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1 HISTÓRIA NO ENSINO DE CIÊNCIAS 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4 2. O ENSINO DA CIÊNCIA – UM POUCO DA SUA HISTÓRIA ............................... 6 3. CURRÍCULO DE CIÊNCIAS ............................................................................... 10 3.1 Currículo De Ciências: Uma Reflexão Cultural ............................................ 11 3.2 Currículo De Ciências: Uma Reflexão Histórica ........................................... 14 4. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE NO ENSINO DE CIÊNCIA ................ 18 4.1 Ciência, Tecnologia, Sociedade (CTS) e Educação .................................... 21 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27 4 1. INTRODUÇÃO Aos professores de ciências e matemática que cumprem efetivamente o fazer pedagógico de ensinar para a vida. Nesse material será enfatizado a noção de currículo, em especial o currículo de ciências abordando aspectos históricos e culturais que influenciaram o conceito e a evolução do currículo ao longo dos anos. Para desenvolvê-lo foram selecionados livros e artigos que abordassem o tema desejado. O currículo já foi entendido como sendo uma seleção de conteúdos pré-definidos a serem trabalhados pelos professores com os alunos, e acreditava-se que a partir de então se chegava a uma aprendizagem satisfatória. Porém essa ideia foi alterada ao longo do tempo. De acordo com alguns autores o conceito de currículo é entendido como: sendo uma forma de organizar as práticas educativas; como guia de experiências que o aluno obtém na escola; como conjunto de responsabilidades da escola para promover uma série de experiências; definição de conteúdo da educação; o currículo como mudança de conduta. O currículo é muitas coisas ao mesmo tempo: ideias pedagógicas, estruturação de conteúdo de uma forma particular, detalhamento dos mesmos, reflexo de aspirações educativas mais difíceis de moldar em termos concretos, estímulo de habilidades nos alunos, etc. Ao desenvolver uma prática concreta de modo coerente com quaisquer desses propósitos, o professor desempenha um papel decisivo. (SACRISTÁN, 2000, p. 173). O currículo vai além de uma seleção de conteúdo a serem trabalhados com os alunos, envolve toda a estruturação da instituição: o pessoal disponível, os meios didáticos, os espaços, o tempo e sua distribuição e até mesmo o tamanho das classes. As funções da educação são mais amplas do que as expressadas em qualquer currículo. Os fatores da aprendizagem dependem de fatores internos e externos. 5 Segundo Sacristán (2000) não se podem separar currículos e experiências, tampouco esta das condições das mesmas. Os processos de aprendizagem no que se refere a certos conteúdos têm outros condicionamentos nos professores e em geral nas condições ambientais escolares. Ele ressalta ainda a importância do currículo como determinante do que ocorre nas aulas, na implicação de práticas políticas, administrativas e institucionais. O ambiente é como um modelador. “Criar ambientes” pode passar a ser considerado objetivo de certos projetos de currículo. A aprendizagem é definida pelo currículo e pelas condições da instituição a qual se desenvolve a ação. A teoria do currículo nunca pode ser construída somente sobre o estudo dos processos de ensino e aprendizagem, mas em relação com o estudo dos valores desses processos numa sociedade concreta. O currículo deve ser construído de acordo com a sociedade a qual ele será aplicado. (LUNDGREN apud SACRISTÁN, 2000). O papel do professor é fundamental, deve adaptar o currículo à sua realidade e adaptar-se a ele para a realização da práxis pedagógica. Ele deve introduzir significados no processo de filtragem que são decisivos na mediação entre o aluno e a cultura representada no currículo. Dar voz aos professores e seus aliados na condução do processo da melhoria educativa requer condições concretas de participação dos professores em um movimento de baixo para cima, na realização das pesquisas e dos estudos sobre a prática educacional nas escolas, o que seria, na minha opinião, a forma mais sensata de qualificar os professores em exercício e de permitir a sua profissionalização. Otávio Maldaner 6 2. O ENSINO DA CIÊNCIA – UM POUCO DA SUA HISTÓRIA A história da ciência vem de muito tempo. O homem sempre teve muita curiosidade em conhecer e saber como funciona a natureza e tudo que o cerca. Desde tempos pré-históricos, o humano faz ciência, buscando entender os fenômenos da natureza. Nessa época havia somente a cultura da tradição oral, não havia metodologia científica nem nada que pudesse por à prova aquilo que se conhecia. Foi o interesse em se fixarem em alguns locais que antigas tribos pré-históricas começaram a entender de agricultura e astronomia, através da observação