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Resenha Crítica - Historiografia

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO – UPE
CAMPUS GARANHUNS
GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
HISTORIOGRAFIA, 2º PERÍODO
BOURDÉ, Guy; MARTIN, Hervé. As Escolas Históricas. Lisboa: Publicações Europa-América, 1983.
Profª. Dr. Bruno Augusto Dornelas Câmara[footnoteRef:1]
Diego Luiz Ribeiro de Almeida[footnoteRef:2]2 [1: Doutor e prof. na Universidade de Pernambuco – UPE, Campus Garanhuns.] [2: 2 Graduando do curso de Licenciatura em História pela Universidade de Pernambuco – UPE, Campus Garanhuns] 
Ravila de Melo Costa[footnoteRef:3]3 [3: 3 Graduanda do curso de Licenciatura em História pela Universidade de Pernambuco – UPE, Campus Garanhuns
] 
RESENHA – CAPITULO IX DA OBRA AS ESCOLAS HISTÓRICAS
A obra dos franceses Guy Bourdé e Martin Herve, intitulada As Escolas Históricas, foi lançada em língua portuguesa no ano de 1983, pela editora portuguesa Publicações Europa-América, edição esta que será usada como fonte e base na presente resenha. Os autores, como já foi dito, nasceram na França. Bourdé era assistente de História e doutor em Letras, além de ser especialista em América Latina; enquanto Martin também era assistente de História e mestre em História Medieval. A obra, por sua vez, trata-se de uma obra historiográfica que tenta abranger a evolução da ciência histórica, bem como apresentar cada uma das formas de ver e escrever a História ao longo de sua existência, indo desde a História teológica, até a Escola de Annales, e passando por outras teorias, movimentos e escolas históricas. O capitulo IX dessa obra, chamado O MARXISMO E A HISTÓRIA, aborda a teoria criada por Karl Marx, que surge em um momento de mudanças socias e ideológicas na Europa, uma vez que Marx nasce em 1818, em Tréves, poucas décadas após acontecimentos marcantes e revolucionários, como o Iluminismo e a Revolução Francesa. Nesse sentido, mesmo não sendo uma teoria estritamente relacionada à História, influenciou (e ainda influencia) diversos historiadores e foi muito importante para o surgimento da história econômica.
Esse capitulo, O MARXISMO E A HISTÓRIA, que é dividido em 5 partes, inicia-se com uma pequena biografia sobre Karl Marx, onde tratam de sua formação e dos lugares onde o alemão morou. É interessante notar como Marx se interessava por filosofia, em especial as teorias hegelianas, em seus primeiros momentos como estudante de nível superior. Algumas obras do autor também são citadas, entre elas: Manifesto do Partido Comunista, O 18 Brumário de Luís Bonaparte e O Capital. Esta última, em especial, pode ser definida como a obra-prima de Marx e foi lançada (de maneira definitiva) após a morte do economista, por seu parceiro e amigo Friedrich Engels.
Após descrever um pouco da vida e da obra de Marx, os autores dedicam uma das partes desse capitulo ao Materialismo Histórico. No início, relembram a influência de Hegel na teoria marxista, pois o pensamento hegeliano era dominante na Alemanha do século XIX. Entretanto, Marx não segue o filosofo por muito tempo, pois em 1843 redige uma Critica da filosofia de Direito de Hegel. Após se afastar do pensamento hegeliano, “o pensamento marxista deu forma aos seus princípios fundamentais” Bourdé e Martin (1983, p. 154). Mesmo sendo chamada de “materialismo histórico”, a teoria não leva em consideração apenas o material, como também as forças humanas de produção. É nessa parte que Bourdé e Martin destacam alguns conceitos do marxismo, tais como: as forças de produção, que são basicamente os meios de produção; as relações de produção, que são as relações sociais entre os homens; a infraestrutura, que abarca os dois conceitos anteriores; a superestrutura, onde se encontram as forças jurídicas, políticas, culturais, religiosas, etc. 
Apesar da complexidade dos conceitos anteriormente enumerados, os autores afirmam que “De qualquer maneira, o que importa na concepção marxista é a relação entre escalões” Bourdé e Martin (1983, p. 156). Por tratar de maneira bem próxima da economia e da sociedade, o marxismo pode ser considerado uma teoria bastante inovadora. Porém, algumas tendências marxistas levaram a interpretação econômica com mais empenho que outras, entre elas os autores destacam a corrente encabeçada por J. Guesde. Em contrapartida, o grupo liderado por Althusser tratava do marxismo de maneira menos mecânica. Isso demonstra como as correntes marxistas tendiam a interpretar o marxismo de maneiras diferentes. Althusser, por exemplo, destacava como pedra angular da tese marxista o modo de produção, e não estava sozinho nessa interpretação, pois P. Villar comungava desse pensamento.
