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Currículo e Avaliação da Aprendizagem Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFATECIE. Credenciado pela Portaria N.º 527 de 10 de junho de 2020, publicada no D.O.U. em 15 de junho de 2020. Núcleo de Educação a Distância; GUIMARÃES, Fabiane Fantacholi. Currículo e Avaliação da Aprendizagem. Fabiane. Fantacholi Guimarães. Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 128 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTORA Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães Mestre em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias (Universidade Pitágoras Unopar). ● Licenciatura e Bacharel em Pedagogia (CESUMAR). ● Especialista em Psicopedagogia Institucional (Faculdade Maringá) ● Especialista em Educação Especial (Faculdade de Tecnologia América do Sul) ● Especialista em EAD e as Tecnologias Educacionais (UniCESUMAR). ● Especialista em Docência no Ensino Superior (UniCESUMAR). ● Professora orientadora de trabalho de conclusão de curso da Pós-Graduação (UniFCV). ● Professora mediadora na área da Educação - Graduação (UniFCV). ● Professora conteudista na área da Educação (UniFCV/UNIFATECIE). ● Professora de disciplinas de Pós-Graduação na área da Educação (UniFCV). ● Coordenadora de cursos EAD de Graduação e Pós-Graduação (UniFCV). ● Encarrega de Cursos EAD na área da Educação (UniFCV). ● Tutora Pedagógica (UniFCV). Experiência na Educação Básica: +- 8 anos. Experiência no Ensino Superior (presencial e a distância): desde 2012 até os dias atuais. Acesse meu currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7315666246327967 http://lattes.cnpq.br/7315666246327967 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Currículo e avaliação da aprendizagem. Esta apostila foi organizada de modo especial para você, que no nosso entendimento tem buscado com excelência compreender os desafios que envolvem o setor educacional e que influenciam no processo de ensino-aprendizagem. Esta apostila é composta por uma introdução seguida de quatro unidades criterio- samente analisadas, selecionadas para dar sustentação a presente discussão e conclusão. Na Unidade I você irá trabalhar com o tema O CURRÍCULO ESCOLAR, cujos conteúdos de destaque serão: - Currículo: Conceituação, Tendências e História - Aspectos Legais e Pedagógicos que envolvem o Currículo Escolar - Currículo: etnia, raça e nação – implicações para a escola e para o currículo - Currículo e as Novas Tecnologias Na Unidade II, com o tema O CURRÍCULO, O DESENVOLVIMENTO HUMANO E A APRENDIZAGEM, os focos serão: - Currículo e Desenvolvimento Humano - O Currículo e a Aprendizagem - Currículo, Escola e Comunidade: relações e possibilidades A Unidade III, com tema AVALIAÇÃO ESCOLAR, versará sobre: - Fundamentos Legais para Avaliação Escolar - Os Diversos Processos de Avaliação da Aprendizagem - Instrumentos de Avaliação Na Unidade IV, a última, de tema AVALIAÇÕES, tem ênfase em: - Avaliações externas: Prova Brasil, SAEB, ENEM e o ENADE - Práticas avaliativas e instrumentos de avaliação Por fim, lembre-se, caro(a) graduando(a), que o texto apresentado não irá esgotar todas as possibilidades de pensar e refletir acerca das temáticas abordadas, mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análises realizadas acerca das temáticas propostas. Para tanto, cumpre destacar que ao final de cada unidade você encontrará um resumo do texto realizado, a fim de facilitar seus estudos e compreensão. Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura e não se esqueça: esse é só seu primeiro passo no campo do CURRÍCULO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM! Faça outras viagens, teça outras teias e consolide seu conhecimento no campo da formação humana. Vamos aos estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 7 O Currículo Escolar UNIDADE II ................................................................................................... 43 O Currículo, o Desenvolvimento Humano e a Aprendizagem UNIDADE III .................................................................................................. 62 Avaliação Escolar UNIDADE IV ................................................................................................ 104 Avaliações 7 Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você, acadêmico(a), estudará nesta unidade: • Currículo: Conceituação, Tendências e História • Aspectos Legais e Pedagógicos que envolvem o Currículo Escolar • Currículo: etnia, raça e nação – implicações para a escola e para o currículo • Currículo e as Novas Tecnologias Objetivos de Aprendizagem: • Conhecer a evolução do conceito de currículo e analisar as tendências e história do currículo. • Analisar os aspectos legais e pedagógicos que envolvem o currículo escolar. • Abordar as implicações para a escola e para o currículo acerca da temática: etnia, raça e nação. • Compreender como ocorre a inclusão das novas tecnologias no currículo escolar. UNIDADE I O Currículo Escolar Professora Mestre Fabiane Fantacholi Guimarães 8UNIDADE I O Currículo Escolar INTRODUÇÃO Caro(a) estudante. Seja bem-vindo(a) à Unidade I da disciplina Currículo e Avaliação da Aprendi- zagem. Nesta unidade, intitulada “O CURRÍCULO ESCOLAR”, estudaremos no primeiro momento: a evolução do conceito de currículo e as tendências e história do currículo; no segundo momento: analisaremos os aspectos legais e pedagógicos que envolvem o cur- rículo escolar; no terceiro momento: abordaremos as implicações para a escola e para o currículo acerca da temática: etnia, raça e nação; no quarto momento: compreenderemos como ocorre a inclusão das novas tecnologias no currículo escolar. A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso supe- rior. Boa leitura e bons estudos! 9UNIDADE I O Currículo Escolar 1 CURRÍCULO: CONCEITUAÇÃO, TENDÊNCIAS E HISTÓRIA Podemos dizer que o currículo é vida da escola, incluindo todos os movimentos no convívio escolar, as experiências e as vivências que ocorrem dentro de um ambiente edu- cativo formal. Currículo é o que é percebido por nós, pelos alunos, professores, gestores, funcionários, responsáveis pelos alunos, ou seja, pela comunidade escolar, mas também apresenta vários aspectos que não conseguimos perceber. Caro(a) estudante, apresentaremos algumas definições sobre a palavra “currículo” a seguir. No Grande Dicionário Houaiss (2017), uma definição de currículo é “programação de um curso ou de uma matéria ou de uma matéria a ser examinada”. Segundo Hamilton (1992 apud SANTOS, 2002) a palavra “currículo” foi registrada pela primeira vez em 1633, no Oxford English Dictionary, como um curso inteiro seguido pelos estudantes. Etimologicamente, “currículo” é um termo proveniente do latim – curriculum (corri- da, carreira) e currere (correr) – e significa caminho, jornada, trajetória, percurso a seguir. Pode parecer simples, mas o termo carrega em sio peso de transformar alguma coisa, pois indica movimento, algo que se move ao longo de determinado tempo. Em outras palavras, no caso do currículo escolar, o termo indica um percurso a ser seguido pelo estudante. 10UNIDADE I O Currículo Escolar Assim, “o currículo representa a caminhada que o sujeito irá fazer ao longo de sua vida escolar, tanto em relação aos conteúdos apropriados quanto às atividades realizadas sob a sistematização da escola” (LIMA; ZANLORENZI; PINHEIRO 2012, p. 25). Note, caro(a) estudante, que não é fácil conceituar o termo “currículo”, pois ele não tem um sentido único. Há uma diversidade de sentidos e definições, dependendo da linha de pesquisa do autor. As diversas definições e conceituações levam ao que alguns autores chamam de polissemia, ou seja, vários sentidos e significados que o termo representa, sem que se chegue a um consenso entre essas interpretações. Por essa razão, é preciso conhecer as concepções de maneira contextualizada e não correr o risco de aceitar apenas uma como a melhor definição. Deve-se compreender como o currículo tem sido abordado pelos diferentes autores e teorias para avaliar quais desses conceitos estão mais próximos de atender às necessidades do contexto educativo em que se encontram inseridos. Assim, as diferentes maneiras de definir o termo levam a compreender que o currículo “é uma construção cultural, histórica e socialmente determina- da; e refere-se a uma prática condicionadora de si mesmo e de sua teorização” (MATTOS, 2013, p. 24) Há dois aspectos que predominam nas definições (MOREIRA, 1997 apud MATTOS, 2013): 1. Conhecimento escolar - o currículo refere-se ao conhecimento transmitido pela escola de maneira pedagógica e didática, como um conjunto de disciplinas, sendo aplicado pelo estudante. 