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Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital)Autor: Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa 22 de Janeiro de 2024 Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud Índice ..............................................................................................................................................................................................1) Distinção entre Relação de Trabalho e Relação de Emprego 3 ..............................................................................................................................................................................................2) Relação de emprego 5 ..............................................................................................................................................................................................3) Relações de trabalho latu sensu 12 ..............................................................................................................................................................................................4) Figura Jurídica do Empregado 28 ..............................................................................................................................................................................................5) Figura Jurídica do Empregador 49 ..............................................................................................................................................................................................6) Grupo Econômico, Sucessão Empresarial e Responsabilidade de Sócio 53 ..............................................................................................................................................................................................7) Questões Comentadas - Distinção - Questões Selecionadas 89 ..............................................................................................................................................................................................8) Questões Comentadas - Distinção - Cesgranrio 97 ..............................................................................................................................................................................................9) Questões Comentadas - Grupo Econômico - Cesgranrio 106 ..............................................................................................................................................................................................10) Questões comentadas - Sujeitos do Contrato de Trabalho - TRT 110 ..............................................................................................................................................................................................11) Lista de Questões - Distinção - Questões Selecionadas 172 ..............................................................................................................................................................................................12) Lista de Questões - Distinção - Cesgranrio 176 ..............................................................................................................................................................................................13) Lista de Questões - Grupo Econômico - Cesgranrio 179 ..............................................................................................................................................................................................14) Lista de Questões - Sujeitos do Contrato de Trabalho - TRT 181 CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 2 207 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Oi amigos (as), Sejam bem-vindos (as) ao nosso curso de Direito do Trabalho. Os assuntos da aula de hoje são bastante importantes, e frequentes em concursos públicos. Em frente! Vamos literalmente ao trabalho! Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos ;-) Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 3 207 RELAÇÃO DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO Iniciaremos o tópico fazendo a distinção entre relação de trabalho e relação de emprego. Relação de trabalho é uma expressão ampla, que engloba os mais diversos tipos de labor do ser humano. Conforme detalhado no sumário de nossa aula, a expressão abrange, por exemplo, as relações empregatícias, estagiários, trabalhadores avulsos, trabalhadores autônomos, etc. Já a relação de emprego tem lugar quando estão presentes os seus pressupostos (elementos) fático- jurídicos indispensáveis. É uma espécie de gênero relações de trabalho. Recorrendo novamente a um esquema, pois eles facilitam a memorização: Relações de Trabalho Relações de emprego Trabalhador avulso Trabalhador autônomo Trabalhador eventual Estagiário etc. Empregado urbano Empregado rural Empregado doméstico Aprendiz etc. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 4 207 Relação de emprego INCIDÊNCIA EM PROVA: ALTA A relação de emprego se configura quando presentes os elementos fático-jurídicos componentes da relação de emprego, que são o trabalho prestado por pessoa física, a pessoalidade, subordinação, onerosidade e não eventualidade. Elementos fático-jurídicos componentes da relação de emprego: pessoa física, pessoalidade, subordinação, onerosidade e não eventualidade. É importante decorar o artigo 3º da CLT, principalmente se o assunto “relação de emprego” cair em provas discursivas: CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Resumindo, teríamos o seguinte: Pessoa física Pessoalidade Onerosidade Empregado Não eventualidade Subordinação jurídica Vamos agora esmiuçar cada um destes elementos fático-jurídicos. Pessoa Física Para que se possa falar em relação de emprego deve haver a prestação de serviço por pessoa física. Assim, se existe prestação de serviço de pessoa jurídica para pessoa jurídica, não caberá aplicação das normas justrabalhistas. É importante frisar que existem tentativas de mascaramento de típicas relações de emprego, onde se tenta camuflar o vínculo empregatício com o uso artificial de pessoa jurídica. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 5 207 Com fundamento no princípio da primazia da realidade pode-se desconstituir tais situações (com utilização de pessoa jurídica) e reconhecer o vínculo empregatício. Neste sentido Mauricio Godinho Delgado1: “Obviamente que a realidade concreta pode evidenciar a utilização simulatória de roupagem de pessoa jurídica para encobrir prestação efetiva de serviços por uma específica pessoa física, celebrando-se uma relação jurídica sem a indeterminação de caráter individual que tende a caracterizar a atuação de qualquer pessoa jurídica. Demonstrado, pelo exame concreto da situação examinada, que o serviço diz respeito apenas e to somente a uma pessoa física, surge o primeiro elemento fático-jurídico da relação empregatícia.” Pessoalidade A pessoalidade tem lugar quando o prestador de serviços é sempre o mesmo, havendo, então, prestação de serviço intuitu personae. A pessoalidade se faz presente quando o prestador de serviços não pode se fazer substituir por terceiros, o que confere vínculo com caráter de infungibilidade. Recorrendo ao dicionário (para facilitar a compreensão), vemos que fungível é o bem que pode ser substituído por outro de mesma espécie, como o dinheiro. Como o empregado não pode deixar de ir trabalhar em determinado dia e mandar um amigo ou parente em seu lugar, tem-se que o vínculo empregatício possui caráter de infungibilidade (em relação ao prestador de serviços – empregado). Destaquei ao final da frase que a infungibilidade se dá em relação ao prestador de serviços, porque no outro pólo da relação de emprego (o empregador) não existe a infungibilidade (no caso, haveria fungibilidade). Tanto é que, mesmo havendo sucessão de empregadores (como vimos na aula 01), isto não afeta os contratos de trabalho: CLT, art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Assim, no contrato de trabalho temos quanto ao: 1 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 283. