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AQUECIMENTO DIELÉTRICO, INFRAVERMELHO E ÔHMICO

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CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA AGROALIMENTAR 
UNIDADE ACADÊMICA DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS 
CAMPUS DE POMBAL
OPERAÇÕES UNITÁRIAS II
JOCIELYS JOVELINO RODRIGUES
Antonio Angelo Fernandes Ferreira
Naara Lara de Oliveira
Victor Moura da Silva
AQUECIMENTO DIELÉTRICO, INFRAVERMELHO E ÔHMICO 
Pombal/PB
Outubro de 2023.
Antonio Angelo Fernandes Ferreira - 920110117
Naara Lara de Oliveira - 920110004
Victor Moura da Silva - 
AQUECIMENTO DIELÉTRICO, INFRAVERMELHO E ÔHMICO 
Trabalho apresentado à disciplina de Operações Unitárias II, da Universidade Federal de Campina Grande – Campus Pombal, como requisito para obtenção de nota. 
Pombal/PB
Outubro de 2023
1. AQUECIMENTO DIELÉTRICO
O aquecimento dielétrico é um processo de aquecimento que utiliza micro-ondas para cozinhar ou aquecer alimentos. Nesse processo, a energia de micro-ondas é absorvida seletivamente pelos dielétricos presentes nos alimentos, como a água. Esse tipo de aquecimento é amplamente utilizado em fornos de micro-ondas e em aplicações de aquecimento industrial para alimentos (AYUR, 2020).
O aquecimento dielétrico em alimentos é baseado no fato de que as moléculas de água, que são polares, têm uma rotação induzida pela ação do campo elétrico das micro-ondas. Isso resulta em um aumento da energia cinética das moléculas de água, levando ao aumento da temperatura. As micro-ondas têm uma frequência específica (geralmente em torno de 2,45 GHz) que é especialmente eficaz na interação com as moléculas de água e outros dielétricos nos alimentos (VERCESI, 2021).
Uma vantagem do aquecimento dielétrico é que ele aquece os alimentos de maneira relativamente uniforme. Isso ocorre porque as micro-ondas penetram nos alimentos e aquecem de dentro para fora, em oposição ao aquecimento convencional, que muitas vezes resulta em uma superfície mais quente do que o interior do alimento (AYUR, 2020).
O aquecimento dielétrico é geralmente mais rápido do que métodos de aquecimento convencionais, como o cozimento no forno. Isso ocorre porque a energia das micro-ondas é transferida diretamente para as moléculas de água e outros dielétricos nos alimentos, em vez de depender da condução de calor a partir de uma fonte externa (CREMASCO, 2021).
O aquecimento dielétrico é considerado eficiente em termos de energia, uma vez que a energia das micro-ondas é direcionada especificamente para o alimento, minimizando o desperdício de calor. A maioria dos fornos de micro-ondas domésticos permite um controle preciso do tempo e da potência, o que facilita o ajuste do aquecimento de acordo com as necessidades específicas dos alimentos (AYUR, 2020).
1.2 Descoberta das Micro-Ondas
 
Percy Spencer (1945): A descoberta acidental da capacidade de aquecer alimentos com micro-ondas é creditada a Percy Spencer, um engenheiro da Raytheon Corporation. Em 1945, enquanto trabalhava com um magnétron, um componente usado em radares, ele notou que uma barra de doce em seu bolso havia derretido devido ao aquecimento das micro-ondas geradas pelo magnétron. Isso o levou a desenvolver o primeiro forno de micro-ondas, conhecido como Radarange, que foi lançado no mercado em 1947 (VERCESI, 2021).
O forno de micro-ondas revolucionou a forma como as pessoas preparam alimentos, tornando o aquecimento mais rápido e conveniente. Desde então, os fornos de micro-ondas evoluíram consideravelmente em termos de tamanho, recursos e eficiência, tornando-se um eletrodoméstico comum em muitas casas em todo o mundo. A descoberta das micro-ondas e sua aplicação na culinária são exemplos notáveis de como avanços na pesquisa científica podem levar a inovações tecnológicas que impactam diretamente a vida cotidiana (AYUR, 2020).
