções bacterianas, tuberculose ou distúrbio imunológico (Ex: artrite 
reumatóide).
A presença de sangue pode significar hemotórax (lesão traumática), 
mas se for na pré-centrifugação pode decorrer de lesão na membrana 
(Ex: em neopasias) ou de aspiração traumática. 
A presença de neutrófilos indica infecção bacteriana. A visualização 
de linfócitos sugere tuberculose ou neoplasia. A glicose baixa está 
associada à tuberculose, neoplasia ou inflamação reumatóide. pH baixo 
se relaciona com ruptura esofágica, tuberculose ou neoplasia. Amilase 
alta significa pancreatite. 
Líquido pericárdico
Para a realização da coleta, o paciente é colocado deitado. Aplica-
se um anestésico local para a inserção de uma agulha no espaço entre 
as costelas do lado esquerdo do tórax (entre o 5º e 6º espaço intercostal) 
na cavidade pericárdica. Pode-se fazer uso de um ultrassom para ajudar o 
médico a guiar a agulha. A coré de transparente a amarelo-claro. 
Os derrames pericárdicos ocorrem por pericardite (infecção), 
neoplasias ou comprometimento metabólico. A turvação é encontrada em 
infecções e neoplasias. O líquido coletado é transparente em distúrbios 
metabólicos. Valores elevados de leucócitos indicam endocardite 
bacteriana. Níveis baixos de glicose indicam infecção bacteriana e 
neoplasia. 
Líquido peritoneal (ou ascítico) 
Para a coleta da amostra, posiciona-se o paciente de maneira 
deitada, mas com a cabeça da cama levantada. Aplica-se anestesia local, 
insere-se uma agulha na região abdominal para retirada de uma amostra. 
O acúmulo do líquido peritoneal é denominado ascite. A cor é de 
transparente a amarelo-claro. A turvação indica infecções como peritonite 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
18
ou cirrose. Líquidos esverdeados são vistos quando há derrame biliar. 
Valores elevados de hemácias podem sugerir traumatismo hemorrágico. 
Valores elevados de leucócitos podem indicar cirrose ou peritonite 
bacteriana. 
Glicose baixa se relaciona com peritonite tuberculosa e neoplasia. 
A amilase elevada indica perfuração gastrintestinal ou pancreatite. A ureia 
e creatinina elevadas significam ruptura da bexiga. A fosfatase alcalina 
elevada sugere perfuração intestinal.
SAIBA MAIS:
Para mais detalhes sobre os procedimentos de análise, 
clique aqui.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que mostramos? Vamos repassar 
alguns conceitos que não podem ser esquecidos. 
Todo o líquido do nosso corpo está dividido em dois compartimentos: 
intracelular e extracelular (intersticial e plasma sanguíneo). Há ainda 
um compartimento de líquido menor, o líquido transcelular (líquidos 
dos espaços sinoviais, peritoniais, pericárdicos, intraoculares e 
cefalorraquidiano).
 Todos os líquidos transcelulares juntos possuem entre 1 e 2 litros. 
O líquido seroso (LS) se localiza em espaços fechados do organismo com 
a função de lubrificar as cavidades. As cavidades pleural, peritoneal e 
pericárdica, presentes nos pulmões, são revestidas por duas membranas 
conhecidas como serosas. 
A região da pleura pode, de maneira direta ou indireta, sofrer diversos 
tipos de enfermidades, gerando alterações patológicas que podem alterar 
os tipos celulares presentes ou a quantidade do fluido pleural. O resultado 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
https://labtestsonline.org.br/tests/analise-de-liquidos-corporais
19
acaba sendo um desequilíbrio entre a produção e a reabsorção do líquido, 
que pode levar a um derrame ou edema da cavidade pleural. 
O derrame pleural pode ser causado por insuficiência cardíaca, 
bloqueio da drenagem linfática da cavidade pleural, diminuição acentuada 
da pressão coloidosmótica do plasma, entre outros. O pericárdio restringe 
o volume cardíaco durante a diástole, estabiliza o coração no mediastino 
e protege a disseminação de infecções de órgãos adjacentes de maneira 
mecânica. A cavidade peritoneal é estéril e revestida por uma camada 
mesotelial denominada peritônio visceral; também possui função de 
proteção.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
20
Líquido Extracelular: Sinovial e 
Cefalorraquidiano 
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá identificar e analisar os 
líquidos sinovial e cefalorraquidiano. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.
Nos vasos sanguíneos, o líquido extracelular é chamado de plasma, 
nos vasos linfáticos é chamado de linfa, dentro e ao redor do encéfalo e 
da medula espinhal é chamado de cerebroespinhal ou cefalorraquidiano, 
nas articulações é chamado de líquido sinovial.
Líquido ou Fluido Sinovial
O fluido sinovial ou sinóvia é um dos elementos que compõem o 
sistema locomotor, além dos ossos, músculos, ligamentos e articulações. 
Está presente nas cavidades articulares e na bainha dos tendões, e tem 
a função de lubrificar, proteger e nutrir as cartilagens, de modo que o 
movimento seja suave e sem dor. 
A cor do fluido sinovial é amarelada e contém 2g/dL de proteínas 
isentas de fibrinogênio (não possui coagulação espontânea) e não 
apresenta cristais. A análise do fluido se dá para classificar distúrbios 
articulares, pois o aumento da quantidade de proteínas totais se relaciona 
com a gravidade das infecções. Seu volume é aumentado em casos 
patológicos devido à elevação da permeabilidade capilar, e, em caso de 
traumatismos, são encontradas hemácias e leucócitos em número maior 
do que o normal.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
21
Figura 5 – Ilustração da localização do líquido sinovial
Fonte: Fisioteraloucos.
Separado por membranas sinoviais, o fluido possui aparência 
viscosa, límpida e transparente por ser derivado do plasma sanguíneo 
por ultrafiltração e enriquecido de mucoproteínas secretadas pelos 
sinoviócitos do tecido sinovial. 
As membranas sinoviais não possuem epitélio, são compostas por 
uma camada descontínua de células chamadas de sinoviócitos, que são 
responsáveis por secretar alguns componentes do líquido sinovial. 
