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Livro Didático Digital Uroanálise e Líquidos Corpóreos Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria CAROLINA GALVÃO SARZEDAS AUTORIA Carolina Galvão Sarzedas Olá! Sou formada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Ciências. Tenho experiência técnico-profissional na área de bioquímica e biologia molecular há mais de 18 anos. Minha formação acadêmica começou na UFRJ, onde me apaixonei pela ciência e pela educação. Tenho experiência tanto na área de orientação acadêmica quanto na produção de materiais didáticos para grandes empresas de educação. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Líquido Extracelular: Serosos ................................................................ 10 Compartimentos Corporais ...................................................................................................... 10 Líquidos Serosos .............................................................................................................................. 11 Líquido Pleural ............................................................................................................... 12 Líquido Pericárdico ..................................................................................................... 14 Líquido Peritoneal ........................................................................................................ 15 Análise Laboratorial ...................................................................................................................... 16 Líquido Extracelular: Sinovial e Cefalorraquidiano .....................20 Líquido ou Fluido Sinovial ........................................................................................................ 20 Coleta e Análise Laboratorial .............................................................................. 21 Líquido Cefalorraquidiano ou Líquor ................................................................................24 Coleta e Análise Laboratorial .............................................................................25 Líquidos Extracelulares: Amniótico e Seminal ............................... 31 Líquido Amniótico ........................................................................................................................... 31 Coleta e Análise Laboratorial do Líquido Amniótico ..........................33 Líquido Seminal ................................................................................................................................35 Coleta e Análise Laboratorial ............................................................................. 36 Líquido extracelular: Saliva, Suco Gástrico e Suor ....................... 41 Saliva ........................................................................................................................................................ 41 Coleta e Análise Laboratorial .............................................................................42 Suco Gástrico .....................................................................................................................................43 Suor ...........................................................................................................................................................45 Coleta e Análise Laboratorial ............................................................................. 46 7 UNIDADE 04 Uroanálise e Líquidos Corpóreos 8 INTRODUÇÃO Você sabia que os líquidos corporais extracelulares são de suma importância para o organismo e que fazem parte do metabolismo dos organismos pluricelulares? São exemplos de líquidos extracelulares o líquido cefalorraquidiano (líquor), o líquido surfactante pleural, o pericárdio e peritoneal, além do líquido amniótico e seminal. As trocas metabólicas celulares são realizadas através do líquido extracelular e seus componentes. Algumas diferenças são fundamentais entre os líquidos intra e extracelulares, como íons e potássio, que estão em maior concentração no meio intracelular, porém pobres no extracelular. Você deve estar se perguntando: qual é a importância disso tudo? É que o conteúdo do meio extracelular e do meio intracelular deve ser diferente para que a homeostase metabólica seja mantida, e isto só é possível através de mecanismos para o transporte de íons por meio das membranas celulares. E através das medidas das concentrações é possível analisar, diagnosticar e acompanhar o tratamento de diversas enfermidades. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Uroanálise e Líquidos Corpóreos 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo àUnidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no atingimento dos seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar e diferenciar os líquidos serosos. 2. Analisar os líquidos sinovial e cefalorraquidiano. 3. Definir as funções dos líquidos amniótico e seminal. 4. Explicar a importância do suor, da saliva e do suco gástrico. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 10 Líquido Extracelular: Serosos OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você será capaz de entender quais são os fluidos corporais extracelulares e suas principais funções na clínica médica. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Compartimentos Corporais Podemos dizer que todo o líquido do nosso corpo está dividido em dois compartimentos: intracelular e extracelular. O líquido intracelular, como o próprio nome sugere, está presente dentro das células, enquanto o líquido extracelular é dividido em intersticial e plasma sanguíneo. O corpo ainda possui um terceiro compartimento de líquido, mas menor, conhecido como líquido transcelular, onde estão incluídos os líquidos dos espaços sinoviais, peritoniais, pericárdicos, intraoculares e cefalorraquidiano. Todos os líquidos transcelulares juntos possuem entre 1 e 2 litros. Alguns dos líquidos transcelulares ocupam os chamados “espaços em potencial” ou cavidades, que têm superfícies que praticamente se tocam, sendo separadas por uma fina camada de líquido entre elas, fazendo com que as superfícies deslizem uma sobre as outras. Este deslizamento é facilitado pelo líquido viscoso proteico que lubrifica as superfícies. Estes espaços ou cavidades são: cavidade pleural, cavidade peritoneal, cavidade pericárdica, cavidades sinoviais, cavidades das articulações e bolsas. A passagem de líquidos, eletrólitos ou proteínas não encontra resistênciana membrana da superfície dos espaços em potencial, o que significa que os líquidos dos capilares adjacentes se movimentam entre o espaço em potencial e o líquido intersticial com relativa facilidade, se tornando um grande espaço tecidual. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 11 Os espaços em potencial estão ligados de maneira direta ou indireta aos vasos linfáticos. EXEMPLO Grandes vasos linfáticos podem ter saída direta para as cavidades peritoneal e pleural. Na sequência, listaremos alguns tipos de fluidos corporais e suas respectivas cavidades e funções. Líquidos Serosos As cavidades têm superfícies que entram em contato entre si e se movimentam. O líquido seroso (LS) se localiza nesses espaços fechados do organismo com a função de lubrificar as cavidades. As cavidades pleural, peritoneal e pericárdica, presentes nos pulmões, na cavidade abdominal e no coração, respectivamente, são revestidas por duas membranas conhecidas como serosas, sendo que uma delas reveste as paredes da cavidade e a outra cobre o órgão no interior da cavidade. Figura 1 – membranas visceral e parietal da cavidade pleural Fonte: Anatomia On-line. As velocidades de produção e reabsorção dos líquidos serosos são proporcionais, por isso sua quantidade é pequena no organismo. Os Uroanálise e Líquidos Corpóreos 12 derrames desses líquidos são classificados de acordo com a composição bioquímica e citológica, podendo ser transudatos e exsudatos. Os derrames exsudatos são provenientes de processos inflamatórios, infecções e neoplasias, pois aumentam a permeabilidade capilar e, com isso, comprometem as membranas. Seu diagnóstico é mais extenso e necessita de outras análises para determinar a causa. EXEMPLO Derrames exsudatos ocorrem em câncer, tuberculose e pneumonia. Os derrames transudatos são resultados de processos mecânicos no qual um distúrbio sistêmico causa o rompimento do equilíbrio entre filtração e reabsorção do líquido. Geralmente, ocorrem em condições clinicamente aparentes, como insuficiência cardíaca congestiva, cirrose com ascite e nefrose. O problema é resolvido tratando-se a condição subjacente e observando a resolução do derrame. Líquido Pleural A pleura visceral é uma delicada membrana que reveste o exterior do pulmão e a pleura parietal está presente na superfície interna da parede do tórax. O líquido pleural é um ultrafiltrado de plasma presente entre os folhetos pleurais que tem como função facilitar a expansão pulmonar dentro da caixa torácica, assim como lubrificar a superfície pleural de forma a facilitar os movimentos respiratórios. O líquido pleural possui baixa celularidade, sendo composto basicamente por monócitos, linfócitos, células mesoteliais e uma porção proteica (albumina, fibrinogênio, globulinas). Uroanálise e Líquidos Corpóreos 13 EXPLICANDO MELHOR: A quantidade de líquido em cada cavidade pleural é pequena (1 a 20ml), e quando aumentada começa a fluir para a cavidade pleural. Seu excesso é bombeado para fora pelos vasos linfáticos (aqueles que se abrem diretamente na cavidade pleural) para o mediastino, para a superfície superior do diafragma ou para as superfícies laterais da pleura parietal. A região da pleura pode, de maneira direta ou indireta, sofrer diversos tipos de enfermidades, gerando alterações patológicas que podem alterar os tipos celulares presentes ou a quantidade do fluido pleural. O resultado acaba sendo um desequilíbrio entre a produção e a reabsorção do líquido, que pode levar a um derrame ou edema da cavidade pleural. O derrame pode ser causado por insuficiência cardíaca, bloqueio da drenagem linfática da cavidade pleural, diminuição acentuada da pressão coloidosmótica do plasma, infecção ou qualquer outra causa de inflamação nas superfícies da cavidade pleural que rompa as membranas capilares e permita o rápido acúmulo de proteínas plasmáticas e de líquido na cavidade. NOTA: A insuficiência cardíaca causa altas pressões capilares e periféricas, levando à excessiva transudação de líquidos para a cavidade pulmonar. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 14 Figura 2 – Ilustração de um derrame pleural Fonte: Wikipedia. Líquido Pericárdico Primeiramente vamos definir o pericárdio como um saco fibroelástico constituído por duas membranas denominadas pericárdio visceral e parietal. O líquido pericárdico é o líquido seroso formado por um ultrafiltrado do plasma, que preenche o espaço entre estas duas membranas pericárdicas. O volume de líquido possui entre 15 e 50ml, podendo aumentar de volume em inflamações, infecções, neoplasias, traumas e hipotireoidismo. O pericárdio parietal possui estrutura fibrosa formada primariamente por colágeno e, em menor quantidade, elastina, com espessura menor do que 2 mm. Em contrapartida, o pericárdio visceral possui uma camada simples de células mesoteliais aderidas ao epicárdio. O pericárdio, assim como os outros líquidos serosos, tem como função principal lubrificar as membranas que o envolve. Além disso, o pericárdio restringe o volume cardíaco durante a diástole, particularmente nas câmaras direitas, e ainda, estabiliza o coração no mediastino e protege a disseminação de infecções de órgãos adjacentes de maneira mecânica. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 15 Figura 3 – Cavidade pericárdica Fonte: Drake et al. (2021). Líquido Peritoneal A cavidade peritoneal é estéril e revestida por uma camada mesotelial denominada peritônio visceral, porque se espelha sobre as vísceras. O líquido peritoneal possui 50ml e é fisiologicamente um transudato. Os valores de densidade são considerados normais abaixo de 1,016, com a concentração de proteínas inferior a 3g/dL e a contagem de leucócitos abaixo de 3000/µl. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 16 Figura 4 – Ilustração do líquido na cavidade peritonial Fonte: Kenhub. Análise Laboratorial Os líquidos serosos são colhidos por aspiração com agulha nas respectivas cavidades. Os procedimentos são denominados: • Líquido pleural – toracocentese. • Líquido pericárdico – pericardiocentese. • Líquido peritoneal – paracentese. Uma quantidade grande de líquido precisa ser colhida do paciente, pois para o diagnóstico são necessárias várias amostras: para a contagem de células (amostra com anticoagulante), para a cultura (tubo estéril), para amostras bioquímicas (amostra heparinizada) e para a observação de coagulação espontânea (amostra não heparinizada). Líquido pleural Para a coleta do material, o paciente é colocado em posição sentada, com os braços levantados e apoiados. Um anestésico local é aplicado, seguido da inserção de uma agulha dentro da cavidade pleural para a retirada da amostra. A cor é de transparente a amarelo-claro. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 17 O acúmulo de líquido pleural é observado em pneumonia, carcinomas (derrames exsudatos) e na insuficiência cardíaca (distúrbio sistêmico-derrame transudatos). A turvação está relacionada à presença de leucócitos e indica infecções bacterianas, tuberculose ou distúrbio imunológico (Ex: artrite reumatóide). A presença de sangue pode significar hemotórax (lesão traumática), mas se for na pré-centrifugação pode decorrer de lesão na membrana (Ex: em neopasias) ou de aspiração traumática. A presença de neutrófilos indica infecção bacteriana. A visualização de linfócitos sugere tuberculose ou neoplasia. A glicose baixa está associada à tuberculose, neoplasia ou inflamação reumatóide. pH baixo se relaciona com ruptura esofágica, tuberculose ou neoplasia. Amilase alta significa pancreatite. Líquido pericárdico Para a realização da coleta, o paciente é colocado deitado. Aplica- se um anestésico local para a inserção de uma agulha no espaço entre as costelas do lado esquerdo do tórax (entre o 5º e 6º espaço intercostal) na cavidade pericárdica. Pode-se fazer uso de um ultrassom para ajudar o médico a guiar a agulha. A coré de transparente a amarelo-claro. Os derrames pericárdicos ocorrem por pericardite (infecção), neoplasias ou comprometimento metabólico. A turvação é encontrada em infecções e neoplasias. O líquido coletado é transparente em distúrbios metabólicos. Valores elevados de leucócitos indicam endocardite bacteriana. Níveis baixos de glicose indicam infecção bacteriana e neoplasia. Líquido peritoneal (ou ascítico) Para a coleta da amostra, posiciona-se o paciente de maneira deitada, mas com