2. Experiência de aprendizagem - o currículo está focado nas diferenças indivi- duais e na preocupação com as atividades do estudante. O termo refere-se aos caminhos que ele percorre em sua formação. Vários autores tratam de definir o termo, que recebeu diferentes concepções tanto em relação ao seu significado quanto à sua função ao longo da história. Essas definições variam de acordo com diversos contextos históricos e culturais. 11UNIDADE I O Currículo Escolar Quadro 1 - O currículo segundo diferentes autores AUTORES CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO Foshay (1969) Currículo é o conjunto de todas as experiências que o aluno adquire, sob a orientação da escola. Saylor (1966) Currículo engloba todas as experiências de aprendizagem proporcio- nadas pela escola. Phenix (1958) Currículo é o modelo organizado do programa educacional da escola e descreve a matéria, o método e a ordem do ensino – o que, como e quando se ensina. Johnson (1977) Currículo é uma série estruturada de resultados de aprendizagem que se tem em vista. O currículo prescreve (ou, pelo menos, antecipa) os resultados do ensino; não prescreve os meios. Fonte: Ribeiro (1993). De acordo com Ribeiro (1993), há três definições mais comuns sobre o currículo, sendo elas: 1. A definição mais comum é aquela que identifica o currículo como sinônimo de organização curricular, ou seja, “como elenco e sequência de matérias ou dis- ciplinas propostas para todo o sistema escolar, um ciclo de estudo, um nível de escolaridade ou curso, visando à graduação dos alunos nesse sistema, ciclo, nível ou curso” (RIBEIRO, 1993, p. 11). 2. Currículo como disciplina ou matérias, conteúdos programáticos e respectivas observações didáticas. Aqui ele representa um programa de ensino em deter- minada área de estudo, uma listagem um esquema ou um sumário por área disciplinar. 3. Por fim, o currículo pode “representar um conjunto de diferentes modos de pen- sar e investigar a realidade e experiência humana, privilegiando-se, assim, o desenvolvimento de capacidades e processos intelectuais – significativamente representados nessas disciplinas do saber” (RIBEIRO, 1993, p. 13). A autora Eyng (2012) também analisou e destacou três concepções sobre o currí- culo, sendo elas: 1. O currículo como conteúdo - é uma das formas mais usuais e historicamente relevantes que encontramos. Contudo, o entendimento do que seja o seu conteúdo tem uma variação muito grande. “Pode significar o conteúdo da educação, isto é, o curso com- preendendo a sequência e o conjunto de estudos que se há de seguir para adquirir uma educação. Também significa o conhecimento, o conteúdo de uma disciplina específica ou, ainda o conteúdo da cultura socialmente construída” (EYNG, 2012, p. 24). 12UNIDADE I O Currículo Escolar É facilmente perceptível que, em uma mesma linha de entendimento, existem va- riações na referência da análise. Nessa vertente, que entende o currículo como conteúdo, encontra-se a forma de compreendê-lo como uma sequência de unidades de conteúdos e a de vê-lo como um conjunto de resultados de aprendizagem. Por outro lado, a forma de compreender o currículo como um conjunto de resultados de aprendizagem está vinculada à preocupação de o papel da escola ser atingir os objeti- vos e, assim, concretizar os resultados previstos no currículo. Desse modo, a demasiada preocupação com o produto deixa de lado um aspecto fundamental, complexo e dinâmico: o processo (EYNG, 2012). Ainda que a clareza da finalidade seja virtual no processo peda- gógico, não podemos, caro(a) estudante, ignorar o contexto, as condições e os processos nos quais se concretiza. 2. O currículo como planificação - entender o currículo como planificação signi- fica assumi-lo como algo que está estabelecido, indicando os marcos a partir dos quais se desenvolverá a atividade educativa de uma escola. Mas, como na classificação anterior, o grau de especificação dessa conceituação varia consideravelmente. “Ele pode ser entendi- do como um conjunto organizado de intenções educativas e de instruções e também como o documento onde se apresentam tanto o que há de ser aprendido e ensinado, como os materiais e métodos de ensino” (EYNG, 2012, p. 25). No entanto, um currículo não pode limitar-se a planos, anteprojetos, propósitos, pois pode correr o risco de permanecer no campo das intenções. Ainda que, ao definirmos e organizarmos as intenções de um currículo, devemos indicar a relação com os elementos educacionais, tais como finalidades, objetivos, conteúdos, metodologias, avaliação e análise de necessidades e custos para sua operacionalização, só planejá-lo não basta. Assim, o que se espera é que o currículo apresente intenções justificadas que sirvam de referenciais detalhamento dos planos que os professores irão desenvolver, os quais devem estar ajustados a cada contexto educativo em particular, no qual serão desen- volvidos (EYNG, 2012). 3. O currículo como realidade interativa - entender o currículo como realidade interativa é assumi-lo como ente que comporta todas as experiências educativas sob res- ponsabilidade da escola. O currículo como realidade interativa implica “fundamentalmente a consideração dinâmica entre planejamento da escola e da aula e consideração das convergências e/ou divergências existentes entre o currículo como intenção e o currículo como ação”. Essa visão desta o professor” (EYNG, 2012, p. 26) como o principal agente 13UNIDADE I O Currículo Escolar curricular, por isso é vital a sua formação para a compreensão, o planejamento e a gestão adequada do currículo. Ao concluir a descrição das três concepções anteriores, podemos compreender a relação com a representação e a ação, assim denominadas pelas dimensões básicas da racionalidade. “Com a primeira, como é facilmente compreensível representamos o mundo, tentamos explicá-lo, analisá-lo, formular teorias, compreendê-lo e interpretá-lo. Com a segunda, a ação, atuamos sobre o currículo, para mudá-lo e transformá-lo” (EYNG, 2012, p. 26). A fronteira entre a representação e a ação não é sempre nítida e nem sempre neces- sária,mas ambas constituem o marco básico da racionalidade. Esta, em última instância, define como construímos e percebemos a representação e que tipo de ação aceitamos como racional. Sacristán (1995 apud EYNG, 2012), elaborou as seguintes concepções para currí- culo: ● Currículo como fenômeno prático complexo - inserido em um sistema esco- lar direcionado a professores e alunos. Aqui ele é adequado ao contexto no qual é elaborado, desenvolvido e avaliado. ● Currículo como práxis - aqui o currículo é entendido como vários tipos de ações que influenciam sua configuração. O currículo é concebido como um documento ou objeto dinâmico que integra teoria e prática e expressa a função socializadora e cultural da escola. A construção do currículo está direcionada aos contextos políticos, administrativos e pedagógicos. ● Currículo como construção social - aqui o currículo parte com base na reali- dade da vida escolar e da sociedade em que está inserido. ● Currículo como construção da cultura - aqui o currículo não é um conceito, mas uma construção cultural, isto é, não se trata de uma ideia abstrata que tem algum tipo de existência fora da experiência humana ou anterior a ela, mas sim de um modo de organizar uma série de práticas educativas. ● Currículo como campo de investigação - aqui o currículo requer concebê-lo como algo que mantém certas interdependências com outros campos da edu- cação, ou seja, significa em constante mudança e sempre relacionado a outros campos da educação. ● Currículo como guia de experiência - aqui o currículo é entendido como guia da experiência que o aluno obtém na escola e como o conjunto de responsabi- lidades da escola para promover uma série de experiências. 