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SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 2 
2 GERÊNCIA DE RISCOS .................................................................... 3 
3 ACIDENTES DO TRABALHO ............................................................ 9 
4 LEGISLAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO APLICÁVEL A 
INDUSTRIA DA CONSTRUÇÃO ............................................................................... 14 
5 PRÁTICAS GERENCIAIS PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES 
DO TRABALHO ......................................................................................................... 15 
6 GARANTIA DE SEGURANÇA OPERACIONAL .............................. 19 
7 GERENCIAMENTOS DE RISCOS .................................................. 24 
8 ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGOS ............................................ 26 
9 O QUE PERMITE A AVALIAÇÃO DE RISCOS ............................... 27 
10 SISTEMAS DE GESTAO DE SAÚDE, MEIO AMBIENTE E 
SEGURANÇA (SMS) ................................................................................................ 28 
11 NORMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE E DE MEIO AMBIENTE . 31 
12 ACIDENTES ORGANIZACIONAIS .................................................. 33 
13 PRESCRIÇÃO ................................................................................. 36 
14 OS RISCOS ..................................................................................... 37 
15 FATOR HUMANO ............................................................................ 39 
16 COOPERAÇÃO ENTRE INDIVIDUOS ............................................ 41 
17 ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS ................................... 43 
18 ESTATÍSTICAS DOS GRANDES RISCOS ..................................... 44 
19 O RESPONSÁVEL PELA SEGURANÇA ......................................... 46 
20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 50 
 
 
 
 
 
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1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma per-
gunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que 
esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. 
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão 
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser se-
guida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 GERÊNCIA DE RISCOS 
 
Fonte: 7comm.com.br 
Devem ser consideradas como partes integrantes do processo de gerencia-
mento de riscos as recomendações e medidas resultantes do estudo de análise e 
avaliação de riscos para a redução das frequências e consequências de eventuais 
acidentes (MUNIZ, 2011). 
Independentemente da adoção dessas medidas, uma instalação que possua 
substâncias ou processos perigosos deve ser operada e mantida, ao longo de sua 
vida útil, dentro de padrões considerados toleráveis, razão pela qual o deve ser imple-
mentado e considerado nas atividades, rotineiras ou não, de uma planta industrial 
(CHAIB, 2001). 
Com a implantação de sistemas de gestão específicos (qualidade, meio ambi-
ente, segurança e saúde do trabalho, responsabilidade social, etc.) as organizações 
objetivam o aumento da qualidade de produtos e serviços, o desenvolvimento susten-
tável melhor relacionamento com a sociedade e, consequentemente, o aumento da 
lucratividade, podendo, assim, transformar as pressões de mercado em Vantagens 
competitivas (OLIVEIRA, OLIVEIRA, ALMEIDA, 2010). 
A Implantação, acompanhamento e execução do Programa de Gerenciamento 
de Risco – PGR, foi criado pela Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978 do Ministério 
do Trabalho, Norma Regulamentadora (NR-22), aplica às empresas de minerações 
 
 
4 
 
subterrâneas, minerações a céu aberto, garimpos, beneficiamentos minerais e pes-
quisa mineral, onde estabelece requisitos a serem observados na organização e no 
ambiente de trabalho, de forma a garantir que as atividades de mineração sejam de-
senvolvidas e planejadas de forma compatível com a segurança e saúde do trabalho 
(SÁ, GOMIDE, SÁ, 2016). 
Cabe à empresa ou Permissionário de Lavra Garimpeira elaborar e implemen-
tar o Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR, contemplando todos os aspectos 
da NR-22, independentemente do número de trabalhadores. 
O Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), deve abordar os aspectos 
associados às avaliações dos riscos e propor as medidas de controle, redução ou 
eliminação dos riscos identificados. Deve ainda estabelecer um cronograma de sua 
implantação devidamente atualizado. 
No âmbito do licenciamento ambiental, o PGR dessa forma, as empresas em 
avaliação pelo órgão ambiental deverão apresentar um relatório contendo as diretrizes 
do PGR, no qual deverão estar claramente relacionadas as atribuições, as atividades 
e os documentos de referência. 
 
 
Fonte: verdeghaia.com.br 
 
 
 
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Embora as ações previstas no PGR devam contemplar todas as operações e 
equipamentos, o programa deve considerar os aspectos críticos identificados no es-
tudo de análise de riscos, de forma que sejam priorizadas as ações de gerenciamento 
dos riscos, a partir de critérios estabelecidos com base nos cenários acidentais de 
maior relevância (CHAIB, 2001). 
De acordo com a elaboração da PGR, deve conter todos os perigos da em-
presa, respeitando as normas da legislação. Por isso, se a empresa se enquadra no 
perfil de alto riso para o trabalhador, é mandatório realizar a gestão de segurança do 
trabalho também implementando esse programa. 
 
 
Fonte: seso.com.br 
Trata-se de investigar como se dá o gerenciamento de riscos de acidentes do 
trabalho numa obra de construção de dutos terrestres. A indústria da construção é um 
dos segmentos em que mais ocorrem acidentes do trabalho no mundo, e a Organiza-
ção Internacional do Trabalho (OIT) reconhece esse setor como um dos mais perigo-
sos (BARBOSA, 2002). 
A elaboração das diretrizes do Programa seguirá as premissas estabelecidas 
pela CETESB P4.261 de maio/2003, ou similar, pertinente a instalação motivo desta 
proposta deverá conter, no mínimo, os itens relacionados abaixo. 
Informações de segurança de processo; 
Revisão dos riscos de processo; 
Gerenciamento de modificações; 
 
 
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Manutenção e garantia da integridade de sistemas críticos; 
Procedimentos operacionais; 
Capacitação de recursos humanos; 
Investigação de incidentes; 
Plano de Ação de Emergência (PAE e PEI); 
Auditorias. 
 
Trata-se de investigar como se dá o gerenciamento de riscos de acidentes do 
trabalho numa obra de construção de dutos terrestres. A indústria da construção é um 
dos segmentos em que mais ocorrem acidentes do trabalho no mundo, e a Organiza-
ção Internacional do Trabalho (OIT) reconhece esse setor como um dos mais perigo-
sos. 
 
 
Fonte: casolucoesemsst.com.br 
A obra de dutos é horizontal, assim como a construção de estradas, ferrovias 
ou redes de energia elétrica. Como principais fatores que dificultam o gerenciamento 
de riscos de acidentes na construção de dutos, citamos: a mobilidade da obra, que 
atravessa diversas regiões urbanas ou rurais, cada uma com suas peculiaridades cul-
turais, geográficas e políticas; uma mão-de obra, muitas vezes, sem experiênciapré-
via, que trabalha em pequenos grupos isolados ao longo do traçado da construção, 
simultaneamente (OLIVEIRA, OLIVEIRA, ALMEIDA, 2010). 
 
 
7 
 
Observa-se uma tendência em grandes empresas, nos dias de hoje, em adotar 
normas de gestão de saúde, segurança e meio ambiente, com a finalidade de obter 
uma melhoria na performance dessas funções. 
A OIT lançou em junho de 2001 um Guidelines para a implantação de sistema 
de gestão em saúde e segurança no trabalho. Para a realização deste estudo, lança-
mos mão da teoria sociológica dos acidentes e aplicamos fundamentos da ergonomia 
para conhecer o processo de trabalho (OLIVEIRA, OLIVEIRA, ALMEIDA, 2010). 
 Em nossa pesquisa de campo observamos que há fragmentação do conheci-
mento sobre a forma de gerenciamento dos riscos de acidentes, evidenciada através 
das verbalizações de representantes dos diversos níveis funcionais da contratante dos 
serviços e da contratada, decorrente, em parte, de diversos fatores culturais (BAR-
BOSA, 2002). 
Não há muitas oportunidades de participação dos indivíduos no processo de 
gestão, fato determinante para a estagnação do fluxo de informações. Percebemos 
certo distanciamento entre o planejado no escritório e o praticado na obra. 
 O modelo prescrito é robusto e burocrático e, no campo, nos deparamos com 
uma realidade na qual o conceito de acidente, por exemplo, é variável. 
 
 
Fonte: consultoriaiso.org 
O aumento dos riscos industriais, proveniente da utilização de tecnologias mais 
avançadas e complexas, maior número de insumos, utilização de novos produtos, 
 
 
8 
 
transporte e armazenagem de grandes quantidades de produtos perigosos, vem de-
sencadeando pressões sociais para que as empresas adotem medidas de emergência 
e de contenção de riscos eficientes (SOUZA, 2006). 
 Neste sentido, a decisão das empresas em alocar recursos para a mitigação 
de perdas fundamenta-se no cotejo entre a adoção ou não, total ou parcial, das medi-
das preconizadas pela Gerência de Riscos. 
Além da influência social, os danos provenientes da ocorrência de eventos in-
desejáveis atuam diretamente na qualidade e nos resultados da empresa, o que mui-
tas vezes justifica a conveniência econômica de sua implementação. 
Desta forma, a preocupação com riscos em plantas industriais é atualmente 
parte integrante da filosofia de modernização empregada por empresas que procuram 
qualificar seus serviços de forma a aumentar sua competitividade, agregando quali-
dade e confiabilidade a seus produtos e atentando tanto para fatores internos quanto 
externos aos domínios da empresa (OACI, 2009). 
Segundo Huczynski e Buchanana (1988) percepção é um processo psicológico 
ativo pelo qual os estímulos são selecionados e organizados dentro de um modelo 
conceptual da situação. Portanto, um indivíduo não registra simplesmente os aspectos 
observados com relação ao sistema do qual faz parte, mas atribui significados e valo-
res aos mesmos. 
O processo de percepção do risco pelo homem nem sempre é objetivo, ou 
quem sabe racional, mas fortemente influenciado por fatores diversos que variam de 
indivíduo para indivíduo, em função de sua estrutura mental e do seu background, 
adquirido principalmente pela sua experiência dentro do sistema (ROCHA, 2010). 
Assim, nota-se que é de suma importância o conhecimento profundo sobre os 
riscos presentes dentro de um sistema industrial para que seja possível, por parte do 
indivíduo, a identificação e a correção dos desvios do sistema antes que ocorra a sua 
falha, reduzindo-se, desta forma, a probabilidade de erro humano. No entanto, mesmo 
que todos os riscos sejam conhecidos, ainda persistirá a possibilidade de falha hu-
mana, pois cada indivíduo organiza e interpreta as situações de maneira diferente 
(ROCHA, 2010). 
 
