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1 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 2 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu SUMÁRIO Crimes de Lesão Corporal .................................................................... 03 Crimes de Periclitação a Vida e a Saúde ................................................ 11 Crimes Conta a Honra ........................................................................ 20 Crimes Contra Liberdade Individual ...................................................... 29 Exercícios ......................................................................................... 44 http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 3 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu DOS CRIMES CONTA A PESSOA Artigos. 129 ao 154 Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Lesão corporal seguida de morte § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Diminuição de pena § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Substituição da pena § 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as lesões são recíprocas. Lesão corporal culposa § 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1 4 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Pena - detenção, de dois meses a um ano. Aumento de pena § 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código § 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004) § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei nº 10.886, de 2004). § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Lesão corporal é resultado de atentado bem sucedido à integridade corporal ou psíquica do ser humano. Ofensa à integridade física pode dizer respeito à debilitação da saúde como todo ou do funcionamento de algum órgão ou sistema do corpo humano, inclusive se o resultado for o agravamento de circunstância previamente existente. Também pode ser qualquer alteração anatômica, que vão desde tatuagens a amputações, passando por todas as alterações físicas provocadas pela ação ou omissão maliciosa de outrem, que pode ter utilizado meios diretos ou indiretos para gerar o dano. Para caracterizar a lesão corporal é necessário que esteja configurada a alteração física, mesmo que apenas temporária, sendo que sensações como desconforto ou dor física não são consideradas como formas de lesão corporal. No Direito penal brasileiro, a lesão corporal é um crime material, que exige exame de corpo de delito, e se consuma com o dano à outrem, independentemente de quantas lesões foram geradas durante a realização do crime. É um crime que admite a tentativa. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art129§7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art129§7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.886.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm#art44 http://pt.wikipedia.org/wiki/Sa%C3%BAde http://pt.wikipedia.org/wiki/Tatuagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Amputa%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Dor http://pt.wikipedia.org/wiki/Dor http://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_material http://pt.wikipedia.org/wiki/Corpo_de_delito 5 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Sujeito ativo e sujeito passivo O sujeito ativo pode ser qualquer um, e o sujeito passivo é outrem. Assim, vemos que a autolesão e a lesão a fetos ou à fauna e flora não estão incluídas dentro do escopo desta norma legal. Lesão corporal leve Será leve toda lesão corporal que não for grave, gravíssima ou qualificada pelo resultado. ✓ Contudo, deve ser suficientemente grave como para que a ofensa não seja despenalizada em função da aplicação do Princípio Da Insignificância. ✓ O Princípio da Insignificância é um meio qualificador dos valores da estrutura típica do Direito Penal. Assim, a lesão corporal, por sua vez, ou provoca à vítima incapacidade para as suas ocupações habituais por uma ou duas semanas, ou que tenha perturbado temporariamente o funcionamento de membro, órgão, sentido, função _ e que, portanto jamais poderia ser reputada insignificante,pode dispor de um modelo processual mais célere, condicionando-se, mesmo, a iniciativa da ação penal à vítima, ou deferindo o perdão judicial nos casos em que houver pronta e justa reparação do dano, e poderá ser considerada como crime de bagatela, ou mesmo de menor potencial ofensivo. ✓ A lesão corporal que provoca na vítima a perda de dois dentes tem natureza grave (art. 129, § 1º, III, do CP), e não gravíssima (art. 129, § 2º, IV, do CP). A perda de doisdentes pode até gerar uma debilidade permanente (§ 1º, III), ou seja, uma dificuldade maior da mastigação, mas não configura deformidade permanente (§ 2º, IV). § 1º Se resulta: III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; § 2º Se resulta: IV - deformidade permanente; STJ. 6ª Turma. REsp 1620158-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2016 (Info 590). ✓ Mesmo assim existe Jurisprudência admitindo o princípio da Insignificância. Na Doutrina, José Henrique Pierangeli é um doutrinador de defende este posicionameno. ✓ A lesão que não se expressa como comprometedora, em regra, está adstrita a contravenção penal de vias de fato. ✓ LCP, Art. 21. Praticar vias de fato contra alguem: http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/wiki/Feto http://pt.wikipedia.org/wiki/Fauna http://pt.wikipedia.org/wiki/Flora http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_insignific%C3%A2ncia http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_da_insignific%C3%A2ncia 6 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitue crime. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. ✓ Os crimes de lesão corporal leve ou culposa, pela regra do art. 88 da Lei 9.099/95 (Juizados Especiais) procedem mediante representação: Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido (Representação é condição de procedibilidade p/ que MP ofereça a denúncia). Prazo decandencial de 06 meses do conhecimento de quem é o autor do crime pelo ofendido ou pela pessoa que o represente. ✓ Não é inepta a denúncia que se fundamenta no art. 129, § 9º, do CP – lesão corporal leve –, qualificada pela violência doméstica, tão somente em razão de o crime não ter ocorrido no ambiente familiar. Ex: João agrediu fisicamente seu irmão na sede da empresa onde trabalham, causando-lhe lesão corporal leve. O agente deverá responder pelo art. 129, § 9º do CP. Sendo a lesão corporal praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, deverá incidir a qualificadora do § 9º não importando onde a agressão tenha ocorrido. STJ. 5ª Turma. RHC 50026-PA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 3/8/2017 (Info 609). Lesão corporal grave No caso do parágrafo 1o, serão graves as lesões que tornem a vítima incapacitada para suas atividades habituais por mais de 30 dias; as que gerem perigo de vida, as que gerem debilidade permanente de um membro, sentido ou função; e as que acelerem o parto. A incapacidade para as atividades normais deve ser comprovada mediante laudo e não pode ser hipotética. Assim, não pode alguém que nunca esquiou dizer que não pode esquiar durante mais de 30 dias, ou alguém que nunca tocou o piano alegar que determinada lesão o afasta desse instrumento. A atividade deve ser lícita ( a prostituta, por exemplo, se enquadra. O traficante não se enquadra). È irrelevante a idade da vítima. ✓ O perigo de vida que agrava a lesão corporal é o real, não apenas o potencial. Deve gerar uma situação que de fato coloque a vítima em situação onde a morte é uma possiblidade real, como é o caso de uma lesão que perfura o pulmão ou abre http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/wiki/Membro http://pt.wikipedia.org/wiki/Sentidos http://pt.wikipedia.org/wiki/Parto 7 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu uma artéria importante do corpo humano. Cuidado com este tipo de lesão corporal grave, pois é muito fácil confundí-la com tentativa de homicídio, já que a única diferença está na vontade do agente.Em regra é preterdoloso. ✓ A debilidade permanente de membro, sentido ou função é a perda permanente do uso de membros (pernas e braços), de um dos sentidos (olfato, tato, paladar, etc.) ou de função orgânica (função digestiva, renal, circulatória, etc.)