14UNIDADE I O Currículo Escolar ● Currículo como definidor dos conteúdos - dele devem fazer parte planos, projetos e objetivos. O currículo, nesse caso, deve ser compreendido como um documento que vai nortear as diretrizes da escola. ● Currículo como conjunto de conhecimentos - aqui o currículo é entendido como conjunto de conhecimentos ou matérias, os quais devem ser superados pelo aluno dentro de um ciclo, nível educativo ou modalidade de ensino, é a concepção mais clássica e difundida. A reflexão sobre as concepções de currículo é de grande importância para o pro- fissional que lida diretamente com o processo educacional, visto que nele permeiam as crenças, os valores, a ideia do que é educação, de ser humano que se pretende formar, de que sociedade é ideal. Assim, analisar o currículo como elemento integrador dessa forma- ção torna-se essencial para atender às demandas que a sociedade atual impõe à escola, aos professores, aos pedagogos e aos demais profissionais que lidam com as instituições escolares. Agora, caro(a) estudante, um pouco da história do currículo. Se o termo “currículo” for considerado uma sequência ordenada de matérias ou mesmo a totalidade de estudos, é possível voltar às escolas do antigo Egito, da Suméria e da Grécia. Na Antiguidade, a estrutura central do currículo era formada pela escrita, pela matemática e pelas artes. Assim, ensinava-se a leitura para todos, mas apenas a elite tinha o direito de aprender a escrever. Já na Roma Antiga, os escravos aprendiam a ler para ajudar os filhos dos senhores e, assim como na Grécia Antiga, eram chamados de pedagogos. Há de se considerar que o ensino de arte sempre foi um componente curricular na Antiguidade, es- pecialmente no que se refere à música, artes visuais e desenho, que, ao lado da geometria e da literatura, atravessou séculos, mantendo-se no currículo das escolas até os tempos atuais (PORTO, 2019). Na verdade, desde que a educação ganhou espaço próprio, houve a necessidade de se definirem conteúdos para organizar os espaços de ensino. Após passar a fazer parte do dicionário britânico, no século XIX, a palavra “currículo” ganhou o sentido de curso de aperfeiçoamento ou de estudos universitários, todavia, foi somente no século XX que pas- sou a ser utilizada, especialmente nos Estados Unidos (PORTO, 2019). Em nossos estudos vamos abordar a trajetória do currículo no Brasil, tendo suas origens do pensamento curricular localizadas nos anos de 1920 e 1930, quando importan- tes transformações econômicas, sociais, culturais, políticas e ideológicas processaram-se 15UNIDADE I O Currículo Escolar em nosso país. A literatura pedagógica da época refletia as ideias propostas por autores americanos associados ao pragmatismo e às teorias elaboradas por diversos autores eu- ropeus. Com base em tais ideias, os pioneiros da Escola Nova (Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Mário Casassanta, Carneiro Leão, Francisco Campos, entre outros) buscaram superar as limitações da antiga tradição pedagógica jesuítica e da tradição enciclopédia, que teve origem com a influência francesa na educação brasileira e esforçam-se por tornar o quase inexistente sistema educacional consistente com o novo contexto (MOREIRA, 2011). As primeiras infraestruturas do campo do currículo corresponderam, inicialmente, às reformas educacionais promovidas pelos pioneiros nos estados e, em seguida, à base institucional do atual Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) (criado em 1938, a atuação desse órgão na publicação de livros, revistas e na promoção de cur- sos e eventos sobre a temática. Esse instituto foi responsável pela publicação da Revista Brasileira de Estudos) e do Programa de Assistência Brasileiro-Americana à Educação Elementar (Pabaee) (criado em 1944, divulgava o pensamento curricular no país, assim como pela publicação do primeiro livro sobre currículo, em 1952, denominado Introdução ao estudo da escola primária, de João Roberto Moreira). A tradição epistemológica que fundamentou tanto as reformas como o enfoque curricular desenvolvido no INEP foi basi- camente composta pelas ideias progressivistas derivadas do pensamento de John Dewey e Kilpatrick. Tais ideias foram bastante influentes no cenário educacional brasileiro até o início da década de 1970. No Pabaee, porém, adotou-se uma postura mais marcadamente tecnicista no trato de temas curriculares. (MOREIRA, 2011). Com o Golpe Militar de 1964 todo o panorama político, econômico, ideológico e educacional do país sofreu substanciais transformações. Diversos acordos foram assinados com os Estados Unidos visando à modernização e racionalização do país. As discussões sobre currículo espalharam-se e a disciplina currículos e programas foi introduzida em nossos cursos superiores. A base institucional do campo aumentou consideravelmente. A tendência tecnicista passou a prevalecer, em sintonia com discurso de eficiência e mo- dernização adotado pelos militares, e diluiu não só a ênfase às necessidades individuais da tendência progressivista, mas também as intenções emancipatórias das orientações críticas, incompatíveis com a doutrina da segurança nacional que passou a orientar as decisões governamentais. A preocupação principal passou a ser a eficiência do processo pedagógico, indispensável ao treinamento adequado do capital humano do país (MOREI- RA, 2011). 16UNIDADE I O Currículo Escolar O “empréstimo” de modelos curriculares americanos que estivessem em harmo- nia com as intenções citadas não causa surpresas. No entanto, as teorias americanas inicialmente mais influentes no Brasil consistiram em combinações de ideias tecnicistas e progressivistas. Além disso, tais teorias interagiram com o núcleo epistemológico, também progressivista, das tradições curriculares que existiam no país (MOREIRA, 2011). No final da década de 1960, a fim de atender às demandas do processo de indus- trialização que se acentuava no país, a organização curricular passou a se fundamentar nas teorias tradicionais do campo do currículo, especialmente nas ideias tecnicistas de Tyler. Assim, a educação brasileira passou a receber forte influêncianorte-americana, inclusive acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e a agência americana United States Agen- cy for International Development (Usaid) foram firmados para fortalecer a parceria entre os dois países (PAULA; PAULA, 2016). A partir da década de 1980, a organização curricular no Brasil recebeu a influência das teorias críticas do campo do currículo, com destaque às produções de Michael Apple e Henry Giroux, sendo que seus livros, Ideologia e Currículo, em 1982, e Pedagogia radical, em 1983, foram traduzidos e publicados em nosso país. É importante mencionar, ainda, a contribuição das teorias educacionais progressistas para o campo curricular brasileiro, re- presentadas, especialmente, por Paulo Freire e Dermeval Saviani (PAULA; PAULA, 2016). Para tanto, a consolidação do campo do currículo no Brasil ocorreu na década de 1990, em decorrência das produções em programas de pós-graduação, da publicação de livros e periódicos, da realização de reuniões científicas, da especialização de estudiosos e pesquisadores nacionais nesse campo, da presença da temática na legislação educacional, nos documentos normativos do Conselho Nacional de Educação (CNE) e nos documentos oficiais do MEC. SAIBA MAIS Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que tivemos outras concepções de organização cur- ricular, como: currículo construtivista, currículo sociocrítico ou histórico-cultural, currículo integrado ou globalizado e currículo como produção cultural? Para saber mais indicamos a leitura do livro do autor J. C. Libâneo intitulado Organiza- ção e gestão da escola: teoria e prática, de 2004. 