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AULA 1 HISTÓRIA NO ENSINO DE CIÊNCIAS Prof. André Maciel Pelanda 2 CONVERSA INICIAL Olá, aluno! Iniciaremos os estudos a respeito da unidade temática sobre os Fundamentos Históricos do Ensino de Ciências. Primeiramente, precisamos esclarecer a importância do tema “a educação nos primórdios das civilizações”, para, depois, abordar o tema propriamente dito. A filosofia natural dos gregos e a educação apresentam profundas relações, de modo que as filosofias podem ser consideradas teorias gerais de educação. A educação é um processo que possibilita aos indivíduos o contato com atitudes e disposições fundamentais em relação às questões intelectuais e emocionais para com o meio natural e o homem. Assim sendo, a educação se apresenta como um campo prático de aplicação das filosofias, pois, antes que as filosofias viessem a ser expressas em sistemas, a educação já era um meio utilizado pelo homem para a transmissão de conhecimentos em relação à sua visão do mundo. CONTEXTUALIZANDO Ao longo do tempo, as sociedades humanas passaram por uma série de mudanças em todos os espaços conquistados, com profundas transformações em virtude do desenvolvimento tecnológico e científico. Desta forma, a ciência vem se desenvolvendo no decorrer dos tempos com novos avanços nas áreas de pesquisa e técnicas experimentais que possibilitam a elaboração de novas teorias que podem ser abordadas em diversas disciplinas, tais como Física, Química e Biologia. De acordo com Armstrong (2008), muito se discute sobre os aspectos relacionados à compreensão e à interpretação da ciência, de modo que as opiniões acerca do que deve, ou não, ser considerado científico são divididas, e, assim, ocasionam a existência de distintas definições da ciência. Na concepção de Souza (1995, p. 59), “a ciência é uma das formas de conhecimento que o homem produziu no transcurso de sua história, com o intuito de entender e explicar racional e objetivamente o mundo para que nele poder intervir”. Chaui (2000) afirma que a ciência pode apresentar três concepções distintas: a racional (que se estende dos gregos até o final do século XVII), a 3 empírica (que se estende desde a medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX) e a construtivista (iniciada no século XIX). Para a autora, na concepção racionalista, a ciência é caracterizada por uma forma de conhecimento racional, dedutiva e demonstrativa, como a matemática, capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados, sem deixar dúvidas; na concepção empirista, a ciência é apresentada como uma interpretação dos fatos que se baseia na observação e em experimentos que possibilitam o estabelecimento de conclusões, as quais são capazes de definir o objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento; na concepção construtivista, a ciência é definida por uma criação de modelos explicativos para a realidade e não uma apresentação propriamente dita da realidade. Segundo De Francisco (2005), o cientista construtivista não apresenta uma verdade absoluta, mas sim uma verdade aproximada e que pode ser corrigida, modificada ou abandonada por outra mais adequada aos fenômenos observados. Atualmente, as ciências são divididas em exatas, naturais ou humanas, de acordo com seus distintos objetos de pesquisa. Assim, os modos de explicar e compreender passaram por diversas transformações com o decorrer do tempo, possibilitando ao ser humano adquirir conhecimento e obter informações acerca do mundo em que vive. De acordo com Aranha e Martins (1998), a passagem de uma consciência mítica e religiosa para uma consciência racional e filosófica não ocorreu de uma hora para outra, de modo que esta transição foi resultado de um processo que ocorreu ao longo do tempo. Segundo Armstrong (2008), os filósofos gregos foram os primeiros a explicarem, por meio da razão, a natureza e os fenômenos naturais a ela ligados. Neste período, portanto, houve o início da grande contribuição filosófica dos gregos, cuja influência é relatada até os dias atuais. TEMA 1 – A FILOSOFIA NATURAL DOS GREGOS Os gregos foram os que mais influenciaram a civilização ocidental na Antiguidade. Este povo apresentava características que os distinguia das demais civilizações destacadas naquele momento, como os babilônios e egípcios, devido 4 à visão de mundo destes povos estar relacionada aos livros sagrados e às explicações oriundas de autoridades religiosas. Os gregos não dispunham de livros sagrados, porém cultuavam deuses e divindades que participavam das fraquezas e