O líquido sinovial é encontrado no revestimento das cavidades 
das articulações móveis, tendo como função a de lubrificar e nutrir a 
cartilagem, e ainda contém macrófagos que removem os microrganismos 
e os restos celulares da cavidade articular.
Coleta e Análise Laboratorial
A coleta da amostra é feita via aspiração do líquido sinovial do 
joelho com o auxílio de uma agulha, em um procedimento denominado 
artrocentese. A coleta deve ser realizada em condições estéreis e as 
amostras devem ser colocadas em frascos com e sem coagulante. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
22
NOTA:
Anticoagulantes mais utilizados: heparina ou EDTA líquido. 
São utilizados com o objetivo de evitar a presença de 
artefatos que possam prejudicar a análise da amostra, 
porém, em amostras patológicas em que há quantidade 
aumentada de fibrinogênio, se faz necessária a amostra 
sem anticoagulante para a análise microbiológica e com 
coagulante para as análises citológica e bioquímica.
De forma a equilibrar a glicose do plasma com a do líquido sinovial, 
pede-se ao paciente que fique no mínimo 6 horas em jejum e que seja 
colhida uma amostra de sangue para glicemia em jejum.
O líquido sinovial fornece informações acerca do diagnóstico de 
suspeitas de infecção, diagnóstico diferencial de artrite e artrite devido à 
taxa de ácido úrico e de pirofosfato de cálcio.
O primeiro passo da análise é feito com a observação da aparência 
e da coloração em um tubo transparente contra um fundo branco. Dieppe 
quantifica o aspecto da turvação em: 1 = clara, 2 = turva moderada e 3 
= muito turva. A presença de cristais, gotas de gordura, leucocitose ou 
outras células degenerativas podem deixar a amostra com aspecto 
turvo. A presença de sangue dá cor avermelhada à amostra e precisa ser 
diferenciada entre condições patológicas e coleta traumática.
Ainda no caráter da observação, avalia-se a viscosidade deixando 
o fluido percorrer a partir da ponta de uma seringa. Havendo formação de 
um fio ininterrupto entre 4 e 6cm, a amostra está normal. Em condições 
inflamatórias e nas efusões traumáticas rápidas, a viscosidade estará 
diminuída. 
Para a análise bioquímica, mede-se a formação de coágulos 
de mucina e as concentrações de glicose e proteínas. A formação do 
coágulo de mucina é realizada com a adição de ácido acético na amostra. 
O coágulo é avaliado da seguinte maneira:
 • Bom – coágulo sólido.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
23
 • Regular – coágulo mole.
 • Pobre – coágulo friável.
 • Ruim – ausência de coágulo.
A formação de um coágulo firme mostra viscosidade normal, 
enquanto um coágulo entre regular, pobre e ruim, em fragmentos 
dispersos e em solução turva, mostra diluição e despolimerização do 
ácido hialurônico. A diminuição da viscosidade, então, caracteriza várias 
artrites inflamatórias. 
REFLITA:
Vimos anteriormente que as concentrações de glicose 
no LS são semelhantes à plasmática, portanto, parauma 
interpretação adequada, usa-se valores de glicose do 
LS comparada aos níveis séricos da glicose em jejum. A 
diferença entre os dois valores, em condições normais, é 
menor do que 10mg/dL. 
A concentração normal de proteínas varia de 1,2 a 2,5g/dL. Quando 
valores aumentados são encontrados, sugerem processos inflamatórios 
e sépticos. Durante a fase inflamatória, proteínas maiores, como o 
fibrinogênio, entram no líquido sinovial.
A análise imunológica é realizada determinando-se o fator 
reumatoide, que está presente em cerca de 60% dos pacientes com 
artrite reumatoide. Na análise microscópica, usa-se microscópio de luz 
polarizada para avaliar a presença de cristais, e faz-se a contagem celular 
total e diferencial através da contagem em câmara de Neubauer, seguida 
da análise de distensão corada (corantes Leishman ou May-Grunwald-
Giemsa). A presença de qualquer cristal é considerada anormal.
Provas microbiológicas incluem a coloração de Gram. A coloração 
de Ziehl-Neelsen é realizada em caso de suspeita de tuberculose, na qual 
a cultura é positiva em 80% dos casos.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
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Líquido Cefalorraquidiano ou Líquor
O líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor, 
é um fluido aquoso circulante no espaço intracraniano que representa a 
maior parte do fluido extracelular do Sistema Nervoso Central (SNC). É 
o terceiro principal fluido biológico e sua análise é muito usada para o 
diagnóstico de algumas doenças neurológicas (meningites, encefalites, 
entre outras), degenerativas, neoplásicas e hemorragias.
Figura 6 – Localização do líquor no corpo humano
Fonte: Instituto de Neurocirurgia Evoluir.
O LCR preenche o sistema ventricular, o canal central da medula 
e os espaços subanacnóides raquiano e craniano e tem como funções o 
fornecimento de nutrientes essenciais ao cérebro, a remoção de produtos 
da atividade neuronal do SNC e a proteção mecânica das células cerebrais.
A maior parte do LCR é produzido de maneira contínua pelo plexo 
coroide através de uma combinação de processos envolvendo transporte 
ativo, difusão e pinocitose. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
25
DEFINIÇÃO:
Plexo coroide é uma rede especializada de vasos capilares 
que se localiza nas câmaras do cérebro. 
Na primeira infância, o volume do LCR varia entre 40 e 60ml; no 
adulto varia entre 90 e 150 ml, sendo que deste total, 25% se encontra no 
sistema ventricular e o restante no espaço subaracnóideo. Um volume 
entre 40 e 50 ml de LCR é renovado todos os dias. 
O LCR tem composição muito semelhante ao ultrafiltrado do plasma 
sanguíneo (99% de água, concentrações aumentadas de íons clorídricos e 
magnésio e concentrações diminuídas de proteínas, aminoácidos, ácido 
úrico, glicose, cálcio, íons magnésio e fosfato). 