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 6 207 Ainda quanto à pessoalidade é de se ressaltar que existem afastamentos legais (mandato de dirigente sindical, férias, licenças, etc.) e, nestes casos, apesar do contrato de trabalho ser interrompido (ou suspenso) isto não prejudica a pessoalidade do trabalhador. Subordinação A subordinação é tida como o elemento mais marcante para a configuração da relação de emprego, e ela se verifica quando o empregador tem poder diretivo sobre o trabalho do empregado, dirigindo, coordenando e fiscalizando a prestação dos serviços executados pelo trabalhador. A doutrina já conferiu à subordinação, ao longo do tempo, as dimensões técnica, econômica e jurídica. A subordinação (ou dependência) seria técnica porque seria do empregador o conhecimento técnico do processo produtivo; seria econômica porque o empregado dependeria do poder econômico do empregador; por fim, seria jurídica porque o contrato de trabalho, assim como o poder diretivo do empregador, tem caráter jurídico. Atualmente há consenso doutrinário de que a subordinação da relação empregatícia tem viés jurídico. A subordinação como elemento fático-jurídico da relação de emprego técnica jurídica econômica Retomando o artigo 3º da CLT, temos que fazer outro comentário: CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. empregado infungibilidade pessoalidade, prestação de serviços intuitu personae empregador fungibilidade exemplo: sucessão de empregadores Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 7 207 O artigo fala em “dependência”, que era o enfoque doutrinário nas ópticas de dependência técnica e econômica, e hoje o mais adequado é falar-se em subordinação [jurídica, no caso]. Ainda quanto à subordinação na Consolidação das Leis do Trabalho é relevante mencionar seu artigo 6º, alterado em 2011: CLT, art. 6º, parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. A alteração da CLT em estudo teve como objetivo equiparar os efeitos jurídicos da subordinação (jurídica) exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida por meios pessoais e diretos. Onerosidade Na relação de emprego o trabalhador coloca sua força de trabalho à disposição do empregador para receber contraprestação salarial. Deste modo, a relação empregatícia é onerosa. A legislação prevê diferentes possibilidades de contraprestação salarial: pagamento em dinheiro, pagamento em utilidades, parcelas fixas, parcelas variáveis, prazos de pagamento diário, semanal, mensal. Em todos esses casos poderemos identificar a onerosidade da relação empregatícia. E se o trabalhador colocou sua força de trabalho à disposição do empregador, mas, descumprindo a lei, este último deixou de pagar os salários devidos; isto retira o caráter oneroso da relação estabelecida entre as partes? A resposta é negativa. O atraso (ou inadimplemento) do salário não retira o caráter oneroso da relação de emprego. Nos casos onde o empregador não paga salários, ou até mesmo impõe uma situação de servidão disfarçada (onde há prestação de serviços sem a contraprestação salarial) deve-se analisar o animus contrahendi. Podemos definir o animus contrahendi como a intenção das partes (notadamente do prestador dos serviços) ao firmar a relação de trabalho: o empregado disponibilizou sua força de trabalho com interesse econômico, objetivando receber salário? Se a resposta for positiva, configurar-se-á a onerosidade (mesmo que no caso fático o empregador não tenha cumprido sua parte – pagamento do salário). Se a resposta for negativa, ou seja, a pessoa realizou o trabalho sem intenção onerosa, não poderemos entender a relação como um vínculo de emprego. Este é o caso do trabalho voluntário, como veremos no próximo tópico desta aula. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 8 207 Não eventualidade Se a pessoa trabalha de modo apenas eventual, teremos uma relação de trabalho, mas não poderemos enxergá-la como relação de emprego. Este seria o caso de um trabalhador eventual, como veremos adiante, cujo labor é prestado de forma esporádica. Para configuração da relação de emprego a prestação laboral deve ser não eventual, ou seja, o trabalhador deve disponibilizar sua força de trabalho de forma permanente. Para que se considere a relação permanente, é impositivo que o trabalho seja prestado todos os dias? A resposta é negativa. Vamos ao exemplo dos bares e restaurantes. Neste segmento econômico é comum encontrar estabelecimentos que só abrem de quarta-feira a sábado, ou até mesmo somente em finais de semana. Em outros casos, até abrem todos os dias, mas como o público frequentador é muito maior aos sábados e domingos, uma parte dos empregados não labora em todos os dias da semana. Apesar de não trabalharem todos os dias, existe a prestação laboral em caráter permanente, ao longo do tempo, para o mesmo empregador. Assim, não podemos dizer que este trabalho seja esporádico; ele tem caráter de permanência. Atentem para o fato de que a permanência (aludida no parágrafo anterior) não é sinônima de continuidade. A continuidade está expressa na LC 150/15 (que dispõe sobre a profissão do empregado doméstico, objeto de estudo em tópico específico desta aula): CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. ≠ LC 150/2015, art. 1º Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei. Resumindo, quando estivermos tratando dos elementos fático-jurídicos dos empregados em geral precisamos ter em mente a ideia de não eventualidade (e não da continuidade). Em que pese esta distinção teórica, vez ou outra as Bancas entendem que a continuidade é elemento fático- jurídico nas relações de emprego em geral, como na questão abaixo, cujo gabarito foi (C): Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 9 207 FCC/TRT9 – Técnico Judiciário – Área Administrativa - 2013 Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços a empregador com as características de (A) impessoalidade, continuidade, onerosidade e independência jurídica. (B) pessoalidade, continuidade, exclusividade e subordinação. (C) pessoalidade, continuidade, onerosidade e subordinação. (D) pessoalidade, continuidade, confidencialidade e subordinação. (E) pessoalidade, continuidade, onerosidade e independência jurídica. Sobre a distinção entre eventual e não eventual é oportuno citar a seguinte passagem da obra de Valentin Carrion2 “Não eventual: permanente ou por tempo determinado. Eventual: ocasional, esporádico. Aqui o conceito não é apenas temporal, pois não deve ser atribuído o caráter de eventualidade: a) quando o trabalho tem por objeto necessidade normal da empresa, que se repete periódica e sistematicamente (ex.: vendedora de ingressos em teatro, uma hora por dia; músico de um clube, dois dias por semana; professor de escola, duas aulas por semana); b) trabalhador contratado para reforçar a produção por pouco tempo (deve ser contratado por tempo determinado, e não como eventual).” Acerca das atividades que se repetem “periódica e sistematicamente”, como ressaltou o autor, é interessante notar que abrangem atividades-fim e atividades-meio. Assim, a repetibilidade (ou habitualidade) que confere o caráter de permanência da atividade desenvolvida pode se dar tanto nas atividades-fim - como a elaboração do produto ou serviço que a empresa produz - quanto nas atividades-meio - como a realização de limpeza ou serviço de manutenção das instalações do estabelecimento. Ainda sobre a não eventualidade, é de se ressaltar, mais uma vez, que ela pode restar configurada mesmo quando o empregado não labore todos os dias da semana. Por que toquei neste assunto novamente? Para tecer um último comentário: a mesma pessoa física pode ter mais de uma relação de emprego, com empregadores distintos (mantendo com ambos, no caso, a não eventualidade). Neste contexto, nota-se que não se exige exclusividade na prestação de serviços para o reconhecimento do vínculo de emprego: estando presentes todos os elementos fático jurídicos da relação de emprego (entre 2 CARRION, Valentin. Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. 37 ed. Atualizada por Eduardo Carrion. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 44. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 10 207 eles a não eventualidade), a mesma pessoa física poderá ter relação de emprego com mais de um empregador. Para finalizar este tópico vamos retomar então este aspecto relevante: o trabalho em jornada menor que a legal, ou então em poucos dias na semana não desconstitui a permanência, que é a prestação laboral permanente ao longo do tempo, com ânimo definitivo. Alteridade A alteridade, também chamada de princípio da alteridade, é um requisito existente nas relações de emprego. É pouco explorado em provas, mas pode vir a surgir em alguma questão. A alteridade se relaciona ao risco do negócio, que deve ser assumido pelo empregador. Nesta linha, não se admite que sejam transferidos ao empregado os riscos do empreendimento, pois estes devem ser suportados pelo empregador. A alteridade encontra-se presente no seguinte dispositivo da CLT: CLT, art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 11 207 Relações de trabalho lato sensu Estudaremos agora as relações de trabalho lato sensu, conceito que abarca relações de trabalho que não configuram relação de emprego. Retomando o esquema para todos se orientarem: Relações de Trabalho Relações de emprego Trabalhador avulso Trabalhador autônomo Trabalhador eventual Estagiário etc. Empregado urbano Empregado rural Empregado doméstico Aprendiz etc. Estágio INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA O estágio é regulado pela Lei 11.788/08, que define estágio como “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos”. Atendidos os requisitos formais e materiais da Lei 11.788/08, o estagiário não será considerado empregado. Assim, para que de fato não haja vínculo empregatício entre o estagiário e a parte concedente do estágio deve-se seguir todos os preceitos da lei supracitada. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 12 207 Segue o trecho mais importante (para fins de concurso) da lei supracitada: Lei 11.788/08, art. 3º O estágio (...) não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, observados os seguintes requisitos: I – matrícula e freqüência regular do educando em curso de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e nos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos e atestados pela instituição de ensino; II – celebração de termo de compromisso entre o educando, a parte concedente do estágio e a instituição de ensino; III – compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no estágio e aquelas previstas no termo de compromisso. Percebam então que o estágio subentende uma relação trilateral, com a participação do estagiário, do concedente do estágio e de instituição de ensino. Estagiário Instituição de ensino Estágio Concedente do estágio Deste modo, se, por exemplo, não há formalização de termo de compromisso ou não há participação de instituição de ensino, estaremos diante de um vínculo empregatício, e não de estágio. No próprio dizer da lei, caso seja verificado que não estão sendo respeitados os requisitos estudados acima, caracterizar-se-á a relação de emprego: Lei 11.788/08, art. 3º, § 2º O descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. No capítulo relativo à fiscalização, novamente a lei remete à consequência do estágio irregular: Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 13 207 Lei 11.788/08, art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. Há toda essa ênfase legal quantos aos requisitos do estágio porque, na prática, é comum encontrar verdadeiros empregados que estão sendo admitidos como “estagiários”, como o objetivo de retirar destas pessoas os direitos trabalhistas assegurados pela CF/88 e CLT (férias, FGTS, 13º, etc.). A duração do estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se tratar de estagiário portador de deficiência. Com relação aos elementos fático-jurídicos característicos da relação empregatícia, podemos perceber que no estágio remunerado não se pode falar em ausência de determinado requisito que justifique nitidamente a ausência de vínculo de emprego. Então por que o estagiário não é considerado empregado? Bem, apesar de haver pessoalidade, onerosidade (quando o estágio é remunerado), subordinação e não eventualidade, se atendidos os requisitos da lei 11.788/08 este diploma retirou do estágio a proteção trabalhista. Isto porque o estágio não foi concebido para que a pessoa (estagiário) labore em prol da atividade empresarial pura e simplesmente, mas sim com o objetivo de integrar o itinerário formativo do educando. No dizer da própria Lei, Lei 11.788/08, art. 1º, § 2º O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. ------------------------------- Consta também da lei que estágios superiores a 1 ano dão direito, ao estagiário, do gozo de recesso de 30 dias, nos seguintes termos: Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 14 207 Lei 11.788/08, art. 13 É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a 1 (um) ano, período de recesso de 30 (trinta) dias, a ser gozado preferencialmente durante suas férias escolares. Como o estagiário não é empregado regido pela CLT, é de se notar que a previsão normativa é de “recesso” de 30 (trinta) dias - e não de “férias”. Além das 3 partes já mencionadas (estagiário, concedente do estágio e instituição de ensino), é possível que também participem do estágio os agentes de integração, que têm funções auxiliares no processo de contratação e realização do estágio. Estes agentes de integração (públicos ou privados) terão a função de interlocutor, auxiliando no processo de contratação dos estagiários pelas empresas interessadas. As disposições sobre os agentes de integração seguem abaixo: Lei 11.788/08, art. 5º As instituições de ensino e as partes cedentes de estágio podem, a seu critério, recorrer a serviços de agentes de integração públicos e privados, mediante condições acordadas em instrumento jurídico apropriado, devendo ser observada, no caso de contratação com recursos públicos, a legislação que estabelece as normas gerais de licitação. § 1º Cabe aos agentes de integração, como auxiliares no processo de aperfeiçoamento do instituto do estágio: I – identificar oportunidades de estágio; II – ajustar suas condições de realização; III – fazer o acompanhamento administrativo; IV – encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais; V – cadastrar os estudantes. § 2º É vedada a cobrança de qualquer valor dos estudantes, a título de remuneração pelos serviços referidos nos incisos deste artigo. Trabalhador autônomo INCIDÊNCIA EM PROVA: MÉDIA Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 15 207 O trabalhador autônomo labora sem subordinação, e a falta deste elemento fático-jurídico é que não permite falar-se em relação empregatícia. A expressão “autônomo” representa este fato, no sentido de que o profissional possui autonomia para exercer suas funções (ou seja, não está sob o poder de direção de um empregador). A compreensão deste fato foi explorada na questão abaixo, correta: CESPE/TRT17 – Analista Judiciário – Área Administrativa - 2009 O elemento diferenciador entre o empregado e o trabalhador autônomo é a subordinação. O contraponto à condição de autônomo seria a subordinação, situação na qual o tomador de serviços utilizaria poder diretivo para determinar como o trabalho deve ser executado, além de fiscalizar e dirigir a prestação laboral. Neste caso, teríamos então vínculo empregatício, e não trabalho autônomo. Exemplos de trabalho autônomo são a empreitada (de obra, onde o empreiteiro fornece mão de obra e/ou materiais), regulada pelos artigos 610 a 626 do Código Civil (Lei 10.406/02), e a profissão de representante comercial autônomo, regulada pela Lei 4.886/65: Lei 4.886/65, art. 