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Currículo e avaliação daCurrículo e avaliação da aprendizagemaprendizagem AUTORIA Fabiane Fantacholi Guimarães Bem vindo(a)! Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Currículo e avaliação da aprendizagem. Esta apostila foi organizada de modo especial para você, que no nosso entendimento tem buscado com excelência compreender os desa�os que envolvem o setor educacional e que in�uenciam no processo de ensino-aprendizagem. Esta apostila é composta por uma introdução seguida de quatro unidades criteriosamente analisadas, selecionadas para dar sustentação a presente discussão e conclusão. Na Unidade I você irá trabalhar com o tema O CURRÍCULO ESCOLAR, cujos conteúdos de destaque serão: Currículo: Conceituação, Tendências e História Aspectos Legais e Pedagógicos que envolvem o Currículo Escolar Currículo: etnia, raça e nação – implicações para a escola e para o currículo Currículo e as Novas Tecnologias Na Unidade II, com o tema O CURRÍCULO, O DESENVOLVIMENTO HUMANO E A APRENDIZAGEM, os focos serão: Currículo e Desenvolvimento Humano O Currículo e a Aprendizagem Currículo, Escola e Comunidade: relações e possibilidades A Unidade III, com tema AVALIAÇÃO ESCOLAR, versará sobre: Fundamentos Legais para Avaliação Escolar Os Diversos Processos de Avaliação da Aprendizagem Instrumentos de Avaliação Na Unidade IV, a última, de tema AVALIAÇÕES, tem ênfase em: Avaliações externas: Prova Brasil, SAEB, ENEM e o ENADE Práticas avaliativas e instrumentos de avaliação Por �m, lembre-se, caro(a) graduando(a), que o texto apresentado não irá esgotar todas as possibilidades de pensar e re�etir acerca das temáticas abordadas, mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão das análises realizadas acerca das temáticas propostas. Para tanto, cumpre destacar que ao �nal de cada unidade você encontrará um resumo do texto realizado, a �m de facilitar seus estudos e compreensão. Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura e não se esqueça: esse é só seu primeiro passo no campo do CURRÍCULO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM! Faça outras viagens, teça outras teias e consolide seu conhecimento no campo da formação humana. Vamos aos estudos! Sumário Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da unidade, assista ao vídeo de considerações �nais. Unidade 1 O currículo escolar Unidade 2 O currículo, o desenvolvimento humano e a aprendizagem Unidade 3 Avaliação escolar Unidade 4 Avaliações O currículo escolar AUTORIA Fabiane Fantacholi Guimarães Sumário Introdução 1 - Currículo: Conceituação, Tendências e História 2 - Aspectos Legais e Pedagógicos que envolvem o Currículo Escolar 3 - Currículo: etnia, raça e nação – implicações para a escola e para o currículo 4 - Currículo e as Novas Tecnologias Considerações Finais Introdução Caro(a) estudante. Seja bem-vindo(a) à Unidade I da disciplina Currículo e Avaliação da Aprendizagem. Nesta unidade, intitulada “O CURRÍCULO ESCOLAR”, estudaremos no primeiro momento: a evolução do conceito de currículo e as tendências e história do currículo; no segundo momento: analisaremos os aspectos legais e pedagógicos que envolvem o currículo escolar; no terceiro momento: abordaremos as implicações para a escola e para o currículo acerca da temática: etnia, raça e nação; no quarto momento: compreenderemos como ocorre a inclusão das novas tecnologias no currículo escolar. A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso superior. Boa leitura e bons estudos! Plano de Estudo: 1. Currículo: Conceituação, Tendências e História 2. Aspectos Legais e Pedagógicos que envolvem o Currículo Escolar 3. Currículo: etnia, raça e nação – implicações para a escola e para o currículo 4. Currículo e as Novas Tecnologias 3. Abordar as implicações para a escola e para o currículo acerca da temática: etnia, raça e nação. 4. Compreender como ocorre a inclusão das novas tecnologias no currículo escolar. Objetivos de Aprendizagem: 1. Conhecer a evolução do conceito de currículo e analisar as tendências e história do currículo. 2. Analisar os aspectos legais e pedagógicos que envolvem o currículo escolar. Currículo: conceituação, tendências e história Podemos dizer que o currículo é vida da escola, incluindo todos os movimentos no convívio escolar, as experiências e as vivências que ocorrem dentro de um ambiente educativo formal. Currículo é o que é percebido por nós, pelos alunos, professores, gestores, funcionários, responsáveis pelos alunos, ou seja, pela comunidade escolar, mas também apresenta vários aspectos que não conseguimos perceber. Caro(a) estudante, apresentaremos algumas de�nições sobre a palavra “currículo” a seguir. No Grande Dicionário Houaiss (2017), uma de�nição de currículo é “programação de um curso ou de uma matéria ou de uma matéria a ser examinada”. Segundo Hamilton (1992 apud SANTOS, 2002) a palavra “currículo” foi registrada pela primeira vez em 1633, no Oxford English Dictionary, como um curso inteiro seguido pelos estudantes. Assim, “o currículo representa a caminhada que o sujeito irá fazer ao longo de sua vida escolar, tanto em relação aos conteúdos apropriados quanto às atividades realizadas sob a sistematização da escola” (LIMA; ZANLORENZI; PINHEIRO 2012, p. 25). Note, caro(a) estudante, que não é fácil conceituar o termo “currículo”, pois ele não tem um sentido único. Há uma diversidade de sentidos e de�nições, dependendo da linha de pesquisa do autor. As diversas de�nições e conceituações levam ao que alguns autores chamam de polissemia, ou seja, vários sentidos e signi�cados que o termo representa, sem que se chegue a um consenso entre essas interpretações. Por essa razão, é preciso conhecer as concepções de maneira contextualizada e não correr o risco de aceitar apenas uma como a melhor de�nição. Deve-se compreender como o currículo tem sido abordado pelos diferentes autores e teorias para avaliar CONCEITUANDO Etimologicamente, “currículo” é um termo proveniente do latim – curriculum (corrida, carreira) e currere (correr) – e signi�ca caminho, jornada, trajetória, percurso a seguir. Pode parecer simples, mas o termo carrega em si o peso de transformar alguma coisa, pois indica movimento, algo que se move ao longo de determinado tempo. Em outras palavras, no caso do currículo escolar, o termo indica um percurso a ser seguido pelo estudante. quais desses conceitos estão mais próximos de atender às necessidades do contexto educativo em que se encontram inseridos. Assim, as diferentes maneiras de de�nir o termo levam a compreender que o currículo “é uma construção cultural, histórica e socialmente determinada; e refere-se a uma prática condicionadora de si mesmo e de sua teorização” (MATTOS, 2013, p. 24) Há dois aspectos que predominam nas de�nições (MOREIRA, 1997 apud MATTOS, 2013): 1. Conhecimento escolar - o currículo refere-se ao conhecimento transmitido pela escola de maneira pedagógica e didática, como um conjunto de disciplinas, sendo aplicado pelo estudante. 2. Experiência de aprendizagem - o currículo está focado nas diferenças individuais e na preocupação com as atividades do estudante. O termo refere-se aos caminhos que ele percorre em sua formação. Vários autores tratam de de�nir o termo, que recebeu diferentes concepções tanto em relação ao seu signi�cado quanto à sua função ao longo da história. Essas de�nições variam de acordo com diversos contextos históricos e culturais. De acordo com Ribeiro (1993), há três de�nições mais comuns sobre o currículo, sendo elas: 1. A de�nição mais comum é aquela que identi�ca o currículo como sinônimo de organização curricular, ou seja, “como elenco e sequência de matérias ou Quadro 1 - O currículo segundo diferentes autores AUTORES CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO Foshay (1969) Currículo é o conjunto de todas as experiências que o aluno adquire, sob a orientação daescola. Saylor (1966) Currículo engloba todas as experiências de aprendizagem proporcionadas pela escola. Phenix (1958) Currículo é o modelo organizado do programa educacional da escola e descreve a matéria, o método e a ordem do ensino – o que, como e quando se ensina. Johnson (1977) Currículo é uma série estruturada de resultados de aprendizagem que se tem em vista. O currículo prescreve (ou, pelo menos, antecipa) os resultados do ensino; não prescreve os meios. Fonte: Ribeiro (1993). Highlight disciplinas propostas para todo o sistema escolar, um ciclo de estudo, um nível de escolaridade ou curso, visando à graduação dos alunos nesse sistema, ciclo, nível ou curso” (RIBEIRO, 1993, p. 11). 2. Currículo como disciplina ou matérias, conteúdos programáticos e respectivas observações didáticas. Aqui ele representa um programa de ensino em determinada área de estudo, uma listagem um esquema ou um sumário por área disciplinar. 3. Por �m, o currículo pode “representar um conjunto de diferentes modos de pensar e investigar a realidade e experiência humana, privilegiando-se, assim, o desenvolvimento de capacidades e processos intelectuais – signi�cativamente representados nessas disciplinas do saber” (RIBEIRO, 1993, p. 13). A autora Eyng (2012) também analisou e destacou três concepções sobre o currículo, sendo elas: É facilmente perceptível que, em uma mesma linha de entendimento, existem variações na referência da análise. Nessa vertente, que entende o currículo como conteúdo, encontra-se a forma de compreendê-lo como uma sequência de unidades de conteúdos e a de vê-lo como um conjunto de resultados de aprendizagem. Por outro lado, a forma de compreender o currículo como um conjunto de resultados de aprendizagem está vinculada à preocupação de o papel da escola ser atingir os objetivos e, assim, concretizar os resultados previstos no currículo. Desse modo, a demasiada preocupação com o produto deixa de lado um aspecto fundamental, complexo e dinâmico: o processo (EYNG, 2012). Ainda que a clareza da �nalidade seja virtual no processo pedagógico, não podemos, caro(a) estudante, ignorar o contexto, as condições e os processos nos quais se concretiza. 1. O currículo como conteúdo - é uma das formas mais usuais e historicamente relevantes que encontramos. Contudo, o entendimento do que seja o seu conteúdo tem uma variação muito grande. “Pode signi�car o conteúdo da educação, isto é, o curso compreendendo a sequência e o conjunto de estudos que se há de seguir para adquirir uma educação. Também signi�ca o conhecimento, o conteúdo de uma disciplina especí�ca ou, ainda o conteúdo da cultura socialmente construída” (EYNG, 2012, p. 24). Highlight Highlight Highlight No entanto, um currículo não pode limitar-se a planos, anteprojetos, propósitos, pois pode correr o risco de permanecer no campo das intenções. Ainda que, ao de�nirmos e organizarmos as intenções de um currículo, devemos indicar a relação com os elementos educacionais, tais como �nalidades, objetivos, conteúdos, metodologias, avaliação e análise de necessidades e custos para sua operacionalização, só planejá-lo não basta. Assim, o que se espera é que o currículo apresente intenções justi�cadas que sirvam de referenciais detalhamento dos planos que os professores irão desenvolver, os quais devem estar ajustados a cada contexto educativo em particular, no qual serão desenvolvidos (EYNG, 2012). Ao concluir a descrição das três concepções anteriores, podemos compreender a relação com a representação e a ação, assim denominadas pelas dimensões básicas da racionalidade. “Com a primeira, como é facilmente compreensível representamos o mundo, tentamos explicá-lo, analisá-lo, formular teorias, compreendê-lo e interpretá-lo. Com a segunda, a ação, atuamos sobre o currículo, para mudá-lo e transformá-lo” (EYNG, 2012, p. 26). A fronteira entre a representação e a ação não é sempre nítida e nem sempre necessária, mas ambas constituem o marco básico da racionalidade. Esta, em última instância, de�ne como construímos e percebemos a representação e que tipo de ação aceitamos como racional. 2. O currículo como plani�cação - entender o currículo como plani�cação signi�ca assumi-lo como algo que está estabelecido, indicando os marcos a partir dos quais se desenvolverá a atividade educativa de uma escola. Mas, como na classi�cação anterior, o grau de especi�cação dessa conceituação varia consideravelmente. “Ele pode ser entendido como um conjunto organizado de intenções educativas e de instruções e também como o documento onde se apresentam tanto o que há de ser aprendido e ensinado, como os materiais e métodos de ensino” (EYNG, 2012, p. 25). 3. O currículo como realidade interativa - entender o currículo como realidade interativa é assumi-lo como ente que comporta todas as experiências educativas sob responsabilidade da escola. O currículo como realidade interativa implica “fundamentalmente a consideração dinâmica entre planejamento da escola e da aula e consideração das convergências e/ou divergências existentes entre o currículo como intenção e o currículo como ação”. Essa visão desta o professor” (EYNG, 2012, p. 26) como o principal agente curricular, por isso é vital a sua formação para a compreensão, o planejamento e a gestão adequada do currículo. Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Sacristán (1995 apud EYNG, 2012), elaborou as seguintes concepções para currículo: Currículo como fenômeno prático complexo - inserido em um sistema escolar direcionado a professores e alunos. Aqui ele é adequado ao contexto no qual é elaborado, desenvolvido e avaliado. Currículo como práxis - aqui o currículo é entendido como vários tipos de ações que in�uenciam sua con�guração. O currículo é concebido como um documento ou objeto dinâmico que integra teoria e prática e expressa a função socializadora e cultural da escola. A construção do currículo está direcionada aos contextos políticos, administrativos e pedagógicos. Currículo como construção social - aqui o currículo parte com base na realidade da vida escolar e da sociedade em que está inserido. Currículo como construção da cultura - aqui o currículo não é um conceito, mas uma construção cultural, isto é, não se trata de uma ideia abstrata que tem algum tipo de existência fora da experiência humana ou anterior a ela, mas sim de um modo de organizar uma série de práticas educativas. Currículo como campo de investigação - aqui o currículo requer concebê-lo como algo que mantém certas interdependências com outros campos da educação, ou seja, signi�ca em constante mudança e sempre relacionado a outros campos da educação. Currículo como guia de experiência - aqui o currículo é entendido como guia da experiência que o aluno obtém na escola e como o conjunto de responsabilidades da escola para promover uma série de experiências. Currículo como de�nidor dos conteúdos - dele devem fazer parte planos, projetos e objetivos. O currículo, nesse caso, deve ser compreendido como um documento que vai nortear as diretrizes da escola. Currículo como conjunto de conhecimentos - aqui o currículo é entendido como conjunto de conhecimentos ou matérias, os quais devem ser superados pelo aluno dentro de um ciclo, nível educativo ou modalidade de ensino, é a concepção mais clássica e difundida. A re�exão sobre as concepções de currículo é de grande importância para o pro�ssional que lida diretamente com o processo educacional, visto que nele permeiam as crenças, os valores, a ideia do que é educação, de ser humano que se pretende formar, de que sociedade é ideal. Assim, analisar o currículo como elemento integrador dessa formação torna-se essencial para atender às demandas que a sociedade atual impõe à escola, aos professores, aos pedagogos e aos demais pro�ssionais que lidam com as instituições escolares. Agora, caro(a) estudante, um pouco da história do currículo. Se o termo “currículo” for considerado uma sequência ordenada de matérias ou mesmo a totalidade de estudos, é possível voltar àsescolas do antigo Egito, da Suméria e da Grécia. Na Antiguidade, a estrutura central do currículo era formada pela escrita, pela matemática e pelas artes. Assim, ensinava-se a leitura para todos, mas apenas a elite tinha o direito de aprender a escrever. Já na Roma Antiga, os escravos aprendiam a ler para ajudar os �lhos dos senhores e, assim como na Grécia Antiga, eram chamados de pedagogos. Há de se Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight Highlight considerar que o ensino de arte sempre foi um componente curricular na Antiguidade, especialmente no que se refere à música, artes visuais e desenho, que, ao lado da geometria e da literatura, atravessou séculos, mantendo-se no currículo das escolas até os tempos atuais (PORTO, 2019). Em nossos estudos vamos abordar a trajetória do currículo no Brasil, tendo suas origens do pensamento curricular localizadas nos anos de 1920 e 1930, quando importantes transformações econômicas, sociais, culturais, políticas e ideológicas processaram-se em nosso país. A literatura pedagógica da época re�etia as ideias propostas por autores americanos associados ao pragmatismo e às teorias elaboradas por diversos autores europeus. Com base em tais ideias, os pioneiros da Escola Nova (Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Mário Casassanta, Carneiro Leão, Francisco Campos, entre outros) buscaram superar as limitações da antiga tradição pedagógica jesuítica e da tradição enciclopédia, que teve origem com a in�uência francesa na educação brasileira e esforçam-se por tornar o quase inexistente sistema educacional consistente com o novo contexto (MOREIRA, 2011). As primeiras infraestruturas do campo do currículo corresponderam, inicialmente, às reformas educacionais promovidas pelos pioneiros nos estados e, em seguida, à base institucional do atual Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) (criado em 1938, a atuação desse órgão na publicação de livros, revistas e na promoção de cursos e eventos sobre a temática. Esse instituto foi responsável pela publicação da Revista Brasileira de Estudos) e do Programa de Assistência Brasileiro- Americana à Educação Elementar (Pabaee) (criado em 1944, divulgava o pensamento curricular no país, assim como pela publicação do primeiro livro sobre currículo, em 1952, denominado Introdução ao estudo da escola primária, de João Roberto Moreira). A tradição epistemológica que fundamentou tanto as reformas como o enfoque curricular desenvolvido no INEP foi basicamente composta pelas ideias progressivistas derivadas do pensamento de John Dewey e Kilpatrick. Tais ideias foram bastante in�uentes no cenário educacional brasileiro até o início da década de 1970. No Pabaee, porém, adotou-se uma postura mais marcadamente tecnicista no trato de temas curriculares. (MOREIRA, 2011). Com o Golpe Militar de 1964 todo o panorama político, econômico, ideológico e educacional do país sofreu substanciais transformações. Diversos acordos foram assinados com os Estados Unidos visando à modernização e racionalização do país. As Na verdade, desde que a educação ganhou espaço próprio, houve a necessidade de se de�nirem conteúdos para organizar os espaços de ensino. Após passar a fazer parte do dicionário britânico, no século XIX, a palavra “currículo” ganhou o sentido de curso de aperfeiçoamento ou de estudos universitários, todavia, foi somente no século XX que passou a ser utilizada, especialmente nos Estados Unidos (PORTO, 2019). discussões sobre currículo espalharam-se e a disciplina currículos e programas foi introduzida em nossos cursos superiores. A base institucional do campo aumentou consideravelmente. A tendência tecnicista passou a prevalecer, em sintonia com discurso de e�ciência e modernização adotado pelos militares, e diluiu não só a ênfase às necessidades individuais da tendência progressivista, mas também as intenções emancipatórias das orientações críticas, incompatíveis com a doutrina da segurança nacional que passou a orientar as decisões governamentais. A preocupação principal passou a ser a e�ciência do processo pedagógico, indispensável ao treinamento adequado do capital humano do país (MOREIRA, 2011). No �nal da década de 1960, a �m de atender às demandas do processo de industrialização que se acentuava no país, a organização curricular passou a se fundamentar nas teorias tradicionais do campo do currículo, especialmente nas ideias tecnicistas de Tyler. Assim, a educação brasileira passou a receber forte in�uência norte-americana, inclusive acordos entre o