17UNIDADE I O Currículo Escolar 2 ASPECTOS LEGAIS E PEDAGÓGICOS QUE ENVOLVEM O CURRÍCULO ESCOLAR Em geral, as políticas educacionais são reguladas por leis e se dão nas diferentes esferas do Poder Público: União, estados e municípios. Tendo isso em vista, neste tópico vamos estudar as políticas educacionais para o currículo gestadas no âmbito nacional aprofundando nosso olhar sobre a Constituição Federal (CF) (BRASIL, 1988), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996), Plano Nacional de Educação (PNE), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A discussão do currículo por meio do âmbito legal implica olhar, inicialmente, para a Carta Magna que compõe a legislação educacional brasileira: a Constituição Federal (CF). No que tange à educação, a CF a apresenta em seu art. 6 como direito social. A garantia desse direito é bem explicitado no art. 205, que expõe: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988). É competência da União, estados e municípios assegurar esse direito. A CF ainda destaca no art. 206 alguns princípios que devem reger a educação brasileira: Art. 206 [...] I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 18UNIDADE I O Currículo Escolar II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal (BRASIL, 1988). A despeito desses princípios, é necessário frisar que alguns deles têm implicação direta na organização dos currículos escolares. Todavia, para que esses princípios se efe- tivem nesses currículos, também é fundamental que o Poder Público viabilize ações para que eles se concretizem na prática. A CF ainda dispõe a respeito da organização dos conteúdos do currículo escolar. O art. 210 define que: Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísti- cos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem (BRASIL, 1988). Podemos destacar que a valorização cultural prevista na CF foi um importante avanço no âmbito educacional. Durante a Constituinte, houve intensa pressão das igrejas para que fosse garantido o Ensino Religioso nos currículos escolares, mas se o Estado é laico, isto é, se cada um tem direito à liberdade religiosa, essa questão coloca-se num conflito ideológico e político. O caso do Ensino Religioso é apenas uma das situações que desvelam a pressão de certos setores da sociedade na constituição de uma lei. Do mesmo modo, isso já nos ajuda a compreender que o currículo é sempre um território de disputas. Caro(a) estudante, avançando mais um pouco no âmbito da legislação educacional e da dimensão do currículo, o próximo documento legal sobre o qual nos debruçaremos trata-se da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. A LDBEN tem a finalidade de fixar diretrizes e bases para a educação escolar brasileira, concebe a educação como todos os processos formativos que se desenvolvem nos diferentes espaços sociais, sendo que esta é dever da família e do Estado e objetiva 19UNIDADE I O Currículo Escolar o desenvolvimento do educando, o preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. O art. 3 da LDBEN assegura alguns princípios à educação brasileira, sendo que estes são os mesmos determinados pela CF de 1988, acrescidos de outros três que têm implicação direta sobre o currículo, a saber: respeito à liberdade e apreço à tolerância, valorização da experiência extraescolar e consideração com a diversidade étnico-racial. (BRASIL, 1996). Este último princípio foi incluído pela Lei n. 12.796, de 4 de abril de 2013, resultado de uma longa luta do Movimento Negro em torno da discussão das questões raciais, especialmente nas últimas décadas. A LDBEN define a organização e a obrigatoriedade do ensino, sendo que a educa- ção básica e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, estruturada em pré-escola, ensino funda- mental e ensino médio. No que tange à responsabilidade incumbida aos estabelecimentos de ensino e aos docentes, a LDBEN dá destaque às propostas apresentadas a seguir: Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de inte- gração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009) VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percen- tual permitido em lei; (Redaçãodada pela Lei nº 13.803, de 2019) IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a to- dos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendi- mento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996). 20UNIDADE I O Currículo Escolar Os artigos mencionados enfatizam a responsabilidade dos estabelecimentos de ensino e dos professores em relação à elaboração e ao desenvolvimento das dimensões do planejamento educacional (proposta pedagógica e plano de trabalho), bem como os aspec- tos que organizam e definem o currículo escolar. Também destacam a participação de toda a comunidade escolar na construção, execução e avaliação das propostas pedagógicas. Aos analisarmos, caro(a) estudante, os arts. 12 e 13, podemos perceber que na lei garante maior autonomia aos docentes e às instituições na definição de seus currículos e nas formas de gestão escolar. Mas, como diz o velho ditado: “o feitiço pode virar contra o feiticeiro”. Ao aludir especificamente aos currículos, a LDBEN reitera a construção de uma base nacional comum. Convém lembrar que o texto da CF já previa essa necessidade. Ao tratar dessa base nacional comum, a LDBEN estende-a a toda educação básica: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, consti- tuirá componente curricular obrigatório da educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é compo- nente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das di- ferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia. § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de 2016) § 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas de en- sino, projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curri- cular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1044.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1044.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1044.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1044.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/2003/Mv07-03.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/2003/Mv07-03.htm 21UNIDADE I O Currículo Escolar exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. (Incluído pela Lei nº 13.006, de 2014) § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluída entre os temas trans- versais de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 13.666, de 2018) § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá de aprovação do Conselho Na- cional de Educação e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro- -brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasilei- ras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculia- ridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombo- las será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo siste- ma de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escola.(Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014). Os elementos sobre a interface currículo e LDBEN não se esgotam aqui. Contudo o enfoque principal deste tópico foi abordar os principais aspectos da referida lei, que imbri- cam a construção e a organização dos currículos escolares. O presente Plano Nacional de Educação (PNE) foi implantado pela Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, após intenso processo de discussão e debate realizado pelos profissionais de educação e sociedade civil organizada e de moroso trâmite de aprovação. Esse plano constitui o planejamento da política educacional para todas as etapas e modalidades de ensino nos próximos dez anos no âmbito nacional. Dessa maneira, o PNE é um plano de Estado, e não somente um plano de governo, sendo que sua elaboração está preconizada, especialmente, pela CF e pela LDBEN. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm 22UNIDADE I O Currículo Escolar O PNE tem como diretrizes, conforme o art. 2: São diretrizes do PNE: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos (as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014). O plano apresenta ainda 20 metas para todas as etapas da educação nacional e estratégias de implantação. Essas metas, em linhas gerais, estão relacionadas à univer- salização da educação básica e ampliação do ensino superior; à promoção à escola e da permanência nesta; à melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem; à promoção da inclusão e da educação em tempo integral; à valorização dos profissionais da educação por meio da formação, da melhoria salarial e das condições de trabalho. O processo de elaboração, desenvolvimento e avaliação dos currículos escolares precisam dialogar com o PNE, contemplando suas determinações, contribuindo, assim, para sua efetivação. É possível afirmamos, caro(a) estudante, que o PNE reconhece o currículo escolar como importante instrumento de promoção da qualidade do ensino e da aprendizagem, o que é evidenciado pelas estratégias que estabelecem da Base Nacional Comum Curricular para assegurar a efetivação de metas relacionadas à melhoria da qualidade de ensino. O conselho Nacional de Educação (CNE) é um órgão colegiado, independente e associado ao Ministério da Educação (MEC), instituído pela Lei n. 9.131, de 24 de novem- bro de 1995, que tem como objetivo contribuir para a formação de uma política nacional de educação e a promoção da educação nacional de qualidade por meio de atos normativos, deliberativos e assessoramento ao ministro da educação. Os documentos instituídos pelo CNE são normativos, ou seja, têm valor de