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. No trabalho autônomo também não existe, em regra, o elemento pessoalidade. Relembrando, a pessoalidade se faz presente quando o prestador de serviços não pode se fazer substituir por terceiros, o que confere vínculo com caráter de infungibilidade. Tratando da pessoalidade em relação ao autônomo o Ministro Godinho1 esclarece que: “Um serviço cotidiano de transporte escolar, por exemplo, pode ser contratado ao motorista do veículo, que se compromete a cumprir os roteiros e horários pre- 1 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 13 ed. São Paulo: LTr, 2013, p. 340. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 16 207 fixados, ainda que se fazendo substituir eventualmente por outro(s) motorista(s). A falta de pessoalidade, aqui, soma-se à ausência de subordinação, para distanciar essa relação jurídica de trabalho da figura empregatícia da CLT (...). O trabalho autônomo pode, contudo, ser pactuado com cláusula de rígida pessoalidade – sem prejuízo da absoluta ausência de subordinação. É o que tende a ocorrer com a prestação de serviços contratada a profissionais de nível mais sofisticado de conhecimento ou habilidade, como médicos, advogados, artistas, etc.” Autônomo exclusivo A CLT, após a Lei 13.467, passou a prever a figura do trabalhador autônomo exclusivo, que poderá prestar serviços para um único empregador de forma contínua, tendo afastada a caracterização do vínculo empregatício. A lição clássica de trabalho autônomo indica que é a situação em que a pessoa labora sem subordinação, e a falta deste elemento fático-jurídico é que não permite falar-se em relação empregatícia. Assim, buscando afastar o vínculo empregatício na situação em que há autonomia daquele que labora apenas para um tomador de serviços, foi inserido o seguinte dispositivo na CLT: CLT, art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art. 3º desta Consolidação [requisitos da relação de emprego]. Tal previsão abre margem para que empresas contratem trabalhadores para atuarem com continuidade e exclusividade àquele empregador, tendo afastado, por uma opção do legislador, a caracterização do vínculo de emprego. Todavia, para que tal contratação se dê legalmente, é necessário que realmente inexista subordinação em relação ao tomador dos serviços. Assim, caberá à Justiça do Trabalho avaliar, nos casos que lhe forem submetidos, a efetiva inexistência da subordinação nessas relações de emprego, ante o princípio da primazia da realidade. Trabalho eventual INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 17 207 Quando falamos em trabalhador eventual temos que lembrar a ausência do elemento fático- jurídico não eventualidade. Em outras palavras, estaremos diante da eventualidade na prestação dos serviços. Como o próprio nome faz crer, esta pessoa trabalha de forma eventual, esporádica, e por isso não se configura o vínculo empregatício. Segue um trecho do livro do Ministro Godinho2 em que o autor propõe a caracterização do trabalho de natureza eventual – o(a) concurseiro(a) já enxerga isso como 5 alternativas de uma questão de múltipla escolha ;-) Caracterização do trabalho de natureza eventual » Descontinuidade da prestação do trabalho, entendida como a não permanência do empregado em uma organização com ânimo definitivo. » Não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com pluralidade variável de tomadores de serviços. » Curta duração do trabalho prestado. » Natureza do trabalho tende a ser concernente a evento certo, determinado e episódico no tocante à regular dinâmica do empreendimento tomador de serviços. » A natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, ao padrão dos fins normais do empreendimento. Amauri Mascaro Nascimento3 cita os seguintes exemplos de trabalhador eventual: “Há exemplos que podem, de algum modo, facilitar a compreensão do conceito de trabalhador eventual: o “bóia-fria”, volante rural, que cada dia vai trabalhar numa fazenda diferente, ganhando por dia, sem se fixar em nenhuma delas; o “chapa”, que faz carga e descarga de mercadorias de caminhões, recebendo cada dia de um motorista diferente ou de uma empresa diferente dentre as muita para 2 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 288. 3 NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 37 ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 178. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 18 207 as quais, sem fixação, faz esse serviço e a diarista que vai de vez em quando fazer a limpeza da residência da família.” Cooperados INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA O cooperativismo surgiu para que pessoas que desenvolvem atividades semelhantes possam ter melhores condições de oferecer seus produtos e serviços (ganhando em escala, unindo esforços para obter acesso a empréstimos, utilizando espaços comuns no processo produtivo, etc.). Assim, produtores de hortifrutigranjeiros, por exemplo, podem se estruturar em cooperativa para negociar em condição mais vantajosa com os revendedores de seus produtos, podem construir espaço de uso comum para estocar e produzir, podem comprar insumos de forma centralizada com preços mais baixos, entre outros benefícios. O problema que ocorre na prática é a tentativa de mascarar relação de emprego sob a roupagem de cooperados. Assim, caso estejam presentes os elementos fático-jurídicos da relação de emprego estará descaracterizada a situação de cooperado. O verdadeiro cooperado é um trabalhador autônomo, pois não é subordinado à cooperativa. Segue abaixo um dispositivo da CLT sobre cooperativas: CLT, art. 442, §1º4 - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre estes e os tomadores de serviços daquela. A CLT fala em “qualquer que seja o ramo de atividade” porque podem existir cooperativas de produtores, de médicos, artesãos, taxistas, etc. Conforme ensina Mauricio Godinho Delgado5, a verdadeira relação cooperativista, para se configurar, deve atender aos princípios da dupla qualidade e da retribuição pessoal diferenciada. ➢ Princípio da dupla qualidade 4 O dispositivo continua vigente, mesmo havendo uma nova lei que regula especificamente as Cooperativas de Trabalho – Lei 12.690/2012. 5 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 331. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 19 207 Este princípio se relaciona à necessidade de que o filiado à cooperativa (o cooperado, no caso) tenha benefícios desta situação, ou seja, a cooperativa deve prestar serviços que beneficiem seus associados. Voltando ao exemplo da cooperativa de produtores de hortifrutigranjeiros, estes serviços que a cooperativa presta seus associados poderiam ser materializados, por exemplo, na compra centralizada de sementes e fertilizantes, oferecimento de assistência técnica de agrônomo, transporte da produção das propriedades até o estabelecimento do comprador, etc. Nesta linha, o cooperado se utiliza da cooperativa para vender produtos ou serviços e também é cliente da própria cooperativa, no sentido de receber benefícios de tal condição. Esta é a dupla qualidade a que alude o princípio em estudo. ➢ Princípio da retribuição pessoal diferenciada Este princípio foi construído pelo Ministro Godinho6, segundo o qual “O princípio da retribuição pessoal diferenciada é a diretriz jurídica que assegura ao cooperado um complexo de vantagens comparativas de natureza diversa muito superior ao patamar que obteria caso atuando destituído da proteção cooperativista.” Assim, o profissional cooperado tem retribuição pessoal diferenciada justamente por ser cooperado, condição esta que deve conferir à pessoa vantagens econômicas superiores às que obteria caso atuasse isoladamente, sem o auxílio da cooperativa. Trabalhador avulso INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA O trabalhador avulso pode ser enquadrado como uma espécie de trabalhador eventual, havendo, é claro, dessemelhanças que justificam seu estudo em tópico apartado. Podemos citar como exemplo de avulso os trabalhadores que realizam carga e descarga de mercadorias em navios e armazéns de portos. 