a cabeça da cama levantada. Aplica-se anestesia local, insere-se uma agulha na região abdominal para retirada de uma amostra. O acúmulo do líquido peritoneal é denominado ascite. A cor é de transparente a amarelo-claro. A turvação indica infecções como peritonite Uroanálise e Líquidos Corpóreos 18 ou cirrose. Líquidos esverdeados são vistos quando há derrame biliar. Valores elevados de hemácias podem sugerir traumatismo hemorrágico. Valores elevados de leucócitos podem indicar cirrose ou peritonite bacteriana. Glicose baixa se relaciona com peritonite tuberculosa e neoplasia. A amilase elevada indica perfuração gastrintestinal ou pancreatite. A ureia e creatinina elevadas significam ruptura da bexiga. A fosfatase alcalina elevada sugere perfuração intestinal. SAIBA MAIS: Para mais detalhes sobre os procedimentos de análise, clique aqui. RESUMINDO: E então? Gostou do que mostramos? Vamos repassar alguns conceitos que não podem ser esquecidos. Todo o líquido do nosso corpo está dividido em dois compartimentos: intracelular e extracelular (intersticial e plasma sanguíneo). Há ainda um compartimento de líquido menor, o líquido transcelular (líquidos dos espaços sinoviais, peritoniais, pericárdicos, intraoculares e cefalorraquidiano). Todos os líquidos transcelulares juntos possuem entre 1 e 2 litros. O líquido seroso (LS) se localiza em espaços fechados do organismo com a função de lubrificar as cavidades. As cavidades pleural, peritoneal e pericárdica, presentes nos pulmões, são revestidas por duas membranas conhecidas como serosas. A região da pleura pode, de maneira direta ou indireta, sofrer diversos tipos de enfermidades, gerando alterações patológicas que podem alterar os tipos celulares presentes ou a quantidade do fluido pleural. O resultado Uroanálise e Líquidos Corpóreos https://labtestsonline.org.br/tests/analise-de-liquidos-corporais 19 acaba sendo um desequilíbrio entre a produção e a reabsorção do líquido, que pode levar a um derrame ou edema da cavidade pleural. O derrame pleural pode ser causado por insuficiência cardíaca, bloqueio da drenagem linfática da cavidade pleural, diminuição acentuada da pressão coloidosmótica do plasma, entre outros. O pericárdio restringe o volume cardíaco durante a diástole, estabiliza o coração no mediastino e protege a disseminação de infecções de órgãos adjacentes de maneira mecânica. A cavidade peritoneal é estéril e revestida por uma camada mesotelial denominada peritônio visceral; também possui função de proteção. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 20 Líquido Extracelular: Sinovial e Cefalorraquidiano OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você saberá identificar e analisar os líquidos sinovial e cefalorraquidiano. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. Nos vasos sanguíneos, o líquido extracelular é chamado de plasma, nos vasos linfáticos é chamado de linfa, dentro e ao redor do encéfalo e da medula espinhal é chamado de cerebroespinhal ou cefalorraquidiano, nas articulações é chamado de líquido sinovial. Líquido ou Fluido Sinovial O fluido sinovial ou sinóvia é um dos elementos que compõem o sistema locomotor, além dos ossos, músculos, ligamentos e articulações. Está presente nas cavidades articulares e na bainha dos tendões, e tem a função de lubrificar, proteger e nutrir as cartilagens, de modo que o movimento seja suave e sem dor. A cor do fluido sinovial é amarelada e contém 2g/dL de proteínas isentas de fibrinogênio (não possui coagulação espontânea) e não apresenta cristais. A análise do fluido se dá para classificar distúrbios articulares, pois o aumento da quantidade de proteínas totais se relaciona com a gravidade das infecções. Seu volume é aumentado em casos patológicos devido à elevação da permeabilidade capilar, e, em caso de traumatismos, são encontradas hemácias e leucócitos em número maior do que o normal. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 21 Figura 5 – Ilustração da localização do líquido sinovial Fonte: Fisioteraloucos. Separado por membranas sinoviais, o fluido possui aparência viscosa, límpida e transparente por ser derivado do plasma sanguíneo por ultrafiltração e enriquecido de mucoproteínas secretadas pelos sinoviócitos do tecido sinovial. As membranas sinoviais não possuem epitélio, são compostas por uma camada descontínua de células chamadas de sinoviócitos, que são responsáveis por secretar alguns componentes do líquido sinovial. O líquido sinovial é encontrado no revestimento das cavidades das articulações móveis, tendo como função a de lubrificar e nutrir a cartilagem, e ainda contém macrófagos que removem os microrganismos e os restos celulares da cavidade articular. Coleta e Análise Laboratorial A coleta da amostra é feita via aspiração do líquido sinovial do joelho com o auxílio de uma agulha, em um procedimento denominado artrocentese. A coleta deve ser realizada em condições estéreis e as amostras devem ser colocadas em frascos com e sem coagulante. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 22 NOTA: Anticoagulantes mais utilizados: heparina ou EDTA líquido. São utilizados com o objetivo de evitar a presença de artefatos que possam prejudicar a análise da amostra, porém, em amostras patológicas em que há quantidade aumentada de fibrinogênio, se faz necessária a amostra sem anticoagulante para a análise microbiológica e com coagulante para as análises citológica e bioquímica. De forma a equilibrar a glicose do plasma com a do líquido sinovial, pede-se ao paciente que fique no mínimo 6 horas em jejum e que seja colhida uma amostra de sangue para glicemia em jejum. O líquido sinovial fornece informações acerca do diagnóstico de suspeitas de infecção, diagnóstico diferencial de artrite e artrite devido à taxa de ácido úrico e de pirofosfato de cálcio. O primeiro passo da análise é feito com a observação da aparência e da coloração em um tubo transparente contra um fundo branco. Dieppe quantifica o aspecto da turvação em: 1 = clara, 2 = turva moderada e 3 = muito turva. A presença de cristais, gotas de gordura, leucocitose ou outras células degenerativas podem deixar a amostra com aspecto turvo. A presença de sangue dá cor avermelhada à amostra e precisa ser diferenciada entre condições patológicas e coleta traumática. Ainda no caráter da observação, avalia-se a viscosidade deixando o fluido percorrer a partir da ponta de uma seringa. Havendo formação de um fio ininterrupto entre 4 e 6cm, a amostra está normal. Em condições inflamatórias e nas efusões traumáticas rápidas, a viscosidade estará diminuída. Para a análise bioquímica, mede-se a formação de coágulos de mucina e as concentrações de glicose e proteínas. A formação do coágulo de mucina é realizada com a adição de ácido acético na amostra. O coágulo é avaliado da seguinte maneira: • Bom – coágulo sólido. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 23 • Regular – coágulo mole. • Pobre – coágulo friável. • Ruim – ausência de coágulo. A formação de um coágulo firme mostra viscosidade normal, enquanto um coágulo entre regular, pobre e ruim, em fragmentos dispersos e em solução turva, mostra diluição e despolimerização do ácido hialurônico. A diminuição da viscosidade, então, caracteriza várias artrites inflamatórias. REFLITA: Vimos anteriormente que as concentrações de glicose no LS são semelhantes à plasmática, portanto, parauma interpretação adequada, usa-se valores de glicose do LS comparada aos níveis séricos da glicose em jejum. A diferença entre os dois valores, em condições normais, é menor do que 10mg/dL. A concentração normal de proteínas varia de 1,2 a 2,5g/dL. Quando valores aumentados são encontrados, sugerem processos inflamatórios e sépticos. Durante a fase inflamatória, proteínas maiores, como o fibrinogênio, entram no líquido sinovial. A análise imunológica é realizada determinando-se o fator reumatoide, que está presente em cerca de 60% dos pacientes com artrite reumatoide. Na análise microscópica, usa-se microscópio de luz polarizada para avaliar a presença de cristais, e faz-se a contagem celular total e diferencial através da contagem em câmara de Neubauer, seguida da análise de distensão corada (corantes Leishman ou May-Grunwald- Giemsa). A presença de qualquer cristal é considerada anormal. Provas microbiológicas incluem a coloração de Gram. A coloração de Ziehl-Neelsen é realizada em caso de suspeita de tuberculose, na qual a cultura é positiva em 80% dos casos. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 24 Líquido Cefalorraquidiano ou Líquor O líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor, é um fluido aquoso circulante no espaço intracraniano que representa a maior parte do fluido extracelular do Sistema Nervoso Central (SNC). É o terceiro principal fluido biológico e sua análise é muito usada para o diagnóstico de algumas doenças neurológicas (meningites, encefalites, entre outras), degenerativas, neoplásicas e hemorragias. Figura 6 – Localização do líquor no corpo humano Fonte: Instituto de Neurocirurgia Evoluir. O LCR preenche o sistema ventricular, o canal central da medula e os espaços subanacnóides raquiano e craniano e tem como funções o fornecimento de nutrientes essenciais ao cérebro, a remoção de produtos da atividade neuronal do SNC e a proteção mecânica das células cerebrais. A maior parte do LCR é produzido de maneira contínua pelo plexo coroide através de uma combinação de processos envolvendo transporte ativo, difusão e pinocitose. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 25 DEFINIÇÃO: Plexo coroide é uma rede especializada de vasos capilares que se localiza nas câmaras do cérebro. Na primeira infância, o volume do LCR varia entre 40 e 60ml; no adulto varia entre 90 e 150 ml, sendo que deste total, 25% se encontra no sistema ventricular e o restante no espaço subaracnóideo. Um volume entre 40 e 50 ml de LCR é renovado todos os dias. O LCR tem composição muito semelhante ao ultrafiltrado do plasma sanguíneo (99% de água, concentrações aumentadas de íons clorídricos e magnésio e concentrações diminuídas de proteínas, aminoácidos, ácido úrico, glicose, cálcio, íons magnésio e fosfato). A composição e a produção do LCR são afetadas pela presença de traumas, tumores, infecções, isquemias e hidrocefalias. Entre as importantes funções do LCR podemos citar as principais como sendo: • Via de eliminação de produtos do metabolismo do SNC. • Proteção mecânica do SNC contra traumatismos. • Facilitação da difusão de imunoglobulinas. • Defesa contra agentes infecciosos. • Distribuição de maneira homogênea de células de defesa. Por todos estes motivos, a avaliação laboratorial do LCR possibilita a obtenção de informações que podem direcionar um diagnóstico eficiente. Coleta e Análise Laboratorial A coleta pode ser realizada através de 3 vias: a lombar (mais utilizada), a suboccipital (não ocorre cefaleia após a punção) ou cisternal, e a via ventricular. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 26 As amostras são colhidas em 3 tubos estéreis e devidamente identificadas na ordem de retirada da amostra: 1º tubo: será utilizado em análises bioquímicas e sorológicas. 2º tubo: será utilizado para microbiológica. 3º tubo: será destinado à contagem celular. A análise do LCR envolve 5 etapas: exame físico, citológico, bioquímico, microbiológico e imunológico. Se houver formação de fibrina dentro do tubo algum tempo após a coleta, suspeita-se de meningite tuberculosa. Avaliação física Em condições normais, a coloração do LCR é límpida e incolor, com aspecto de água de rocha. Sua densidade varia ente 1,006 e 1,009 e contém até 4 células por mm3. A taxa proteica é mais elevada em homens do que em mulheres, e também maior em pessoas mais velhas quando comparada com jovens. De acordo com as diferentes patologias, as características do LCR podem mudar. Aumento de bactérias, fungos, hemácias e leucócitos: aspecto opaco ou turvo devido à presença de bilirrubina, hemácias, hemoglobina, proteínas ou leucócitos. Em hemorragia subaracnóidea: aspecto hemorrágico vermelho turvo. NOTA: A cor avermelhada também pode ser consequência de um acidente no momento da punção, por isso reforça-se a necessidade da separação da amostra em 3 tubos. Em casos hemorrágicos, a cor se mantém; em caso de erro na punção, a cor tende a clarear a cada tubo. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 27 Em meningites bacterianas: aspecto turvo, amarelo e, às vezes, xantocrômico, após a centrifugação. Em alguns casos, as amostras ainda podem ter cor esverdeada ou azulada devido à presença de Pseudomonas. Em meningites virais: aspecto varia de esbranquiçado a incolor após a centrifugação. Avaliação citológica No exame citológico, as células são contadas globalmente por mm3 e especificamente (neutrófilos, linfócitos, monócitos, plasmócitos, células histióides e outras) através de um esfregaço corado. Em adultos saudáveis, o LCR apresenta leucócitos na proporção entre 0 e 5/µL, em crianças esta proporção se altera para até 30/µL. A contagem é realizada na Câmara de Neubauer, e em caso de amostras transparentes, não há necessidade de diluição. Dependendo da turbidez da amostra, as diluições em solução salina estéril podem variar entre 1:10 a 1:10.000. As células são contadas nos quatro quadrantes externos e no quadrante central, e o cálculo final deve levar em consideração a diluição empregada. Neste caso, a contagem global ou total de células ocorre pela contagem de células dos quadrantes multiplicado pelo fator da diluição. Através da contagem específica são encontrados monócitos e linfócitos, sendo que valores aumentados devem ser investigados. IMPORTANTE: A principal causa de preocupação ao se examinar o LCR é o diagnóstico de meningite. Nestes casos, a contagem específica pode sugerir a etiologia dos processos infecciosos. Elevação de neutrófilos pode indicar meningite bacteriana, enquanto elevação de linfócitos e monócitos indica origem tuberculosa, fúngica, viral ou parasitária. A presença de macrófagos pode estar associada a processos hemorrágicos prévios. Eosinófilos são observados em infecções parasitárias, plasmócitos aparecem em casos de infecções virais e em doenças autoimunes, como esclerose múltipla. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 28 Figura 7 – Esfregaço de LCR. a) Neutrófilo, b) Monócito, c) Linfócitos Fonte: Apostila Universidade Paulista Avaliação bioquímica A dosagem proteica é uma das análises mais importantes, além das medidas de desidrogenase láctica (DHL), glicose, lactato e glutamina. A dosagem normal de proteína varia em torno de 15 a 45 mg/dL. O aumento dos níveis proteicos é acompanhado pela mudança de aspecto para uma coloração mais turva, opaca e com maior número de células. Esses aumentos são observados em processos patológicos, como produção de imunoglobulinas no SNC, degeneração do tecido neural, rompimento da barreira hematoencefálica, meningites e processos hemorrágicos pós-traumáticos. A glicose também é analisada, pois se difunde para o LCR através da barreira hematoencefálica, correspondendo a 60-70% da glicose plasmática. EXEMPLO Se a glicemia estiver em torno de 95mg/dL, a glicorraquia (nível de glicose no LCR) estará em torno de 62mg/dL. Para uma análise correta, 30 minutos antesda punção do LCR, uma amostra de sangue venoso é colhida. Avaliação microbiológica A microbiologia do LCR tem papel fundamental na elucidação de processos infecciosos como encefalite e meningite, por exemplo. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 29 O método sorológico utilizado para detectar e identificar antígenos bacterianos no LCR é a técnica de Contra-Imunoeletroforese (CIE). O método de coloração de Gram é comumente utilizado, mas se a suspeita for de meningite tuberculosa ou fúngica, faz-se uso das colorações de Zielh-Neelsen para pesquisa de Bacilos Álcool-Ácido- Resistentes (BAAR) (evidencia Mycobacterium tuberculosis) e Tinta da China (evidencia Cryptococcus neoformans). Figura 8 – Exame microbiológico mostrando Bacilos Álcool-Ácido-Resistentes Fonte: Biomedicina Padrão Figura 9 – Exame microbiológico com uso de Tinta da China, mostrando Cryptococcus neoformans Fonte: Patricio Godoy Micología Médica. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 30 Avaliação imunológica Está associada ao diagnóstico de sífilis em sua forma terciária (neurosífilis). Para isso, recomenda-se a realização do teste de VDRL. RESUMINDO: E então? Vamos resumir o que aprendemos? O fluido sinovial compõe o Sistema Locomotor e está presente nas cavidades articulares e na bainha dos tendões. Tem a função de lubrificar, proteger e nutrir as cartilagens, de modo que o movimento seja suave e sem dor. A análise do fluido classifica distúrbios articulares, pois o aumento da quantidade de proteínas totais se relaciona com a gravidade das infecções. Seu volume é aumentado em casos patológicos devido à elevação da permeabilidade capilar, e em casos de traumatismos, são encontradas hemácias e leucócitos em número maior do que o normal. O líquor é um fluido aquoso circulante no espaço intracraniano que representa a maior parte do fluido extracelular do SNC. Sua análise é muito usada para o diagnóstico de algumas doenças neurológicas (meningites, encefalites, entre outras), degenerativas, neoplásicas e hemorragias. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 31 Líquidos Extracelulares: Amniótico e Seminal OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você saberá definir as funções dos líquidos amniótico e seminal. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. O líquido amniótico (LA) preenche a bolsa amniótica com líquido proveniente da mãe e é responsável por envolver o embrião, sendo um importante componente intrauterino. O líquido seminal é a parte do sêmen sem os espermatozóides, isto é, composto por secreções orgânicas e inorgânicas provenientes da próstata, da vesícula seminal e da glândula bulbouretral. Líquido Amniótico O fluido ou líquido amniótico (LA) está localizado dentro do saco embrionário que circunda o feto, de modo a protegê-lo de impactos. É formado pela água que atravessa a placenta, pelo metabolismo das células do feto e pela urina do próprio feto (em torno da 36ª semana de gestação). O LA tem inúmeras funções, dentre elas, crescer de forma harmoniosa ao redor do embrião para protegê-lo de possíveis traumas sofridos pela mãe; regular e manter a temperatura fetal e contribuir para o movimento do feto e de seu desenvolvimento muscular. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 32 Figura 10 – Líquido amniótico envolvendo um feto Fonte: Fetal Med De acordo com a avaliação dos componentes do LA é possível obter informações sobre os processos metabólicos que estão ocorrendo, e assim, saber a maturidade e o estado de bem-estar fetal. Seus elementos estão em suspensão e/ou em dissolução e são eles: células esfoliadas do âmnio, substâncias orgânicas e inorgânicas. NOTA: • Substâncias orgânicas: proteínas, aminoácidos, substâncias nitrogenadas não proteicas, lipídeos, carboidratos, vitaminas, enzimas e hormônios. • Substância inorgânica mais relevante: eletrólitos. A análise e a especificidade dos exames de LA são feitas por diferentes motivos. Na sequência, citaremos os mais comuns. • Exames moleculares: avaliam a presença de mutações genéticas específicas no DNA fetal, de maneira a possibilitar o diagnóstico de algumas doenças hereditárias, como anemia falciforme, disautonomia familiar, talassemias, fibrose cística, doença de Tay- Sachs e doença de Canavan. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 33 • Maturidade pulmonar do feto: quando a gestação possui alto risco de prematuridade. O exame se baseia na presença de quantidade suficiente de surfactante (substância essencial para função pulmonar adequada). Em sua insuficiência, o recém-nascido pode desenvolver a síndrome do desconforto respiratório, podendo morrer. • Análise dos cromossomos (cariotipagem): é capaz de detectar anomalias associadas a distúrbios como síndromes de Patau, Down, Klinefelter etc. • Avaliação de sofrimento fetal: é feita a partir das variações de cor do LA. • Verde: está ocorrendo liberação de mecônio do tubo digestivo fetal. • Vermelho: presença de sangue materno ou fetal. • Amarelo a âmbar: sugere a presença de bilirrubina. EXPLICANDO MELHOR: Mecônio refere-se às primeiras fezes eliminadas pelo recém-nascido. É uma substância escura, de tom esverdeado e viscoso. A inalação do líquido meconal por parte do bebê pode causar crise respiratória por obstrução e inflamação de suas vias aéreas. Coleta e Análise Laboratorial do Líquido Amniótico A retirada e a análise do LA (amniocentese) são necessárias para a detecção da presença de doenças congênitas, defeitos de tubo neural, a idade gestacional e a maturidade fetal. O procedimento é indicado em casos de gestantes com mais de 35 anos (por conta da maior probabilidade de alterações cromossômicas) ou gestantes que apresentaram alguma anomalia durante o pré-natal do primeiro ou segundo trimestre (aumento ou diminuição de alfa- fetoproteína), ou quando a mãe possui outro filho com algum defeito Uroanálise e Líquidos Corpóreos 34 congênito ou anomalia genética, ou ainda, quando um dos pais ou ambos apresentam algum distúrbio hereditário, ou simplesmente, quando há detecção de alguma anomalia na ultrassonografia fetal. A coleta do LA é feita por aspiração com agulha no saco amniótico. É um procedimento considerado seguro, tendo risco de menos de 1% para o feto. As amostras devem ficar protegidas da luz e serem analisadas imediatamente. Figura 11 – Ilustração da amniocentese Fonte: Galactosemia O exame da profundidade da anemia produzida no feto como consequência da anemia hemolítica é a análise do LA mais antiga. Em caso de destruição das hemácias do feto por anticorpos maternos, há o aparecimento de bilirrubina no líquido amniótico, que dosado, determina o grau de hemólise e avalia o perigo que a anemia representa para o feto. Se as membranas amnióticas se romperem prematuramente, a mãe e o feto podem ser contaminados, sendo recomendada a análise da presença de leucócitos. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 35 O uso da técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase) possibilita a avaliação de doenças congênitas virais (citomegalovírus e rubéola), assim como a toxoplasmose, causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. IMPORTANTE: Graças à terapia gênica e ao mapeamento cromossômico, a análise citogenética tem função importante na detecção de defeitos congênitos. As amostras destinadas à esta análise necessitam de cuidados especiais, pois as células precisam ser mantidas vivas para a cultura em laboratório. Outra análise importante é feita com a alfa-fetoproteína, que é sintetizada pelo saco vitelínico fetal e com a evolução da gestação passa a ser produzida pelo trato gastrointestinal e fígado; é eliminada pela urina e por isso está presente no LA. Altos níveis de alfa-fetoproteína estão relacionados com patologias importantes, como defeitos do tubo neural e de osteogênese, necrose hepática, obstrução urinária e gestação múltipla. Baixos níveis podem estar relacionadoscom alterações genéticas, como trissomias cromossômica, óbito do feto, entre outras. Os achados para alfa-fetoproteínas fetal devem ser correlacionados com os exames de ultrassonografia, com a amniocentese e com os níveis de alfa-fetoproteínas sérica materna. Líquido Seminal O líquido seminal é a parte do sêmen sem espermatozoides. É um fluido que “limpa” o canal da uretra de modo a diminuir o pH, para que o ácido da urina não contamine e mate os espermatozoides. É composto por frações provindas da vesícula seminal, próstata, glândula bulbouretral, testículo e epidídimo. A composição do líquido seminal é variada e o normal é que haja mistura destas frações durante a ejaculação. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 36 O exame realizado para a análise do líquido seminal é o espermograma, que tem como funções principais, a avaliação de casos de infertilidade e estado de pós-vasectomia, além de acompanhar doenças testiculares e penianas sobre a espermatogênese. NOTA: Como falamos anteriormente, o sêmen é composto por frações variáveis, portanto o paciente deve receber orientações claras e detalhadas sobre a obtenção do material para que a análise seja precisa. A quantidade de espermatozoides presentes no sêmen é um indicativo de fertilidade, embora a fertilização possa ser efetuada por apenas um espermatozoide. Coleta e Análise Laboratorial A coleta é realizada através da masturbação depois de um tempo de abstinência sexual entre 3 e 7 dias no máximo. Durante este período, não deve haver masturbação, pois a qualidade do esperma é afetada dependendo da quantidade de vezes que o homem ejacula. EXPLICANDO MELHOR: Geralmente, o exame é realizado no laboratório na parte da manhã, e solicita-se uma boa assepsia das mãos antes de realizar a coleta. Não é recomendado o uso de preservativos para a coleta, uma vez que muitos possuem espermicidas capazes de prejudicar o resultado do exame. É de suma importância que o horário da coleta seja anotado de maneira precisa, pois as amostras se liquefazem entre 30 minutos e 1 hora após a coleta, e este tempo precisa ser medido. A análise só é iniciada após a liquefação da amostra. Parâmetros como volume, pH, viscosidade, contagem do número de espermatozoides, motilidade, viabilidade e morfologia dos espermatozoides serão avaliados. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 37 Viscosidade e volume O volume é verificado despejando-se o conteúdo do frasco de coleta em um tubo graduado. O normal varia entre 2 e 5ml. A viscosidade é medida durante a inversão da amostra no tubo; estando normal, a amostra gotejará no recipiente e não se mostrará aglutinada nem filamentosa. Volumes abaixo de 2ml indicam hipoespermia, sugerindo a presença de fatores obstrutivos, como agenesia de deferentes ou de vesícula seminal, fibrose cística, obstruções pós-infecções ou pós-cirúrgicas de próstata. NOTA: A agenesia congênita de vasos deferentes (ABCVD) é encontrada em aproximadamente 1,4 % dos homens inférteis. Pode ser causada por mutações no gene CFTR (do inglês, Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator), que se encontra alterado em pacientes com quadro clássico de fibrose cística. Hipoespermia em pacientes diabéticos, com lesão muscular ou doenças neurológicas podem mostrar ejaculação para a bexiga (retrógrada). Volumes acima de 5ml indicam hiperespermia, e a ausência de ejaculação sugere aspermia. pH O pH varia entre 7,3 e 8,3, sendo considerado ligeiramente alcalino. O pH será mais ácido no caso da relação entre o líquido seminal e o prostático estar mais elevado. O controle do pH é importante para o momento da deposição do sêmen no interior da vagina, pois o pH vaginal é ácido, em torno de 4,0; o sêmen tendo o pH básico neutraliza a acidez vaginal, de modo a manter os espermatozoides vivos. Contagem do número de espermatozoides O espermograma é realizado diluindo-se a amostra e concentrando as células na Câmara de Neubauer. A amostra é diluída em 1:20 e conta-se Uroanálise e Líquidos Corpóreos 38 o número de espermatozoides nos 5 quadrantes destinados à contagem de eritrócitos ou nos 2 quadrantes destinados aos leucócitos (o número de quadrantes e os valores de diluição variam de um laboratório para o outro). A diluição é feita com o intuito de imobilizar os espermatozoides. Para isso, usa-se bicarbonato de sódio e formol. Figura 12 – Ilustração da Câmara de Neubauer Fonte: Puentes (2009). Os valores normais variam entre 20 e 160 milhões por ml. Valores entre 10 e 20 milhões são considerados limítrofes. A contagem baixa pode ser consequência da baixa produção de meio nutricional (frutose) por parte das vesículas seminais. Motilidade É uma análise subjetiva realizada com o uso de microscópio da amostra não diluída, na qual se avalia a porcentagem de espermatozoides com motilidade ativa. A qualidade e a porcentagem da motilidade devem ser determinadas em cada campo e uma média deve ser calculada. A classificação da motilidade é realizada da seguinte forma: A – Progressiva linear rápida. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 39 B – Progressiva linear lenta. C – Não progressivos. D – Imóveis. É considerada normal uma motilidade mínima entre 50 e 60% quando se soma A+B. Valores menores que 50% sugerem a realização de exames de vitalidade para saber se a imobilidade é devido à morte dos espermatozoides. Uma das causas da alteração da motilidade é a varicocele. Morfologia Esta análise é realizada quando há suspeita de alterações morfológicas, na qual cada estrutura deve ser avaliada separadamente. Exemplos: cabeça, cauda e estrutura. Pode haver defeito em um ou mais segmentos ou estrutura da célula espermática. Algumas causas de infertilidade estão relacionadas à imaturidade dos espermatozoides, sendo mais esféricos quando comparados aos maduros, e muitas vezes não possuem cauda. Os espermatozoides amadurecem no interior do epidídimo antes de serem liberados, portanto, quando há presença de imaturos em grande quantidade, significa alguma anormalidade. Além do fato do não amadurecimento adequado, existem alterações morfológicas nos espermatozoides que podem ser classificadas da seguinte forma: Amorfos: defeitos estruturais na cabeça de forma irregular. Piriforme: cabeça em forma de gota, com a parte afinada voltada para a parte intermediária. Além de bicefálico, globócito, vacuolizado, defeito na peça intermediária, entre outros. Viabilidade É observada a quantidade de espermatozóides vivos e mortos. O resultado é expresso em porcentagem e para ser considerado normal, precisa estar acima de 70% para células vivas. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 40 Para a análise, mistura-se corante de eosinanigrosina em pequena quantidade de amostra e observa-se: Células mortas: ficam coradas de vermelho contra um fundo azul escuro. Células vivas: ficam branco-azuladas, pois não há penetração de eosina. RESUMINDO: E então? Aprendeu mesmo, tudinho? Só para termos certeza, vamos resumir tudo o que vimos no decorrer deste capítulo. O líquido amniótico (LA) está localizado dentro do saco embrionário que circunda o feto, e tem a função de protegê-lo de impactos. É formado pela água que atravessa a placenta, pelo metabolismo das células do feto e pela urina do próprio feto. O LA tem como funções crescer ao redor do embrião para protegê-lo de possíveis traumas sofridos pela mãe, regular e manter a temperatura fetal e contribuir para o movimento do feto e de seu desenvolvimento muscular. A análise do LA tem vários motivos: exames moleculares, maturidade pulmonar do feto, cariotipagem e avaliação do sofrimento fetal. O líquido seminal é a parte do sêmen sem espermatozoides. É um fluido que limpa o canal da uretra de modo a diminuir o pH para que o ácido da urina não contamine e mate os espermatozoides. O líquido seminal é composto por frações provindas da vesícula seminal, próstata,glândula bulbouretral, testículo e epidídimo. Sua composição é variada e o normal é que haja mistura destas frações durante a ejaculação. O exame para a análise do líquido seminal é o espermograma, que tem como funções a avaliação de casos de infertilidade e estado de pós-vasectomia, além de acompanhar doenças testiculares e penianas sobre a espermatogênese. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 41 Líquido extracelular: Saliva, Suco Gástrico e Suor OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você saberá explicar a importância do suor, da saliva e do suco gástrico. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!. A saliva é um fluido biológico cuja composição é complexa. Tem inúmeras funções, dentre elas, ser passível de mensuração, podendo ser usada no diagnóstico de doenças. O suco gástrico é produzido no estômago pelas glândulas gástricas, atua sobre as proteínas de maneira a transformá-las em pequenos polipeptídeos. É composto por água, enzimas, sais inorgânicos, ácido clorídrico e uma pequena quantidade de ácido láctico. O suor, também conhecido como transpiração, é a perda de líquido através da pele. Sua função não se resume à excreção de dejetos de nitrogênio, mas é uma forma essencial de controle da temperatura do corpo. Saliva A saliva é um dos fluidos biológicos mais importantes do corpo, extremamente versátil, de composição complexa e que desempenha inúmeras funções. Um ser humano saudável produz entre 1 e 2 litros de saliva por dia. A saliva é um fluido claro, viscoso e alcalino (pH entre 6 e 7). Possui em sua composição 95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais. Apresenta dois tipos de secreção proteica: secreção mucosa, composta por mucina, que lubrifica e facilita a mastigação e a deglutição; e secreção serosa, rica em ptialina, enzima que auxilia a digestão do amido. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 42 DEFINIÇÃO: Deglutição: passagem do bolo alimentar pelo esôfago em direção ao estômago. A saliva, portanto, auxilia na digestão e protege os tratos digestório e respiratório contra vírus e bactérias. E ainda umedece os tecidos duros e moles da cavidade bucal, ajudando a controlar a quantidade de água no organismo através do ressecamento da boca em situações de sede, sinalizando a falta de água no organismo. Quando é secretada na cavidade bucal, é chamada de saliva total, pois há junção das secreções de todas as glândulas salivares com as células epiteliais descamadas, e ainda, neutrófilos, proteínas, microrganismos, restos alimentares, fluido crevicular gengival, secreção das vias aéreas superiores e células sanguíneas. Como observamos, a saliva é um fluido rico em bactérias, vírus, eletrólitos e proteínas; por este motivo tem sido usada como um procedimento menos invasivo para detecção de antígenos como o citomegalovírus, vírus do herpes simples e anticorpos para o HIV, hepatites A, B e C e H. pilori. Descobertas recentes mostraram que a saliva possui biomarcadores específicos para analisar condições clínicas como doenças autoimunes e cardiovasculares e câncer. Coleta e Análise Laboratorial Existe uma grande variedade de métodos de coleta da saliva, como por exemplo: simples expectoração por parte do indivíduo, sucção aberta ou fechada, método de drenagem, esfregaço ou métodos mais atuais, com o uso de salivette ou swab. Dentre todos os métodos, o mais usado atualmente é o salivette, no qual a tampa superior do tubo é removida, o algodão do recipiente é colocado debaixo da língua, permanecendo lá por 3 minutos. O algodão Uroanálise e Líquidos Corpóreos 43 encharcado de saliva é, então, colocado de volta no recipiente suspenso e fechado com a tampa. A coleta deve ser realizada de acordo com a solicitação médica, respeitando o tempo de 3 horas entre a última alimentação e a coleta. É preciso informar todos os medicamentos em uso, ficar 3 horas sem escovar os dentes e não ter feito tratamento dentário nas 24 horas anteriores ao exame. A amostra é centrifugada e a saliva é transferida para o tubo de transporte (padrão). É necessário o mínimo de 1ml de amostra. A análise vai depender do objetivo do exame. Podem ser empregados imunoensaios altamente sensíveis, como radio-imunoensaios, ensaios enzimáticos ou fluorescentes com resolução temporal, além de análises bioquímicas e citológicas. Para testes de DNA, ele é extraído da amostra de saliva para ser usado na técnica de PCR. Suco Gástrico O suco gástrico é composto por água, sais inorgânicos, ácido clorídrico e enzimas. Tem como função principal atuar no quimo, auxiliando a digestão gástrica, principalmente das proteínas. O ácido clorídrico presente ajuda a matar algumas bactérias existentes nos alimentos, e ainda proporciona um meio ácido ideal (abaixo de pH 2,5) para que as enzimas atuem durante o processo de digestão. Figura 13 – Suco gástrico dentro do estômago Fonte: Centralx Atlas Uroanálise e Líquidos Corpóreos 44 Por dia, o estômago produz em torno de 3 litros de suco gástrico e sua determinação laboratorial é considerada importante no tratamento de anemia perniciosa, úlcera péptica e no monitoramento de cirurgias. EXPLICANDO MELHOR: A anemia perniciosa se caracteriza pela diminuição da quantidade de glóbulos vermelhos no sangue, como consequência da insuficiência de vitamina B12. O principal sintoma é cansaço. Outros métodos têm se tornado mais eficientes para análise e detecção destas doenças, portanto, a análise do suco gástrico tem sido usada apenas para confirmar resultados obtidos por meio de outros métodos. EXEMPLO Outros métodos utilizados para detecção de doenças: exame endoscópico direto das lesões, técnicas radiológicas, medida dos níveis de gastrina sérica, exame citológico do conteúdo gástrico (detecção de neoplasias), exame imunológico do soro (avaliação do fator anti-intrínseco e anticorpos contra células parietais encontradas da anemia perniciosa), e eletrodos sensíveis ao pH (que transmitem a leitura do pH quando introduzidos no estômago). 