1.3 Como ocorre o aquecimento do alimento
O aquecimento dos alimentos em um forno de micro-ondas é resultado da interação das micro-ondas emitidas pelo aparelho com as moléculas de água, gorduras e outros compostos dielétricos presentes nos alimentos. Essas micro-ondas fazem as moléculas desses componentes oscilarem e girarem, gerando um aumento da energia cinética das moléculas, o que, por sua vez, provoca o aquecimento dos alimentos (VERCESI, 2021).
Esse processo é eficiente e uniforme, pois o calor é gerado de dentro para fora, tornando-o ideal para aquecer ou cozinhar alimentos de maneira rápida e conveniente. Além disso, recipientes apropriados para micro-ondas permitem a passagem das micro-ondas para aquecer os alimentos de forma segura (VERCESI, 2021).
1.4 Aplicação da Energia 
Nos fornos de micro-ondas, a energia é refletida pelas paredes metálicas internas da cavidade, o que ajuda a direcionar as micro-ondas de volta para os alimentos. Isso evita que a energia seja dissipada no ambiente externo e assegura que a maior parte dela seja absorvida pelas moléculas dos alimentos (FELLOWS, 2006).
Além disso, o design da cavidade e a disposição do magnétron (a fonte de micro-ondas) são projetados para criar padrões de interferência construtiva, onde as ondas se somam, reforçando o campo de micro-ondas em áreas específicas. Isso contribui para um aquecimento mais uniforme e eficiente dos alimentos (AYUR, 2020).
A eficiência na aplicação da energia das micro-ondas não só reduz o consumo de energia, como também ajuda a evitar superaquecimento e garantir que os alimentos sejam aquecidos de forma segura e uniforme (FELLOWS, 2006).
1.5 Equipamento
A figura abaixo resume os componentes de um micro-ondas:
 	O guia de ondas é responsável por direcionar as micro-ondas geradas pelo magnetron para a cavidade de cozimento do micro-ondas. O magnetron é a fonte de micro-ondas, produzindo as ondas eletromagnéticas de alta frequência. O fio de conexão da tomada é o cabo que fornece a alimentação elétrica ao micro-ondas, ligando-o à rede elétrica. A fonte de energia converte a eletricidade da tomada em energia que o magnetron pode utilizar para gerar as micro-ondas (FELLOWS, 2006).
O controle de abertura da porta é um mecanismo de segurança que desliga o funcionamento do micro-ondas quando a porta é aberta, evitando a exposição acidental às micro-ondas. A janela de vidro com grade metálica na porta do micro-ondas permite que seja possivel observar o interior durante o processo de cozimento, enquanto a grade metálica ajuda a bloquear as micro-ondas, garantindo que elas não escapem e sejam contidas na cavidade interna do aparelho (AYUR, 2020).
A câmara de cozimento, por sua vez, é o espaço interno do micro-ondas onde os alimentos são colocados para serem aquecidos. É nessa cavidade que as micro-ondas interagem com as moléculas de água dos alimentos, gerando calor e cozinhando os alimentos de dentro para fora. Cada um desses componentes desempenha um papel fundamental no funcionamento e na segurança do micro-ondas (FELLOWS, 2006).
1.6 Risco a saúde e principais aplicações
O aquecimento dielétrico, que envolve o uso de micro-ondas para aquecer alimentos, não traz riscos significativos para a saúde quando usado adequadamente. É importante seguir as orientações de segurança fornecidas no manual do micro-ondas e prestar atenção à escolha dos recipientes e ao tempo de cozimento para minimizar qualquer risco potencial (FELLOWS, 2006).
Na indústria de alimentos, os micro-ondas são usados para secar alimentos, como frutas, legumes, ervas e grãos. A energia das micro-ondas remove a umidade dos alimentos de maneira eficaz, ajudando a preservá-los e aumentar sua vida útil. Os micro-ondas podem cozinhar alimentos muito rapidamente devido à capacidade de aquecer de dentro para fora. Isso pode ser conveniente para pratos como vegetais no vapor ou peixes (CREMASCO, 2021).
