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Técnicas Dietéticas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Marília Daniel da Cunha Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento Cereais e Produtos de Panificação • Introdução; • Conceito; • Estrutura dos Grãos; • Glúten; • Principais Cereais; • Pães e Massas; • Índice de Reidratação; • Índice de conversão (IC); • Elaboração de Receituário Padrão / Fichas Técnicas; • Modelo de FT. • Demonstrar a estrutura dos cereais, indicar as principais classes utilizadas como matérias primas alimentar; • Compreender os seus diversos processos de preparo; • Conhecer os cálculos de reidratação e conversão, aprimorando ganhos na receita e padro- nização de quantidades, fazendo uma breve explicação sobre a importância de receituá- rio padrão / fi cha técnica. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Cereais e Produtos de Panifi cação Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Cereais e Produtos de Panificação Introdução Para esta unidade da disciplina de Técnica Dietética, vamos iniciar abordando sobre os cereais, processos industriais que são submetidos e os cálculos práticos que são utilizados para produção e padronização de receitas. Lembrando que sua compreensão é muito importante para o aprendizado dos conceitos básicos, por isso, leia com atenção todo o conteúdo e os materiais complementares, assista aos vídeos indicados e busque conhecer sobre as referências bibliográficas que irão con- tribuir para sua formação e melhor desempenho na disciplina. Conceito Segunda a ANVISA (1978), cereais são sementes ou grãos que provêm do grupo das gramíneas, cujas sementes dão em espigas. Os mais comuns são: arroz, o trigo, a aveia, o milho, o centeio, o sorgo e a quinoa (ORNELLAS, 2013; PHILIPPI, 2006). Resolução - CNNPA nº 12, de 1978. Disponível em: http://bit.ly/2OwPjYh Ex pl or Os cereais são mundialmente consumidos e mantêm grande importância na alimentação da população por diversos fatores como facilidade de cultivo, pois são alimentos de fácil conservação, possuem ótimos valores nutricionais e são fontes de carboidrato, proteínas, lipídeos, vitaminas, minerais e fibras, além de baixo custo (ORNELLAS, 2013). Estrutura dos Grãos Os grãos possuem em sua estrutura distintas camadas como, casca, endosperma e gérmen. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa estrutura? A casca é a parte externa do grão e contém celulose, minerais e vitaminas (DO- MENE, 2018). O endosperma é representado por cerca de 80 a 85% do grão, apresenta pro- teínas de baixo valor biológico e possui a maior quantidade de amido dos cereais (DOMENE, 2018). O gérmen, conhecido como embrião, representa a fração germinativa do grão, é fonte de gordura, contém grande quantidade de proteínas e vitaminas do complexo B, além de vitaminas lipossolúveis (DOMENE, 2018). 8 9 Os grãos podem passar pelo processo de beneficiamento, onde por meio da ação de equipamentos remove-se a casca para a produção do farelo e resulta em um alimento rico em amido (DOMENE, 2018; ORNELAS, 2013). Amido É um polissacarídeo, ou seja, um carboidrato composto por grande quantidade de moléculas de açúcares simples (monossacarídeos). É constituído de glicose, possui forma de grânulos e coloração branca, são insolúveis em água, sem sabor, e encontrado no endosperma dos cereais. Os processos que o amido sofre são gela- tinização e dextrinização (ORNELLAS, 2013). Gelatinização O amido possui capacidade limitada de absorção de água fria, contudo, quando aquecido aumenta sua capacidade de absorver água e melhora a digestibilidade. Ao ser aquecido, o grânulo de amido não se