de fenômenos naturais. Ciclos como os meses, as estações do ano, períodos favoráveis para plantar e colher desenvolveram nestes homens o interesse, ainda primitivo, pela ciência. Acredita-se que desde 3500 a.C. já se fazia ciência no Oriente Médio, pois existem registros de observações numéricas acerca de fenômenos da natureza nesta época. Informações que usamos até hoje, como ano solar, mês lunar, semana de sete dias, foram descritos em tábuas de argila criadas por escribas babilônicos. Já no Antigo Egito desenvolveram-se a engenharia, a geometria e a alquimia. O triângulo reto, muito usado, foi descrito pelos egípcios. Na Grécia Antiga, data do século VI a.C. o início do pensamento científico, com os chamados “filósofos da natureza”. A origem da medicina ayurveda na Índia é datada no primeiro milênio a.C. A China tem uma longa tradição de inovações tecnológicas, pois foi lá que se desenvolveu a produção de papel, da pólvora, a bússola. Os chineses contribuíram muito para a ciência com estes três inventos e através deles foi possível localizar-se durante as navegações, registrar através da escrita e da impressão em papel com mais qualidade e com menor peso e também inovar na guerra. Esses são apenas alguns exemplos de como a curiosidade e a necessidade estimulam a ciência. Mas não vamos falar apenas da Antiguidade. No Brasil, o ensino de ciências é relativamente novo. Sua obrigatoriedade no currículo escolar data de 1971. Santomauro (2009), em seu artigo “Em ciências é preciso estimular a curiosidade de pesquisador”, publicado na Revista Nova Escola, traçou uma linha do tempo, baseada nos PCNs, mostrando o histórico desta disciplina: 7 1879- É fundada a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro. Professores seguem o pressuposto de que o aluno descobre as relações entre os fenômenos naturais com observação e raciocínio. 1930 - A Escola Nova propõe que o ensino seja amparado nos conhecimentos da sociologia, psicologia e pedagogia modernas. A influência desses pensamentos não modifica a maneira tradicional de ensinar. 1950 - Os livros didáticos são traduções ou versões desatualizadas de produções europeias, e quem leciona a disciplina são profissionais liberais. Vigora a metodologia tradicional, baseada em exposições orais. 1955 - Cientistas norte-americanos e ingleses fazem reformas curriculares do Ensino Básico para incorporar o conhecimento técnico e científico ao currículo. Algumas escolas brasileiras começam a seguir a tendência. 1960 - A metodologia tecnicista chega ao país, defendendo a reprodução de sequências padronizadas e de experimentos, que devem ser realizados tal como os cientistas os fizeram. 1961 - Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), passou a ser obrigatório o ensino de ciências para todas as séries do Ginásio (hoje do 6o ao 9o ano). 1970 - A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência critica a formação do professor em áreas específicas, como biologia, física e química, e pede a criação da figura do professor de ciências. Sem sucesso. 1971 - A LDB torna obrigatório o ensino de Ciências para todas as séries do 1o Grau (hoje Ensino Fundamental). O Ministério da Educação (MEC) elaborar um currículo único e estimula a abertura de cursos de formação. 1972 - O MEC cria o Projeto de Melhoria do Ensino de Ciências para desenvolver materiais didáticos e aprimorar a capacitação de professores do 2º grau (hoje Ensino Médio) 1980 - As ciências são vistas como uma construção humana e não como uma verdade natural. São incluídos nas aulas temas como tecnologia, meio ambiente e saúde. 8 1982 - Surge o modelo de mudança conceitual, que teve vida curta. Ele se baseia no princípio de que basta ensinar de maneira lógica e com demonstrações para que o aprendiz modifique ideias anteriores sobre os conteúdos. 2001 - Convênio entre as Academias de Ciências do Brasil e da França implementa o programa ABC na Educação Científica - Mão na Massa para formar professores na metodologia investigativa. Como podemos observar, o estudo de ciências, apesar de ser tão antigo, é recente no Brasil. Regulamentado apenas para o Ensino Fundamental em 1971, foi consolidado somente em 1998 por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Não há no Brasil uma cultura estabelecida para esta disciplina, ela ainda está em construção. Não há uma metodologia construída para ela. Muitos professores ainda conservam a maneira tradicional, utilizando poucos recursos (oral e lousa), há aqueles que optam por uma metodologia construtivista, eficaz nesta área, ainda aqueles que utilizam laboratórios ou métodos audiovisuais diversificados. 9 ” Muitos professores ainda não concordam com novas metodologias e acreditam que o método tradicional é o mais eficaz. As novas metodologias vêm para somar no aprendizado, auxiliar os alunos que não dominam o assunto e trazer novas estratégias para o ensino de ciências.” 