lei. Em relação à elaboração, à organização, ao desenvolvimento e à avaliação dos currículos escolares, o CNE institui diretrizes curriculares para todas as etapas e modali- dades de ensino, assim como para o desenvolvimento de temáticas específicas: educação infantil; ensino fundamental; ensino médico; educação profissional técnica de nível médio; 23UNIDADE I O Currículo Escolar educação básica nas escolas do campo; educação especial; educação de jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais; educação escolar indígena; educação escolar de crianças, adolescentes e jovens em situação de itinerância; educação escolar quilombola; educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana; educação em direitos humanos e educação ambiental (BRASIL, 2013). É possível perceber que as diretrizes curriculares se constituem numa construção recente, entretanto, esta foi iniciada em 2005, com um indicativo elaborado pelo CNE por meio da Câmara de Educação Básica. Em tal indicação propôs-se a revisão das diretrizes até então vigentes; o principal argumento que impulsionou essa proposição foram as mu- danças ocorridas nos últimos anos na legislação educacional, especificamente na LDBEN. As DCN para a educação básica, instituídas e fixadas pelo Parecer n. 7, de 7 de abril de 2010 e pela Resolução n. 4, de 13 de julho de 2010, representam o carro-chefe no que diz respeito às concepções aos princípios e às orientações gerais de organização e funcionamento do sistema de ensino brasileiro e segue em sua composição textual a estrutura da LDBEN. Todavia, algumas diretrizes, destinadas especificamente a etapas e modalidades de ensino, foram construídas antes da publicação das DCN para educação básica. O papel das DCN para a educação básica é estabelecer bases nacionais comuns para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, sistematizando, dessa forma, os princípios sobre essas bases previstas na CF e na LDBEN. O cuidar e o educar apresentam-se como um dos eixos norteadores das diretri- zes. Nele, trata-se do binômio cuidado e educação como essência humana, os quais são indissociáveis. Segundo o Parecer n. 7/2010, “o processo educativo não comporta uma atividade parcial, fragmentada, recortada da ação humana, baseada somente numa racionalidade estratégico-procedimental” (BRASIL, 2010, p. 13). A abordagem didático-pedagógica do currículo orientada pelas DCN para a edu- cação básica trata da interdisciplinaridade e da transversalidade. Dessa forma, busca-se assegurar que os conhecimentos escolares sejam tratados de forma integrada, estabele- cendo com o conjunto de saberes uma rede de conhecimentos. Essa rede de conhecimentos requer a participação de todos. Nesse sentido, as DCN para a educação básica pretendem preservar a identidade cultural de cada sujeito, tratando estudantes e comunidade educacional como locutores ativos nos processos de definição curricular. 24UNIDADE I O Currículo Escolar Esse documento apresenta uma breve discussão acerca da base nacional comum e a parte diversificada do currículo e sua possibilidade de articulação entre as etapas e mo- dalidades da educação básica. São diretrizes curriculares destinadas exclusivamente para cada uma dessas etapas e modalidades, que contemplam as especificidades e necessida- des da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio ante as modalidades de ensino – educação de jovens e adultos, educação especial, educação profissional e tecnológica, educação do campo, educação indígena, educação a distância e educação escolar quilombola –, articuladas às DCN para a educação básica (BRASIL, 2010). Caro(a) estudante, até aqui apresentamos as considerações iniciais do documento regente das diretrizes curriculares específicas, deteremo-nos, na sequência, às diretrizes curriculares para o ensino fundamental e o ensino médio. As DCN para o ensino fundamental de nove anos, instituídas e fixadas pelo Parecer n. 11, de 7 de julho de 2010 e pela Resolução n. 7, de 14 de dezembro de 2010, constituem- -se num documento normativo, em que os sistemas de ensino e as unidades escolares de ensino fundamental deverão observar no momento de sua organização curricular. Segundo as DCN para o ensinofundamental, essa etapa da educação básica consiste no direito público subjetivo de cada um e dever do Estado em ofertá-lo, sendo que a base que sustenta os princípios norteadores dessas diretrizes é o direito à educação de qualidade. De acordo com as DCN para o ensino fundamental, a escola, como espaço de socialização do conhecimento e reelaboração cultural, deve conceber o currículo como: “experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes” (BRASIL, 2013, p. 23). No art. 9 da Resolução n. 7/2010: O currículo do Ensino Fundamental é entendido [...] como constituído pe- las experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes. § 1º O foco nas experiências escolares significa que as orientações e as pro- postas curriculares que provêm das diversas instâncias só terão concretude por meio das ações educativas que envolvem os alunos. § 2º As experiências escolares abrangem todos os aspectos do ambiente es- colar: aqueles que compõem a parte explícita do currículo, bem como os que também contribuem, de forma implícita, para a aquisição de conhecimentos socialmente relevantes. Valores, atitudes, sensibilidade e orientações de con- duta são veiculados não só pelos conhecimentos, mas por meio de rotinas, rituais, normas de convívio social, festividades, pela distribuição do tempo e 25UNIDADE I O Currículo Escolar organização do espaço educativo, pelos materiais utilizados na aprendiza- gem e pelo recreio, enfim, pelas vivências proporcionadas pela escola. § 3º Os conhecimentos escolares são aqueles que as diferentes instâncias que produzem orientações sobre o currículo, as escolas e os professores se- lecionam e transformam a fim de que possam ser ensinados e aprendidos, ao mesmo tempo em que servem de elementos para a formação ética, estética e política do aluno (BRASIL, 2010). Com base nesses princípios, o currículo será organizado tendo em vista uma base nacional comum e uma parte diversificada. Estas, por sua vez, devem ser geridas de forma integrada e prever uma formação ampla e articulada com a realidade local, isto é, com as especificidades culturais e sociais de cada comunidade educacional. Nesse sentido, a base nacional é unitária, ou seja, todos os sistemas de ensino terão a mesma formação comum enriquecida, paulatinamente, pela parte diversificada. As DCN para o ensino médio, instituídas e fixadas pelo Parecer n. 5, de 4 de maio de 2011 e pela Resolução n. 2, de 30 de janeiro de 2012, constituem-se num documento normativo, que os sistemas de ensino e as unidades escolares de ensino médio deverão considerar em seus currículos. As bases referenciais que compõem o documento de DCN para o ensino médio são, de certa forma, similares e complementares às propostas que constituem as DCN para o ensino fundamental. As DCN para o ensino médio, além de nortearem a estrutura e o funcionamento dos sistemas de ensino e das instituições de ensino médio, oferecem aos professores elementos para elaboração, organização e desenvolvimento do currículo e da prática pedagógica e para promoção do ensino e da aprendizagem de qualidade. O currículo para o ensino médio deve assegurar a formação integral aos estudantes, de maneira articulada ao mundo do trabalho, bem como ser flexível e valorizar o interesse desse grupo social. O Parecer n. 5/2011 destaca que “o mundo do trabalho parece estar mais presente na vida desses sujeitos do que a escola” (BRASIL, 2011, p. 13), pois em algumas situações, a juventude não encontra sentido nesta. Nesse cenário, o art. 13 da Resolução n. 2/2012 propõe que a unicidade entre tec- nologia, trabalho e cultura seja o caminho na concretização de um currículo para o ensino médio. Art. 13. As unidades escolares devem orientar a definição de toda proposição curricular, fundamentada na seleção dos conhecimentos, componentes, metodologias, tempos, espaços, arranjos alternativos e formas de avaliação, tendo presente: I - as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixo integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando-os em sua dimensão histórica e em relação ao contexto social contemporâneo; II - o trabalho como princípio educativo, para a compreensão do processo histórico de produção científica e tecnológica, desenvolvida e apropriada so- 