virtudes humanas. Assim, a cultura grega, em parte assimilada pelos romanos posteriormente, deriva da educação e da pedagogia da civilização ocidental. De acordo com Zaleski (2009), a curiosidade intelectual dos gregos em absorver técnicas e conhecimentos de outras culturas, além do reconhecimento da razão autônoma e da inteligência crítica, contribuíram para o processo educacional ocidental. Dessa forma, a ausência de uma organização administrativo-religiosa permitiu que determinadas regras de comportamento e conduta não fossem impostas e o homem, independentemente de sua autoridade política ou religiosa, era valorizado em si. Segundo Silva (2010), quatro fatores propiciaram a origem e o desenvolvimento da ciência e da cultura grega: - uma grande curiosidade intelectual, que os levou a absorver conhecimentos e técnicas de outras culturas mais complexas; - a ausência de uma organização administrativo-religiosa que impusesse pautas rígidas de comportamento e de conduta; - o pequeno tamanho das cidades-estados, que facilitava a participação ativa de todos os cidadãos nos assuntos públicos, e sua proximidade física com as técnicas de produção; e - sua tendência à reflexão e seu afeiçoamento à argumentação e à dialética, que os impelia a contrastar ideias de cada um com as ideias dos demais. TEMA 2 – A EDUCAÇÃO HEROICA, CÍVICA, CLÁSSICA E HELENÍSTICA As cidades-estados gregas apresentavam um tamanho relativamente pequeno, de modo que esta característica permitiu aos cidadãos que tivessem uma participação ativa em assuntos de interesse da sociedade. Os gregos também valorizavam a educação nas esferas social e individual, e a educação dos gregos apresentou características que variavam de acordo com as épocas vividas por este povo, sendo elas: Educação heroica. Educação cívica. Educação clássica. Educação helenística. 5 De acordo com Zaleski (2009), a educação heroica apresentava os seus princípios baseados nos conceitos de honra, valor, espírito de luta, sacrifício, além do espírito de emulação, que se traduz pelo desejo de se sobressair, de estar entre os primeiros e ser superior. Em um período bastante influenciado pelos poetas Hesíodo e Homero, a educação heroica se popularizou, sendo transmitida em palácios e castelos, para onde os jovens eram enviados com a finalidade de se tornarem escudeiros. Uma curiosidade é que não se sabe ao certo se o poeta Homero realmente veio a existir, porém, duas obras importantes desse período são atribuídas a ele, a Ilíada e a Odisseia. Hesíodo viveu no fim do século VII, e as narrações de seus poemas se mantiveram por tradição oral. Os seus ensinamentos apontam que a principal função da religião grega consistia em interpretar a natureza e seus processos em termos inteligíveis. No momento em que a educação cívica popularizou-se, a Grécia estava dividida em cidades-estados independentes, com seus reis e normas, destacando-se, neste período, Atenas e Esparta. A cidade-estado de Esparta permaneceu nas mãos de proprietários de terras, e Atenas culminou em uma sociedade democrática devido a lutas políticas, porém, apresentava uma quantidade significativa de escravos de origem estrangeira. Esparta destacou-se em virtude das característicasde seu povo militarizado, rude e inculto, de modo que a educação dos espartanos, severa e voltada à instrução militar, não tinha por finalidade formar um cidadão cavalheiro, mas sim um soldado. Os meninos que apresentavam deficiências de ordem física ou mental eram sacrificados, e o mesmo ocorria se não fossem suficientemente fortes e vigorosos. Após os 7 anos, a educação dos meninos era de responsabilidade do estado; aos 30 anos, os rapazes se tornavam oficiais do exército, adquirindo diversos direitos, como o voto, a liberdade de praticar relações sexuais com mulheres (até os 30 anos somente era permitido a relação sexual com outros homens) e o direito do matrimônio. Já as mulheres eram incentivadas a participar de atividades desportivas com a finalidade de gerar filhos sadios e vigorosos. Quando menstruavam pela primeira vez, passavam a ter aulas práticas de sexo, com a finalidade de gerarem bons cidadãos para o estado. Outra característica de Esparta era relacionada à geração de filhos, pois ter muitos filhos era sinônimo de vitalidade e força, desta forma, quantos mais filhos 6 uma mulher viesse a ter, mais valorizada ela seria. Esta modalidade de sistema educacional influenciou os regimes fascistas e nazistas. Já a cidade-estado de Atenas apresentou características muitos distintas às de Esparta. A educação propriamente