10 3. CURRÍCULO DE CIÊNCIAS 11 3.1 Currículo De Ciências: Uma Reflexão Cultural Segundo Macedo (2004), nos anos 70 a ciência era vista em um processo de hegemonização, como única referência, substitui sistemas religiosos, práticas cotidianas e senso comum por uma nova crença, a crença na objetividade. A partir da década de 90 a ciência passou a ser vista como “produto da inteligência e necessidade do homem”. Ao longo dos séculos, a ilusão de unidade e universalidade da ciência teve como objetivo declarado a sua proteção de toda e qualquer influência cultural, embora, cotidianamente, essa ciência se constituísse com base no conhecimento de diferentes culturas. E essa transformação refletiu no currículo. A relação entre escola e cultura está completamente inserida no processo educativo. Segundo Moreira e Candau (2003), não há educação que não esteja imersa na cultura da humanidade e, particularmente, do momento histórico em que se situa. Ao considerar que as questões culturais hoje estão no centro das preocupações curriculares, é preciso lembrar que a relação entre escola e cultura foi desde sempre muito forte, na medida em que era a função da escola transmitir a cultura. (MACEDO, 2004). A noção de cultura estática que presidia as relações entre currículo e cultura tornou-se insustentável. A cultura é hoje um conceito multifacetado que vem assumindo diferentes sentidos. (MACEDO, 2004). Como afirma a autora, a cultura pode ser, portanto, entendida como o espaço simbólico em que se articulam identidades em meio a interações, lutas e hostilidades constantes. 12 A escola é, sem dúvida, uma instituição cultural. Portanto, as relações entre escola e cultura não podem ser concebidas como entre dois polos independentes, mas sim como universos entrelaçados. (MOREIRA e CANDAU, 2003). Ainda segundo os autores: [...] a escola é uma instituição construída historicamente no contexto da modernidade, considerada como mediação privilegiada para desenvolver uma função social fundamental: transmitir cultura, oferecer às novas gerações o que de mais significativo culturalmente produziu a humanidade. Nos últimos anos, ficou notório uma verdadeira revolução tecnológica e que com a globalização diminuiu as distâncias e permitiu uma maior comunicação em tempo real. A ideia de unificação propiciada com a globalização resultou numa apropriação de características e culturas do eixo Europa-EUA. MACEDO (2004), afirma que, a influência dessa apropriação sobre a escola e o currículo tem gerado demandas que precisam de respostas para além das oferecidas pelas teorizações tradicionais. Os questionamentos postos pela diversidade cultural à escola e ao currículo foram respondidos simplesmente pela alusão a uma cultura “ocidental” comum. A cultura nacional era, assim, uma adaptação local de uma lógica mais global imposta pela Europa. Porém essa apropriação de seleções culturais ocidentais nem sempre dão conta das políticas curriculares e pedagógicas. Em vez de preservar uma tradição monocultural, a escola está sendo chamada a lidar com a pluralidade de culturas, reconhecer os diferentes sujeitos socioculturais presentes em seu contexto, abrir espaços para a manifestação e valorização das diferenças. (MOREIRA & CANDAU, 2003). McCarthy (1994) apud Macedo (2004) aponta propostas de educação multicultural, resumidas assim em três grupos: discurso do entendimento cultural é lastreado pelo relativismo cultural, aceita a diferença como algo positivo; o discurso da competência cultural que valoriza o pluralismo cultural e o discurso do empoderamento cultural, centrado na história das minorias que conseguem sucesso escolar e econômico. Macedo (2004) critica essas propostas, pois os problemas de desigualdades não são resolvidos. 13 A solução seria então fugir do tradicionalismo ao qual o currículo é visto como uma seleção de conhecimentos e valores, e partir da própria cultura local, da sociedade concreta a qual o aluno está inserido e a partir daí trabalhar as diferentes culturas. Portanto não seria então uma apropriação de outra cultura para a construção do currículo em uma sociedade em que a cultura é diferente, mas sim daria a oportunidade ao aluno de conhecer outras culturas, no currículo permitiria apresentar outras culturas aos alunos, porém não substituindo a dele. A escola sempre teve dificuldade em lidar com a pluralidade e a diferença. Tende a silenciá-las e neutralizá-las. Sente-se mais confortávelcom a homogeneização e a padronização. (MOREIRA & CANDAU, 2003). O desafio parece residir em pensar um currículo que respeite a singularidade das diferenças, sem transformá-las em desigualdade. (MACEDO, 2004) Pérez Gómez (1998), propõe que entendamos hoje a escola como um espaço de “cruzamento de culturas”. O que caracteriza o