A secagem por micro-ondas é mais rápida do que os métodos de secagem convencionais. Os micro-ondas são amplamente utilizados para descongelar alimentos de maneira rápida e eficiente. O calor gerado pelas micro-ondas penetra nos alimentos, quebrando o gelo e permitindo que os alimentos descongelem muito mais rápido do que métodos convencionais (AYUR, 2020).
2. AQUECIMENTO INFRAVERMELHO
Segundo Fellows (2016) a energia infravermelhaé uma radiação eletromagnética emitida por objetos quentes. Quando ela é absorvida, a radiação transfere sua energia para aquecer os materiais. A taxa de transferência do calor depende:
· das temperaturas das superfícies dos materiais que aquecem e que recebem calor;
· das propriedades das superfícies dos dois materiais; e
· das formas dos corpos que emitem e recebem.
A quantidade de calor emitida de um radiador perfeito (chamado de corpo preto) é calculada usando-se a equação de Stefan- Boltzmann:
onde Q (Js¹) = taxa de emissão do calor, s = 5,7 x 10 (Js¹ m² K) a constante de Stefan- Boltzmann, A (m²) = área da superfície e T (K = °C + 273) = temperatura absoluta. Essa equação também é usada para um absorvente perfeito de radiação, novamente conhecido como um corpo preto. Entretanto, os aquecedores por radiação não são radiadores perfeitos e os alimentos não são absorventes perfeitos, embora eles emitem e absorvem uma fração constante do máximo teórico. Para levar isso em consideração, usa-se o conceito de corpos cinzas, e a equação de Stefan-Boltzmann é modificada para:
onde ε é a emissividade do corpo cinza (um número de 0 a 1). A emissividade varia de acordo com a temperatura do corpo cinza e com o comprimento de onda da radiação emitida.
A quantidade de energia absorvida e, consequentemente, o grau de aquecimento variam de zero à absorção completa. Isso é determinado pelos componentes do alimento, que absorvem radiação em diferentes níveis, e pelo comprimento de onda da energia radiada. Uma parte dessa radiação é absorvida e a outra é refletida de volta pelo alimento. A quantidade de radiação absorvida por um corpo cinza é chamada de absortividade (a) e é numericamente igual à emissividade (Tabela 18.3). A radiação que não é absorvida é refletida e é expressa como refletividade (1-a). Existem dois tipos de reflexão: uma que ocorre na superfície do alimento e outra que acontece após a entrada da absorção na estrutura do alimento, tornando-se difusa devido à dispersão. A reflexão pela superfície produz o brilho observado em materiais polidos, enquanto a reflexão produzida pelo corpo gera as cores e os padrões de um material.
O comprimento de onda de uma radiação infravermelha é determinado pela temperatura da fonte. Temperaturas mais altas produzem comprimentos de onda mais curtos que penetram mais profundamente. A taxa líquida de transferência de calor para um alimento, portanto, é igual à taxa de absorção menos a taxa de emissão (FELLOWS, 2016).
Os tipos de aquecedores radiantes incluem os planos ou tubulares de metal, os cerâmicos e os tubos de quartzo ou halógenos com filamentos elétricos (Tabela 18.4).
A radiação infravermelha, composta por uma gama de frequências entre 8x10 Hz e 3x10 Hz, encontra-se invisível a olho nu, porém, desempenha um papel fundamental em diversas áreas. Essa forma de radiação eletromagnética foi inicialmente descoberta por Frederick William Herschel, um astrônomo de origem alemã, no ano de 1880, quando conduziu experimentos para analisar o espectro solar (IBARZ, 2002).
O experimento de Herschel envolveu direcionar um feixe de luz branca através de um prisma, o que resultou na projeção de um espectro contínuo de radiações em um alvo. No entanto, ao posicionar um termômetro após a faixa visível, na região do espectro infravermelho, ele notou um aumento de temperatura. Este fenômeno revelou a existência de uma radiação invisível que carregava calor (IBARZ, 2002).
