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História da Aviação_

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HISTÓRIA DA AVIAÇÃOHISTÓRIA DA AVIAÇÃO
História da Aviação
Leonardo Azevedo Bassi Leonardo Azevedo Bassi 
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
Atualmente, todo pro� ssional que deseja ter sucesso em sua carreira precisa, de al-
guma forma, se destacar e se diferenciar de seus concorrentes. Desse modo, buscar 
atingir um patamar superior e tornar-se especialista em determinada área é o primei-
ro passo para o sucesso. 
Durante a matéria de História da Aviação, iremos analisar e revisar fatos históricos 
que foram determinantes para o desenvolvimento da aviação mundial. Esta é uma 
temática muito importante para todos os pro� ssionais da área da aviação, uma vez 
que estudaremos o papel da Primeira e da Segunda Guerra Mundial no desenvolvi-
mento da aviação; as primeiras máquinas voadoras; quem foram os visionários que 
dedicaram-se aos estudos sobre a aviação; e, por � m, conjecturar sobre o futuro da 
aviação mundial.
Em conclusão, é importante lembrar que a segurança está sempre em primeiro lugar 
na lista de prioridades de toda e qualquer operação aérea. Portanto, o aprendizado 
sobre a cultura aeronáutica nunca é demais, além de ser um diferencial para a carreira 
de todos os envolvidos.
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Leonardo Azevedo Bassi
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ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
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Unidade 1 - O início da aviação
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 12
Primeiros desenhos ............................................................................................................. 13
O início dos estudos e a base da aviação mundial .................................................... 14
Leonardo da Vinci ............................................................................................................ 15
Aeronaves mais leves do que o ar e o balão atual ........................................................ 18
Bartolomeu de Gusmão ................................................................................................. 20
Irmãos Montgolfier e o balão de ar quente ................................................................ 21
Planadores e aviões............................................................................................................. 23
Planadores ....................................................................................................................... 23
Otto Lilienthal ................................................................................................................... 25
Aviões ............................................................................................................................... 27
Santos Dumont ................................................................................................................. 29
Os primórdios da aviação civil .......................................................................................... 31
O início da grande indústria ........................................................................................... 32
Sintetizando ........................................................................................................................... 35
Referências bibliográficas ................................................................................................. 36
Sumário
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Sumário
Unidade 2 - O “inventor” do avião e a Primeira Guerra Mundial
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 39
Alberto Santos Dumont........................................................................................................ 40
A origem de Alberto Santos Dumont ............................................................................ 40
Os projetos de Dumont ................................................................................................... 41
A morte de Dumont ......................................................................................................... 44
Irmãos Wright ........................................................................................................................ 44
A história dos irmãos ...................................................................................................... 45
A paixão pelo voo ............................................................................................................ 46
Aeronave motorizada ...................................................................................................... 49
Aviação na Primeira Guerra Mundial ............................................................................... 51
Primeiras modificações .................................................................................................. 52
Dog Fights e os tipos de aeronaves ............................................................................. 53
A era de ouro da aviação .................................................................................................... 55
Dirigíveis ........................................................................................................................... 56 
Grandes travessias e as primeiras empresas aéreas ............................................... 57
Sintetizando ........................................................................................................................... 60
Referências bibliográficas ................................................................................................. 61
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Sumário
Unidade 3 - A Segunda Guerra Mundial e a OACI
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 64
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) ............................................................................... 65
Cenário histórico ............................................................................................................. 65
Principais modificações................................................................................................ 69
Criação da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) ................................. 73
Primeiras correntes de pensamento ............................................................................ 74
Convenções voltadas para a aviação civil .................................................................. 75
Anexos da OACI e a atualidade .................................................................................... 79
A aviação civil contemporânea ......................................................................................... 81
O motor a jato ................................................................................................................... 82
O turboélice ...................................................................................................................... 84
Sintetizando ........................................................................................................................... 87
Referências bibliográficas ................................................................................................. 88
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Sumário
Unidade 4 - Acidentes aeronáuticos e aeronaves modernas
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 91
Acidentes aeronáuticos ...................................................................................................... 92
Investigação aeronáutica .............................................................................................. 92
Agências de investigação .............................................................................................. 94
O futuro da aviação .............................................................................................................. 97
Aviões híbridos................................................................................................................. 98
Aviões supersônicos ....................................................................................................... 98
Aeronaves modernas ......................................................................................................... 100
Airbus A380 ..................................................................................................................... 100
Airbus A350 ..................................................................................................................... 103
The Boeing Company .................................................................................................... 104
Boeing 747 ...................................................................................................................... 105
Boeing 787 ...................................................................................................................... 108
Sintetizando ......................................................................................................................... 111
Referências bibliográficas ............................................................................................... 112
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Olá, alunas(os)!
Atualmente, todo profi ssional que deseja ter sucesso em sua carreira preci-
sa, de alguma forma, se destacar e se diferenciar de seus concorrentes. Desse 
modo, buscar atingir um patamar superior e tornar-se especialista em determi-
nada área é o primeiro passo para o sucesso. 
Durante a matéria de História da Aviação, iremos analisar e revisar fatos his-
tóricos que foram determinantes para o desenvolvimento da aviação mundial. 
Esta é uma temática muito importante para todos os profi ssionais da área da 
aviação, uma vez que estudaremos o papel da Primeira e da Segunda Guerra 
Mundial no desenvolvimento da aviação; as primeiras máquinas voadoras; quem 
foram os visionários que dedicaram-se aos estudos sobre a aviação; e, por fi m, 
conjecturar sobre o futuro da aviação mundial.
Em conclusão, é importante lembrar que a segurança está sempre em pri-
meiro lugar na lista de prioridades de toda e qualquer operação aérea. Portan-
to, o aprendizado sobre a cultura aeronáutica nunca é demais, além de ser um 
diferencial para a carreira de todos os envolvidos.
Tenham todas(os) um excelente curso!
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 9
Apresentação
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Gostaria de dedicar este trabalho a todos os futuros profi ssionais da 
aviação. Que estes profi ssionais consigam adquirir conhecimento de forma 
efi ciente e utilizá-lo para o bem de todas as operações aéreas, propiciando 
um futuro próspero para a aviação brasileira e mundial.
O professor Leonardo Azevedo Bassi 
é bacharel em Ciências Aeronáuti-
cas pela Instituição Toledo de Ensino 
(2017) e possui MBA em Controladoria 
e Finanças Empresariais, também pela 
Instituição Toledo de Ensino (2019). É 
piloto comercial de avião, com habi-
litação em multimotores e voos por 
instrumento. Atualmente, trabalha na 
empresa Turkish Airlines, no Aeropor-
to Internacional de Guarulhos.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3717977404261358
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 10
O autor
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O INÍCIO DA AVIAÇÃO
1
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Explorar os primeiros desenhos e o início dos estudos da aviação; 
 Descrever, em linhas gerais, o que são e como surgiram as aeronaves mais 
leves que o ar;
 Caracterizar os diferentes tipos de aeronaves existentes e investigar como 
elas surgiram; 
 Analisar e entender quem foram os visionários que estudaram os planadores 
e os aviões; 
 Identificar os primórdios da aviação civil e como surgiu esta indústria gigante.
 Primeiros desenhos
 O início dos estudos e a base 
da aviação mundial
 Leonardo da Vinci
 Aeronaves mais leves do que o 
ar e o balão atual
 Bartolomeu de Gusmão
 Irmãos Montgolfier e o balão 
de ar quente
 Planadores e aviões
 Planadores 
 Otto Lilienthal
 Aviões
 Santos Dumont
 Os primórdios da aviação civil
 O início da grande indústria
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 12
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Primeiros desenhos
Aqui, serão apresentadas as primeiras ideias referentes ao sonho de 
voar, assim como o que inspirou o ser humano em relação a este mesmo 
sonho. Desde a pré-história há, em artes rupestres, registros do voo dos 
pássaros, a maior inspiração para o homem tocar o céu. Não é exagero 
afirmar que o sonho de voar tornou-se uma obsessão e, claramente, o 
maior estímulo veio através do voo dos pássaros. A tentativa de criar um 
equipamento que copiasse o formato e o desenho de suas asas resultou 
nos primeiros desenhos e acidentes. 
Podemos citar a pipa, uma invenção extremamente antiga e que regis-
tra o primeiro voo de algo mais pesado que o ar, podendo ser considerada 
um dos primeiros estudos da aerodinâmica. Além dos primeiros desenhos, 
nos debruçaremos também sobre as principais bases da aviação mundial, 
que possibilitaram o primeiro voo do ser humano. Ademais, muitos foram 
os indivíduos e estudos que contribuíram para que o sonho de voar do 
homem se tornasse realidade. 
É pertinente, também, mencionar um conto da mitologia grega: o voo 
de Ícaro, filho de Dédalo, o genial arquiteto e inventor. O conto relata o 
voo de ambos, que estavam presos em um labirinto na ilha de Creta. Para 
escapar, Dédalo projetou asas, possibilitando a fuga dos dois através do 
voo. A composição das asas, uma leve estrutura, contava com diversas pe-
nas de aves e uma cera feita com mel de abelha que servia de cola. 