26UNIDADE I O Currículo Escolar cialmente para a transformação das condições naturais da vida e a ampliação das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos; III - a pesquisa como princípio pedagógico, possibilitando que o estudante possa ser protagonista na investigação e na busca de respostas em um processo autônomo de (re)construção de conhecimentos. IV - os direitos humanos como princípio norteador, desenvolvendo-se sua educação de forma integrada, permeando todo o currículo, para promover o respeito a esses direitos e à convivência humana. V - a sustentabilidade socioambiental como meta universal, desenvolvida como prática educativa integrada, contínua e permanente, e baseada na compreensão do necessário equilíbrio e respeito nas relações do ser humano com seu ambiente (BRASIL, 2012, p. 4-5). Destacamos aqui, caro(a) estudante, a dimensão do trabalho, da ciência e da tecnologia que assume nas diretrizes para o ensino médio papel central. Porém nomear trabalho, cultura, ciência e tecnologia como centro das propostas curriculares para o ensino médio exige mais do que a busca pelos significados de cada um dos elementos que o compõe, e ultrapassa o sentido de justificá-los ou legitimá-los no discurso sobre o currículo. Sinalizamos para o necessário desafio de se buscar, juntamente com os sujeitos jovens e adultos, aos quais essas proposições se destinam, os significantes desses conceitos como forma de desvelá-los e explorá-los na história, nas relações de poder e nos interesses que circundam as relações sociais entre o trabalho, a ciência, a tecnologia na contemporanei- dade. Assim, o texto normativo é expressão de uma prática social, o que torna igualmente relevante a compreensão das relações sociais que tensionam suas proposições, com vistas a superar sua limitação instrumental. Conforme analisamos anteriormente, caro(a) estudante, existem leis e documentos normativos que regulam o currículo escolar, sendo que, para divulgá-los e subsidiar os sistemas, redes ou instituições de ensino na execução e na incorporação das exigências e orientações desses documentos, o MEC elabora e publica documentos oficiais, aqui em nossa disciplina trataremos exclusivamente dos documentos oficiais elaborados e publica- dos pelo MEC, devido à abrangência nacional, entretanto, os sistemas e as redes de ensino estaduais e municipais também elaboram documentos oficiais. Os documentos oficiais não têm função normativa, mas orientadora. Nos últimos anos, a Secretaria de Educação Básica do MEC, por meio de equipe de trabalhos, elaborou um documento, denominado Base Nacional Comum Curricular (BNCC), contendo conhecimentos fundamentais, os quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de aprender. Essa iniciativa atende às exigências e proposições das DCN para a educação básica (BRASIL, 2013) e do PNE (BRASIL, 2014). A BNCC, destinada a todas as etapas da educação básica (educação infantil, en- sino fundamental e ensino médio), objetiva promover a melhoria da qualidade do ensino e 27UNIDADE I O Currículo Escolar da aprendizagem e a formação integral e cidadã. Esse documento é constituído por direitos e objetivos de aprendizagem relacionados às quatro áreas doconhecimento – Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Matemática – e seus respectivos componentes curriculares (BRASIL, 2020), os quais devem compor a base comum dos currículos de todas as escolas brasileiras. No entanto, as escolas precisam complementar seus currículos com a parte diversificada, a qual deve dialogar com a base comum e ser elaborada de acordo com a realidade e a cultura local, as experiências, os interesses e as necessidades dos estudantes. 28UNIDADE I O Currículo Escolar 3 CURRÍCULO: ETNIA, RAÇA E NAÇÃO - IMPLICAÇÕES PARA A ESCOLA E PARA O CURRÍCULO Apenas da existência de uma legislação específica, os contextos racial e étnico brasileiros, desde seu Período Colonial, têm marcas tão enraizadas na mentalidade das pessoas a ponto de “preconceitos, racismos, manutenção do domínio de classes e status sociais, marginalização do negro e das demais minorias serem observados diariamente nos espaços públicos e privados” (CHICARINO, 2016, p. 54). A construção do aparato legal para implementar uma educação multicultural e pluriétnica tem respaldo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996); no Parecer 14, de 14 de setembro de 1999 (Diretrizes Nacionais para a Educação Indígena); pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003; a Resolução n. 1, de 17 de junho de 2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. As duas últimas alteraram a LDBEN e tornaram obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras no ensino básico. Como podemos observar na LDBEN em seu art. 26-A: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”. Nos parágrafos primeiro e segundo, deste mesmo artigo, ficam determinados: 29UNIDADE I O Currículo Escolar § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasilei- ras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008) (BRASIL, 1996). A compreensão de temáticas como o multiculturalismo, a diversidade, a diferença, a identidade e, mais especificamente, da história e cultura afro-brasileiras e indígenas, no que se refere ao currículo escolar, necessita que entendamos os motivos históricos dos deslocamentos da ênfase em questões mais técnicas no processo de ensino e aprendiza- gem para questões sociais, bem como para a ênfase em questões culturais e simbólicas (CHICARINO, 2016). Além do art. 26-A, temos os artigos 79-A e 79-B da LDBEN/96 que reconhece a urgência de mudança na dinâmica das relações raciais no Brasil, tornando obrigatório, tan- to em estabelecimentos de ensino público quanto em estabelecimentos de ensino privado, o ensino sobre história e cultura afro-brasileira e africana, no âmbito de todo o território nacional. Lei e Diretrizes fazem parte de um conjunto de políticas de ações afirmativas, isto é, políticas de reparações e de reconhecimento, que tem por objetivo reconhecer e valorizar a história, cultura e identidade negra. Reparação, para garantir à população negra o direito de ingresso e permanência em instituições escolares, bem como, a valorização da história e cultura negra. Reconhecimento, da igualdade de direitos civis, sociais, culturais e eco- nômicos; da valorização dos traços culturais que distinguem os negros dos outros grupos que compõem a população brasileira; da adoção de políticas educacionais que valorizem a diversidade; do questionamento de relações étnico-raciais baseadas em preconceitos que violentam física e simbolicamente os negros (BRASIL, 2004). Esse documento procura assegurar em todos os níveis educacionais o reconhe- cimento e valorização da identidade negra, buscando consolidar o reconhecimento da pluralidade étnico-racial, na tentativa de identificar e superar as manifestações de racismo, preconceitos e discriminações e, consequentemente, produzir nas instituições educacionais uma nova relação entre os diferentes grupos étnico-raciais. Segundo as DCN para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira (BRASIL, 2004), a demanda por reparações visa que o 30UNIDADE I O Currículo Escolar Estado e a sociedade tomem medidas para ressarcir os descendentes de africanos negros, dos danos psicológicos, materiais, sociais, políticos e educacionais sofridos sob o regime escravista, bem como em virtude das políticas explícitas ou tácitas de branqueamento da população, de manutenção de privilégios exclusivos para grupos com poder de governar e de influir na formulação de políticas, no pós-abolição. Visa também a que tais medidas se concretizem em iniciativas de combate ao racismo e a toda sorte de discriminações. Então, a instituição da lei enfatiza que as questões raciais são questões de conhe- cimento, poder e identidade, e reconhece que a desigualdade de tratamento dispensado a negros(as) e brancos(as) são questões históricas e políticas. Todavia, caro(a) estudante, reconhecemos que, na sociedade brasileira, a simples existência de uma lei não garante a sua aplicação e, portanto, não garante mudanças. Para mudar, é preciso a adoção de uma postura politizada de ensino da história e cultura negras, consubstanciada por um currículo que é pensado para incorporar as questões étnico-raciais também de forma politizada. Assim, partindo da ideia de que o currículo é uma ferramenta de poder, e, como tal, se ressignificado na perspectiva étnico-racial transforma-se em um conhecimento/poder contra a hegemonia branca (não contra o(a) branco(a) efetivando o movimento de margem para o centro que o estudo politizado da história e cultura afro-brasileira e africana reivindica. Por esse motivo, o currículo é um dos mais importantes artefatos socioculturais e, portanto, se trabalharmos a sua potência de influenciar a ordem do mundo numa perspecti- va antirracista, ele será um ponto chave que empodera as minorias, um aliado para mudar a sociedade racista brasileira. 