modifica até atingir a temperatura crítica e assim iniciar as alterações na estrutura. A gelatinização é a dilatação dos grânulos de amido, que após ter contato com à água aquecida, absorve a água, consequentemente aumenta irreversivelmente de volume, incha e adquire coloração transparente e consistência de pasta. Ao atingir no máximo 95ºC, ocorre à formação dessa massa translúcida constituinte da goma do amido, esse processo é descrito como gelatinização do amido (ORNELLAS, 2013). Após 95ºC, as estruturas do amido se alteram, pois o amido está sendo hidroli- sado e a preparação se perde, ficando com a aparência líquida (DOMENE, 2018). Dextrinização No aquecimento prolongado ocorre a quebra do amido, havendo rompimento das membranas que envolvem os grãos, onde ocorre a liberação da dextrina (dex- trina é um grupo de carboidratos de baixo peso molecular, produzido pela hidrólise do amido) (ORNELLAS, 2013). Retrogradação Chamamos de retrogradação o que ocorre durante o resfriamento e o arma- zenamento da pasta de amido, pois em preparações com baixa concentração de amido (2%), a pasta torna-se turva devido à insolubilização do amido. Em altas concentrações forma-se um gel, que devido a perda gradativa de temperatura fica mais firme e opaco (ORNELLAS, 2013). 9 UNIDADE Cereais e Produtos de Panificação A retrogradação depende de alguns fatores como temperatura, pois quando aquecida a temperatura muito alta ou resfriada abaixo de -4ºC, o processo de retro- gradação pode ser inibido (ORNELLAS, 2013). Alguns processos são considerados indesejáveis da retrogradação como o aumen- to da firmeza da casca dos pães durante armazenamento, formação de camada nos molhos, cremes e mingaus, bem como a separação de consistência que ocorre nos molhos comprometendo a aparência e qualidade da preparação (ORNELLAS, 2013). Existem produtos que a retrogradação pode melhorar os alimentos, por exem- plo, produção de alimentos light, pois o amido se torna ingerível; mas possui suas características tecnológicas intactas (ORNELLAS, 2013). Glúten O glúten é composto principalmente pelas proteínas gliadina e glutenina, que se encontra presente nos seguintes cereais: trigo, centeio, cevada e aveia. Tem a função de deixar a massa mais elástica para ser trabalhada e, ao mesmo tempo, resistente para não arrebentar quando esticada (PHILIPPI, 2006). A gliadina e glutenina, quando misturada na água, formam o glúten, uma massa que à medida que vai sendo misturada e refeita retém o gás carbônico liberado pela fermentação e desenvolvimento do glúten até que atinja um pontomáximo. Quan- do hidratadas, as gliadinas são muito pegajosas e responsáveis pela estabilidade na textura da massa. Já as glutenina oferecem a massa mais resistência à extensão, evitando a quebra (ORNELLAS, 2013). O glúten confere à massa características de elasticidade, onde é possível estendê- -la sem se romper, ou seja, quanto maior a proporção de glúten na farinha, melhor é a qualidade na fabricação de pães, pois o glúten faz com que a massa tenha liga e possibilite a retenção de gás carbônico para o seu crescimento (ORNELLAS, 2013). Um exemplo claro é o pão fresco que é crocante devido ao glúten, pois, em contato com o calor, ele coagula, porém o pão velho é elástico, porque o glúten cozido absorve água, adquirindo elasticidade (DOMENE, 2018). Principais Cereais Os cereais mais cultivados são o arroz, o trigo, o milho, a aveia, o centeio, a cevada e o triticale por fazerem parte do hábito alimentar mundial, pela facilidade de cultura, conservação, transporte, rendimento, baixo custo, alto valor nutricional e vasta variedade de formas de preparação. Entre eles temos: 