Quando os dois alçaram voo, Dédalo aconselhou 
Ícaro a não voar tão próximo ao Sol. Indo contra o 
alerta de seu pai, Ícaro alcançou uma avantajadaal-
tura em seu voo e por conta dos raios solares, a 
cera, que era composta de mel de abelha, per-
deu seu efeito. Isto fez com que suas asas se 
desintegrassem, provocando a morte de Ícaro.
Esse conto até os dias de hoje é utilizado 
como exemplo na prevenção e segurança de voo: 
por não obedecer às orientações do seu pai e voar próximo ao Sol, Ícaro 
ocasionou um acidente.
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 13
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O início dos estudos e a base da aviação mundial
Agora, para que se possa entender como foi possível chegar aos primeiros 
desenhos, é necessário ressaltar pontos importantes de física e fi losofi a, apre-
sentando os fi lósofos, assim como os grandes gênios da época, que se torna-
ram base fundamental para as primeiras ideias e esboços. 
Um importante fi lósofo que possui papel fundamental para o início dos es-
tudos da Física, além de inspirar diversos cientistas e fi lósofos como Newton 
e Leonardo da Vinci, é Aristóteles, que foi um dos primeiros a delinear a ideia 
que o ar tem peso.
Ademais, é imprescindível mencionar Arquimedes, considerado o pai da 
Física e um dos maiores gênios científi cos da Antiguidade. Ele foi responsável 
por formular o princípio de Arquimedes, que atesta que um corpo que seja 
mais pesado que a água irá afundar, ao passo que um corpo mais leve irá boiar, 
levando-se em consideração a combinação de peso e área. Sobre isso, Bendick 
afi rma em seu livro Arquimedes: uma porta para a ciência que “se um corpo 
sólido fl utua ou é submerso em um líquido, o líquido exerce uma força de im-
pulso ascendente – uma força fl utuante – no corpo igual à força gravitacional 
Figura 1. Dédalo e Ícaro. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/02/2020.
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 14
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no líquido deslocado pelo corpo” (2006, p. 12). Portanto, é possível afi rmar que 
este princípio foi de vital importância para que diversos físicos, e estudiosos no 
geral, tivessem uma base sólida para suas descobertas.
Por fi m, mas não menos importante, há Blaise Pascal, um fi lósofo e mate-
mático francês que possuía como base principal de seus estudos tudo aquilo 
que fosse relacionado à pressão dos fl uidos e hidráulica. Ele foi o responsável, 
também, por conceber a lei de Pascal.
A apresentação de todos esses estudiosos tem como objetivo colocar em 
xeque a falsa ideia de que uma só pessoa foi responsável por possibilitar o 
voo do homem: na realidade, diversos indivíduos contribuíram para que isto se 
concretizasse, sempre agregando conhecimento às informações anteriores a 
si, fazendo com que novas ideias fossem surgindo. 
Leonardo da Vinci
Leonardo da Vinci, que possuía verdadeira obsessão pelos pássaros e 
seu voo, pode ser descrito como pioneiro nos estudos da aerodinâmica, sen-
do o primeiro na história a desenhar um esboço de uma aeronave tripulada. 
O polímata dizia ser capaz de 
construir diversos objetos e dedi-
cava-se a projetos de arquitetura e 
engenharia. Além de pintor e um dos 
maiores gênios da história, da Vinci 
também era um típico homem do 
Renascimento: autodidata nos mais 
variados campos da ciência, se en-
volveu em inúmeros projetos como, 
por exemplo, o da cidade ideal. Além disso, relatos apontam, entre 1480 e 
1505, o estudo detalhado do voo de pássaros, pipas e planadores, sempre 
levando em consideração a estrutura óssea destes animais.
Agora, observe a Figura 2, que é uma representação gráfi ca de um dos 
desenhos de da Vinci, o ornitóptero. Concebido por volta de 1485, o orni-
tóptero era extremamente inovador para a época e o levaria a projetar a 
máquina voadora, que utilizava a força do ar para se sustentar em voo. 
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Figura 2. Ornitóptero de Leonardo da Vinci. Fonte: MOON, 2007, p. 51.
Este dispositivo era composto por:
• Asas;
• Estação de controle;
• Dispositivo de flutuação;
• Pedal principal;
• Pedal de abertura.
Já o helicóptero de da Vinci foi projetado em 1493, 450 anos antes que 
um helicóptero, como os que conhecemos atualmente, realizasse seu primeiro 
voo. Uma das pás de seu rotor possuía dois metros de diâmetro e sua principal 
estrutura de apoio deveria ser mantida unida por junções ou por uma estru-
tura também projetada por da Vinci. Estudos apontam que essa invenção teve 
como principal inspiração a análise de determinado tipo de semente que, ao se 
soltar das árvores, caía de maneira helicoidal. É provável que Leonardo tenha 
se questionado se o contrário também era verdadeiro: para que um dispositi-
vo pudesse alçar voo, seria necessário que ele tivesse algum mecanismo que 
girasse em espiral?
Leonardo muitas vezes baseou seus projetos em fenômenos que ele ob-
servou na natureza. Por exemplo, há o projeto do planador, cuja idealização 
baseou-se totalmente nas asas de um morcego, e do tanque de guerra, cujas 
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paredes exteriores foram projetadas com base em uma concha de tartaruga. 
Além destes, há muitos outros projetos que seguem esta mesma linha, o que 
evidencia que Leonardo da Vinci sempre foi inspirado pela natureza.
Figura 3. Projeto do helicóptero de da Vinci. Fonte: MOON, 2007, p. 53.
Por fim, há o paraquedas de da Vinci. Embora a invenção do primeiro 
paraquedas prático geralmente seja creditada a Louis-Sébastien Lenor-
mand, em 1783, Leonardo da Vinci foi o precursor desta ideia mais de dois 
séculos antes. 
O esboço de sua invenção tem design distinto do paraquedas atual, 
uma vez que o desenho do projeto de da Vinci é triangular, em vez de ser 
arredondado como os paraquedas que conhecemos. Isto levanta o ques-
tionamento relativo a se ele realmente teria área suficiente para causar 
resistência no ar e flutuar. Outro ponto é que, como este paraquedas seria 
feito com linho e uma moldura de madeira, seu peso avantajado também 
poderia ser um problema.
Em julho de 2000, Adrian Nichols construiu um protótipo baseado nes-
te projeto e o testou. Apesar da descrença no design de da Vinci, o para-
quedas funcionou como deveria e notou-se que ele, inclusive, era de certa 
forma mais suave do que o paraquedas atualmente utilizado.
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 17
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Figura 4. Paraquedas de da Vinci. Fonte: MOON, 2007, p. 61.
Por mais estranho que possa parecer, o italiano nunca conseguiu tirar seus 
projetos do papel, independentemente de serem aeronaves, helicópteros ou pa-
raquedas, graças a seu alto custo fi nanceiro e o potencial implicado de perigo. 
Embora muitos tenham criado réplicas do ornitóptero, por exemplo, realizando 
uma releitura do esquema original, ninguém tentou pilotá-las, mesmo garan-
tindo-se a funcionalidade de todos os sistemas instalados. Todavia, já no século 
XX, um dos planadores de da Vinci foi construído e funcionou, comprovando a 
profunda importância do polímata para o desenvolvimento da aviação.
ASSISTA
Assista a este documentário, que discorre sobre o fi nal 
da vida do grande visionário Leonardo da Vinci, além de 
apresentar alguns fatos curiosos.
Aeronaves mais leves do que o ar e o balão atual
Neste tópico, apresentaremos a história e registros dos primeiros voos 
dos aeróstatos, os balões, tanto de ar quente quanto de hidrogênio. Além 
disso, evidenciaremos duas linhas de pensamento a esse respeito, assim 
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como a história de Bartolomeu de Gusmão. Inicialmente, trataremos dos 
balões atuais.
Bartolomeu de Gusmão é citado na história mundial como o inventor 
do balão, graças ao seu projeto da passarola, colocando-se como pioneiro 
no que diz respeito a projetos de aeróstato. Todavia, ele acabou não sen-
do reconhecido pela comunidade científica mundial em sua totalidade por 
não apresentar fatos e provas suficientes: o primeiro registro 
tripuladode voo do aeróstato é creditado aos irmãos Mont-
golfier, com o balão de ar quente. 
Em paralelo, é importante frisar a importância de Jac-
ques Alexandre Charles, físico, químico e matemático, que era 
capaz de produzir o hidrogênio, além de realizar experimentos em suas 
aulas. Isto ocasionou um projeto de aeróstato que utilizava o hidrogênio 
para alçar voo, colocando, assim, as leis da Física em prática.