Ministério da Educação (MEC) e a agência americana United States Agency for International Development (Usaid) foram �rmados para fortalecer a parceria entre os dois países (PAULA; PAULA, 2016). A partir da década de 1980, a organização curricular no Brasil recebeu a in�uência das teorias críticas do campo do currículo, com destaque às produções de Michael Apple e Henry Giroux, sendo que seus livros, Ideologia e Currículo, em 1982, e Pedagogia radical, em 1983, foram traduzidos e publicados em nosso país. É importante mencionar, ainda, a contribuição das teorias educacionais progressistas para o campo curricular brasileiro, representadas, especialmente, por Paulo Freire e Dermeval Saviani (PAULA; PAULA, 2016). Para tanto, a consolidação do campo do currículo no Brasil ocorreu na década de 1990, em decorrência das produções em programas de pós-graduação, da publicação de livros e periódicos, da realização de reuniões cientí�cas, da especialização de @freepik O “empréstimo” de modelos curriculares americanos que estivessem em harmonia com as intenções citadas não causa surpresas. No entanto, as teorias americanas inicialmente mais in�uentes no Brasil consistiram em combinações de ideias tecnicistas e progressivistas. Além disso, tais teorias interagiram com o núcleo epistemológico, também progressivista, das tradições curriculares que existiam no país (MOREIRA, 2011). estudiosos e pesquisadores nacionais nesse campo, da presença da temática na legislação educacional, nos documentos normativos do Conselho Nacional de Educação (CNE) e nos documentos o�ciais do MEC. Aspectos legais e pedagógicos que envolvem o currículo escolar Em geral, as políticas educacionais são reguladas por leis e se dão nas diferentes esferas do Poder Público: União, estados e municípios. Tendo isso em vista, neste tópico vamos estudar as políticas educacionais para o currículo gestadas no âmbito nacional aprofundando nosso olhar sobre a Constituição Federal (CF) (BRASIL, 1988), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996), Plano Nacional de Educação (PNE), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A discussão do currículo por meio do âmbito legal implica olhar, inicialmente, para a Carta Magna que compõe a legislação educacional brasileira: a Constituição Federal (CF). No que tange à educação, a CF a apresenta em seu art. 6 como direito social. A garantia desse direito é bem explicitado no art. 205, que expõe: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali�cação para o trabalho” (BRASIL, 1988). É competência da União, estados e municípios assegurar esse direito. A CF ainda destaca no art. 206 alguns princípios que devem reger a educação brasileira: Art. 206 [...] I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos o�ciais; V - valorização dos pro�ssionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI- gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial pro�ssional nacional para os pro�ssionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal (BRASIL, 1988). A despeito desses princípios, é necessário frisar que alguns deles têm implicação direta na organização dos currículos escolares. Todavia, para que esses princípios se efetivem nesses currículos, também é fundamental que o Poder Público viabilize ações para que eles se concretizem na prática. A CF ainda dispõe a respeito da organização dos conteúdos do currículo escolar. O art. 210 de�ne que: Serão �xados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. § 1º O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental. § 2º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem (BRASIL, 1988). Podemos destacar que a valorização cultural prevista na CF foi um importante avanço no âmbito educacional. Durante a Constituinte, houve intensa pressão das igrejas para que fosse garantido o Ensino Religioso nos currículos escolares, mas se o Estado é laico, isto é, se cada um tem direito à liberdade religiosa, essa questão coloca-se num con�ito ideológico e político. O caso do Ensino Religioso é apenas uma das situações que desvelam a pressão de certos setores da sociedade na constituição de uma lei. Do mesmo modo, isso já nos ajuda a compreender que o currículo é sempre um território de disputas. Caro(a) estudante, avançando mais um pouco no âmbito da legislação educacional e da dimensão do currículo, o próximo documento legal sobre o qual nos debruçaremos trata-se da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. O art. 3 da LDBEN assegura alguns princípios à educação brasileira, sendo que estes são os mesmos determinados pela CF de 1988, acrescidos de outros três que têm implicação direta sobre o currículo, a saber: respeito à liberdade e apreço à tolerância, valorização da experiência extraescolar e consideração com a diversidade étnico- racial. (BRASIL, 1996). Este último princípio foi incluído pela Lei n. 12.796, de 4 de abril de 2013, resultado de uma longa luta do Movimento Negro em torno da discussão das questões raciais, especialmente nas últimas décadas. SAIBA MAIS A LDBEN tem a �nalidade de �xar diretrizes e bases para a educação escolar brasileira, concebe a educação como todos os processos formativos que se desenvolvem nos diferentes espaços sociais, sendo que esta é dever da família e do Estado e objetiva o desenvolvimento do educando, o preparo para o exercício da cidadania e a quali�cação para o trabalho. Highlight Highlight Highlight A LDBEN de�ne a organização e a obrigatoriedade do ensino, sendo que a educação básica e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade, estruturada em pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. No que tange à responsabilidade incumbida aos estabelecimentos de ensino e aos docentes, a LDBEN dá destaque às propostas apresentadas a seguir: Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e �nanceiros; III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus �lhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009) VIII - noti�car ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.803, de 2019) IX - promover medidas de conscientização, de prevenção e de combate a todos os tipos de violência, especialmente a intimidação sistemática (bullying), no âmbito das escolas; (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura de paz nas escolas. (Incluído pela Lei nº 13.663, de 2018) XI - promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019) Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento pro�ssional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12013.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13803.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13663.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13663.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13840.htm#art17 Os artigos mencionados enfatizam a responsabilidade dos estabelecimentos de ensino e dos professores em relação à elaboração e ao desenvolvimento das dimensões do planejamento educacional (proposta pedagógica e plano de trabalho), bem como os aspectos que organizam e de�nem o currículo escolar. Também destacam a participação de toda a comunidade escolar na construção, execução e avaliação das propostas pedagógicas. Aos analisarmos, caro(a) estudante, os arts. 12 e 13, podemos perceber que na lei garante maior autonomia aos docentes e às instituições na de�nição de seus currículos e nas formas de gestão escolar. Mas, como diz o velho ditado: “o feitiço pode virar contra o feiticeiro”. Ao aludir especi�camente aos currículos, a LDBEN reitera a construção de uma base nacional comum. Convém lembrar que o texto da CF já previa essa necessidade. Ao tratar dessa base nacional comum, a LDBEN estende-a a toda educação básica: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversi�cada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá componente curricular obrigatório da educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno: (Redação dada pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) II – maior de trinta anos de idade; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003)III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969; (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) V – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) VI – que tenha prole. (Incluído pela Lei nº 10.793, de 1º.12.2003) § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia. § 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de 2016) § 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais de que trata o caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017) § 8º A exibição de �lmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.793.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.793.htm#art26%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.793.htm#art26%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.793.htm#art26%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1044.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.793.htm#art26%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/2003/Mv07-03.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.793.htm#art26%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.793.htm#art26%C2%A73 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13278.htm#ART1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art2 (Incluído pela Lei nº 13.006, de 2014) § 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluída entre os temas transversais de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 13.666, de 2018) § 10. A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justi�cativa apresentada http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13006.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Lei/L13666.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm#art1 Os elementos sobre a interface currículo e LDBEN não se esgotam aqui. Contudo o enfoque principal deste tópico foi abordar os principais aspectos da referida lei, que imbricam a construção e a organização dos currículos escolares. O presente Plano Nacional de Educação (PNE) foi implantado pela Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014, após intenso processo de discussão e debate realizado pelos pro�ssionais de educação e sociedade civil organizada e de moroso trâmite de aprovação. Esse plano constitui o planejamento da política educacional para todas as etapas e modalidades de ensino nos próximos dez anos no âmbito nacional. Dessa maneira, o PNE é um plano de Estado, e não somente um plano de governo, sendo que sua elaboração está preconizada, especialmente, pela CF e pela LDBEN. O PNE tem como diretrizes, conforme o art. 2: São diretrizes do PNE: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, cientí�ca, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos (as) pro�ssionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014). O plano apresenta ainda 20 metas para todas as etapas da educação nacional e estratégias de implantação. Essas metas, em linhas gerais, estão relacionadas à universalização da educação básica e ampliação do ensino superior; à promoção à escola e da permanência nesta; à melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem; à promoção da inclusão e da educação em tempo integral; à valorização dos pro�ssionais da educação por meio da formação, da melhoria salarial e das condições de trabalho. pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escola. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L12960.htm#art1O processo de elaboração, desenvolvimento e avaliação dos currículos escolares precisam dialogar com o PNE, contemplando suas determinações, contribuindo, assim, para sua efetivação. É possível a�rmamos, caro(a) estudante, que o PNE reconhece o currículo escolar como importante instrumento de promoção da qualidade do ensino e da aprendizagem, o que é evidenciado pelas estratégias que estabelecem da Base Nacional Comum Curricular para assegurar a efetivação de metas relacionadas à melhoria da qualidade de ensino. Em relação à elaboração, à organização, ao desenvolvimento e à avaliação dos currículos escolares, o CNE institui diretrizes curriculares para todas as etapas e modalidades de ensino, assim como para o desenvolvimento de temáticas especí�cas: educação infantil; ensino fundamental; ensino médico; educação pro�ssional técnica de nível médio; educação básica nas escolas do campo; educação especial; educação de jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais; educação escolar indígena; educação escolar de crianças, adolescentes e jovens em situação de itinerância; educação escolar quilombola; educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro- brasileira e africana; educação em direitos humanos e educação ambiental (BRASIL, 2013). É possível perceber que as diretrizes curriculares se constituem numa construção recente, entretanto, esta foi iniciada em 2005, com um indicativo elaborado pelo CNE por meio da Câmara de Educação Básica. Em tal indicação propôs-se a revisão das diretrizes até então vigentes; o principal argumento que impulsionou essa proposição foram as mudanças ocorridas nos últimos anos na legislação educacional, especi�camente na LDBEN. As DCN para a educação básica, instituídas e �xadas pelo Parecer n. 7, de 7 de abril de 2010 e pela Resolução n. 4, de 13 de julho de 2010, representam o carro-chefe no que diz respeito às concepções aos princípios e às orientações gerais de organização e CONCEITUANDO O conselho Nacional de Educação (CNE) é um órgão colegiado, independente e associado ao Ministério da Educação (MEC), instituído pela Lei n. 9.131, de 24 de novembro de 1995, que tem como objetivo contribuir para a formação de uma política nacional de educação e a promoção da educação nacional de qualidade por meio de atos normativos, deliberativos e assessoramento ao ministro da educação. Os documentos instituídos pelo CNE são normativos, ou seja, têm valor de lei. funcionamento do sistema de ensino brasileiro e segue em sua composição textual a estrutura da LDBEN. Todavia, algumas diretrizes, destinadas especi�camente a etapas e modalidades de ensino, foram construídas antes da publicação das DCN para educação básica. O papel das DCN para a educação básica é estabelecer bases nacionais comuns para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, sistematizando, dessa forma, os princípios sobre essas bases previstas na CF e na LDBEN. A abordagem didático-pedagógica do currículo orientada pelas DCN para a educação básica trata da interdisciplinaridade e da transversalidade. Dessa forma, busca-se assegurar que os conhecimentos escolares sejam tratados de forma integrada, estabelecendo com o conjunto de saberes uma rede de conhecimentos. Essa rede de conhecimentos requer a participação de todos. Nesse sentido, as DCN para a educação básica pretendem preservar a identidade cultural de cada sujeito, tratando estudantes e comunidade educacional como locutores ativos nos processos de de�nição curricular. Esse documento apresenta uma breve discussão acerca da base nacional comum e a parte diversi�cada do currículo e sua possibilidade de articulação entre as etapas e modalidades da educação básica. São diretrizes curriculares destinadas exclusivamente para cada uma dessas etapas e modalidades, que contemplam as especi�cidades e necessidades da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio ante as modalidades de ensino – educação de jovens e adultos, educação especial, educação pro�ssional e tecnológica, educação do campo, educação indígena, educação a distância e educação escolar quilombola –, articuladas às DCN para a educação básica (BRASIL, 2010). Caro(a) estudante, até aqui apresentamos as considerações iniciais do documento regente das diretrizes curriculares especí�cas, deteremo-nos, na sequência, às diretrizes curriculares para o ensino fundamental e o ensino médio. REFLITA O cuidar e o educar apresentam-se como um dos eixos norteadores das diretrizes. Nele, trata-se do binômio cuidado e educação como essência humana, os quais são indissociáveis. Segundo o Parecer n. 7/2010, “o processo educativo não comporta uma atividade parcial, fragmentada, recortada da ação humana, baseada somente numa racionalidade estratégico-procedimental” (BRASIL, 2010, p. 13). As DCN para o ensino fundamental de nove anos, instituídas e �xadas pelo Parecer n. 11, de 7 de julho de 2010 e pela Resolução n. 7, de 14 de dezembro de 2010, constituem- se num documento normativo, em que os sistemas de ensino e as unidades escolares de ensino fundamental deverão observar no momento de sua organização curricular. Segundo as DCN para o ensino fundamental, essa etapa da educação básica consiste no direito público subjetivo de cada um e dever do Estado em ofertá-lo, sendo que a base que sustenta os princípios norteadores dessas diretrizes é o direito à educação de qualidade. No art. 9 da Resolução n. 7/2010: @freepik De acordo com as DCN para o ensino fundamental, a escola, como espaço de socialização do conhecimento e reelaboração cultural, deve conceber o currículo como: “experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes” (BRASIL, 2013, p. 23). O currículo do Ensino Fundamental é entendido [...] como constituído pelas experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, buscando articular vivências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos estudantes. § 1º O foco nas experiências escolares signi�ca que as orientações e as propostas curriculares que provêm das diversas instâncias só terão concretude por meio das ações educativas que envolvem os alunos. § 2º As experiências escolares abrangem todos os aspectos do ambiente escolar: aqueles que compõem a parte explícita do currículo, bem como os que também contribuem, de forma implícita, para a aquisição de conhecimentos socialmente relevantes. Valores, atitudes, sensibilidade e orientações de conduta são veiculados não só pelos conhecimentos, mas por meio de rotinas, rituais, normas de convívio social, festividades, pela distribuição do tempo e organização do espaço educativo, pelos materiais utilizados na aprendizagem e pelo recreio, en�m, pelas vivências proporcionadas pela escola. § 3º Os conhecimentos escolares são aqueles que as diferentes instâncias que produzem orientações sobre o currículo, as escolas e os professores selecionam e transformam a �m de que possam ser ensinados e aprendidos, ao mesmo tempo em que servem de elementos para a formação ética, estética e política do aluno (BRASIL, 2010). Com base nesses princípios, o currículo será organizado tendo em vista uma base nacional comum e uma parte diversi�cada. Estas, por sua vez, devem ser geridas de forma integrada e prever uma formação ampla e articulada com a realidade local, isto é, com as especi�cidades culturais e sociais de cada comunidade educacional. Nesse sentido, a base nacional é unitária, ou seja, todos os sistemas de ensino terão a mesma formação comum enriquecida, paulatinamente, pela parte diversi�cada. As DCN para o ensino médio, instituídas e �xadas pelo Parecer n. 5, de 4 de maio de 2011 e pela Resolução n. 2, de 30 de janeiro de 2012, constituem-senum documento normativo, que os sistemas de ensino e as unidades escolares de ensino médio deverão considerar em seus currículos. As bases referenciais que compõem o documento de DCN para o ensino médio são, de certa forma, similares e complementares às propostas que constituem as DCN para o ensino fundamental. As DCN para o ensino médio, além de nortearem a estrutura e o funcionamento dos sistemas de ensino e das instituições de ensino médio, oferecem aos professores elementos para elaboração, organização e desenvolvimento do currículo e da prática pedagógica e para promoção do ensino e da aprendizagem de qualidade. Nesse cenário, o art. 13 da Resolução n. 2/2012 propõe que a unicidade entre tecnologia, trabalho e cultura seja o caminho na concretização de um currículo para o ensino médio. Art. 13. As unidades escolares devem orientar a de�nição de toda proposição curricular, fundamentada na seleção dos conhecimentos, componentes, metodologias, tempos, espaços, arranjos alternativos e formas de avaliação, tendo presente: I - as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixo integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando-os em sua dimensão histórica e em relação ao contexto social contemporâneo; II - o trabalho como princípio