universo escolar é a relação entre as culturas, relação essa atravessada por tensões e conflitos. Isso se acentua quando as culturas críticas, acadêmica, social e institucional, profundamente articuladas, tornam- se hegemônicas e tendem a ser absolutizadas em detrimento da cultura experiencial, que, por sua vez, possui profundas raízes socioculturais. (MOREIRA & CANDAU, 2003). Macedo (2004) defende que os saberes dos alunos que são chamados ao currículo como ponto de partida ou como garantia da motivação questionam a imposição cultural. Temse que reescrever o conhecimento a partir das diferentes raízes étnicas. Mas não é cada um fechadinho no seu canto. Deve-se ancorar socialmente o conteúdo. De acordo com Moreira e Candau (2003), trata-se em última análise, não de substituir um conhecimento por outro, mas sim de propiciar aos(às) estudantes a compreensão das conexões entre as culturas. 14 3.2 Currículo De Ciências: Uma Reflexão Histórica Para compreendermos melhor o currículo de ciências é importante considerar o processo histórico, pois passou por uma série de transformações. Essas transformações que influenciaram o currículo estão na própria concepção de escola, que na escola medieval se constituía de um professor particular que adotava seus alunos sem critério com relação à idade e ao nível de conhecimento do estudante. Essa escola medieval, pressionadas por forças sociais, mudou ao longo do tempo. Conforme os países se configuraram e se consolidaram, a escolarização desses caminhou para uma escola de massa, ficando clara a necessidade do controle por parte do Estado (PAIVA, 2008). Silva (1998), ao discutir os parâmetros para a democratização da escola básica também reforça a ideia de uma escola resultante de forças sociais. Quando faz uma reflexão sobre o papel da escola na sociedade, afirma que a escola atual, fruto do desenvolvimento urbano e industrial, configurou-se a partir das necessidades práticas e políticas da classe burguesa nascente. O ensino de ciências “nasceu” em um determinado período da história como resultado de interesses sociais que estavam associados a uma cultura que, de certa forma, pretendeu marcar a identidade de um grupo de indivíduos por meio da educação. (PAIVA, 2008). Um fato histórico que foi um marco para o avanço do ensino de ciências foi a Guerra Fria, nesse momento a hegemonia mundial era disputada por duas potências: 15 Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS). Foi justamente no ano de 1957, após o lançamento do Sputinik pela URSS que começou a mudar o ensino de ciências. Iniciouse a partir daí a chamada corrida espacial em que as duas potências mundiais pretendiam demonstrar superioridade. Contudo o mundo passou por um processo de rápido desenvolvimento científico e tecnológico, levando países à preparação de futuros cientistas. (Paiva, 2008). Alguns autores afirmam até que a Segunda Guerra Mundial foi para o ensino de Ciências, assim como para o resto, um divisor de águas. E considera o lançamento do Sputinik o principal fato para a corrida desenvolvimentista da época. Duas eras antes do Sputinik e depois dele, cartas e escritas em papel tornou- se sinônimo de atraso, o século XX foi marcado por produções tecnológicas, a era do Transistor, dos Chips, da Miniaturização eletrônica e da robótica chegou. E a partir daí começou uma intervenção curricular, começou-se a dar mais importância e priorizar- se o ensino de ciências principalmente nos EUA, preparando desde as crianças para serem cientistas e produzirem tecnologias que alavancasse o país, inserindo na grade curricular a disciplina de ciências já na educação básica. No Brasil, o ensino de Ciências foi conquistando importância na grade curricular, provavelmente, em virtude dessa pressão desenvolvimentista e das discussões sobre o papel e a melhoria do ensino de Ciências. (PAIVA, 2008). Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, lei nº 4024, de 1961, a disciplina de Ciências, foi obrigatória em todo o ginásio (atualmente 6º ao 9º ano do ensino fundamental), e não apenas nas duas últimas séries. O método científico era muito valorizado nessa época, e passou a ser vivenciado como elemento necessário à formação do cidadão e não apenas objetivando formar novos cientistas. Começava-se assim, a se pensar na democratização do ensino destinado ao homem comum, que tinha que conviver com o produto da Ciência e da Tecnologia e do qual se requeria conhecimento, não apenas como especialista, mas também como futuro político, profissional liberal, operário, cidadão, enfim, [...]. (KRASILCHIK 1987 apud PAIVA, 2008). 