A composição e a produção do LCR são afetadas pela presença de 
traumas, tumores, infecções, isquemias e hidrocefalias. 
Entre as importantes funções do LCR podemos citar as principais 
como sendo:
 • Via de eliminação de produtos do metabolismo do SNC.
 • Proteção mecânica do SNC contra traumatismos.
 • Facilitação da difusão de imunoglobulinas.
 • Defesa contra agentes infecciosos.
 • Distribuição de maneira homogênea de células de defesa.
Por todos estes motivos, a avaliação laboratorial do LCR possibilita a 
obtenção de informações que podem direcionar um diagnóstico eficiente.
Coleta e Análise Laboratorial 
A coleta pode ser realizada através de 3 vias: a lombar (mais 
utilizada), a suboccipital (não ocorre cefaleia após a punção) ou cisternal, 
e a via ventricular. 
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26
As amostras são colhidas em 3 tubos estéreis e devidamente 
identificadas na ordem de retirada da amostra:
1º tubo: será utilizado em análises bioquímicas e sorológicas.
2º tubo: será utilizado para microbiológica.
3º tubo: será destinado à contagem celular.
A análise do LCR envolve 5 etapas: exame físico, citológico, 
bioquímico, microbiológico e imunológico. 
Se houver formação de fibrina dentro do tubo algum tempo após a 
coleta, suspeita-se de meningite tuberculosa. 
Avaliação física
Em condições normais, a coloração do LCR é límpida e incolor, 
com aspecto de água de rocha. Sua densidade varia ente 1,006 e 1,009 e 
contém até 4 células por mm3. A taxa proteica é mais elevada em homens 
do que em mulheres, e também maior em pessoas mais velhas quando 
comparada com jovens. 
De acordo com as diferentes patologias, as características do LCR 
podem mudar.
Aumento de bactérias, fungos, hemácias e leucócitos: aspecto 
opaco ou turvo devido à presença de bilirrubina, hemácias, hemoglobina, 
proteínas ou leucócitos. 
Em hemorragia subaracnóidea: aspecto hemorrágico vermelho 
turvo. 
NOTA:
A cor avermelhada também pode ser consequência de 
um acidente no momento da punção, por isso reforça-se 
a necessidade da separação da amostra em 3 tubos. Em 
casos hemorrágicos, a cor se mantém; em caso de erro na 
punção, a cor tende a clarear a cada tubo. 
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27
Em meningites bacterianas: aspecto turvo, amarelo e, às vezes, 
xantocrômico, após a centrifugação. Em alguns casos, as amostras ainda 
podem ter cor esverdeada ou azulada devido à presença de Pseudomonas.
Em meningites virais: aspecto varia de esbranquiçado a incolor após 
a centrifugação.
Avaliação citológica
No exame citológico, as células são contadas globalmente por 
mm3 e especificamente (neutrófilos, linfócitos, monócitos, plasmócitos, 
células histióides e outras) através de um esfregaço corado. Em adultos 
saudáveis, o LCR apresenta leucócitos na proporção entre 0 e 5/µL, em 
crianças esta proporção se altera para até 30/µL.
A contagem é realizada na Câmara de Neubauer, e em caso de 
amostras transparentes, não há necessidade de diluição. Dependendo da 
turbidez da amostra, as diluições em solução salina estéril podem variar 
entre 1:10 a 1:10.000. As células são contadas nos quatro quadrantes externos 
e no quadrante central, e o cálculo final deve levar em consideração a 
diluição empregada. Neste caso, a contagem global ou total de células 
ocorre pela contagem de células dos quadrantes multiplicado pelo fator 
da diluição. Através da contagem específica são encontrados monócitos e 
linfócitos, sendo que valores aumentados devem ser investigados. 
IMPORTANTE:
A principal causa de preocupação ao se examinar o LCR 
é o diagnóstico de meningite. Nestes casos, a contagem 
específica pode sugerir a etiologia dos processos 
infecciosos. Elevação de neutrófilos pode indicar meningite 
bacteriana, enquanto elevação de linfócitos e monócitos 
indica origem tuberculosa, fúngica, viral ou parasitária. 
A presença de macrófagos pode estar associada a processos 
hemorrágicos prévios. Eosinófilos são observados em infecções 
parasitárias, plasmócitos aparecem em casos de infecções virais e em 
doenças autoimunes, como esclerose múltipla. 
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28
Figura 7 – Esfregaço de LCR. a) Neutrófilo, b) Monócito, c) Linfócitos
Fonte: Apostila Universidade Paulista
Avaliação bioquímica
A dosagem proteica é uma das análises mais importantes, além das 
medidas de desidrogenase láctica (DHL), glicose, lactato e glutamina. A 
dosagem normal de proteína varia em torno de 15 a 45 mg/dL. O aumento 
dos níveis proteicos é acompanhado pela mudança de aspecto para 
uma coloração mais turva, opaca e com maior número de células. Esses 
aumentos são observados em processos patológicos, como produção 
de imunoglobulinas no SNC, degeneração do tecido neural, rompimento 
da barreira hematoencefálica, meningites e processos hemorrágicos 
pós-traumáticos. A glicose também é analisada, pois se difunde para o 
LCR através da barreira hematoencefálica, correspondendo a 60-70% da 
glicose plasmática.
EXEMPLO
Se a glicemia estiver em torno de 95mg/dL, a glicorraquia (nível de 
glicose no LCR) estará em torno de 62mg/dL. Para uma análise correta, 
30 minutos antesda punção do LCR, uma amostra de sangue venoso é 
colhida. 
Avaliação microbiológica 
A microbiologia do LCR tem papel fundamental na elucidação 
de processos infecciosos como encefalite e meningite, por exemplo. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
29
O método sorológico utilizado para detectar e identificar antígenos 
bacterianos no LCR é a técnica de Contra-Imunoeletroforese (CIE).
O método de coloração de Gram é comumente utilizado, mas 
se a suspeita for de meningite tuberculosa ou fúngica, faz-se uso das 
colorações de Zielh-Neelsen para pesquisa de Bacilos Álcool-Ácido-
Resistentes (BAAR) (evidencia Mycobacterium tuberculosis) e Tinta da 
China (evidencia Cryptococcus neoformans). 