educativo, para a compreensão do processo histórico de produção cientí�ca e tecnológica, desenvolvida e apropriada socialmente para a transformação das condições naturais da vida e a ampliação das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos; III - a pesquisa como princípio pedagógico, possibilitando que o estudante possa ser protagonista na investigação e na busca de respostas em um processo autônomo de (re)construção de conhecimentos. IV - os direitos humanos como princípio norteador, desenvolvendo-se sua educação de forma integrada, permeando todo o currículo, para promover o respeito a esses direitos e à convivência humana. V - a sustentabilidade socioambiental como meta universal, desenvolvida como prática educativa integrada, contínua e permanente, e baseada na compreensão do necessário equilíbrio e respeito nas relações do ser humano com seu ambiente (BRASIL, 2012, p. 4-5). Destacamos aqui, caro(a) estudante, a dimensão do trabalho, da ciência e da tecnologia que assume nas diretrizes para o ensino médio papel central. Porém nomear trabalho, cultura, ciência e tecnologia como centro das propostas curriculares para o ensino médio exige mais do que a busca pelos signi�cados de cada um dos elementos que o compõe, e ultrapassa o sentido de justi�cá-los ou legitimá-los no discurso sobre o currículo. Sinalizamos para o necessário desa�o de se buscar, juntamente com os sujeitos jovens e adultos, aos quais essas proposições se destinam, os signi�cantes desses conceitos como forma de desvelá-los e explorá-los na história, nas relações de poder e nos interesses que circundam as relações sociais O currículo para o ensino médio deve assegurar a formação integral aos estudantes, de maneira articulada ao mundo do trabalho, bem como ser �exível e valorizar o interesse desse grupo social. O Parecer n. 5/2011 destaca que “o mundo do trabalho parece estar mais presente na vida desses sujeitos do que a escola” (BRASIL, 2011, p. 13), pois em algumas situações, a juventude não encontra sentido nesta. entre o trabalho, a ciência, a tecnologia na contemporaneidade. Assim, o texto normativo é expressão de uma prática social, o que torna igualmente relevante a compreensão das relações sociais que tensionam suas proposições, com vistas a superar sua limitação instrumental. Conforme analisamos anteriormente, caro(a) estudante, existem leis e documentos normativos que regulam o currículo escolar, sendo que, para divulgá-los e subsidiar os sistemas, redes ou instituições de ensino na execução e na incorporação das exigências e orientações desses documentos, o MEC elabora e publica documentos o�ciais, aqui em nossa disciplina trataremos exclusivamente dos documentos o�ciais elaborados e publicados pelo MEC, devido à abrangência nacional, entretanto, os sistemas e as redes de ensino estaduais e municipais também elaboram documentos o�ciais. Os documentos o�ciais não têm função normativa, mas orientadora. Nos últimos anos, a Secretaria de Educação Básica do MEC, por meio de equipe de trabalhos, elaborou um documento, denominado Base Nacional Comum Curricular (BNCC), contendo conhecimentos fundamentais, os quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de aprender. Essa iniciativa atende às exigências e proposições das DCN para a educação básica (BRASIL, 2013) e do PNE (BRASIL, 2014). A BNCC, destinada a todas as etapas da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), objetiva promover a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem e a formação integral e cidadã. Esse documento é constituído por direitos e objetivos de aprendizagem relacionados às quatro áreas do conhecimento – Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Matemática – e seus respectivos componentes curriculares (BRASIL, 2020), os quais devem compor a base comum dos currículos de todas as escolas brasileiras. No entanto, as escolas precisam complementar seus currículos com a parte diversi�cada, a qual deve dialogar com a base comum e ser elaborada de acordo com a realidade e a cultura local, as experiências, os interesses e as necessidades dos estudantes. Currículo: etnia, raça e nação - implicações para a escola e para o currículo Apenas da existência de uma legislação especí�ca, os contextos racial e étnico brasileiros, desde seu Período Colonial, têm marcas tão enraizadas na mentalidade das pessoas a ponto de “preconceitos, racismos, manutenção do domínio de classes e status sociais, marginalização do negro e das demais minorias serem observados diariamente nos espaços públicos e privados” (CHICARINO, 2016, p. 54). A construção do aparato legal para implementar uma educação multicultural e pluriétnica tem respaldo na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996); no Parecer 14, de 14 de setembro de 1999 (Diretrizes Nacionais para a Educação Indígena); pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003; a Resolução n. 1, de 17 de junho de 2004, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Lei n. 11.645, de 10 de março de 2008. As duas últimas alteraram a LDBEN e tornaram obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras no ensino básico. Como podemos observar na LDBEN em seu art. 26-A: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”. Nos parágrafos primeiro e segundo, deste mesmo artigo, �cam determinados: § 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008). § 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (Redação dada pela Lei nº 11.645, de 2008) (BRASIL, 1996). A compreensão de temáticas como o multiculturalismo, a diversidade, a diferença, a identidade e, mais especi�camente, da história e cultura afro-brasileiras e indígenas, no que se refere ao currículo escolar, necessita que entendamos os motivos históricos dos deslocamentos da ênfase em questões mais técnicas no processode ensino e aprendizagem para questões sociais, bem como para a ênfase em questões culturais e simbólicas (CHICARINO, 2016). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11645.htm#art1 Além do art. 26-A, temos os artigos 79-A e 79-B da LDBEN/96 que reconhece a urgência de mudança na dinâmica das relações raciais no Brasil, tornando obrigatório, tanto em estabelecimentos de ensino público quanto em estabelecimentos de ensino privado, o ensino sobre história e cultura afro-brasileira e africana, no âmbito de todo o território nacional. Esse documento procura assegurar em todos os níveis educacionais o reconhecimento e valorização da identidade negra, buscando consolidar o reconhecimento da pluralidade étnico-racial, na tentativa de identi�car e superar as manifestações de racismo, preconceitos e discriminações e, consequentemente, produzir nas instituições educacionais uma nova relação entre os diferentes grupos étnico-raciais. Segundo as DCN para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira (BRASIL, 2004), a demanda por reparações visa que o Estado e a sociedade tomem medidas para ressarcir os descendentes de africanos negros, dos danos psicológicos, materiais, sociais, políticos e educacionais sofridos sob o regime escravista, bem como em virtude das políticas explícitas ou tácitas de branqueamento da população, de manutenção de privilégios exclusivos para grupos com poder de governar e de in�uir na formulação de políticas, no pós-abolição. Visa também a que tais medidas se concretizem em iniciativas de combate ao racismo e a toda sorte de discriminações. Então, a instituição da lei enfatiza que as questões raciais são questões de conhecimento, poder e identidade, e reconhece que a desigualdade de tratamento dispensado a negros(as) e brancos(as) são questões históricas e políticas. CONCEITUANDO Lei e Diretrizes fazem parte de um conjunto de políticas de ações a�rmativas, isto é, políticas de reparações e de reconhecimento, que tem por objetivo reconhecer e valorizar a história, cultura e identidade negra. Reparação, para garantir à população negra o direito de ingresso e permanência em instituições escolares, bem como, a valorização da história e cultura negra. Reconhecimento, da igualdade de direitos civis, sociais, culturais e econômicos; da valorização dos traços culturais que distinguem os negros dos outros grupos que compõem a população brasileira; da adoção de políticas educacionais que valorizem a diversidade; do questionamento de relações étnico-raciais baseadas em preconceitos que violentam física e simbolicamente os negros (BRASIL, 2004). Todavia, caro(a) estudante, reconhecemos que, na sociedade brasileira, a simples existência de uma lei não garante a sua aplicação e, portanto, não garante mudanças. Para mudar, é preciso a adoção de uma postura politizada de ensino da história e cultura negras, consubstanciada por um currículo que é pensado para incorporar as questões étnico-raciais também de forma politizada. Assim, partindo da ideia de que o currículo é uma ferramenta de poder, e, como tal, se ressigni�cado na perspectiva étnico-racial transforma-se em um conhecimento/poder contra a hegemonia branca (não contra o(a) branco(a) efetivando o movimento de margem para o centro que o estudo politizado da história e cultura afro-brasileira e africana reivindica. Por esse motivo, o currículo é um dos mais importantes artefatos socioculturais e, portanto, se trabalharmos a sua potência de in�uenciar a ordem do mundo numa perspectiva antirracista, ele será um ponto chave que empodera as minorias, um aliado para mudar a sociedade racista brasileira. ATENÇÃO Segundo o Relatório do Comitê Nacional I - II Conferência Mundial das Nações Unidas contra o racismo, na discriminação racial, xenofobia e intolerâncias correlatas o preconceito tende a desconsiderar a individualidade, atribuindo a priori aos membros de determinado grupo características estigmatizantes com as quais o grupo, e não o indivíduo, é caracterizado. Já a discriminação racial é qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica, que tem por objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais no domínio político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida pública. Fonte: Relatório do comitê Nacional I - II Conferência Mundial das Nações Unidas contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e intoerância correlata. Brasília, agosto de 2001. ACESSAR http://www.dhnet.org.br/direitos/sos/discrim/relatorio.htm Currículo e as novas tecnologias O pensamento de que as tecnologias e a educação sejam integradas, a questão fundamental reside no domínio do conhecimento técnico e do conhecimento pedagógico do professor uni�cadamente. A implantação requer que as duas categorias de domínio cresçam, juntas ao pro�ssional do ensino. Inserir tecnologias no currículo não constitui apenas uma forma de atender aos apelos da contemporaneidade. A correta convergência entre tecnologia e currículo deve alinhar os conceitos de ensino e de aprendizagem e favorecer a seleção da tecnologia adequada, considerando os objetivos e a intencionalidade da atividade proposta e do conteúdo a ser aprendido/ensinado (ALMEIDA, 2019). Há um leque imenso de programas, jogos, atividades, �lmes, e-books entre outros que podem ser utilizados na educação. Porém, o professor deve ter atenção ao fato de que precisa conectar a tecnologia escolhida à intencionalidade da atividade, ao recurso mais adequado para a proposta e às estratégias para o ensino (ALMEIDA, 2019). Ter domínio sobre os recursos que as tecnologias oferecem é condição essencial para que o processo seja bem-sucedido, mas apenas isso não é capaz de sustentar esse sucesso. “Mais que dominar a técnica ou a tecnologia, é preciso saber quais são as possibilidades de uso didático-pedagógico e, ainda, como e por que utilizar a tecnologia escolhida” (ALMEIDA, 2019, p. 100-101). Assim, integração curricular das tecnologias refere-se à adoção de rotinas no trabalho e na administração escolar, envolvendo recursos tecnológicos, conectados em rede ou não, incluindo comunicação, trabalho colaborativo, pesquisa, acesso remoto à instrumentação, à transmissão em rede e a outros métodos (FUCKNER, 2017). SAIBA MAIS Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que no ano de 2008 foi realizado o I Seminário Web Currículo, cujo tema versou sobre a Integração de Tecnologias de Informação e Comunicação ao Currículo, realizado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, e concebido por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo. O evento foi o primeiro realizado especi�camente para tratar de questões relacionadas com a integração de mídias e tecnologias digitais ao currículo, tendo reunido especialistas do Brasil e de outros países da América Latina e da Europa. O evento teve o objetivo de discutir investigações a respeito da integração de tecnologias em práticas educativas, identi�car aquelas que privilegiem concepções inovadoras de currículo, criar um espaço de divulgação de novas ideias, concepções e propostas de formação e de trabalho em cooperação entre universidades, sistemas de ensino e setor corporativo. Essa concepção de currículo evidenciou que um evento sobre o tema web currículo deveria trazer a participação de distintas organizações que trabalham com o currículo com a mediação de múltiplas linguagens e tecnologias, tanto no âmbito dos sistemas de ensino como aquelas que desenvolvem produtos tecnológicos e oferecem serviços para a educação. Nesse sentido, diversas organizações e pro�ssionais foram convidados a participar com a apresentação de suas experiências e produções, cientí�cas ou tecnológicas e também com a proposição de trabalhospara as sessões de comunicação oral, apresentação de pôsteres e realização de o�cinas. No ano de 2010 foi realizado o II Seminário Web Currículo, com o apoio da CAPES, tendo apresentado e discutido resultados de investigações e experiências de integração de tecnologias à prática pedagógica e as concepções de currículo que se explicitam nessas práticas. A par disso, pretendeu identi�car referências teóricas e metodológicas que pudessem guiar o desenvolvimento de modelos de inovação curricular com a integração da web. Para compreender e vivenciar o signi�cado do web currículo as atividades do evento, com diferentes narrativas e ambientes virtuais, foram realizadas simultaneamente em distintos espaços da PUC/SP e integradas com o meio virtual com ações utilizando web conferências, mundos virtuais digitais tridimensionais (Second Life), apresentações on-line (streaming de vídeo) com interações por meio da Chat, além de contar com um Blog e com o Twitter (twitter.com/webcurriculo), que funcionou como espaço de cobertura do evento e como espaço de interação e construção de novas aprendizagens. O Caro(a) estudante, você sabia que há uma especi�cidade em cada recurso disponível que, se bem observada faz, a diferença, tendo em vista o objetivo do professor e o que esteja sendo estudado. Mesmo com o uso de computadores e similares, como tablets, o grau de aprendizagem de uma atividade pedagógica especí�ca sem o uso dessa ferramenta pode ser equivalente ao daquela com computador, ainda que salte aos olhos a aparência de so�sticação e re�no da primeira em relação à segunda. “Ao processar a informação acessada, ao aluno deve ser oportunizado que trabalhe essa informação de forma a produzir signi�cado ou novos conhecimentos, [...], só então torna-se útil a utilização dos recursos tecnológico informacionais” (FUCKNER, 2017, p. 71). Para tanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996) estabelece uma base nacional comum e uma parte diversi�cada. A base nacional comum é descrita por um conjunto de competências, organizadas por áreas de conhecimento, que todo egresso desta etapa da educação básica deve ter construído. O uso da tecnologia de forma crítica, consciente e responsável é comum na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que articula os estudos em todas as áreas (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas) associados com a tecnologia, no entanto cada uma tem seus componentes curriculares que possuem suas especi�cidades. Vide Quadro 2, das competências especí�cas de cada componente curricular da BNCC. microblog@webcurriculo também foi um canal instantâneo de comunicação com pesquisadores presentes ao evento ou que o acompanhem virtualmente. Durante o evento presencial foram realizados seminários, palestras de pesquisadores do Brasil e do exterior, mesas-redondas, exposição de pôsteres, com apresentação de trabalhos submetidos ao Comitê Cientí�co, o�cinas e relatos de práticas, buscando convidar professores com experiências desenvolvidas em escolas ou outros ambientes educativos ao debate sobre o tema. A discussão desenvolvida durante o evento e posterior a ele, ampliou o debate sobre Web Currículo e expandiu-se, tornando-se objeto de estudos e de integração entre as linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo – CED da PUC/SP, além de nortear discussões com a comunidade externa. Fonte: Almeida (2011). ACESSAR https://revistas.pucsp.br/curriculum/article/view/5676/4002 Quadro 2 - Competências especí�cas de cada área do conhecimento curricular da BNCC ÁREAS COMPETÊNCIAS Linguagens Arte Relacionar as linguagens da Arte e suas práticas integradas, que podem ser possibilitadas pelo uso das novas tecnologias (informação, comunicação, cinema e audiovisual). Língua Portuguesa Utilizar as tecnologias digitais, crítica e eticamente, nas práticas sociais. Língua Inglesa Utilizar as novas tecnologias para a prática de letramento na língua inglesa. Matemática Utilizar processos, ferramentas matemáticas e tecnologias digitais disponíveis para compreender e resolver problemas. Ciências da Natureza Avaliar as aplicações e implicações da ciência e suas tecnologias de forma a propor alternativas aos desa�os do mundo atual; Utilizar as tecnologias digitais para se comunicar, produzir conhecimentos e resolver questionamentos das Ciências da Natureza de forma crítica e ética; Recorrer aos aprendizados das Ciências da Natureza e suas tecnologias para compreender a diversidade humana. Ciências Humanas Geogra�a Desenvolver o pensamento espacial para resolver problemas, utilizando as linguagens cartográ�cas e iconográ�cas de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias. História Produzir e utilizar as tecnologias digitais de forma crítica, ética e responsável, compreendendo seus signi�cados para diferentes grupos ou estratos sociais. Fonte: Brasil (2020). No documento (BNCC) �ca claro que o uso da tecnologia deve ser feito com ética, para que traga benefícios para a sociedade em geral. Os alunos, desde a educação infantil, devem ser estimulados a ter um pensamento crítico, criativo e lógico, curiosidade, desenvolvimento motor e a linguagem. Já durante o ensino fundamental, quando os estudantes já desenvolveram um pensamento crítico, eles devem ser orientados a usar a tecnologia de forma consciente crítica e responsável. Isso não se resume somente ao uso na sala de aula, mas também para resolução de questões de seu cotidiano. E, por �m, no ensino médio o aluno já deve estar apto a se aprofundar mais na cultura digital e aprender coisas mais complexas, como programas de editoração grá�ca, web design e programação. Nessa fase, as escolas devem promover o desenvolvimento integral das competências e habilidades da BNCC. No entanto, caro(a) estudante, a BNCC apenas criou as diretrizes para o uso da tecnologia na educação, mas cada escola deve encontrar meios de implementar essa competência em seu currículo e criar suas próprias metodologias, no qual irá exigir uma boa pesquisa e um planejamento de professores e de toda a equipe pedagógica. Para tanto, a BNCC é o documento de base para elaboração dos currículos, compreendendo o conjunto de aprendizagens essenciais a serem garantidas a todos. Elaborar um currículo, portanto, corresponde a contextualizar a BNCC à realidade de cada um dos entes federados, considerando cada etapa da Educação Básica e as modalidades de ensino: educação especial, indígena, quilombola, pro�ssional, jovens e adultos e do campo. REFLITA Convido você, acadêmico(a), para re�etir sobre as convergências entre currículo e tecnologia, pois, diante do contexto em que se encontra a sociedade (era das incertezas, globalização econômica e cultural, desenvolvimento acelerado das tecnologias, da comunicação e da informática, generalização das fontes de informação e do acesso a elas por meio da internet), a educação