O balão atual
Nesta temática, é possível seguir duas linhas. Uma delas diz respeito 
à utilização de balões a gás, que foi, e ainda é, essencial para o estudo da 
atmosfera terrestre. Em 27 de maio de 1931, por exemplo, o físico suíço 
Augusto Piccard atingiu a incrível altitude de 15.785 metros em um balão a 
gás. O percurso durou apenas meia hora e, ao atingir a estratosfera, ele e 
seu assistente puderam registrar as informações do ar. Esses dados possi-
bilitaram a realização de diversos e importantes tipos de pesquisas, além 
de estudos ligados à aeronomia, que ocupa-se das propriedades físicas e 
químicas das camadas superiores da atmosfera.
Sobre isso, afirmam Degardin e Duarte que “os balões estão longe de 
desaparecer. Fala-se, novamente, em desenvolver dirigíveis para o trans-
porte de passageiros e sobretudo de frete. Durante muito tempo ainda 
veremos subir as máquinas aerostáticas até às nuvens, como desejavam 
os irmãos Montgolfier” (2019, p. 7). 
Já sobre o balão que utiliza o ar quente, pode-se afirmar que seu uso é 
mais voltado para atividades recreativas. Ele possui a implementação de 
queimadores a propano, que permitem regular a potência da chama. Ao 
regular quanto de ar quente é projetado no interior do balão, é possível 
controlar sua subida e descida.
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 19
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Bartolomeu de Gusmão
Bartolomeu Lourenço de Gusmão nasceu em São Paulo, em 1685, e faleceu em 
Toledo, na Espanha, em 1724. Ele era um padre e naturalista português conhecido 
por seus trabalhos sobre o design de um dirigível que fosse mais leve que o ar e teve 
o seu projeto, um aeróstato, apresentado 100 anos antes dos irmãos Montgolfi er.
Gusmão iniciou seus estudos na Companhia de Jesus da Bahia, quando tinha 
cerca de quinze anos, mas deixou a ordem em 1701. Chegando a Portugal obteve 
um patrono, que completou seu curso de estudo na Universidade de Coimbra, local 
no qual o padre dedicou sua atenção principalmente à Filologia e à Matemática. Em 
1709 apresentou seu projeto ao Rei João V de Portugal, objetivando colocar sua in-
venção em prática. 
O projeto apresentado foi um balão de ar quente, impulsionado por uma 
vela. Foi apenas na terceira tentativa que o balão obteve um voo de 4 metros, 
mas isto foi o sufi ciente para provar que suas hipóteses estavam corretas, visto 
que muito do que foi apresentado por Gusmão é utilizado até os dias de hoje.
Já seu projeto da passarola não obteve confi ança por parte da socieda-
de acadêmica da época. Além disso, 
a notícia se espalhou pela Europa 
e acabou tomando outros rumos. 
Embora Bartolomeu tenha tentado 
proteger seu projeto, ele acabou não 
saindo do papel, em parte devido às 
falsas informações emitidas na épo-
ca, que interferiram diretamente em 
seu desenvolvimento. 
Todavia, sobre a trajetória desta fi gura histórica, Manuel Reale assevera que:
podemos afirmar, sem sombra de dúvida e com imenso or-
gulho, que Bartolomeu de Gusmão foi um visionário no seu 
tempo; foi um sonhador que procurou transformar seus so-
nhos em realidade e tornar-se o primeiro homem que vis-
lumbrou nos céus o domínio do ar para a conquista da terra, 
portanto, com justa razão, o precursor da Aeronáutica no 
mundo (2009, p. 12).
Figura 5. A passarola de Bartolomeu Gusmão.
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 20
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Os responsáveis pela realização do primeiro voo tripulado de um aerós-
tato foram os irmãos Montgolfi er. Reconhecidos pela sociedade científi ca, 
os irmãos também foram extremamente importantes no que diz respeito à 
história da aviação. 
Irmãos Montgolfier e o balão de ar quente
Joseph-Michel Montgolfi er (1740–1810) e Jacques-Étienne Montgolfi er 
(1745 –1799) foram os responsáveis pela concepção do primeiro balão de 
ar quente, totalmente prático e tripulado. Joseph era mais velho que Jac-
ques e era conhecido por ser um idealista, ao passo que o segundo possuía 
um dom natural para os negócios. Além disso, a família Montgolfi er possuía 
uma fábrica de papel bem avançada para a época, no quesito tecnológico. 
Jacques executou diversas melhorias no processo de fabricação de papel, 
motivo pelo qual o governo francês concedeu à família Montgolfi er diversos 
incentivos. Este fator infl uenciou diretamente na execução do projeto dos 
irmãos Montgolfi er. 
Conta-se que a ideia ocorreu pri-
meiramente a Joseph, ao observar que 
as roupas que secavam sobre o fogo 
quente fl utuavam. Ele teria se pergun-
tado se esse mesmo fenômeno pode-
ria ser utilizado para criar um dispositi-
vo voador. Joseph então construiu uma 
caixa de madeira muito fi na e cobriu 
seus lados com um pano leve, denomi-
nado de tafetá. Ao queimar papéis sob 
este modelo, a caixa imediatamente 
alçou voo até o teto. A partir disso, os 
irmãos elaboraram diversos projetos 
que se baseavam neste protótipo. 
Paralelamente, iniciou-se uma competição entre os irmãos Montgolfi er e 
Jacques Alexandre Cesar Charles, que utilizava o hidrogênio, 14 vezes mais leve 
que o ar, em vez do ar quente. O objetivo era chegar a uma conclusão sobre 
Figura 6. O balão dos irmãos Montgolfi er. Fonte: GILLIS-
PIE, 1983, p. 12.
HISTÓRIA DA AVIAÇÃO 21
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quem conseguiria realizar o primeiro voo tripulado de um balão. Os irmãos 
Montgolfier saíram na frente ao executar um voo tripulado por uma ovelha, um 
pato e um gato, evidenciando para o resto do mundo a possibilidade de realizar 
um voo seguro. 
Mesmo que Jacques Alexandre Cesar Charles tenha perdido a disputa para 
os irmãos, o mesmo deu seguimento a seu projeto com os balões de hidrogê-
nio, realizando voos tripulados posteriormente e, assim, contribuindo para o 
desenvolvimento dos balões.
CURIOSIDADE
O primeiro acidente de balão do mundo ocorreu em 15 de junho de 1785: 
Pilâtre de Rozier e Pierre Ange Romain, na tentativa de realizar a travessia 
do Canal da Mancha, perdem altitude em pleno voo, ocasionando a queda 
do balão utilizado. Ambos morreram, configurando esta como a primeira 
fatalidade da aviação da história.
Após o progresso atingido pelos irmãos Montgolfier e por Jacques Charles, 
cada vez maiores distâncias e altitudes foram alcançadas, além da percepção 
de que as correntes de ar sofrem variações com a mudança de altitude, o que 
permite alterar a direção do voo. Ademais, com o passar dos anos, a evolução 
do balão, tanto o de ar quente quanto o de hidrogênio, foi extremamente bem-
-sucedida, até a realização do primeiro voo motorizado. A implementação dos 
motores, aliás, solucionou o problema da escolha de direção dos balões.
O mentor do balão motorizado foi Henri Giffard, que 
construiu um dirigível e realizou seu primeiro voo em 24 de 
setembro de 1852. O voo cobriu os 27 km que separam 
Paris de Trappes em três horas e demonstrou a ótima ma-
nobrabilidade do aparelho de Giffard, mesmo que este pos-
suísse suas limitações:
Giffard alçou os ares em Paris no dia 24 de setembro de 1852, per-
correndo 27 km a aproximadamente 10 Km/h. Esse foi o primeiro 
voo controlado e motorizado da história. O aparelho era estável e 
obedecia ao leme nas manobras, mas falhou em avançar contra o 
vento e Giffard não conseguiu voltar ao local de partida. O voo es-
tável só era possível em ventos calmos (VAICBERG et al., 2011, p. 5).
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Planadores e aviões
É inegável que a aviação revolucionou o transporte em escala global,além de facilitar a vida de inúmeros indivíduos. Antigamente, o transporte 
de pessoas e de carga era muito caro e inefi ciente, uma vez que a população 
pagava um preço alto para poder se locomover; todavia, o serviço não era 
de boa qualidade e o tempo de espera era assombroso. Os meios de trans-
porte mais utilizados durante os séculos XVIII, XIX e XX eram o 
marítimo e o fl uvial, ou seja, barcos e navios que navegavam 
por mares e rios, nos vários países de todo o globo.
O século XX foi responsável por grandes invenções da hu-
manidade, as quais ocorreram em diversos âmbitos de conhe-
cimento. Seja na indústria, no comércio na saúde ou nos transportes: todas 
essas e outras áreas foram revolucionadas com a invenção de tecnologias que 
contribuíram profundamente para a melhoria da qualidade de vida da popu-
lação e do aumento da expectativa de vida. Aqui, serão abordados os aviões e 
planadores, invenções que revolucionaram o domínio dos transportes.