Os comprimentos de onda dos raios infravermelhos variam entre 0,78 e 1000μm, e sua importância é inquestionável na transferência de energia térmica através do vácuo. Na ausência dessa radiação, dois corpos a diferentes temperaturas manteriam suas temperaturas inalteradas indefinidamente. É a radiação infravermelha que possibilita o fluxo de calor do corpo mais quente para o mais frio, alcançando o equilíbrio térmico (MAFRA, 2023).
A vida na Terra depende da radiação infravermelha para o transporte de energia, como é o caso da energia solar que alcança nosso planeta. A culinária e a indústria se beneficiam do aquecimento infravermelho, que permite ajustes precisos de temperatura sem desperdício de calor (GEDRAITE, 2001).
Os fornos industriais de infravermelho são empregados em diversas indústrias, oferecendo flexibilidade em termos de configuração e controle de temperatura. No âmbito doméstico e comercial, os fornos elétricos de infravermelho são populares por sua eficiência energética e capacidade de aquecer e cozinhar rapidamente os alimentos, agindo de dentro para fora. Portanto, a radiação infravermelha se estende a uma ampla variedade de aplicações, desde processos industriais até o uso diário em nossas casas e restaurantes (GEDRAITE, 2001).
O processo de construção de um forno de infravermelho se baseia nos princípios de aquecimento por convecção e condução, garantindo o cozimento uniforme da parte interna dos alimentos. Nesse tipo de forno, a radiação infravermelha penetra nos alimentos, agindo de maneira semelhante à radiação de micro-ondas em um forno convencional (DIAS, 2018).
A radiação infravermelha oferece um aquecimento mais rápido e eficiente em comparação com as técnicas tradicionais de cozimento, nas quais o calor precisa se disseminar do exterior em direção ao centro dos alimentos. Fornos elétricos e a gás de infravermelho são comuns e versáteis, encontrando aplicações em secagem, esterilização e muito mais (DIAS, 2018).
Além das aplicações industriais, a tecnologia de infravermelho se destaca na indústria de alimentos, proporcionando um aquecimento rápido e facilitando a manutenção. Ao contrário da tecnologia de micro-ondas, que tende a amolecer os alimentos, o infravermelho mantém a crocância, preservando a qualidade dos pratos (MORIMOTO et al., 2017).
A principal aplicação comercial da radiação infravermelha está na secagem de alimentos de baixa umidade, como farinha de rosca, cacau, grãos e chá. Nesse processo, os produtos passam por túneis equipados com aquecedores radiantes sobre correias transportadoras. Além disso, a tecnologia de infravermelho encontra uso em liofilizadores acelerados, secadores de esteira a vácuo e até mesmo em alguns fornos de micro-ondas domésticos para tostar a superfície dos alimentos e encolher termicamente filmes de embalagem (CREMASCO, 2021).
O aquecimento infravermelho destaca-se pela sua capacidade de reter a umidade e os compostos de sabor e aroma no interior dos alimentos, preservando suas características naturais. Essas mudanças nos componentes da superfície dos alimentos são semelhantes àquelas que ocorrem durante o assamento, mantendo a qualidade e o sabor dos pratos (CREMASCO, 2021).
3. AQUECIMENTO ÔHMICO
A tecnologia de aquecimento ôhmico não é nova e foi usada por mais de 100 anos. Durante o século XX, o uso do aquecimento ôhmico era utilizado de forma constante. Mas seu uso foi abandonado devido efeito de corrosão dos eletrodos. Ao fim do século passado essa tecnologia foi redescoberta e desde então tem se tornado o assunto de muitas pesquisas. Essa tecnologia possui uma gama de aplicações, inclusive no processo térmico de alimentos sólidos, alimentos líquidos, misturas de alimentos sólido-líquidos, carnes e legumes (STANCIL e ZITNY, 2010). 
