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Direitos Sociais e Competências em Serviço Social Material Teórico Fragmentação da Vida Social Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Mariana Aparecida da Silva Prof.a Dr.a Maria Raimunda Chagas Vargas Rodriguez Revisão Técnica: Prof. Me. Denis Barreto da Silva Revisão Textual: Prof.a Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos • Fragmentação da Vida Social e a Análise Crítica do Serviço Social • Contexto do Capital Globalizado e seus Mecanismos de Acumulação • A opção Neoliberal e suas Repercussões · Analisar como se dá a fragmentação da vida social no contexto pós-moderno; · Perceber qual a análise crítica do Serviço Social perante esse cenário de fragmentação da vida social; · Estudar o contexto do capital globalizado e os “novos” mecanismos de acumulação capitalista; · Analisar a opção neoliberal e as características desse movimento ideológico no cenário social. OBJETIVO DE APRENDIZADO Fragmentação da Vida Social Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas, dentre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. UNIDADE Fragmentação da Vida Social Contextualização Fonte: iStock/Getty Images Para entender o fenômeno de fragmentação da vida social na contemporanei- dade, é preciso percebermos como está o nosso cotidiano. A expansão tecno- lógica surgiu para agregar em nossas vidas, mas qual será o limite individual de cada um para lidar com os novos mecanismos digitais? Até que ponto ele pode interferir em nossas relações e interações sociais? Vivemos em uma sociedade caracterizada pelo individualismo que é fortalecido pelo poder de consumo ofe- recido pelo capitalismo, mas será que esse não é um mal-estar social em que as pessoas se escondem? Na reportagem abaixo, podemos observar uma característica da modernidade: as doenças do século XXI. Porém, percebemos também que elas atingem cada vez públicos mais jovens. A sensação de se sentir inseguro na sociedade não estará interrompendo fases primordiais dos seres humanos, como a infância? Acesse o link da reportagem a seguir: https://goo.gl/m9ot5D Ex pl or 8 9 Fragmentação da Vida Social e a Análise Crítica do Serviço Social O final do século XX trouxe significativas mudanças na organização da vida social dos indivíduos. Para uma breve contextualização, o termo fragmentar refere- se etimologicamente ao ato de partir, dividir em pequenos fragmentos e é nesse contexto que irão se desenvolver as relações sociais até a contemporaneidade. Viana (2000) cita que, além da mudança no modo de viver, as pessoas também modificaram seus modos de sentimento com relação à outras pessoas e ao mundo. Estamos encerrando um século em que grandes e renovados movimentos sociais – especialmente em sua segunda metade – foram protagonistas fundamentais de um processo de transformação no modo de viver, de sentir e de amar as pessoas. (VIANA, 2000, p. 34) Como vimos anteriormente, a expansão do Neoliberalismo provocou modificações em alcance mundial. Houve a larga utilização de tecnologia nos ciclos produtivos e a consequente desvalorização da força de trabalho vivo na indústria, além de ter representado a falência de experiências, como o socialismo real. Criamos novas formas de sociabilidade que se expressam nas diversas configu- rações familiares que foram sendo construídas. O modelo tradicional, conservador e patriarcal das famílias cedeu lugar a arranjos diferenciados que lutaram por es- paço na sociedade através de movimentos de emancipação. As mulheres se empoderaram de novas atribuições diante da sociedade tornando- -se chefes de famílias, além de construírem aos poucos o caminho da emancipação perante os estudos e o trabalho, e as questões de gênero começaram a surgir em outras formas de expressar relações de afeto, conjugalidade, amizade, entre outros contextos. Vislumbramos a falência do modelo de família tradicional construída pela moral burguesa, como cita Viana: A humanidade, artífice e produto desse último lustro do século XX, engendrou novas formas de sociabilidade, arrancou, do ventre da família calcada no patriarcado possibilidades outras quanto à convivência entre os gêneros, produzindo renovados arranjos familiares que modificaram costumes e formas de experienciar o amor, a paixão, a conjugalidade e as relações com os filhos, provocando inversões nos costumes e reeditando o espaço de cada geração e de cada gênero na determinação de sua história pessoa. (VIANA, 2000, p. 35) A acumulação capitalista, como vimos, mudou o seu padrão, utilizando os modelos fordista e taylorista, reestruturando os modos de produção e flexibilizando os contratos de trabalho, além da inclusão da tecnologia que motivou a substituição em massa de trabalhadores por máquinas. 