16 O ensino de ciências, a partir de 1960, passa a possibilitar a vivência do método científico, valorizando a participação dos alunos, estimulando-os a identificar problemas, elaborar hipóteses e testá-las por meio da experimentação. No Brasil, com o discurso de modernizar e desenvolver o país, a ditadura militar precisava de mão-de-obra qualificada. Para isso, em 1971, determinou a obrigatoriedade do ensino de ciências em todo o ensino fundamental. Já em 1996, a LDB no seu artigo 26 determinava que os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. Os currículos deveriam abranger a partir de então, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil. Tornou-se obrigatório também o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados. Essas alterações nos permitem fazer uma consideração de que a cultura e a história passaram a ter uma importância no currículo escolar. Em 1997, o Ministério da Educação lançou os Parâmetros Curriculares nacionais (PCNs) para cada uma das disciplinas e para cada nível de ensino. Como escreve Paiva (2008), conceitos como modernização, inovação, mudança e novidade estão relacionados a um espaço-tempo determinado e vinculado a uma sociedade. O que hoje podemos considerar natural pode ter sido objeto de tensão no passado. A modernização da educação está relacionada à sua racionalização. (MATE, 2002). O entendimento de currículo sofreu transformações ao longo dos anos e foi atrelado aos conjuntos de conteúdos, antes entendido como sendo o currículo, os fatos históricos e as culturas que participaram da formação de determinada sociedade. Contexto histórico, cultura e currículo estão cada vez mais associados. 17 18 4. CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE NO ENSINO DE CIÊNCIA O desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem acarretado diversas transformações na sociedade contemporânea, refletindo em mudanças nos níveis econômico, político e social. É comum considerarmos ciência e tecnologia motores do progresso que proporcionam não só desenvolvimento do saber humano, mas, também, uma evolução real para o homem. Vistas dessa forma, subentende–se que ambas trarão somente benefícios à humanidade. Porém, pode ser perigoso confiar excessivamente na ciência e na tecnologia, pois isso supõe um distanciamento de ambas em relação às questões com as quais se envolvem. As finalidades e interesses 19 sociais,políticos, militares e econômicos que resultam no impulso dos usos de novas tecnologias implicam enormes riscos, porquanto o desenvolvimento científico– tecnológico e seus produtos não são independentes de seus interesses. Reforçando esses comentários, Bazzo (1998, p. 142) destaca que: É inegável a contribuição que a ciência e a tecnologia trouxeram nos últimos anos. Porém, apesar desta constatação, não podemos confiar excessivamente nelas, tornando–nos cegos pelo conforto que nos proporcionam cotidianamente seus aparatos e dispositivos técnicos. Isso pode resultar perigoso porque, nesta anestesia que o deslumbramento da modernidade tecnológica nos oferece, podemos nos esquecer que a ciência e a tecnologia incorporam questões sociais, éticas e políticas. Torna–se cada vez mais necessário que a população possa, além de ter acesso às informações sobre o desenvolvimento científico–tecnológico, ter também condições de avaliar e participar das decisões que venham a atingir o meio onde vive. É necessário que a sociedade, em geral, comece a questionar sobre os impactos da evolução e aplicação da ciência e tecnologia sobre seu entorno e consiga perceber que, muitas vezes, certas atitudes não atendem à maioria, mas, sim, aos interesses dominantes. A esse respeito, Bazzo (1998, p. 34) comenta: "o cidadão merece aprender a ler e entender muito mais do que conceitos estanques – a ciência e a tecnologia, com suas implicações e consequências, para poder ser elemento participante nas decisões de ordem política e social que influenciarão o seu futuro e o dos seus filhos". Cada cidadão tem seus valores e posturas sobre as questões científico– tecnológicas que, muitas vezes, vão ao encontro das demais. Por isso, uma adequada participação na tomada de decisões que envolve ciência e tecnologia deve passar por uma negociação. As pessoas precisam ter acesso à ciência e à tecnologia, não somente no sentido de entender e utilizar os artefatos e mentefatos2 como produtos ou conhecimentos, mas, também, opinar sobre o uso desses produtos, percebendo que não são neutros, nem definitivos, quem dirá absolutos. Bazzo (1998, p. 114) complementa essa ideia, comentando que: É preciso que possamos retirar a ciência e a tecnologia de seus pedestais inabaláveis da investigação desinteressada da verdade e dos resultados generosos para o progresso humano. [...] Devemos ter cuidado para não produzir o que poderíamos chamar de 'vulgarização científica', o que, longe de reduzir a alienação do homem com relação à ciência e à tecnologia, contribuiria, na realidade, para aumentá–la, fornecendo a ilusão, perigosa, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132007000100005#not2b 