1.1.1 Coleta e análise laboratorial Para se obter uma amostra de suco gástrico é necessária a intubação nasal ou oral do paciente. A localização correta do tubo é acompanhada por exame fluoroscópico do estômago. É preciso que o paciente esteja em jejum, e que durante a coleta ele não engula muita saliva para não neutralizar a acidez gástrica. A aspiração da amostra deve ser feita de forma contínua, e a análise da acidez deve ser feita em amostras de 15 minutos, sendo importante a rotulagem correta da hora da coleta. Analisa-se a aparência, o volume, a acidez titulável e o pH. A cor costuma ser verde-clara, com presença de Uroanálise e Líquidos Corpóreos 45 muco. Como o paciente está em jejum, a amostra não deve conter restos de alimentos. A cor verde-amarelada remete a presença de bile. A presença de sangue deve ser investigada. O volume e a acidez titulável servem para determinar a produção total de ácido, que junto com o pH fazem correlação com anormalidades na produção de suco gástrico. Suor O suor ou transpiração é a perda de fluido líquido através das glândulas sudoríparas presentes na pele. É composto, principalmente, por cloreto de sódio e ureia em solução. Nos humanos, transpirar é uma forma de excretar dejetos de nitrogênio e, principalmente, é uma eficiente maneira de regular a temperatura corporal. Em situações de atividade física, o indivíduo produz mais suor, assim como em momentos de nervosismo e náusea, enquanto em resfriados, a produção é diminuída. REFLITA: O corpo humano tem como principal mecanismo de perda de calor e regulação da temperatura corporal, a transpiração do suor. O ato de suar permite que o corpo seja resfriado e se mantenha em temperaturas menores do que as do ambiente, de maneira a dissipar o calor que o próprio metabolismo gera, e mantendo a temperatura corporalestável (em torno de 36º). Em casos em que a temperatura ambiente supera 33º e a evaporação do suor é dificultada, pode haver morte por hipertermia. O excesso de transpiração é conhecido por hiper-hidrose ou hiperidrose. O cheiro do suor varia entre as diferenças raças porque a quantidade de glândulas sudoríparas também pode variar entre as etnias. O odor desagradável em algumas áreas do corpo, como virilhas, axilas ou pés, pode ser causado pelo acúmulo de bactérias e fungos, mostrando a importância da higienização desses locais. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 46 O exame de cloro no suor é solicitado para avaliar a ocorrência de fibrose cística (FC) em indivíduos sintomáticos, com resultado positivo no exame de triagem, ou quando o exame de tripsinogênio imunoreativo (TIR) for positivo, ou se o indivíduo tiver parentes com o diagnóstico confirmado. IMPORTANTE: O exame de cloro no suor não monitora a fibrose cística. Os níveis medidos não são capazes de representar a gravidade da doença. Sintomas da fibrose cística: • Infecções respiratórias frequentes, com tosse crônica. • Suor salgado em evidência. • Fezes volumosas, gordurosas e com mau cheiro. • Sintomas gastrointestinais (obstrução intestinal distal). • Infertilidade masculina. • Desnutrição. Coleta e Análise Laboratorial Não é fácil obter uma amostra de suor, principalmente porque a transpiração terá que ser induzida, podendo prejudicar a qualidade do material devido à contaminação ou evaporação. A alíquota é obtida com o uso de papel de filtro ou almofadas de gaze, sendo necessária uma quantidade mínima de 75mg. Não é necessária nenhuma preparação, apenas orienta-se ao paciente evitar o uso de loções ou cremes na pele nas 24 horas que antecedem o exame. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 47 EXPLICANDO MELHOR: O cloro e o sódio são elementos que fazem parte do equilíbrio eletrolítico do organismo e se combinam para formar o sal encontrado no suor. Normalmente, o cloro se movimenta para dentro e para fora das células, ajudando a manter a neutralidade elétrica e o equilíbrio hídrico. A proteína Reguladora da Condutância Transmembrana da Fibrose Cística (CFTR), também conhecida por canal de cloro, está envolvida na regulação do fluxo de cloro, sódio e água. A CFTR disfuncional ou ausente faz com que as células fiquem impermeáveis à condução do cloro, resultando em aumento nas concentrações de sódio e cloro no suor. O exame positivo indica que há grande possibilidade que o indivíduo apresente fibrose cística, mas outros testes deverão ser avaliados para o estabelecimento de um diagnóstico correto. SAIBA MAIS: Para saber mais sobre o teste de cloro no suor, clique aqui. RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo, tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. A saliva é um dos fluidos biológicos mais importantes do corpo, é versátil, de composição complexa e desempenha inúmeras funções. É um fluido claro, viscoso e alcalino, que possui em sua composição 95% de água, 3% de substâncias orgânicas e 2% de sais minerais. Apresentam dois tipos de secreção proteica: secreção mucosa e secreção serosa. Uroanálise e Líquidos Corpóreos 48 A saliva tem sido usada como um procedimento menos invasivo para detecção de antígenos como o citomegalovírus, vírus da herpes simples e anticorpos para o HIV, hepatites A, B, C e H. pilori. Seus biomarcadores específicos podem analisar doenças autoimunes e cardiovasculares e câncer. O suco gástrico é composto por água, sais inorgânicos, ácido clorídrico e enzimas. Tem como função principal auxiliar a digestão gástrica e sua determinação laboratorial é considerada importante no tratamento de anemia perniciosa, úlcera péptica e no monitoramento de cirurgias. Nos humanos, suar é uma forma de excretar dejetos de nitrogênio e, principalmente, é uma eficiente maneira de regular a temperatura corporal. O exame de cloro no suor é solicitado para avaliar a ocorrência de fibrose cística (FC). Uroanálise e Líquidos Corpóreos 49 REFERÊNCIAS CONFOLONIERI, R.; DAMALIO, J. C. P. Urinálise e fluidos biológicos. Brasília: [s. n.], 2019. COMAR, S. R. et al. Análise citológica do líquido pleural no hospital das clínicas da Universidade Federal do Paraná. Revista Estudos de Biologia. Curitiba, v. 30, n. 70-72, p. 17-25, dez., 2008. GONÇALVES, F. B. et al. Uroanálise e fluidos corporais. São Paulo: Técnica do Brasil, 2015. GUYTON, J. E.; HALL, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. HAMMER, G. D. e MCPHEE, S.J. Fisiopatologia da doença: uma introdução à medicina clínica. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. LAB TESTS ON-LINE. Teste de cloro no suor. Lab Tests On-line, [s. d.]. Disponível em: https://labtestsonline.org.br/tests/teste-de-cloro-no- suor. Acesso em: 6 set. 2021. SANTOS, B. K. dos. Líquidos serosos. Portal Educação, [s. d.]. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/ biologia/liquidos-serosos/59574. Acesso em: 6 set. 2021. SANTOS, P. P. A. et al. Saliva: métodos atuais para coleta e obtenção da amostra. Revista da Faculdade de Odontoliga. Porto Alegre, v. 48, n. 1-3, p. 95-98, 2008. Uroanálise e Líquidos Corpóreos Líquido Extracelular: Serosos Compartimentos Corporais Líquidos Serosos Líquido Pleural Líquido Pericárdico Líquido Peritoneal Análise Laboratorial Líquido Extracelular: Sinovial e Cefalorraquidiano Líquido ou Fluido Sinovial Coleta e Análise Laboratorial Líquido Cefalorraquidiano ou Líquor Coleta e Análise Laboratorial Líquidos Extracelulares: Amniótico e Seminal Líquido Amniótico Coleta e Análise Laboratorial do Líquido Amniótico Líquido Seminal Coleta e Análise Laboratorial Líquido extracelular: Saliva, Suco Gástrico e Suor Saliva Coleta e Análise Laboratorial Suco Gástrico Suor Coleta e Análise Laboratorial