9 UNIDADE Fragmentação da Vida Social Importante! Fordismo e Taylorismo são modelos de produção industrial oriundas do século XX que surgiram em momentos diferentes com o objetivo de otimizar os fluxos de produção. O Fordismo foi criado por Henry Ford (1863-1947) e o Taylorismo por Frederick Winslow Taylor (1856-1915). Os dois eram engenheiros e formaram a partir de seus estudos com outros cientistas e profissionais da área a Escola da Administração Científica. Para entender melhor acesse o link: https://goo.gl/I6Wny2 Você Sabia? Outra característica da fragmentação da vida social é o crescimento desorde- nado das manifestações da questão social: fome, desemprego, violência etc., que possuem em seus eixos os efeitos das mudanças no processo de acumulação capi- talista, como citamos acima. De acordo com Viana (2000), a violência é um movimento que cresce de forma real e virtual e que acaba por isolar os indivíduos do convívio social pela lógica do medo que impera na sociedade contemporânea, e, consequentemente nos separa uns dos outros em “ilhas pessoais” que conceituam o atual modelo individualista de vida. Frederico (1996) aponta que vivemos em uma sociedade em que se perpetua o mal-estar e a insegurança. As últimas peripécias do capital trouxeram um mal-estar e uma insegurança inimagináveis a este final de século. O movimento subterrâneo da economia, como sempre, refletiu-se nas formas de consciência, por intermédio das quais os homens se relacionam com essa realidade movediça. (FREDERICO, 1996, p. 75) Frente a esse contexto de mudanças, o Serviço Social, como área de conhecimento e como formador de uma categoria profissional precisou se adaptaràs novas formas do mercado de trabalho e desenvolver uma postura crítica na intervenção profissional dos assistentes sociais. Nesse sentido, exige-se do profissional uma habilidade criativa, pró-ativa e capaz de fazer análises de conjuntura eficazes e que auxiliem na realização de mediação entre o real e o ideal no cotidiano, como descreve Iamamoto: Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo. (IAMAMOTO, 2015, p. 20) Pensando no desenvolvimento da extensão dos serviços socioassistenciais para o terceiro setor, uma vez que a responsabilidade do Estado é repassada para essas entidades, os assistentes sociais passam de apenas formuladores de políticas sociais para executores das políticas públicas, mesmo que de forma focalizada a demandas específicas da questão social. 10 11 Os assistentes sociais encontram-se em contato direto e cotidiano com as questões da saúde pública, da criança e do adolescente, da terceira idade, da violência, da habitação, da educação etc., acompanhando as diferentes maneiras como essas questões são experimentadas pelos sujeitos. (IAMAMOTO, 2015 p. 41) Importante! Um exemplo prático do que estamos estudando na unidade é visualizar a prestação de serviços públicos pelo Estado. Quando pensamos na rede SUAS (Sistema Único de Assistência Social) podemos observar que existem serviços específi cos para cada usuário da assistência social, por exemplo: existem os serviços de acolhimento para crianças e adolescentes, além de existirem serviços para pessoas em situação de rua que são gerenciados por Organizações Não Governamentais que realizam as abordagens a essas pessoas nas ruas. Também existem os serviços que atendem mulheres vítimas de violência doméstica, centros de acolhida (para mulheres, homens, mulheres com crianças, idosos, gestantes), serviços para pessoas com defi ciência, centros de convivência para crianças e adolescentes durante o contraturno escolar, núcleos de convivências para pessoas em situação de rua, entre outros. Trocando ideias... A análise do contexto profissional é imprescindível para a atuação dos assistentes sociais, para que sua práxis não caia no fatalismo das ações, pois em inúmeras vezes os profissionais lidam com ideia de resolutividade e de messianismo profissional, como descreve Marilda Iamamoto: Mas é necessário, também, evitar uma outra perspectiva, que venho chamando de messianismo profissional: uma visão heroica do Serviço Social que reforça unilateralmente a subjetividade dos sujeitos, a sua vontade política sem confrontá-la com as possibilidades e limites da realidade social.