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infecção A associação entre o homem e um microorganismo vegetal inferior (bactéria, cogumelo ou vírus), no qual o homem é o hospede.iro, que se dá o nome de infecção. Essa capacidade do microrganismo de produzir malefícios do homem se denomina patogenicidade. A infecção pode se instalar no indivíduo, seja por fontes de contaminação extrínseca ou intrínseca. Vejamos inicialmente a contaminação extrínseca, ou seja, aquela que provém de fontes externas de contaminação. Embora os especialistas não concordem quanto à via de contaminação mais importante, ou o principal reservatório de germens, todos estão de acordo que as infecções hospitalares aumentam cada vez mais Os germes das fontes de contaminação poderão infectar a ferida operatória, quer por via direta, quer por via indireta. A via direta de contaminação inclui a disseminação por portadores de processos p.atoló.gic.os ati.vos, através de contato direta com o rec.eptor. transmitindo microrganismo a partir da face, pele, vias respiratórias, intestinais, genitais, ou através de qualquer outra lesão em atividade, como um furúnculo, uma ferida contaminada etc. A via indireta de contaminação implica trajeto tríplice: parte do portador ou da lesão ativa, e através de um terceiro elemento, transmite-se ao receptor. O veículo pode ser o ar, poeira, roupas, utensílios e insetos Microbiota transitória e residente A microbiota transitória é formada por microrganismos que ficam nas camadas mais superficiais da pele e resultam do contato desta com o meio ambiente. Ela sobrevive por curto período e é removida facilmente, por exemplo, com a lavagem com água e sabão. Além disso, ela pode ser transferida com facilidade para outros indivíduos. Por outro lado, a microbiota residente é composta por microrganismos que colonizam as camadas mais profundas e estão presentes persistentemente. Esses microrganismos ficam aderidos e colonizam a superfície das células epiteliais, constituindo uma população estável. Ela só pode ser removida de forma parcial (e temporária) pela descamação celular natural ou forçadamente pelos processos de degermação. Conceitos importantes Descontaminação A descontaminação é feita por métodos físicos e/ou enzimáticos, antecedendo a limpeza de materiais contaminados por sangue, secreções e/ou pus. Assim, a descontaminação vai destruir os microrganismos patogênicos, proporcionando biossegurança para o pessoal técnico que irá manipular esses materiais Limpeza A limpeza remove sujeira e detritos, e é realizada de forma manual (mecânica) com água e detergentes (além dos métodos enzimáticos). É um processo básico que reduz a população de bactérias, facilitando o método anti-infeccioso que será realizado posteriormente. Desinfecção A desinfecção é o processo de destruição dos microrganismos patogênicos, ou a inativação da sua toxina e/ou inibição do seu crescimento. Assim, haverá a destruição desses germes patogênicos na sua forma vegetativa por meio da aplicação de agentes químicos e físicos. Porém, os esporos não precisam ser necessariamente destruídos A desinfecção é a destruição, por agente químico, de microrganismos patogênicos, excluídos, em geral, os esporos, pois estes são resistentes. É empregada em instrumentos ou equipamentos que não podem ser expostos ao calor, no tratamento de superfícies e excretas. Todavia, esse agente químico é inativado se houver muco, sangue, pus e outras substâncias orgânicas. SANIFICAÇÃO Procedimento aplicado a objetos inanimados, em que há a destruição de microrganismos a níveis considerados seguros. Neologismo do inglês sanitization,em que emprega sanitizer, tipo particular de desinfetante que reduz o número de bactérias contaminantes a níveis julgados seguros para as exigências de saúde pública. ESTERILIZAÇÃO A esterilização é a destruição total de todas as formas de vida dos materiais que entrarão em contato com o campo operatório, por agentes físicos ou químicos. Em cirurgia, só é aceita a condição de esterilidade. Assepsia Deve-se, o quanto possível, manter livre de germens o doente, a equipe cirúrgica e o ambiente Assepsia é o termo referente ao processo de prevenção do contato com microrganismos que os mantêm afastados de determinados objetos, ambiente ou campo operatório. A assepsia é o conjunto de ações que impedem a penetração de microrganismos em um ambiente asséptico (livre de infecções). Assim, assepsia significa ausência total de infecção, por isso, ela tem como objetivo eliminar todos os agentes infecciosos que estão nos equipamentos e objetos inertes. Para tal, utilizamos desinfetantes que são tóxicos para as