 
9 
 
3 ACIDENTES DO TRABALHO 
 
Fonte: epi-tuiuti.com.br 
Conforme a legislação brasileira, o acidente do trabalho é definido como “ocor-
rência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do 
trabalho, de que resulte ou possa resultar lesão pessoal”. De acordo com a gravidade, 
os acidentes de trabalho subdividem-se em com afastamento ou sem afastamento 
(ABNT, 2001). 
Segundo Machado e Gomez (1999) “a concepção dos acidentes de trabalho 
apresenta duas vertentes. A primeira, de caráter jurídico-institucional, sustenta-se na 
teoria do risco social e fundamenta a operacionalização do seguro de acidente do 
trabalho. 
A segunda, desenvolvida pela engenharia de segurança, apresenta uma di-
mensão técnico-científica no controle dos acidentes e constitui a base da teoria do 
risco profissional. Considerar o trabalho como atividade que pode apresentar riscos 
de acidentes é, por conseguinte, reconhecer que é nesse ambiente que as responsa-
bilidades serão atribuídas (GOMEZ, 1999). 
Os acidentes de trabalho (AT) e as suas consequências causam inúmeras víti-
mas anualmente, e além de atingirem a atividade laboral, produzem impactos signifi-
cativos sob o ponto de vista econômico, social e ambiental. No entanto, a falta de 
dados e de discussão em âmbito mundial e especialmente no Brasil faz com que a 
 
 
10 
 
segurança e a saúde dos trabalhadores não tenham a prioridade que merecem (RO-
CHA, 2010). 
De acordo com estimativas da Organização Internacional do Trabalho, anual-
mente ocorrem 317 milhões de AT em todo o mundo. Diariamente, os acidentes e 
doenças relacionadas ao trabalho produzem 6.300 vítimas fatais, o que significa que 
2,3 milhões de trabalhadores morrem em decorrência do trabalho todos os anos. 
Como acidentes e mortes no âmbito do trabalho podem ser evitados com medidas 
preventivas e maior segurança, esses números dão uma ideia do tamanho da iniqui-
dade social que caracteriza as relações de trabalho em escala global (GONÇALVES, 
SAKAE, MAGAJEWSKI, 2016). 
O Brasil contribui significativamente para a estatística mundial, estando clas-
sificado como quarto colocado no ranking de acidentes de trabalho fatais. Os 
custos dos acidentes de trabalho são elevados, e de difícil contabilização, 
mesmo em países com importantes avanços na prevenção. Estima-se que 
4% do Produto Interno Bruto (PIB) global sejam perdidos por doenças e agra-
vos ocupacionais, o que pode aumentar em 10%, quando se trata de países 
em desenvolvimento, como no caso do Brasil (SANTANA, OLIVEIRA, 2006. 
Apud SA, GOMIDE, SA, 2016). 
As estatísticas oficiais no Brasil tomam como base a definição legal de acidente 
de trabalho. No Brasil esta definição é dada pela Lei nº 8.213 de 1991, que define o 
acidente de trabalho como um evento que ocorre a serviço da empresa ou pelo exer-
cício do trabalho dos segurados discriminados no art. 11, inciso VIII do referido di-
ploma legal, que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, 
perda ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (SA, GO-
MIDE, SA, 2016). 
Entretanto, as informações sobre as estatísticas dos acidentes de trabalho 
ocorridos em todo o território nacional não são completas, seja no que concerne à 
quantidade ou mesmo nos aspectos qualitativos desses eventos. No Brasil, estima-se 
que o sub-registro atinge valores acima de 70% para acidentes fatais e 90% para não 
fatais (SANTANA, OLIVEIRA, 2006). 
As causas dos acidentes são classificadas em duas categorias, segundo suas 
origens: a) fatores pessoais (responsabilidade do trabalhador); ou b) fatores do ambi-
ente de trabalho (responsabilidade do empregador), em que o conceito de acidente 
do trabalho, em vez de acidente no trabalho, é adotado por ser mais específico e 
garantir maior visibilidade” (ROCHA, 2010). 
 
 
11 
 
 
Na assembleia Nacional Constituinte instalada em 1987 a questão 
dos acidentes do trabalho foi bastante debatida, especialmente diante das 
estatísticas absurdas de mortes, doenças ocupacionais e invalidez no Brasil. 
Foi escolhido em virtude de restar comprovadoatravés de pesquisas realiza-
das que os empregadores, na sua grande maioria, negam-se a emitir a Co-
municação de Acidente do Trabalho (CAT), omitindo informações importan-
tes, fugindo às responsabilidades (OLIVEIRA, 2007. Apud BUDEL, 2012) 
 
 
Apesar de teoricamente existir a possibilidade de atribuição de dolo ao emprega-
dor, na prática observa-se que a culpa, em geral, é atribuída ao empregado. Adiante 
discutiremos as implicações para a prevenção da busca de culpados quando da ocor-
rência de acidentes. 
No Brasil, a população economicamente ativa, em agosto de 2015, era constituída 
por aproximadamente 100 milhões de brasileiros. Os homens representavam cerca 
de 58% e as mulheres, 42% do conjunto da força de trabalho que desenvolvia ativida-
des em distintos setores da economia (BERNARDO, DELGADO, 2008). 
É necessário reconhecer que o crescimento do número absoluto dos AT registra-
dos no Brasil foi acompanhado, ao mesmo tempo, pela redução das taxas de incidên-
cia de acidentes e doenças ocupacionais na última década. Porém, comparativamente 
com outros países, ainda estamos com estatísticas alarmantes, mostrando a precari-
edade das condições de trabalho, a baixa efetividade da fiscalização e a impunidade 
decorrente da pequena responsabilização dos empregadores pela segurança dos am-
bientes de trabalho (GONÇALVES, SAKAE, MAGAJEWSKI, 2016). 
O acidente de trabalho é uma questão extremamente aflitiva, que gera graves con-
sequências. O trabalhador atingido por tal infortúnio muitas vezes fica inválido ou até 
mesmo é levado a óbito. Sendo assim, tal questão repercute deforma negativa não 
somente perante o empregado, mas também em face de sua família, empresa e toda 
a sociedade. 
 A problemática dos acidentes ocorridos no ambiente de trabalho se torna ainda 
mais preocupante quando já se tem conhecimento que esse pode ser facilmente evi-
tado, mediante a adoção de medidas preventivas, que são simples e de custos redu-
zidos (BERNARDO, DELGADO, 2008). 
O impacto de tais acidentes de trabalho na economia é considerável. Analisando 
apenas o aspecto previdenciário, no período compreendido entre os anos de 2008 a 
 
 
12 
 
2013 houve um gasto de mais de R$ 50 bilhões com o pagamento de auxílios doença, 
aposentadorias por invalidez, pensões por morte (acidentária) e auxílios acidentes. 
 O Brasil se encontra em situação de “déficit acidentário previdenciário”, uma 
vez que o valor arrecadado com o Seguro contra Acidentes de Trabalho é 
inferior às despesas com os benefícios de origem acidentária. Os custos com 
acidentes de trabalho não podem ser analisados sob um único prisma, pos-
suindo três espécies, sendo os custos diretos, indiretos e humanos. Os custos 
diretos são os despendidos para o tratamento e reabilitação médica (MA-
GRINI, 2001. Apud NETA, FREITAS, SILVA, 2018). 
As despesas indiretas são as relacionadas as perdas de oportunidade pelo empre-
gado, empregador família e sociedade, abrangendo gastos previdenciários, salariais, 
administrativos e perda da produtividade. Os custos humanos indicam a piora na qua-
lidade de vida do trabalhador e sua família (SÁ, GOMIDE, SÁ, 2016). 
Apesar do impacto econômico no sistema de Previdência Social, na saúde do Bra-
sil e nas empresas, bem como os danos causados na saúde e bem-estar do trabalha-
dor, em razão das doenças e acidentes ocupacionais, cabe salientar que tais aciden-
tes profissionais são potencialmente evitáveis. 
 Assim, justifica-se pelos acidentes de trabalho serem um problema de saúde pú-
blica, sendo necessária a realização de estudos relacionadas à temática como subsí-
dio para pesquisas nas áreas previdenciárias e de saúde, alertar empregadores, ges-
tores e trabalhadores quanto às formas de prevenção, a fim de contribuir com a me-
lhoria dos processos voltados à saúde do trabalhador e redução das estatísticas alar-
mantes (DORMAN, 2000). 
 