10 11 Arroz Figura 1 – Tipos de arroz Fonte: Getty Images Importante! O arroz é um alimento habitual na dieta do mundo todo, contribui, em média, com 21% do aporte calórico da população mundial, sendo o Brasil apontado como o primeiro país a cultivar o cereal no continente americano. Você Sabia? O arroz pode ser classificado de acordo com os tipos e o comprimento, o grão longo, por ter menos amilopectina (menos amido) que o curto, apresenta menor viscosidade; e o grão descascado e polido, processo em que se perde a maior parte da proteína. Os tipos mais comuns são: • Arroz Polido: é a variedade mais consumida no Brasil, conhecida como o ar- roz branco, os grãos podem ser curtos e redondos ou médios e longos. • Arroz Parboilizado: é o arroz de grão longo, submetido à cocção sob pressão e devido à umidade ocorre a gelatinização do amido e migração das vitaminas e minerais que estavam no farelo para o centro do grão, com isso possui maior valor nutricional e rendimento. • Arroz Integral: é o grão que teve remoção apenas da casca, possui coloração castanha, o grão permanece com o farelo localizado entre a casca e o grão. É mais nutritivo do que o polido, pois a presença do farelo atua como uma barreira contra entrada de água, o que torna a cocção mais demorada. É fonte de fibras, proteínas, fósforo, ferro, cálcio e vitaminas do complexo B. • Arroz Selvagem: nativo da América do Norte, são grãos raros, possuem alto valor nutritivo, sendo mais rico que o arroz comum em proteínas, minerais e vitaminas do complexo B. Com textura crocante, coloração escura, sabor amendoado e aroma que lembra erva torrada. • Arroz Vermelho: é rico em fibras, conhecido como Camargue, e recebe essa coloração em razão dos pigmentos contidos na sua casca e presença de cama- das de farelo. 11 UNIDADE Cereais e Produtos de Panificação • Arroz Arbóreo: é um arroz branco perolado, de forma mais longa e arredon- dada, libera uma quantidade maior de amido, deixando os grãos mais ligados e com uma consistência mais cremosa sem desintegrar-se. • Arroz Jasmine: com grãos brancos, finos e longos é um arroz premium de classe superior por ser grão longo, aroma exclusivo e sabor suave. • Arroz Sasanishiki: é um arroz tradicional japonês, muito utilizado no preparo de sushis. A qualidade desse arroz está no sabor delicado e neutro, na textura úmida e nos grãos unidos e macios, que podem ser modelados durante o pre- paro. O arroz sasanishiki é utilizado também como ingrediente para a fabrica- ção de vinagre, missô, shoyu e saquê. • Arroz Dourado: é um alimento geneticamente modificado, que contém altos teores de betacaroteno. • Arroz preto: o arroz preto, consumido em preparações culinárias sofisticadas, é pigmentado e contém antocianinas, responsável pela coloração escura do grão. Betacaroteno: é um antioxidante que se converte em Vitamina A em nosso organismo, possui pigmentação amarelo-alaranjado. Encontrado na cenoura, manga, mamão, abó- bora e laranja. Ex pl or Importante! O arroz dourado foi desenvolvido para auxiliar na redução da deficiência da vitamina A nas populações de países pobres, onde o arroz é básico na alimentação. Você Sabia? Trigo O trigo é um dos cereais mais utilizados e cultivados mundialmente, quando maduro adquire coloração dourada. É composto principalmente de amido e con- tém glúten. O trigo pode ser ingerido na forma de farelo, germe ou óleo de germe de trigo, em preparações com trigo para quibe, também denominado triguilho. Figura 2 – Trigo Fonte: Getty Images 12 13 A farinha de trigo integral é preparada pela moagem do grão de trigo completo. O triguilho passa pelo mesmo equipamento, porém é regulado para apenas que- brar o grão e não triturá-lo. A farinha de trigo branca é resultado da moagem dos grãos sem o farelo e o germe e pode ser especial ou comum. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou que, desde de 2004, as farinhas de trigo e de milho devem ser enriquecidas com ferro e ácido fólico. A cada 100g de farinha de trigo e de milho deve conter 4,2 mg de ferro e 150 mcg de ácido fólico. Resolução RDC nº 344, de 13 de dezembro de 2002. Disponível em: http://bit.ly/2YilW0o Ex pl or A farinha do tipo especial apresenta boa porcentagem de glúten, sendo apro- priada para produção de pães levedados, pães sírio e sueco. O trigo sarraceno, também conhecido como trigo mourizo ou trigo negro, serve apenas para fabricação de pães, sendo ingerido na forma de grãos cozidos. Milho O milho pode ser consumido cozido na espiga, em conserva ou como ingredien- te em diversas preparações doces ou salgadas. Desse cereal, pode-se ainda extrair amido, farinha de milho e fubá. A pipoca também é uma forma de utilização do milho muito conhecida, que necessita do aquecimento do milho em gordura quente onde a umidade interna do grão explode com o aumento da pressão e causa rup- tura da celulose que envolve o grão. Outro derivado importante do milho é o óleo, rico em ácidos graxos poliinsaturados. Ácidos graxos poli-insaturados: são componentes lipídicos que desempenham importan- tes funções nas estruturas celulares e processos metabólicos. Os ácidos graxos poli-insatu- rados (AGPI) são essenciais, ou seja, não são produzidos pelo organismo e devem ser adqui- ridos através da alimentação. Importantes na diminuição dos níveis de colesterol e doenças cardiovasculares. Ex.: Ômega 3 e Ômega 6. Ex pl or Aveia Grão rico em fibras, vitaminas do complexo B, vitamina E, cálcio, fósforo, ferro e proteínas. Pode ser consumida sob a forma de flocos, flocos finos, farelo, farinha, crua, cozida, misturada a frutas ou com mel. 13 UNIDADE Cereais e Produtos de Panificação Centeio O centeio contém vitaminas do complexo B, ferro, manganês, zinco, cobre e potás- sio. É obtido da trituração do grão com casca, possui pouco glúten e coloração escura. Cevada A cevada é um grão rico em cálcio, fósforo e potássio, utilizada principalmente na produção de cerveja, podendo também ser consumida cozida ou infusão com o grão torrado e moído em substituição ao café. Importante! A cevada é o mais antigo cereal que se conhece, aparece na Bíblia, sendo citado por Moisés. Você Sabia? Triticale Cereal resultado do cruzamento entre trigo e centeio, é rico em lisina, metioni- na, cistina e proteínas. Outros Cereais Alguns grãos têm se tornado cada vez mais consumidos, entre eles, o amaranto, o sorgo e a quinoa. A semente do amaranto é extraída de uma planta originária do Peru e apresenta proteínas, fibra, zinco, fósforo e cálcio. Já o sorgo é cultivado para forragens, na África, e é consumido como arroz. A quinoa, conhecida como “trigo dos incas”, é cereal que produz uma semente pequena e comestível, rica em proteínas, vitaminas e minerais. Armazenamento Os cereais devem ser armazenados em local seco e arejado, sem contato com a luz solar, em temperaturaambiente, sem contato com o chão e livres de insetos e roedores. Aplicações em Técnica Dietética • Milho: cozido, assado, em conserva, refogado, recheio e creme de milho, bis- coito e mingau. • Arroz: refogado com feijão, baião-de-dois, arroz carreteiro, bolinho de arroz frito, arroz doce, risoto, sopa, aguardente e saquê. • Farinha de trigo: massa de bolo, torta e pizza, pães, biscoitos e bolinhos. • Trigo para quibe: tabule (salada), massa para pizza e torta. 