Também chamado de “aquecimento por resistência” ou “eletro-aquecimento”, (termo mais recente), é um processo no qual uma corrente elétrica alternada passa através de um alimento, por meio de eletrodos e a resistência elétrica do alimento causa a potência a ser traduzida diretamente em calor. À medida que o alimento é um componente elétrico do aquecedor, é essencial que as propriedades elétricas (sua resistência) sejam ajustadas à capacidade de aquecimento. O processo pode ser utilizado para esterilização “ultra-high temperature” de alimentos, especialmente daqueles que contém partículas grandes (até 2,5 cm), difíceis de esterilizar por outros métodos (FELLOWS, 2006). 
Nesse processo, a condutividade elétrica é usada para o controle do processo, ao contrário dos processos convencionais onde a condutividadedo alimento é o parâmetro de controle. A condutividade elétrica também pode ser usada como uma boa ferramenta na caracterização de produtos alimentícios, sendo que o tratamento ôhmico pode ser utilizado para pasteurização de sucos de frutas, como o de acerola (DINIZ et. al., 2003).
O princípio do AO baseia-se na passagem de uma corrente elétrica alternada através do alimento que funciona como resistência elétrica, gerando calor interno. Para tanto, é aplicada uma tensão de eletrodos, localizados nas extremidades da célula ôhmica. A geração de energia é proporcional ao quadrado da intensidade do campo elétrico local e à condutividade elétrica. Assumindo um material puramente resistivo, sendo o princípio básico que governa a geração de calor é dada pela equação: Q = I .R; Onde Q é a quantidade de calor ou energia gerada (J s-1 ); I é a intendsidade da corrente elétrica que passa através da amostra (A); e R é a resistência elétrica da amostra (Ω) (MERCALI, 2013). 
Segundo Ghnimi et. al. (2008) o AO é um modo muito efetivo para conversão de energia em calor na carga de trabalho. A eficiência de conversão está acima de 95%. Uma 2grande quantidade de energia é dissipada prontamente (>300 kW) em sistemas de fluxos contínuos. 
Porém, o tratamento de calor não uniforme dos alimentos pode favorecer a recontaminação por patógenos, como também inadequada destruição microbiana, causando sérios problemas de saúde pública. Torna-se importantíssima a uniformidade e distribuição da temperatura no alimento durante o processo térmico, em particular, quando as partículas dos alimentos são esterilizadas ou assepticamente processadas. Para o aquecimento ôhmico, as condutividades elétricas idênticas do fluido e partículas sólidas serão requeridas por aquecer uniformemente, embora outras propriedades térmicas também sejam importantes (SHIM et. al., 2010). 
Quando o material contém água suficiente e eletrólitos, permite a passagem da corrente elétrica, sendo que o aquecimento ôhmico pode ser usado para gerar calor dentro do próprio produto. Torna-se possível utilizar Alta Temperatura e Curto Tempo (HTST) e Ultra Alta Temperatura (UHT), aumentando a qualidade do produto final e adicionando valor aos produtos processados (KNIRSCH et. al., 2010). 
3.1 Equipamentos
A busca por um processo asséptico usado na indústria de alimentos para a pasteurização ou esterilização de produtos líquidos como leite e sucos de frutas esteve sempre em evidência. Porém, o uso desta técnica de sanitização para alimentos líquidos com partículas sólidas, com um tamanho de partícula maior que 15 mm e concentração de 30-40 g/100 g respectivamente, eram limitadas, devido à baixa taxa de transferência de calor necessária para alcançar a esterilização, através da condução ao centro das partículas (PARARO et. al., 2011). 
Devido a essas desvantagens relativas ao uso de aquecimento direto, o aquecimento ôhmico ganhou uma maior atenção por parte da indústria de alimentos, em função da possibilidade de aplicação do processo asséptico contínuo aos alimentos. No aquecimento ôhmico, o produto entra diretamente em contato com os eletrodos, agindo assim, como parte do circuito elétrico pelo qual a corrente elétrica passa através do alimento. Como consequência, o calor gerado passa pelo produto, resultado de sua resistência elétrica inerente. Assim, em misturas de alimentos líquidos, se a condutividade elétrica das duas fases é da mesma ordem de magnitude, o calor é gerado em ambas as fases à mesma ou comparável taxa. Assim, a qualidade dos produtos que passaram pelo aquecimento ôhmico é melhor em comparação ao método tradicional (PARARO et. al., 2011). 