(IAMAMOTO, 2015, p. 21) O Serviço Social, dentro do contexto neoliberal, é visualizado como extensão da prestação de serviços socioassistenciais, ou seja, houve a terceirização da prática profissional com sua consequente desvalorização no mercado de trabalho, pois parte-se da premissa de que qualquer indivíduo possui instrumentais e conhecimentos técnico-operativos para exercer as competências e atribuições de assistentes sociais. É nessa perspectiva que observamos as práticas que acabam se tornando filantrópicas e caritativas, pois fogem à perspectiva de assistência social como direito, além de se distanciarem da análise crítica que deveria ser feita para realização de tais ações que desvalorizam tanto os profissionais que atuam nesse campo, quanto os usuários da política de assistência social. Por isso torna-se essencial que a profissão se posicione tanto na perspectiva universitária, quanto nos espaços de trabalho que possa ocupar. 11 UNIDADE Fragmentação da Vida Social Contexto do Capital Globalizado e seus Mecanismos de Acumulação Para iniciarmos o diálogo sobre o capital globalizado você lembra onde surgiu e quando se consolidou o modo de produção capitalista historicamente em nossa sociedade? O modo de produção capitalista surgiu durante a Idade Média com o modelo de produção feudal, lembra? Fonte: emaze.com O Modo de Produção Capitalista (MPC) se consolidou durante a passagem dos séculos XVIII e XIX e a única “ameaça” que sofreu foi perante algumas experiências e tentativas de instalação do socialismo, como citam Netto e Braz. O capitalismo vigora em contexto global na contemporaneidade. [...] impera na economia das sociedades menos desenvolvidas (periféricas), nas quais, por vezes, subordina modos de produção precedentes. Para dizê-lo em poucas palavras, na entrada do século XXI, o MPC é dominante em todos os quadrantes do mundo, configurando-se como um sistema planetário. (NETTO; BRAZ, 2012, p. 95) Sabemos que o objetivo da produção capitalista é atingir o lucro, essa é a razão de existência desse modelo. Outro conceito, que é a mais-valia também deve ser relembrado, que consiste na produção de mais capital, Marx (1984) define que “[...] o dinheiro é transformado em capital, como por meio do capital é produzida mais-valia e da mais-valia mais capital”. O conceito de mercadoria é predominante no processo de acumulação de capital, e mistifica a relação que existe entre os homens e as coisas que por eles são criadas, pois ao mesmo tempo em que são produzidas pelos trabalhadores, elas não podem ser usufruídas pelos mesmos, a menos que seja um processo ilusório de deter os meios de produção. 12 13 A forma especifica do valor – a forma mercadoria e seu fetiche – entranham tanto as relações de circulação, quanto aquelas que têm lugar entre os agentes de produção. Ela inverte e subverte o sentido das relações sociais em um amplo processo de mistificação e reificação [...] (IAMAMOTO, 2011, p. 13) O sistema capitalista divide aqueles que são detentores do modo de produção, os capitalistas, e aqueles que vendem sua força de trabalho, os trabalhadores assalariados. E é esse modelo que está presente em nosso cotidiano. Os rebatimentos de um sistema econômico excludente são a matéria-prima do trabalho do Serviço Social. A globalização mundial trouxe a revolução tecnológica e científica que possibilitou outras formas de expansão do modo de produção capitalista. Porém, esse é um mo- vimento paradoxal, pois ao mesmo tempo em que apresenta crescimento, o quadro de desigualdades acompanha a mesma linha de crescimento, ou a ultrapassa. Ao mesmo tempo, reduz-se a demanda de trabalho, amplia-se a população sobrante para as necessidades médias do próprio capital, fazendo crescer a exclusão social, econômica, política, cultural de homens, jovens, crianças, mulheres de classes subalternas, hoje alvo da violência institucionalizada. (IAMAMOTO, 2015, p. 18) A sociedade capitalista possui uma contradição fundamental que está “[...] entre o trabalho coletivo e a apropriação privada da atividade, das condições e frutos do trabalho.” (IAMAMOTO, 2015, p. 27). O trabalho