Figura 8 – Exame microbiológico mostrando Bacilos Álcool-Ácido-Resistentes
 
Fonte: Biomedicina Padrão
Figura 9 – Exame microbiológico com uso de Tinta da China, mostrando Cryptococcus 
neoformans
Fonte: Patricio Godoy Micología Médica.
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Avaliação imunológica
Está associada ao diagnóstico de sífilis em sua forma terciária 
(neurosífilis). Para isso, recomenda-se a realização do teste de VDRL.
RESUMINDO:
E então? Vamos resumir o que aprendemos? O fluido 
sinovial compõe o Sistema Locomotor e está presente 
nas cavidades articulares e na bainha dos tendões. Tem 
a função de lubrificar, proteger e nutrir as cartilagens, de 
modo que o movimento seja suave e sem dor. 
A análise do fluido classifica distúrbios articulares, pois o aumento 
da quantidade de proteínas totais se relaciona com a gravidade das 
infecções. Seu volume é aumentado em casos patológicos devido à 
elevação da permeabilidade capilar, e em casos de traumatismos, são 
encontradas hemácias e leucócitos em número maior do que o normal. 
O líquor é um fluido aquoso circulante no espaço intracraniano que 
representa a maior parte do fluido extracelular do SNC. Sua análise é muito 
usada para o diagnóstico de algumas doenças neurológicas (meningites, 
encefalites, entre outras), degenerativas, neoplásicas e hemorragias.
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31
Líquidos Extracelulares: Amniótico e 
Seminal
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá definir as funções 
dos líquidos amniótico e seminal. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.
O líquido amniótico (LA) preenche a bolsa amniótica com líquido 
proveniente da mãe e é responsável por envolver o embrião, sendo um 
importante componente intrauterino. 
O líquido seminal é a parte do sêmen sem os espermatozóides, 
isto é, composto por secreções orgânicas e inorgânicas provenientes da 
próstata, da vesícula seminal e da glândula bulbouretral.
Líquido Amniótico
O fluido ou líquido amniótico (LA) está localizado dentro do saco 
embrionário que circunda o feto, de modo a protegê-lo de impactos. 
É formado pela água que atravessa a placenta, pelo metabolismo das 
células do feto e pela urina do próprio feto (em torno da 36ª semana de 
gestação).
O LA tem inúmeras funções, dentre elas, crescer de forma 
harmoniosa ao redor do embrião para protegê-lo de possíveis traumas 
sofridos pela mãe; regular e manter a temperatura fetal e contribuir para o 
movimento do feto e de seu desenvolvimento muscular.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
32
Figura 10 – Líquido amniótico envolvendo um feto
 
Fonte: Fetal Med
De acordo com a avaliação dos componentes do LA é possível obter 
informações sobre os processos metabólicos que estão ocorrendo, e 
assim, saber a maturidade e o estado de bem-estar fetal. Seus elementos 
estão em suspensão e/ou em dissolução e são eles: células esfoliadas do 
âmnio, substâncias orgânicas e inorgânicas. 
NOTA:
 • Substâncias orgânicas: proteínas, aminoácidos, 
substâncias nitrogenadas não proteicas, lipídeos, 
carboidratos, vitaminas, enzimas e hormônios.
 • Substância inorgânica mais relevante: eletrólitos. 
A análise e a especificidade dos exames de LA são feitas por 
diferentes motivos. Na sequência, citaremos os mais comuns.
 • Exames moleculares: avaliam a presença de mutações genéticas 
específicas no DNA fetal, de maneira a possibilitar o diagnóstico 
de algumas doenças hereditárias, como anemia falciforme, 
disautonomia familiar, talassemias, fibrose cística, doença de Tay-
Sachs e doença de Canavan.
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33
 • Maturidade pulmonar do feto: quando a gestação possui alto risco 
de prematuridade. O exame se baseia na presença de quantidade 
suficiente de surfactante (substância essencial para função 
pulmonar adequada). Em sua insuficiência, o recém-nascido pode 
desenvolver a síndrome do desconforto respiratório, podendo 
morrer. 
 • Análise dos cromossomos (cariotipagem): é capaz de detectar 
anomalias associadas a distúrbios como síndromes de Patau, 
Down, Klinefelter etc. 
 • Avaliação de sofrimento fetal: é feita a partir das variações de cor 
do LA. 
 • Verde: está ocorrendo liberação de mecônio do tubo digestivo 
fetal.
 • Vermelho: presença de sangue materno ou fetal.
 • Amarelo a âmbar: sugere a presença de bilirrubina.
EXPLICANDO MELHOR:
Mecônio refere-se às primeiras fezes eliminadas pelo 
recém-nascido. É uma substância escura, de tom 
esverdeado e viscoso. A inalação do líquido meconal por 
parte do bebê pode causar crise respiratória por obstrução 
e inflamação de suas vias aéreas.
Coleta e Análise Laboratorial do Líquido Amniótico
A retirada e a análise do LA (amniocentese) são necessárias para a 
detecção da presença de doenças congênitas, defeitos de tubo neural, a 
idade gestacional e a maturidade fetal.
O procedimento é indicado em casos de gestantes com mais de 
35 anos (por conta da maior probabilidade de alterações cromossômicas) 
ou gestantes que apresentaram alguma anomalia durante o pré-natal 
do primeiro ou segundo trimestre (aumento ou diminuição de alfa-
fetoproteína), ou quando a mãe possui outro filho com algum defeito 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
34
congênito ou anomalia genética, ou ainda, quando um dos pais ou ambos 
apresentam algum distúrbio hereditário, ou simplesmente, quando há 
detecção de alguma anomalia na ultrassonografia fetal.
A coleta do LA é feita por aspiração com agulha no saco amniótico. 
É um procedimento considerado seguro, tendo risco de menos de 1% 
para o feto. As amostras devem ficar protegidas da luz e serem analisadas 
imediatamente. 