A aviação foi um ponto crucial na revolução dos transportes: é uma indús-
tria gigante, que emprega milhares de pessoas no mundo todo e relaciona-se 
ao transporte aéreo de inúmeros passageiros e cargas. Mas só foi possível que 
essa indústria surgisse devido à invenção de dois dispositivos muito intrigan-
tes: o avião e o planador. A seguir, analisaremos a história dessas invenções e 
sua importância para a efi ciência da aviação.
Planadores
O ser humano sempre teve o sonho de poder voar como os pássaros, an-
seio que vem até mesmo antes de Leonardo Da Vinci, no século XV. 
Todavia, quando surge o questionamento sobre quem realmente 
inventou o avião, é sempre necessário salientar que a 
aviação não teve um único criador. Vários inventores e 
visionários espalhados ao redor do mundo foram de-
terminantes para que a aviação, como um todo, pu-
desse chegar até onde ela chegou.
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Posto isso, é importante ressaltar que aviação não está somente relacio-
nada com aviões em si, mas sim com tudo o que envolve a operação aérea. 
Dentre as máquinas voadoras, há os aeródinos e os aeróstatos. Os aeródinos 
são classificados em asa fixa, como aviões e planadores, e em asa rotativa, 
como helicópteros e autogiros; já os aeróstatos são as aeronaves mais leves 
do que o ar, ou seja, balões e dirigíveis. Os conceitos de aeródinos e aeróstatos 
são muito importantes para a formação de todo profissional da aviação, além, 
obviamente, do conhecimento acerca de aeronaves.
Aeronaves são todos os aparelhos, ou máquinas, que são capazes de nave-
gar e se sustentar no ar. Os planadores, exemplos de aeronaves que possuem 
diversos modelos até os dias de hoje, são aeródinos não motorizados, o que 
significa que eles necessitam de um “auxílio” para dar início ao seu voo. Esse 
auxílio, geralmente, ocorre através da utilização de outra aeronave, ou seja: o 
planador é conectado a uma outra aeronave através de uma corrente, que é 
solta quando ambos atingem determinada altitude.
A operação de voo do planador é muito interessante e peculiar, uma vez 
que este tipo de aeronave possui asas de grande envergadura e menor mas-
sa, justamente para poder planar o máximo possível. Os pilotos do planador, 
atualmente, voam procurando térmicas, a fim de que seja possível voar e ga-
nhar altitude sem a necessidade de motores. Uma comparação interessante 
é equiparar os planadores com os urubus, posto que ambos voam de acordo 
com as térmicas. 
Com relação a este tipo de aeronave, é inevitável falar de Sir George Cayley. 
Cayley foi um dos primeiros engenheiros a falar sobre as forças que regem um 
voo, ou seja, a sustentação. Britânico e nascido em 1773, no ano de 1799 ele 
desenhou uma invenção que pode ser considerada como o primeiro planador 
da história. Essa invenção possuía asas estacionárias para gerar sustentação e 
uma cauda móvel para auxiliar no controle.
Foi somente em meados de 1853 que George Cayley, com a ajuda de seu 
neto, conseguiu fabricar sua invenção, representada na Figura 7, e voar por 
poucos segundos até se acidentar em um vale de montanhas. Mesmo tendo 
voado somente por alguns segundos, é possível afirmar que Cayley é um dos 
pais dos planadores. Ademais, ele conseguiu concretizar seu sonho e colocar 
sua criação em prática.
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Figura 7. Primeira aeronave de George Cayley. Fonte: GIBBS-SMITH, 1968, p. 15. 
É importante ressaltar que, mesmo que sua invenção não tenha obtido su-
cesso absoluto, o desenho da aeronave de Cayley serviu como modelo e ins-
piração para pioneiros porvindouros, que também seriam muito importantes 
para o desenvolvimento da aviação no mundo todo. 
Durante o século XIX e o início do século XX, sonhadores e inventores 
espalhados pelo mundo todo analisavam a possibilidade da criação de uma 
máquina voadora. Como já dito, não é possível creditar a criação das aero-
naves a uma única pessoa, mas sim a um conjunto de inventores de diversas 
partes do globo.
Otto Lilienthal
Em meados de 1890, outro grande inventor entrou em cena: Otto Lilienthal. 
Nascido em Berlim no ano de 1848, ele foi mais um dos grandes pioneiros da 
aviação. Ao contrário de Cayley, Lilienthal obteve mais sucesso em suas pesqui-
sas e projetos, tanto que fi cou conhecido como a primeira pessoa do mundo 
a ser fotografada voando com uma aeronave; várias revistas e jornais publica-
ram fotos de Otto com seu planador, e esses registros, com certeza, infl uencia-
ram outros inventores a perseguir o sonho de voar com máquinas.
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Para se ter uma ideia do quanto Otto era fascinado por aviação, ele criou e 
desenvolveu um morro artificial de quatro metros de altura perto de sua casa, 
objetivando testar seus projetos e voos com mais praticidade e facilidade. As 
criações de Otto eram muito interessantes e peculiares, abrangendo planado-
res biplanos e monoplanos, e os testes de voo começaram por volta de 1892, 
quando um de seus primeiros projetos conseguiu planar em uma altitude de 
dez metros. A partir de 1894, seus voos testes já possuíam uma multidão, que 
observava atentamente o pioneiro da aviação.
Muitos consideram Otto Lilienthal como um dos principais responsáveis 
pelo desenvolvimento da aviação moderna, pois, diferentemente de George 
Cayley, Otto alcançou um sucesso estrondoso com suas invenções. Todavia, 
infelizmente ele acabou falecendo fazendo aquilo que mais amava. Seu último 
voo aconteceu no dia 9 de agosto de 1896: ao realizar o quarto voo do dia, aca-
bou perdendo o controle de seu planador e a aeronave caiu. Otto ficou grave-
mente ferido e faleceu no dia seguinte, devido ao acidente.
Esse visionário alemão foi extremamente importante para o desenvolvi-
mento da aviação e seus projetos serviram de inspiração e pesquisa para futu-
ros inventores, tais como os irmãos Wright. A Figura 8, que ilustra uma de suas 
invenções, mostra como Otto realizava os seus voos.
Figura 8. Planador de Otto Lilienthal. Fonte: National Air and Space Museum, 1980, p. 5. 
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Outros grandes inventores também foram fundamentais para a história 
dos planadores e para o desenvolvimento da aviação moderna. Um exemplo é 
Percy Pilcher, do Reino Unido, um inventor que realizou voos com planadores 
de forma muito parecida com Otto Lilienthal. Outro visionário foi Lawrence 
Hargrave, nascido na Austrália, que herdou uma grande herança de sua família 
e dedicou sua fortuna para o bem da ciência, estudando o motor giratório e 
alguns aerofólios curvos. Por fi m, há Lawrence Hargrave, que estudava os pás-
saros profundamente para compreender como eles conseguem voar.
Enfi m, é possível concluir que os planadores foram essenciais para o desen-
volvimento da aviação. O transporte aéreo é algo incrívele é muito prazeroso 
poder estudar e aprender sua história. Atualmente, existem diversas tecno-
logias que facilitam o nosso dia a dia, mas no fi nal do século XIX as condições 
eram muito diferentes. Entretanto, mesmo sem o progresso que existe atual-
mente, visionários como Otto Lilienthal e George Cayley conseguiram criar in-
ventos revolucionários para o seu período, e serão lembrados eternamente 
como os pioneiros dos planadores e da aviação em geral.
Aviões
A história dos aviões também é muito interessante. Similarmente aos pla-
nadores, os aviões também possuem seus pioneiros, ou seja, criadores visio-
nários que tinham o sonho de voar. Um aspecto que diferencia os aviões dos 
planadores é o motor, uma vez que os aviões possuem motores, responsáveis 
por proporcionar a tração necessária para a execução do voo.
Ao discorrer brevemente sobre a criação dos primeiros aviões, é impossível 
discutir a história da aviação sem citar os famosos irmãos Wright e o visionário 
Alberto Santos Dumont. É pertinente ressaltar que muitas pessoas discutem 
sobre quem foi, de fato, o verdadeiro criador e inventor do avião; contudo, essa 
pergunta não possui uma única resposta. Diversos pioneiros de diferentes par-
tes do globo tiveram sua importância para o desenvolvimento da aviação, pos-
to que todas as criações foram importantes.
Orville Wright e Wilbur Wright foram extremamente importantes para a 
aviação. Nascidos nos Estados Unidos da América, foram reconhecidos como 
os primeiros a conseguir voar com uma aeronave que fosse mais pesada que o 
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ar. Esse feito foi alcançado em 1903 e, antes disso, os voos aconteciam somente 
com balões e dirigíveis. Mesmo que muitos não reconheçam o voo dos irmãos 
como sendo legítimo, a invenção dos irmãos Wright foi revolucionária para a 
época. Adiante, será explicitado o motivo pelo qual não se deve menosprezar a 
criação dos norte-americanos.