tem o desa�o de compreender que o conhecimento se baseia na busca de relações que ajudem a compreender o mundo em que vivemos. Nesse contexto, o currículo adquire um papel fundamental. Fonte: Almeida (2019). Mas para elaborarmos um currículo com todas as abordagens apresentadas até o momento, precisamos entender como ocorre a elaboração e estruturação de um currículo escolar. Você sabe como ocorre? Se concebemos que o currículo compreende os objetivos, os conhecimentos, as metodologias, os métodos, as formas de gestão e de avaliação entre outros desenvolvidos pelos professores nas relações com os estudantes, sob uma determinada forma de organização escolar, a �m de promover a qualidade do ensino e da aprendizagem e, consequentemente, a formação integral e cidadã voltada à emancipação dos sujeitos, não é possível pensar num currículo elaborado exclusivamente por especialistas, externos à instituição escolar, na mera reprodução de currículos de outras instituições ou de maneira impositiva por órgãos responsáveis ou desde o ensino (PAULA; PAULA, 2016). Nessa perspectiva, o currículoprecisa ser elaborado no interior da escola, pelos seus sujeitos – professores, demais pro�ssionais da escola, estudantes e familiares se tornam produtores curriculares. A elaboração do currículo, numa perspectiva crítica, precisa considerar a situação concreta da escola, a cultura organizacional a cultura local, as necessidades e os interesses dos estudantes e dos professores. Entretanto, essa elaboração não pode ocorrer de maneira espontaneísta, reducionista, impositiva, sem diálogo, sem fundamentação teórico-metodológico, tampouco sem orientar-se nos documentos normativos e o�ciais que estudamos no início deste tópico de nossa disciplina, no qual determinam e orientam o processo de elaboração do currículo, os quais devem ser utilizados pelas instituições escolares para fundamentar suas elaborações. SAIBA MAIS Você sabia, caro(a) acadêmico(a), que a introdução das tecnologias digitais de informação e comunicação no currículo escolar aconteceu ainda antes da explosão do uso da internet tal qual a conhecemos hoje e datam do início da década de 1980, considerando as recomendações dos encontros nacionais idealizados pelo Ministério da Educação (MEC) por meio do Projeto Educom. O projeto Educom, foram pensados centros de informática em educação distribuídos em cinco instituições de ensino superior públicas: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), as quais desenvolviam pesquisas sobre o uso do computador como um recurso possível para melhorar a aprendizagem. Cada um desses grandes centros acadêmicos sistematizava os seus projetos sempre partindo de problemas, de modo a encontrar soluções para eles. Fonte: Almeida (2019). Leitura complementar: Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Doutorado em Educação. Intitulada Currículo e Emancipação: uma articulação possível? De Elisandra de Souza Peres, 2016. RESUMO O estudo presente nesta tese tem como objetivo conhecer e analisar a estratégia política e a pedagógica apresentadas nas produções teóricas da primeira fase dos autores Michael W. Apple e Henry Giroux, com a finalidade de compreender de que forma a proposta educacional desses autores articula o currículo com a emancipação, possibilitando-nos identificar sob qual perspectiva ontológica (ou ontológicas) coloca se a emancipação nesse debate. Esses autores são comumente conhecidos no campo curricular por produzirem um conhecimento que se insere no âmbito das Teorias Curriculares Críticas, desenvolvendo um conjunto de proposições teórico pedagógicas contra-hegemônicas no âmbito do marxismo, orientadas à emancipação. Tal condição confere, para fins de estudos desta tese, a necessidade de analisarmos a articulação entre currículo e emancipação à luz da teoria marxiana, produzindo algumas contribuições concernentes aos seus fundamentos na produção do conhecimento educacional. Portanto, trata-se de uma pesquisa teórica que realiza uma crítica ontológica aos fundamentos da articulação entre currículo e emancipação presentes na proposta educacional das obras de Michael W. Apple "Ideologia e Currículo" (2008); "Educação e Poder" (1989); ''Trabalho docente e textos: economia política das relações de classe e de gênero em educação" (1995); "Conhecimento Oficial: a educação democrática numa era conservadora" (1999) e Henry Giroux "Teoria Crítica e Resistência em Educação" (1986); "Escola Crítica e Política Cultural" (1983); "Pedagogia Radical" (1992); "Os Professores como Intelectuais" (1997), desdobrando, da análise feita aqui, alguns significados e consequências pedagógicas e políticas diante dos desafios da educação e, em específico, do currículo na atual sociabilidade. No que tange às perspectivas de emancipação de Michael Apple e Henry Giroux, nossa investigação demonstra que tais autores comungam da mesma base teórico-filosófica que se aproxima da concepção kantiana e frankfurtiana, e estabelecem uma estratégia progressista de educação socialista que desconsidera, como condição de sua realização, a supressão do capital. A emancipação, nessas obras, está fundada em uma noção de esclarecimento e conscientização como mediação fundamental à concretização da mudança social e da igualdade econômica, não ultrapassando, portanto, de uma perspectiva de emancipação política. Nossa investigação aponta que nenhuma esfera social pode emancipar-se por completo sem emancipar todas as demais esferas sociais. A emancipação no sentido marxiano, ao contrário, presume a emancipação da humanidade em relação ao trabalho na forma econômica do capital. Assim sendo, ao pretender solucionar os conflitos da práxis social, mediante uma estratégia de ação política restrita às mediações do complexo educacional e curricular, sem a sua vinculação concreta com as contradições históricas e com as demais mediações sociais que conduzem a sua superação, a estratégia política e pedagógica de Michael Apple e Henry Giroux, apesar de apresentar importantes resultados no sentido do desenvolvimento da educação crítica, revela-se insuficiente no que se refere às possibilidades objetivas de emancipação humana. Concluímos que a articulação Livro Filme entre currículo e emancipação presente nas obras dos autores investigados, na atual Web O currículo, o desenvolvimento humano e a aprendizagem AUTORIA Fabiane Fantacholi Guimarães Sumário Introdução 1 - Currículo e desenvolvimento humano 2 - O currículo e a aprendizagem 3 - Currículo, escola e comunidade: relações e possibilidades Considerações Finais Introdução Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade II da disciplina Currículo e Avaliação da Aprendizagem. Nesta Unidade, intitulada “O CURRÍCULO, O DESENVOLVIMENTO HUMANO E A APRENDIZAGEM”, no primeiro momento, re�etiremos sobre o currículo e desenvolvimento humano; no segundo momento, desenvolveremos a compreensão entre o currículo e a aprendizagem; no terceiro momento, analisaremos as relações e possibilidades entre currículo, escola e comunidade. A compreensão desta Unidade II contribuirá para a sua formação neste curso superior. Boa leitura e bons estudos! Plano de Estudo: 1. Currículo e Desenvolvimento Humano 2. O Currículo e a Aprendizagem 3. Currículo, Escola e Comunidade: relações e possibilidades Objetivos de Aprendizagem: 1. Re�etir sobre o Currículo e Desenvolvimento Humano. 2. Desenvolver a compreensão entre o Currículo e a Aprendizagem. 3. Analisar as reações e possibilidades entre currículo, escola e comunidade. Currículo e desenvolvimento humano Para re�etir sobre currículo e desenvolvimento humano, é necessário recorrer a algumas áreas de conhecimento além da psicologia. Os conhecimentos oferecidos pelas neurociências, antropologia, linguísticas e pelas artes são imprescindíveis para responder aos desa�os de uma escola que promova a formação humana de todos os educandos e que também amplie a experiência humana de seus educadores (LIMA, 2005, 2007). A psicologia foi a área de conhecimento de maior in�uência na educação durante grande parte do século XX. Uma ideia bastante difundida nas últimas décadas é a da criança que constrói seu próprio conhecimento. A criança desempenha, sim, um papel importante em seus processos de aprendizagem, mas não os realiza sozinha: antropologicamente, esses processos se dão por meio da ação dos adultos. Um dos componentes deste papel do adulto está na de�nição do conceito de currículo e de elaboração de seus componentes (LIMA, 2005). O desenvolvimento humano ocorre em períodos marcados pela ação, pela interação, pela aprendizagem e por etapas que começam na infância, passam pela adolescência e pela maturidade, até chegar à velhice. O processo de desenvolvimento humanoestá relacionado também à evolução biológica e é marcado pela vivência cultural (PORTO, 2019). O ser humano aprende as formas de ação que fazem parte do ambiente em que vive, e esses padrões que regulam a interação entre as pessoas são pelas práticas culturais. “Isso signi�ca que a cultura é constitutiva dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem” (LIMA, 2007, p. 25). Desde sua criação, há pelo menos 4.500 anos, em um momento histórico marcado pela invenção da escrita, da matemática e de certas práticas artísticas, a educação vem cumprindo a missão de garantir a continuidade das espécies, transmitindo às novas gerações o que foi produzido como resultado do desenvolvimento cultural da humanidade. Se os adultos têm o papel fundamental de garantir essa continuidade, é por meio da transmissão dos saberes às crianças que as ações humanas, conhecimentos e valores passam de geração a geração. Na escola, cabe ao professor, um adulto, a função pedagógica de transmitir os saberes necessários para a produção do chamado conhecimento formal ou sistematizado. Da invenção da escrita à invenção da imprensa no século XV, o desenvolvimento cultural ocorreu de maneira acentuada, e assim se manteve até os dias atuais. O principal re�exo dessas mudanças pode ser visto na escola e na exigência cada vez maior da atuação dos professores como transmissores de informações e inovações tecnológicas e com a tarefa de desenvolver as competências e promover a humanização dos alunos (PORTO, 2019). Humanizar [...] é o processo pelo qual todo ser humano passa para se apropriar das formas humanas de comunicação, para adquirir e desenvolver os sistemas simbólicos, para aprender e utilizar os instrumentos culturais necessários para as práticas mais comuns da vida cotidiana até a invenção de novos instrumentos, para se apropriar do conhecimento historicamente constituído e das técnicas para a criação nas artes e criação nas ciências. Processo de humanização implica, igualmente, em desenvolver os movimentos do corpo para a realização de ações complexas como as necessárias para a preservação da saúde, para as práticas culturais, para realizar os vários sistemas de registro, como o desenho e a escrita (LIMA, 2007, p. 18). A humanização tem relação com o desenvolvimento cultural do ser humano, e é por isso que um currículo escolar democrático tem como objetivo humanizar toda a sociedade, começando pelos alunos e, em um sentido mais amplo, sua formação (PORTO, 2019). Faz parte do papel do adulto, no que tange à formação humana das crianças, a de�nição do conceito de currículo e a elaboração de seus componentes. É por isso que a composição de um currículo é um re�exo de escolhas que podem ser favoráveis ou não ao processo de humanização. O currículo para formação humana deve ser situado historicamente (LIMA, 2007), e para sua composição é preciso considerar alguns fatores, sendo eles: Tempo - novas áreas de conhecimento formam-se a partir de áreas tradicionais ou são criadas como resultados de novas práticas culturais. Por exemplo, a ecologia surgiu como ramo da biologia. Novos conhecimentos - o currículo não se limita aos conhecimentos relacionados ao que o aluno traz de seu ambiente para a escola, mas procura sempre levar novos conhecimentos. Inclusão - um currículo deve promover a inclusão e ser orientado à inclusão de todos ao acesso de bens culturais e conhecimento e a serviço da diversidade. Assim, um currículo para a formação humana introduz sempre novos conhecimentos, não se limita aos conhecimentos relacionados às vivências do aluno, às realidades regionais, ou com base no, assim chamado, conhecimento do cotidiano. É importante alertar para a diferença entre um currículo que parte do cotidiano e aí se esgota e um currículo que engloba em si mesmo não apenas a aplicabilidade do conhecimento formal traz outras dimensões ao desenvolvimento humano, além do “uso prático”. Há, Highlight portanto, uma diferença entre partir ou utilizar metodologicamente a experiência cultural do aluno como caminho para aplicação da experiência humana na escola e de�nir como currículo a experiência cultural do aluno (LIMA, 2005, 2007). Um currículo para a formação humana é aquele orientado para a inclusão de todos ao acesso dos bens culturais e ao conhecimento, assim, a serviço da diversidade. Entendemos diversidade na concepção de que ela é a norma da espécie humana: seres humanos são diversos em suas experiências culturais, são únicos em suas personalidades e são diversos em suas formas de perceber o mundo. Seres humanos apresentam, também, diversidade biológica (LIMA, 2005, 2007). Algumas delas provocam impedimentos de natureza distinta no processo de desenvolvimento das pessoas, as de modo habitual atualmente chamadas pessoas com necessidades especiais. Como a diversidade é hoje recebida na escola, há a demanda, óbvia, por um currículo que atenda a todo tipo de diversidade. As artes �zeram parte dos currículos, em várias civilizações em momentos históricos distintos. Na verdade, a música sempre foi um componente curricular importante, acompanhada pela literatura. As artes visuais, a geometria e o desenho foram componentes curriculares que atravessaram os milênios. Na antiga Grécia, por exemplo, a música era componente curricular tão importante como a leitura e a literatura. Na Idade Média também se veri�ca essa presença. Mesmo no século XX, desenho artístico, desenho geométrico, música, canto orfeônico @freepik Os currículos iniciais nas escolas do antigo Egito, da Suméria e da Grécia tinham como eixo central a escrita, a matemática e as artes. Da escrita ensinava-se a leitura a todos, mas, o ato de escrever, propriamente dito, �cava reservado às classes sociais economicamente favorecidas. Minorias que chegavam até a escola permaneciam três anos para aprender somente a ler, enquanto as crianças das classes dominantes continuavam para aprender a escrever. Escravos que acompanhavam os �lhos dos senhores à escola, aprendiam a ler para ajudá-los nos deveres de casa. Na Roma Antiga, esses escravos eram chamados de pedagogos (PORTO, 2019). e solfejo faziam parte dos currículos de escolas públicas, inclusive no Brasil (PORTO, 2019). Um estudo cuidadoso da história do currículo na escola ao longo dos milênios revela que quando falamos em formação humana, em incluir a cultura na escola, não estamos falando em algo totalmente novo no processo de escolarização. A diferença é que hoje dispomos de muito mais conhecimento sobre o desenvolvimento do ser humano, notadamente da criança. O avanço nas várias áreas de conhecimento que estudam o ser humano em toda a sua complexidade, principalmente na área das neurociências (sobre o funcionamento biológico-cultural do cérebro), é que nos traz hoje outra dimensão para o ensino e a aprendizagem. O mais inovador é a revelação que ela traz de como os conhecimentos sistematizados – seja na área dos códigos simbólicos, das ciências ou das artes – formam a pessoa, integrando-se à sua identidade cultural e à sua personalidade (PORTO, 2019). O conhecimento torna-se não somente uma aquisição individual, mas uma das possibilidades de desenvolvimento da pessoa que terá re�exos na vida em sociedade. Formar a pessoa para situar-se, inclusive, como membro de um grupo passa a ser, também, um objetivo de uma educação escolar voltada para a humanização. Caro(a) estudante, para fechar este tópico, vamos trazer a pergunta, bem como o trecho que foi realizado no artigo intitulado Formação Humana: Currículo para o desenvolvimento humano, pela autora Platt (2009): quais os aspectos centrais que devem constar num currículo para o pleno desenvolvimento humano? É necessário conceituar a complexidade por qual se dá o desenvolvimento humano. Se temos por premissa (princípio) entender o desenvolvimento humano como processo cumulativo, contínuo, como podemos fracioná-lo por etapas, faixas etárias, julgando que através delas podemos melhor tratar as especi�cidades de cada período? Na verdade, qual seria omelhor tratamento para a questão? ATENÇÃO Esse fato é da maior importância: as comunidades humanas são afetadas de alguma forma pelo acervo de conhecimentos de todos os seus membros, ou seja, o conhecimento individual de cada um tem, também, uma dimensão coletiva. Ele pode, ou não, ser disponibilizado para todos, dependendo da concepção pessoal de cada um. O conhecimento é um bem comum, devendo, portanto, ser socializado a todos os seres humanos. O currículo é o instrumento por excelência dessa socialização. Lukács (1978), na obra Introdução a uma Estética Marxista, dissertando sobre o objeto “arte” enquanto produto histórico, produto da materialidade humana, lembra que ao considerarmos o processo histórico – portanto, humano – do ponto de vista do materialismo dialético [...]: [...], a relação recíproca real de suas partes, o fato de que o desenvolvimento (humano) jamais começa do início, mas elabora sempre os resultados de etapas precedentes, tendo em vista as necessidades atuais, assimilando-os [...] nos permite entender que o substrato (ou os períodos que designamos para a intervenção) não nega aquilo que compõe os conteúdos de desenvolvimento da humanidade – ou a sua “propriedade duradoura” –, uma vez que agrega a “complexidade e a desigualdade deste desenvolvimento”. (LUKÁCS, 1978, p. 287). Enquanto processo histórico, cada ciclo humano pode ser revisto em sua composição histórica e transitar num continuum ir e vir (LUKÁCS, 1978). Lukács (1978) fundamenta-se em Marx para nos chama a atenção que a referência de ir e vir em nosso tempo de formação não se situa unicamente ao reporte, por exemplo, a infância, mas que ao contrário, toda época pode ser revivida como um igual momento do passado que não mais retorna. Diante do exposto até aqui, podemos aferir algumas importantes signi�cações que demandam no reconhecimento de um currículo que não só se caracteriza pelo acúmulo do conhecimento historicamente produzido e que especializa-se continuamente na contemporaneidade (o que se chamaria de “código da modernidade”, cf. Oliveira, 2000) respondendo a demandas imediatas e que não são compreendidas pelos indivíduos que as elaboram em sua totalidade. Pensamos agora na produção do conhecimento que se dirige ao pleno desenvolvimento humano e analisamos por onde perpassa sua relevância: Valorização dos saberes cotidianos que denunciam o produto da culturalidade humana. Os problemas objetivos do ser humano e da sociedade (a educação requer uma perspectiva sobre o conhecimento que é essencialmente diferente do conhecimento próprio da educação especializada – SACRISTÁN; PÉREZ, 1998). Concepção omnilateral do desenvolvimento humano: a formação humana é um fenômeno social, portanto educacional e produto/produtor de várias determinações sociais (GADOTTI, 1983). Isso signi�ca dizer que a educação é total e não especializada segundo os aspectos que Aristóteles compreendia enquanto individuais e pré-existentes de desenvolvimento, ou seja, os anátomo-�siológicos; motores; cognitivos; ético-morais; socioculturais e os relacionados à prática sensível (cf. Vaz, 1991). O currículo e a aprendizagem O currículo é uma construção cultural, histórica, social que a escola torna real por meio de suas práticas diárias. Essas práticas modelam princípios a partir das dimensões da experiência, dos ambientes de aprendizagem criados e dos processos educativos proporcionados. As práticas estabelecem interações com os participantes e com o ambiente, gerando o contexto de aprendizagem e a consolidação do currículo na qualidade de prática. Em primeiro lugar, a aprendizagem nas instituições acadêmicas se organiza de acordo com o projeto cultural e, portanto, o currículo