Figura 11 – Ilustração da amniocentese
Fonte: Galactosemia
O exame da profundidade da anemia produzida no feto como 
consequência da anemia hemolítica é a análise do LA mais antiga. Em 
caso de destruição das hemácias do feto por anticorpos maternos, há o 
aparecimento de bilirrubina no líquido amniótico, que dosado, determina 
o grau de hemólise e avalia o perigo que a anemia representa para o feto. 
Se as membranas amnióticas se romperem prematuramente, a 
mãe e o feto podem ser contaminados, sendo recomendada a análise da 
presença de leucócitos.
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35
O uso da técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase) 
possibilita a avaliação de doenças congênitas virais (citomegalovírus 
e rubéola), assim como a toxoplasmose, causada pelo protozoário 
Toxoplasma gondii. 
IMPORTANTE:
Graças à terapia gênica e ao mapeamento cromossômico, 
a análise citogenética tem função importante na detecção 
de defeitos congênitos. As amostras destinadas à esta 
análise necessitam de cuidados especiais, pois as células 
precisam ser mantidas vivas para a cultura em laboratório. 
Outra análise importante é feita com a alfa-fetoproteína, que é 
sintetizada pelo saco vitelínico fetal e com a evolução da gestação passa 
a ser produzida pelo trato gastrointestinal e fígado; é eliminada pela urina 
e por isso está presente no LA. 
Altos níveis de alfa-fetoproteína estão relacionados com patologias 
importantes, como defeitos do tubo neural e de osteogênese, necrose 
hepática, obstrução urinária e gestação múltipla. Baixos níveis podem estar 
relacionadoscom alterações genéticas, como trissomias cromossômica, 
óbito do feto, entre outras. 
Os achados para alfa-fetoproteínas fetal devem ser correlacionados 
com os exames de ultrassonografia, com a amniocentese e com os níveis 
de alfa-fetoproteínas sérica materna.
Líquido Seminal
O líquido seminal é a parte do sêmen sem espermatozoides. É um 
fluido que “limpa” o canal da uretra de modo a diminuir o pH, para que o 
ácido da urina não contamine e mate os espermatozoides. É composto 
por frações provindas da vesícula seminal, próstata, glândula bulbouretral, 
testículo e epidídimo. A composição do líquido seminal é variada e o 
normal é que haja mistura destas frações durante a ejaculação.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
36
O exame realizado para a análise do líquido seminal é o 
espermograma, que tem como funções principais, a avaliação de casos 
de infertilidade e estado de pós-vasectomia, além de acompanhar 
doenças testiculares e penianas sobre a espermatogênese. 
NOTA:
Como falamos anteriormente, o sêmen é composto 
por frações variáveis, portanto o paciente deve receber 
orientações claras e detalhadas sobre a obtenção do 
material para que a análise seja precisa. 
A quantidade de espermatozoides presentes no sêmen é um 
indicativo de fertilidade, embora a fertilização possa ser efetuada por 
apenas um espermatozoide. 
Coleta e Análise Laboratorial
A coleta é realizada através da masturbação depois de um tempo 
de abstinência sexual entre 3 e 7 dias no máximo. Durante este período, 
não deve haver masturbação, pois a qualidade do esperma é afetada 
dependendo da quantidade de vezes que o homem ejacula. 
EXPLICANDO MELHOR:
Geralmente, o exame é realizado no laboratório na parte 
da manhã, e solicita-se uma boa assepsia das mãos 
antes de realizar a coleta. Não é recomendado o uso de 
preservativos para a coleta, uma vez que muitos possuem 
espermicidas capazes de prejudicar o resultado do exame. 
É de suma importância que o horário da coleta seja anotado 
de maneira precisa, pois as amostras se liquefazem entre 
30 minutos e 1 hora após a coleta, e este tempo precisa ser 
medido. A análise só é iniciada após a liquefação da amostra. 
Parâmetros como volume, pH, viscosidade, contagem do 
número de espermatozoides, motilidade, viabilidade e 
morfologia dos espermatozoides serão avaliados. 
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37
Viscosidade e volume 
O volume é verificado despejando-se o conteúdo do frasco de 
coleta em um tubo graduado. O normal varia entre 2 e 5ml. A viscosidade é 
medida durante a inversão da amostra no tubo; estando normal, a amostra 
gotejará no recipiente e não se mostrará aglutinada nem filamentosa. 
Volumes abaixo de 2ml indicam hipoespermia, sugerindo a presença 
de fatores obstrutivos, como agenesia de deferentes ou de vesícula 
seminal, fibrose cística, obstruções pós-infecções ou pós-cirúrgicas de 
próstata. 
NOTA:
A agenesia congênita de vasos deferentes (ABCVD) é 
encontrada em aproximadamente 1,4 % dos homens 
inférteis. Pode ser causada por mutações no gene CFTR 
(do inglês, Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator), que 
se encontra alterado em pacientes com quadro clássico de 
fibrose cística. 
Hipoespermia em pacientes diabéticos, com lesão muscular 
ou doenças neurológicas podem mostrar ejaculação para a bexiga 
(retrógrada). Volumes acima de 5ml indicam hiperespermia, e a ausência 
de ejaculação sugere aspermia.
pH 
O pH varia entre 7,3 e 8,3, sendo considerado ligeiramente alcalino. 
O pH será mais ácido no caso da relação entre o líquido seminal e o 
prostático estar mais elevado.
O controle do pH é importante para o momento da deposição do 
sêmen no interior da vagina, pois o pH vaginal é ácido, em torno de 4,0; o 
sêmen tendo o pH básico neutraliza a acidez vaginal, de modo a manter 
os espermatozoides vivos. 
Contagem do número de espermatozoides
O espermograma é realizado diluindo-se a amostra e concentrando 
as células na Câmara de Neubauer. A amostra é diluída em 1:20 e conta-se 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
38
o número de espermatozoides nos 5 quadrantes destinados à contagem 
de eritrócitos ou nos 2 quadrantes destinados aos leucócitos (o número 
de quadrantes e os valores de diluição variam de um laboratório para o 
outro).
A diluição é feita com o intuito de imobilizar os espermatozoides. 
Para isso, usa-se bicarbonato de sódio e formol. 