Em geral, as frequências no aquecimento ôhmico tendem a ser aquelas fornecidas pela fonte de alimentação (50 ou 60 Hz, dependendo da localização). No entanto, uma grande variedade de potenciais frequências pode ser usada (excluindo os intervalos associados com frequências de rádio ou de microondas), dependendo da natureza da aplicação e sua economia (SARKIS et al., 2013).
Figura: processo de aquecimento ôhmico
Figura: processo de aquecimento ôhmico
3.2 Aplicação em Alimentos
O efeito da temperatura, do teor de sólidos, voltagem aplicada e tamanho das partículas sobre a condutividade elétrica de suco de laranja, tomate e cenoura, foram mostrados em trabalhos desenvolvidos por Palaniappan e Sastry (1991). Esses autores observaram que a condutividade elétrica dos sucos aumenta com a temperatura e diminuem com o teor de shólidos durante o aquecimento ôhmico (convencional), verificando que há uma relação linear entre a temperatura e a condutividade. 
Elioti-Godereaux et al. (2001) estudaram a viabilidade de processar couve-flor através do aquecimento ôhmico. Esses autores verificaram ótimas condições de tratamento associadas a uma baixa temperatura de pré cozimento da couve-flor, num fluxo alto, taxa e uma condutividade elétrica suficiente. Estes resultados realçam o interesse desta tecnologia elétrica para processar produtos prontos frágeis como a couve-flor. Um estudo semelhante com batata em cubos verificou que os produtos tratados com o aquecimento ôhmico preveniram a perda da firmeza quando comparado com o tratamento convencional. 
Castro et al. (2004) compararam a inativação de diferentes enzimas com aquecimento ôhmico e com tratamento convencional. Esses autores demonstraram que a inativação pelo tratamento AO foi mais rápida que o feito pelo tratamento convencional. 
Leizson e Shimoni (2005) verificaram que aquecimento ôhmico reduziu a atividade da pectinametilesterase em 98% em suco de laranja fresco. Segundo Figueiredo et al. (2001) a referida enzima é responsável por grande perda de qualidade do suco de laranja, causando redução de viscosidade, perda de turbidez e separação de fases no produto. Segundo Burnette (2006) essa redução é importante para preservar a cor de produtos alimentícios de origem vegetal, visto que a atividade da peroxidase relaciona-se ao escurecimento do tecido. 
Jakób et. al. (2010) verificaram que o aquecimento ôhmico foi útil como um método alternativo para esterilização ou pasteurização de alimentos. Também observaram que o AO pode aumentar a taxa de inativação de enzimas presentes nos alimentos, embora tenham verificado uma diminuição na estabilidade da enzima metilesterase em sucos de fruta e da fosfatase alcalina em leite. 
Foi analisada a degradação de ácido ascórbico em um pH 5,7 durante o tratamento convencional e aquecimento ôhmico. A relação de Arrhenius para o aquecimento ôhmico mostrou valores negativos pelo coeficiente de temperatura (ALHUSSEIN et al., 2006). 
Estudo realizado por Icier et. al. (2010) verificaram os efeitos do aquecimento ôhmico na estrutura de cortes de carne bovina descongelada. As amostras de carne foram descongeladas pelo tratamento ôhmico, verificando-se que os cortes apresentaram-se mais duros e elásticos que os descongelados pelo tratamento convencional. O gradiente de voltagem aplicado durante o descongelamento por AO foi estatisticamente significante para textura de cortes de carne bovina nos parâmetros de dureza e elasticidade (p <0.05). 