6 DELGADO, Mauricio Godinho. Op. cit., p. 331. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 20 207 Assim como o trabalhador eventual, no caso dos avulsos não temos o elemento fático-jurídico não eventualidade, visto que o avulso presta serviços a diversos tomadores em curtos intervalos de tempo. Em outras palavras, no caso dos avulsos temos a eventualidade na prestação dos serviços. Uma diferença marcante na atuação dos avulsos é que estes realizam tarefas para os tomadores com a intermediação de uma entidade representativa, que é chamada de Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO): Lei 12.815/2013, art. 32. Os operadores portuários, devem constituir, em cada porto organizado, um órgão de gestão de mão-de-obra do trabalho portuário (...) A Lei 12.815/2013 (resultante da conversão da MP 595/2012) determina que o OGMO tenha atribuições de administrar o fornecimento da mão de obra dos avulsos, selecionar, registrar e manter o cadastro dos avulsos, arrecadar e repassar a eles a remuneração paga pelos operadores portuários, etc. A categoria dos avulsos tem, historicamente, obtido conquistas por meio de movimentos sindicais e organização coletiva, tanto é que têm direito a uma série de proteções e direitos não estendidos a categorias cujos vínculos não sejam de emprego. Como vimos no estudo do artigo 7º da CF/88, nossa Constituição prevê: CF/88, art. 7º, XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Deste modo, os avulsos, apesar de não constituírem vínculo empregatício (pela eventualidade de seu trabalho) têm direito a FGTS, repouso semanal, 13º, adicional de trabalho noturno, etc. Quanto à igualdade de direitos, é importante destacar entendimento do STF, de junho de 2020, no bojo do Recurso Extraordinário (RE) 597124, com repercussão geral reconhecida (Tema 222). Para o STF, se, em determinado porto, houver o pagamento de adicional de risco a trabalhadores com vínculos permanentes, os trabalhadores avulsos também têm direito ao mesmo adicional de risco. Assim, fixou-se a seguinte tese: Sempre que for pago ao trabalhador com vínculo permanente, o adicional de risco é devido, nos mesmos termos, ao trabalhador portuário avulso. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 21 207 Além dos avulsos portuários (que laboram nos portos e cercanias) existe também trabalho avulso em regiões do interior, situação regulamentada pela Lei 12.023/09, que dispõe sobre as atividades de movimentação de mercadorias em geral e sobre o trabalho avulso. De acordo com esta lei os avulsos regidos por ela (o que exclui os avulsos portuários, regidos por lei própria) realizarão atividades de movimentação de mercadorias em geral, desenvolvidas em áreas urbanas ou rurais sem vínculo empregatício, mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para execução das atividades. O conceito de movimentação de mercadorias foi objetivamente definido em seu artigo 2º: Lei 12.023/09, art. 2º São atividades da movimentação de mercadorias em geral: I – cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação da carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha em secadores e caldeiras; II – operações de equipamentos de carga e descarga; III – pré-limpeza e limpeza em locais necessários à viabilidade das operações ou à sua continuidade. Assim como ocorreu no trabalho avulso portuário, em que o OGMO recebe a remuneração do tomador de serviços e a repassa aos avulsos, na Lei 12.023/09 a sistemática é a mesma: o sindicato da categoria recebe os valores pagos pelo tomador de serviços e tem a atribuição de repassá-los aos beneficiários. Trabalhado voluntário INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA O trabalho voluntário é regido pela Lei 9.608/98, que dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências: Lei 9.608/98, art. 1º Considera-se serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 22 207 qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim. Neste caso haverá a falta do elemento fático-jurídico onerosidade, típico da relação de emprego. Lembrando o que comentamos sobre a onerosidade, nos casos onde o empregador não paga salários, deve-se analisar o animus contrahendi (intenção do prestador dos serviços ao firmar a relação de trabalho): o trabalhador disponibilizou sua força de trabalho com interesse econômico, objetivando receber salário? Se a resposta for afirmativa, podemos estar diante de relação de emprego dissimulada. Exemplo: há casos de fiscalização do MTb em empresa onde todos os empregados eram “voluntários”: laboravam com pessoalidade, onerosidade, subordinação e não eventualidade, mas tinham assinado um termo de adesão ao voluntariado (como exigido pela Lei 9.608/98) e recebiam uma “ajuda de custo” de um salário mínimo por mês A empresa foi autuada e notificada para registrar todos como empregados (retroativamente ao início da prestação laboral), recolher o FGTS em atraso, etc. Aplicação prática do princípio da primazia da realidade sobre a forma. Antes de encerrar este tópico, relembro que o exercício de um trabalho voluntário deve ser precedido da celebração de um termo de adesão (que se difere de um “contrato de trabalho”): Lei 9.608/98, a. 2º O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador do serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício. Segue uma questão de prova sobre o trabalho voluntário: ESAF/TRT7 – Juiz do Trabalho Substituto - 2005 Para a finalidade legal, considera-se serviço voluntário aquele prestado sem remuneração, por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada, com ou sem fins lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 23 207 Alternativa incorreta. A Lei 9.608/98 não admite a prestação de trabalho voluntário em empresas privadas com fins lucrativos. Trabalhador de empreitada INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA Como diz o Ministro Godinho (Contrato de Trabalho e afins: comparações e distinções, Rev. Trib. Reg. Trab. 3ª Reg., Jan./Jun.2000), em distintos segmentos do direito há exemplos marcantes de contratos de atividade, nos quais há trabalho prestado, mas não se confundem com o vínculo empregatício. No Direito Civil, há os contratos de prestação de serviços (locação de serviços), de empreitada, mandato, parceria rural e, ainda, a representação comercial. Um dos contratos típicos do Direito Civil é o contrato de empreitada, previsto no CCB, art. 610 e seguintes. Segundo Carlos Roberto Gonçalves7: Empreitada (locatio operis) é contrato em que uma das partes (o empreiteiro), mediante remuneração a ser paga pelo outra contraente (o dono da obra), obriga- se a realizar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros, de acordo com as instruções deste e sem relação de subordinação. Constitui, também, uma prestação de serviço (locatio operarum), mas de natureza especial. É um contrato bastante utilizado no ramo da construção civil. Neste ajuste, uma parte (dono da obra) contrata os serviços da outra (o empreiteiro) para realizar uma obra. O empreiteiro, por sua vez, pode contratar terceiros para executar a obra. Estes terceiros contratados pelo empreiteiro podem ser pessoas físicas (celebrando com eles contratos de trabalho) ou empresas (celebrando com estas empresas contratos de subempreitada, por exemplo). Neste cenário, destaca-se a OJ 191 da SDI-I do TST: Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade 7 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 4ª edição. p. 343. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 24 207 solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora. Portanto, sendo o dono da obra uma empresa construtora ou uma incorporadora este será corresponsabilizado pelas obrigações trabalhistas do empreiteiro. Não sendo estes dois casos, o dono da obra não poderá ser responsabilizado pela inadimplência do empreiteiro. Em maio de 2017, a SDI-1 do TST reforçou o entendimento, fixando ainda as seguintes teses, com destaque para o item IV: I) A exclusão de responsabilidade solidária ou subsidiária por obrigação trabalhista a que se refere a Orientação Jurisprudencial 191 da SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e pequenas empresas, compreende igualmente empresas de médio e grande porte e entes públicos (decidido por unanimidade); II) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte final da Orientação Jurisprudencial 191, por aplicação analógica do artigo 455 da CLT, alcança os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do empreiteiro (decidido por unanimidade); III) Não é compatível com a diretriz sufragada na Orientação Jurisprudencial 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de Tribunal Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra, excepcionando apenas "a pessoa física ou micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado" (decidido por unanimidade); IV) Exceto ente público da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas contraídas por empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais obrigações, em face de aplicação analógica do artigo 455 da CLT e culpa in eligendo (decidido por maioria, vencido o ministro Márcio Eurico Vitral Amaro). Dirigentes e assessores de partido político INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 25 207 Em 2019, foi publicada a Lei 13.877, deixando claro que, atendidos alguns requisitos, dirigentes e assessores de partidos políticos não possuem vínculo empregatício. Esta é, portanto, mais uma situação de afastamento do vínculo empregatício por decisão do legislador. Tal conclusão decorre da inserção do art. 44-A na lei dos partidos políticos (Lei 9.096/1995) e da alínea ‘f’ no art. 7º da CLT: Lei 9.096/1995, art. 44-A. As atividades de direção exercidas nos órgãos partidários e em suas fundações e institutos, bem como as de assessoramento e as de apoio político-partidário, assim definidas em normas internas de organização, não geram vínculo de emprego, não sendo aplicável o regime jurídico previsto na Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto- Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, quando remuneradas com valor mensal igual ou superior a 2 (duas) vezes o limite máximo do benefício do Regime Geral de Previdência Social. CLT, art. 7º. Os preceitos constantes da presente Consolidação salvo quando fôr em cada caso, expressamente determinado em contrário, não se aplicam: (..) f) às atividades de direção e assessoramento nos órgãos, institutos e fundações dos partidos, assim definidas em normas internas de organização partidária. Percebam, a partir da parte final do art. 44-A transcrito acima, que a descaracterização do vínculo empregatício exige uma condição: remuneração do trabalhador igual ou superior ao dobro do teto do RGPS. Religiosos INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA Em agosto de 2023, foi publicada a Lei 14.647, salientando que não existe vínculo empregatício entre ministros de confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa e as entidades religiosas de qualquer denominação/natureza ou instituições de ensino vocacional. Temos, assim, mais uma situação de afastamento do vínculo empregatício por decisão política: CLT, art. 442, § 2º Não existe vínculo empregatício entre entidades religiosas de qualquer denominação ou natureza ou instituições de ensino vocacional e ministros de confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 26 207 congregação ou de ordem religiosa, ou quaisquer outros que a eles se equiparem, ainda que se dediquem parcial ou integralmente a atividades ligadas à administração da entidade ou instituição a que estejam vinculados ou estejam em formação ou treinamento. Reparem que o afastamento do vínculo se dá mesmo que os religiosos se dediquem integralmente às entidades. Tal afastamento, no entanto, não prevalece se identificado desvirtuamento da finalidade religiosa e voluntária do trabalho: CLT, art. 442, § 3º O disposto no § 2º não se aplica em caso de desvirtuamento da finalidade religiosa e voluntária. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 27 207 A FIGURA JURÍDICA DO EMPREGADO Empregado é a pessoa natural (física) que dispõe sua força de trabalho a um tomador com pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação. Esta definição está consubstanciada no artigo 3º da CLT: CLT, art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Lembremos que a “dependência” aludida na CLT, hoje, se traduz na subordinação. Vejamos uma questão de prova sobre a figura jurídica do empregado: CESPE/TRT8 – Analista Judiciário – Área Administrativa - 2016 Nos termos da CLT, considera-se empregado toda pessoa física ou jurídica que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante pagamento de valor mensal. Alternativa incorreta, pois empregado, necessariamente, é pessoa física (natural). Além disso, a questão propõe que a configuração de emprego demande “habitualidade”, enquanto o elemento fático-jurídico ínsito ao caráter permanente da relação empregatícia é adequadamente nominado não eventualidade. Esquematizando os pressupostos da relação de emprego: Pessoa física Pessoalidade Onerosidade Empregado Não eventualidade Subordinação jurídica Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 28 207 Quanto aos diferentes tipos de trabalho, a Constituição de 1988 possui dispositivo referente à não discriminação, no sentido de assegurar como direito dos trabalhadores urbanos e rurais: CF/88, art. 7º, XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; Frise-se que neste aspecto a CF/88 não inovou, pois já havia tal previsão em Constituições anteriores e na CLT: CLT, art. 3º, parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Também é importante mencionar que, mesmo nos casos em que o empregado preste serviços em sua residência, isto não obsta o reconhecimento da relação de emprego. Neste aspecto, a CLT foi alterada em 2011 e atualmente seu artigo 6º conta com a seguinte redação: CLT, art. 6º Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Exemplo: em determinada empresa do setor de confecções encontrei diversas pessoas que laboravam em suas próprias casas (costureiras), recebendo as peças de vestuário pré-prontas da fábrica para fazer o acabamento. No caso havia pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação (pressupostos da relação de emprego), e com isso não restava dúvida de que havia a relação de emprego. Deste modo, o tratamento a ser dado ao empregado que executa suas tarefas no seu domicílio deve ser o mesmo dos empregados em geral; a questão abaixo, incorreta, tentou confundir a situação do empregado a domicílio com o doméstico, que são situações completamente distintas: CESPE/MPU – Analista Processual - 2010 Ao empregado em domicílio, entendido como aquele que presta serviços na residência do empregador, são assegurados os mesmos benefícios definidos em lei para o empregado doméstico. Ainda quanto à parte final do artigo 6º da Consolidação, alterado em 2011, precisamos falar sobre o trabalho a distância. A