depende da escolha de conteúdos. Esse projeto cultural (ou pedagógico ou social) se realiza em determinados contextos ou condições políticas, administrativas e institucionais. Essas condições estão determinadas pela realidade, a qual, por sua vez, está estruturada sobre ideias, valores e visões de mundo (MATTOS, 2013). Logo, podemos pensar em três grandes operadores da cultura curricular: 1. A seleção da cultura, ou seja, o que selecionamos e como organizamos o conjunto de conhecimentos que consideramos necessários para a formação do cidadão; 2. As condições institucionais, isto é, a política curricular, a estrutura do sistema educacional e a organização escolar; e 3. As concepções curriculares ensejadas pelas opções políticas, psicológicas, epistemológicas, assim como pelos valores sociais e pelos modelos educativos (MATTOS, 2013, p. 32). Esses paradigmas são determinantes do currículo como “cultura”, ou seja, com base nesses elementos, selecionamos os conteúdos, os códigos e as estratégias de ensino e o resultado da aprendizagem. REFLITA Os conhecimentos que dão forma ao currículo foram criados e modi�cados pelos homens ao longo da história, por isso, ao pensarmos em um conteúdo, é imprescindível termos em vista sua história e o lugar que ocupa na sociedade atual, pois, com isso, tal conteúdo se torna dinâmico e signi�cativo no processo pedagógico. Nessa direção, podemos pensar que a forma como os conteúdos são apresentados para os alunos dá o tom sobre a perspectiva teórica defendida no projeto da escola e na ação do professor. Fonte: a autora, 2020. Deste modo, a aprendizagem está diretamente vinculada ao currículo, organizado para orientar, dentre outros, os diversos níveis de ensino e as ações docentes, pois, em primeiro lugar, a aprendizagem nas instituições de ensino se organiza de acordo com o projeto cultural e, portanto, o currículo depende da escolha de conteúdos. Para que a aprendizagem escolar se concretize em conhecimento sistemático, chegou-se à conclusão de que seria necessária uma articulação entre o fazer e o que fazer, ensinar o que e para que ensinar. Com base nesses questionamentos é que se tornou viável que seja seguida uma orientação palpável de como acontece o fazer pedagógico. O currículo escolar garante à instituição um rumo a ser seguido durante todo o ano, disciplinas, projetos didáticos e institucionais, faz com que os professores, pessoal de apoio, gestão estejam seguros do que vai acontecer no ano em questão, sem surpresas, tudo planejado, e ao mesmo tempo sujeito a mudanças, se necessário, pois o fato de ter traçado um norte, não signi�ca que a escola não precisa mais sentar para tomar decisões. Pelo contrário, torna-se ainda mais necessário, pois será aí que serão revistos e devido o que precisa melhorar e o que precisa permanecer. O currículo exerce um papel fundamental na condição de elemento determinante e determinado pelas relações que ocorrem nas salas de aula, bem como nas experiências vividas pelos alunos dentro do espaço escolar. As políticas ou princípios educacionais estabelecidos pela instituição educacional, assim como o fazer do professor e o fazer do aluno, constituem o currículo (MATTOS, 2013). Os teóricos do currículo, tais como Lundgren, citado por Sacristán; Pérez (1998), a�rmam que os sistemas condicionadores dos processos educativos são: o currículo, o sistema administrativo e o sistema jurídico. Esses três sistemas, para o autor, são determinados pela estrutura econômica, social, cultural e política de onde se enquadram. Os três condicionantes estabelecem as metas, as regras para que os processos educacionais ocorram, vide a Figura 1. Figura 1 - Sistemas condicionadores dos processos educativos Fonte: Sacristán; Pérez (1998, p. 91). Concluímos que as aprendizagens proporcionadas pela constituição do currículo são determinadas pelas relações apresentadas na Figura 1, não oferecendo liberdade para professores e alunos construírem seus currículos livremente. No entanto, ao mesmo tempo, esse sistema condicionador também estabelece certa liberdade para trabalhar e criar dentro dessas condições. Portanto, o contexto em que ocorrem as aprendizagens é um fator determinante para as atividades curriculares. O currículo, como projeto cultural, ocorre em um ambiente ou contexto que émodelador ou “medializador” das atividades simbólicas de aprendizagem. Esse mesmo contexto, somado às atividades mediadoras, deve representar um fator de motivação para que o currículo possa ser colocado em prática: a ação motivada (MATTOS, 2013). O contexto e o ambiente escolar resultantes das relações e das interações entre os diferentes sistemas que se tornam presentes no currículo geram novas relações de aprendizagem que não esperávamos: o currículo oculto, fonte de inumeráveis aprendizagens para o aluno, originadas pelas vivências, experiências e pelas inter- relações entre teoria e prática (MATTOS, 2013). Os ambientes mediatizadores são os elementos que fornecem uma “leitura ecológica da aprendizagem”, que leva em consideração as condições psicológicas, sociais e culturais que afetam a vida subjetiva e escolar, bem como os elementos externos do ambiente constituinte da educação (MATTOS, 2013). Portanto, caro(a) estudante, entendemos que o currículo escolar, como eixo norteador dos trabalhos da escola, tem grande importância, pois dá um norte para todos os seguimentos da escola, em que são um projeto de trabalho, que de�ne conceitos, disciplinas, formas de desenvolver todos os processos pedagógicos, como projetos a serem desenvolvidos durante o ano letivo. Neste sentido, o currículo deve ser encarado a oportunizar conhecimentos e aprendizagens sistematizadas para que possamos ter, de fato, uma escola que eduque e seja capaz de transformar nossos educandos em sujeitos ativos. É necessário também, antes de tudo, buscar orientações acerca da quali�cação docente. Haja vista que, se temos docentes quali�cados, e um ambiente escolar favorável, teremos, com certeza, educandos preparados e aptos a atuar na busca de sua própria transformação. @freepik Logo, a criação e o desenvolvimento de ambientes de aprendizagem, ricos e motivadores, levam à construção de uma rede de interações fundamentais para que nossos sensores cognitivos e afetivos possam iniciar o processo de internalização e construção das aprendizagens. Esses ambientes são os mediadores do processo de aprendizagem, fundamental para que ela ocorra. Currículo, escola e comunidade: relações e possibilidades O currículo torna-se projeto curricular quando a escola (ou grupo de escolas servindo uma comunidade) assume o seu conjunto de opções e prioridades de aprendizagem, enquadradas no currículo nacional, delineando e adequando os modos estratégicos especí�cos de as pôr em prática no seu contexto, com o objetivo de melhorar o nível e a qualidade da aprendizagem dos seus alunos – quando constrói o seu projeto curricular (que é naturalmente o principal conteúdo do seu projeto educativo). Como já retratado anteriormente o currículo é vida da escola, incluindo todos os movimentos no convívio escolar, as experiências e as vivências que ocorrem dentro de um ambiente educativo formal. Currículo é o que é percebido por nós, pelos alunos, professores, gestores, funcionários, responsáveis pelos alunos, ou seja, pela comunidade escolar, mas também apresenta vários aspectos que não conseguimos perceber. Sacristán (2007), procura organizar as diferentes concepções e perspectivas sobre o currículo baseando-se nos seguintes aspectos: O ponto de vista sobre a função social do currículo como ponte entre a sociedade e a escola; O currículo envolve a ideia de projeto ou plano educativo, pretenso ou real, composto de diferentes aspectos, experiências, conteúdos etc.; Fala-se do currículo como a expressão formal e material do projeto que deve apresentar, sob determinado formato – para os seus conteúdos, orientações, sequências etc.; Sacristán (2007) lembra que o currículo tem �ns sociais e culturais, pois é através da instrumentalização prática do sistema educacional e social que se concretizam as funções da escola e do currículo. O currículo é a forma de alcançar o conhecimento, é uma prática cultural e social e, muitas vezes, institucional, pois une os subsistemas e práticas diversas em atividades de ensino. O currículo é uma invenção historicamente organizada de forma política, social e educacional e, portanto, re�ete os interesses da sociedade e os valores dominantes em um processo social e educativo. Sob essa perspectiva, “[...] o currículo também é um corte cultural de conhecimentos, de conteúdos a serem aprendidos, conhecimentos oriundos das mais diferentes áreas do saber” (MATTOS, 2013, p. 26-27). O currículo deve ser a ligação, a ponte entre a prática escolar e o mundo do conhecimento e da cultura. Caro(a) estudante, para �nalizar utilizamos a pergunta: “E para a escola atual, qual o currículo?” Referem-se ao currículo os que o entendem como um campo prático. Entendê-lo assim supõe a possibilidade de: 1) analisar os processos instrutivos e a realidade da prática a partir de uma perspectiva que lhes dota de conteúdos; 2) estudá-lo como território de intersecção de práticas diversas que não se referem aos processos de tipo pedagógico, interações e comunicações; 3) sustentar o discurso sobre a interação entre a teoria e a prática em educação Também se referem a ele os que exercem atividades discursivas, acadêmicas e de pesquisa sobre todos esses temas. Dessa maneira, para de�nir a concepções de currículo a ser adotada, assim como para determinar a sua organização, é necessário nos remetermos à concepção de educação que defendemos ou almejamos, enquanto que, para identi�car qual a concepção de educação defendida atualmente em nosso país, precisamos consultar os documentos normativos, elaborados e publicados pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), para a educação básica, instituídas pelo Parecer n. 7, de 7 de abril de 2010, e de�nidas pela Resolução n. 4, de 13 de julho de 2010, a educação básica no Brasil consiste em preparar os estudantes para terem condições de contribuir para a construção de uma sociedade democrática e justa, em que se possa exercer a liberdade, a autonomia e a responsabilidade. Nessa perspectiva, cabe à escola as seguintes funções: promover a socialização e o confronto do conhecimento, as trocas de saberes, a interação entre os estudantes, o acolhimento e o aconchego para garantir o bem-estar dos estudantes, a valorização das diferentes culturas e a inclusão das diversidades. Para atender essas �nalidades, o currículo fundamentado nas teorias tradicionais do campo curricular precisa ser superado, pois essas teorias não oferecem os elementos necessários para a efetivação da educação e da escola cidadã. Somente as contribuições das teorias críticas (teorizações críticas centradas em questões curriculares) e das teorias pós-críticas podem oferecer elementos para essa efetivação (PAULA; PAULA, 2016). Nessa perspectiva de educação, o currículo se constitui em experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, em meio a relações sociais, que contribuem para a construção das identidades de nossos estudantes. Currículo associa-se, assim, aos esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas (MOREIRA; CANDAU, 2007). @freepik Ao currículo associam-se diferentes concepções, cada qual caracterizada por uma intencionalidade e determinada por uma concepção de educação e pelos fatores políticos, econômicos, sociais, epistemológicos e culturais que a in�uenciam em cada período histórico. Assim, tais concepções não são neutras, desinteressadas ou aleatórias: são construções históricas e sociais e revelam intenções, objetivos, posicionamentos e compromissos, ou seja, são políticas (MOREIRA; CANDAU, 2007). Por �m, podemos concluir que cada concepção de educação remete a uma concepção de currículo (concepções que estudamos na primeira unidade e vem se entrelaçando ao longo da segunda unidade), sendo que, atualmente, a proposta de uma educação escolar cidadã exige um currículo entendido como as experiências escolares, nas quais os conhecimentos são desenvolvidos nas relações sociais e promovem o desenvolvimento da identidade dos estudantes.Livro Filme Avaliação escolar AUTORIA Fabiane Fantacholi Guimarães Introdução 1 - Fundamentos legais para avaliação escolar 2 - Os diversos processos de avaliação da aprendizagem 3 - Instrumentos de avalição Considerações Finais Introdução Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade III da disciplina Currículo e Avaliação da Aprendizagem. Nesta Unidade intitulada “AVALIAÇÃO ESCOLAR”, estudaremos, no primeiro momento, as leis relacionadas à prática educativa em geral, e à avaliação; no segundo momento compreenderemos os tipos de avaliação da aprendizagem; no terceiro momento conheceremos alguns modelos de �chas/relatórios de instrumentos de avaliação. A compreensão da Unidade III contribuirá para a sua formação neste curso superior. Boa leitura e bons estudos! Sumário Plano de Estudo: 1. Fundamentos Legais para Avaliação Escolar 2. Os Diversos Processos de Avaliação da Aprendizagem 3. Instrumentos de Avaliação Objetivos de Aprendizagem: 1. Discutir as leis relacionadas à prática educativa em geral, e à avaliação. 2. Compreender os tipos de avaliação da aprendizagem. 3. Conhecer os instrumentos de avaliação. Fundamentos legais para avaliação escolar Políticas educacionais são iniciativas que compreendem a proposição de tantos programas quantos se �zerem necessários na área, desenvolvidos por meio de número su�ciente de projetos, cada qual com a previsão de um elenco das atividades indispensáveis. A implementação de tais políticas segue cronogramas previamente estabelecidos, de acordo com os objetivos a serem alcançados. Além do cronograma de implementação, outras variáveis, talvez a mais importante, é a avaliação. O componente avaliação visa ao desenvolvimento da política em termos quantitativos, mas, acima de tudo, busca assegurar a qualidade com vistas a resultados positivos. A Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional (LDBEN), evidência, no art. 1, bons indicadores para o apontamento de políticas educacionais para o Brasil, quando enfatiza que: “A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996). No art. 24 da LDBEN, no inciso V, coloca que: [...] a veri�cação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas �nais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante veri�cação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; [...] (BRASIL, 1996). Desse modo, a legislação buscou nortear quais seriam as principais normas que serviriam de parâmetro para os professores em relação a estrutura e funcionamento da Educação Básica; não sendo apenas em relação à avaliação, mas com o processo escolar num todo. Entretanto, anos após a promulgação da Lei, �ca a questão se a LDBEN está sendo praticada nas instituições escolares do país. Na política nacional, percebe-se um engajamento nas tendências avaliativas atuais que denotam um processo de avaliação centrado nas capacidades dos alunos e em suas aquisições. Portanto, é posto que seja avaliado o aluno em sua integralidade junto às aquisições, enfatizando-se suas aprendizagens processuais, e não somente uma etapa do ensino escolar (SANTOS, 2020). Mesmo o texto da LDBEN é caracterizado pela generalidade, dando aos pro�ssionais da educação, inclusive aos professores, um amplo espaço para agir de acordo com sua realidade – e criatividade. É inegável, contudo, que ele oferece pistas mais palpáveis com relação ao modo como agir em situações de avaliação, por exemplo, o texto deixa claro que os aspectos qualitativos (avaliação formativa) devem prevalecer sobre os quantitativos (avaliação somativa), com ambos caminhando em conjunto. Assim, a LDBEN propõe uma avaliação que propicie o bem-estar dos alunos. As provas e exames podem ser feitos ao �nal de um ciclo, porém é preciso considerar o seu processo individual e sua participação na efetivação das aprendizagens. Ao avaliar um aluno, quantitativamente, o professor está indo de encontro à LDBEN (LUCKESI, 2008). Nessa vertente, avalia o aluno mediante uma classi�cação de desempenho, e não o processo integral, a partir da quantidade e não da qualidade. Essa prática denota ao professor um descompromisso e lhe dá caráter disciplinador sobre o processo de ensino escolar. Controlar e disciplinar resulta na formação de um aluno sem autonomia e formação política. O sistema, nessa prática, se torna autoritário e antipedagógico. É preciso avaliar o que o aluno adquiriu durante o processo, e não tão somente o que lhe falta adquirir (SANTOS, 2020). Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a avaliação contempla a organização curricular por competências, essas competências expressas, nos modelos de educação da década de 1970 e 1980, já direcionavam a escola ao ensino voltado para o trabalho. O controle expresso pelo documento sobre a organização curricular é feito a partir de constituição das aprendizagens mediante as competências enumeradas para que cada etapa da educação seja alcançada. De modo geral, a BNCC indica ainda: a) ênfase na regulação e controle do sistema educacional sobre o trabalho dos professores e das escolas, contribuindo, paradoxalmente, para secundarizar e/ou desquali�car o trabalho docente e para responsabilizar os professores pelo desempenho dos estudantes; b) entendimento restrito e conteudista da Base Nacional Curricular, visto como currículo único nacional com relação de conteúdos mínimos prescritivos (competências e habilidades); c) vinculação estreita entre currículo e avaliação em larga escala, con�gurando a centralidade nos resultados obtidos pelos estudantes nas provas nacionais de Português e Matemática, mais do que com os processos de formação; d) enfoque curricular tecnicista, centrado em objetivos de aprendizagem e aferição de aprendizagens baseadas em competências; e) ausência de articulação com as demais modalidades da educação nacional que compõe a Educação Básica, como a EJA e a Educação Pro�ssional e Tecnológica; f) falta de articulação no tocante à concepção e diretrizes da Educação Básica, tendo em vista a construção de uma educação formadora do ser humano, cidadão, capaz de in�uir nos rumos políticos e econômicos do país, capaz de criar novos conhecimentos, de criar novas direções para o nosso futuro comum (AGUIAR; DOURADO, 2018, p. 41-42). A ênfase nas disciplinas de língua portuguesa e matemática denotam um teor técnico à avaliação, excluindo-se as outras disciplinas essenciais para a formação humana, como a �loso�a, a história, a sociologia e a arte. Vista por autores da área como uma medida “milagrosa” para os problemas e baixos índices educacionais brasileiros, a BNCC mascara a realidade da política nacional da educação. Os índices encontrados nas avaliações nacionais não remetem à realidade, a�nal, assim como os números demonstram uma alta nos índices, podem mascarar essa realidade na qual a educação é voltada para formação e perpetuação da classe burguesa (SANTOS, 2020). Mas, caro(a) estudante, dando continuidade ao que a LDBEN nos remete sobre avaliação, na hora de preparar o planejamento escolar estados e municípios devem seguir esse direcionamento, assim como as escolas devem considerá-lo em suas atividades mais pontuais. No caso especí�co do Ensino Fundamental, esse trabalho dos agentes deve ser alinhado aos objetivos do nível de ensino que, segundo a LDBEN, art.32, são: I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade; III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social (BRASIL, 1996). O Ensino Médio e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) seguem o mesmo direcionamento com relação às avaliações formativa e somativa e se baseiam em objetivos especí�cos ao nível de ensino. A exceção a essa regra �ca por conta da Educação Infantil que, de acordo com a LDBEN, deve se concentrar no acompanhamento e no registro do desenvolvimento da criança (BRASIL, 1996), ou seja, não existe a necessidade de aplicação de notas ou conceitos nesse ciclo de aprendizagem, de modo que é su�ciente acompanhar e registrar as conquistas dos alunos. Seja como for, deve estar claro que existem leis que norteiam a educação e constituem as políticas públicas referentes a esse campo. Essas leis são abrangentes, inclusive no trato da