Icier, Yildiz e Baysal (2010) verificaram que o aumento da temperatura pelo aquecimento ôhmico inativou a enzima polifenoloxidase (POP) durante o mesmo tempo de propriedade. O efeito de temperatura, tempo e a interação na atividade de PPO foi significativa (p<0.05). 
Foi estudada a eficácia do tratamento ôhmico em alguns atributos de qualidade de almôndegas semicozidas, observando-se que, além de cozinhar, o aquecimento ôhmico também reduziu significativamente o número total de bactérias aeróbias mesófilas, bolores, leveduras, Staphylococcus aureus e eliminou completamente Salmonella spp (p<0,05). Entretanto, o AO não foi totalmente eficaz para inativar todas as células de Listeria monocytogenes. Observa se que em relação à análise sensorial, a aceitação geral das amostras de almôndegas semicozidas foram consideradas boas (SEGUN et. al., 2014).
4. REFERÊNCIAS
Fellows, P. J., Tecnologia do processamentode alimentos: princípios e prática-2 ed.- Porto Alegre: Artmed, 2006. 
CREMASCO, Marco Aurélio. Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos e outros trabalhos. Editora Blucher, 2021.
MAFRA, Giovana Sobral. Estudo da cristalização no processo de produção de vinho tinto. 2023.
GEDRAITE, R. et al. ASPECTOS TECNOLÓGICOS DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS MINISTRADOS NO 2o ANO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA. Disponível em: <https://www.abenge.org.br/cobenge/legado/arquivos/18/trabalhos/MTE125.pdf>. Acesso em: 20 out. 2023.
DIAS, L. C. S.; ARAÚJO, R. G.; FINZER, J. R. D. COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE MASSA NA CRISTALIZAÇÃO DE SACAROSE. 2018.
MORIMOTO, M. G.; RABELO, I. P. T.; MALAGONI, E. R. A. ESTUDO DO PROCESSO DE CRISTALIZAÇÃO DO ÁCIDO CÍTRICO. Disponível em: <http://www.cobeqic2019.com.br/trabalhosfinais/FTSP1.pdf>. Acesso em: 21 out. 2023.
IBARZ, A.; BARBOSA-CÁNOVAS, G. V. Operações unitárias em engenharia de alimentos. Imprensa CRC, 2002.
Ayur, R. A., & Aguilera, J. M. 2020. Propriedades Dielétricas dos Alimentos. Engenharia de Alimentos. Casuqui alimentos. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4674/467443874004.pdf. Acesso em: 24/10/2023. 
Vercesi, A. B., & Azevedo, R. V. A. 2021. Tecnologias de Micro-ondas na Indústria de Alimentos. Engenharia alimentar. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4674/467443874004.pdf. Acesso em: 23/10/2023.
STANCL, J.; ZITNY, R. Milk fouling at direct ohmic heating. Journal of Food Engineering, v.99, n.4, p.437-444, 2010. 
DINIZ, E.; FIGUEIREDO, R.; QUEIROZ, A.D.M. Atividade de água e condutividade elétrica de polpas de acerola concentradas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, n.1, p.9-17, 2003.
MERCALI, G.D.; SCHWARTZ, S.; MARCZAK, L.D.F. et al. Ascorbic acid degradation and color changes in acerola pulp during ohmic heating: Effect of electric field frequency. Journal Engineering, v.123, p.1-7, Feb., 2014. 
ELIOT-GODEREAUX, S.C.; ZUBER, F.; GOULLIEUX, A. Processing and stabilisation of cauliflower by ohmic heating technology. Innovative Food Science & Emerging Technologies, v.2, p.279-287, 2001. 
CASTRO, I.; MACEDO, B.; TEIXEIRA, J.A. The effect of electric field on important food-processing enzymes: Comparison of inactivation kinetics under conventional and ohmic heating. Journal of Food Science, v.69, n.9, p.696-701, 2004.
JAKÓB, A.; BRYJAK, J.; WÓJTOWICZ, H. et al. Inactivation kinetics of food enzymes during ohmic heating. Food Chemistry, v.123, p.369-376, 2010.

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