(neste caso estamos diante de um crime instantâneo). Em se tratando de órgãos duplos rins, olhos, pulmões), a perda de um, é uma debilidade, portanto, lesão grave. Dos dois é gravíssima. A recuperação via procedimento cirúrgico não exclui a qualificadora. ✓ A aceleração do parto é a lesão corporal grave que leva ao nascimento prematuro de criança viável existente dentro do ventre da vítima. O agente deve saber que a vítima está gestante, sendo que esta modalidade de lesão corporal admite tentativa. Lesão corporal gravíssima E a descrita no parágrafo 2o do artigo mencionado, que gerará para a vítima a incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização de membro, sentido ou função, deformidade permanente ou gere o aborto em gestante. ✓ A incapacidade permanente para o trabalho é aquela em que é impossível prever, com base no atual estado da medicina, quando (ou se) o indivíduo poderá novamente assumir suas funções no mercado de trabalho. Esta modalidade pode ter agente operando com dolo ou culpa, sendo que se dolosa a intenção, admite tentativa. Incapacidade não significa perpetuidade, basta ela ser duradoura. ✓ Enfermidade incurável é aquela que a medicina atual não consegue curar, inclusive as que são tratadas mediante tratamentos muito arriscados ou utilizando meios que não os da medicina tradicional. Esta modalidade pode ter agente operando com dolo ou culpa, sendo que se dolosa a intenção, admite tentativa. Provada por exame pericial. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que a transmissão consciente do vírus HIV, causador da AIDS, configura lesão corporal grave, (art. 129, § 2º, do Código Penal). O entendimento é da Quinta Turma do STJ. O leading case é de um portador de HIV que manteve relacionamento com a vítima por dois anos e, inicialmente, usava preservativo, mas passou a praticar relações sexuais sem proteção, o que resultou no contágio da vítima pelo vírus. Entendeu-se que, ao praticar sexo sem segurança, o réu assumiu o risco de contaminar sua parceria. Também se considerou que, mesmo que a vítima estivesse ciente da condição do seu parceiro, a ilicitude não poderia ser afastada, pois o bem jurídico protegido (a integridade física) é indisponível. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/wiki/Homic%C3%ADdio http://pt.wikipedia.org/wiki/Perna http://pt.wikipedia.org/wiki/Bra%C3%A7o http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%9Atero http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho http://pt.wikipedia.org/wiki/Enfermidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Aborto http://pt.wikipedia.org/wiki/Medicina http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_de_trabalho 8 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu A AIDS, na visão da relatora, Min. Laurita Vaz, trata-se de enfermidade incurável, nos termos do artigo 129 do CP, não sendo cabível a desclassificação da conduta para as sanções mais brandas no Capítulo III do mesmo código. O STF, no HC 98.712, entendeu que a transmissão da AIDS não era crime doloso contra a vida, excluindo a atribuição do tribunal do júri. Contudo, manteve a competência do juízo singular para determinar a classificação do delito. ✓ Perda ou inutilização de membro sentido ou função - “Perda é a ablação (mutilação, amputação). Inutilização é a inaptidão para a atividade funcional específica (por exemplo, paralisia). Não se confunde com a debilidade do § 1º, III (perda de um olho), porque aqui há perda ou inutilização de sentido (perda dos dois olhos), membro ou função” ...(Führer). Outro detalhe: perda do movimento de parte de ummembro, é lesão grave. Se a perda do movimento é total caracteriza lesão gravíssima. ✓ Deformidade permanente é o dano estético visível, duradouro e que causa constrangimento à vitima. O fato de existirem próteses no mercado, como por exemplo, olho de vidro, não afasta a natureza gravíssima desta lesão. Esta modalidade pode ter agente operando com dolo ou culpa, sendo que se dolosa a intenção, admite tentativa. ✓ A qualificadora “deformidade permanente” do crime de lesão corporal (art. 129, § 2º, IV, do CP) não é afastada por posterior cirurgia estética reparadora que elimine ou minimize a deformidade na vítima. Isso porque, o fato criminoso é valorado no momento de sua consumação, não o afetando providências posteriores, notadamente quando não usuais (pelo risco ou pelo custo, como cirurgia plástica ou de tratamentos prolongados, dolorosos ou geradores do risco de vida) e promovidas a critério exclusivo da vítima. STJ. 6ª Turma. HC 306677-RJ, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ-SP), Rel. para acórdão Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/5/2015 (Info 562). ✓ Que gere aborto na vítima. Somente admite a forma preterdolosa, pois se o agente agiu com dolo enquadrar-se-á no crime de aborto propriamente dito. Não admite responsabilidade objetiva, de modo que se o agente desconhecia o fato da vítima ser gestante, não será gravíssima a lesão. Por não admitir forma dolosa, não admite tentativa. Lesão corporal seguida de morte Tratado no parágrafo 3o do artigo 129, este é um crime que somente admite a forma preterdolosa, pois se o agente agiu com dolo, ou seja, com a intenção de matar, trata-se de homicídio doloso. Neste caso, o agente tem que desejar ferir sua vítima (lesão corporal dolosa) mas a morte deve ser consequencia imprevisível e indesejada de sua ação. Não admite tentativa. O dolo não é de matar, mas apenas de ferir a vítima e a morte sobreveio como resultado indesejado. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Preterdolo http://pt.wikipedia.org/wiki/Responsabilidade_objetiva http://pt.wikipedia.org/wiki/Preterdolo http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Homic%C3%ADdio_doloso&action=edit&redlink=1 9 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Exemplo de Lesão corporal seguida de morte é quando "A" discute com "B", e o empurra. "B" escorrega e bate a cabeça e morre. "A" não agiu com dolo de matar, trata- se de vias de fato. Lesão corporal privilegiada É aquela lesão cometida por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida de injusta provocação da vítima. Uma vez estabelecido que trata-se de lesão corporal privilegiada, o juiz, em atenção aos diversos princípios que vigoram no direito penal brasileiro, deve reduzir a pena de 1/6 a 1/3. ✓ relevante valor moral ou social é o objetivo que segue a ética dominante no grupo social ao qual pertence o agente. Será privilegiado mesmo que o agente tenha agido com erro, por exemplo, ferindo pessoa que julgava ser um abusador sexual de crianças que agia do bairro, mas que posteriormente provou ser inocente. ✓ Para a segunda forma de lesão corporal privilegiada, é necessário que coexistam 3 elementos: a violenta emoção do agente, o intervalo temporal mínimo entre a provocação da vítima e a agressão e a injusta provocação da vítima. Substituição da pena Nos termos do parágrafo 5o, o Juiz poderá substituir a pena de detenção pela de multa, caso as lesões não sejam graves e nas hipóteses de agressões recíprocas ou de lesão corporal privilegiada. Aplicando-se os princípios do Direito Penal, não poderá o Juiz penalizar com a detenção se a Lei estabelece parâmetro menos gravoso, de modo que este artigo deve ser interpretado como um dever do Juiz, que deverá substituir a pena quando a situação fática assim o permitir. Lesão corporal culposa O tipo penal descrito no parágrafo 6o é um tipo aberto, já que não há um verbo nuclear na descrição. É aquela decorrente de imprudência, negligência ou imperícia. Lembrar, sempre, que na lesão corporal culposa a graduação das lesões não serão consideradas, mesmo que tenha consequências graves. Vemos que o legislador optou por não diferenciar entre a gravidade das lesões, cominando com a mesma pena, detenção de 2 meses a 1 ano, todas as lesões corporais, desde as leves até as gravíssimas. Por ser crime culposo, não admite tentativa, sendo punida apenas a agressão culposa bem sucedida. Todo crime culposo exige o resultado. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/wiki/Juiz http://pt.wikipedia.org/wiki/Moral http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Abuso_sexual_infantil http://pt.wikipedia.org/wiki/Abuso_sexual_infantil http://pt.wikipedia.org/wiki/Emo%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Deten%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Multa http://pt.wikipedia.org/wiki/Tipo_penal http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Tipo_penal_em_aberto&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Poder_legislativo 10 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Importante para prova: ✓ A pluralidade de lesões em um mesmo contexto caracteriza crime único, mais influência na dosimetria da pena; ✓ Na Vias de fato, o agente ativo agride a vítima, sem lesioná-la. É uma briga em si, o contato entre os corpos, sem lesão (empurram, puxão de cabelo, aperto no braço, bofetada; ✓ O Previsto no § 9o só se aplica a lesões corporais leves; ✓ A causa supralegal de consentimento da vítima só vale para lesões corporais leves; ✓ Em regra, o Direito Penal Brasileiro não pune autolesão, exceto o caso previsto no Art. 171,§2ª (Fraude de seguro, por exemplo o jogador de futebol que quebra sua própria perna para receber o seguro); ✓ Lesões Esportivas (Box, MMA, Karatê,) – são casos do exercício regular do direito (verificando sempre se não houve excesso); ✓ Cirurgias emergenciais – existem 02 aspectos: sem o consentimento da vítima, se há risco de morte, o médico está amparado pelo estado de necessidade de terceiro. Se não há risco de morte, é necessário consentimento do ofendido, caracterizando exercício regular de um direito. É caso de redesignação sexual (mudança de sexo), vasectomia, ligadura das trompas dentre outros procedimentos. ✓ O fato que “furar a orelha” do recém-nascido para o uso de brincos não é lesão corporal pelo princípio da adequação social, como o caso da tatuagem; ✓ Embora a tatuagem seja considerada lesão corporal, a princípio, não é tida como crime, desde que o tatuador obtenha o consentimento expresso do tatuado. A declaração de vontade da vítima constitui causa supralegal de exclusão da ilicitude. ✓ A tatuagem feita em pessoa menor de 14 anos sempre caracteriza crime de lesão corporal; ✓ A tatuagem feita em pessoa maior de 14 e menor de 18 anos caracteriza o crime de lesão corporal quando não houver consentimento do menor; ✓ A tatuagem feita em pessoa maior de 14 e menor de 18 anos não caracteriza lesão corporal quando houver consentimento do menor; http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 11 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Lesão corporal hedionda Somente a lesão corporal prevista no parágrafo doze (lesão corporal funcional) é considerada crime hediondo. CAPÍTULO III DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE A periclitação da vida e da saúde é espécie do gênero crimes de perigo. Nos crimes de perigo o dolo,ao invés de visar lesar uma vítima em particular, busca criar uma situação de perigo. O agente não aceita, nem mesmo eventualmente, o resultado lesivo diverso da criação do perigo, mesmo que tal resultado possa ser previsível para o homem médio. Isto porque sempre será crime subsidiário ao crime de dano propriamente dito. O perigo pode ser concreto ou abstrato, individual ou coletivo, atual, iminente ou futuro. PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. ✓ O tipo penal define a conduta de agente que coloca alguém em perigo (expõe) de contágio de doença venérea, seja pela prática de atos libidinosos diversos, seja pelo ato sexual. ✓ O crime será concretizado independentemente da vítima consentir em se expor ao perigo. Contudo, é ação penal pública condicionada, dependendo, assim, de representação da vítima. ✓ A consumação ocorre com a realização de ato apto a contaminar, não sendo necessário que a contaminação de fato ocorra. Evidentemente, se a vítima já estiver contaminada, estamos diante de um crime impossível, já que o perigo pressupõe que a vítima não sofreria perigo se não fosse pela ação do agente. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 https://pt.wikipedia.org/wiki/Crime https://pt.wikipedia.org/wiki/Dolo https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADtima https://pt.wikipedia.org/wiki/Perigo https://pt.wikipedia.org/wiki/Dolo_eventual https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Crime_subsidi%C3%A1rio&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tipo_penal https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%A3o_penal_p%C3%BAblica 12 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu ✓ A transmissão de doença venérea por meio não-sexual está tipificada no art. 131 do Código Penal Brasileiro, o chamado crime de perigo de contágio de moléstia grave. ✓ AIDS não é considerada doença venérea, pois pode ser transmitida de diversas formas (transfusão de sangue,...) ✓ Este crime admite a tentativa. PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE Perigo de contágio de moléstia grave Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. ✓ Consiste em praticar ato capaz de produzir contágio de moléstia grave de que está contaminado o agente. ✓ Trata-se de crime formal, na medida em que é um crime de consumação antecipada. ✓ Será sempre doloso, pois o legislador introduziu a expressão "com o fim de" no texto legal. Sendo eventual o dolo, estaremos diante de crime de lesão corporal. ✓ Assim como no crime anterior, o fato da vítima concordar com ser exposta à moléstia não exclui o crime, e será crime impossível se a vítima é imune ou portadora da moléstia que o agente pretendia contagiar; ✓ AIDS não é moléstia grave, e sim moléstia incurável, caracterizando sua transmissão dolosa, tentativa de homicídio ou lesão corporal gravíssima, conforme dito antes; ✓ Admite tentativa. PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM Perigo para a vida ou saúde de outrem Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a https://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_formal https://pt.wikipedia.org/wiki/Dolo https://pt.wikipedia.org/wiki/Dolo_eventual https://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%B5es_corporais https://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_imposs%C3%ADvel 13 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. ( Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) ✓ Consuma-se com a criação do perigo para o sujeito passivo, que é sempre uma pessoa determinada ou determinável. ✓ Como nos demais casos em que a legislação protege bem indisponível, a concordância da vítima é irrelevante. ✓ Exemplo clássico – Um rapaz de 20 anos que passa cerol (vidro moído e cola) na linha de nylon e resolve soltar pipa com ela. Um motociclista passa na rua e tem seu pescoço cortado pelo cerol. Consuma-se o crime de Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem. ✓ Tipo penal utilizado mormente para punir empregadores que colocam a saúde de seus trabalhadores em risco, frequentemente visando cortar custos. ABANDONO DE INCAPAZ Abandono de incapaz Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) ✓ É um crime próprio na medida em que somente pode ser cometido por aquele que tem obrigação de zelar pela integridade e segurança do incapaz. ✓ Consuma-se quando o incapaz que estava sob a responsabilidade do agente encontra-se em situação de perigo concreto. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9777.htm#art132p http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9777.htm#art132p https://pt.wikipedia.org/wiki/Empregador https://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalhador http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art133§3iii http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.741.htm#art133§3iii https://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_pr%C3%B3prio https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Incapaz&action=edit&redlink=1 14 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu ✓ O consentimento do incapaz é irrelevante. Admite tentativa ✓ Será qualificado, mesmo que na modalidade preterdolosa, se do perigo resultar lesão corporal ou houver resultado morte. ✓ A pena será aumentada se o crime for cometido em lugar ermo, se era o agente ascendente ou descendente, irmão, tutor ou curador da vítima e se a vítima contava com mais de 60 anos de idade na época da consumação do crime. ✓ Para Nelson Hungria a incapacidade pode ser absoluta (em razão de suas condições) ou acidental (resultante das circunstâncias), dando como exemplo um alpinista inexperiente abandonado na montanha. ✓ O abandono tem que gerar risco a saúde ou a vida do incapaz. Caso contrário não há crime. EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO Exposição ou abandono de recém-nascido Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois a seis anos. ✓ É a modalidade privilegiada doabandono de incapaz. Só a mãe pode cometer esse crime, para ocultar desonra própria. ✓ Mas existem divergências doutrinárias que acreditam que o sujeito ativo do crime pode ser o pai adúltero, ou os avós, pretendendo proteger a família da "vergonha". ✓ Visa proteger a saúde e a vida do recém-nascido. A intenção além de abandonar a criança, deve ser também de ocultar desonra própria. ✓ Admite-se a tentativa. OMISSÃO DE SOCORRO Omissão de socorro Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tutela https://pt.wikipedia.org/wiki/Curatela https://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Hungria 15 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.(Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012) ✓ Este notável dever cívico impõe de solidariedade humana, cumprindo a missão educativa do Direito Penal. Todos estamos obrigados a socorrer os expostos a perigo que não tem condições de se defender. A obrigação legal recai sobre o homem comum, alheio à criação do perigo.O sujeito passivo é a criança abandonada, extraviada, ou a pessoa ferida, inválida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo. Nos casos de criança ou pessoa inválida, ferida ou desamparada o perigo é presumido. Nos demais exige-se perigo concreto para caracterização da omissão. A conduta exigida pela norma não é propriamente alternativa. Sendo essencial a assistência direta, o inútil pedido de socorro para a autoridade não exclui o crime. Consuma-se com a omissão diante do perigo. Não configura crime se a vítima ofereça resistência que torne impossível a prestação de socorro ou se ela já faleceu; ✓ Não há tentativa. ✓ A pena é aumentada no caso de lesão grave ou morte preterdolosas. ✓ No caso de idoso, prevê o Estatuto do Idoso: Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses casos, o socorro de autoridade pública: Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12653.htm#art1 16 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu MAUS-TRATOS Maus-tratos Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (Incluído pela Lei nº 8.069, de 1990) ✓ O crime não exige dano específico (de perigo); ✓ Privação de alimentos ou de cuidados indispensáveis não admitem tentativa por ser o crime omissivo. ✓ Esposa não sofre maus tratos do marido, pois não está sobre sua autoridade, guarda ou vigilância. Nesse caso ele responde por lesão corporal. ✓ No caso de criança, adolescente e idoso há previsão específica Estatuto do Idoso, Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando- o a trabalho excessivo ou inadequado: Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. § 1ª - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos ECA, Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: Pena - detenção de seis meses a dois anos. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art136§3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm#art136§3 17 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu A diferença da tortura para o crime de maus-tratos, do art. 136, do CP, está exatamente na intensidade do sofrimento da vítima. PALAVRA CHAVE: INTENSO SOFRIMENTO FÍSICO OU MENTAL Ficou perceptível que a diferença entre o crime previsto na lei 9455/97, art 1, II e do art 136 do CP está no elemento normativo do tipo " intenso sofrimento físico", onde a tortura irá se aplicada em situações extremadas. O art. 99 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, contém a seguinte norma incriminadora; “Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, Do Idoso, submetendo-o a condições desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado: Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.” Nos §§ 1 º e 2º estão descritas as formas qualificadas pelo resultado, com penas idênticas às do Código Penal. Idoso é quem tem idade igual ou superior a 60 anos. A Lei nº 10.741 entra em vigor 90 dias após a publicação, ocorrida em 3-10-2003. CAPÍTULO IV DA RIXA Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. ✓ Entende- se por rixa o desentendimento, rivalidade, disputa, briga em que os participantes atacam-se corporalmente, onde a agressão é recíproca, mesmo que praticada de forma desproporcional. ✓ Segundo a norma vigente é a briga entre mais de duas pessoas, acompanha de vias de fato ou violências físicas recíprocas, de modo que cada sujeito age por si mesmo contra qualquer um dos outros contendores. Cumpre-nos salientar que para a caracterização de tal crime se faz necessário a participação de, no mínimo, três participantes, e que são, ao mesmo tempo, sujeitos ativos e passivos do crime. ✓ Crime de Concurso necessário, sendono mínimo três participantes, sendo necessário só um imputável. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10623140/artigo-136-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1033702/c%C3%B3digo-penal-decreto-lei-2848-40 18 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu ✓ Participa da rixa quem se envolve diretamente no entrevero, na balbúrdia, na confusão, na briga, na luta, desferindo golpes, recebendo outros, agindo, enfim, da produção das lesões corporais nas pessoas dos outros rixantes. Na rixa as agressões devem ser mútuas e voltadas para os diversos contendores, não sendo, por isso, possível a perfeita determinação do modo de atuar de cada um deles. É, em verdade, um conflito generalizado. ✓ No curso da rixa, terceira pessoa que intervém para separar os contendores pode sofrer uma agressão injusta, atual ou iminente, e repeli-la usando moderadamente do meio necessário, causando a morte do seu agressor ou de outro rixante. Estará, sem dúvida, em legítima defesa. Os participantes responderão por rixa qualificada. ✓ E entre os rixantes? DAMÁSIO defende a possibilidade de um dos participantes da rixa poder atuar em legítima defesa quando, desenvolvendo-se a rixa apenas por meio de vias de fatos, um deles volta-se contra outro com um punhal, sendo repelido com uma ação que lhe causa a morte. ✓ A ocorrência de lesão corporal grave ou morte qualifica a rixa, respondendo por ela inclusive a vítima da lesão grave. Mesmo que a lesão grave ou a morte atinja estranho não participante dela, configura-se a qualificadora. Quando não é identificado o autor da lesão grave ou do homicídio, todos os participantes respondem por rixa qualificada; sendo identificado o autor, os outros continuam respondendo por rixa qualificada, e o autor responderá pelo crime que cometeu em concurso material ou formal, para alguns, com a rixa qualificada. ✓ A morte ou lesões corporais graves devem ocorrer durante a rixa ou em consequência dela; não podem ser antes ou depois, isto é, deve haver nexo causal entre a rixa e o resultado morte ou lesão corporal. A ocorrência de mais de uma morte ou lesão corporal não altera a unidade da rixa qualificada que continua sendo crime único, embora deva ser considerada na dosimetria da pena. ✓ O resultado agravado deverá recair sobre todos os que dela tomam parte, inclusive sobre os desistentes e sobre aqueles que tenham sido vítimas das lesões graves. Apenas no caso de ter entrado após o resultado qualificador é que não poderá por ele responder. ✓ O contato físico é dispensável, podendo, por exemplo, ser executado através do lançamento de objetos (como pedras, garrafas); ✓ No caso específico de briga de torcidas, não há rixa e sim crime previsto no Estatuto do Torcedor, lei nº 10.671/2003, Art.41-B: Art. 41-B. Promover tumulto, praticar ou incitar a violência, ou invadir local restrito aos competidores em eventos esportivos: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 19 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu § 1o Incorrerá nas mesmas penas o torcedor que: (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). I - promover tumulto, praticar ou incitar a violência num raio de 5.000 (cinco mil) metros ao redor do local de realização do evento esportivo, ou durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento; (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). II - portar, deter ou transportar, no interior do estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos que possam servir para a prática de violência. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). § 2o Na sentença penal condenatória, o juiz deverá converter a pena de reclusão em pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido anteriormente pela prática de condutas previstas neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). § 3o A pena impeditiva de comparecimento às proximidades do estádio, bem como a qualquer local em que se realize evento esportivo, converter-se-á em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). § 4o Na conversão de pena prevista no § 2o, a sentença deverá determinar, ainda, a obrigatoriedade suplementar de o agente permanecer em estabelecimento indicado pelo juiz, no período compreendido entre as 2 (duas) horas antecedentes e as 2 (duas) horas posteriores à realização de partidas de entidade de prática desportiva ou de competição determinada. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). § 5o Na hipótese de o representante do Ministério Público propor aplicação da pena restritiva de direito prevista no art. 76 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, o juiz aplicará a sanção prevista no § 2o. (Incluído pela Lei nº 12.299, de 2010). ✓ O resultado agravador pode ser por dolo ou culpa, não é necessariamente preterdoloso; ✓ Aquele que ingressar na rixa depois do resultado gravoso, responderá por rixa simples; http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 20 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA Nossa Carta Magna, no inciso X do art. 5º, assegura a inviolabilidade da honra e da imagem das pessoas. Colocou sob a proteção constitucional, dentre os direitos e garantias fundamentais, esse precioso bem jurídico do ser humano. Honra é o “sentimento de nossa dignidade própria (honra interna, honra subjetiva)” e também “o apreço e respeito de que somos objeto ou nos tornamos merecedores perante os nossos concidadãos (honra externa, honra objetiva, reputação, boa fama). É o sentimento de apreço acerca das qualidades da pessoa. O sentimento da pessoa sobre os próprios predicados é a chamada honra subjetiva. O sentimento das outras pessoas acerca das qualidades de uma outra pessoa é a honra objetiva. Honra subjetiva é a autoestima. Honra objetiva é a reputação da pessoa. A doutrina faz ainda distinção entre honra dignidade – que diz respeito às qualidades morais da pessoa – e honra decoro – que se relaciona com os atributos físicos e intelectuais. Honra comum é a do homem enquanto homem e honra profissional é a referente a determinados grupos ou classes de cidadãos. O certo é que a honra é um valor importante para os indivíduos e por isso o Direito Penal entendeu de incriminar algumas condutas que se voltam contra ela. O Código Penal definiu três tipos de crime que têm a honra como bem jurídico tutelado. São a calúnia, a difamação e a injúria. Na calúnia, imputa-se falsamente a uma pessoa uma conduta definida como crime pela legislação penal. Ex: “Foi José quem roubou a padaria da esquina ontem à noite”. Na difamação, imputa-se a uma pessoa uma determinada conduta que macule a sua honra perante a sociedade, sem que essa conduta seja definida como ilícito penal. Não importa se a conduta imputada é ou não verdade, a mera imputação já configura o delito em questão. Ex: “Mévio gosta de manter relações com seus parentes”. Na injúria, por sua vez, imputa-se ao ofendidouma conduta que não macula sua imagem perante a sociedade, mas que lhe ofende a própria honra subjetiva. Ex: “Tício é o homem mais feio que já vi na vida”. Crime de Calúnia Calúnia Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. Exceção da verdade § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo: http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 21 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível; II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141; III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. Calúnia é uma afirmação falsa e desonrosa a respeito de alguém, inclusive mortos. Consiste em atribuir, falsamente, a alguém a responsabilidade pela prática de um fato determinado definido como crime, feita com má-fé. Pode ser feita verbalmente, de forma escrita, por representação gráfica ou internet. Em 2012, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas declarou que a criminalização da calúnia viola a liberdade de expressão. Inimputáveis Para os causalistas, como os menores de 18 anos de idade e outros inimputáveis não cometem crime, não poderiam ser vítimas de calúnia, já que para a caracterização deste crime é necessário atribuir à vitima a responsabilidade pela prática de crime.Por outro lado, para os seguidores da teoria finalista, que retira o elemento culpabilidade do conceito de crime, os inimputáveis poderiam sim ser vítimas de calúnia. Consumação Por ser um crime formal não exige a ocorrência de resultado e consuma-se no momento em que um terceiro toma conhecimento da mentira caluniosa, mesmo que não provoque o dano esperado .Admite