células (mas que podem ser usados nos objetos inanimados). Cuidados com o doente Muitos são os fatores ligados ao doente que influem na maior ou menor possibilidade de contaminação. Assim, por exemplo, a idade tem sido considerada predisponente, acentuando aquela possibilidade tanto na velhice, como na infância. Alterações metabólicas e de nutrição, como a diabete, obesidade, subnutrição e tratamentos prolongados com esteróides contribuem para o maior índice de infecções Vários outros fatores, no entanto, influem na acidental ou incidental contaminação· a duração da hospitalização, o tempo de cirurgia, contaminação ambiental, uso de dreno ou sondas, tamanho da incisão e etc. O preparo do doente deve ser iniciado de véspera: banho geral, lavagem da cabeça, axilas e genitais, pois são, além do trato respiratório, os maiores fatores de contaminação. Troca-se a roupa pessoal e evidentemente a de cama. O banho no dia da cirurgia tem sido contra-indicado por aumentar a difusão de germens. Explica-se com o uso de detergentes, a gordura geralmente existente na pele é removida e há descamação acentuada, veiculando maior quantidade de germens. A tricotomia. ou seja, a raspagem das pêlos, deve ser sempre feita no dia a intervenção e, segundo alguns autores, no próprio centro cirúrgico. . A tricotomia de véspera pode provocar foliculite ou mesmo infecção de pequenos cortes acidentalmente ocorridos, uma vez que a pele normalmente possui flora bacteriana fixa e transitória, às vezes de difícil controle. Cuidado especial deve ser dispensado à limpeza e à esterilização do aparelha de tricotomia. (navalhas, giletes etc.). Em alguns centros estão sendo usados depilatórios 1Jl1Íroicos, como possível meio de serem evitados cortes ou arranhões durante a tricotomia. Cuidados com a equipe cirúrgica 1. Banho: o paciente deve banhar-se na noite anterior à operação com sabão anti-séptico, a não ser que seja aplicado após o banho, na pele, creme à base de lanolina ou similiar. A propagação dos germe.s é. maior no período de 30 a..90 minutos .após o banho e .começa a diminuir, normaljzando-se após duas horas. 2. Roupas: as roupas rotineiras devem ser trocadas antes de se adentrar ao centro cirúrgico Gorros e touca: devem cobrir todo o .cabelo, impedindo que este seja fonte de contaminação. A máscara deve ser repetidamente trocada durante as operações 3. Lavagem de mãos: Escovar rigorosamente pelo menos por sete minutos, controlados em relógio, com anti-séptico e água quente corrente. ANTISSEPSIA É a destruição dos germes presentes nas camadas superficiais ou profundas da pele, por meio da utilização de um antisséptico que pode ser aplicado em tecidos vivos (hipoalergênico). Porém, a antissepsia é transitória, eliminando ou matando os microrganismos presentes na pele e inativando os vírus. Assim, ela reduzirá a população de microrganismos presentes na superfície do corpo no momento da cirurgia. TÉCNICAS ANTISSÉPTICAS A descontaminação de tecidos vivos depende da coordenação de dois processos: degermação e antissepsia. 1. Degermação é a remoção de detritos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões e detergentes sintéticos, graças a sua propriedade de umidificação, penetração, emulsificaçãoe dispersão, removem mecanicamente a maior parte da flora microbiana existente nas camadas superficiais da pele, também chamada flora transitória, mas não conseguem remover aquela que coloniza as camadas mais profundas ou flora residente. 2. Antissepsia é a destruição de microorganismos existentes nas camadas superficiais ou profundas da pele, mediante a aplicação de um agente germicida de baixa causticidade, hipoalergênico e passível de ser aplicado em tecido vivo. Os detergentes sintéticos não-iônicos praticamente são destituídos de ação germicida. Sabões e detergentes sintéticos aniônicos exercem ação bactericida contra microorganismos muito frágeis como o Pneumococo, porém, são inativos para Stafilococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e outras bactérias Gram negativas. Consequentemente,sabões e detergentes sintéticos (não iônicos e aniônicos) devem ser classificados como degermantes, e não como antissépticos. PRINCIPAIS ANTISSÉPTICOS Obs. Caracterizamos como antisséptico quando a empregamos em tecidos vivo e desinfetante quando a utilizamos em objetos inanimados. Sabões Geralmente são sais de sódio ou de potássio de ácidos graxos de cadeia longa. Apresenta atividade bacteriana e bacteriostática especialmente contra Gram-positivas e bacilos álcool-ácidos resistentes Praticamente não atuam sobre as Gram-negativas Recentemente a investigação dos compostos antibacterianos com "atividade de superfície" (Suiface Activiry) recebeu muito ímpeto com o aparecimento dos chamados detergentes sintéticos; estes compostos tendem a se acumular orientados numa interfase aquosa, porque na sua estrutura apresentam uma parte hidrofóbica e uma parte hidrofílica ÁLCOOL ETÍLICO A 70% Antissepsia em procedimentos de médio e baixo risco. É barato, não irritante para a pele e inócuo para o organismo. São bastante utilizados, por serem substâncias muito voláteis, de absorção rápida e baixa toxidade, mas sobre tudo por terem o seu efeito bem rápido e de fácil aplicação Também apresentam atividade antimicrobiana atribuída à sua habilidade em desnaturar proteínas, tem excelente atividade germicida contra bactérias positivas e negativas, fungos e contra a maioria dos vírus Antissepsia de coto umbilical CLOREXIDINA A clorexidina, classificada como Digluconato de clorexidina, trata-se de uma molécula catiônica, estável, que em sua estrutura molecular possui grupos funcionais e radicais, sendo sua fórmula química C22H30Cl10.2C6H12O7. A ação da clorexidina é feita através da adesão e ruptura das membranas celulares, o seu efeito contra germes é menos eficaz quando comparado aos alcoóis, mas contém uma ação capaz de eliminar tanto bactérias gram-positivas quanto gram-negativas Esta substância está disponível nas formas degermante, alcoólica e aquosa. É altamente bactericida, sem efeito sobre esporos A clorexidina é um antisséptico com ação mais prolongada É um agente antisséptico, com ação antifúngica. Possui também ação bacteriostática, inibindo a proliferação bacteriana. A atividade antimicrobiana é atribuída à ligação e subsequente ruptura da membrana citoplasmática Apresenta baixo potencial de toxicidade e irritabilidade, e mantém sua ação mesmo em contato com matéria orgânica, tais como secreções purulentas, urina e sangue. Contudo, em altas concentrações, a clorexidina deve ser mantida longe dos olhos e das orelhas De acordo com a ANVISA (2007), a clorexidina tem ação residual significativa e nenhuma ou quase nenhuma absorção pela pele. A junção da clorexidina com o álcool obtém um efeito mais eficaz, por se tornar mais rápido a ação exercida. É um composto que se torna incompatibilidades com tenso ativo aniônico, íons cloretos, carbonatos e sulfatos Uma desvantagem do uso da clorexidina é o aparecimento de manchas de cor marrom nas roupas cirúrgicas, do paciente ou do leito, quando lavadas com alvejantes à base de hipoclorito. Sua indicação abrange a degermação das mãos e antebraços da equipe cirúrgica e a antissepsia da pele de pacientes submetidos a procedimentos invasivos. Triclosan É uma substância não iônica e incolor, com pouca dissolução em água, mas é solúvel em alcoóis. Em sua ação o Triclosan penetra na célula alterando a membrana plasmática. Possui uma vasta atividade como antibacteriano, mas demonstra uma maior eficácia como um bacteriostático. Sua ação é mais eficaz contra bactérias gram- positivas do que em gram-negativas, sendo menos eficaz contra fungos e alguns vírus. Trata-se de um agente bacteriostático muito utilizado na fabricação de sabonetes, cosméticos, detergentes, desodorantes, sabões em pó, entre outros produtos. Atua dentro das células inibindo a biossíntese de ácidos graxos, que ela necessita para construir as membranas celulares e para outras funções vitais, bloqueando o sítio ativo da enzima enoil-acil, proteínacarreadora redutase (ENR). IODÓFOROS-PVPI (Polivinilpirrolidona iodo) Está disponível nas formas degermante, alcoólica e aquosa. Alcoólico: fica pegajoso, não escorre dessa forma Tópico: parece iodo, escorre Degermante: esfrega e tem espuma Os iodóforos penetram na parede celular, tendo uma grande eficácia em bactérias gram positivas e bactérias gram negativas, bacilos e vírus Apresenta vantagens em relação às outras soluções iodadas: não queima, não mancha tecidos, raramente provoca reações de hipersensibilidade, não interfere no metabolismo e mantém ação germicida residual Apresenta início de ação poucos minutos após sua aplicação. A povidona-iodo tem menor efeito residual do que a clorexidina. Sua indicação abrange a lavagem do sítio operatório, mãos e antebraços da equipe cirúrgica, aplicação na pele íntegra do paciente em procedimentos invasivos, curativos e aplicação em mucosas. Desinfecção da pele intacta, TU, mãos, cateterização da bexiga e desinfecção da pele danificada (feridas, úlceras nas pernas, feridas superficiais e queimaduras). REFERÊNCIAS GOFFI, Fábio Schmidt (coord). Técnica cirúrgica: bases anatômicas, fisiopatologicas e técnicas da cirúrgica, 2007
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