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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA: BIOQUÍMICA DE ALIMENTOS PROFESSORAS: Drª Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo Drª Theides Batista Carneiro EFEITO DO GLÚTEN NO CRESCIMENTO DAS MASSAS Tadeu Neto Fernandes Moita TERESINA - PI AGOSTO/2022 Tadeu Neto Fernandes Moita EFEITO DO GLÚTEN NO CRESCIMENTO DAS MASSAS ESTAGIÁRIAS DOCENTES: Anne Rafaele da Silva Marinho Carolina Cardoso Batista Dayane Dayse de Melo Costa Francisca Rayane Oliveira de Sousa TERESINA-PI AGOSTO/2022 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 3 2. METODOLOGIA 5 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 6 4. CONCLUSÃO 8 REFERÊNCIAS 9 ANEXO 10 3 1. INTRODUÇÃO Os cereais possuem papel fundamental na alimentação humana, a nível de saúde, como fonte de nutrientes e fibras e, tecnologicamente, devido às variadas formas que podem ser utilizadas para o consumo humano. O trigo é matéria-prima para a elaboração de alimentos consumidos diariamente, como hábito alimentar, na forma de pães, biscoitos, bolos e massas, alimentos que fazem parte da base da pirâmide alimentar e cujo consumo é incentivado pelo Guia Alimentar da População Brasileira (SHEWRY et al. 1998). O trigo é um dos cereais com grande importância tecnológica devido a sua capacidade única de formação da rede de glúten, que confere extensibilidade e elasticidade às massas, sendo essencial para produção de alguns produtos, tais como, pães, bolos, biscoitos, massas alimentícias, entre outros é o mais consumido do mundo. O grão de trigo tem sua estrutura dividida em três partes: pericarpo (13-17%), o endosperma (80-83%) e o germe (2,0-3,5%), e possui diversos nutrientes como amido, fibras e proteínas. O endosperma é onde está concentrada a maior parte das proteínas do cereal, além do amido, e é a porção utilizada para a fabricação de farinha, onde nelas existem dois tipos de proteínas: as não formadoras de glúten, albuminas e as globulinas, e as formadoras de glúten, gliadina e gluteninas (SANTOS, 2015). O trigo apresenta 13% de proteína em sua composição, sendo o glúten um produto obtido da lavagem da farinha de trigo e que contém mais de 80% dessas proteínas. As proteínas do trigo são normalmente divididas em proteínas de reserva (gliadina e glutenina), globulinas e albumina. A capacidade do trigo em formar uma rede protéica viscoelástica, o chamado glúten, somente é observada quando a gliadina, responsável pela extensibilidade, e a glutenina, responsável pela elasticidade, estão presentes em proporções adequadas (LACERDA, 2008). Com isso, a Comissão do Codex Alimentarius define o glúten como “a fração proteica do trigo, cevada, centeio e aveia, suas variedades cruzadas e derivados, a que algumas pessoas são intolerantes e que é insolúvel em água e numa solução de 0,5 M de cloreto de sódio”. O glúten consiste numa mistura de proteínas presentes no endosperma de alguns tipos de grãos de cereais. Estas proteínas estão classificadas em dois grupos: as prolaminas e as gluteninas (PIRES, 2013). 4 Assim, o chamado de trigo comum, é a espécie de trigo mais cultivada no planeta. Responde por mais de quatro quintos da produção mundial. É o mais utilizado na fabricação do pão. Embora o trigo representa uma fonte de alimento completa em termos nutricionais, a proporção das várias substâncias que compõem o grão (amido, minerais, vitaminas e proteínas) varia conforme a variedade (ABITRIGO, 2008). Já o amido, é a principal substância de reserva presente nas plantas, sendo encontrado sob a forma de grânulos insolúveis. Depois dos açúcares mais simples como a sacarose, glicose, frutose, maltose, é o principal carboidrato que os vegetais superiores sintetizam a partir da fotossíntese. Este polissacarídeo é composto basicamente por dois tipos de macromoléculas: amilose e amilopectina (LACERDA, 2008). O objetivo principal desta prática foi observar e verificar as características e as diferenças presentes no pão feito com trigo e do feito com amido e o efeito que o glúten tem durante a produção do pão e no que isso altera. 