14 15 • Farelo de trigo: adicionado a vitaminas e frutas, massa de bolos e pães. • Aveia (grãos, farinha, flocos): mingau, biscoitos, bolos, cremes, pães, sopa e torta. • Farinha de centeio: bolo, biscoito, torrada, uísque, vodka e álcool. • Cevada: Cerveja (malte) e infusão (semelhante ao café), cozida, sopa e pães. • Triticale: uso combinado com a farinha de trigo na fabricação de pães. Pães e Massas O pão é um alimento produzido apartir da junção de três ingredientes principais, farinha, fermento e água, amassados e cozidos no forno. Foi o primeiro alimento elaborado pelo ser humano e evoluiu para as mais diversas variedades, porém a maioria é produzida apartir dos ingredientes básicos. Os demais ingredientes adi- cionados na elaboração de pães conferem alguma função específica, são eles: sal, gordura, açúcar, ovos e leite. Figura 3 – Variedades de pães Fonte: Getty Images • Farinha de trigo: a escolha da farinha a ser utilizada na preparação é impor- tante, pois, suas proteínas, gliadina e glutenina, formam uma rede de glúten que retém o gás carbônico liberado pela fermentação, o que propicia o cresci- mento da massa e o tipo de grão de trigo que determina sua elasticidade. • Fermento: responsável por provocar a fermentação que irá produzir o gás car- bônico que confere volume da massa. A fermentação e o crescimento da mas- sa podem ocorrer por resultado de: fermentos químicos em pó que combinado ao ácido (presente no alimento ou no próprio fermento); e bicarbonato que em presença de água e sob a ação do calor produzem gás carbônico. Como possui ação rápida, é necessário ser adicionado somente no final da prepara- ção. Ao contrário dos Fermentos biológicos (em tablete ou pó) que possuem produção de gás carbônico pela ação das leveduras, necessitam deixar a massa repousar / descansar por ação lenta do fermento. 15 UNIDADE Cereais e Produtos de Panificação Leveduras: são tipos de fungos, invisíveis a olho nu e quando adicionados aos alimentos causam produção de gás carbônico. Ex pl or • Água: É parte importante na mistura dos ingredientes, pois permite formação do glúten e a atuação do fermento, além de definir a consistência da massa. • Sal: retém água na massa, controlando a fermentação, realçador de sabor, auxilia na conservação e fortalecimento da rede de glúten. Porém, em excesso altera a velocidade de crescimento da massa. • Gordura: óleos, margarina, manteiga ou banha utlizados na medida certa fa- vorecem a retenção de gás, garante maciez e confere umidade à massa. O ex- cesso evita a ação do fermento. • Açúcar: responsável pelo aumento da fermentação, maciez e confere colora- ção agradável, retém umidade e sabor. Em excesso, o resultado é um esfarela- mento do pão. • Ovos: desempenham diversas funções na massa como liga (poder de ligar as partículas de farinha a outros ingredientes), coagulante (passam para o estado de gel pela ação do calor), aromático (com sabor e cheiro próprio, mesmo após a mistura com outros alimentos), aeração (sob a ação de batimento, a clara forma bolhas de ar permitindo a obtenção de produtos mais leves na massa), emulsificante (a lecitina na gema tem poder emulsificar) e corante (a gema é capaz de conferir coloração à massa). Emulsificar: tem o poder de emulsão, sendo possível misturar água com óleo. Ex pl or • Leite: confere sabor, valor nutricional, coloração, maciez e aumento da dura- bilidade ao pão. Índice de Reidratação O Indicador de Reidratação (IR) é utilizado para grãos e alimentos deixados de remolho imerso na água, como feijão, soja, grão de bico e arroz. Quanto maior o tempo de reidratação, menor o tempo de cocção, pois, quando o alimento fica de remolho, adquire peso pela