Orville e Wilbur foram engenheiros muito dedicados que utilizavam os es-
tudos e análises de pioneiros, como Lilienthal e Cayley, para analisar e apren-
der sobre as forças que regem o voo e o meio para conceber uma máquina 
voadora. Primeiramente, eles criaram um planador, que não era motorizado, 
mas conseguia criar sustentação através das térmicas de ar; sua aeronave era 
chamada de Flyer e, conforme ia sendo modificada, ganhava novas versões, 
designadas por algarismos romanos.
CURIOSIDADE
Uma curiosidade interessante sobre os voos dos irmãos Wright é que, 
como a aeronave não possuía trem de pouso, uma espécie de carreta era 
necessária para iniciar o voo. Esta tática funcionava do seguinte modo: 
a carreta corria em um trilho que deveria estar sempre alinhado contra o 
vento, uma vez que o Flyer precisava de um vento de proa muito forte para 
poder iniciar seu voo. Por este motivo, muitos acreditavam que o Flyer pre-
cisava de uma catapulta para poder iniciar a decolagem, mas, na verdade, 
esse instrumento era uma carreta que corria em um trilho.
No ano de 1903, os irmãos Wright decidiram motorizar seu melhor plana-
dor, em uma tentativa de voar com uma aeronave mais pesada que o ar. Um 
fato interessante é que eles não queriam que seus voos fossem documenta-
dos, com receio de alguém plagiar suas invenções. Em 1903, o avião Flyer I voou 
por poucos metros, o que fez com que este não tenha sido um voo muito fasci-
nante. Todavia, ao notar que a aeronave necessitava de um forte vento de proa 
para poder realizar o voo, os irmãos Wright decidiram realizar modificações 
aerodinâmicas em sua aeronave, visando uma maior eficácia.
Em 1905, eles conseguiram realizar um voo que foi, desta vez, realmente 
impressionante. O Flyer III foi a primeira aeronave do mundo a conseguir ter 
o controle sobre os três eixos da aeronave (longitudinal, vertical e lateral), ou 
seja, a aeronave podia subir, descer e ainda realizar curvas com a inclinação das 
asas. Essa descoberta foi revolucionária, posto que as aeronaves atuais utili-
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zam este princípio para poder realizar seus voos. Com isso, é possível concluir 
que os irmãos Wright, Orville e Wilbur, foram extremamente importantes para 
a aviação mundial, uma vez que eles foram os primeiros a conseguir voar com 
uma aeronave motorizada e ainda idealizar princípios que ainda não haviam 
sido explorados.
A Figura 9 ilustra como era a aeronave revolucionária dos irmãos nor-
te-americanos, o Flyer III.
Figura 9. Flyer III dos irmãos Wright. Fonte: CROMPTON, 2013, p. 41. 
Santos Dumont
Após uma breve análise da história dos irmãos Wright, é necessário discor-
rer também sobre um dos brasileiros mais inteligentes e visionários que já exis-
tiu: Alberto Santos Dumont. Nascido em uma pequena cidade de Minas Gerais, 
desde sua infância o pequeno prodígio já demonstrava curiosidade e vontade 
de voar. Dumont teve o privilégio de nascer em uma família que lhe proporcio-
nou uma ótima qualidade de vida, o que o permitiu estudar de maneira ade-
quada e se tornar um indivíduo com ideias extremamente inovadoras.
Santos Dumont passou grande parte de sua vida em Paris, na França, e foi 
lá que ele começou a mostrar indícios de que voar era sua maior paixão. Pri-
meiramente, ao voar em balões, ele estudava as propriedades dos mesmos, 
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buscando entender como voar por mais tempo e em uma altitude cada vez 
maior. Por volta de 1900, Dumont demonstra querer poder voar em um balão 
no qual fosse possível controlar sua direção e sentido.
Influenciado por essa vontade, ele desenvolveu a sua criação número 6. 
Santos Dumont numerava suas criações e invenções voadoras por ordem cro-
nológica, ou seja, a primeira invenção foi a número 1, a segunda foi a número 
2 e assim sucessivamente. O número 6 era uma espécie de dirigível (balão con-
trolável) que possuía um motor a gasolina e era bem estável. Esse dirigível foi 
concebido para que ele pudesse vencer o prêmio Deutsch, criado para quem 
conseguisse realizar o trajeto que saía do aeroclube de Paris, contornar a torre 
Eiffel e retornar em menos de 30 minutos. Santos Dumont conseguiu realizar o 
feito inédito e entrou para a história da aviação.
Em 1901, Santos Dumont tentou várias vezes contornar a torre Eiffel e re-
tornar, mas foi somente com a sua invenção de número 6 que ele conseguiu 
cumprir o trajeto no tempo especificado. Vale ressaltar a insistência do grande 
visionário brasileiro que, mesmo após ter falhado algumas vezes, nunca desis-
tiu de seu objetivo e continuou tentando até conseguir.
Após ter sucesso com o dirigível, 
Santos Dumont passou a estudar as 
aeronaves mais pesadas que o ar, 
uma vez que este era um assunto 
pouco estudado e que gerava muitas 
dúvidas na época. Influenciado pelo 
desejo de ser o primeiro a voar em 
uma aeronave desse tipo, Dumont 
criou um equipamento que ficou 
marcado para sempre na história da 
aviação: o 14-bis.
O 14-bis foi a primeira aeronave mais pesada que o ar a realizar um voo 
de forma controlada e ser reconhecida por uma entidade internacional, as 
autoridades francesas. Foi imperativo que Santos Dumont estudasse mui-
to para atingir tal feito, como ocorreu com todas suas outras invenções. 
Vários testes foram realizados e muitas falhas ocorreram antes que o voo 
histórico acontecesse.
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Foi em 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle, que Dumont se 
eternizou como um dos pais da aviação ao conseguir voar a uma altura de 
2 metros e percorrer 60 metros em sete segundos. Tudo isso ocorreu em 
frente de uma multidão de pessoas, as quais observavam atentamente o 
destemido aviador brasileiro. Após o 14-bis, Santos Dumont ainda criou 
outras invenções até chegar ao Demoiselle, uma das me-
lhores aeronaves produzidasna época. O Demoiselle po-
dia chegar a uma velocidade de aproximadamente 90 
km/h e o piloto possuía o controle sobre os três eixos 
da aeronave. 
Os primórdios da aviação civil
Após a análise e o estudo sobre o início da história da aviação mundial, urge 
explorar, neste momento, o segmento relativo à parte industrial da aviação, a 
fi m de compreender com mais clareza a história da gigante indústria da aviação.
Quando se fala sobre aviação, é necessário entender que esta não envolve 
somente as aeronaves e máquinas voadoras, mas também todos os funcioná-
rios, aeroportos, empresas aéreas, fabricantes, aeroclubes, faculdades e indús-
trias, entre outros. Portanto, é possível afi rmar que a aviação é uma grande in-
dústria que, além de ser muito importante para a economia mundial, emprega 
inúmeras pessoas e está diretamente relacionada com o transporte aéreo de 
passageiros e carga.
O período que compreende os voos dos irmãos Wright (1905) e Santos Du-
mont (1906) até o início da Primeira Guerra Mundial foi muito interessante para 
a indústria da aviação, que cresceu de maneira espetacular neste ínterim. Isso 
se deve, especialmente, ao fato de os países da Europa passarem a investir for-
temente na aviação militar.
Os líderes dos países europeus perceberam que a aviação militar poderia ser 
um grande diferencial para aumentar a efi cácia do poder militar, além de ser ex-
celente para estratégias de defesa e ambições militares. Esses líderes aplicaram 
um grande capital em estudos sobre novas tecnologias relacionadas à aviação, 
além de investir em suas indústrias nacionais de fabricação de aeronaves e mo-
tores aeronáuticos. 
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Esses investimentos, além de impulsionar a economia dos países europeus, 
também proporcionaram grandes avanços para a aviação mundial. Ademais, 
durante a década de 1910, diversos pesquisadores e especialistas passaram a 
estudar vigorosamente as teorias da aerodinâmica e dos motores a pistão, ala-
vancando a produção destes últimos. 
Após o fi m da Primeira Guerra Mundial (1918), a aviação militar já havia expe-
rienciado diversos avanços, visto que os países combatentes investiram muito 
em suas frotas para obter a vitória. Devido ao desenvolvimento da aviação mi-
litar durante esse espaço de tempo, diversos empresários dos países europeus 
perceberam que o transporte aéreo de passageiros poderia ser algo muito efi -
ciente e lucrativo. Vale ressaltar que, durante esse período, o meio de transporte 
mais utilizado era o ferroviário, ou seja, utilizava-se trens para o transporte de 
passageiros e de carga.