5 2. METODOLOGIA A prática foi realizada no dia 22 de agosto de 2022, no Laboratório de Bromatologia e Bioquímica dos Alimentos. Para o experimento foram utilizados os seguintes materiais: 2 béqueres de 50 mL, 12 g de fermento biológico, 1 tigela de plástico com 20 cm de diâmetro, 4 gramas de sacarose, 4 béqueres de 600 mL, 115 gramas de farinha de trigo, 1 proveta de 50 mL, 6 g de sal, 1 faca, 12 g de gordura vegetal hidrogenada, 85 g de amido, balança, forno, estufa 30 – 35 °C. Inicialmente, preparou-se uma suspensão com 6 g de fermento biológico, 10 mL de água, 1 g de sacarose e deixou-se a temperatura de 30 – 35 °C, enquanto os demais ingredientes eram preparados. Logo em seguida, pesou-se 100 g de farinha de trigo, adicionou-se 1 g de sacarose, 2 g de sal e 50 mL de água. Misturou-se tudo e adicionou-se o fermento e 4 g de gordura. Amassou-se bem até a massa ficar homogénea e moldável. Em seguida, deixou-se a massa crescer a 30 – 35 °C por 15 - 20 minutos dentro da estufa, quando o seu volume quase dobrou. Logo achatou-se a massa novamente e dobrou-a duas vezes, logo sendo colocada em uma forma untada e deixou-se crescer por mais 10 – 15 minutos. Repetiu-se o procedimento usando-se em lugar da farinha de trigo uma mistura de 85 g de amido e 15 g de farinha. Por fim, foram colocadas para assar a 180° - 200 °C por 20 – 25 minutos e logo quando foram retiradas, foram realizadas suas análises sensoriais. 6 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com Ornelas (2001), que fala sobre a formação do glúten, ele explica a gliadina e glutenina, quando misturadas com água, formam glúten, uma rede tridimensional formada através das ligações entre os grupos (-SH) dos aminoácidos sulfurados e das ligações como ponte de hidrogênio, forças de Van der Waals e ligações salinas. Essas ligações se quebram e se refazem à medida que prossegue a mistura, até que seja atingido um ponto máximo, no qual o glúten está mais bem desenvolvido. A partir daí, seguimos para a análise da tabela onde foram anotados os resultados obtidos e observados durante a prática. Tabela 1. Verificação das características e comparações entre os pães feitos com farinha de trigo e com amido. Grupos Pães ALTURA COR AROMA TEXTURA SABOR 100% Trigo 1° amostra Cresceu razoavelmente Dourado/ Assado Característico Macia e Viscoelástica Característico 100% Trigo 2° amostra Cresceu razoavelmente Dourado/ Assado Característico Macia e Viscoelástica Característico 85% Amido e 15% Trigo Não houve crescimento Esbranquiçada Fermento Biológico Esmigalhada Amido Fonte: Dados da pesquisa Analisando a 1° e 2° amostra de pão feito com 100% trigo, podemos notar que houve um crescimento em sua massa devido a fermentação, além de uma coloração mais dourada trazendo um aspecto mais assado nos mesmo, possuindo um aroma característico de pão, ainda também seu sabor sendo bem próximo daqueles feitos em padarias, por fim sua textura se mostrou macia e viscoelástica. Assim, Ornelas (2001) As gliadinas, quando hidratadas, são extremamente pegajosas, sendo responsáveis pela coesividade da massa; já as gluteninas oferecem à massa a propriedade de resistência à extensão. O glúten imprime à massa características viscoelásticas e permite que se possa esticá-la e estendê-la, ou seja, tenha capacidade de se deformar parcialmente sem se romper, sendo muito importante nos produtos de panificação, em que o gás gerado pelas leveduras durante a fermentação deve ser retido pela massa para que ela se expanda, com isso, compostos como ácido ascórbico, bromato de potássio e azodicarbonamida, conhecidos como agentes oxidantes ou melhoradores, fortalecem a massa, 7 alterando suas