social é fundante na sociedade atual 1. Surge nesse cenário a figura do trabalhador polivalente, aquele que realiza multitarefas e que não executa particularmente o que está especificado em seu contrato de trabalho, que é o que acaba acontecendo também com os assistentes sociais. Os trabalhadores passam de pertencentes ao ciclo produtivo a indivíduos supérfluos para o capital, “[...] acirrando a concorrência entre os trabalhadores – a oferta e procura, com evidente interferência na regulação dos salários (ainda que sejam estes uma função da magnitude da acumulação)” (IAMAMMOTO, 2011, p. 15) A matéria abaixo relata os casos de exploração de mão de obra escrava que existe em várias cidades brasileiras. No caso, são ofi cinas de costura mantidas por grandes empresas na cidade de São Paulo. https://goo.gl/wIxa27 Pense na situação acima e na repercussão que esse fato tem na sociedade. Ex pl or 1 [...] o trabalho é, além de processo de criaçãode valor, processo de valorização do capital. A criação de valor opera- se no tempo de trabalho necessário; a valorização opera-se no tempo de trabalho excedente – se não há tempo de trabalho excedente, não há valorização, mas, apenas, criação de valor. Por tudo o que já vimos, fica claro quem no processo de trabalho, o que interessa ao capitalista é justamente o processo de valorização: é nele que se produz a mais-valia (o excedente). (NETTO; BRAZ, 2012, p. 111) 13 UNIDADE Fragmentação da Vida Social Além da utilização da mão de obra de imigrantes, também é usado o trabalho infantil como forma de redução de gastos e possível aumento no lucro capitalista. As crianças que são aliciadas para o trabalho perdem a sua infância, correndo riscos como trabalhadoras e sem ter seus direitos garantidos como sujeitos de direitos. A reportagem abaixo traz à tona o aumento do índice do trabalho infantil na cidade de São Paulo. https://goo.gl/xo6sbYEx pl or Assim, desemprego, flexibilização do trabalho e terceirização estão na base da sustentação da exploração do trabalho infantil, aliadas às políticas de ajuste, de corte dos gastos sociais, a que se somam hoje, inclusive, incentivos do Governo ao trabalho infantil. (IAMAMOTO, 2015, p. 39) O grande desafio dos assistentes sociais no panorama contemporâneo é a manutenção da qualificação dos serviços ofertados á população usuária, através da formação continuada dos profissionais para que possam compreender e acompanhar as multifaces da questão social. A Opção Neoliberal e suas Repercussões Observe as imagens: Fonte : iStock/Getty Images Fonte : dennikn.sk Fonte : iStock/Getty ImagesFonte : painelpolitico.com 14 15 A partir da observação da imagem, você consegue descrever qual o significado elas têm levando em consideração o processo de neoliberalização? O Neoliberalismo, como já estudamos, segundo Perry Anderson pode teve sua origem na Europa e América do Norte no período pós Segunda Guerra Mundial (década de 40). O neoliberalismo nasceu logo depois da II Guerra Mundial, na região da Europa e da América do Norte onde imperava o capitalismo. Foi uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar. (ANDERSON, 1995: 09) As imagens acima representam características importantes do processo de neoliberalização que envolve mudanças na perspectiva dos direitos sociais, políticos e econômicos, além de implicações diretas no mercado de trabalho. A revolução tecnológica trouxe inúmeros avanços para o trabalho social, mas ao mesmo tempo substituiu o trabalho vivo das fábricas e exigiu que a mão de obra se qualificasse para poder sobreviver no mundo do trabalho. Fonte: Wikimedia/Commons Acompanhando o movimento de modernização dos meios de produção, houve a flexibilização dos contratos de trabalho tornando os trabalhadores dispensáveis à produção e execução de serviços. Outra característica presente nas imagens é a filantropização dos direitos sociais. As políticas públicas passam a ser direcionadas para públicos alvos, ou seja, de maneira focalizada, o que fragmenta o sistema de seguridade social, que não é garantido na perspectiva neoliberal que retira parte da responsabilidade estatal e repassa para o terceiro setor. Quando pensamos em políticas focalizadas, podemos observar um dos pontos estudados nesta unidade, quando elencamos tipos de serviços socioassistenciais 15 UNIDADE Fragmentação da Vida Social oferecidos para a população atualmente. É