avaliação, de maneira que estados, municípios e instituições escolares, cada qual em sua esfera de atuação, consigam agir de maneira independente, considerando sua realidade e suas necessidades, além de sua criatividade para solucionar problemas. Caro(a) estudante, a essa altura, você pode estar se perguntando se realmente existe a necessidade de haver um corpo de leis para orientar a avaliação. Com certeza, sim. Como etapa essencial do processo de ensino, a avaliação deve seguir uma orientação geral para que cumpra sua função, que é identi�car o nível de desempenho do estudante em relação aos objetivos de aprendizagem prescritos, ou seja, veri�car seu grau de aprendizagem. Sem uma orientação geral, professores e escolas �cariam à vontade para realizar a avaliação do modo que melhor lhes conviesse, impossibilitando, entre outros desdobramentos, uma comparação da aprendizagem dos alunos em escala maior. Nesse ponto, vale salientar o caráter indicativo das leis. Como já observado, as leis são guias, norteadores. O modo de execução da avaliação �ca a critério dos pro�ssionais da educação, de quem são demandadas criatividade e, principalmente, re�exão. @freepik Nesse processo, a re�exão é uma via de mão dupla: ela ocorre de fora para dentro (com o ambiente e o contexto in�uenciando diretamente as decisões dos pro�ssionais da educação) e de dentro para fora (com as características desses pro�ssionais atuando de forma direta sobre o meio). Vamos ver como isso funciona? Na hora de criar uma avalição, por exemplo, os professores precisam levar em conta, entre os outros elementos, fatores macros, como a realidade social e econômica dos alunos, e micros, por exemplo, o conteúdo cobrado e o instrumento utilizado (PAIXÃO, 2016). Mas, ele também precisa ver a avaliação como uma espécie de autoavaliação – se os alunos não estão atingindo o nível de aprendizagem esperado, será falta de interesse deles ou de�ciências na prática, na concretização do trio conhecimento, habilidade e atitude? Todo esse cenário faz da avaliação algo complexo, que precisa ser meticulosamente analisado, concebido, aplicado e veri�cado, em um processo círculo e virtuoso. A partir das avaliações feitas no ano de 2017 em âmbito municipal, estadual e federal, as políticas públicas de educação passam a avaliar também a educação, com a inovação de avaliar a alfabetização não mais no 3º ano, e sim no �nal do 2º ano. Os resultados das avaliações não devem ser usados única e exclusivamente para traduzir um certo desempenho escolar. A sua utilização implica em servir de forma positiva na de�nição de novas políticas públicas, de projetos de implantação e modi�cação de currículos, de programas de formação continuada dos docentes e, de maneira decisiva, na de�nição de elementos para a tomada de decisões que visem a provocar um impacto, ou seja, mudanças no pensar e no agir dos integrantes do sistema (VIANNA, 2005). Creches e pré-escolas serão avaliadas conforme a BNCC, escolas públicas e privadas passarão pela avaliação nas disciplinas de língua portuguesa e matemática, do 5ª ao 9º ano, a partir da Matriz de Referência; no 9º ano do ensino fundamental, a partir da BNCC, as áreas de ciências da natureza e ciências humanas, e, no 3º ano do ensino médio, as disciplinas de língua portuguesa e matemática. Para alcançar práticas avaliativas que se dediquem ao cuidado do aluno, as atitudes de acolher, diagnosticar e decidir sobre o processo educativo, como nos ensina Luckesi (2008), julgamos necessário encarar a avaliação como ação que proporciona sentido ao ato educacional e, para isso, não podemos fugir da obrigação de colocá-la em primeira pauta no cenário da formação docente. É urgente desacomodar professores e alunos dos cursos de licenciatura e ouvi-los em seus questionamentos, dúvidas e reclamações sobre a tão conhecida, mas pouco estudada, avaliação da aprendizagem. REFLITA Caro(a) acadêmico(a), para que serve a avaliação? A avaliação existe para que conheça o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda não aprendeu, para que se providenciem os meios para que ele aprenda o necessário para a continuidade dos estudos. Cada aluno tem o direito de aprender e de continuar seus estudos. A avaliação é vista, então, como uma grande aliada do aluno e do professor. Não se avalia para atribuir nota, conceito ou menção. Avalia-se para promover a aprendizagem do aluno. Enquanto o trabalho se desenvolve, a avaliação também é feita. Aprendizagem e avaliação andam de mãos dadas – a avaliação sempre ajudando a aprendizagem. Avalia-se, também, para saber como foi desenvolvido o trabalho pedagógico de toda a escola e o da sala de aula. Avaliam-se as atividades organizadas pela escola, como conselhos de classe, reuniões com pais, reuniões com professores, atividades esportivas, feiras, exposições, jornal escolar, festas e outras. Avaliam-se a atuação dos professores e a dos demais pro�ssionais da educação que trabalham na escola. Todos são avaliados e todos avaliam. Cria-se, assim, a cultura avaliativa da escola, baseada na parceria, no respeito mútuo, na responsabilidade, na seriedade e no rigor. Essa avaliação que promove a aprendizagem do aluno e do professor e o desenvolvimento da escola é denominada de formativa, em oposição à avaliação tradicional, que visa à aprovação e à reprovação, à atribuição de notas, e que se vale quase que exclusivamente da prova. Fonte: Villas Bôas (2015). Os diversos processos de avaliação da aprendizagem A avaliação interna é praticada pelo professor em sala de aula, com o intuito de veri�car a aprendizagem dos seus alunos, podendo, por este motivo, ser muitas vezes de�nida como Avaliação da Aprendizagem. Vale salientar que concorre também para a de�nição dos tempos pedagógicos necessários para organizar os conteúdos a serem trabalhados em cada etapa de ensino, sendo seus resultados utilizados como uma forma de promoção do estudante. Logo, a avaliação acontece de várias formas na escola. É muito conhecida a avaliação feita por meio de provas, exercícios e atividades quase sempre escritas, como produção de textos, relatórios, pesquisas, resolução de questões matemáticas, questionários, entre outros. Quando a avaliação é realizada dessa forma, todos �cam sabendo que ela está acontecendo: alunos, professores e pais. Esse tipo de avaliação costuma receber nota, conceito ou menções. É o que chamamos de avaliação formal. Mas há outro tipo de avaliação muito frequente, principalmente na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental: é aquela que se dá pela interação de alunos com professores, com os demais pro�ssionais que atuam na escola e até mesmo com os próprios alunos, em todos os momentos e espaços dotrabalho escolar. Trata-se da chamada avaliação informal. Ela é importante porque dá chances ao professor de conhecer mais amplamente cada aluno: suas necessidades, seus interesses, suas capacidades. Quando um aluno mostra ao professor como está realizando uma tarefa ou quando lhe pede ajuda, a interação que ocorre nesse momento é prática avaliativa, isto é, o professor tem a oportunidade de acompanhar e conhecer o que o aluno já aprendeu e o que ele ainda não aprendeu. Quando circula pela sala de aula, observando os alunos trabalharem, o professor também está analisando, isto é, avaliando o trabalho de cada um. São momentos valiosos para a avaliação. Caro(a) estudante, precisamos lembrar de que o aluno se expõe muito ao professor ao manifestar suas capacidades e fragilidades e seus sentimentos. Cabe à avaliação ajudar o aluno a se desenvolver, a avançar, não devendo expô-lo a situações embaraçosas ou ridículas. A @freepik A diferença entre a avaliação informal e a formal é que a informal nem sempre é prevista e, consequentemente, os avaliados, no caso os alunos, não sabem que estão sendo avaliados, por isso deve ser conduzida com ética (VILLAS BOAS, 2015). avaliação serve para encorajar e não para desestimular o aluno, por isso, rótulos e apelidos que o desvalorizem ou humilhem não são aceitáveis. Gestos e olhares encorajadores por parte do professor são bem-vindos, a�nal de contas, a interação do professor com os alunos é constante e muito natural. A avaliação informal dá grande �exibilidade de julgamento ao professor, devendo ser praticada com responsabilidade. Um dos exemplos disso é o costumeiro “arredondamento de notas”, que consiste em o professor aumentá-las ou diminuí-las segundo critérios por ele de�nidos e nem sempre explicitados. Além disso, esses critérios costumam ser diferentes para cada aluno. Esse arredondamento é feito com base nessa modalidade de avaliação. Quando o arredondamento é feito para aumentar a nota, os argumentos usados costumam ser mais ou menos assim: o aluno é organizado, frequente, bonzinho, faz os deveres de casa, por outro lado, o arredondamento é feito também para diminuir a nota, usando-se justi�cativas do seguinte tipo: o aluno é desobediente, conversador, não faz as atividades, chega atrasado, é preguiçoso. São argumentos advindos da avaliação informal (VILLAS BOAS, 2015). É preciso deixar claro que a avaliação informal é muito importante e pode ser uma grande aliada do aluno e do professor, se for empregada adequadamente, isto é, para promover a aprendizagem do aluno. Um argumento a seu favor é que ela acontece em ambiente natural e revela situações nem sempre previstas, o que pode ser altamente positivo se soubermos tirar proveito dela e se não a usarmos de forma punitiva. O professor atento, interessado na aprendizagem do seu aluno e investigador da realidade pedagógica procurará usar todas as informações advindas da informalidade para cruzá-las com os resultados da avaliação formal e, assim, compor sua compreensão sobre o desenvolvimento de cada aluno (VILLAS BÔAS, 2015). Em algumas situações, o professor interage tão intensamente com a criança que passa a avaliar também sua família. Sendo tão importante, essa avaliação exige cuidados: nem tudo o que o professor observa sobre o aluno pode ser comentado em voz alta e divulgado para outras pessoas. Portanto, é importante saber que: A avaliação não pode expor a criança a situações constrangedoras; A avaliação tem de ser feita com ética: não se podem usar suas informações para outro objetivo que não seja o de contribuir para a aprendizagem do aluno; As fragilidades do aluno não devem ser relatadas publicamente; Para tanto, a avaliação formal quanto a informal são importantes, devendo ser empregadas no momento certo e de maneira adequada. Precisamos avançar nosso entendimento sobre cada uma delas, a forma de desenvolvê-las, assim como precisamos saber articular os resultados obtidos por ambas. A relevância da utilização das duas está no fato de que o aluno demonstra sua aprendizagem em forma de diversas linguagens: escrita, oral, grá�ca, estética, corporal, entre outras. A avaliação formal é insu�ciente para abranger todos os estilos de aprendizagem. A informal pode complementá-la. Caro(a) estudante, para compreender os diferentes tipos de avaliações e como elas complementam umas às outras, utilizaremos a abordagem dos autores Bloom at al. (1983) e Haydt (2008), que apresentam os seguintes tipos de avaliações: a avaliação diagnóstica, a formativa e a somativa. Haydt (2008), na mesma linha de Bloom et al. (1983), nos apresenta alguns conceitos sobre os tipos de avaliação, classi�cando a avaliação diagnóstica como aquela que deverá ser realizada ao início do curso, semestre, ano letivo ou unidade, contribui para identi�cação prévia da turma, para um momento de tomada de decisão e para possíveis modi�cações no plano de ensino inicial. A avaliação diagnóstica tem a função de determinar se os estudantes possuem as habilidades para a consecução dos objetivos do conteúdo a ser estudado, determinar o seu nível de domínio prévio, classi�cá-los quanto às alternativas de ensino e, quando aplicada durante a instrução, determinar as causas subjacentes a repetidas de�ciências na aprendizagem. Com esse diagnóstico, os professores têm elementos para identi�car o conhecimento prévio dos alunos em relação aos conteúdos do curso ou série e, a partir daí, adequar os programas de ensino a �m de assegurar a superação das di�culdades evidenciadas (BLOOM et al., 1983). Desse modo, a avaliação diagnóstica visa veri�car a existência ou ausência de habilidades e conhecimentos pré-estabelecidos. Essa é uma ação que inicia o processo avaliativo e veri�ca se os alunos dominam os pré-requisitos necessários para novas aprendizagem (FREITAS; COSTA; MIRANDA, 2014). A avaliação formativa é realizada ao longo do processo, é contínua e dá parâmetros ao professor para veri�car se os objetivos foram alcançados, podendo interferir no que está comprometendo a aprendizagem. Assim, por meio da avaliação formativa é possível constatar se os objetivos estabelecidos foram atingidos pelos alunos, como também levantar dados para que o professor possa realizar um trabalho de recuperação e aperfeiçoar seus procedimentos (HAYDT, 2008). Ampliando este campo Bloom et al. (1983, p. 9) postula que “a avaliação é a coleta sistemática de dados a �m de veri�car se de fato certas mudanças estão ocorrendo no aprendiz, bem como veri�car a quantidade ou grau de mudança ocorrido em cada aluno”. Nesse caso, a avaliação formativa tem a função de fornecer um feedback informativo à medida que o aluno evolui ou apresenta di�culdades nas etapas de estudo dos componentes considerados importantes na unidade de aprendizagem. A partir disso, a tarefa dos professores consiste em especi�car as formas pelas quais os alunos serão modi�cados e tomar uma série de decisões (materiais a utilizar, métodos mais adequados, atividades desenvolvidas pelo aprendiz) para que a aprendizagem ocorra da forma desejada. O que está sendo avaliado é a aprendizagem do aluno e não suas características pessoais (VILLAS BOAS, 2015, p. 28-29). Highlight Bloom et al. (1983, p. 67) apontam que o objetivo da avaliação formativa é “determinar o grau em que o aprendiz dominou uma determinada tarefa de aprendizagem e detectar a parcela da tarefa que não foi dominada”, enquanto a avaliação somativa tem por objetivo avaliar de modo geral em que grau os objetivos pré-estabelecidos foram atingidos. A frequência de aplicação e a posição ao longo do tempo do processo ensinar-aprender são outros fatores de diferenciação entre avaliação formativa e somativa da aprendizagem. Segundo o autor, os testes de natureza formativa são aplicados com maior frequência e durante o processo de ensino, já os testes de natureza somativa podem ser aplicados em vários momentos, todavia, tendem a ser aplicados somente ao �nal de um curso. A avaliação somativa visa classi�car os resultados da aprendizagemalcançados pelos alunos ao �nal do processo, tendo a função de classi�car o aluno e quanti�car esse processo avaliativo (HAYDT, 2008). A avaliação somativa recebe diversas críticas por não permitir a regulação da aprendizagem, uma vez que apenas comunica resultados. Assim, cada um dos tipos de avaliação tem uma função especí�ca que pode ser usado em diferentes momentos do processo avaliativo. Suas funções dependem da forma de uso e dos objetivos que se busca atingir (FREITAS; COSTA; MIRANDA, 2014). Instrumentos de avalição Os instrumentos apresentados neste tópico não são únicos nem excludentes, mas, pelo contrário, constituem uma pequena amostra de instrumentos de avaliação elaborados por pro�ssionais da docência, dentro do amplo leque de instrumentos existentes para avaliar, com o �m de facilitar aos professores essa tarefa. Para isso, utilizamos como base os autores Arredondo e Diago (2013). O objetivo fundamental dessas poucas páginas é oferecer ao(à) futuro(a) docente uma amostra de instrumentos que pode utilizar na avaliação de seus alunos. Mas nossa recomendação, e intenção última, é que sirvam de modelo ou exemplo para elaborar seus próprios instrumentos, seja reelaborando ou adaptando algum dos aqui apresentados, seja construindo outros integralmente novos. Quadro 1 - Ficha de avaliação inicial de área ou matéria Área ou matéria_________________ Curso ____________________ 1: Nível satisfatório; 2: Nível su�ciente; 3: Nível insu�ciente; 4: Nível muito baixo Conceitos iniciais Procedimentos iniciais Atitudes iniciais Aluno: C1 C2 C3 C4 P1 P2 P3 P4 A1 A2 A3 A4 Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 57). Ficha de avaliação inicial de área ou matéria A B C O 1 Pr Os Instrumentos para a Avaliação Inicial Quadro 2 - Ficha de coleta de dados na sessão de avaliação inicial Coletas de dados em sessões de avaliação inicial Grupo: Data: Orientador: Características gerais do Grupo ACNEE* com relatórios Sobrenome Nome Com 16 anos ou mais Sobrenome Nome Repetentes Sobrenome Nome Di�culdades especí�cas nas matérias Nome completo Matéria Ficha de coleta de dados na sessão de avaliação inicial A B C O 1 Pr *Aluno com necessidades educacionais especiais. Proposta para adaptação curricular Nome Completo Na Matéria Proposta para apoio em aspectos gerais básicos Nome Completo Aspectos a apoiar Proposta para entrevista com o orientador Nome completo Motivo Outras Propostas Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 58-59). Quadro 3 - Ficha para coleta de informação Área ou matéria_________________ Curso ____________________ Aluno Da observação sistemática Do trabalho e produções escolares De provas especí�cas Outras observações Proposta de nota Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 61). Ficha para coleta de informação A B C O 1 Pr Quadro 4 - Questionário sobre estilo de aprendizagem Nome completo________________________________________________________ Escola ________________________________ Curso__________________________ Data ______________________________________________Idade ______________ 1. Características individuais com que enfrenta a aprendizagem Prefere (marcar com um X): ________ Realizar trabalhos que requerem imaginação e ideias próprias ________ Realizar trabalhos dirigidos, com pautas bem determinadas ________ Abordar os problemas passo a passo ________ Abordar os problemas de maneira global ________ Estruturação lógica dos conteúdos ________ Interesse pelos conteúdos ________ Centrar-se em fatos concretos ________ Centrar-se em aspectos gerais Normalmente (marcar com um X): ________ Persiste em seu sistema de trabalho, mesmo que não funcione ________ É capaz de mudar seu sistema de trabalho se não funcionar ________ Persevera através das di�culdades ________ Rende-se com facilmente ________ Pensa antes de abordar uma tarefa ________ Começa imediatamente a realizar a tarefa ________ Tenta memorizar ________ Tenta compreender ________ Enriquece o que aprende com contribuições pessoais ________ Interpreta literalmente a situação de aprendizagem 2. Modalidade sensorial preferida de acesso ao conhecimento Prefere (marcar com um X): ________ Os elementos visuais (ler, observar...) ________ Os elementos auditivos (falar, ouvir...) ________ Os elementos cinestésicos (experimentar, manipular...) 