O início da grande indústria
A Grande Guerra causou destruição em massa em diversos países, o que 
signifi ca que diversas estradas, pontes e ferrovias acabaram sendo destruídas 
e danifi cadas, ocasionando problemas no transporte ferroviário. Esse foi mais 
um dos motivos que infl uenciaram os empresários na criação das primeiras 
companhias aéreas do mundo. Outro fator determinante foi que as aeronaves 
do pós-guerra não necessitavam de uma grande distância de pista para po-
der operar, ou seja, pousar e decolar. As primeiras aeronaves utilizadas pelas 
primeiras companhias aéreas eram bombardeiros, que possuíam baixo custo 
de operação e foram modifi cados para poder transportar passageiros, carga e 
correspondências.
Uma aeronave muito utilizada durante esse período foi o de Havilland 
DH-4. Esta aeronave, um biplano bombardeiro, utilizava motores a pistão 
durante seu funcionamento. Elas foram modifi cadas para poder transportar 
passageiros e carga, e seus motores ajustados de maneira que pudessem 
voar por um período maior, sem a necessidade de abastecimento. Portanto, 
a autonomia do DH-4 aumentou, tornando-o adequado para o transporte 
aéreo. A Figura 10 ilustra basicamente como essas aeronaves eram forma-
das e compostas.
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Figura 10. DH-4. Fonte: CURLEY, 2013, p. 46.
Pode-se afirmar que essa aeronave foi pioneira da aviação civil. Após a 
Primeira Guerra Mundial, os aviões eram muito utilizados para a distribuição 
de jornais e propaganda, e a maioria deles possuía motores a pistão. Sendo 
assim, este tipo de aeronave foi responsável por grande parte das viagens 
transoceânicas que ocorreram nesse período.
A seguir, analise alguns importantes feitos na história da 
aviação, extremamente significativos e notáveis: 
em maio de 1919, uma aeronave da Marinha dos 
Estados Unidos, o NC-4, realizou uma viagem 
transoceânica de Newfoundland até Portugal. 
Esta viagem durou 23 dias e a aeronave ficou 
durante um período de 54 horas e 30 minutos 
no ar. No mês seguinte, ou seja, em junho de 1919, 
os ex-pilotos da Força Aérea britânica Arthur Brown e John Alcock realiza-
ram, juntos, um dos primeiros voos que cruzaria o oceano Atlântico sem 
paradas, indo de Newfoundland até a Irlanda em uma viagem que durou 
16 horas e 28 minutos.
Esses dois feitos foram essenciais para o desenvolvimento da aviação, e 
serviram de inspiração para que outros pioneiros pudessem realizar proe-
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zas similares. Por volta de 1924, os norte-americanos já 
estavam planejando a primeira viagem que daria a volta 
ao mundo. Para que isso ocorresse, seriam necessárias 
diversas aeronaves e um suporte específico. Alguns 
aviões acabaram se acidentando, mas, após 175 dias e 
37.622 km percorridos, os norte-americanos conseguiram 
realizar essa impressionante façanha.
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Sintetizando
Pode-se afirmar que todos os principais objetivos dessa unidade foram 
alcançados e conquistados, uma vez que, a partir desse momento, os es-
tudantes serão capazes de entender o início da história da aviação e como 
surgiram os primeiros desenhos de máquinas voadoras, assim como os filó-
sofos que influenciaram a aviação; compreender o surgimento das aerona-
ves mais leves que o ar e qual sua importância para a aviação; saber como 
surgiram os primeiros planadores e quem foram os visionários que deram 
início ao estudo e desenvolvimento dessas aeronaves. Por fim, espera-se 
que tenha ficado claro o surgimento dos primeiros aviões (Santos Dumont e 
os irmãos Wright) e como os primórdios da aviação civil sucedeu-se. 
Posto isso, é essencial identificar e entender quais foram os principais 
assuntos estudados durante cada tópico. Aqui, evidenciou-se a obsessão 
do homem em querer voar e os primeiros desenhos de alguns desses ho-
mens, que ilustraram as ideias e pensamentos de físicos, entusiastas e fi-
lósofos, identificando a importância de cada indivíduo envolvido. Também 
apresentou-se a realização do primeiro voo de um aeróstato, 
além de evidenciar seus idealizadores e como seus projetos 
foram executados. Além disso, a vital importância do ba-
lão e sua utilização nos dias atuais também foi realçada. 
A seguir, discorreu-se sobre o surgimento dos planado-
res, aeródinos não motorizados que dependem de térmicas 
de ar para conseguir realizar o voo, além de evidenciar sua ope-
ração. Além disso, as histórias de George Cayley, o primeiro a desenvolver 
um planador e um grande visionário da história da aviação, e Otto Lilienthal, 
desenvolvedor de um planador muito eficaz, também foram abordadas. 
Com relação aos aviões, ou seja, aeródinos motorizados, apresentou-se uma 
breve análise sobre os irmãos Wright e Santos Dumont e sobre como esses 
pioneiros foram importantes para o desenvolvimento da aviação mundial. 
Por fim, explorou-se os primórdios da aviação civil e o surgimento dessa 
indústria enorme. Além disso, ficou claro que o período antes da Primeira 
Guerra Mundial foi muito importante, uma vez que nele a aviação se desen-
volveu de maneira muito rápida. 
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Acesso em: 12 dez. 2019.
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O “INVENTOR” DO 
AVIÃO E A PRIMEIRA 
GUERRA MUNDIAL
2
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Reconhecer quem foram os irmãos Wright e quais as suas principais 
contribuições para a história da aviação;
 Descrever, em linhas gerais, a vida de Santos Dumont e como ele conseguiu 
realizar os seus feitos;
 Caracterizar como a Primeira Guerra Mundial foi importante para o 
desenvolvimento da aviação mundial;
 Identificar sobre a era de ouro da aviação e como esse período trouxe 
mudanças importantes para as aeronaves do mundo todo.
 Alberto Santos Dumont
 A origem de Alberto Santos 
Dumont
 Os projetos de Dumont
 A morte de Dumont
 Irmãos Wright
 A história dos irmãos
 A paixão pelo voo
 Aeronave motorizada
 Aviação na Primeira Guerra 
Mundial
 Primeiras modificações
 Dog Fights e os tipos de aero-
naves
 A era de ouro da aviação
 Dirigíveis
 Grandes travessias e as primei-
ras empresas aéreas
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Alberto Santos Dumont
Na história das bases do desenvolvimento dos primeiros projetos aeronáu-
ticos, são consideradas duas linhas que apresentam diferenças, mas se com-
plementam: a do inventor brasileiro Santos Dumont e a dos irmãos Wright, dos 
Estados Unidos.
Também devem ser lembrados aviadores como Louis Blériot, Henri Far-
man e Gabriel Voisin, que, em paralelo a Dumont, buscavam realizar o voo do 
mais pesado que o ar e obtiveram sucessos com a implementação de moto-
res superiores e com testes de vários projetos, ressaltando o reconhecimento 
de todo um grupo para que a evolução do avião pudesse chegar aos 
dias de hoje.
Não se pode classifi car como uma só pessoa a responsá-
vel por fazer o homem voar, pois diversas pessoas contri-
buíram colocando um conjunto de ideias e pensamentos 
para os resultados positivos, como Leonardo da Vinci, além 
de físicos, fi lósofos e entusiastas.
A origem de Alberto Santos Dumont
Alberto Santos Dumont nasceu no dia 20 de julho de 1873 em Cabangu, 
distrito de João Aires, Minas Gerais. Nos dias de hoje, como homenagem ao pai 
da aviação, a cidade é batizada em seu nome e possui um museu. Sua família 
era dona de uma grande fazenda destinada ao cultivo do café, o que lhes dava 
uma grande estabilidade fi nanceira, sendo um fator que possibilitou a Dumont 
focar no desenvolvimento pessoal e nos estudos, a fi m de concretizar seus pla-
nos. Conforme o artigo Biografi a de Santos Dumont, escrito por Dilva Frazão:
Seu sonho, desde criança, era criar um aparelho que permitisse o 
homem voar controlando seu próprio curso. Passou a adolescên-
cia lendo Júlio Verne, observando os pássaros e estudando sua 
constituição física.
Santos Dumont foi alfabetizado e educado até os 10 anos de idade por 
sua irmã Virginia. Após isso, frequentou colégios da região de Campinas, 
São Paulo e Rio de Janeiro, tendo contato muito cedo com máquinas e com 
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um balão, o qual viu pela primeira vez em 1888, numa exposição aeronáuti-
ca em São Paulo.
No tocante às máquinas, sua familiaridade com elas foi ocasionada por seu 
pai, Henrique Dumont, engenheiro que fornecia as melhores máquinas e tec-
nologias da época para sua lavoura de café, como locomotivas e tratores a va-
por para o transporte de cargas, sendo julgado como rei do café do Brasil. A 
curiosidade e facilidade de Santos Dumont com as máquinas também o levou 
a aprender a dirigir, mostrando seu fascínio por máquinas. Naquele tempo, 
como apontado em sua biografi a, ele já imaginava como seria voar.