20 ter compreendido o princípio sem entrar na essência da atividade da ciência contemporânea: sua complexidade, sua coerência e seu esforço. Sendo assim, precisamos de uma imagem de ciência e tecnologia que possa trazer à tona a dimensão social do desenvolvimento científico–tecnológico, entendido como produto resultante de fatores culturais, políticos e econômicos. Seu contexto histórico deve ser analisado e considerado como uma realidade cultural que contribui de forma decisiva para mudanças sociais, cujas manifestações se expressam na relação do homem consigo mesmo e os outros. Para que essas discussões e participações públicas possam se tornar efetivas, é necessário que os cidadãos exijam seus direitos de vez e voz. Deve haver uma igualdade, permitindo a participação direta de todos, e não somente de especialistas ou autoridades públicas. É preciso exigir transparência na transmissão da informação, da disponibilidade de tempo e de meios para participar das discussões, bem como igualdade de tratamento de opiniões. As propostas deverão ter caráter efetivo e ativo, podendo influenciar realmente no assunto em debate, permitindo ao público envolver– se nos problemas e não unicamente na decisão final, que poderia já estar planejada. As afirmativas anteriores somente serão possíveis se tivermos um público formado na compreensão do funcionamento da tecnociência, percebendo que o debate e a negociação são métodos que permitem a resolução de conflitos que envolvem o interesse da sociedade, podendo contribuir ao desafio de viver em uma sociedade voltada para a democracia. Segundo nossa avaliação, algumas dessas atitudes já começaram a ser tomadas nesse sentido, envolvendo discussões, questionamentos e críticas em torno do desenvolvimento científico–tecnológico. Uma delas vem ganhando corpo em vários setores da sociedade, sendo nominada pela sigla CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade). Os pressupostos do movimento CTS têm se ampliado em toda sociedade e, principalmente, vêm recebendo cada vez mais adeptos na área educacional. Esse movimento tem se manifestado desde 1970, tendo sido base para construir currículos em vários países, em especial os de ciências, dando prioridade a uma alfabetização em ciência e tecnologia interligada ao contexto social. Originou–se a partir de correntes de investigação em filosofia e sociologia da ciência. Seu caráter 21 interdisciplinar compreende "[...] uma área de estudos onde a preocupação maior é tratar a ciência e a tecnologia, tendo em vista suas relações, consequências e respostas sociais" (BAZZO e COLOMBO, 2001, p. 93). Visa, também, ressaltar a importância social da ciência e da tecnologia, de forma a enfatizar a necessidade de avaliações críticas e análises reflexivas sobre a relação científico–tecnológica e a sociedade. Além dos currículos de ciências, tem abrangido as disciplinas das ciências sociais e humanidades, entre elas a filosofia, história da ciência e economia. 4.1 Ciência, Tecnologia, Sociedade (CTS) e Educação Desde que se iniciou, há mais de trinta anos, um dos principais campos de investigação e ação social do movimento CTS tem sido o educativo. Nesse campo de investigação, que comumente chamamos de "enfoque CTS no contexto educativo", percebemos que ele traz a necessidade de renovação na estrutura curricular dos conteúdos, de forma a colocar ciência e tecnologia em novas concepções vinculadas ao contexto social. De acordo com Medina e Sanmartín (1990), quando se pretende incluir o enfoque CTS no contexto educacional é importante que alguns objetivos sejam seguidos: 1. Questionar as formas herdadas de estudar e atuar sobre a natureza, as quais devem ser constantemente refletidas. Sua legitimação deve ser feita por meio do sistema educativo, pois só assim é possível contextualizar 22 permanentemente os conhecimentos em função das necessidades da sociedade. 2. Questionar a distinção convencional entre conhecimento teórico e conhecimento prático – assim como sua distribuição social entre 'os que pensam' e 'os que executam' – que reflete, por sua vez, um sistema educativo dúbio, que diferencia a educação geral da vocacional. 3. Combater a segmentação do conhecimento, em todos os níveis de educação. 