 
Fonte: saberalei.jusbrasil.com.br 
 
 
13 
 
Entretanto, a situação pode ser ainda um pouco mais grave, considerando que 
os acidentes ocorridos com os trabalhadores pertencentes ao setor informal da eco-
nomia, ou seja, sem carteira assinada, não são registrados. 
As dificuldades para gerenciar os riscos de acidentes na indústria da constru-
ção são grandes, pois é um tipo de indústria que lida com mão-de obra de alta rotati-
vidade, baixo nível de qualificação e que percebe baixos salários, quando comparados 
aos dos trabalhadores da indústria química, por exemplo (SA, GOMIDE, SA, 2016). 
Os altos índices de acidentes na indústria da construção não são uma exclusi-
vidade brasileira. Segundo a OIT, esses segmentos, juntamente com a agricultura e a 
mineração, são considerados como os que proporcionam as mais perigosas ocupa-
ções para os trabalhadores no mundo. 
 Procurando contribuir para a diminuição das altas taxas de acidentes desses 
segmentos, a OIT lançou recentemente um programa chamado Safe Work, que tem 
como um de seus objetivos priorizar ações para melhorar as condições de trabalho 
nessas áreas (SA, GOMIDE, SA, 2016). 
Podemos ter a forte impressão de estagnação. Desde alguns anos, os seto-
res de segurança e proteção industriais não parecem mais progredir: tudo se 
passa como se houvéssemos chegado a uma assíntota” (OHSAS, 2007. 
Apud OLIVEIRA, OLIVEIRA, ALMEIDA, 2010). 
Em relação aos acidentes na indústria da construção e montagem de dutos 
terrestres, não existe série histórica para esse segmento no Brasil. Os únicos dados 
disponíveis abrangem todos os tipos de montagem industrial, revelando a necessi-
dade de sistematização e aprofundamento de estudos nessa área. 
Analisando os dados dos Gráficos 2 e 3 podemos concluir que a indústria da 
construção de dutos terrestres merece ser estudada devido aos riscos de acidentes 
inerentes a esta atividade (OLIVEIRA, OLIVEIRA, ALMEIDA, 2010). 
A Lei 3724 de 15/01/19 se firmou como a primeira lei sobre indenização por 
acidentes de trabalho, sendo regulamentada pelo Decreto número 13.498, de 
12/03/19. Esta lei limitava-se ao setor ferroviário e reconhecia somente os elementos 
que caracterizavam diretamente o acidente de trabalho. 
Em 1932, foram criadas as Inspetorias do Ministério do Trabalho, Indústria e 
Comércio, transformadas no ano de 1940, em Delegacias Regionais do Trabalho. 
 
 
14 
 
O Decreto número 24.367, de 10/07/1934, que substituiu a lei 3724 de 1919, 
instituiu depósito obrigatório para garantia da indenização, simplificou o pro-
cesso e aumentou o valor da indenização em caso de morte do acidentado, 
entendendo a doença profissional também como acidente de trabalho indeni-
zável, em complementação à legislação anterior (OLIVEIRA, 2012. Apud 
NETA, FREITAS, SILVA, 2018). 
 
Fonte: mouraesantana.com 
4 LEGISLAÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO APLICÁVEL A INDUSTRIA DA 
CONSTRUÇÃO 
A prevenção de acidentes do trabalho no Brasil é amparada pela legislação que 
se desdobra sobre a matéria nos seguintes diplomas legais: Lei Federal 6.514, de 
22/12/1977, que altera o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT); e Portaria do Ministério do Trabalho 3.214/78, que aprova as Normas Regula-
mentadoras (NRs), que hoje totalizam 29. 
A NR-1 assegura ao trabalhador o direito à informação sobre os riscos: “c) in-
formar aos trabalhadores: I – os riscos profissionais que possam originar-se nos locais 
de trabalho; II – os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas 
pela empresa; III – os resultados dos exames médicos e de exames complementares 
de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV – os resul-
tados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho”. 
A NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) – determina que 
os trabalhadores devem participar do reconhecimento dos riscos de suas atividades, 
através da elaboração do Mapa de Riscos Ambientais. Entretanto, aqui falamos da 
 
 
15 
 
participaçãopassiva, ou seja, sem direito a qualquer intervenção no processo de ges-
tão. 
Dentre as Normas Regulamentadoras, destacamos a NR-18 – Condições de 
Trabalho na Indústria da Construção, que foi elaborada seguindo modelo japonês e 
data de 4 de julho de 1995. Esta NR é específica para a indústria da construção e 
contém, entre outros elementos, as diretrizes do Programa de Controle do Meio Am-
biente do Trabalho (PCMAT), que é um guia para orientar o gerenciamento de riscos 
na obra. 
 NR 7 – PCMSO – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional; 
 NR 9 – PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais; 
 NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Cons-
trução. 
A regulamentação sobre saúde e segurança no trabalho no Brasil é bastante 
abrangente e detalhada. Entretanto, muitas vezes não é cumprida, sobretudo em seg-
mentos onde os trabalhadores são menos organizados. 
5 PRÁTICAS GERENCIAIS PARA A PREVENÇÃO DE ACIDENTES DO TRABA-
LHO 
 
Fonte: okup.com.br 
 
 
16 
 
A prevenção de acidentes do trabalho deve ser norteada pelo atendimento à 
legislação; entretanto, cabe às indústrias garantir, através de procedimentos adequa-
dos, a proteção dos indivíduos em relação às especificidades não tratadas na legisla-
ção (SA, GOMIDE, SA, 2016). 
A ocorrência dos referidos infortúnios pode estar relacionada a alguns fatores 
como ausência de gestão de risco por parte das empresas e trabalhadores, não for-
necimento ou não utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), necessi-
dade de educação permanente para sensibilizar empregadores e empregados quanto 
às formas de prevenção de acidentes de trabalho, implantação de ferramentas de 
gestão de monitoração, controle e prevenção de acidentes (SA, GOMIDE, SA, 2016). 
 A partir da abordagem da Segurança Comportamental de Bley (2004), os trei-
namentos, cursos, palestras, procedimentos e políticas são importantes estratégias 
para a promoção da mudança de comportamentos de risco para comportamentos se-
guros, desde que se tenha clareza de quais são os comportamentos de risco existen-
tes, quais os comportamentos seguros que se deseja estimular na prática dos traba-
lhadores, o que faz com que as pessoas ajam desta forma e o que é preciso fazer 
para tornar a mudança desejável pelas pessoas. Sem essas considerações, as mu-
danças comportamentais são impossíveis. 
Sob as considerações de Bley (2004), os diálogos de segurança, as aborda-
gens de conscientização, as palestras, os treinamentos, os cartazes e as campanhas 
de prevenção são muito apresentados como ações educativas aos trabalhadores, mas 
nem sempre surtem o efeito desejado. Em algumas circunstâncias, esses mecanis-
mos parecem ter sido concebidos para dar ordens ao invés de educar os trabalhado-
res, público alvo dessas técnicas. 
As mensagens comumente encontradas em áreas de produção das empresas 
como use o cinto, previna-se, uso obrigatório do cinto de segurança, ou mesmo, ima-
gens de olhos perfurados por pregos, pessoas queimadas, carros destruídos acom-
panhados por sangue no asfalto, são algumas das estratégias utilizadas em tentativas 
de modificar a postura do trabalhador no que diz respeito à própria segurança. Entre-
tanto, a frequência das ocorrências de acidentes de trabalho indica o insignificante e 
negativo resultado desse tipo de atuação (AMALBERTI, 1996). 
Entretanto, em alguns casos, por desconhecerem o processo de trabalho da 
empresa contratante dos serviços, elaboram programas não apropriados, que são 
 
 
17 
 
apresentados como um conjunto de papéis sem muita utilidade para o dia-a-dia do 
trabalho. Muitas vezes, os trabalhadores nem sequer tomam conhecimento de que 
tais programas existem (SOARES, CURI, 2015). 
Em geral, não há participação deles na elaboração e condução desses progra-
mas, e o mesmo se aplica ao PPRA e ao PCMSO. Em relação aos acidentes do tra-
balho, observa-se que são tratados a partir de causas imediatas, descontextualizados, 
portanto, de suas origens organizacionais e gerenciais. 
A prevenção de acidentes do trabalho no Brasil é amparada pela legislação que 
se desdobra sobre a matéria nos seguintes diplomas legais: Lei Federal 6.514, de 
22/12/1977, que altera o Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT); e Portaria do Ministério do Trabalho 3.214/78, que aprova as Normas Regula-
mentadoras (NRs), que hoje totalizam (NETA, FREITAS, SILVA, 2018). 
A NR-1 assegura ao trabalhador o direito à informação sobre os riscos: “infor-
mar aos trabalhadores: I – os riscos profissionais que possam originar-se nos locais 
de trabalho; II – os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas 
pela empresa; III – os resultados dos exames médicos e de exames complementares 
de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV – os resul-
tados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho”. 
A NR-5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) – determina que 
os trabalhadores devem participar do reconhecimento dos riscos de suas atividades, 
através da elaboração do Mapa de Riscos Ambientais. Entretanto, aqui falamos da 
participação passiva, ou seja, sem direito a qualquer intervenção no processo de ges-
tão. 
Dentre as Normas Regulamentadoras, destacamos a NR-18 – Condições de 
Trabalho na Indústria da Construção, que foi elaborada seguindo modelo japonês e 
data de 4 de julho de 1995. Esta NR é específica para a indústria da construção e 
contém, entre outros elementos, as diretrizes do Programa de Controle do Meio Am-
biente do Trabalho (PCMAT), que é um guia para orientar o gerenciamento de riscos 
na obra. 
A regulamentação sobre saúde e segurança no trabalho no Brasil é bastante 
abrangente e detalhada. Entretanto, muitas vezes não é cumprida, sobretudo em seg-
mentos onde os trabalhadores são menos organizados. 
 
 
18 
 
Tomemos como exemplo o Mapa de Riscos Ambientais previsto na Nr-5, ob-
serva-se que algumas empresas o elaboram apenas para cumprir a legislação, e os 
trabalhadores pouco discutem sobre os riscos de suas atividades. Existem empresas 
de consultoria especializadas em elaborar PCMAT. O que pode ser atrativo para uma 
empresa que não tenha especialistas em SST (NETA, FREITAS, SILVA, 2018). 
Assim, podemos encontrar, dentro de uma mesma organização, tratamento di-
ferenciado para acidentes que ocorrem com empregados próprios, que podem ser 
investigados até suas causas básicas, e outros, com terceirizados, em que nem a 
causa imediata é conhecida, por exemplo. 
Tal fato limita a atuação preventiva das organizações, pois, se a falha não é 
investigada até sua origem, não existe a possibilidade de evitar que outra falha similar 
ocorra. 
Observa-se que as práticas gerenciais para a prevenção de acidentes caracte-
rizam-se mais pela preocupação em cumprir a regulamentação do que tratar as falhas 
em suas origens (OLIVEIRA, OLIVEIRA, ALMEIDA 2010). 
 