Figura 12 – Ilustração da Câmara de Neubauer
Fonte: Puentes (2009).
Os valores normais variam entre 20 e 160 milhões por ml. Valores 
entre 10 e 20 milhões são considerados limítrofes. A contagem baixa pode 
ser consequência da baixa produção de meio nutricional (frutose) por 
parte das vesículas seminais. 
Motilidade
É uma análise subjetiva realizada com o uso de microscópio da 
amostra não diluída, na qual se avalia a porcentagem de espermatozoides 
com motilidade ativa. A qualidade e a porcentagem da motilidade devem 
ser determinadas em cada campo e uma média deve ser calculada. 
A classificação da motilidade é realizada da seguinte forma: 
A – Progressiva linear rápida.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
39
B – Progressiva linear lenta.
C – Não progressivos.
D – Imóveis.
É considerada normal uma motilidade mínima entre 50 e 60% 
quando se soma A+B. Valores menores que 50% sugerem a realização 
de exames de vitalidade para saber se a imobilidade é devido à morte 
dos espermatozoides. Uma das causas da alteração da motilidade é a 
varicocele. 
Morfologia
Esta análise é realizada quando há suspeita de alterações 
morfológicas, na qual cada estrutura deve ser avaliada separadamente. 
Exemplos: cabeça, cauda e estrutura. Pode haver defeito em um ou mais 
segmentos ou estrutura da célula espermática. 
Algumas causas de infertilidade estão relacionadas à imaturidade 
dos espermatozoides, sendo mais esféricos quando comparados aos 
maduros, e muitas vezes não possuem cauda. Os espermatozoides 
amadurecem no interior do epidídimo antes de serem liberados, portanto, 
quando há presença de imaturos em grande quantidade, significa alguma 
anormalidade. 
Além do fato do não amadurecimento adequado, existem alterações 
morfológicas nos espermatozoides que podem ser classificadas da 
seguinte forma: 
Amorfos: defeitos estruturais na cabeça de forma irregular.
Piriforme: cabeça em forma de gota, com a parte afinada voltada 
para a parte intermediária.
Além de bicefálico, globócito, vacuolizado, defeito na peça 
intermediária, entre outros. 
Viabilidade 
É observada a quantidade de espermatozóides vivos e mortos. O 
resultado é expresso em porcentagem e para ser considerado normal, 
precisa estar acima de 70% para células vivas. 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
40
Para a análise, mistura-se corante de eosinanigrosina em pequena 
quantidade de amostra e observa-se:
Células mortas: ficam coradas de vermelho contra um fundo azul 
escuro.
Células vivas: ficam branco-azuladas, pois não há penetração de 
eosina. 
RESUMINDO:
E então? Aprendeu mesmo, tudinho? Só para termos 
certeza, vamos resumir tudo o que vimos no decorrer deste 
capítulo.
O líquido amniótico (LA) está localizado dentro do saco embrionário 
que circunda o feto, e tem a função de protegê-lo de impactos. É formado 
pela água que atravessa a placenta, pelo metabolismo das células do feto 
e pela urina do próprio feto. O LA tem como funções crescer ao redor do 
embrião para protegê-lo de possíveis traumas sofridos pela mãe, regular 
e manter a temperatura fetal e contribuir para o movimento do feto e de 
seu desenvolvimento muscular. 
A análise do LA tem vários motivos: exames moleculares, maturidade 
pulmonar do feto, cariotipagem e avaliação do sofrimento fetal. O líquido 
seminal é a parte do sêmen sem espermatozoides. É um fluido que limpa 
o canal da uretra de modo a diminuir o pH para que o ácido da urina não 
contamine e mate os espermatozoides. 
O líquido seminal é composto por frações provindas da vesícula 
seminal, próstata,glândula bulbouretral, testículo e epidídimo. Sua 
composição é variada e o normal é que haja mistura destas frações 
durante a ejaculação. O exame para a análise do líquido seminal é 
o espermograma, que tem como funções a avaliação de casos de 
infertilidade e estado de pós-vasectomia, além de acompanhar doenças 
testiculares e penianas sobre a espermatogênese.
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41
Líquido extracelular: Saliva, Suco 
Gástrico e Suor
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você saberá explicar a importância 
do suor, da saliva e do suco gástrico. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!.
A saliva é um fluido biológico cuja composição é complexa. Tem 
inúmeras funções, dentre elas, ser passível de mensuração, podendo ser 
usada no diagnóstico de doenças. 
O suco gástrico é produzido no estômago pelas glândulas gástricas, 
atua sobre as proteínas de maneira a transformá-las em pequenos 
polipeptídeos. É composto por água, enzimas, sais inorgânicos, ácido 
clorídrico e uma pequena quantidade de ácido láctico.
O suor, também conhecido como transpiração, é a perda de líquido 
através da pele. Sua função não se resume à excreção de dejetos de 
nitrogênio, mas é uma forma essencial de controle da temperatura do 
corpo.
Saliva
A saliva é um dos fluidos biológicos mais importantes do corpo, 
extremamente versátil, de composição complexa e que desempenha 
inúmeras funções. Um ser humano saudável produz entre 1 e 2 litros de 
saliva por dia. 
A saliva é um fluido claro, viscoso e alcalino (pH entre 6 e 7). Possui 
em sua composição 95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% 
de sais minerais. Apresenta dois tipos de secreção proteica: secreção 
mucosa, composta por mucina, que lubrifica e facilita a mastigação e 
a deglutição; e secreção serosa, rica em ptialina, enzima que auxilia a 
digestão do amido.
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DEFINIÇÃO:
Deglutição: passagem do bolo alimentar pelo esôfago em 
direção ao estômago. 
A saliva, portanto, auxilia na digestão e protege os tratos digestório 
e respiratório contra vírus e bactérias. E ainda umedece os tecidos duros 
e moles da cavidade bucal, ajudando a controlar a quantidade de água 
no organismo através do ressecamento da boca em situações de sede, 
sinalizando a falta de água no organismo.