tentativa, no caso do meio de propagação da calúnia ter sido interceptado antes de chegar às mãos do terceiro. Exceção da verdade A calúnia, viu-se, é a imputação falsa de um fato definido como crime. Falsa porque não houve o fato ou porque o caluniado não é seu autor ou partícipe. Realizado o tipo de calúnia, o sujeito passivo poderá propor a ação penal contra o agente, a fim de obter sua condenação. Este poderá defender-se alegando e provando que a imputação é verdadeira. Se for bem-sucedido nesse intento, será excluída a tipicidade do fato, por ser verdadeira a imputação. Essa reação do acusado da prática de calúnia denomina-se exceção da verdade, que nada mais é do que o instrumento processual defensivo de que dispõe para provar a veracidade do fato imputado (art. 138, § 3 º). Não será, entretanto, possível arguir a exceção da verdade, ainda que verdadeira a imputação, em três situações. ✓ Se o fato típico é de um crime de ação penal de iniciativa privada e o caluniado não foi condenado por sentença penal irrecorrível, não será admitida a exceção da verdade. Não podia ser diferente. Nos crimes em que a ação penal é privativa do ofendido, somente este pode dar início ao processo. É que a ordem jurídica a ele http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/wiki/Honra http://pt.wikipedia.org/wiki/Responsabilidade http://pt.wikipedia.org/wiki/Crime http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1-f%C3%A9 http://pt.wikipedia.org/wiki/Internet http://pt.wikipedia.org/wiki/Conselho_de_Direitos_Humanos_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas http://pt.wikipedia.org/wiki/Liberdade_de_express%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Culpabilidade&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Crime_formal 22 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu reservou esse direito de agir em juízo. Se é assim, não pode terceira pessoa, o caluniador, promover, por meio da exceção da verdade, a apuração do fato. Quando a vítima do crime imputado preferiu não ajuizar a queixa é porque, tendo disponibilidade da ação e não a tendo manejado, acabou por consentir na realização do fato, que, por isso, deve ser considerado lícito. Se o fato é lícito, não é crime, logo a sua imputação é calúnia. Se, porém, a ação penal privada foi proposta e houve sentença penal condenatória irrecorrível, demonstrada estará a existência de crime, daí que o acusado de calúnia poderá promover a exceção da verdade, juntando, para tanto, a certidão ou cópia da própria sentença penal condenatória, com a demonstração de seu trânsito em julgado, livrando-se, assim, da acusação de calúnia, porque terá imputado um fato verdadeiro. ✓ Também não se admitirá a exceção da verdade quando a calúnia tiver sido proferida contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro. Ainda que verdadeira a imputação, o caluniador não poderá promover a exceção da verdade, em razão da qualidade das funções exercidas pelo caluniado, chefe de governo, nacional ou estrangeiro. O chefe de governo estrangeiro goza de imunidade diplomática que impede a aplicação da lei penal brasileira, daí que é impossível, mesmo, a possibilidade da instauração do incidente penal destinado a provar que praticou o fato a ele atribuído. ✓ Por último, é impossível tentar provar a verdade se o sujeito passivo da calúnia tiver sido absolvido pela prática do fato imputado, com sentença penal transitada em julgado. Se o Poder Judiciário já tiver se manifestado, em decisão definitiva, pela absolvição do caluniado, por qualquer razão, inclusive por insuficiência de prova, existe a coisa julgada, não sendo permitida a revisão contra o réu que poderia ocorrer caso a exceção da verdade viesse a ser julgada procedente. A exceção da verdade pode ser promovida a qualquer tempo, até mesmo após a sentença condenatória de primeiro grau, desde que nas razões de apelação, e, submetida ao contraditório, será julgada por sentença. Procedente, importará na absolvição do agente da calúnia, pela atipicidade do fato. Improcedente a exceção da verdade, prosseguirá o feito para julgar a prática da calúnia. Quando o caluniado gozar de foro especial por prerrogativa de função e tiver sido admitida exceção da verdade, esta, e somente esta, será julgada no foro especial. Julgada procedente no foro especial, a ação penal pela calúnia será julgada prejudicada, devendo os autos da exceção da verdade ser encaminhados ao Ministério Público, para promover a ação penal contra o imputado. Julgada improcedente, os autos serão remetidos ao juízo de origem, para prosseguir na ação penal pela calúnia. Extinção da punibilidade Ocorrerá a extinção da punibilidade sempre que o agente fizer uma retratação completa, satisfatória e incondicional, reconhecendo publicamente seu erro.É ato unilateral, pessoal e que independe da anuência do ofendido, devendo ser realizada até a http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Extin%C3%A7%C3%A3o_da_punibilidade&action=edit&redlink=1 23 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu publicação da sentença de primeiro grau, sendo que após este momento a retratação perde sua eficácia como forma de extinção da punibilidade. Imputar a alguém falsa contravenção penal não é calúnia, pode ser difamação. Denunciação caluniosa Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhecrime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. ✓ O elemento subjetivo do tipo é a vontade específica de ofender a honra da vítima (animus calumniandi), devendo haver o dolo que pode ser direto ou eventual. ✓ Então, só pratica crime contra a honra, aquele que tiver o propósito manifesto de ofender a honra, onde há o animus calumniandi. ✓ Nenhuma hipóteses abaixo descritas se enquadra na calúnia: 1. Se uma pessoa conta para outra o que ouviu, ela simplesmente está agindo com animus narrandi. 2. Um acusado quando diz ao juiz que outra pessoa cometeu o crime que está sendo imputado a ele, está agindo com animus defendendi. 3. e o indivíduo está querendo fazer uma brincadeira, está agindo com animus jocandi. 4. Se estiver aconselhando alguém, age com animus consulendi. 5. Com a intenção de corrigir, animus defendendi. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/wiki/Senten%C3%A7a 24 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Crime de Difamação Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Difamação - Imputar algo desonroso a outrem, mas não qualquer fato inconveniente, mas fato efetivamente ofensivo à reputação. O sujeito ativo (quem comete) pode ser qualquer pessoa humana (ser humano). Sujeito passivo (quem sofre) pode ser qualquer pessoa humana ou jurídica (Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça). Imputação de fato - É necessário que o fato seja descritivo, não servindo um mero insulto ou xingamento. muitas das vezes sendo contra funcionário público a pena aumenta de um sexto há um terço. Exceção da verdade - Como para este tipo de crime o dano ocorrerá independentemente da veracidade da afirmação, somente se admite a exceção da verdade (alegação do réu de que o fato imputado é verídico) como defesa se a difamação for contra servidor público e a ofensa é relativa ao exercício de sua funções (parágrafo único, art. 139 do CP). Rito - É considerado crime de menor potencial ofensivo para os fins da Lei 9.099/1995, sendo competente o Juizado Especial Criminal, pois com a Lei 10.259/2001, tal rito passou a ser aplicável para os delitos com rito especial que tenham pena privativa de liberdade máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. Assim, é possível a composição dos danos e a transação penal regidos pela Lei 9.099/1995. Em ambas as hipóteses, não caracteriza antecedentes criminais. ✓ O fato tem que ser determinado, verdadeiro ou falso, criminoso ou não ou contravenção penal; ✓ Morto não pode ser vítima de difamação; ✓ Pessoa jurídica pode ser vítima de difamação; ✓ A exceção da verdade atinge a ilicitude, e não a atipicidade da conduta, como no caso de calúnia, pois é uma forma de exercício regular do direito. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 25 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Crime de Injúria Injúria do latim injuria, de in + jus = injustiça, falsidade. No Direito consiste em atribuir a alguém qualidade negativa, que ofenda sua honra, dignidade ou decoro. É um crime que consiste em ofender verbalmente, por escrito ou até fisicamente (injúria real), a dignidade ou o decoro de alguém, ofendendo a moral, com a intenção de abater o ânimo da vítima. Injúria Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa. ✓ Dignidade - ofender as qualidades morais (chamar alguém de “sem vergonha”); ✓ Decoro - ofender as qualidades físicas (gordo, mostro) ou intelectuais (débil mental, retardado); ✓ Pode ser praticado por ação ou omissão (José estende a mão para Maria e a despreza); ✓ Consuma no momento em que o fato chega ao conhecimento da vítima, dispensando efetivo dano a sua dignidade ou decoro. ✓ Injúria Real (§ 2º) – Cuspir na vítima, puxar o cabelo; ✓ Aviltante, humilhante, ✓ A doutrina majoritária entende que a injúria racial não contempla o perdão judicial prevista no § 1º. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito http://pt.wikipedia.org/wiki/Honra 26 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Disposições comuns – Injúria, Calúnia e Difamação Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. § 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Exclusão do crime Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar; III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício. Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 27 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Injúria racial e racismo ✓ Háa injúria racial quando as ofensas de conteúdo discriminatório são empregadas a pessoa ou pessoas determinadas. Ex.: negro fedorento, judeu safado, baiano vagabundo, alemão azedo, etc. ✓ O crime de Racismo constante do artigo 20 da Lei nº 7.716/89 somente será aplicado quando as ofensas não tenham uma pessoa ou pessoas determinadas, e sim venham a menosprezar determinada raça, cor, etnia, religião ou origem, agredindo um número indeterminado de pessoas. Ex.: negar emprego a judeus numa determinada empresa, impedir acesso de índios a determinado estabelecimento, impedir entrada de negros em um shopping, etc. ✓ o crime de racismo possui penas superiores às do crime de injúria racial; ✓ o crime de racismo é imprescritível e inafiançável, enquanto que o de injúria racial o réu pode responder em liberdade, desde que paga a fiança, e tem sua prescrição determinada pelo art. 109, IV do CÓDIGO PENAL em oito anos; ✓ o crime de racismo, em geral, sempre impede o exercício de determinado direito, sendo que na injúria racial há uma ofensa a pessoa determinada; ✓ o crime de racismo é de ação pública incondicionada, sendo que a injúria racial é de ação penal privada; ✓ enquanto que no crime de racismo há a lesão do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, no crime de injúria há a lesão da honra subjetiva da vítima. Súmula 714 STF É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. ✓ Ou seja, tratando-se de ofensa contra funcionário público sem vínculo com a função, a ação penal é privada. CRIMES CONTRA A HONRA EM LEIS ESPECIAS LEI DE SEGURANÇA NACIONAL A Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983, que define os crimes contra a segurança nacional e a ordem política e social, definiu no art. 26 o seguinte tipo legal de crime: “caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 28 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Câmara dos Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato ofensivo à reputação”. A pena é de reclusão, de um a quatro anos. À primeira vista poderia parecer que, diante dessa norma, todo e qualquer crime contra a honra do Presidente da República ou de qualquer dos demais titulares das funções mencionadas no dispositivo constitua crime contra a segurança nacional, afastando, assim, a incidência das correspondentes normas do Código Penal. Não é assim, felizmente. O art. 2º da mesma lei esclarece que quando o fato estiver previsto também no Código Penal, como é o caso da calúnia e da difamação, sua incidência dependerá da motivação e dos objetivos do agente, bem assim da ocorrência de lesão, real ou potencial, a pessoa dos chefes dos poderes da União. Em outras palavras, só haverá calúnia ou difamação punidas pela Lei de Segurança Nacional se o agente agiu com motivação política e com o fim de causar lesão à honra do cargo, e desde que tenha havido efetivo dano ou, pelo menos, possibilidade de lesão à honra da autoridade. ESTATUTO DO IDOSO A Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 – o Estatuto do Idoso –, definiu, no art. 105, a seguinte conduta típica: “exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso”. A pena é detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa. Idoso é quem tem idade igual ou superior a 60 anos. IMUNIDADE PARLAMENTAR Parlamentares federais, estaduais, distritais e municipais gozam da imunidade material em relação também à injúria, desde que no exercício do mandato e em razão dele. CAPÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL SEÇÃO I DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Observação para nunca esquecer: haverá sempre concurso material quando houver crimes contra a liberdade individual e outros. Do Crime de Constrangimento Ilegal http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 29 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu O constrangimento é obtido mediante violência, grave ameaça ou por qualquer outro meio análogo que seja capaz de reduzir a capacidade de resistência da vítima. Violência é o emprego de força física sobre o corpo da vítima através de lesões corporais ou da aplicação de mecanismos que tolhem sua liberdade de movimento. Grave ameaça é a violência moral. É a promessa da causação de um mal grave. O mal prometido não necessita ser injusto, porque no tipo não há essa exigência. Basta que seja grave. Também se perfaz o tipo quando o agente emprega um outro meio capaz de minar a capacidade de resistência da vítima, retirando-lhe a plena capacidade de determinação. É o que acontece quando a vítima é levada, por erro, a ingerir substância inebriante ou é hipnotizada, sedada, perdendo a plenitude de suas faculdades mentais. O resultado pretendido pelo agente é um comportamento da vítima, positivo ou negativo. Fazer aquilo que a lei não manda ou deixar de fazer o que a lei permite. O crime de constrangimento ilegal pode ser praticado inclusive na ausência do ofendido e de forma indireta, como no exemplo de obrigar alguém a certo ato via mensagem eletrônica sob ameaça de grave dano para seu filho. Exemplo de Constrangimento Ilegal: digo que alguém não passará em minha rua, ou lhe agredirei. Isso é constrangimento ilegal, pois àquela pessoa é permitido passar em minha rua. Constrangimento ilegal Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; II - a coação exercida para impedir suicídio. AMEAÇA Ameaça Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 30 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu A paz interior, a tranquilidade espiritual, é um estado da liberdade psíquica do ser humano. É bem jurídico importante que merece a Proteção do Direito Penal. A todas as pessoas é exigido o respeito à inviolabilidade dessa liberdade interna do outro. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo desse crime, mas o funcionário público pode cometer crime de abuso de autoridade, consoante dispõe a Lei nº 4.898/65. Sujeito passivo é qualquer pessoa que tenha capacidade para ser intimidada. Portanto, as crianças de pouca idade e os doentes mentais não são intimidáveis. Concretiza-se a ameaça através de palavra, escrita ou oral, de gestos ou qualquer meio simbólico, como desenhos, pinturas e objetos mostrados à vítima, diretamente ou por qualquer meio de comunicação, como telefone, carta, telegrama ou Internet. A ameaça podeser feita diretamente à vítima ou por interposta pessoa a quem é comunicada a promessa do mal, para que esta a transmita. Pode ser também reflexa, comunicada a vítima de que terceira pessoa a ela ligada por laços de parentesco ou afetividade sofrerá o mal. O conteúdo da ameaça pode ficar evidenciado nas palavras, gestos ou símbolos, ou restar implícita, quando houver dubiedade na frase proferida pelo agente, desde, evidentemente, que seja de molde a intimidar a vítima. O mal prometido deve ser injusto e grave. Promessas de mal lícito como a de mandar prender a vítima que tenha cometido um crime ou de executar a dívida vencida garantida por título executivo não configuram ameaça, porquanto o mal prometido, nesses casos, é justo. Haverá erro de tipo quando o agente imagina ser justo o mal prometido, restando excluída a tipicidade do fato, ainda que evitável o erro, porque não há modalidade culposa. Além de injusto o mal deve ser grave, no sentido de ter eficiência causal suficiente para provocar o estado de intranquilidade do sujeito passivo. Serão graves a promessa de matar, ferir, prender, danificar um bem valioso, restringir ou impedir o exercício de um direito, subtrair uma coisa de estimação do poder da vítima. ✓ Não há ameaça de morte quando o agente aponta para a vítima uma arma induvidosamente de brinquedo, por ela assim reconhecida. Nesses casos o meio utilizado é absolutamente ineficaz, não tendo sequer potencialidade para intimidar. ✓ Há ameaça, contudo, quando a arma de brinquedo apontada é uma cópia perfeita de arma verdadeira. ✓ Há ameaça quando o agente promete a realização de um mal atual, iminente ou futuro. Prometendo e cumprindo, realizando, pois, o mal anunciado, a ameaça restará absorvida pelo crime concretizado. ✓ Caso fique o agente apenas na promessa, ainda que de um mal para o futuro remoto, responderá tão-somente pela ameaça. Conflito Aparente De Normas A ameaça integra, como elemento estrutural, outros tipos de crime, como o constrangimento ilegal, estupro, atentado violento ao pudor, extorsão ou roubo, e por estes será absorvida. Se a ameaça tem como finalidade atemorizar a vítima para que http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 31 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu ela realize algum comportamento a que não esteja obrigada, haverá constrangimento ilegal. Ilicitude E Culpabilidade Se o agente, para repelir uma agressão injusta, proferir, contra o agressor, uma promessa de causar-lhe um mal grave, infundindo temor no agressor, terá realizado um fato atípico, porque, neste caso, o mal prometido, apesar de grave, não será injusto, porque justificado, pela legítima defesa, que, neste caso, constitui uma causa de exclusão da tipicidade, vez que a injustiça é circunstância elementar do tipo. Possível a legítima defesa – aqui como excludente da tipicidade –, possível será também a descriminante putativa correspondente, ficando excluída a culpabilidade quando o agente supõe situação de fato que, se existente, tornaria sua reação legítima. Pode a culpabilidade ainda ser excluída se o agente da ameaça encontra-se, ele mesmo, sob coação moral irresistível ou outra situação de inexigibilidade de conduta diversa, não tendo outro meio senão o de ameaçar a vítima. Qual é a diferença entre ameaça e constrangimento ilegal? A melhor maneira de lembrarmos é o famoso SE. Se colocamos um “SE”, estamos em constrangimento ilegal. Se não há o se, trata-se de ameaça. Como funciona: “se você vier à aula, você morre.” Aqui há o se, então estamos falando de constrangimento ilegal. Mas, se viro para alguém e faço aquele famoso gesto de garganta cortada, está consumada a ameaça, não o constrangimento. E se houver os dois? Dois crimes. A diferença é muito sutil. Dentro do constrangimento, devemos provocar o mal maior, mas não de uma maneira exata, sem vincular a outro ato. Na ameaça, o ato é direto. Bittencourt diz que no constrangimento ilegal temos dois atos. Por isso utilizamos o se. A ameaça é instantânea em relação ao constrangimento ilegal. Neste, podemos ter os dois atos: “Se você não matá-la , eu te mato”! SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO Há duas maneiras de realização da conduta: sequestrando a pessoa ou mantendo-a em cárcere privado. O sequestro só se realiza mediante comissão, mas a manutenção da vítima em cárcere privado pode dar-se mediante omissão, quando o agente deixa de colocar em liberdade a vítima que se encontra sob sua guarda para fins de tratamento. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 32 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Sequestro e cárcere privado Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze) dias. IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; V - se o crime é praticado com fins libidinosos. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Diferença entre SEQUESTO e CÁRCERE PRIVADO? No sequestro a vítima tem maior liberdade de locomoção (vítima presa numa fazenda). Já no cárcere privado, a vítima vê-se submetida a uma privação de liberdade num recinto fechado, como por exemplo: dentro de um quarto ou armário. Qual a diferença entre DENTENÇÃO E RETENÇÃO? Na detenção priva-se a vítima da liberdade, levando ela para algum lugar. Já na retenção impede-se a vítima de sair de um determinado lugar. ✓ A duração da privação da liberdade é irrelevante. ✓ O crime só é punido a tipo de DOLO. ✓ São delitos MATERIAIS e PERMANENTES, uma vez que o tipo descreve a conduta e o resultado. ✓ É possível a TENTATIVA. ✓ A AÇÃO PENAL É PÚBLICA INCONDICIONADA. Observe-se que na causa de aumento (§1º, II) relativo à internação da vítima, deve existir o DOLO DE SEQUESTRAR camuflando o sequestro com a internação. Aqui é necessário distinguir o DOLO DE SEQUESTRAR, da conduta relacionada aos Arts. 22 e 23 da Lei 3.688/41 (contravenções penais) relativo à contravenção conhecida como INTERNAÇÃO IRREGULAR. http://diferencialensino.com.br/ http://bit.ly/difinst http://bit.ly/difFB http://bit.ly/difyoutb https://api.whatsapp.com/send?1=pt_BR&phone=5562992229605 33 DIREITO PENAL Prof. Márcio Tadeu Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele internar, sem as formalidades legais, pessoa apresentada como doente mental: Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. § 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de comunicar a autoridade competente, no prazo legal, internação que tenha admitido, por motivo de urgência, sem as formalidades legais. § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, aquele que, sem observar as prescrições legais, deixa retirar-se ou despede de estabelecimento psiquiátrico pessoa nele, internada. Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso previsto no artigo anterior, sem autorização de quem de direito: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. Já no caso do fim libidinoso (previsto no § 1º, V) nunca é demais lembrar que abrange homem ou mulher,
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