 
Fonte: umafuturats.com 
 
 
19 
 
6 GARANTIA DE SEGURANÇA OPERACIONAL 
Os acidentes industriais são tratados de forma diferenciada, segundo os tipos 
de danos a eles associados. Segundo, Dwyer (1991) aponta que os acidentes des-
pertam o interesse da sociedade quando envolvem grandes contingentes da popula-
ção civil, assim como Chernobyl, Flixborough, entre outros. 
No caso da indústria do petróleo, observa-se que os acidentes oriundos da pro-
dução, processamento e transporte de petróleo e derivados preocupam mais devido 
aos impactos sociais e ambientais associados. 
Ao trabalhar com prevenção de acidentes, os tipos de comportamentos normal-
mente citados pelos profissionais da segurança são aqueles ditos seguros e os inse-
guros. O adjetivo “seguro” é utilizado por tais profissionais para se referir àquilo que o 
trabalhador faz e que contribui para a não ocorrência de acidentes como, por exemplo, 
o cumprimento de normas de segurança.Os comportamentos ditos inseguros são 
aqueles que contribuem para que os acidentes aconteçam (DWYER, 1991). A des-
consideração em relação aos procedimentos de segurança é um exemplo de ato in-
seguro. 
Em sua pesquisa, Bley (2004) comparou respostas de instrutores de treina-
mento de segurança de duas metalúrgicas e de funcionários participantes dessas ati-
vidades. A autora conclui que há divergências entre o que os dois grupos (instrutores 
e funcionários) entendem por comportamento seguro. 
 O que os instrutores e funcionários consideram como significado de compor-
tamentos seguros é divergente entre si e também está distante do conceito. Os dados 
encontrados confirmam também a grande variedade de generalidade dos termos uti-
lizados tanto por instrutores quanto por funcionários para definir o conceito (BLEY, 
2004). 
Isso é uma questão bastante crítica porque confirma que há pouca clareza so-
bre o que caracteriza o comportamento seguro podendo causar prejuízo ao processo 
de capacitação desses funcionários para prevenir acidentes de trabalho. Nos casos 
estudados por Bley (2004), considerando a análise do comportamento e os princípios 
do processo ensino-aprendizagem, é muito difícil os funcionários que participaram dos 
treinamentos adotarem comportamentos seguros, pois não estão sendo instruídos 
adequadamente para essa prática. 
 
 
20 
 
Realizar intervenções em segurança comportamental requer um planejamento 
cuidadoso e detalhado por parte dos gestores, profissionais da segurança do trabalho 
e demais interessados. Esse processo demanda um prazo para aplicação de proce-
dimentos que pode variar de algumas semanas até meses, dependendo do tamanho 
e da complexidade da intervenção (BARBOSA, 2016). 
 Segundo os autores dessa abordagem, por se basear em um modelo científico, 
as intervenções em segurança podem proporcionar resultados significativos e dura-
douros, desde que certas condições sejam estabelecidas (OLIVEIRA, OLIVEIRA, AL-
MEIDA 2010). 
Aqui está incluso o comprometimento das partes envolvidas, inclusive dos ope-
radores que, normalmente são as partes diretamente afetadas pelas ações e devem 
ser agentes (atores) nesse processo. 
 De uma forma mais sintetizada, o modelo de segurança comportamental na 
prática, se baseia, entre outras técnicas, no uso de observação por pares, estabeleci-
mento de metas. Há ênfase no cuidado mútuo da segurança, de tal forma que se cria 
uma cultura de segurança na qual ocorre o cuidar-se ativamente, ou seja, eu estou 
atento à segurança dos demais como os demais estão atentos a minha (NETA, FREI-
TAS, SILVA, 2018). 
 O Mapa de Riscos Ambientais previsto na Nr-5, observa-se que algumas em-
presas o elaboram apenas para cumprir a legislação, e os trabalhadores pouco discu-
tem sobre os riscos de suas atividades. Existem empresas de consultoria especializa-
das em elaborar PCMAT. O que pode ser atrativo para uma empresa que não tenha 
especialistas em SST (OLIVEIRA, OLIVEIRA, ALMEIDA 2010). 
Entretanto, em alguns casos, por desconhecerem o processo de trabalho da 
empresa contratante dos serviços, elaboram programas não apropriados, que são 
apresentados como um conjunto de papéis sem muita utilidade para o dia-a-dia do 
trabalho. 
Muitas vezes, os trabalhadores nem sequer tomam conhecimento de que tais 
programas existem. Em geral, não há participação deles na elaboração e condução 
desses programas, e o mesmo se aplica ao PPRA e ao PCMSO (BARBOSA, 2016). 
 
 
 
21 
 
 
Fonte: consultoriaiso.org 
O vazamento de óleo na Baía de Guanabara, ocorrido recentemente, é um 
exemplo de acidente que recebeu grande atenção pública, embora não tenha resul-
tado em nenhum óbito. 
 Por outro lado, a repercussão dos acidentes no ramo da construção das insta-
lações industriais tende a ser menor, pois atingem um número pequeno de pessoas 
de cada vez, normalmente trabalhadores, contribuindo para que esse segmento fique 
à margem de estudos aprofundados (ORTIZ, 2014). 
As transformações na tecnologia de produção, transporte e armazenamento 
de produtos químicos observadas a partir da II Guerra Mundial criaram riscos 
de natureza e dimensão jamais vistas pelo homem. Esse processo intensifi-
cou-se a partir da década de 1970, quando uma série de mudanças sociais 
permitiu maior visibilidade dos acidentes e vítimas, ampliando as dimensões 
do problema para o coletivo, possibilitando a emergência de novos atores no 
cenário dos processos decisórios sobre riscos (FREITAS, 1996. Apud BAR-
BOSA, 2016). 
Como exemplos, citamos a explosão em Flixbhrough, Inglaterra, em 1974, que 
causou 28 mortos, ou a nuvem gasosa tóxica que se espalhou em Bophal, Índia, em 
1984, provocando 2.500 óbitos. 
 
 
 
22 
 
 
Fonte: prometalepis.com.br 
Eventos como esses transformaram de modo marcante o estudo e o entendi-
mento acerca dos acidentes industriais. Esses acidentes, chamados acidentes ampli-
ados, são definidos por Freitas (1996) como “os eventos agudos, tais como explosões, 
incêndios e emissões, individualmente ou combinados, envolvendo uma ou mais 
substâncias perigosas, com potencial de causar simultaneamente múltiplos danos ao 
meio ambiente e à saúde dos seres humanos expostos”. 
A engenharia de segurança, frente à complexidade dos problemas advindos do 
 progresso tecnológico, reestruturou-se segundo o conceito de engenharia sis-
têmica, que “compreende as concepções de gerenciamento de segurança que alme-
jam a redução dos riscos de acidentes ou falhas a um mínimo possível, a ser atingido 
por intermédio do detalhado estudo, planejamento e projeto dos sistemas de produ-
ção, reforçando a confiabilidade dos mesmos” (DWYER, 1991). 
Destacamos dois momentos na evolução das estratégias de controle de riscos 
de acidentes ampliados que, de certa forma, tiveram alguma repercussão na preven-
ção de acidentes do trabalho, o gerenciamento de riscos e as legislações internacio-
nais sobre acidentes industriais (BLEY, 2004). 
Ensinar comportamentos seguros pode envolver a mudança das variáveis que 
compõem o comportamento, ou seja, estabelecer novas relações entre um organismo, 
o meio em que ele atua e as consequências da sua atuação. Em situações de trabalho, 
 
 
23 
 
essas questões se aplicam a partir de modificações nos equipamentos, na organiza-
ção do trabalho, nas informações que são disponibilizadas aos trabalhadores, nas 
normas, em fatores interpessoais e socioculturais e ainda nas estratégias educativas 
utilizadas pela organização (BARBOSA, 2016). 
Nas considerações de Bley (2004) um dos grandes dilemas da educação para 
a prevenção consiste em encontrar um equilíbrio saudável entre obedecer às regras 
e agir com autonomia. Ensinar alguém a trabalhar com consciência de segurança é 
levá-lo a conhecer criticamente sua realidade, a fazer escolhas com relação a elas, 
considerando as consequências para si e para aqueles que o cercam. 
Dessa forma, o processo de conscientização e educação com foco na preven-
ção não pode ficar restrito ao nível da obediência. Ela enfatiza a importância de os 
instrutores dos treinamentos voltados para a segurança no trabalho estarem bem pre-
parados, não apenas do ponto de vista técnico, mas também que haja uma formação 
didático pedagógica adequada à realização do processo de ensinar (DWYER, 1991). 
 Ela complementa com a questão de o processo de ensinar e aprender vai muito 
além das salas de aula e treinamento. É um processo contínuo e do dia a dia. Preo-
cupar-se também com a capacitação desses profissionais é fundamental para o bom 
desempenho no processo de prevenção, pois eles participam da gestão organizacio-
nal. Educação é um processo importante que merece investimento constante por parte 
das empresas para que haja eficácia nos resultados por ela almejados (BARBOSA, 
2016). 
 
 
24 
 
7 GERENCIAMENTOS DE RISCOS 
 
Fonte: consultoriaiso.org 
Os conceitos confiabilidade de sistemas ede risco, originários das normas mi-
litares americanas, nos anos 70, passaram a ser aplicados na indústria nuclear e, 
posteriormente, nas de processo químico, como ferramentas para a prevenção de aci-
dentes ampliados (FERREIRA, 1986). 
Risco, do original em inglês risk, pode ser definido como “a combinação da 
probabilidade e consequência da ocorrência de um evento perigoso e da severidade 
da lesão ou danos à saúde das pessoas causada por esse evento” (ILO, 2001). Pe-
rigo, do original em inglês hazard, significa- “o potencial inerente para causar lesão ou 
danos à saúde das pessoas” (ILO, 2001). Coloquialmente, é difícil fazermos distinção 
entre perigo e risco, até mesmo porque, segundo Ferreira (1986), as duas palavras 
são quase sinônimas. 
Para evidenciar o sentido prático dessas definições, o perigo é substantivo, tal 
como queda de andaimes, vazamento de benzeno, nível de ruído acima dos padrões 
etc. Enquanto o risco é uma classificação do perigo enquanto grandeza, que pode ser 
quantitativa ou qualitativa. A avaliação de riscos, do original em inglês risk asses-
sment, é o processo de avaliação de riscos à segurança e à saúde, oriundos dos 
perigos do trabalho (ILO, 2001). 
 