características e aumentando a tolerância à mistura intensa, bem como a capacidade de reter gases durante a fermentação, permitindo maior volume final, textura macia e aveludada e células do miolo mais uniformes.Ademais seguindo agora para a amostra de pão feita com 85% amido, em comparação com as amostra duas primeiras, podemos notar que nesta não houve um crescimento na massa mesmo ainda tendo em sua composição o fermento, além de apresentar uma coloração mais esbranquiçada sem qualquer semelhança com as outras amostras, possuindo um aroma mais forte de fermento biológico, e um sabor mais voltado para o amido em sua composição, já em sua textura, não adquiriu as características de viscoelasticidade e maciez presentes nos outros dois pães feitos com 100% trigo, possuindo uma textura mais esmigalhada e esfarelada na boca. Com isso, Santos (2015) explica que o amido é praticamente insolúvel em água fria, podendo absorver até 30% do seu peso, com pequeno aumento do volume dos grânulos. Quando aquecido, aumenta enormemente a quantidade de água absorvida. Com isso, o volume dos grânulos aumenta, passando a ocupar todo o espaço possível. Se o aquecimento for prolongado à temperatura acima de 100°C, a viscosidade da solução pode diminuir pela destruição de grânulos, ou seja, as estruturas naturais desaparecem e sobram somente moléculas livres hidratadas. Assim, Bobbio et al. (1995) explica que substitutos para a farinha de trigo embora tenham sido experimentados para fabricar pão do mesmo jeito que o trigo usual, o produto obtido não apresenta as características desejadas mesmo em mistura com farinha de trigo, já que o glúten desses substitutos apresenta baixa elasticidade e, portanto, a massa não cresce bem sem a adição do trigo e que somente podem ser usados como aditivos à farinha de trigo, aumentando o teor protéico do pão. 8 4. CONCLUSÃO Diante do que foi apresentado durante a realização da prática e da produção desse relatório, pode-se observar que o glúten, composto por glutenina e gliadina, tem a capacidade de deixar a massa das preparações com características viscoelásticas e promover a retenção de gás no mesmo, aumentando assim o tamanho das massas. Assim pode-se deduzir que a quantidade de glúten presente em um alimento é essencial para que a massa assuma uma textura mais macia, com mais aderência e maior volume, e que substitutos do mesmo podem alterar as características organolépticas e trazer a tona certa característica não desejadas no alimento. 9 REFERÊNCIAS ABITRIGO. Associação Brasileira da Indústria do Trigo. História do trigo. O papel do trigo na evolução da humanidade. A triticultura brasileira, 2008. BOBBIO, Paulo A. Química do processamento de Alimentos. Livraria Varela, 2° Edição, São Paulo, 1995. LACERDA, L. D. Avaliação das propriedades físico-químicas de proteína isolada de soja, amido e glúten e suas misturas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2008. ORNELLAS,L. H. Técnica dietética: seleção e preparo de alimentos. 7. ed. rev. e amp. São Paulo: Atheneu, 2001. PIRES, B. A. D. Análise qualitativa de glúten em alimentos: métodos imunoquímicos e moleculares. 2013. 82 f. Dissertação (Mestrado em Vigilância Sanitária)- Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2013. SANTOS, J. M. Identificação de amidos por microscopia óptica como método de triagem em alimentos farináceos, biscoitos e farinhas, declarados no rótulo “contém glúten” ou “não contém glúten”. 2015. 112 f. Dissertação (Mestrado em Vigilância Sanitária) -Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2015. SHEWRY,P. R.; GILBERT, S.; TATHAM, A. S.; BELTON,P. S. The high molecular weight subunits of wheat glutenin and their role in determining the functional properties of wheat gluten and dought. Biopolymer Science: Food Applications. p.13-18, 1998. 10 ANEXO 11
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