dita se iniciava a partir dos sete anos de idade e se dividia em física e musical. A física compreendia os aspectos físicos e a formação de caráter, e a educação musical compreendia a poesia, além de gramática e retórica. Aos 18 anos de idade, os jovens prestavam uma modalidade de serviço militar, que compreendia o manejo de armas utilizadas em combates. Após esta fase, recebiam um escudo e uma espada e eram obrigados a prestar um juramento. Os jovens também eram preparados para a vida política e social, com aulas de oratória e ensinamentos em diversas áreas da ciência, destacando-se a fundação de comunidades de cultura, como a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles. O treinamento miliar foi lentamente substituído pela importância da palavra, sendo o processo de conhecimento transmitido com o acompanhamento de um pedagogo ou pela escola. Desta forma, os guerreiros com escassa instrução, aos poucos deram o lugar a cidadãos cultos que apresentavam interesse pelos assuntos da sociedade em que viviam. As mulheres tinham menos liberdade em Atenas do que em Esparta, e recebiam funções como a criação de filhos e o cuidado com a casa, a confecção de roupas, tapetes e cobertas. No período em que Atenas se tornou uma potência econômica e comercial, a educação clássica foi predominante. Neste período, os indivíduos se tornavam cidadãos somente quando exerciam determinadas funções, como o direito de opinar, discutir e votar em assembleias. Este novo ideal apresentava a finalidade de transformar os cidadãos em bons oradores, de modo que os sofistas davam este tipo de educação aos jovens. No período da educação clássica grega, outros intelectuais tiveram grande destaque, como Sócrates, Platão, Isócrates e Aristóteles, que deixaram seu legado por meio de obras de filosofia e política que apresentam uma influência na pedagogia até nos dias atuais. Com a conquista da Grécia pela Macedônia e pelo Império de Alexandre, teve início a última fase da educação grega, conhecida como helenística, o que gerou o enfraquecimento e a perda da autonomia das cidades-estados. 7 TEMA 3 – OS SOFISTAS Os sofistas tinham como objetivo a educação voltada a uma vida pública e à formação de políticos e oradores. De acordo com Zaleski (2009), a influência pedagógica dos sofistas pode ser sintetizada pelos seguintes ramos: O valor humano é acentuado com o rompimento de moldes da organização estatal da polis, valorizando o homem individualmente. As virtudes e as capacidades humanas não são reconhecidas como valores de uma minoria aristocrática, portanto, por meio da educação, todos poderiam ter acesso ao governo, desde que devidamente preparados. A educação é organizada para intervenção na vida pública, com a finalidade do formar bons políticos e oradores. A educação foi reestruturada com o acréscimo dos ensinamentos relativos à cultura geral, como o saber múltiplo e universal e não somente o retórico ou dialético. É criada uma educação intelectual independente da educação ginástica e da musical, predominante naquele momento. De forma generalizada, foram os fundadores do intelectualismo, do subjetivismo e do individualismo na educação, com todos os prejuízos e benefícios que se relacionam a estes conceitos, especificamente. O termo sofista foi interpretado equivocadamente por alguns autores. Tendo o sentido de “sábio”, ou “professor de sabedoria”, acabou recebendo significados pejorativos, como “homem que prega sofismas”, que se utiliza de má fé com a finalidade de enganar. Este fato ocorreu em função de se julgarem sábios e cobrarem pelos seus ensinamentos (Luzuriaga, 1969). TEMA 4 – ESTOICISMO, EPICURISMO E OS ROMANOS Com uma crescente preocupação com guerras e um contato com civilizações orientais, surgiu um novo tipo de intelectual na Grécia, que apresentava uma preocupação com questões éticas. Estas novas tendências foram representadas basicamente pelo estoicismo e pelo epicurismo. O estoicismo apresenta um ideal em que o ser humano, para ser feliz, deve fugir dos prazeres e zelar pela busca de uma autossuficiência, com o intuito de se afastar de bens materiais e dominar as suas paixões. O epicurismo prega que a 8 busca pelo prazer é o caminho para a felicidade. Assim, os indivíduos devem evitar tudo o que se opõe à felicidade e buscar, em contrapartida, uma aproximação a tudo o que venha a satisfazer suas necessidades espirituais e físicas. É importante destacar que, de acordo com esta filosofia, especificamente, os seres humanos não devem fazer uma busca descontrolada pelos prazeres, mas atender as suas