 
25 
 
A classificação de perigos, ou seja, a determinação da intensidade do risco, é 
uma ferramenta que pode ajudar na prevenção de acidentes, pois, enquanto a identi-
ficação de 19 perigos apenas os enumera, a classificação de riscos fornece um range 
de probabilidades relacionadas aos perigos identificados. No caso de obras de cons-
trução e montagem industrial, não se faz necessário o emprego de técnicas sofistica-
das para a análise de riscos (ILO, 2001). 
Chamamos de gerenciamento de riscos a “implementação das estratégias de 
controle e prevenção, que são definidas a partir da avaliação da tecnologia de controle 
disponível, da análise de custos e dos benefícios, da aceitabilidade dos riscos e dos 
fatores sociais e políticos envolvidos” (CANTER, 1989. Apud FREITAS, 1996). 
A avaliação de riscos permite a comparação de fatos e dados, mas ela em si 
não decide. O gerenciamento de riscos, por outro lado, contempla imensa 
gama de ações: mudanças no processo de produção ou implementação de 
equipamentos de segurança; formas e valores de compensações para víti-
mas e o meio ambiente afetado; legislações e intervenções governamentais, 
entre outras (COVELLO, 1992. Apud FREITAS, 1996). 
Essas ações podem envolver tanto a esfera técnica pura e simples ou abranger 
aspectos sociais e políticos relevantes, trazendo à tona a necessidade do olhar inter-
disciplinar para os riscos de acidentes. Tal situação tem conduzido a um distancia-
mento entre a etapa de avaliação de risco e o gerenciamento de risco, pois dentro do 
paradigma dominante os riscos são um problema exclusivamente tecnológico (BAR-
NES, 1994. Apud FREITAS, 1996). 
Essa gestão é mais complexa do que se imagina, pois envolve o que Amalberti 
(1996) denomina de compromisso cognitivo, cujo significado foi citado anteriormente, 
mas que vale a pena retomar, dada a sua importância para a discussão em questão. 
Esse mecanismo é, segundo o autor, algo que envolve mecanismos cognitivos que 
asseguram ao trabalhador um compromisso eficaz composto por três objetivos: a se-
gurança própria e a do sistema, o bom desempenho (que é imposto, mas muitas ve-
zes, é também desejado) e a minimização de suas consequências fisiológicas e men-
tais (fadiga, estresse, esgotamento físico e/ou mental). 
Na administração do compromisso cognitivo, são envolvidas as exigências da 
situação e a visão reflexiva das capacidades do trabalhador. Essa capacidade hu-
mana de tomar consciência daquilo que já sabe é designada pela psicologia de meta-
cognição. Aqui são consideradas as competências do trabalhador e a questão de que, 
 
 
26 
 
a todo momento, acontece no mundo uma espécie de risco que é preciso gerir (BAR-
NES, 1994). 
O risco em questão não é apenas referente a acidente de trabalho, mas ao 
risco cognitivo da escolha de um mau compromisso e, depois expor-se a fadigas ex-
cessivas durante a jornada de trabalho, desempenho insuficiente ou até mesmo ao 
risco de perder o controle da situação e, de repente, perder o emprego devido a atu-
ação incoerente com o esperado pela empresa (BARNES, 1994). 
8 ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGOS 
 
Fonte: guiadacarreira.com.br 
A Análise Preliminar de Perigos (APP), também conhecida como Análise Preli-
minar de Riscos (APR), já é suficiente e é apropriada para avaliação de risco ocupa-
cional. Essa técnica consiste em identificar todos os perigos envolvidos na realização 
de uma atividade. A próxima etapa é o levantamento da probabilidade de ocorrência 
de possíveis eventos identificados e prováveis consequências (FREITAS, 1996). 
A avaliação de riscos é uma oportunidade de treinamento dos trabalhadores. 
As normas de gestão que discutiremos a seguir enfatizam a importância da 
avaliação de riscos para a prevenção de acidentes. Chamamos de gerencia-
mento de riscos a “implementação das estratégias de controle e prevenção, 
que são definidas a partir da avaliação da tecnologia de controle disponível, 
da análise de custos e dos benefícios, da aceitabilidade dos riscos e dos fa-
tores sociais e políticos envolvidos” (CANTER, 1989. Apud FREITAS, 1996). 
 É comum, nas indústrias, confundir gerenciamento de riscos com avaliação de 
riscos, não só aqui no Brasil como também em outros países. 
 
 
27 
 
Na International Pipeline Conference – 2000, organizada pela ASME, sobre du-
tos, a Enbridge Pipelines, maior empresa de dutos canadense, afirmou que durante 
as últimas cinco décadas o engineering judgment, que consiste na tomada de decisão 
a partir de regulamentos, padrões técnicos e anos de experiência dos especialistas, 
foi o critério utilizado para gerenciamento de riscos de acidentes. 
Entretanto, hoje reconhecem que essa abordagem não é suficiente para dar 
conta de condições tão complexas, pois surgiram novas variáveis no cenário, a saber. 
Mudanças estruturais nas indústrias que tornou os padrões existentes fracos para pre-
ver futuros acontecimentos; - decisões que requerem consideração de rede de fatores 
complexos; - aumento da magnitude das consequências envolvidas nas tomadas de 
decisão; - minuciosa documentação que os diferentes atores sociais requerem e; - a 
necessidade de integrar objetividade e consistência (CHORNEY, LHAMSHER, 2000). 
9 O QUE PERMITE A AVALIAÇÃO DE RISCOS 
 
Fonte: prometalepis.com.br 
A avaliação de riscos permite a comparação de fatos e dados, mas ela em si 
não decide. O gerenciamento de riscos, por outro lado, contempla imensa 
gama de ações: mudanças no processo de produção ou implementação de 
equipamentos de segurança; formas e valores de compensações para víti-
mas e o meio ambiente afetado; legislações e intervenções governamentais, 
entre outras (COVELLO, 1992. Apud Freitas, 1996). 
 
 
28 
 
Essas ações podem envolver tanto a esfera técnica pura e simples ou abranger 
aspectos sociais e políticos relevantes, trazendo à tona a necessidade do olhar inter-
disciplinar para os riscos de acidentes. Tal situação tem conduzido a um distancia-
mento entre a etapa de avaliação de risco e o gerenciamento de risco, pois dentro do 
paradigma dominante os riscos são um problema exclusivamente tecnológico (FREI-
TAS, 1996). 
10 SISTEMAS DE GESTAO DE SAÚDE, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA (SMS) 
 
Fonte: cetic.br 
 “Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, 
pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar. Esses homens! Todos puxavam 
o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas 
dum seu modo”. 
Guimarães Rosa Na década de 50, o Japão produzia muito, com pouca quali-
dade. É nesse cenário que Edward Deming desenvolve o Ciclo do Planejar, Desen-
volver, Controlar e Agir (PDCA) para garantir a melhoria contínua do processoprodu-
tivo. Deming reimportou a ideia do PDCA para os Estados Unidos nos anos 70, que 
depois seria difundida pelo mundo industrializado (REASON, 2000). 
Em nossa dissertação adotaremos a definição de sistema de gestão da British 
Standard como o “conjunto em qualquer nível de complexidade, de pessoas, recursos, 
 
 
29 
 
políticas e procedimentos para assegurar: -a realização de tarefas; e que os resulta-
dos serão alcançados” (BS-8800). A globalização dos mercados demandou a criação 
de padrões internacionais para garantir a qualidade de produtos e serviços. 
Para tal, foram elaboradas as normas voluntárias de sistemas de gestão da 
qualidade e do meio ambiente através da ISO (International Organization for Standar-
dization), organismo fundado em 1947 com a finalidade de produzir normas de âmbito 
internacional para facilitar o comércio de bens e serviços entre os países, inicialmente, 
europeus. 
Dependendo do ramo de atividade da organização, as funções qualidade e se-
gurança assemelham-se bastante na prática. 
Reason (2000) utiliza como exemplo a indústria aeroespacial na qual, segu-
rança e qualidade são quase sinônimos. Dejours (1999) também compartilha dessa 
ideia. Entretanto, conforme veremos a seguir, o processo de elaboração e utilização 
de normas nestas áreas tem aspectos contextuais diferenciados. 
As práticas de gestão integrada em segurança, saúde e meio ambiente do tra-
balho, hoje, estão geralmente relacionadas à imagem de grandes corporações que 
investem grandes cifras financeiras em projetos ambientais, ostentam certificados in-
ternacionais, consolidam uma imagem de empresa ambientalmente correta e, por fim, 
comunicam seus resultados por meio do relatório e balanço social. 
Segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio - MDIC (2003), 
embora as grandes organizações empresariais representem grande parte do PIB, 
elas, em 2003, representavam apenas 1% do total de empreendimentos do país, com 
um crescimento em média apenas 2% ao ano e gerando menos de 40% dos postos 
de trabalho. Atualmente, estas já representam 48,24% dos postos de trabalho (SE-
BRAE, 2009). Além disso, elas se encontram localizadas nas regiões mais desenvol-
vidas do país, o que contribui para aumentar a concentração de renda brasileira. 
Por outro lado, as micro e pequenas empresas – MPEs, em 2002, responderam 
por 99,2% do número total de empresas formais, 57,2% dos empregos formais, 26 da 
massa salarial, mais de 20% do PIB e estavam distribuídas por todo o território naci-
onal (SEBRAE, 2005). Atualmente, representam 98,9% do número total de empresas 
formais, 40% dos empregos formais, permanecendo distribuídas em todo o território 
nacional (SEBRAE, 2009). 
 