Quando é secretada na cavidade bucal, é chamada de saliva 
total, pois há junção das secreções de todas as glândulas salivares 
com as células epiteliais descamadas, e ainda, neutrófilos, proteínas, 
microrganismos, restos alimentares, fluido crevicular gengival, secreção 
das vias aéreas superiores e células sanguíneas. 
Como observamos, a saliva é um fluido rico em bactérias, 
vírus, eletrólitos e proteínas; por este motivo tem sido usada como um 
procedimento menos invasivo para detecção de antígenos como o 
citomegalovírus, vírus do herpes simples e anticorpos para o HIV, hepatites 
A, B e C e H. pilori. 
Descobertas recentes mostraram que a saliva possui biomarcadores 
específicos para analisar condições clínicas como doenças autoimunes e 
cardiovasculares e câncer.
Coleta e Análise Laboratorial 
Existe uma grande variedade de métodos de coleta da saliva, como 
por exemplo: simples expectoração por parte do indivíduo, sucção aberta 
ou fechada, método de drenagem, esfregaço ou métodos mais atuais, 
com o uso de salivette ou swab.
Dentre todos os métodos, o mais usado atualmente é o salivette, 
no qual a tampa superior do tubo é removida, o algodão do recipiente é 
colocado debaixo da língua, permanecendo lá por 3 minutos. O algodão 
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
43
encharcado de saliva é, então, colocado de volta no recipiente suspenso 
e fechado com a tampa.
A coleta deve ser realizada de acordo com a solicitação médica, 
respeitando o tempo de 3 horas entre a última alimentação e a coleta. É 
preciso informar todos os medicamentos em uso, ficar 3 horas sem escovar 
os dentes e não ter feito tratamento dentário nas 24 horas anteriores ao 
exame. 
A amostra é centrifugada e a saliva é transferida para o tubo de 
transporte (padrão). É necessário o mínimo de 1ml de amostra. A análise vai 
depender do objetivo do exame. Podem ser empregados imunoensaios 
altamente sensíveis, como radio-imunoensaios, ensaios enzimáticos ou 
fluorescentes com resolução temporal, além de análises bioquímicas e 
citológicas. Para testes de DNA, ele é extraído da amostra de saliva para 
ser usado na técnica de PCR.
Suco Gástrico
O suco gástrico é composto por água, sais inorgânicos, ácido 
clorídrico e enzimas. Tem como função principal atuar no quimo, auxiliando 
a digestão gástrica, principalmente das proteínas.
O ácido clorídrico presente ajuda a matar algumas bactérias 
existentes nos alimentos, e ainda proporciona um meio ácido ideal (abaixo 
de pH 2,5) para que as enzimas atuem durante o processo de digestão. 
Figura 13 – Suco gástrico dentro do estômago
Fonte: Centralx Atlas
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
44
Por dia, o estômago produz em torno de 3 litros de suco gástrico e 
sua determinação laboratorial é considerada importante no tratamento de 
anemia perniciosa, úlcera péptica e no monitoramento de cirurgias.
EXPLICANDO MELHOR:
A anemia perniciosa se caracteriza pela diminuição da 
quantidade de glóbulos vermelhos no sangue, como 
consequência da insuficiência de vitamina B12. O principal 
sintoma é cansaço.
Outros métodos têm se tornado mais eficientes para análise e 
detecção destas doenças, portanto, a análise do suco gástrico tem sido 
usada apenas para confirmar resultados obtidos por meio de outros 
métodos.
EXEMPLO 
Outros métodos utilizados para detecção de doenças: exame 
endoscópico direto das lesões, técnicas radiológicas, medida dos níveis 
de gastrina sérica, exame citológico do conteúdo gástrico (detecção de 
neoplasias), exame imunológico do soro (avaliação do fator anti-intrínseco 
e anticorpos contra células parietais encontradas da anemia perniciosa), 
e eletrodos sensíveis ao pH (que transmitem a leitura do pH quando 
introduzidos no estômago).
1.1.1 Coleta e análise laboratorial
Para se obter uma amostra de suco gástrico é necessária a intubação 
nasal ou oral do paciente. A localização correta do tubo é acompanhada 
por exame fluoroscópico do estômago. É preciso que o paciente esteja 
em jejum, e que durante a coleta ele não engula muita saliva para não 
neutralizar a acidez gástrica. 
A aspiração da amostra deve ser feita de forma contínua, e a análise 
da acidez deve ser feita em amostras de 15 minutos, sendo importante a 
rotulagem correta da hora da coleta. Analisa-se a aparência, o volume, a 
acidez titulável e o pH. A cor costuma ser verde-clara, com presença de 
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muco. Como o paciente está em jejum, a amostra não deve conter restos 
de alimentos. 
A cor verde-amarelada remete a presença de bile. A presença 
de sangue deve ser investigada. O volume e a acidez titulável servem 
para determinar a produção total de ácido, que junto com o pH fazem 
correlação com anormalidades na produção de suco gástrico. 
Suor
O suor ou transpiração é a perda de fluido líquido através das 
glândulas sudoríparas presentes na pele. É composto, principalmente, 
por cloreto de sódio e ureia em solução.
Nos humanos, transpirar é uma forma de excretar dejetos de 
nitrogênio e, principalmente, é uma eficiente maneira de regular a 
temperatura corporal. Em situações de atividade física, o indivíduo produz 
mais suor, assim como em momentos de nervosismo e náusea, enquanto 
em resfriados, a produção é diminuída. 
REFLITA:
O corpo humano tem como principal mecanismo de 
perda de calor e regulação da temperatura corporal, a 
transpiração do suor. O ato de suar permite que o corpo 
seja resfriado e se mantenha em temperaturas menores 
do que as do ambiente, de maneira a dissipar o calor que 
o próprio metabolismo gera, e mantendo a temperatura 
corporalestável (em torno de 36º). Em casos em que a 
temperatura ambiente supera 33º e a evaporação do suor é 
dificultada, pode haver morte por hipertermia. O excesso de 
transpiração é conhecido por hiper-hidrose ou hiperidrose. 