verdadeiras necessidades com a finalidade de atingir um prazer duradouro, sereno e espiritual. A educação, sob o controle dos municípios (ou polis), passou a ser pública, mas ainda existia a educação no ensino privado, oferecida por escolas particulares que se mantinham por meio da contribuição dos próprios alunos. A educação ainda apresentava semelhança com épocas anteriores, porém, alguns conceitos foram alterados gradativamente, como uma menor preocupação com o corpo físico e um maior destaque para o controle dos sentidos e das paixões. A escrita, leitura e o cálculo tiveram um maior desenvolvimento, no entanto, os métodos aplicados eram basicamente memorialísticos, com uma disciplina muito rígida e a aplicação de constantes castigos corporais. Neste período, a matemática e a astronomia foram ensinadas, mas as ciências, de forma geral, apresentavam um papel secundário. Nesta época, houve uma inovação importante no ensino e que permanece atualmente, que é a divisão de disciplinas. A princípio, existiam dois grupos de disciplinas: o trivium e o quadritrivium. As disciplinas que ocupavam o grupo trivium apresentavam o significado de “cruzamento e a articulação de três ramos ou caminhos” e compreendiam o ensino de gramática, retórica e filosofia com o objetivo de realizar uma ligação da disciplina à mente, para que ela encontrasse uma expressão na linguagem, principalmente no que se relacionava ao estudo da matéria ou espírito. Já as disciplinas que englobavam o grupo quadritrivium eram aritmética, música, geometria e astronomia, e tinham o objetivo de desenvolver meios e métodos para o conhecimento da matéria. O ideal grego na educação sofreu significativas transformações desde os tempos heroicos até o helenismo, como a alteração no cuidado com o corpo a cada período. Embora isso tenha sido constante, bem como a ênfase à habilidade guerreirado cidadão no início, os cidadãos eram incentivados a frequentar ginásios, onde havia um predomínio da educação física e esportiva. Posteriormente, a retórica e literatura se tornaram importantes, merecendo 9 destaque a desvalorização do trabalho manual, até então associado a uma atividade servil. A cultura grega antiga, considerada a base cultural ocidental, deixou grandes contribuições em diversos aspectos da modernidade, como a linguagem, a política, o sistema educacional, a filosofia, a ciência, a tecnologia, a arte e a arquitetura, influenciando significativamente os romanos bem como diversas regiões da Europa e as Américas. Com a expansão territorial e as rivalidades entre as cidades-estados gregas (especialmente Atenas e Esparta), houve um enfraquecimento do império grego, de modo que, por volta do século II a.C., a Grécia foi conquistada pelo rei romano Felipe II. Alguns autores afirmam que, militarmente, Roma conquistou a Grécia, porém, culturalmente, a Grécia se sobrepôs a Roma em diversos aspectos, como em artes, arquitetura, ciências e pintura. Desta forma, a cultura greco-romana se espalhou pelo ocidente por intermédio da língua latina, que originou os idiomas neolatinos, como o português, o francês, o italiano, o espanhol e o romeno. Segundo Zaleski (2009), os romanos eram divididos basicamente em quatro grupos sociais: Os patrícios, proprietários de terras, que possuíam direitos políticos e cargos públicos. Os clientes, que prestavam serviços diretos aos patrícios e recebiam proteção da classe dominante, além de gozarem de direitos políticos e militares. Os plebeus, que apresentavam responsabilidade sobre o comércio, artesanato e agricultura, porém não possuíam direitos políticos. Os escravos, que não tinham direitos e eram tratados como objetos, podendo ser vendidos, trocados ou empresados por seus proprietários. Uma atividade praticada com excelência pelos romanos foi a arquitetura, sendo considerados grandes solucionadores de problemas relacionados à ventilação, iluminação e circulação de ar, com a permanência dos estilos gregos – jônico e coríntio – nas colunas, misturados aos estilos próprios de colunas romanas, como o toscano e compósito. No campo das artes, os gregos exerceram grande influência sob os romanos, porém, os romanos foram influenciados também pelos orientais e etruscos (povo que vivia na atual Itália) em relação à 10 criação de monumentos, já que dominaram técnicas de pintura, escultura, ourivesaria e metalurgia. A mitologia era utilizada pelos romanos para explicar fenômenos naturais que não podiam ser explicados pela ciência. A mitologia romana foi inspirada, em grande parte, pela mitologia grata, e, posteriormente, em