hidratação, tendo seu volume aumen- tado em cerca de duas a três vezes em relação ao peso seco. Para o cálculo do IR, utilizamos a seguinte formula: IR Pesodoalimento reidratado(g) Pesodoalimentoseco (g) = 16 17 Índice de conversão (IC) O Indicador de Conversão (IC) permite que as quantidades de alimentos nos pro- cessos de compra não sejam estimadas inadequadamente, para isso é importante entender que a preparação de um alimento sofre modificações provindas da técnica aplicada, da temperatura, da adição de ácidos e fermentos, da cocção, do congela- mento e descongelamento, além do calor úmido ou seco aplicados, fazendo com que o peso dos alimentos se modifique interferindo no resultado final do produto final. A conversão do alimento pode ser medida por meio da relação entre o peso do alimento processado e o peso do alimento inicialmente IN Natura. O IC tambem pode ser utilizado quando ao alimento passa por diversas etapa de preparo. A for- mula é a mesma dividindo o peso do alimento preparo e ou congelado ou cocção pelo peso inicial daquela etapa. No caso de preparações com molho, calcula-se o peso final sobre a soma do peso dos ingredientes líquidos utilizados na preparação, assim se obtém o IC da preparação. Para calcular o IC, utilizamos a seguinte fórmula: IC Peso do ali mento processado g Peso do ali mento ao estado inicia = ( ) ll g( ) Elaboração de Receituário Padrão / Fichas Técnicas Conceito A padronização de receitas é uma atividade que contribui para a manutenção da qualidade e reprodutividade de preparações realizadas por nutricionista na área de alimentação coletiva. Receituário Padrão (RP) O Receituário Padrão (RP) é constituído por todas as Fichas Técnicas (FT) de que foram elaboradas para determinado local. São fórmulações escritas para repro- duzir uma preparação em quantidade e qualidade especificadas. 17 UNIDADE Cereais e Produtos de Panificação Ficha Técnica (FT) É um instrumento gerencial de apoio operacional, pelo qual é possível reunir infor- mações sobre os ingredientes, informações nutricionais, modo de preparo, tempo de preparo e custos. Deve conter a quantidade de cada ingrediente em medidas caseiras, peso bruto (PB) e peso líquido (PL), valor nutricional total e por porção, rendimentos totais, densidade energética, descrição de preparo e custo total e por porção. Objetivos • tornar as preparações reproduziveis; • economizar tempo na produção; • garantir qualidade do produto final; • reduzir custos; • controle de estoques; • elaboração e planejamento de cardápios; • evitar a monotomia no cardápio; • controle de rendimento e porcionamento; • manter as características sensoriais independente de quem elabore a receita. Metodologia • Nome fantasia: Ex.: torta Hot dog. • Nome técnico: Ex.: torta de salsicha em rodelas com purê de batata. • Categoria da receita: Ex.: prato principal. • Lista de ingredientes: » devem estar descritos por ordem de uso; » as marcas de produtos não devem ser citadas. Ex.: Maizena®, Leite Moça®; » termos pouco conhecidos ou incomuns devem ser traduzidos ou explicados; » descrição da quantidade dos ingredientes. Ex.: uso doméstico: xícaras, colhe- res. Uso profissional: gramas, litros. • Lista de utensílios: » deve estar na ordem de utilização; » descrever a capacidade e tamanho. • Modo de preparo: » detalhado; 18 19 » conjugação verbal: infinitivo em toda a receita. Ex.: ralar, colocar, acrescen- tar, misturar, bater. » Ou descrever na 3ª pessoa: rale, coloque, acrescente, misture, bata etc. • Tempo e Temperatura de cocção: » Fogo: brando (baixo), médio ou forte. » Forno: » Baixo: 120°C a 180°C; » Moderado: 180°C a 200°C; » Quente: 200°C a 