 
30 
 
Estas diferenças precisam ser levadas em conta quando se planejam estraté-
gias, leis ou ações que pretendam atingir o universo das pequenas organizações. Em 
se tratando de direitos trabalhistas a questão é ainda mais complexa pois não se pode 
suprimir direitos de colaboradores de micro e pequenas empresas visto que os mes-
mos não são diferentes, como pessoas, dos funcionários das grandes corporações 
(REASON, 2000). 
O que se deve ter são formas alternativas de aplicação da lei, por exemplo, de 
maneira que se possa equiparar direitos tratando as diferenças entre grandes e pe-
quenas organizações. É lícito supor, portanto, que se deva dar tratamento desigual 
aos desiguais. 
Os riscos ou agentes ambientais constituem um capítulo importante na ocor-
rência de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais. Estão incluídos nas condi-
ções ambientais de insegurança e são Norma Regulamentadora N°9, da Portaria 
3.214/78 – Ministério do Trabalho e Emprego. São estudados no ambiente relacionado 
com o trabalho. São eles: agentes físicos, químicos e biológicos. 
Os riscos de acidentes e ergonômicos não descritos na NR-9, mas sim na NR-
5, Mapa de Riscos, mas são agentes que também contribuem para a ocorrência de 
acidentes do trabalho e doenças ocupacionais (GRAEL, OLIVEIRA, 2010). 
Os riscos ambientais são capazes de causar danos à saúde do trabalhador, 
dependendo da natureza e concentração do agente; da susceptibilidade do trabalha-
dor exposto e do tempo de exposição (GRAEL, OLIVEIRA, 2010). 
 
 
31 
 
11 NORMAS DE GESTÃO DE QUALIDADE E DE MEIO AMBIENTE 
 
Fonte: hcrisco.com.br 
A primeira versão da família de Normas ISO da série 9000 sobre Sistemas da 
Qualidade foi lançada em 1987, revisada em 1994 e em 2000. Sistemas de Gestão 
da Qualidade – Requisitos, que tem como objetivos “especificar requisitos para um 
sistema de gestão da qualidade. 
Quando uma organização necessita demonstrar sua capacidade para fornecer 
de forma coerente produtos que atendam aos requisitos do cliente e requisitos regu-
lamentares aplicáveis, e pretende aumentar a satisfação do cliente por meio da efetiva 
aplicação do sistema, incluindo processos para melhoria contínua do sistema e a ga-
rantia da conformidade com requisitos do cliente". Similarmente à ISO-9001 foi elabo-
rada, em 1996, a ISO-14001. 
Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) provê ordenamento para que as or-
ganizações abordem suas preocupações ambientais e desenvolvam, implementem, 
analisem e mantenham a Política Ambiental estabelecida pela empresa. 
A série de normas NBR/ISO 14000 contém regras internacionais para adminis-
tração voltada à diminuição do impacto ambiental. Essas regras são relacionadas à 
alocação de recursos, definição de responsabilidades, avaliação contínua de práticas, 
avaliação contínua de procedimentos e avaliação contínua de processos (FRANCA, 
PICCHI, 2009). 
 
 
32 
 
O panorama mundial atual, enfocando o meio ambiente, apoia e contribui para 
a justificativa da adoção de Sistemas de Gestão Ambiental em empresas construtoras. 
Além disso, alguns possíveis benefícios provenientes da implementação de Sistemas 
de Gestão Ambiental em empresas construtoras são (DEGANI, CARDOSO, 2001): 
 
 Melhoria na imagem da empresa construtora; 
 Facilidade na obtenção de licenças e autorizações; 
 Conquista da simpatia de seus clientes, usuários e parceiros de negócio; 
 Melhoria na gestão de atuais e futuros riscos ambientais; 
 Estabelecimento de rotina para análise das áreas do negócio que pos-
sam afetar o meio ambiente; 
 Estímulo ao desenvolvimento e compartilhamento de soluções ambien-
tais; 
 Economia de custos obtida com a redução do desperdício; 
 Economia de custos com o consumo de água e energia e 
 Potencial de redução nas despesas com seguros. 
Uma organização com um SGA eficiente tem uma estrutura capaz de equilibrar 
e integra interesses econômicos e ambientais e pode alcançar vantagens competitivas 
significativas. Ela pode, por exemplo, ter como objetivos e metas ambientais resulta-
dos específicos e aplicar os recursos onde se tenha maior retorno ambiental e finan-
ceiro. É recomendado que os benefícios econômicos sejam identificados e demons-
trados às partes interessadas, sobretudo aos acionistas (DORNELAS, SOUZA, DIAS, 
2007). 
O campo da saúde do trabalhador é de práticas e conhecimentos cujo enfoque 
teórico-metodológico, no Brasil, emerge da saúde coletiva, buscando conhecer e in-
tervir nas relações trabalho e saúde-doença, tendo como referência central o surgi-
mento de um novo ator social, a classe operária industrial, numa sociedade que vive 
profundas mudanças políticas, econômicas e sociais (FERREIRA, GRAMS, ERTHAL, 
GIRIANELLI, OLIVEIRA, 2018). 
 
 
33 
 
12 ACIDENTES ORGANIZACIONAIS 
 
Fonte: belgobekaert.com.br 
Vários autores têm apontado para o fato de que os acidentes do trabalho e os 
ampliados têm a mesma origem, ou seja, em fatores organizacionais. Reason (2000) 
define os acidentes organizacionais como “eventos que ocorrem com tecnologias mo-
dernas, complexas, tais como plantas de energia nuclear, plantas de processo quí-
mico, transporte marinho e ferroviário, bancose estádios”. O autor introduz o conceito 
de falhas ativas e condições latentes. 
As primeiras são aquelas ações e decisões de pessoas mais próximas ao final 
da cadeia do sistema – por exemplo, operadores de campo e de sala de controle e 
pessoal de manutenção. As condições latentes estão associadas aos processos or-
ganizacionais genéricos, tais como decisões estratégicas, projeto, manutenção, trei-
namento, orçamento, alocação de recursos, planejamento, comunicação, gerencia-
mento, auditorias (REASON, 2000). 
Esse processo é delineado pela cultura corporativa ou por atitudes não ditas e 
regras não escritas, contextualizadas pela forma como a organização conduz o negó-
cio. 
Segundo Reason (2000), os acidentes são o resultado de falhas ativas confor-
madas pela existência dessas condições latentes, e em geral as organizações tendem 
a tratar apenas das falhas ativas, o que pode representar apenas uma solução pon-
tual, considerando-se que a falha ativa é um evento único. Por outro lado, ao tratar 
 
 
34 
 
das condições latentes, ampliamos o raio de ação, pois em geral elas podem contribuir 
para várias falhas ativas. 
Para Dwyer (2000), é no local de trabalho que os acidentes tanto de conse-
quências limitadas quanto ampliadas são produzidos – e é nesse ambiente, em última 
análise, que as responsabilidades para sua produção têm de ser atribuídas e as téc-
nicas de prevenção precisam ser elaboradas e aplicadas. Já Perrow (1984) trabalhou 
o conceito de acidentes sistêmicos, que são definidos como aqueles relacionados às 
propriedades dos sistemas tecnológicos complexos. 
Outra ideia que esse autor introduziu é a de acidente normal, segundo a qual 
os acidentes tornam-se normais porque, devido às características dos sistemas tec-
nológicos, a possibilidade de ocorrências de interações inesperadas e incompreensí-
veis de múltiplas falhas que levem a acidentes está sempre presente. Faz parte da 
natureza dos sistemas (WYNNE, 1988). 
Esse conceito também foi tratado por Machado (2000), ao salientar que, no 
caso brasileiro, principalmente em setores de maior fragilidade econômica e sindical, 
é frequente a presença de equipamentos e processos obsoletos, em que a fragilidade 
econômica e a vulnerabilidade institucional permitem a formação de uma cultura téc-
nica do improviso, através de manutenções inadequadas e modos operatórios arris-
cados, nos quais as anormalidades são, ao longo do tempo, transformadas em nor-
malidades e incorporadas às organizações, constituindo o que Wynne (1988) deno-
mina de anormalidades normais. 
Para gerenciarmos os fatores organizacionais que contribuem para a produção 
de acidentes industriais, torna-se indispensável o conhecimento sobre o processo de 
trabalho. Machado (1996), ressalta que o método empregado em larga escala pelas 
empresas no Brasil segue a linha da dicotomia entre o ato e condições inseguras, e 
raros são os casos em que as causas subjacentes de natureza organizacional e ge-
rencial são avaliadas. 
Com isso, impede-se que a análise de acidentes sirva como possibilidade de 
as organizações industriais aprenderem com seus próprios erros – o que recente-
mente vem sendo denominado de learning organization. Nosso estudo desenvolveu-
se no campo de Saúde Pública, no Cesteh. A saúde do trabalhador é um campo de 
estudo multidisciplinar que utiliza várias áreas do conhecimento, tais como toxicologia, 
engenharia, sociologia, antropologia, ergonomia, entre outras (MACHADO, 1996). 
 