4. Promover uma autêntica democratização do conhecimento científico e tecnológico, de modo que ela não só se difunda, mas que se integre na atividade produtiva das comunidades de maneira crítica. Dessa forma, a importância de discutir com os alunos os avanços da ciência e tecnologia, suas causas, consequências, os interesses econômicos e políticos, de forma contextualizada, está no fato de que devemos conceber a ciência como fruto da criação humana. Por isso, ela está intimamente ligada à evolução do ser humano, desenvolvendo–se permeada pela ação reflexiva de quem sofre/age as diversas crises inerentes a esse processo de desenvolvimento. A ideia de levar para sala de aula o debate sobre as relações existentes entre ciência, tecnologia e sociedade tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio vem sendo difundida por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) como formade Educação Tecnológica, a qual não seria voltada para confecção de artefatos, mas para a compreensão da origem e do uso que se faz desses artefatos e também mentefatos na sociedade atual. Para isso, precisamos entender a Educação Tecnológica num sentido que, conforme Palacios et al. (1996), leve os alunos a compreender a dimensão social da ciência e tecnologia, tanto do ponto de vista dos seus antecedentes sociais quanto de suas consequências sociais e ambientais. Ou seja, é preciso compreendê–la no que diz respeito aos fatores de natureza social, política ou econômica que modulam a mudança científico–tecnológica e no que concerne às repercussões éticas, ambientais ou culturais dessa mudança. Verificamos, assim, que a Educação Tecnológica encaminha–se para o enfoque CTS, que vem sendo muito difundido, principalmente no ensino de ciências, 23 acentuando–se a partir de 1980. Em nível internacional impulsionou os periódicos da área de Ensino de Ciências e Matemática a publicarem vários artigos sobre o tema, entre eles destacamos a Revista Science & Education e International Journal of Science Education, tendo esta última publicado um volume especial Special issues: Science, Technology and Society (v. 10, n. 4, 1988). Além disso, citamos também a existência da International Organization for Science and Technology Education (IOSTE), que em 2006 realizou seu décimo segundo simpósio internacional, com o intuito de discutir assuntos que envolvem o contexto científico– tecnológico e social. É importante lembrar que vários trabalhos sobre o tema vêm sendo desenvolvidos há algum tempo dentro de instituições escolares. Cruz (2001) cita, em sua tese, alguns dos mais conhecidos: Nos Estados Unidos: Chemistry and Community da Amerian Chemical Society; Chautauqua Program de Iowa; Projeto 2061, da American Association for the Advancement of Science; Projeto Scope, Sequence and Coordination da International Assessment of Education Progress. Na Europa: SATIS (Science And Technology In Society) e SISCON (Science In a Social Context), na Inglaterra. De acordo com Cerezo et al. (2003), além dos trabalhos já citados, duas associações merecem destaque por suas pesquisas nessa área: National Science Teachers Association (Norte–americana) e Association for Science Education (Britânica). Entre outros autores que vêm escrevendo sobre o movimento CTS e ressaltando sua importância para a educação, na Espanha estão Palácios et al. (1996), Sanz et al. (1996), Tortajada e Peláez (1997), Acevedo (2001), Acevedo et al. (2004) e Cerezo et al. (2003). De acordo com Cerezo (2002), o Ministério de Educação e Cultura espanhol introduziu CTS como disciplina optativa em todos os cursos de graduação para alunos entre 16 e 18 anos (Lei de Ordenamento Geral do Sistema Educacional) e, no ensino secundário, obrigatória como complemento transversal de disciplinas de ciências para alunos entre 14 e 16 anos (Ensino Superior Obrigatório). 24 Isso fez com que vários professores do ensino secundário e universitário buscassem aperfeiçoamento. Na Espanha, a disciplina de CTS consta de cinco blocos temáticos, que abrangem: perspectiva histórica sobre ciência, tecnologia e sociedade; sistema tecnológico; repercussões sociais do desenvolvimento científico e tecnológico; controle social da atividade científica e tecnológica; desenvolvimento científico–tecnológico: reflexões filosóficas. A Espanha conta, também, com a revista Enseñanza de Las Ciencias que, entre outros periódicos, procura trazer artigos que enfoquem tal preocupação. Osorio (2002) cita a relevância de alguns seminários apresentados em universidades, os quais podem retratar a importância do movimento para os países latinos. Entre eles, encontramos: Seminário do Programa Universitário de Investigação PUI – Ciência, Tecnologia e Cultura, Universidade Nacional de Bogotá; Seminário de História da Biologia, Universidade Nacional de Medellín; Seminário de História das Matemáticas, Universidade do Valle em Cali; Seminário de História da Medicina, Universidade do Bosque de Bogotá. Outras experiências realizadas na Universidade Tecnológica de Pereira e na Universidade de Antioquia, em Medellín, também merecem ser destacadas, em termos do enfoque CTS. Voltando o foco para o Brasil, os trabalhos sob a perspectiva CTS podem ser encontrados em periódicos da área de Ensino de Ciências e Matemática como, por exemplo, Revista Ensaio – Pesquisa em Educação em Ciências e Revista Ciência & Educação, entre outras. Alguns são também encontrados em livros, teses