230°C; » Muito quente: 230°C a 290°C; » Micro-ondas: Informar a potênciautilizada. • Tempo de preparo: » deve ser computado desde o pré-preparo até o momento final em minutos ou horas; » discriminar o tempo de preparo propriamente dito e os tempos de descanso, geladeira e forno. • Rendimento: » em número de porções; » em peso ou volume. Ex.: 10 porções de 80 gramas; 4 porções de 200 mL. • Dicas e variações: » modo de servir, indicações de uso e opções de preparo. • Custo: » total; » por porção. • Grau de dificuldade » Fácil; » Médio; » Difícil. • Valor nutricional: » Em kcal. • Foto da preparação. 19 UNIDADE Cereais e Produtos de Panificação Modelo de FT Tabela 1 – Modelo de Ficha Técnica Nome fantasia: Torta de especiarias nº 01 Nome da preparação: Torta de mação e especiarias Rendimento: 1019,83 g porções/unidades 10 de 100 g Utensílios utilizados: Balança, liquidificador, bacia, xícara, colher de sopa e faca. Grau de dificuldade: Difícil Cálculo Nutricional Cálculo Despesa Ingredientes Quant(g) CHO (g) PROT (g) LIP (g) R$ Pago Quantidade R$ Receita Ovos 157,1 14,1 2 13 R$7,50 10 unid. 1,50 Leite 100 0 0 0 R$2,19 1 litro 0,22 Farinha de trigo 247,1 2,47 75 10 R$3,25 3,25/ 1 kg 0,80 Fermento químico 6,9 0 0 0 R$2,99 100 g 0,21 Castanha do Pará 121 79,9 2 2,1 R$17,00 200 g 10,29 Amêndoas 14,4 7,68 3 3 R$7,79 100 g 1,12 Nozes sem casca 40 23,73 2,8 2,1 R$12,49 200 g 2,50 Amendoim 20,8 10,68 2,5 4,1 R$1,22 102 g 0,25 Maçã 212,8 0 15 0 R$2,00 2 unid. 2,00 Canela em pó 8,5 0,43 1,6 0,1 R$3,50 100 g 0,30 Cravo em pó 2,5 0 0 0 R$3,50 100 g 0,09 Gengibre em pó 4 0 1 0 R$4,49 100 g 0,18 Açúcar mascavo 42 0 4,5 0 R$7,00 1 kg 0,29 Gergelim 2,1 0,93 2 2 R$1,63 102 g 0,03 Total (g) 299,40 77,13 139,92 Total (kcal) 1198 308,52 1259,3 Receita: 2765,39 kcal Porção: 271,16 kcal Total Receita: R$ 19,78 Despesa Porção: R$ 1,94 Modo de Preparo: Leiaute do prato: Massa: • Bater no liquidificador os ovos, leite, farinha de trigo, fermento e reservar; Recheio: • Triture as castanhas, amêndoas, nozes e amendoim para ficarem de tamanho uniforme; • Pique as maçãs em cubos pequenos e misture aos demais ingredientes, exceto o gergelim. Montagem: • 1ª camada: adicione em forma untada metade da massa; • 2ª camada: adicione todo recheio na forma; • 3ª camada: complete com a outra metade da massa e decore com maçã, canela e gergelim. • Leve a forma ao forno preaquecido a 210º por cerca de 20 minutos; • Espere esfriar e sirva a seguir. IMAGEM 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Técnica Dietética: seleção e preparo de alimentos - Manual de Laboratório CAMARGO, E. B; BOTELHO, R. A. Técnica Dietética: seleção e preparo de alimentos - Manual de Laboratório. São Paulo: Atheneu, 2005. Fichas Técnicas de preparo em Unidades de Alimentação e Nutrição VIEIRA CABRAL; PALOMINO et al. 2011. ADAPTADO de VIEIRA, Ana S. CABRAL, Filipa; PALOMINO, De NEGRI, Sônia T. Fichas técnicas de preparo em unidades de alimentação e nutrição, 2011. Vídeos Dicas de como fazer uma Ficha Técnica de forma fácil! https://youtu.be/FA-QsmJbSYc Índice de reidratação dos alimentos https://youtu.be/jNm3MBWhQg8 Leitura Determinação de fatores de cocção em preparações COSTA, RAYMILA. Determinação de fatores de cocção em preparações. 2017. 35 pag. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017. http://bit.ly/2YhbLsT 21 UNIDADE Cereais e Produtos de Panificação Referências DOMENE, S.M.A. Técnica dietética: teoria e aplicações. Rio de Janeiro: Guana- bara Koogan, 2018. ORNELLAS, L. H. Técnica dietética: seleção e preparo de alimentos. 8. ed. São Paulo: Atheneu, 2013. PHILIPPI, ST. Nutrição e Técnica Dietética. 2. ed. São Paulo: Manole, 2015. 22