31UNIDADE I O Currículo Escolar IMPORTANTE! Segundo o Relatório do Comitê Nacional I - II Conferência Mundial das Nações Unidas contra o racismo, na discriminação racial, xenofobia e intolerâncias correlatas o precon- ceito tende a desconsiderar a individualidade, atribuindo a priori aos membros de deter- minado grupo características estigmatizantes com as quais o grupo, e não o indivíduo, é caracterizado. Já a discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, que tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mes- mo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida pública. Fonte: Relatório do comitê Nacional I - II Conferência Mundial das Nações Unidas contra o racismo, dis- criminação racial, xenofobia e intoerância correlata. Brasília, agosto de 2001. Disponível em: http://www. dhnet.org.br/direitos/sos/discrim/relatorio.htmhttp://www.dhnet.org.br/direitos/sos/discrim/relatorio.htm http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/discrim/relatorio.htm 32UNIDADE I O Currículo Escolar 4 CURRÍCULO E AS NOVAS TECNOLOGIAS O pensamento de que as tecnologias e a educação sejam integradas, a questão fundamental reside no domínio do conhecimento técnico e do conhecimento pedagógico do professor unificadamente. A implantação requer que as duas categorias de domínio cresçam, juntas ao profissional do ensino. Inserir tecnologias no currículo não constitui apenas uma forma de atender aos apelos da contemporaneidade. A correta convergência entre tecnologia e currículo deve alinhar os conceitos de ensino e de aprendizagem e favorecer a seleção da tecnologia ade- quada, considerando os objetivos e a intencionalidade da atividade proposta e do conteúdo a ser aprendido/ensinado (ALMEIDA, 2019). Há um leque imenso de programas, jogos, atividades, filmes, e-books entre outros que podem ser utilizados na educação. Porém, o professor deve ter atenção ao fato de que precisa conectar a tecnologia escolhida à intencionalidade da atividade, ao recurso mais adequado para a proposta e às estratégias para o ensino (ALMEIDA, 2019). Ter domínio sobre os recursos que as tecnologias oferecem é condição essencial para que o processo seja bem-sucedido, mas apenas isso não é capaz de sustentar esse sucesso. “Mais que dominar a técnica ou a tecnologia, é preciso saber quais são as possibi- lidades de uso didático-pedagógico e, ainda, como e por que utilizar a tecnologia escolhida” (ALMEIDA, 2019, p. 100-101). 33UNIDADE I O Currículo Escolar Assim, integração curricular das tecnologias refere-se à adoção de rotinas no trabalho e na administração escolar, envolvendo recursos tecnológicos, conectados em rede ou não, incluindo comunicação, trabalho colaborativo, pesquisa, acesso remoto à instrumentação, à transmissão em rede e a outros métodos (FUCKNER, 2017). SAIBA MAIS Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que no ano de 2008 foi realizado o I Seminário Web Currículo, cujo tema versou sobre a Integração de Tecnologias de Informação e Co- municação ao Currículo, realizado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, e concebido por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Educa- ção: Currículo. O evento foi o primeiro realizado especificamente para tratar de questões relacionadas com a integração de mídias e tecnologias digitais ao currículo, tendo reunido espe- cialistas do Brasil e de outros países da América Latina e da Europa. O evento teve o objetivo de discutir investigações a respeito da integração de tecnologias em práticas educativas, identificar aquelas que privilegiem concepções inovadoras de currículo, criar um espaço de divulgação de novas ideias, concepções e propostas de formação e de trabalho em cooperação entre universidades, sistemas de ensino e setor corporativo. Essa concepção de currículo evidenciou que um evento sobre o tema web currículo deveria trazer a participação de distintas organizações que trabalham com o currículo com a mediação de múltiplas linguagens e tecnologias, tanto no âmbito dos sistemas de ensino como aquelas que desenvolvem produtos tecnológicos e oferecem serviços para a educação. Nesse sentido, diversas organizações e profissionais foram convidados a participar com a apresentação de suas experiências e produções, científicas ou tecno- lógicas e também com a proposição de trabalhos para as sessões de comunicação oral, apresentação de pôsteres e realização de oficinas. No ano de 2010 foi realizado o II Seminário Web Currículo, com o apoio da CAPES, tendo apresentado e discutido resultados de investigações e experiências de integração de tecnologias à prática pedagógica e as concepções de currículo que se explicitam nessas práticas. A par disso, pretendeu identificar referências teóricas e metodológicas que pudessem guiar o desenvolvimento de modelos de inovação curricular com a inte- gração da web. 34UNIDADE I O Currículo Escolar Para compreender e vivenciar o significado do web currículo as atividades do evento, com diferentes narrativas e ambientes virtuais, foram realizadas simultaneamente em distintos espaços da PUC/SP e integradas com o meio virtual com ações utilizando web conferências, mundos virtuais digitais tridimensionais (Second Life), apresenta- ções on-line (streaming de vídeo) com interações por meio da Chat, além de contar com um Blog e com o Twitter (twitter.com/webcurriculo), que funcionou como espaço de cobertura do evento e como espaço de interação e construção de novas aprendizagens. O microblog@webcurriculo também foi um canal instantâneo de comunicação com pes- quisadores presentes ao evento ou que o acompanhem virtualmente. Durante o evento presencial foram realizados seminários, palestras de pesquisadores do Brasil e do exterior, mesas-redondas, exposição de pôsteres, com apresentação de trabalhos submetidos ao Comitê Científico, oficinas e relatos de práticas, buscando convidar professores com experiências desenvolvidas em escolas ou outros ambientes educativos ao debate sobre o tema. A discussão desenvolvida durante o evento e pos- terior a ele, ampliou o debate sobre Web Currículo e expandiu-se, tornando-se objeto de estudos e de integração entre as linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo – CED da PUC/SP, além de nortear discussões com a comuni- dade externa. Para saber mais sobre os eventos mencionados acesse o link: https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/5676/4002 Fonte: Almeida (2011). Caro(a) estudante, você sabia que há uma especificidade em cada recurso disponí- vel que, se bem observada faz, a diferença, tendo em vista o objetivo do professor e o que esteja sendo estudado. Mesmo com o uso de computadores e similares, como tablets, o grau de apren- dizagem de uma atividade pedagógica específica sem o uso dessa ferramenta pode ser equivalente ao daquela com computador, ainda que salte aos olhos a aparência de sofisti- cação e refino da primeira em relação à segunda. “Ao processar a informação acessada, ao aluno deve ser oportunizado que trabalhe essa informação de forma a produzir significado ou novos conhecimentos, [...], só então torna-se útil a utilização dos recursos tecnológico informacionais” (FUCKNER, 2017, p. 71). https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/5676/4002 35UNIDADE I O Currículo Escolar Para tanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996) estabelece uma base nacional comum e uma parte diversificada. A base nacional comum é descrita por um conjunto de competências, organizadas por áreas de conheci- mento, que todo egresso desta etapa da educação básica deve ter construído. O uso da tecnologia de forma crítica, consciente e responsável é comum na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que articula os estudos em todas as áreas (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas) associados com a tecnologia, no entanto cada uma tem seus componentes curriculares que possuem suas especificidades. Vide Quadro 2, das