alteração da CLT em estudo teve como objetivo equiparar os efeitos jurídicos da subordinação (jurídica) exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida por meios pessoais e diretos, nos seguintes termos: Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 29 207 CLT, art. 6º, parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. Quanto à configuração do vínculo empregatício, ressalte-se que não é exigida exclusividade na prestação dos serviços. Assim, estando presentes os elementos fático-jurídicos da relação de emprego, é irrelevante se o empregado labora para apenas um empregador, ou se presta serviços para vários. Não são relevantes para caracterização do vínculo de emprego o local e nem a exclusividade na prestação dos serviços! Altos empregados INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXA A expressão “altos empregados” abrange as situações nas quais o pressuposto da relação de emprego subordinação é mitigada, tendo em vista as peculiaridades do exercente das funções de chefia e/ou cargos de elevada fidúcia (confiança). No cotidiano das relações de emprego, há variados níveis desta redução da subordinação. Seguindo a sugestão da Profa. Vólia Bomfim1 vamos aqui dividir o estudo em grupos de trabalhadores. Empregados com atribuições de gestão Estes empregados possuem algumas atribuições de gestão, como a emissão de ordens a outros empregados, contratar, representar o empregador etc. 1 CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 14ª ed. Ed. Método. 2017. p. 307 Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 30 207 Entre outras diferenças, eles estão sujeitos à alteração unilateral de local de prestação de serviços (pelo empregador, quando houver comprovada necessidade): CLT, art. 469 - Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do contrato (...) § 1º - Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de confiança (...). Seguindo adiante, podemos incluir neste tópico alguns exercentes de função de confiança do setor bancário que, quando desempenharem suas funções com poderes de gestão elevados e distinção remuneratória, também terão alguns direitos trabalhistas mitigados (atenuados). CLT, art. 224 - § 2º - As disposições deste artigo [duração do trabalho dos bancários] não se aplicam aos que exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes, ou que desempenhem outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a 1/3 (um terço) do salário do cargo efetivo2. Gerentes Estão incluídos no conceito os gerentes, conforme definido na CLT. Estes possuem um poder de gestão mais elevado que o grupo anterior. A estes empregados não se aplica a limitação de jornada, conforme observamos a seguir: CLT, art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo [Da Duração do Trabalho]: (...) II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). 2 No art. 62, II, da CLT se enquadra o gerente geral das agências bancárias, que deixará de contar com as regras protetivas do Capítulo [Da Duração do Trabalho] se receber adicional de função não inferior a 40%. Já no art. 224, §2º, da CLT se enquadram os demais gerentes (gerente de contas, gerente de relacionamento, etc.). Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 31 207 Deste modo, não basta que o gerente (ou equiparados) seja designado como tal para serem entendidos como alto funcionário: deve haver poder de gestão e padrão salarial diferenciado. Diretores de S.A. Continuando, podemos incluir neste tópico do curso os diretores de sociedades anônimas, que são recrutados externamente (fora da empresa) para dirigi-la ou, então, são empregados efetivos eleitos para geri-la. Há várias interpretações sobre as consequências da eleição do empregado a diretor, e a posição dominante é que, caso o empregado seja eleito e permaneça a subordinação jurídica caracterizadora da relação de emprego, o diretor manterá esta condição: SUM-269 DIRETOR ELEITO. CÔMPUTO DO PERÍODO COMO TEMPO DE SERVIÇO O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de serviço desse período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à relação de emprego. A questão abaixo (correta) explorou este entendimento do TST: ESAF/MTE – Auditor Fiscal do Trabalho - 2010 É possível reconhecer-se a condição de empregado, com cômputo do tempo de serviço, ao eleito para ocupar cargo de diretor quando, a despeito da nova posição ocupada na estrutura hierárquica da empresa, ainda se fizerem presentes os traços característicos da subordinação jurídica. Importante mencionar, ainda, os casos em que pessoas são incluídas na sociedade como sócios e que, na verdade, prestam serviços com habitualidade, onerosidade, subordinação e pessoalidade. É o caso, por exemplo, de clínicas onde os veterinários não são registrados: todos são admitidos como “sócios”, cada um com 1% do capital social; quando o veterinário se desliga do empreendimento, é feita alteração do contrato social retirando o mesmo e incluindo outro “sócio”, também com 1% do capital, de modo que nenhum deles possui qualquer poder diretivo ou ingerência sobre a sociedade, não participam de distribuição de lucros, enfim, a sociedade pode se configurar como ato simulado. Nestes casos é possível reconhecer-se relação de emprego, com fundamento no artigo 9º da CLT: CLT, art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 32 207 Alto salário + nível superior A Lei 13.467 (reforma trabalhista) criou uma outra distinção para os chamados “altos empregados”. Segundo a alteração promovida na CLT, empregados que percebem salário igual ou superior a duas vezes o teto dos benefícios do RGPS (em torno de R$ 11 mil) e têm nível superior terão relações contratuais regulamentadas, de forma preponderante, por simples acordo individual. O legislador presumiu que estes altos empregados não estão em situação de hipossuficiência, de sorte que eles possuiriam condições de negociar em condições de igualdade diretamente com seus empregadores. Por este motivo, alguns têm chamados tais trabalhadores de hiperssuficientes. Assim, para estes empregados (nível superior + dobro do teto do RGPS), a CLT confere a faculdade de o empregado negociar livremente, por meio de acordo individual, com seu empregador, a respeito de determinados direitos (a exemplo daqueles listados no art. 611-A da CLT): CLT, art. 444, parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica- se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação [prevalência do negociado sobre o legislado], com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. Agora vejam os termos em que a “livre negociação” foi prevista no referido caput (que não foi alterado pela Lei 13.467): CLT, art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competente Como o assunto é relativamente recente, é preciso deixar claro que os limites aceitáveis desta livre negociação ainda não estão claros, devendo ser objeto de acalorados debates nos próximos tempos. Empregado rural INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA O empregado rural é enquadrado nesta condição de acordo com seu empregador ser ou não considerado como empregador rural. À primeira vista parece simples diferenciar empregado rural do empregado urbano, mas veremos que o tipo de atividade exercida não é determinante para este enquadramento. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 33 207 De acordo com a Lei 5.889/73 (que estatui normas reguladoras do trabalho rural), Lei 5.889/73, art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário. Deste dispositivo podemos verificar os elementos fático-jurídicos da relação de emprego (pessoa física, pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação), além da indicação de outros 2 elementos que se relacionam ao empregado rural: a prestação de serviços a empregador rural e o labor prestado em propriedade rural ou prédio rústico. Na mesma lei consta a definição do empregador rural, que é Lei 5.889/73, art. 3º - Considera-se empregador rural, para os efeitos desta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados. § 1º Inclui-se na atividade econômica referida no caput deste artigo, além da exploração industrial em estabelecimento agrário não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943, a exploração do turismo rural ancilar à exploração agroeconômica. Na expressão atividade agro-econômica podemos incluir atividades agrícolas, pecuárias e agroindustriais. O exame da(s) atividade(s) do estabelecimento pode suscitar controvérsia sobre ser(em) ou não preponderantemente agrária(s), o que influenciará na caracterização (ou não) do empregador como rural. Quanto ao local de prestação de serviços, propriedade rural é aquela localizada na área rural, e o prédio rústico pode ser definido como local onde se exercem atividades agropastoris (e que pode se localizar na área urbana). Deste modo, além dos pressupostos característicos da relação de emprego urbana (pessoa física, pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação) a identificação do rurícola depende também de haver: Trabalho em propriedade rural ou prédio rústico Empregado rural Trabalho prestado a empregador rural Ainda sobre o assunto enquadramento do rurícola é oportuno mencionar a Orientação Jurisprudencial abaixo, que transparece esta questão do enquadramento como rurícola depender da atividade preponderante da empresa (empregador): Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 34 207 OJ-SDI1-38 EMPREGADO QUE EXERCE ATIVIDADE RURAL. EMPRESA DE REFLORESTAMENTO. PRESCRIÇÃO PRÓPRIA DO RURÍCOLA. O empregado que trabalha em empresa de reflorestamento, cuja atividade está diretamente ligada ao manuseio da terra e de matéria-prima, é rurícola e não industriário, (...) pouco importando que o fruto de seu trabalho seja destinado à indústria (...) Ressaltamos, ainda, o cancelamento das OJs 315 e 419 ao final de 2015, por perda de consenso a respeito do assunto: OJ-SDI1-315 MOTORISTA. EMPRESA. ATIVIDADE PREDOMINANTEMENTE RURAL. ENQUADRAMENTO COMO TRABALHADOR RURAL É considerado trabalhador rural o motorista que trabalha no âmbito de empresa cuja atividade é preponderantemente rural, considerando que, de modo geral, não enfrenta o trânsito das estradas e cidades. OJ-SDI1-419 ENQUADRAMENTO. EMPREGADO QUE EXERCE ATIVIDADE EM EMPRESA AGROINDUSTRIAL. DEFINIÇÃO PELA ATIVIDADE PREPONDERANTE DA EMPRESA. Considera-se rurícola empregado que, a despeito da atividade exercida, presta serviços a empregador agroindustrial (art. 3º, § 1º, da Lei nº 5.889, de 08.06.1973), visto que, neste caso, é a atividade preponderante da empresa que determina o enquadramento. Quanto à legislação aplicável ao empregado rural (rurícola), a Lei 5.889/73 estende as disposições da CLT no que esta não colidir com seu próprio regramento: Lei 5.889/73, art. 1º As relações de trabalho rural serão reguladas por esta Lei e, no que com ela não colidirem, pelas normas da Consolidação das Leis do Trabalho. Além disso, é bom relembrar que o artigo 7º da Constituição Federal também se aplica aos rurícolas, por força de seu caput: CF/88, art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social (...) Veremos as demais disposições da Lei 5.889/73 nas aulas próprias (remuneração, jornada de trabalho etc). Empregado doméstico INCIDÊNCIA EM PROVA: BAIXÍSSIMA Esta categoria é agora regulada pela LC 150/2015, que revogou a Lei 5.859/72. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 35 207 Conforme a citada Lei, é considerado empregado doméstico aquele que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família no âmbito residencial destas. Percebam então que, assim como no caso do rurícola, aqui também temos elementos fático-jurídicos diferenciados característicos da relação de emprego doméstico. Relembrando o esquema anterior dos empregados urbanos: Pessoa física Pessoalidade Onerosidade Empregado Não eventualidade Subordinação jurídica Agora vamos comentar as diferenças existentes no vínculo do doméstico. Enquanto no vínculo empregatício urbano e rural falamos em não eventualidade, aqui tem lugar a continuidade. Ainda não há Súmula ou Orientação Jurisprudencial do TST sobre o tema, mas a doutrina dominante entende que continuidade não é sinônimo de não eventualidade. A nova Lei definiu que será considerado doméstico aquele que trabalhar mais de dois dias por semana à mesma pessoa ou família, encerrando a divergência que havia a respeito. Vimos quanto ao empregado urbano que seu empregador pode ter ou não finalidade lucrativa, e que isto seria indiferente para a configuração do vínculo de emprego. No caso do trabalho doméstico a situação muda de figura: só podemos falar em empregado doméstico quando o serviço seja prestado com finalidade não lucrativa (a pessoa ou família). Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 36 207 Assim, para que configuremos o labor doméstico os serviços prestados não podem ter a finalidade de produzir mercadorias ou serviços para revenda. Se o caseiro da chácara (ambiente urbano ou rural) cuida da horta, do galinheiro, do pomar e o produto destas atividades se destina ao consumo da família, ele poderá se enquadrar como doméstico (atendidos os demais requisitos). Se as frutas, hortaliças e ovos são comercializados, o caseiro é força de trabalho utilizado em processo produtivo, então não será doméstico. Acerca do tipo de trabalho, vejam na definição da lei que este requisito não é distintivo, motivo pelo qual a prestação de labor sem finalidade lucrativa no âmbito residencial, como os prestados por enfermeira particular, mordomo, caseiro, cozinheira, etc., podem, todos, enquadrar-se como doméstico. Desta forma, podemos dizer que a natureza do serviço prestado não é relevante para a caracterização do vínculo empregatício. Em relação ao empregador doméstico, percebam que este é pessoa física ou família: é inadmissível em nosso ordenamento empregador doméstico pessoa jurídica. Além de pessoa física e família, a doutrina admite que grupo unitário de pessoas (como república estudantil) possa tomar trabalho doméstico. Este tema foi explorado pela FCC na seguinte questão: FCC/TRT14 – Analista Judiciário – Área Judiciária - 2011 Karina e Mariana residem no pensionato de Ester, local em que dormem e realizam as suas refeições, já que Gabriela, proprietária do pensionato, contratou Abigail para exercer as funções de cozinheira. Jaqueline reside em uma república estudantil que possui como funcionária Helena, responsável pela limpeza da república, além de cozinhar para os estudantes moradores. Abigail e Helena estão grávidas. Neste caso, (A) nenhuma das empregadas são domésticas, mas ambas terão direito a estabilidade provisória decorrente da gestação. (B) ambas são empregadas domésticas e terão direito a estabilidade provisória decorrente da gestação. (C) somente Helena é empregada doméstica, mas ambas terão direito a estabilidade provisória decorrente da gestação. (D) somente Abigail é empregada doméstica, mas ambas terão direito a estabilidade provisória decorrente da gestação. (E) ambas são empregadas domésticas, mas não terão direito a estabilidade provisória decorrente da gestação. O gabarito é (C), pois Helena labora em âmbito residencial do grupo estudantil, sem finalidade lucrativa. Antonio Daud, Mara Queiroga Camisassa de Assis, Equipe Mara Camisassa Aula 02 - Prof. Antonio Daud CNU - Concurso Nacional Unificado (Bloco 4 - Trabalho e Saúde do Trabalhador) Conhecimentos Específicos - Eixo Temático 5 - Direito do Trabalho - 2024 (Pós-Edital) www.estrategiaconcursos.com.br 37 207 Já as outras laboram para um pensionato (que é um empreendimento com fins lucrativos), e por isso não são domésticas. Falaremos sobre estabilidade em
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