e dissertações e, entre outros, destacamos: Bazzo (1998); Auler, (2002); Mion et al. (2001); Leal e Gouvêa (2001); Cruz (2001); Bazzo e Colombo (2001); Mortimer e Santos (2000); Koepsel (2003); Pinheiro e Bazzo (2004); Pinheiro (2005). Além dessas, há outras bibliografias que trazem relatos de experiências, pesquisa teórica, experimentos práticos, entre outros assuntos pertinentes. Uma boa indicação de consulta é o site da Organização dos Estados Ibero-americanos, OEI (<www.campus–oei.org>), que, além de oferecer um campo diversificado da literatura, disponibiliza a revista eletrônica Ibero-americana de Educación Enseñanza de la tecnologia, que traz vários artigos direcionados para a área CTS, principalmente voltados para o campo educacional. http://www.campus-oei.org/ 25 Ao analisarmos os referenciais bibliográficos até aqui citados, percebemos que as pesquisas e experiências voltadas para o enfoque CTS na educação concentram–se em trabalhos que, de acordo com Walks (1990) e Medina e Sanmartín (1990), podem ser classificados em três modalidades: introdução de CTS nos conteúdo das disciplinas de ciências (enxerto CTS); a ciência vista por meio de CTS; e CTS puro. De acordo com Palacios et al. (1996), pode–se resumir os objetivos dessas três modalidades da seguinte forma: 1. Enxerto CTS: introdução de temas CTS nas disciplinas de ciências, abrindo discussões e questionamentos do que seja ciência e tecnologia. Nos Estados Unidos o projeto Harvard Project Physics e, na Europa, o projeto SATIS (Science and Technology in Society) englobam essa modalidade. 2. Ciência e tecnologia por meio de CTS: estrutura–se o conteúdo científico por meio do CTS. Essa estruturação pode acontecer numa só disciplina ou por meio de trabalhos multidisciplinares e interdisciplinares. Podemos ver essa forma de trabalho no PLON (Dutch physics curriculum development project), desenvolvido na Holanda. 3. CTS puro: ensina–se ciência, tecnologia e sociedade por intermédio do CTS, no qual o conteúdo científico tem papel subordinado. O projeto mais conhecido nessa modalidade é o SISCON (Studies in a Social Context), na Inglaterra. Nas três categorias, o professor é o grande articulador para garantir a mobilização dos saberes, o desenvolvimento do processo e a realização de projetos, nos quais os alunos estabelecem conexões entre o conhecimento adquirido e o pretendido com a finalidade de resolver situações–problema, em consonância com suas condições intelectuais, emocionais e contextuais. Cabe ressaltar que o enfoque CTS que venha a ser inserido nos currículos é apenas um despertar inicial no aluno, com o intuito de que ele possa vir a assumir essa postura questionadora e crítica num futuro próximo. Isso implica dizer que a aplicação da postura CTS ocorre não somente dentro da escola, mas, também, extramuros. De acordo com Osório (2002, p. 64): O enfoque educativo em CTS tanto recupera os espaços críticos dessa relação conjunta ao desenvolver as implicações e os fins do desenvolvimento científico– 26 tecnológico em um emaranhado social, político e ambiental, quanto se nos apresenta como um campo de análises propício para entender e educar o fenômeno tecno científico moderno. (Tradução nossa) Nesse encaminhamento, o ensino–aprendizagempassará a ser entendido como a possibilidade de despertar no aluno a curiosidade, o espírito investigador, questionador e transformador da realidade. Emerge daí a necessidade de buscar elementos para a resolução de problemas que fazem parte do cotidiano do aluno, ampliando–se esse conhecimento para utilizá–lo nas soluções dos problemas coletivos de sua comunidade e sociedade. Com o enfoque CTS, o trabalho em sala de aula passa a ter outra conotação. A pedagogia não é mais um instrumento de controle do professor sobre o aluno. Professores e alunos passam a descobrir, a pesquisar juntos, a construir e/ou produzir o conhecimento científico, que deixa de ser considerado algo sagrado e inviolável. Ao contrário, está sujeito a críticas e a reformulações, como mostra a própria história de sua produção. Dessa forma, aluno e professor reconstroem a estrutura do conhecimento. Em nível de prática pedagógica, isso significa romper com a concepção tradicional que predomina na escola e promover uma nova forma de entender a produção do saber. É desmitificar o espírito da neutralidade da ciência e da tecnologia e encarar a responsabilidade política das mesmas. Isso supera a mera repetição do ensino das leis que regem o fenômeno e possibilita refletir sobre o uso político e social que se faz desse saber. Os alunos recebem subsídios para questionar, desenvolver a imaginação e a fantasia, abandonando o estado de subserviência diante do professor e do conhecimento apresentado em sala de aula. 27 REFERÊNCIAS ANDERSON, Perry. 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