3. Tipo e Nível de motivação Nível geral de motivação (assinalar um): ________ Alto ________ Médio ________ Baixo Tipos de Motivação (assinalar todos os que ocorrem): A. Intrínseca ________ Gosta do trabalho escolar ________ Com frequência os temas lhe parecem interessantes Questionário sobre estilo de aprendizagem A B C O 1 Pr ________ No tempo livre, voluntariamente, faz trabalhos escolares B. Medo do fracasso ________ Preocupa-se com sua capacidade para o trabalho escolar ________ Fica bloqueado nos exames ________ Manifesta ansiedade diante de algo que deve fazer C. Necessidade de rendimento ________ Gosta da competição no trabalho escolar ________ Fica muito incomodado com os resultados inferiores aos esperados ________ Dá muita importância à obtenção de melhores notas que os outros Tipo de motivação dominante (assinalar uma): ________ Intrínseca ________ Medo do fracasso ________ Necessidade de rendimento 1. Trabalho em grupo Envolvimento no trabalho em grupo (assinalar uma): ________ Rejeita o trabalho em grupo ________ Manifesta uma inatividade total ________ Observa sem participar ________ Realiza somente o trabalho pedido ________ Toma iniciativas e faz sugestões 2. Hábitos de trabalho intelectual Métodos de estudo (assinalar os que utilizar): ________ Faz anotações em sala de aula ________ Acrescenta anotações às feitas em sala de aula ou consulta livros ________ Não deixa a revisão para a última hora ________ Revisa atentamente os trabalhos antes de entregá-los Organização do tempo e do espaço (assinalar os que ocorrerem): ________ Organiza o tempo para tirar o máximo proveito ________ Respeita os prazos marcados para o estudo pessoal ________ Não se atrasa na entrega de trabalhos ________ Tem um local adequado para o trabalho pessoal Síntese do estilo de aprendizagem 1. Características individuais (assinalar um em cada par com um X): Imaginativo ________ Dirigido ________ Sequencial ________ Global ________ Interesse pela forma ________ Interesse pelo conteúdo ________ Generaliza ________ Especi�ca ________ Rígido________ Flexível ________ Persistente ________ Rende-se facilmente ________ Re�exivo ________ Impulsivo ________ Memoriza ________ Compreende ________ Criativo ________ Literal ________ 2. Modalidade sensorial (escrever a resposta): Modalidade ___________________________________________________________ 3. Motivação (escrever a resposta): Nível: Tipo: ________________________________ ______________________________ 4. Trabalho em grupo (escrever a resposta): 5. Hábitos de trabalho (anotar o número de itens assinalados): Métodos Organização _________________________________ __________________________________ _________________________________ __________________________________ _________________________________ __________________________________ _________________________________ ___________________________________ ____________________________________________________________________ _________________________________ ___________________________________ Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 62-64). Quadro 5 - Registro descritivo de avaliação inicial (conhecimentos prévios) Matéria ________________ Ciclo ____________ Curso _________Grupo ________ Aluno _____________________________ Idade ___________ Data ______________ Avaliador ___________________________ Conteúdos Prioritários Complementares conceitos errôneos inconsistentes escassos su�cientes A B C Procedimentos errôneos inconsistentes escassos su�cientes A B C para com a matéria positivo Registro descritivo de avaliação inicial (conhecimentos prévios) A B C O 1 Pr Atitudinais negativo para com um tema positivo negativo para com as tarefas positivo negativo para com o trabalho em equipe positivo negativo para com o trabalho pessoal positivo negativo Critérios de avaliação dos conteúdos Conceituais Critérios Procedimentais Atitudinais Prioritários Complementares Técnicas utilizadas Observação Entrevista Questionário Outras Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 65-66). Quadro 6 - Modelo de relatório de avaliação formativa MA: Muito alto A: Alto M: Médio B: Baixo MF: Muito Favorável F: Favorável P: Passiva N: Negativa Matéria Interesse/ Motivação (1) Aproveitamento em sala de aula (1) Trabalho Pessoal (1) Atitude (2) Rendimento Acadêmico (1) Modelo de relatório de avaliação formativa A B C O 1 Pr Os Instrumentos para a Avaliação Formativa Observações do orientador Modelo de relatório de avaliação formativa Relatório dos pais Matéria Interesse/ Motivação (1) Aproveitamento em sala de aula (1) Trabalho pessoal (1) Atitude (2) Rendimento acadêmico (1) Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 67-68). Interpretação dos termos utilizados Interesse/ Motivação Prazer por aprender. Inclinação favorável a aprender. Aproveitamento em sala de aula Resultado obtido pelo aluno por meio do planejamento e da aplicação de recursos, estratégias, métodos, técnicas que possibilitem a assimilação. Trabalho pessoal Realização de atividades de aprendizagem e estudo programadas em sala de aula e/ou de ampliação voluntária que realiza em casa. Atitude Manifestação comportamental do aluno diante das diferentes situações de ensino- aprendizagem que surgem na sala de aula. Rendimento acadêmico Resultado obtido pelo aluno por meio da utilização dos instrumentos de aprendizagem durante os períodos de aula e seu trabalho pessoal em casa. Quadro 7 - Modelo de relatório de avaliação global Relatório de avaliação Aluno: Curso: Apreciação global do nível de consecução das capacidades enunciadas nos objetivos gerais da etapa Inadequado Adequado Destaca-se Nível de assimilação dos conteúdos das diferentes matérias Área ou matéria Inadequado Adequado Destaca-se Optativa: Optativa: Orientação Medidas educacionais complementares Aplicadas: Propostas: Modelo de relatório de avaliação global A B C O 1 Pr _________ de _______________________ de ________________________ O orientador Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 69). Quadro 8 - Modelo de relatório de avaliação parcial Aluno: Curso: Escolarização no ano escolar atual Período compreendido De: Até: 1. Nível de consecução das capacidades enunciadas nos objetivos gerais da etapa Inadequado Adequado Destaca-se 2. Nível de assimilação dos conteúdos das diferentes matérias Área ou matéria Inadequado Adequado Destaca-se Optativa: Optativa: Orientação 3. Notas parciais emitidas Área ou matéria Insu�ciente Su�ciente Bom Notável Destacado Modelo de relatório de avaliação parcial A B C O 1 Pr Optativa: Optativa: Orientação 4. Medidas educacionais complementares Aplicadas: Propostas: _________ de _______________________ de ________________________ O orientador Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 70-71). Quadro 9 - Escala de controle para a avaliação processual Aluno __________________________________________________Grupo ________ Conceitos Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Avaliação Procedimentos Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Observar Observar Prestar atenção Identi�car Escala de controle para a avaliação processual A B C O 1 Pr Ordenar Organizar Pôr em série Compor Classi�car Selecionar Diferenciar Comparar Relacionar Comparar Manipular Interpretar Descrever Argumentar Recuperar Recordar Avaliação Atitudes Atividades 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Hábitos Invenção Organização Ordenação Constância Higiene Atitudes Sensibilidade Autonomia Colaboração Flexibilidade Crítica Valores Solidariedade Pluralidade estética Avaliação Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 74-75). Quadro 10 - Ficha de acompanhamento de aprendizagem Matéria _______________________________________________________________ Aspecto Avaliação Observações Medidas complementares 1 2 3 4 5 Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 76). Ficha de acompanhamento de aprendizagem A B C O 1 Pr Quadro 11 - Ficha para avaliação de diversos tipos de conteúdos Aluno __________________________________________________Grupo ________ Avaliação de diversos tipos de conteúdos Área ou matéria Professor Nº Nome completo Conceitos Procedimentos Autocorreção Busca de informação Consulta a fontes Argumentação Expressão Estruturação Ficha para avaliação de diversos tipos de conteúdos A B C O 1 Pr Os Instrumentos para a Avaliação Somativa Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 77). Área ou matéria Professor Nº Nome completo Conceitos Atitudes Atitude geral Organização e limpeza Colaboração Autocorreção Global Quadro 12 - Modelo de relatório de progresso para alunos com necessidades educacionais especiais Aluno: Grupo: Orientador: Atitudes e hábitos Atitude em relação à aprendizagem 1ª aval. 2ª aval. 3ª aval. Sim Não Às vezes Sim Não Às vezes Sim Não Às vezes Mostra interesse em aprender. Esforça-se em tarefas escolares. Trabalha com regularidade e organização. É participativo em sala de aula. Relação social Ajuda seus colegas. Pede ajuda quando precisa. Trabalha adequadamente em grupo. Trata colegas e professores com respeito. Autonomia pessoal Tem hábitos adequados (organização, higiene, saúde) Mantém a atenção Tem iniciativa Em relação ao entorno Cuida do material e das instalações Age de acordo com as normas gerais Respeita as coisas dos outros A: Alto M: Médio B: Baixo Área de Língua Conteúdos 1ª aval. 2ª aval. 3ª aval. Modelo de relatório de progresso para alunos com necessidades educacionais especiais A B C O 1 Pr A M B A M B A M B Comunicação oral Capta e compreende o sentido global das mensagens orais. Produz diálogos, descrições e narrações simples a partir de pautas dadas. Expressa suas opiniões, vivências, sentimentos de forma estruturada e pensada. Gosta de se comunicar. Atende e ouve em sala de aula. Compreende com facilidade o tom geral do texto. Interpreta adequadamente as questões que lhe são propostas. Há adequação entre o que diz e o que pensa. Comunicação escrita Compreende e assimila textos escritos. Produz textos escritos utilizando orações com sentido. Usa a ortogra�a natural em suas produções escritas. Lê com �uidez e compreende o que lê. É capaz de dar a entonação adequada ao que lê. Lê corretamente sem erros. Tem boa compreensão de leitura. Recorre ao dicionário e a outros livros de consulta. Aprende as palavras e expressões novas que lhe são propostas. É capaz de produzir diálogos, notícias ou relatos simples a partir de pautas dadas. Mostra interesse pela produção de textos escritos. Conteúdos 1ª aval. 2ª aval. 3ª aval. A M B A M B A M B Análise e re�exão sobrea língua Usa os conhecimentos ortográ�cos trabalhados na escrita. Reconhece as principais categorias gramaticas: nome, determinantes, verbos e adjetivos. Identi�ca sinônimos e antônimos, palavras polissêmicas. Reconhece as partes principais da oração: sujeito e predicado. Utiliza técnicas para planejar sua tarefa: roteiros, anotações. Manifesta interesse em apresentar seus escritos limpos e sem erros ortográ�cos. Detecta usos da língua que representam atitudes discriminatórias. Comunicação verbal e não verbal Interpreta símbolos e imagens que procedem de diferentes fontes de comunicação. Valoriza os diversos tipos de linguagem: gestual, oral e escrita. Mostra uma atitude crítica para com a linguagem oral, visual e grá�ca. Mostra gosto pela estética. A: Alto M: Médio B: Baixo Área da Matemática Conteúdos 1ª aval. 2ª aval. 3ª aval. A M B A M B A M B Números e operações Conhece e escreve os números naturais até... Conhece e escreve os ordinais até 1001. Utiliza a calculadora. Reconhece o valor absoluto e relativo dos números. É autônomo no uso de conceitos matemáticos. Mostra interesse por números e operações. Operações Adição e suas propriedades. Subtração e suas propriedades. Multiplicação e suas propriedades. Multiplicação: números inteiros, vários números, números terminados em zero. Frações Decimais Porcentagens Solução de problemas Resolve problemas simples de seu entorno. Antecipa uma solução lógica e re�exiva. Busca dados que contribuam para a solução de um problema. Conteúdos 1ª aval. 2ª aval. 3ª aval. A M B A M B A M B Realiza e compara medições simples Utiliza instrumentos de medição. Usa a régua para medir e desenhar. Sabe usar o metro e algumas unidades de medida de comprimento. Mede capacidades. Usa o litro e algumas unidades de medida de capacidade. Descobre a massa dos corpos. Usa a balança e a báscula. Sabe pensar. Conhece as unidades de tempo: dia, semana, mês e ano. Conhece as unidades de tempo: hora, minutos, segundo. Sabe usar o relógio. Ordena e compara medidas de mesma magnitude. Gosta de fazer experiências de medição. Sabe quanti�car os resultados de suas medições. Aprecia, na vida cotidiana, o valor das medições. Formas geométricas e situações no espaço Conhece, representa e classi�ca a noção de linha, reta, curva, ângulo. Conhece, representa e classi�ca a noção de �guras planas, quadrado, círculo, losango. Conhece, representa e classi�ca corpos geométricos. Segue uma orientação em planos e mapas. Aprecia as �guras geométricas na vida cotidiana. A: Alto M: Médio B: Baixo Área de Conhecimento do Meio Conteúdos 1ª aval. 2ª aval. 3ª aval. A M B A M B A M B As pessoas e sua organização Participa de forma responsável das tarefas do grupo. Respeita as opiniões e as decisões dos outros. Conhece e respeita seus direitos e deveres. O Meio Natural e suas Relações Identi�ca os sinais convencionais da legenda de um mapa. Relaciona as cores do mapa com a altitude, os lugares onde há água etc. Identi�ca e separa em fotogra�as e desenhos os elementos naturais e humanizados da paisagem representada. Reconhece algumas atividades humanas que possam modi�car a paisagem. O meio e suas interações com o meio físico Associa a distribuição da população com alguns fatores físicos. Reconhece e classi�ca, em imagens dadas, a população rural, urbana e semiurbana. Identi�ca características que diferenciam cada zona da cidade. Associa os setores de produção com o tipo de população. Conhece os elementos necessários à elaboração de um produto. Associa tipos de indústria com as matérias-primas correspondentes. O meio social e suas interações com o meio físico Identi�ca diferenças entre minerais e rochas pelo número de substâncias que entram em sua composição. Estabelece algumas propriedades de rocha e mineral. Classi�ca corpos sólidos, líquidos e gasosos conforme seu estado na natureza. Enuncia como se pode fazer para que os corpos mudem de estado. As pessoas e a saúde Conhece os processos de mudança que ocorrem em seu corpo. Identi�ca e reconhece os órgãos e suas funções em seu corpo. Conhece os fatores que favorecem ou perturbam sua saúde. Tem noções de alimentação, higiene, vestuário e consciência de seu estado de saúde. Analisa dados de seu entorno sobre saúde e cuidado pessoal. Respeita e aceita as diferenças corporais. Fonte: Arredondo e Diago (2013, p. 78-84). Livro Filme Avaliações AUTORIA Fabiane Fantacholi Guimarães Sumário Introdução 1 - Avaliações externas: Prova Brasil, Saeb, Enem e o Enade 2 - Práticas avaliativas e instrumentos de avaliação Considerações Finais Introdução Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade IV da disciplina Currículo e Avaliação da Aprendizagem. Nesta Unidade, intitulada “AVALIAÇÕES”, estudaremos, no primeiro momento, as avaliações externas que ocorrem na educação básica e ensino superior (Saeb, Enem, Enade); no segundo momento analisaremos as práticas avaliativas e os instrumentos de avaliação. A compreensão da Unidade IV contribuirá para a sua formação neste curso superior. Boa leitura e bons estudos! Plano de Estudo: 1. Avaliações externas: Saeb, Enem, Enade 2. Práticas avaliativas e instrumentos de avaliação Objetivos de Aprendizagem: 1. Conhecer as avaliações externas que ocorrem na educação básica e ensino superior. 2. Analisar as práticas avaliativas e os instrumentos de avaliação. Avaliações externas: Prova Brasil, Saeb, Enem e o Enade O sistema de avaliação nacional da educação básica engloba provas padronizadas aplicadas em todo território nacional, sendo: Provinha Brasil, Prova Brasil, SAEB, ENEM e Encceja. Já a avaliação do ensino superior é realizada mediante o ENADE. Para o desenvolvimento deste estudo destacamos as seguintes avaliações externas: a Prova Brasil, o SAEB, o ENEM e o ENADE. Mas, caro(a) estudante, �que tranquilo(a), pois teremos explicações sobre as outras avaliações no saiba mais ou texto complementar em nossa unidade. Logo, a avaliação externa realizada por agente externo à escola, geralmente aplicada em larga escala, é uma ferramenta que fornece elementos para a formulação e o monitoramento de políticas públicas, bem como o redirecionamento de práticas pedagógicas. Sistema de Avaliação da Educação Básica A Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), conhecida como Prova Brasil, e o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) são avaliações para diagnóstico, realizadas em larga escala, desenvolvidas pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), com a �nalidade de avaliar a qualidade de ensino oferecida pelo sistema educacional brasileiro. O resultado dessas avaliações é usado para calcular o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que também considera os dados de �uxo escolar fornecidos pelo Censo Escolar e consiste, portanto, em um indicador da qualidade do ensino oferecido nas escolas de todo o país. A partir de 2019, o Saeb passou a contemplar a Educação Infantil, além dos Ensinos Fundamental e Médio, que já eram avaliados. Sendo assim, os alunos que devem participar do Saeb 2019 são das turmas de: creche e pré-escola da Educação Infantil; 5º e 9º anos do Ensino Fundamental; e 3ª série do Ensino Médio. Os estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental só serão avaliados a partir de 2021. O Sistema de Avaliação da Educação Básica é composto por avaliações complementares: Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb); Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) e Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA). Desde 2019 as siglas ANA, Aneb e Anresc deixaram de existir e todas as avaliações passaram a ser identi�cadas pelo nome Saeb, acompanhado das etapas, áreas de conhecimento e tipos de instrumentos envolvidos. As aplicações se concentraram nos anos ímpares e a divulgação dos resultados, nos anos pares. Um dos destaques da reestruturação é a a�rmação de dimensões da qualidade educacionalque extrapolam a aferição de pro�ciências em testes cognitivos. As condições de acesso e oferta das instituições de Educação Infantil passarão a ser avaliadas. Ainda, serão criadas matrizes de avaliação para as novas áreas e segmentos que serão avaliados. As provas irão contemplar as competências e habilidades previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Todas as escolas particulares irão receber resultados individuais por instituição. O MEC irá testar a aplicação em formato digital com alguns alunos. Mesmo com as alterações, o sistema não perderá a comparabilidade entre edições. @freepik A partir de 2018, todas as escolas que participarem da aplicação censitária do Saeb e que cumprirem os critérios determinados terão seu Ideb calculado. O índice é divulgado a cada dois anos. Com o encerramento da divulgação do resultado Enem por escola, a população terá uma avaliação mais precisa das instituições de ensino brasileiras, por meio desse indicador, as escolas podem formular (ou reformular) seu Projeto Político Pedagógico (PPP) , visando à "melhoria da qualidade, equidade e e�ciência do ensino", segundo o portal do Inep (BRASIL, 2016b). Além dessas avaliações, foi incorporado pelo Inep, em 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com o intuito de avaliar a Educação Básica, que apesar de não estar ligado diretamente à avaliação da educação superior, tem grande impacto nesse nível de ensino por ser usado como nota de entrada para um grande número de IES, substituindo completamente, em muitos casos, o Vestibular (BRASIL, 2016b). O Enem apresenta as seguintes funções (SOARES; SOARES, 2017): a. Avaliação sistêmica, pois é base para a formulação de políticas públicas; b. Avaliação certi�catória, pois pode aferir conhecimentos para quem estava fora da escola; c. Avaliação classi�catória, pois possibilita acesso ao ensino superior pelo Sistema Uni�cado de Seleção (Sisu). SAIBA MAIS Caro(a) acadêmico(a), Saeb e Prova Brasil são a mesma coisa? Não. A Prova Brasil consiste em uma das avaliações que fazem parte do Saeb - a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc) -, mas não ao sistema como um todo. Ainda assim, a partir de 2019 a Prova Brasil passa a assumir a mesma nomenclatura do Saeb, com a indicação da etapa correspondente. A partir das médias de desempenho nos exames do Saeb calcula-se o Ideb, que considera também o �uxo escolar dos alunos. É importante destacar que o cálculo considera o desempenho dos alunos somente nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, com �ns de manter uma linha histórica de avanço. Os resultados são disponibilizados para toda a população, que pode acompanhar a evolução desse indicador ao longo dos anos. Como a correção dessas avaliações é feita pela TRI (Teoria de Resposta ao Item), os resultados das avaliações podem ser comparados de forma a analisar se a qualidade do ensino oferecido pelo sistema educacional brasileiro está melhorando ou não. O objetivo dessas avaliações é avaliar as redes ou sistemas de ensino e não os alunos individualmente. Portanto, elas são construídas e aplicadas com esse foco. Fonte: França (2020). O Enem é utilizado como forma de ingresso em algumas universidades, eliminando, em muitas ocasiões, a necessidade de prestar vestibular. Até 2016 o Enem também podia ser usado por maiores de 18 anos para seguir a certi�cação do ensino médio. Porém, a partir da edição 2017, essa função voltou a ser do Exame Nacional para Certi�cação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Além das universidades brasileiras, a partir de 2014 o Enem também passou a ser aceito como forma de entrada em universidades de Portugal, a primeira a aceitar a nota do exame como forma de inscrição foi a Universidades de Coimbra, e hoje já são mais várias universidades portuguesas que assinaram o acordo com o Inep, responsável pela aplicação do exame. Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) Para avaliar o ensino superior, foi estabelecido, em 2004, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), instituído pela Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004. O Sinaes avalia a educação superior por meio de vários instrumentos, que focam na instituição, no curso e no estudante. Os processos avaliativos são coordenados e supervisionados pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes), que organiza e coordena externamente o processo avaliativo. A operacionalização é de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que desenvolve as práticas avaliativas que lhe forem designadas. As informações obtidas com o Sinaes são utilizadas pelos vários segmentos da comunidade, incluindo as Instituições de Ensino Superior (IES), os órgãos governamentais, os alunos e o público em geral, de maneira a orientar suas decisões quanto à realidade dos cursos e das instituições. Para a avaliação dos estudantes foi implementado o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), um exame obrigatório que é aplicado periodicamente, em ciclos de três anos, aos alunos de todos os cursos de graduação. Além de avaliar e acompanhar o processo de aprendizagem e o desempenho acadêmico dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, o Enade também avalia suas habilidades para ajustar-se às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e competências para compreender temas exteriores ao âmbito especí�co da pro�ssão escolhida, ligados à realidade brasileira e mundial e a outras áreas do conhecimento. Além dos testes de conhecimento, os alunos devem responder a um questionário para levantar a percepção dos alunos sobre o teste e outro sobre o per�l socioeconômico educacional do aluno (SILVA, 2012). REFLITA “Os resultados não re�etem a porcentagem de acertos de um aluno respondendo a uma prova, mas a de um conjunto de alunos respondendo às habilidades do currículo proposto, distribuídas em várias provas diferentes. O resultado se dá pela representatividade de um grupo de alunos como uma unidade dentro do sistema de ensino”. Fonte: Portal do Inep. Práticas avaliativas e instrumentos de avaliação A avaliação está presente em todo o contexto escolar, podendo ter diversas �nalidades, tais como: avaliações do sistema educacional, avaliação do desempenho escolar em sala de aula, avaliação institucional, avaliação da aprendizagem, avaliação de programas, autoavaliação, entre outras. Algumas concepções sobre a função da avaliação são muito comuns no ambiente escolar. Para Gatti (2003), os alunos veem as provas apenas com a função de atribuição de notas e os professores utilizam-nas como instrumento para medir a aprendizagem, sendo poucos aqueles que utilizam a avaliação para obter orientações para o processo de ensino. Existem algumas modalidades de avaliação, como vimos na unidade anterior, sendo elas: avaliação diagnóstica, avaliação formativa e a avaliação somativa, conforme o �m a que se destina cada avaliação (BLOON et al. 1983). Assim como de�nir formas de avaliar e contemplar a modalidade de avaliação, o professor necessita selecionar o instrumento mais adequado a sua metodologia e conteúdo. Para escolher o instrumento de avaliação, é necessário conhecer as possibilidades, aplicação e limitações dos instrumentos. Os instrumentos de avaliação possibilitam o acompanhamento da aprendizagem do aluno, visto que expressam o que o aluno aprendeu, deixou de aprender ou ainda precisa aprender. Os instrumentos apresentam registros de diferentes naturezas: expresso pelo próprio aluno (provas, cadernos, textos e outros) ou expresso pelo professor (pareceres, registro de observação, �chas e outros). Há instrumentos de avaliação que são mais utilizados e precisam ser re�etidos quanto a sua elaboração; adequação aos objetivos, conteúdo e metodologia; aplicabilidade; correção e devolução dos resultados. Caro(a) estudante, retorne à Unidade II para relembrar sobre as modalidades de avaliação. Ao elaborar uminstrumento de avaliação, o professor necessita considerar alguns critérios, ou seja, veri�car se são essenciais, re�exivos, abrangentes, contextualizados, claros e compatíveis com o trabalho realizado pelo professor com o aluno (VASCONCELLOS, 2003). Ao lado dos aspectos que envolvem a escolha do instrumento de avaliação, professor dispõe ainda de um número signi�cativo de instrumentos. Na impossibilidade de se esgotar as a totalidade dos instrumentos, foi realizado um recorte, para a apresentação nesse estudo. Utilizou-se como critério, os instrumentos mais comuns no uso diário do professor e que propiciam maior possibilidade de aplicação na prática diária. @freepik São abordados: a prova, a observação, o portfólio, o relatório, conselhos de classe e o mapa conceitual. No entanto, vale ressaltar que a limitação desse trabalho, impossibilita a apresentação de todos os instrumentos de avaliação que, igualmente, são importantes de serem considerados no processo educativo. A re�exão crítica dos instrumentos de avaliação remete o professor a alguns questionamentos voltados ao como são preparados os instrumentos, como analisados e corrigidos, como é feita a comunicação dos resultados e o que se faz com os resultados obtidos. Todos esses aspectos necessitam ser amadurecidos pelo professor. Porém, a elaboração do instrumento é um ponto crucial nessa re�exão (VASCONCELLOS, 2003). Prova A prova torna-se um mecanismo equivocado quando é usada como único procedimento de avaliação, assumindo função classi�catória. Isso acontece sempre que os resultados por ela fornecidos servem tão somente para atribuição de nota, sem que o aluno tenha chance de aprender o que ainda não aprendeu (VILLAS BOAS, 2008). Na perspectiva classi�catória, a nota que resulta da prova é mantida. Ao contrário, na perspectiva formativa, por meio dela constata-se o que cada aluno aprendeu e o que ainda não aprendeu, para que o trabalho pedagógico seja reorganizado e a aprendizagem seja garantida. No caso de se adotarem notas, prevalece a que demonstra a ocorrência da aprendizagem (VILLAS BOAS, 2008). Cabe ao professor usar a prova com criatividade, por exemplo: após sua realização pelos alunos e a análise feita por ele, as provas são devolvidas para que, por meio de orientação e de novos estudos, sejam revistas as respostas que demonstram essa necessidade. O que importa não é a nota, mas sim a aprendizagem. Esse é um meio de praticar o que é chamado inadequadamente de “recuperação” (VILLAS BOAS, 2008). Prova Escrita Dissertativa Este tipo de instrumento apresenta um conjunto de questões ou temas que os alunos deverão responder de acordo com seu conhecimento. Deve ser preciso na habilidade mental que pretende mobilizar, pode-se pedir para o aluno comparar, relacionar, sintetizar, descrever, apresentar argumentos contra ou a favor, entre outras possibilidades. A partir dos dados apresentados será possível observar a organização das ideias, clareza de expressão, originalidade, capacidade de fazer relações entre fatos, conceitos, capacidade aplicação de conhecimentos e até mesmo para questões de raciocínio lógico. (CHULEK, 2015). Destaca-se ainda, como aspectos positivos da prova escrita dissertativa, a possibilidade de identi�car o processo de re�exão realizado pelo aluno e os erros cometidos sem anular sua subjetividade e individualidade. Porém, para que se alcancem informações importantes sobre a aprendizagem é necessário ter muito cuidado na construção dos enunciados que norteiam as respostas dos alunos. (CHULEK, 2015). Bossolan (2011, apud CHULEK, 2015) apresenta um rol de questões dissertativas conforme segue: Relacionar ou enumerar - Embora mobilize apenas a memória/recordação, enquadra-se como uma questão dissertativa por ser uma forma simples de item de resposta livre; Organizar - Busca-se estruturar os elementos de acordo com critérios previamente adotados (cronológico, importância crescente etc.), assim não se limita a memória dos fatos; Selecionar – Pressupõe a escolha pautada em normas de julgamento ou apreciação que exigem uma análise simples a partir de um critério preestabelecido; Descrever – Realiza a exposição das características de um objeto, fato, processo ou fenômeno e exige a capacidade de observação e de registro das informações; Discutir – Supõe uma análise em que o aluno expõe ideias, questiona, apresenta argumentos a favor e contra, e estabelece o relacionamento entre fatos ou ideias. De�nir – Questões que solicitam de�nição exigem que o aluno reconheça e aponte características de um fato ou objeto. A questão pode ser simples ou complexa à medida que se distancia das informações do texto base; Exempli�car – Pressupõe comprovar que algo é verdadeiro a partir de uma situação que a ilustre, ou seja, o aluno aplica o conhecimento aprendido na construção do exemplo demonstrando dominar o que aprendeu; Explicar – Busca estabelecer a relação de causa e efeito entre fatos e ideias; Comparar – Obriga o aluno a analisar simultaneamente objetos, fatos, processos ou fenômenos, no intuito de buscar semelhanças e diferenças e ainda indicar as possíveis relações encontradas. A comparação acontece também quando solicitado para identi�car vantagens, semelhanças, indicar a melhor opção entre outras, exige a organização das ideias, análise e tomada de decisão; Sintetizar – Exige do aluno a capacidade de identi�car informações essenciais para abreviar/resumir uma ideia ou assunto; Esquematizar – Pressupõe também uma síntese, porém com a construção de tópicos. Este tipo de questão exige que o aluno tenha uma compreensão ampla do conteúdo para conferir coerência ao esquema como acontece também na elaboração dos mapas conceituais. Interpretar – Almeja a compreensão de ideias, intenções, pontos de vista para realizar inferências sobre o assunto. A interpretação torna-se complexa ao congregar o conhecimento disposto na fonte de análise com os conhecimentos prévios e novos conhecimentos adquiridos pelo aluno; Criticar – Determinar um raciocínio mais complexo que abrange a análise crítica, julgamento a respeito de determinado assunto, avaliação de textos, livros, ideias. O aluno deve argumentar em torno da tese em julgamento. Provas Escritas de Questões Objetivas Neste caso, o aluno deve escolher uma entre as alternativas possíveis de resposta. Zanon e Althaus (2008, apud CHULEK, 2015) categorizam esse tipo de questão em questões de verdadeiro-falso, múltipla escolha e preenchimento de lacunas e, acrescenta ainda a ordenação, identi�cação de partes em esquemas ou grá�cos. As questões objetivas são utilizadas para avaliar a extensão de conhecimentos e habilidades, estabelecer relações simples, reconhecer terminologias e fazer classi�cações. São positivas na medida em que podem abranger um volume de conteúdo maior e afasta os fatores subjetivos (do aluno e professor) na correção que também se dá de forma mais rápida. Entretanto, exige a elaboração precisa das questões que podem indicar o conhecimento super�cial e favorecer o acerto acidental sem representar a aprendizagem dos alunos. Solicitar que os alunos justi�quem suas respostas pode ser uma alternativa para alcançar mais informações sobre a aprendizagem. Observação A observação é um instrumento de avaliação utilizado na escola com �m informal. Nem sempre é reconhecida pelo professor e outros envolvidos como parte do processo avaliativo ou como instrumento que traduz resultados signi�cativos. Utilizada dessa forma, os dados colhidos que poderiam tornar-se valiosas informações para a condução do processo de ensino e aprendizagem, são desprezados na tomada de decisão. Quando inserida no processo de avaliação, a observação pode trazer algumas vantagens, como (SANT’ANNA, 1995): Possibilita ao professor registrar o fato, comportamento ou desempenho durante o processo, de forma imediata ou em prazo curto de tempo, evitando o esquecimento. Permite um registro �el e mais exato, conforme o modo de registro organizada pelo professor. Não requer a colaboração dequem é observado, visto que é realizada por quem observa e não por quem é observado. É especí�ca e limita-se a um número especí�co de características, num determinado tempo, permitindo um olhar mais aprofundado sobre essa. Fornece dados reais sobre o aluno e sua aprendizagem, propiciando a intervenção imediata nas di�culdades. Possibilita o acompanhamento da aprendizagem, detectando di�culdades e falhas que podem estar ocorrendo na condução do ensino pelo professor. Fornece dados que permitem ao professor argumentar frente as colocações do aluno, indicando as defasagens no ensino e na aprendizagem. É fácil de ser associada a outros instrumentos de avaliação. A observação necessita ser planejada, a �m de apontar o que é, realmente importante a ser observado, como será realizada a observação e como será feito o seu registro. Precisa ser coerente com os objetivos, conteúdos e metodologia desenvolvida pelo professor em sala de aula. Relatório O relatório escolar pode ser utilizado como instrumento de avaliação, no qual constitui um documento escrito pelo aluno, em forma de narrativa, a �m de expressar um estudo ou uma atividade desenvolvida. “Tem por �nalidade informar, relatar, fornecer resultados, dados experiências” ao professor e a todos os envolvidos (SANT’ANNA, 1995, p. 120). A estrutura do relatório, tanto com relação à forma quanto ao conteúdo, pode ser pré- de�nida pelo professor ou de�nida em conjunto com os alunos, em conformidade da atividade desenvolvidos, com os objetivos e conteúdo trabalhado. Portfólio O portfólio é um instrumento de avaliação constituído pela “organização de uma coletânea de registros sobre aprendizagens do aluno que favoreçam ao professor, aos próprios alunos e às famílias uma visão evolutiva do processo” (HOFFMANN, 2002, p. 201). Deve ser organizado pelo aluno, sob orientação do professor. Porém, uma simples coletânea não constitui um portfólio. É preciso que contribua para entender o processo de aprendizagem do aluno e indicar ao professor que caminho seguir. São as intenções de quem o organiza que o torna signi�cativo. Para se organizar um portfólio é preciso ter clareza dos propósitos que se pretende com esse instrumento. É necessária uma organização de atividades que proporcione a percepção do desenvolvimento, da aprendizagem do aluno e o progresso na @freepik O uso do relatório é indicado para situações que envolvam relatos de experimentos ou práticas vivenciadas pelo grupo, como excursões, visitas a museus, feiras ou outros ambientes e outras situações de ensino, nas quais prevaleça a necessidade de um relato. construção do conhecimento. “Precisa constituir-se em um conjunto de dados que expresse avanços, mudanças conceituais, novos jeitos de pensar e fazer, alusivos à progressão do estudante” (HOFFMANN, 2002, p. 202). Assim, o portfólio possibilita ao estudante fazer escolhas e buscar novas formas de aprender. Em todos os níveis de escolarização isso é importante, mas em cursos de formação de educadores essa oportunidade ganha dimensão maior (VILLAS BOAS, 2008). Conselho de Classe O conselho de classe constituiu um instrumento de avaliação do aluno, usado às vezes com propósito de aprovação ou reprovação do aluno. É relido por meio de reuniões periódicas dos professores de uma mesma série, diretor, supervisor, coordenador, orientador, representante de pais ou alunos, com o �m de analisar e conhecer mais a turma e o aluno individualmente. “O conselho de classe tem propósito diferente daquele que se vincula à avaliação tradicional” (VILLAS BOAS, 2008, p. 81). O conselho de classe não deve avaliar somente o aluno, destacando seu comportamento, como algumas vezes é encontrado na escola. Mas necessita ser um momento de discussão e re�exão, no sentido de buscar alternativas e propor ações que promovam a melhoria da turma como um todo e do aluno em particular. Nesse sentido, precisa ter bem claro e de�nido o objetivo de cada conselho. Pode ser realizado no início do ano letivo para se fazer o diagnóstico da turma, ao �nal de um período (um bimestre, por exemplo) para propor ações intervenções que resultem em melhorias ou ao �nal do ano letivo, com o �m de análise para possível promoção do aluno. Mapa Conceitual O mapa conceitual pode ser utilizado como recurso de ensino ou como instrumento de avaliação. Quando inserido como parte do processo avaliativo, é necessário que os alunos sejam informados e sejam orientados quanto à construção da atividade, visto que essa possui características especí�cas. Logo, o mapa conceitual “é uma técnica de análise que pode ser usada para ilustrar a estrutura conceitual de uma fonte de conhecimentos” (MOREIRA; BUCHWEITZ, 1987, p. 9), ainda o mapa conceitual possibilita: 1) enfatizar a estrutura de uma disciplina e o papel dos sistemas conceituais no seu desenvolvimento; 2) mostrar que os conceitos de uma certa disciplina diferem quanto ao grau de inclusividade e generalidade e apresentar esses conceitos numa certa ordem hierárquica de inclusividade que facilite a aprendizagem e retenção dos mesmos; 3) promover uma visão integrada do assunto e uma espécie de listagem daquilo que foi abordado nos materiais instrucionais (MOREIRA; BUCHWEITZ, 1987, p. 43). Deste modo, seu uso, tanto como recurso para melhoria do ensino, quanto como instrumento de avaliação, contribui como processo de ensino e aprendizagem. Especi�camente, como instrumento de avaliação, possibilita perceber o tipo de estrutura que o aluno apresenta sobre um determinado conjunto de conceitos. Evidencia ainda, como o aluno “organiza, relaciona, diferencia e integra conceitos de uma determinada unidade de estudo” (MOREIRA; BUCHWEITZ, 1987, p. 45). Assim, como todo instrumento de avaliação, o mapa conceitual exige cuidados na elaboração, aplicação e avaliação dos resultados. Um bom instrumento de avaliação não assegura o sucesso do processo avaliativo, mas sim, a intenção do professor e o trabalho que é realizado com esse e, a partir desse instrumento. Livro Filme Prezado(a) acadêmico(a), chegamos ao �m de mais uma pequena jornada, que teve como objetivo principal compreender o currículo escolar em sua natureza histórica, social, política e cultural, bem como os procedimentos de avaliação interna e externa. Discutiu-se ao longo das quatro unidades, criteriosamente selecionadas para dar sustentação a presente discussão, com autores que promoveram uma rica interlocução entre as ações da atualidade e as relações históricas estabelecidas. E, ainda, compreendemos que a educação no Brasil, suas temáticas currículo e avaliação estão amparada por uma série de documentos legais. O que signi�ca que navegamos das questões de conceitos, de tendências e de história do currículo; aspectos legais e pedagógicos que envolvem o currículo escolar; implicações para a escola e para o currículo acerca da temática: etnia, raça e nação; inclusão das novas tecnologias no currículo escolar; currículo e desenvolvimento humano; relações e possibilidades entre currículo, escola e comunidade; as leis relacionadas à prática educativa, em geral, e à avaliação; tipos de avaliação da aprendizagem; os modelos de instrumentos de avaliação; avaliações externas como Saeb, Enem, Enade; práticas avaliativas e os instrumentos de avaliação. Sendo assim, caro(a) graduando(a), chegamos ao �nal dos nossos estudos relacionados a essa temática. Mas reforço o que disse inicialmente, o texto apresentado não esgotou todas as possibilidades de pensar e re�etir acerca das temáticas abordadas, mas espero que tenha lhe oportunizado momentos importantes e oportunos para a compreensão das análises realizadas acerca das temáticas propostas. Desejo a você sucesso e inúmeras realizações pro�ssionais. Até breve! Conclusão 00-Currículo e avaliação da aprendizagem 01-O currículo escolar 02-O currículo, o desenvolvimento humano e a aprendizagem 03-Avaliação escolar 04-Avaliações 05-Conclusão