Em 1891, seu pai fi ca paraplégico ao cair de um cavalo. No mesmo ano, en-
viado pelo pai, Santos Dumont fez sua primeira viagem a Paris, na qual visitou 
uma exposição de carros e se deslumbrou com o pequeno motor a explosão, 
fazendo com que o mesmo comprasse o seu próprio automóvel. Dumont tam-
bém era entusiasta da leitura de livros de aventuras, em especial das que en-
volviam balões, como as aventuras da viagem ao Polo Norte num balão.
Seu pai o emancipou no ano seguinte, mas o advertiu de que não precisa-
ria mais trabalhar, já que todos os títulos e posses da família eram sufi cientes 
para sustentar todos, o que lhe incentivou a desenvolver o seu dom, se es-
tabelecendo em Paris, onde pesquisou Física, Química e Elétrica e manteve 
relações com aventureiros e fabricantes de balões de ar quente. De acordo 
com o que consta na página 82 do livro Santos Dumont: As lutas, a glória e o 
martírio, de Fernando Jorge:
Subiu em um balão dirigido pelo aeronauta francês Machuron e 
fabricado pela fi rma Lachambre & Macuhron, saindo do Parque 
de Aerostação de Vaugirard em Paris e descendo no terreno de 
Chateau de La Ferrière, propriedade de Alphonse de Rotschild.
Depois do seu primeiro voo, despontou em Santos Dumont a vontade de 
construir o seu próprio, no que teve ajuda para a produção do balão de voo 
livre e esférico.
Os projetos deDumont
Desde o princípio, ele enumerou suas aeronaves. Com o balão-dirigível de 
número 1, batizado de “Brasil”, fez voos por Paris. O número 2, também um 
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balão-dirigível, manteve as mesmas 
características, aumentando apenas 
o diâmetro. Com o balão-dirigível de 
número 3, de formato alongado, con-
tornou a Torre Eiffel pela primeira vez 
na história. Dumont, então, se dedicou 
totalmente às suas idealizações. 
Com os números 5 e 6, ele comple-
tou o desafio, proposto pelo magnata 
francês Henri Deutsch de la Meurthe, 
de promover uma viagem de ida e vol-
ta do Parc de Saint-Cloud até a Torre 
Eiffel e retornar em menos de trinta 
minutos. O número 5 fez o percurso 
exigido, mas fora do tempo estipula-
do, enquanto o número 6 executou a prova com sucesso. Pelo acontecimento, 
recebeu um prêmio de 100 mil francos, distribuído entre sua equipe e desem-
pregados da cidade.
Do 7 ao 10, Dumont pesquisou finalidades diferentes, implementando mo-
tores novos e esboçando a ideia do transporte de passageiros e cargas. Com o 
número 9, se deu o primeiro registro de uma mulher no comando de um dirigí-
vel, façanha efetivada por Aída de Acosta no dia 29 de junho de 1903.
A partir do número 11, Santos Dumont tomou outros rumos, desenvolven-
do um planador monoplano que não precisaria de um tripulante e, tendo Da 
Vinci como inspiração, fez do número 12 uma tentativa de alavancar o que hoje 
é um helicóptero, mas ambos não tiveram sucesso.
Não obstante, Dumont se engajou na concepção de um objeto voador mais 
pesado que o ar, sendo estimulado por um movimento muito forte do governo 
francês e de apoiadores, que estabeleceram uma premiação vultosa a invento-
res que voassem com uma máquina mais pesada que o ar.
Foi com o célebre 14-Bis que ele alçou voo com um objeto mais pesado que 
o ar, movido por meios próprios e com o reconhecimento da sociedade científi-
ca, que acompanhava todas as apresentações, ao contrário dos irmãos Wright, 
cujo avião era catapultado.
Figura 1. O voo do balão-dirigível n. 6. Fonte: JORGE, 
2018, p. 15.
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Figura 2. 14-Bis de Santos Dumont. Fonte: JORGE, 2018, p. 8.
Tendo em vista o sucesso do 14-
Bis, Dumont não se deu por satisfeito 
e fez o número 15, um biplano, e o nú-
mero 16, mesclando dirigível e avião. 
Com as aeronaves 17 e 18, planejou hi-
droaviões, mas não teve sucesso. 
A última idealização de sua jornada, 
o número 19 ou Demoiselle, foi inven-
tado para ser produzido em grandes 
escalas, tendo todas as informações 
e detalhes publicados no jornal, prova 
da ajuda direta de Dumont à evolução 
da aviação mundial, uma vez que ele 
jamais patenteou seus projetos. O De-
moiselle foi adaptado e implementado 
com asas menores e mais resistentes, atingindo a marca de 90 km/h e tendo 50 
unidades construídas. Foi com ele que, depois de sofrer um acidente, decidiu 
nunca mais voar e, em seguida, encerrou as atividades de sua oficina ao desco-
brir que era portador de esclerose múltipla.
Figura 3. Demoiselle. Fonte: BARROS, 2004, p. 97.
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A morte de Dumont 
A morte de Santos Dumont foi controversa, visto que existem duas ver-
sões sobre ela. A primeira, segundo os jornais da época, apontava que a cau-
sa da morte era decorrente de sua doença. Mas, segundo historiadores, este 
foi um meio de o governo proteger a história do herói nacional. Santos Du-
mont, em seu auge, foi uma das pessoas mais famosas do mundo, tendo suas 
glórias repercutidas em todos os continentes.
Porém, o real motivo de sua morte foi suicídio. Dumont se enforcou num 
quarto de hotel no Guarujá, São Paulo. Além da sua doença, sofria de uma de-
pressão profunda e relatos contam que, ao ver a máquina a qual se dedicou a 
desenvolver sendo utilizada para destruição, na Revolução Constitucionalista 
de 1932, o que lhe causou uma grande angústia e o levou a tirar a própria vida.
Santos Dumont é sempre recordado como um grande inventor e gênio, que 
tinha uma base muito forte e, com o apoio de sua família, se destacou em Pa-
ris, colocando um brasileiro como umas das personalidades mais admiráveis 
da história por tornar real a possibilidade de o ser humano voar. Até os dias 
de hoje, seu nome é lembrado no mundo todo, recebendo homenagens em 
museus, estátuas e monumentos.
Irmãos Wright
Uma grande discussão, que acontece até a atualida-
de, diz respeito a quem foi o inventor do avião, os ir-
mãos Wright ou Alberto Santos Dumont. Para melhor 
aprofundamento nesse contexto, a vida, as conquistas, 
as invenções e inovações desses incríveis personagens da 
história da aviação serão analisadas a fundo.
É válido reforçar que não existiu um único inventor do 
avião, mas é preciso compreender bem tal ponto de vista, já 
que muitos norte-americanos não valorizam os feitos de Santos Dumont, as-
sim como há brasileiros que não entendem o renome dos irmãos Wright para a 
aviação. É necessário valorizar aqueles que merecem e compreender que não 
houve apenas um inventor do avião, mas múltiplos visionários espalhados ao 
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redor do mundo, tais como Santos Dumont, os irmãos Wright, George Cayley e 
Otto Lilienthal, primordiais para que o avião pudesse se desenvolver e a avia-
ção evoluísse até o nível atual.
Decorrida esta breve alocução, serão abordados dois personagens da his-
tória da aviação mundial, os irmãos Wilbur e Orville Wright, que foram um dos 
primeiros a voar com uma aeronave mais pesada que o ar.
A história dos irmãos 
Wilbur Wright nasceu em Millville, no estado norte-americano de Indiana, 
no dia 16 de abril de 1867, enquanto Orville Wright, seu irmão, nasceu em 
Dayton, no estado de Ohio, no dia 19 de agosto de 1871. Eles tinham outros 
dois irmãos e eram fi lhos de Milton Wright, um ministro de igreja bem-sucedi-
do, e de Susan Wright. Assim como Dumont, tiveram uma infância abastada, 
pois sua família possuía uma boa condição fi nanceira. 
Grande parte da infância deles foi em Dayton, local onde eles frequenta-
ram escolas públicas e viveram grande parte de suas vidas. Orville costumava 
dizer que eles viviam numa casa onde eram incentivados a perseguir os seus 
sonhos e investigar tudo o que lhes causasse curiosidade. Também durante a 
infância dos irmãos, Milton foi elevado a bispo de sua igreja, aumentando sua 
infl uência sobre a região onde moravam.
O bispo Wright infl uenciou muito a vida de seus fi lhos. Da mesma manei-
ra que o pai, Wilbur e Orville desenvolveram características fundamentais 
para o sucesso e a genialidade da dupla, como uma ótima confi ança em seus 
julgamentos e talentos, pensamento independente e o poder de perseverar, 
mesmo com adversidades e descontentamentos.
Wilbur sofreu um acidente em 1885, que o fez permanecer três 
anos parado cuidando de sua lesão. Ele leu vários livros nessa 
temporada e ajudou a cuidar de sua mãe, que faleceu 
de tuberculose no ano de 1889. Após a morte de sua 
mãe, os irmãos abriram uma tipografi a e lançaram 
dois jornais.