importante salientar que o Brasil não instalou o Neoliberalismo em sua estrutura, mas sofreu suas interferências, por este ser um fenômeno global. Em todo esse processo, o que não pode ser esquecida é a interferência do capital, pois a neoliberalização prega pela pouca ou quase nenhuma intervenção do Estado frente à questão social em detrimento da acumulação capitalista. A isenção do Estado de algumas demandas diretas de seguridade social não quer dizer que o movimento de neoliberalização não proporcionou a expansão dos direitos de cidadania, como formulou Marshall sua teoria trifacetada de direitos (sociais, civis e políticos). No âmbito das modernas estruturas do Estado de Bem-Estar firmaram-se vigorosas forças sindicais, instituíram-se, expandiram-se e multiplicaram- se direitos de cidadania e fortaleceram-se instituições democráticas. (PEREIRA, 2009, p. 89) As políticas sociais perdem o caráter da universalidade ao focar apenas em públicos alvos. Esse fato empodera algumas entidades que prestam serviços à população e faz com que as mesmas executem os serviços de acordo com seus regulamentos internos, que nem sempre estão em consonância com a prestação de serviços socioassistenciais. O desemprego estrutural também caracteriza esse momento histórico, pois através do movimento tecnológico e do desligamento de muitos funcionários observamos que os interesses do capital sempre são mantidos. Então, em todos estes itens, deflação, lucros, empregos e salários, podemos dizer que o programa neoliberal se mostrou realista e obteve êxito. Mas, no final das contas, todas estas medidas haviam sido concebidas como meios para alcançar um fim histórico, ou seja, a reanimação do capitalismo avançado mundial [...] (ANDERSON, 1995, p. 15) Podemos também analisar que não foram apenas negativas as repercussões do Neoliberalismo. O avanço científico e tecnológico representam novos espaços de trabalho para o Serviço Social e outras áreas do conhecimento. Surgem outras oportunidades de trabalho que exigem profissionais mais capacitados e “diferenciados” capazes de se adaptar a mudanças rápidas, ou seja, flexíveis e que consigam desempenhar outras funções necessárias ao contexto pós-moderno. O novo perfil que se busca construir é de um profissional afinado com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações quotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender o “tempo presente, os homens presentes, a vida presente’ e nela atuar, contribuindo, também para moldar os rumos de sua história. (IAMAMOTO, 2015, p. 49) 16 17 Importante! • Estudamos: • Como se dá a fragmentação nos diversos âmbitos da vida social pós-modernidade; • Como essa fragmentação da vida social interfere na atuação dos assistentes sociais; • Quais os mecanismos de acumulação do capital desde o feudalismo; • Analisamos o contexto do capitalismo globalizado; • O Neoliberalismo e seus rebatimentos na área social. Em Síntese 17 UNIDADE Fragmentação da Vida Social Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Política Social: Temas e Questões PEREIRA, P. A. P. Política Social: temas e questões. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009. Lutas Sociais e Redes de Movimento no Final do Século XX VIANA, M. R. Lutas Sociais e redes de movimento no final do século XX. Serviço Social & Sociedade, São Paulo, ano XXI, n.64, p.34-56, nov. 2000. Questão Social no Capitalismo IAMAMOTO, M. V. A Questão Social no Capitalismo. In: Revista Temporalis, Ano II, n. 3º, ABEPSS Janeiro a Junho de 2001. Razão e Desrazão: A Lógica das Coisas e a Pós-Modernidade FREDERICO, C. Razão e Desrazão: a lógica das coisas e a pós-modernidade. In: Serviço Social e Sociedade. Nº 55, Ano XVII, São Paulo: Cortez, 1997. 18 19 Referências IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 26. ed. São Paulo: Cortez, 2015. ANDERSON, P. Balanço do neoliberalismo. In: Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. Org. Emir Sader, Pablo Gentili. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995. CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração. 6 ed. São Paulo: Campus, 2012. MARX, K. O Capital: Crítica da Economia Política. V.1, L.1,T.2. São Paulo: Abril, 1984. NETTO, J. P.; BRAZ, M. Economia Política: uma introdução crítica. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2012. 19
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