O cheiro do suor varia entre as diferenças raças porque a quantidade 
de glândulas sudoríparas também pode variar entre as etnias. O odor 
desagradável em algumas áreas do corpo, como virilhas, axilas ou pés, 
pode ser causado pelo acúmulo de bactérias e fungos, mostrando a 
importância da higienização desses locais. 
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O exame de cloro no suor é solicitado para avaliar a ocorrência de 
fibrose cística (FC) em indivíduos sintomáticos, com resultado positivo no 
exame de triagem, ou quando o exame de tripsinogênio imunoreativo 
(TIR) for positivo, ou se o indivíduo tiver parentes com o diagnóstico 
confirmado. 
IMPORTANTE:
O exame de cloro no suor não monitora a fibrose cística. Os 
níveis medidos não são capazes de representar a gravidade 
da doença.
Sintomas da fibrose cística: 
 • Infecções respiratórias frequentes, com tosse crônica.
 • Suor salgado em evidência.
 • Fezes volumosas, gordurosas e com mau cheiro.
 • Sintomas gastrointestinais (obstrução intestinal distal).
 • Infertilidade masculina.
 • Desnutrição.
Coleta e Análise Laboratorial
Não é fácil obter uma amostra de suor, principalmente porque a 
transpiração terá que ser induzida, podendo prejudicar a qualidade do 
material devido à contaminação ou evaporação.
A alíquota é obtida com o uso de papel de filtro ou almofadas 
de gaze, sendo necessária uma quantidade mínima de 75mg. Não é 
necessária nenhuma preparação, apenas orienta-se ao paciente evitar o 
uso de loções ou cremes na pele nas 24 horas que antecedem o exame. 
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EXPLICANDO MELHOR:
O cloro e o sódio são elementos que fazem parte do 
equilíbrio eletrolítico do organismo e se combinam para 
formar o sal encontrado no suor. Normalmente, o cloro se 
movimenta para dentro e para fora das células, ajudando a 
manter a neutralidade elétrica e o equilíbrio hídrico. 
A proteína Reguladora da Condutância Transmembrana da Fibrose 
Cística (CFTR), também conhecida por canal de cloro, está envolvida na 
regulação do fluxo de cloro, sódio e água. A CFTR disfuncional ou ausente 
faz com que as células fiquem impermeáveis à condução do cloro, 
resultando em aumento nas concentrações de sódio e cloro no suor. 
O exame positivo indica que há grande possibilidade que o indivíduo 
apresente fibrose cística, mas outros testes deverão ser avaliados para o 
estabelecimento de um diagnóstico correto. 
SAIBA MAIS:
Para saber mais sobre o teste de cloro no suor, clique aqui.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que 
você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. 
A saliva é um dos fluidos biológicos mais importantes do corpo, é 
versátil, de composição complexa e desempenha inúmeras funções. É 
um fluido claro, viscoso e alcalino, que possui em sua composição 95% de 
água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais. Apresentam dois 
tipos de secreção proteica: secreção mucosa e secreção serosa. 
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A saliva tem sido usada como um procedimento menos invasivo para 
detecção de antígenos como o citomegalovírus, vírus da herpes simples 
e anticorpos para o HIV, hepatites A, B, C e H. pilori. Seus biomarcadores 
específicos podem analisar doenças autoimunes e cardiovasculares e 
câncer.
O suco gástrico é composto por água, sais inorgânicos, ácido 
clorídrico e enzimas. Tem como função principal auxiliar a digestão gástrica 
e sua determinação laboratorial é considerada importante no tratamento 
de anemia perniciosa, úlcera péptica e no monitoramento de cirurgias. 
Nos humanos, suar é uma forma de excretar dejetos de nitrogênio 
e, principalmente, é uma eficiente maneira de regular a temperatura 
corporal. O exame de cloro no suor é solicitado para avaliar a ocorrência 
de fibrose cística (FC). 
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REFERÊNCIAS
CONFOLONIERI, R.; DAMALIO, J. C. P. Urinálise e fluidos biológicos. 
Brasília: [s. n.], 2019.
COMAR, S. R. et al. Análise citológica do líquido pleural no hospital 
das clínicas da Universidade Federal do Paraná. Revista Estudos de 
Biologia. Curitiba, v. 30, n. 70-72, p. 17-25, dez., 2008. 
GONÇALVES, F. B. et al. Uroanálise e fluidos corporais. São Paulo: 
Técnica do Brasil, 2015.
GUYTON, J. E.; HALL, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 2011. 
HAMMER, G. D. e MCPHEE, S.J. Fisiopatologia da doença: uma 
introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 
LAB TESTS ON-LINE. Teste de cloro no suor. Lab Tests On-line, [s. 
d.]. Disponível em: https://labtestsonline.org.br/tests/teste-de-cloro-no-
suor. Acesso em: 6 set. 2021.
SANTOS, B. K. dos. Líquidos serosos. Portal Educação, [s. d.]. 
Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/
biologia/liquidos-serosos/59574. Acesso em: 6 set. 2021.
SANTOS, P. P. A. et al. Saliva: métodos atuais para coleta e obtenção 
da amostra. Revista da Faculdade de Odontoliga. Porto Alegre, v. 48, n. 
1-3, p. 95-98, 2008.
Uroanálise e Líquidos Corpóreos
	Líquido Extracelular: Serosos
	Compartimentos Corporais
	Líquidos Serosos
	Líquido Pleural
	Líquido Pericárdico
	Líquido Peritoneal
	Análise Laboratorial 
	Líquido Extracelular: Sinovial e Cefalorraquidiano 
	Líquido ou Fluido Sinovial
	Coleta e Análise Laboratorial
	Líquido Cefalorraquidiano ou Líquor
	Coleta e Análise Laboratorial 
	Líquidos Extracelulares: Amniótico e Seminal
	Líquido Amniótico
	Coleta e Análise Laboratorial do Líquido Amniótico
	Líquido Seminal
	Coleta e Análise Laboratorial
	Líquido extracelular: Saliva, Suco Gástrico e Suor
	Saliva
	Coleta e Análise Laboratorial 
	Suco Gástrico
	Suor
	Coleta e Análise Laboratorial

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