competências específicas de cada componente curricular da BNCC. Quadro 2 - Competências específicas de cada área do conhecimento curricular da BNCC ÁREAS COMPETÊNCIAS Linguagens Arte ● Relacionar as linguagens da Arte e suas práticas integra- das, que podem ser possibilitadas pelo uso das novas tecnologias (informação, comunicação, cinema e audio- visual). Língua Portuguesa ● Utilizar as tecnologias digitais, crítica e eticamente, nas práticas sociais. Língua Inglesa ● Utilizar as novas tecnologias para a prática de letramento na língua inglesa. Matemática ● Utilizar processos, ferramentas matemáticas e tecnolo- gias digitais disponíveis para compreender e resolver problemas. Ciências da Natu- reza ● Avaliar as aplicações e implicações da ciência e suas tecnologiasde forma a propor alternativas aos desafios do mundo atual; ● Utilizar as tecnologias digitais para se comunicar, produ- zir conhecimentos e resolver questionamentos das Ciên- cias da Natureza de forma crítica e ética; ● Recorrer aos aprendizados das Ciências da Natureza e suas tecnologias para compreender a diversidade huma- na. Ciências Humanas Geografia ● Desenvolver o pensamento espacial para resolver pro- blemas, utilizando as linguagens cartográficas e icono- gráficas de diferentes gêneros textuais e das geotecno- logias. História ● Produzir e utilizar as tecnologias digitais de forma crítica, ética e responsável, compreendendo seus significados para diferentes grupos ou estratos sociais. Fonte: Brasil (2020). 36UNIDADE I O Currículo Escolar No documento (BNCC) fica claro que o uso da tecnologia deve ser feito com ética, para que traga benefícios para a sociedade em geral. Os alunos, desde a educação infantil, devem ser estimulados a ter um pensamento crítico, criativo e lógico, curiosidade, desen- volvimento motor e a linguagem. Já durante o ensino fundamental, quando os estudantes já desenvolveram um pensamento crítico, eles devem ser orientados a usar a tecnologia de forma consciente crítica e responsável. Isso não se resume somente ao uso na sala de aula, mas também para resolução de questões de seu cotidiano. E, por fim, no ensino médio o aluno já deve estar apto a se aprofundar mais na cultura digital e aprender coi- sas mais complexas, como programas de editoração gráfica, web design e programação. Nessa fase, as escolas devem promover o desenvolvimento integral das competências e habilidades da BNCC. No entanto, caro(a) estudante, a BNCC apenas criou as diretrizes para o uso da tecnologia na educação, mas cada escola deve encontrar meios de implementar essa com- petência em seu currículo e criar suas próprias metodologias, no qual irá exigir uma boa pesquisa e um planejamento de professores e de toda a equipe pedagógica. Para tanto, a BNCC é o documento de base para elaboração dos currículos, com- preendendo o conjunto de aprendizagens essenciais a serem garantidas a todos. Elaborar um currículo, portanto, corresponde a contextualizar a BNCC à realidade de cada um dos entes federados, considerando cada etapa da Educação Básica e as modalidades de en- sino: educação especial, indígena, quilombola, profissional, jovens e adultos e do campo. REFLITA Convido você, acadêmico(a), para refletir sobre as convergências entre currículo e tec- nologia, pois, diante do contexto em que se encontra a sociedade (era das incertezas, globalização econômica e cultural, desenvolvimento acelerado das tecnologias, da co- municação e da informática, generalização das fontes de informação e do acesso a elas por meio da internet), a educação tem o desafio de compreender que o conhecimento se baseia na busca de relações que ajudem a compreender o mundo em que vivemos. Nesse contexto, o currículo adquire um papel fundamental. Fonte: Almeida (2019). 37UNIDADE I O Currículo Escolar Mas para elaborarmos um currículo com todas as abordagens apresentadas até o momento, precisamos entender como ocorre a elaboração e estruturação de um currículo escolar. Você sabe como ocorre? Se concebemos que o currículo compreende os objetivos, os conhecimentos, as metodologias, os métodos, as formas de gestão e de avaliação entre outros desenvolvidos pelos professores nas relações com os estudantes, sob uma determinada forma de organi- zação escolar, a fim de promover a qualidade do ensino e da aprendizagem e, consequen- temente, a formação integral e cidadã voltada à emancipação dos sujeitos, não é possível pensar num currículo elaborado exclusivamente por especialistas, externos à instituição escolar, na mera reprodução de currículos de outras instituições ou de maneira impositiva por órgãos responsáveis ou desde o ensino (PAULA; PAULA, 2016). Nessa perspectiva, o currículo precisa ser elaborado no interior da escola, pelos seus sujeitos – professores, demais profissionais da escola, estudantes e familiares se tornam produtores curriculares. A elaboração do currículo, numa perspectiva crítica, precisa considerar a situação concreta da escola, a cultura organizacional a cultura local, as neces- sidades e os interesses dos estudantes e dos professores. Entretanto, essa elaboração não pode ocorrer de maneira espontaneísta, reducio- nista, impositiva, sem diálogo, sem fundamentação teórico-metodológico, tampouco sem orientar-se nos documentos normativos e oficiais que estudamos no início deste tópico de nossa disciplina, no qual determinam e orientam o processo de elaboração do currículo, os quais devem ser utilizados pelas instituições escolares para fundamentar suas elaborações. 38UNIDADE I O Currículo Escolar SAIBA MAIS Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que a introdução das tecnologias digitais de informa- ção e comunicação no currículo escolar aconteceu ainda antes da explosão do uso da internet tal qual a conhecemos hoje e datam do início da década de 1980, considerando as recomendações dos encontros nacionais idealizados pelo Ministério da Educação (MEC) por meio do Projeto Educom. O projeto Educom, foram pensados centros de informática em educação distribuídos em cinco instituições de ensino superior públicas: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universida- de Federal de Pernambuco (UFPE), as quais desenvolviam pesquisas sobre o uso do computador como um recurso possível para melhorar a aprendizagem. Cada um desses grandes centros acadêmicos sistematizava os seus projetos sempre partindo de proble- mas, de modo a encontrar soluções para eles. Fonte: Almeida (2019). 39UNIDADE I O Currículo Escolar CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) estudante, chegamos ao final da Unidade I da disciplina Currículo e Ava- liação da Aprendizagem, intitulada “O CURRÍCULO ESCOLAR”. Conhecemos no primeiro momento a evolução do conceito de currículo e analisa- mos as tendências e história do currículo; analisamos, no segundo momento, os aspectos legais e pedagógicos que envolvem o currículo escolar. Abordamos, no terceiro momento, as implicações para a escola e para o currículo acerca da temática: etnia, raça e nação; e, por fim, compreendemos, no quarto momento, como ocorre a inclusão das novas tecnolo- gias no currículo escolar. Para aprofundar na temática abordada convido você para consultar as referências. Bons estudos! 40UNIDADE I O Currículo Escolar LEITURA COMPLEMENTAR Leitura complementar: Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Doutorado em Educação. Intitulada Currículo e Emancipação: uma articulação possível? De Elisandra de Souza Peres, 2016. RESUMO O estudo presente nesta tese tem como objetivo conhecer e analisar a estratégia política e a pedagógica apresentadas nas produções teóricas da primeira fase dos autores Michael W. Apple e Henry Giroux, com a finalidade de compreender de que forma a propos- ta educacional desses autores articula o currículo com a emancipação, possibilitando-nos identificar sob qual perspectiva ontológica (ou ontológicas) coloca-se a emancipação nesse debate. Esses autores são comumente conhecidos no campo curricular por produzirem um conhecimento que se insere no âmbito das Teorias Curriculares Críticas, desenvol- vendo um conjunto de proposições teórico-pedagógicas contra-hegemônicas no âmbito do marxismo, orientadas à emancipação. Tal condição confere, para fins de estudos desta tese, a necessidade de analisarmos a articulação entre currículo e emancipação à luz da teoria marxiana, produzindo algumas contribuições concernentes aos seus fundamentos
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