Em seguida, os autores discorrem um pouco sobre como Marx via os modos de produção ao longo do tempo, e destacam como o conceito de modos de produção não foi criado por Marx: “Sem duvida alguma, K. Marx tirou parcialmente a sua perspectiva dos predecessores.” Bourdé e Martin (1983, p. 157). Entretanto, o autor de A Ideologia Alemã introduz as relações de produção, que são determinantes em sua teoria. Nessa obra, o autor alemão também define três modos de produção: o antigo, o feudal e o capitalista. Bourdé e Martin alertam ao fato de que a teoria marxista era mais flexível do que se possa pensar. Nesse sentido, os autores afirmam que “Em primeiro lugar, o número dos modos de produção não está fixado de maneira precisa” Bourdé e Martin (1983, idem). O próprio Marx foi refém de sua época, pois não presenciou acontecimentos que poderiam ter influenciado sua teoria.
Voltando a falar da relação entre Marx e Hegel, os autores afirmam que o alemão usa o método dialético, mas de forma inovadora. O motor da teoria marxista são as contradições entre classes, que causam as mudanças ou permanências de uma sociedade. São usados como exemplos dessas relações de classes, a Revolução Francesa, onde as mudanças esbarram em uma forma de governo ultrapassada, e a Guerra da Secessão, ocorrida pela existência de escravos no Sul dos Estados Unidos, que perturbou o desenvolvimento do capitalismo no Norte. Por valorizar tanto a figura humana, “O materialismo histórico parece postular um determinismo social.” Bourdé e Martin (1983, p. 158). Entretanto, o alemão não cai nesse determinismo, pois não entende o elemento humano como passivo nessa estrutura, e sim como agente transformador e revolucionário.
Na segunda parte do capitulo, Bourdé e Martin abordam A Sociologia das Classes, conceito esboçado por Marx em suas obras consideradas históricas, como A Luta de Classes em França, O 18 Brumário de Luís Bonaparte e A Guerra Civil em França. Mesmo sem ter tanta afinidade com a sociologia, a disciplina teve sua importância no marxismo, pois é nela que o autor busca o conceito de classes, assim como fez anteriormente ao buscar o método dialético. Marx não criou muitos conceitos, porém é impressionante sua capacidade em se apropriar dos conceitos de outros pensadores e transforma-los, ressignificá-los. Em O Manifesto, as classes são ditas como existentes em todas as sociedades, porém Engels, após ler certas obras, acrescenta que elas existem mais especificamente nas sociedades após a escrita. Se os autores do Manifesto tivessem a oportunidade de analisar “informações históricas mais completas” a teoria possuíria menos falhas e lacunas. Bourdé e Martin (1983, p. 161).
“Em todo caso, a estratificação em classes parece corresponder bem às sociedades capitalistas.” Bourdé e Martin (1983, idem). Apesar disso, O Manifesto exclui algumas outras organizações sociais e instaura “um sistema dicotômico”. Em O 18 Brumário, Marx aprofunda a noção de classes sociais, ao apresentar a importância das outras classes na Revolução de 1848. Nessa obra, o autor alemão também apresenta uma série de constatações que corroboram essa ampliação da noção de classes, entre elas: “as classes exprimem-se através dos partidos”, “as classes estabelecem alianças e confrontam-se em lutas”, “as posições recíprocas das classes subentendem regimes políticos”, “o aparelho de estado pode estar a serviço da classe dominante, mas pode também adquirir uma certa autonomia” Bourdé eMartin (1983, p. 162). Entretanto, “Existe uma definição marxista das classes?” Em um rascunho do livro III do Capital, Marx determina as classes como diretamente relacionadas com seu modo de produção. Bourdé e Martin (1983, idem). Porém é Lenin que irá definir mais claramente as classes sociais. O russo destacava, em sua visão de classes, a posse (ou não) dos instrumentos de produção. É irônico, no ponto de vista de Bourdé e Martin, como um conceito tão importante quanto o de classes sociais não seja bem definido na teoria marxista.

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