 
35 
 
Laurell (1989) afirma que é através do estudo das condições reais do trabalho 
que se torna possível desvendar a origem dos problemas de saúde dos trabalhadores 
e, mais ainda, que cada coletivo de trabalhadores traz em si um perfil peculiar de 
desgaste em função do ambiente de trabalho. 
 Llory (1999), ao discutir sobre a estagnação dos meios de prevenção de aci-
dentes, afirma que é preciso direcionar o interesse dos especialistas e responsáveis 
pela prevenção para a análise do cotidiano, para o comum das situações de trabalho, 
em que se constroem, ao mesmo tempo, as situações de risco e o controle dos mes-
mos. 
É necessária uma aproximação da realidade vivida pelos trabalhadores, uma 
descrição do trabalho que contextualize as ações e os comportamentos, de forma a 
evidenciar a distância entre trabalho prescrito e real, os modos de regular essa dis-
tância, os compromissos que são estabelecidos, as dificuldades de trabalho, as estra-
tégias coletivas de enfrentamento dos riscos (LLORY, 1999). 
 Assim, torna-se imperativo conhecer o processo de trabalho para, a partir daí, 
compreender o gerenciamento de riscos no campo real do trabalho. 
Para definirmos trabalho real, faz-se necessário distinguir tarefa e atividade. 
Aproveitamos as definições da Escola Francesa de Ergonomia, segundo a qual: 
Tarefas – São os objetivos designados aos trabalhadores por instâncias exte-
riores a eles. Em outras palavras, as tarefas são o conjunto de prescrições a que o 
trabalhador deve atender no desempenho de suas funções. Em alguns casos, a pres-
crição pode ser 29 extremamente sutil e formalizada (DANIELLOU,1988). 
Atividade de trabalho – É a mobilização das pessoas para realizar as tarefas. En-
volve o funcionamento fisiológico e psicológico de uma pessoa concretamente, em um 
dado momento. Daniellou (1988) ressalta que a atividade está ligada às dificuldades 
concretas das situações, à percepção do operador, às estratégias adotadas para res-
ponder às exigências do trabalho e, em particular, às contingências. Para Dejours 
(1999), o trabalho é a atividade coordenada desenvolvida por homens e mulheres para 
enfrentar aquilo que, em uma tarefa utilitária, não pode ser obtido pela execução es-
trita da organização prescrita. 
Portanto, o real é aquilo que em uma tarefa não pode ser obtido pela execução 
rigorosa do prescrito, e incide rearranjado, imaginado, inventado, acrescentado pelos 
homens e pelas mulheres para levar em conta o real do trabalho. A prescrição das 
 
 
36 
 
tarefas é, portanto, imparcial e não considera o contexto social no qual a tarefa deve 
ser cumprida. Ao prescrever um procedimento, está em jogo a otimização de recursos 
para o atingimento de determinado objetivo (DANIELLOU,1988). 
13 PRESCRIÇÃO 
 
Fonte: grupomarconi.com.br 
A prescrição obedece a padrões rígidos, não há espaço para senões. Para si-
tuações em que os procedimentos não dão conta, aparecem as relações sociais como 
mediadoras do conflito entre a prescrição e sua insuficiência frente às limitações que 
a realidade impõe. Esse é o real do trabalho. Assim, buscamos elementos que nos 
permitissem conhecer o processo de trabalho na construção de dutos. Dois autores 
nos serviram de orientação para isso (DWYER, MACHADO, 2000). 
 
 
37 
 
14 OS RISCOS 
 
Fonte: beirithadvogados.com.br 
A Produção de Acidentes na Indústria Dwyer (1991), para compreender a pro-
dução de acidentes na indústria, construiu uma teoria sobre as relações sociais no 
ambiente de trabalho, pois, por mais complexo que seja o processo industrial, a ope-
ração no dia-a-dia é realizada por pessoas, logo as relações do trabalho são, antes 
de tudo, sociais. 
Conceitua-se meio ambiente do trabalho como sendo o local onde o funcionário 
desenvolve suas atividades relacionadas com o ofício. Com efeito, o meio ambiente 
de trabalho/condições de trabalho no contexto das relações laborais encontra-se in-
serido em um mercado econômico altamente agressivo e centrado na busca de altas 
taxas de produtividade por meio de constantes inovações tecnológicas (DWYER, MA-
CHADO, 2000). 
 A deterioração das condições de trabalho é observada nas suas novas formas 
de organização, na exibição de suas jornadas (mais extensas e/ou irregulares), na 
precariedade no emprego, no crescente subemprego, particularmente de mão de obra 
terceirizada, e na temporalidade dos contratos, levando àinerência dos trabalhadores 
(DWYER, MACHADO, 2000). 
A intervenção sobre os ambientes e as condições de trabalho deve basear-se 
em uma análise criteriosa e global da organização laboral, que inclui a análise do con-
 
 
38 
 
teúdo das tarefas, dos modos operatórios, dos postos de trabalho, do ritmo e da in-
tensidade do ofício, dos fatores mecânicos, das condições físicas do posto laboral, 
das normas de produção, dos sistemas de turnos, dos fatores psicossociais e indivi-
duais e da relação de trabalho entre colegas (FERREIRA, GRAMS, ERTHAL, GIRIA-
NELLI, OLIVEIRA, 2018). 
Além disso, contempla as medidas de proteção coletiva e individual implemen-
tadas pelas empresas e as estratégias de defesa individuais e coletivas adotadas pe-
los trabalhadores. 
Os riscos psicossociais no trabalho representam o conjunto de percepções e 
experiências do trabalhador, alguns de caráter individual, outros referentes às expec-
tativas econômicas ou de desenvolvimento pessoal e outros ainda a relações huma-
nas e seus aspectos emocionais (RINALDI, 2007). 
Assim, consistem em interações entre o trabalho e o ambiente laboral, a satis-
fação no trabalho e as condições da organização e, por outro lado, as características 
pessoais do trabalhador, suas necessidades, sua cultura, suas experiências e sua 
percepção de mundo. É, segundo essa abordagem, que, entre os componentes das 
condições de trabalho, se tenta identificar os elementos suscetíveis a provocar danos 
à saúde dos trabalhadores (LLORY, 1999). 
O tratamento dos fatores de risco que envolvem a saúde do trabalhador está 
diante de uma complexificação que necessariamente implica em ultrapassar a análise 
de métodos uni causais dos riscos. É nesse mesmo sentido que Geller igualmente 
sustenta a complexidade dos fatores de risco determinantes dos acidentes de traba-
lho, pois justifica que eles “nunca têm origem em apenas uma causa, mas em diver-
sas, as quais vão se acumulando, até que uma última precede o ato imediato que 
ativa situação do acidente” (FERREIRA, GRAMS, ERTHAL, GIRIANELLI, OLIVEIRA, 
2018). 
Um dos mecanismos mais relevantes para o desenvolvimento da percepção 
de risco do trabalhador é a comunicação de risco - etapa do processo de 
gerenciamento de risco, a qual contribui para gerar e receber as informações 
necessárias para que as partes interessadas não somente compreendam as 
iniciativas, processos de decisão tomados pelas organizações para gerenciar 
seus riscos, sejam eles ocupacionais ou ambientais, mas também, para pro-
mover e desenvolver a percepção que essas partes interessadas têm a res-
peito dos perigos e riscos existentes decorrentes da natureza da atividade 
desenvolvida. (RINALDI, 2007. Apud SILVA, FRANCA, 2011). 
 
 
39 
 
De acordo com Meneguetti (2010) em função do programa de comunicação de 
risco denominado Auditoria Comportamental buscar a sensibilização e aprendizagem 
do trabalhador, existe a tendência de mudança na cultura de segurança deste traba-
lhador, seja pela melhoria da Percepção de Riscos, da motivação ou até mesmo pela 
troca de experiência entre o auditor e o auditado. 
15 FATOR HUMANO 
 
Fonte: dgrande.com.br 
“Após o acontecimento, não é difícil encontrar bodes expiatórios. Esses bodes 
expiatórios alfinetados pela grande imprensa após a catástrofe são os do final da linha, 
os executantes” (MENDEL, 1999). “Os meios de pesquisa e realização da prevenção 
continuam no momento ainda muito abaixo das necessidades, sobretudo agora que 
se sabe ser certo que a condenação ritual do subalterno só condena os juízes incom-
petentes” (WISNER, 1997). Apesar de diversos autores compartilharem dessas ideias, 
Llory (1999) dentro de uma perspectiva crítica à classificação das causas dos aciden-
tes, aponta que 80% dos acidentes investigados têm sua origem em falhas humanas 
ou erro do operador. 
As pesquisas sobre as causas dos acidentes industriais desenvolveram-se em 
dois ramos: um focado exclusivamente no indivíduo e outro que leva em consideração 
a forma do desenvolvimento das tarefas. O primeiro foi o mais bem estudado e, até 
 
 
40 
 
hoje, é o predominante. É a escola relacionada às pesquisas sobre o comportamento 
humano (human behavior). 
Seguindo esse enfoque, o problema dos acidentes foi esmiuçado através da 
subdivisão de diversas características dos indivíduos, até mesmo emocionais, deno-
minadas variáveis, que poderiam conduzir ao acidente, tais como gênero, idade, ex-
periência, características físicas, percepção, fadiga, drogas, inteligência, personali-
dade, atitude e motivação, satisfação no emprego, integração no grupo de trabalho, 
entre outras (MENDEL, 1999). 
Em contrapartida, os estudos que consideram a forma do desenvolvimento das 
tarefas ou a organização do trabalho e sua relação com os acidentes são mais recen-
tes (HALE, HALE, 1972). Os estudos clássicos sobre os acidentes de trabalho foram 
calcados na possibilidade de controle do comportamento das pessoas. Como decor-
rência, os modelos de gerenciamento de riscos baseiam-se em prescrições, levando 
em conta, sobretudo, os aspectos técnicos relacionados ao risco de acidentes. 
Considerando que as pesquisas sobre acidentes se aprofundaram na direção 
do human behavior, não causa estranheza que, no momento da investigação dos aci-
dentes, os especialistas estejam mais bem preparados para classificar os acidentes 
como decorrentes de falhas humanas. 
 Kletz (1993) afirma que os erros humanos não devem ser listados como causa 
dos acidentes, na medida em que essa atribuição não conduz a ações construtivas. 
Em contraposição, o autor propõe que os acidentes sejam relacionados a falhas no 
gerenciamento. 
Os erros humanos, segundo artigo de 2001 do Parliamentary Office of Science 
and Technology, 90% dos acidentes no local de trabalho tem como causa o erro hu-
mano. 
Segundo Almeida (2003), a expressão erro humano é substituída por outra ex-
pressão equivalente falha humana, sendo utilizada em estudos no campo da Saúde e 
Segurança no Trabalho. 
A API 770 considera a falha humana como qualquer ação humana ou a falta da 
ação, que se exceda às tolerâncias definidas pelo sistema com o qual o ser humano 
interage. Reason (1994) classifica os erros humanos em dois tipos: os não intencio-
nais e os intencionais. 
 