Em 1892, os irmãos Wright abriram uma loja que 
vendia e consertava bicicletas. Além da aviação, as bi-
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cicletas eram outra paixão que tinham. No ano de 1896, eles fi zeram sua pri-
meira bicicleta e também desenvolveram um modelo exclusivo de bicicleta, 
com sistema de óleo independente e novos acessórios.
A tipografi a e a loja de bicicletas foram essenciais para a carreira aeronáuti-
ca dos irmãos Wright, porque elas permitiram o fi nanciamento dos experimen-
tos aeronáuticos. Outro fator que os ajudou a iniciarem seus experimentos 
aeronáuticos foi a construção e a projeção de máquinas precisas, feitas com 
fi os, madeira e metal. AFigura 4 mostra uma das bicicletas dos irmãos Wright.
Figura 4. Bicicleta feita pelos irmãos Wright. Fonte: PASSFIELD, 2006, p. 28.
A paixão pelo voo
A paixão pela aviação começou na infância, quando o pai dos irmãos trou-
xe de presente um brinquedo similar a um helicóptero, inspirado numa inven-
ção do francês Alphonse Pénaud. Anos depois, eles leram o trabalho de Otto 
Lilienthal, um grande pioneiro dos planadores.
Em 1896, quando Otto Lilienthal faleceu num acidente com seu planador, o 
interesse dos irmãos pela aviação cresceu e eles leram todos os livros referentes 
à aviação disponíveis na biblioteca local. Não obstante, eles ainda escreveram 
uma carta para o Instituto Smithsonian solicitando mais material sobre aviação.
Em 1900, eles laboraram seus primeiros experimentos com os planado-
res. Nesta mesma fase, eles conheceram Octave Chanute, um engenheiro 
mecânico que foi consultor dos irmãos ao longo de toda a carreira. Depois de 
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algumas pesquisas, eles perceberam que, para uma máquina voadora, seria 
necessário um sistema de propulsão para mover a aeronave no ar, asas para 
gerar sustentação e um sistema de controle de voo. Lilienthal já havia criado 
as asas capazes de dar sustentação e alguns motores de combustão interna 
estavam sendo desenvolvidos. Portanto, o problema maior a ser resolvido 
era o controle da aeronave em voo.
Os irmãos Wright queriam uma forma de domínio total sobre a aeronave 
em voo. Eles concluíram de que tinham de manipular o centro de pressão das 
asas para ter o controle total do voo. Tendo esta noção, fizeram testes mecâ-
nicos a fim de manipular o centro de pressão e identificaram que o controle 
da aeronave em voo poderia ser obtido através de uma espécie de torção das 
asas em cada lado, o que fazia a sustentação se elevar de um lado da asa e 
diminuir no outro, possibilitando o controle da aeronave em voo e a consu-
mação das curvas.
Essa foi uma das grandes descobertas dos irmãos Wright, visto que eles foram 
os primeiros a descobrir e a testar uma forma de controlar os três eixos de uma 
aeronave: longitudinal, vertical e lateral. O sistema de torção das asas foi chamado 
de wing warping (deformação da asa) e é possível afirmar que esse sistema é um 
tipo primitivo de aileron, instrumento que equipa as aeronaves até hoje.
CURIOSIDADE
Os irmãos Wright desenvolveram o primeiro aileron rudimentar, o wing 
warping, responsável pelo controle da aeronave em voo graças à inclina-
ção das asas em curvas. É fundamental ressaltar o fato de que os irmãos 
Wright eram bicicleteiros, uma vez que eles adoravam andar de bicicleta. 
Por esse motivo, eles concluíram que a aeronave deveria curvar-se da 
mesma forma que uma bicicleta, inclinando o corpo para o lado da curva.
Os primeiros experimentos e testes do wing warping se sucederam no ano 
de 1899, com uma pequena aeronave biplana. Nos testes, eles intuíram que 
podiam fazer com que a aeronave subisse, descesse e fizesse curvas. A partir 
dos testes, eles conceberam seu primeiro planador em escala real, se basean-
do nos testes de Otto Lilienthal.
Dayton não era um local ideal para os testes, porque era plano e com poucos 
ventos. Por isso, eles foram para um vilarejo na Carolina do Norte, local onde havia 
ventos fortes, terreno bom para pousar e altas dunas. O seu primeiro planador era 
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um biplano com 15 metros de área de asa. Apesar de o planador não ter dado a sus-
tentação esperada pelos irmãos, eles executaram testes e medições fundamentais 
para o desenvolvimento das futuras aeronaves.
Os irmãos Wright aumentaram a área da asa do seu segundo planador para 26 
metros quadrados e tiveram mais sucesso do que o primeiro, completando entre 
50 e 100 voos em julho de 1901. Wilbur era quem voava, e o mais longo aconteceu 
quando ele planou por 120 metros. Mesmo que o novo planador alcançasse mais 
sucesso, ainda não era aquilo que os cálculos demonstravam, e o problema de con-
trole em voo ainda não estava resolvido.
Até esse momento, os irmãos Wright se valiam de dados de seus antecessores. 
No entanto, não estavam tendo os resultados esperados e, por esse motivo, ge-
raram seu próprio túnel de vento, visando adquirir seus próprios dados e cálculos 
sobre sustentação e área da asa. Os testes foram essenciais para o desenvolvimento 
das aeronaves, pois eles examinaram entre 100 e 200 tipos diferentes de asas, iden-
tificando como tamanho, formato e fabricação intervinham na sustentação. Todos 
os testes foram concretizados graças ao túnel de vento.
Com base nos dados coletados com o túnel de vento, foi desenvolvido o terceiro 
planador. Finalmente, em setembro de 1902, o planador voou como eles haviam es-
perado. Eles completaram entre 700 e 1000 voos, cobrindo uma distância de cerca 
de 190 metros, estando no ar por 26 segundos, o que já era um grande avanço. Ou-
tra revolução foi a adição de uma espécie de leme direcional, conectado ao sistema 
do wing warping. A Figura 5 ilustra como era o planador e como ele voava.
Figura 5. Planador dos irmãos Wright. Fonte: CROMPTON, 2007, p. 46.
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Aeronave motorizada
Com os dados coletados através do túnel de vento e o sucesso desejado 
com seus planadores, os irmãos Wright partiram para uma área ainda mais 
ousada. Como os problemas de controle em voo já haviam sido resolvidos, 
eles estudaram a possibilidade de construir uma aeronave motorizada. Auxi-
liados por Charles Taylor, um maquinista contratado para a loja de bicicletas, 
os irmãos desenvolveram e construíram um motor de combustão interna, 
equipado com quatro cilindros e uma hélice.
CURIOSIDADE
Em consequência dos testes no túnel de vento, notou-se que a hélice 
funcionava como um aerofólio e dava sustentação da mesma forma que a 
asa. A ideia foi revolucionária, uma vez que ainda não existiam hélices que 
funcionassem como aerofólio. Outro fato curioso é que a efi ciência das 
hélices era de 70% e a hélice mais efi ciente da aviação moderna possui 
uma efi ciência de cerca de 85%.
O plano era equipar melhor o planador com o motor desenvolvido. Com ele 
montado, foram iniciados os testes com o Flyer III, nome dado à aeronave his-
tórica. Wilbur foi o primeiro a voar, contudo ele se acidentou com a aeronave 
logo em seguida à decolagem. Não obstante, em 17 de dezembro de 1903, 
auxiliados pelo bom tempo, Orville fez o primeiro voo da história de uma 
aeronave mais pesada que o ar, controlada por meios próprios. O voo durou 
12 segundos e cobriu uma área de 53 metros. Wilbur também voou, mas por 
15 segundos.
Cabe ressaltar que o Flyer III não tinha trem de pouso e requisitava o au-
xílio de uma carreta sobre trilhos para decolar, além de necessitar de muito 
vento de proa para voar. Ou seja, as asas necessitavam de muito vento para 
gerar sustentação e, quando o vento estava calmo, os voos eram inviáveis.
Os norte-americanos reconhecem o voo de 1903 como o primeiro da his-
tória, apesar de muito curto. Muito se fala também no que concerne à falta de 
registros desses voos, já que só testemunhas oculares presenciaram o ocorri-
do, fazendo com que muitas pessoas chamassem os irmãos de fajutos e lou-
cos. Ao contrário de Santos Dumont, os irmãos Wright não registravam suas 
proezas por medo de que alguém viesse a roubar as ideias para patenteá-las.
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Embora histórico, o voo de 1903 não foi muito especial. Entretanto, eles 
continuaram aprimorando e observando como poderiam obter um maior 
controle sobre a sua aeronave. Já em outubro de 1905, diante de especta-
dores, a dupla já voava por 39 minutos sem interrupção, fazendo curvas, in-
clinando as asas, subindo e descendo. Deste modo, os irmãos Wright foram 
os primeiros a voar

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