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Isabella Fernandes Campelo SÍNDROME DE BERARDINELLI-SEIP A síndrome de Berardinelli-Seip ou Lipodistrofia Congênita Generalizada foi descrita por Waldemar Berardinelli em 1954 no HUCFF, e mais tarde por Seip em 1959. Sua incidência é baixa (1:10 milhões de nascidos-vivos) e se relaciona à herança autossômica recessiva, provavelmente pelos genes BSCL1 e AGPAT2. Caracteriza-se clinicamente pela redução da quantidade e da distribuição de tecido adiposo, sobretudo em subcutâneo, cursando com aparência acromegálica, alongamento de extremidades, crescimento acelerado, avanço da idade óssea, hipertricose, cardiomiopatia hipertrófica e hepatomegalia. O déficit de tecido adiposo e consequentemente da leptina, hormônio produzido nos adipócitos com importante função metabólica, parece exercer papel fundamental na fisiopatologia da resistência insulínica, do diabetes melito, da esteatose hepática e da dislipidemia com marcante hipertrigliceridemia presentes na síndrome. Podem ser observados hipertrigliceridemia, esteatose hepática, grave resistência à insulina, tolerância alterada à glicose ou diabetes melito e aterosclerose de início precoce. Não há, na literatura, trabalhos descritos em pacientes da síndrome submetidos a cirurgias plásticas, devendo-nos abordar tais pacientes com técnicas já conhecidas de tratamento de lipodistrofias com as devidas adaptações. El-Khatib desenvolveu, em 2011, uma proposta de classificação da região púbica quanto à deposição de tecido adiposo e ptose do mesmo. No trabalho, foi considerada Deformidade de Púbis grau 1 o que apresentava abaulamento leve com cobertura mínima ou nenhuma cobertura da genitália externa, sendo proposta, para esses casos, a lipoaspiração. No Grau 2 é observado um abaulamento moderado com cobertura parcial da genitália externa, que deve ser tratado com dermolipectomia assistida por lipoaspiração. O Grau 3 se caracteriza pelo abaulamento marcado com cobertura completa da genitália externa, sendo recomendado o tratamento com dermolipectomia 1 assistida por lipoaspiração e suspensão fascial-dérmica ± excisão em cunha vertical para tratar a frouxidão horizontal. A ptose é característica da deformidade Grau 4, com cobertura parcial ou completa da genitália externa. Esta deve ser idealmente tratada com dermolipectmoia associada a suturas de suspensão e excisão em cunha vertical para tratar a frouxidão horizontal. A paciente do caso é uma adolescente de 17 anos de idade portadora da síndrome de Berardinelli e acompanhada desde a infância no IPPMG da UFRJ (figura 1). Como comum no curso da doença, apresenta resistência insulínica aumentada, fazendo uso de metformin e acompanhamento periódico com a Endocrinologia. É portadora também da síndrome de Sjögren (SS), uma doença sistêmica inflamatória crônica auto-imune que tem as glândulas lacrimais e salivares como os principais órgãos afetados por uma infiltração linfo-plasmocitária, originando disfunções que desencadeiam quadro clássico de xeroftalmia (olhos secos) e xerostomia (boca seca). A paciente se apresenta clinicamente controlada. 2 FIGURA 1 - PACIENTE Realizada Ressonância Magnética em agosto de 2023, evidenciando segundo laudo “aumento do volume do tecido adiposo na região púbica com aspecto em avental, com maior espessura no nível do púbis situado em cerca de 5 cm no eixo anteroposterior. 3 4 5 6 7 TÉCNICA CIRÚRGICA 8 9 10 11 12 13 14
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