 
41 
 
Os erros não intencionais são ações cometidas ou omitidas sem nenhum pen-
samento prévio, também chamados lapsos, distração ou engano. Os erros intencio-
nais são considerados violações pelo autor, e consiste em ações cometidas ou omiti-
das deliberadamente porque se acredita, qualquer que seja a razão, que sejam corre-
tas e que elas serão melhores do que as ações prescritas (ALMEIDA, 2003). 
Os erros humanos que estão relacionados aos operadores (executantes) se-
gundo o autor, trazem consequências imediatas sendo caracterizados como erros ati-
vos. Os erros surgidos de falhas de projeto, de planejamento, e de gerenciamento, ou 
seja, erros indiretos são considerados como latentes (ALMEIDA, 2003). 
As situações de trabalho que provavelmente conduzirão ao erro humano, se-
gundo a API 770 são as seguintes: manutenção mal feita, procedimentos deficientes, 
instrumentação inadequada, inoperante ou enganosa, conhecimento insuficiente, pri-
oridades conflitantes, sinalização inadequada, controles sensíveis em excesso, ferra-
mentas inadequadas, tarefas mentais excessivas, layout deficiente, feedback inade-
quado, discrepâncias entre política e prática, equipamentos entre política e prática, 
equipamentos desativados, comunicação deficiente, violações de estereótipos popu-
lacionais, vigilância estendida, sem eventos, falha no controle por computador, restri-
ções físicas inadequadas, aparência às custas da funcionalidade (DIAS, ALVES, 
2015). 
16 COOPERAÇÃO ENTRE INDIVIDUOS 
 
Fonte: realizartepalestras.com.br 
 
 
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“A cooperação supõe um lugar para onde, ao mesmo tempo, convergemas 
contribuições singulares e onde cristalizam-se as relações de dependência entre os 
sujeitos”. Dejours (1999) as pessoas sentem-se à vontade para fornecer informações 
quando há um clima de confiança e cooperação que a organização deve incentivar 
para obter melhores resultados (REASON, 2000). 
Desde o início de nossa pesquisa havia uma questão de ordem prática em re-
lação ao encaminhamento do problema do gerenciamento de riscos. Conforme visto 
no capítulo anterior, existem duas orientações clássicas principais dentro das organi-
zações em relação às pessoas no ambiente do trabalho: uma originada a partir da 
engenharia de segurança clássica e outra da teoria das organizações (REASON, 
2000). 
Dejours (1999) estudou o fator humano segundo essas duas orientações, ou 
seja, segundo a engenharia de segurança, que tem por meta o controle de falhas 
humanas, e conforme a teoria das organizações, que objetiva o gerenciamento dos 
recursos humanos. 
Colocava-se uma questão: se esses dois encaminhamentos seriam passíveis 
de conjunção. Para o autor, a dissociação de qualidade, segurança e promoção da 
saúde provoca fraturas em um conjunto profundamente integrado de componentes 
referentes aos seres humano em situação de trabalho. 
Tal integração precisa ser mantida tanto no plano conceitual quanto no do pla-
nejamento e da prática cotidiana. 
 
 
43 
 
17 ACIDENTES COM PRODUTOS QUÍMICOS 
 
Fonte: rescuecursos.com 
O acidente químico é um capítulo dentro do risco químico e da indústria quí-
mica, seja pela sua especialidade, seja pela importância crescente que vem adqui-
rindo na discussão pública internacional (CHINAQUI, 2012). 
Uma das características deste tipo de acidente é sua relativa baixa probabili-
dade de ocorrência, porém quando desencadeado, este tipo de acidente pode provo-
car enormes tragédias humanas e ambientais, como as catástrofes de Seveso, Vila 
Socó e Bhopal, entre outras (KATO, GARCIA, WÜNSCH, 2007). 
Existem três grandes grupos de eventos que tenham por fonte principal subs-
tâncias químicas: emissão acidental; explosão e incêndio. Muitos acidentes podem 
envolver simultaneamente dois ou mesmo os três tipos de eventos. Das variáveis re-
lacionadas ao acidente químico, duas são de particular importância para nosso traba-
lho: A localização da fonte: esta variável está relacionada ao momento do fluxo da 
produção ou consumo onde o acidente se realiza (COSTA, FELLI, 2004). 
Basicamente envolve a produção, armazenagem, transporte, consumo e des-
pejo de substâncias químicas perigosas. O raio de alcance dos efeitos indesejáveis: 
dependendo da qualidade e características físico-químicas, toxicológicas e eco toxi-
cológicas das substâncias envolvidas e das características do acidente propriamente 
 
 
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dito: tipo de acidente, localização da fonte, aspectos geográficos, geológicos e mete-
orológicos da região entre outros, o acidente poderá ter o seu raio de alcance mais 
restrito ou mais ampliado (KATO, GARCIA, WÜNSCH, 2007). 
18 ESTATÍSTICAS DOS GRANDES RISCOS 
 
Fonte: ipog.edu.br 
Os grandes acidentes se notabilizaram pela repercussão a nível mundial. Com 
a ocorrência de vários acidentes catastróficos no mundo (incêndio, explosão e/ou 
emissão acidental), as empresas e o público em geral tomaram nova consciência dos 
perigos potenciais decorrentes do contínuo progresso tecnológico que a humanidade 
vem alcançando (ROMAO, 2002). 
Um dos segmentos que mais registram acidentes de trabalho no Brasil, a cons-
trução civil é o primeiro do país em incapacidade permanente, o segundo em mortes 
(perde apenas para o transporte terrestre) e o quinto em afastamentos com mais de 
15 dias. 
A Indústria da Construção Civil é uma das que apresenta as piores condições 
de segurança e um dos maiores índices de acidentes a nível mundial. O Brasil não 
difere dos índices mundiais, tendo um dos maiores números de acidentes de trabalho 
ocorrendo na construção civil (ROMAO, 2002). 
 
 
 
 
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Com o crescimento das atividades ligadas à esta indústria, e com o novo pro-
grama desenvolvido pelo governo federal, o PAC (Programa de Aceleração 
do Crescimento), observa-se um acréscimo das atividades e número de tra-
balhadores ligados a construção, aumentando e muito os números de obras 
em todo o Brasil, e desta forma, elevação proporcional do risco de acidentes 
(BUSCHINELLI,1996. Apud COSTA, 2009). 
As estatísticas comprovam a colocação do Brasil como um dos primeiros no 
ranking de incidência de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, posição que 
poderia ser ainda pior se todos os acidentes ocorridos fossem notificados. 
 Os valores obtidos pelos indicadores, tais como: Índices de Frequência e Índi-
ces de Gravidade, Taxa de Incidência de Acidente de Trabalho, Taxa de Incidência 
Especifica para Doenças Ocupacionais, Taxa de Incidência Especifica para Acidentes 
de Trabalho Típicos, Taxa de Incidência Especifica para Incapacidade Temporária, 
Taxa de Mortalidade, Taxa de letalidade dentre outras, não esgotam as análises que 
podem ser feitas a partir dos dados de ocorrências (COSTA, 2009). 
 Porém, são indispensáveis para determinação de programas de prevenção de 
acidentes e a consequente melhoria das condições de trabalho no Brasil, uma vez que 
esse estudo pode indicar em que tipo de acidente os resultados são mais alarmantes 
e redobrar a atenção neste setor e apontar a real situação do Brasil em referência aos 
acidentes de trabalho (BUSCHINELLI, 1996). 
A Previdência Social através do seu anuário estatístico fornece o número dos 
acidentes de trabalhos registrados no período. Esses dados são fornecidos a partir 
das atividades econômicas, que são obtidas através da tabela do CNAE - Classifica-
ção Nacional de Atividades Econômicas, aplicada através dos códigos padronizados 
de atividade econômica e dos critérios de enquadramento utilizados pelos diversos 
órgãos da Administração Tributária do país (COSTA, 2009). 
 Os códigos representam os agentes econômicos que estão engajados na pro-
dução de bens e serviços, podendo compreender estabelecimentos de empresas pri-
vadas ou públicas, estabelecimentos agrícolas, organismos públicos e privados, insti-
tuições sem fins lucrativos e agentes autônomos (pessoa física) (BUSCHINELLI, 
1996). 
 
 
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19 O RESPONSÁVEL PELA SEGURANÇA 
 
Fonte: media.rtl.fr 
O responsável pela segurança da contratada faz questão de ter a documenta-
ção prevista em contrato atualizada e apresentá-la sempre que solicitado, mas obser-
vamos certa discrepância entre o que está escrito nos manuais e o que é praticado. 
Como exemplo, citamos as investigações de acidentes, que, apesar de serem reali-
zadas, não reproduzem a situação real e, portanto, não permitem que sejam imple-
mentadas melhorias na gestão, conforme os relatórios de investigação de acidentes, 
os quais discutimos neste estudo. Um esbarrão numa linha de gás com a pá da esca-
vadeira ou o atolamento de uma máquina são tratados à parte dos acidentes ocupa-
cionais (OLIVEIRA, 2003). 
Na verdade, os dois tipos de acidente têm suas origens nos mesmos fatores 
organizacionais. Observamos que há frustração e estresse por parte de todo o grupo, 
contratante e contratada, pois o modelo de gestão prescrito parece ser insuficiente 
para dar conta da realidade. A cada vez que algo sai diferente do que estava previsto, 
há uma sensação de impotência (MACHADO, GOMEZ, 1999). 
O grupo parece estar sempre correndo atrás do próximo problema, e as solu-
ções são pontuais, não influenciam a lógica da obra. 
A lógica da gestão da obra é construída desde o momento da assinatura do 
contrato, quando são assumidos compromissos no papel, que na prática tornam-se 
 
 
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impossíveis de atendimento. Ressaltamos que, para o caso de obras de dutos terres-
tres, no qual o processo se dá extramuros, a separação entre as disciplinas segu-
rança, saúde e meio ambiente é

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