Roma, houve o surgimento de uma mitologia mais relacionada aos rituais, composta por danças, sacrifícios e invocações de determinadas divindades. De acordo com Zaleski (2009), a base do ensino que conhecemos atualmente foi criada pelos romanos, dividindo-se em três graus: As escolas denominadas ludi-magister eram responsáveis pela educação elementar. As escolas-gramático eram responsáveis pelo ensino correspondente ao atual ensino secundário. O ensino superior era semelhante a uma universidade (as universidades surgiram na Idade Média), sendo dedicado principalmente ao estudo do direito e filosofia. Uma característica de grande importância do sistema educacional romano foi a criação de um departamento, de controle do estado, que coordenava todas as instituições de ensino distribuídas nas províncias do Estado. As classes dominantes tinham direito a acesso nestes centros e se dedicavam ao estudo da literatura e retórica (conhecimentos dignos da elite). Havia uma preocupação dos romanos com o restante da sociedade, de modo que eram fornecidos conhecimentos relacionados à aplicação de seus ofícios. Para os escravos, ensinava-se práticas de “boas maneiras”, e alguns eram iniciados na leitura e aritmética com finalidade de prestar auxílio como secretários ou leitores aos seus senhores. Os romanos davam grande importância para as leis, fato que fez com que o direito se desenvolvesse consideravelmente nesta época. Os estudos das ciências não foram estimulados e as principais contribuições neste campo vieram de conhecimentos adquiridos pelos gregos, com algumas inovações. TEMA 5 – A EDUCAÇÃO NOS POVOS PRIMITIVOS AMERICANOS O foco desta aula foi uma apresentação da educação na Grécia Antiga e as suas contribuições para as civilizações, com reflexos no sistema educacional 11 utilizado no Brasil. Embora existam poucos registros de como viviam os povos primitivos das Américas em períodos anteriores à colonização, existem alguns dados de como eram transmitidos seus conhecimentos e alguns aspectos de suas culturas, que também contribuíram com o modelo de educação que temos hoje em nosso país. De acordo com Chassot (1999), cerca de quatro séculos antes da chegada dos colonizadores nas Américas, o Império Inca foi fundado (localizado na extensão que compreende o atual Equador, passando pelo Peru, determinadas regiões da Bolívia, até o norte do Chile e noroeste do Equador). Este império foi originado pela junção de grupos indígenas que apresentavam algumas características em comum, como o governo, a religião e o idioma, porém apresentavam origens culturais distintas. Estes fatores influenciaram os aspectos culturais e o desenvolvimento da educação no Império. De acordo com D’ambrosio (1998), no Império Inca não era utilizado um sistema de escrita que viesse a representar a palavra falada, porém, supõe-se a existência de uma escrita que se baseava em códigos numéricos, conhecida como Runa Simi. Algumas ciências foram bastante desenvolvidas no Império Inca, como a matemática e a geometria plana, utilizada para medir terrenos, bem como ângulos de terrenos irregulares em graus. O conhecimento matemático era aplicado à resolução de problemas práticos, como o censo populacional, agrícola e pastoril. Segundo o Ministério da Educação (2006), em Cusco (cidade peruana), havia colégios destinados à aristocracia cusquenha e aos nobres de suas províncias no período anterior à conquista dos espanhóis, nos quais os governos estudavam a língua, o cálculo, além da história e da mitologia inca. A atividade intelectual inca apresentava estágios avançados nos estudos da astronomia, e os calendários incas eram mais precisos do que os calendários europeus (na época). Em relação aos povos indígenas no Brasil, de acordo com Chassot (1999), uma das mais convincentes explicações sobre as diferenças culturais entre os indígenas brasileiros e os incas é a necessidade de estes últimos viverem em locais que apresentavam uma geografia praticamente inóspita, que os obrigava a adotar práticas mais evoluídas. Os indígenas localizados no Brasil tinham mais facilidades para a obtenção de recursos, vivendo da caça e da coleta de alimentos, os incas, por sua vez, tinham uma agricultura mais avançada. 12 FINALIZANDO Vimos como era o sistema Educacional na Grécia Antiga e quais as contribuições desta civilização para as épocas futuras. Verificamos que as etapas detectadas na histórica da educação são reflexo das aspirações, das necessidades e dos ideais da sociedade e variam continuamente. Conhecemos os principais pensadores de cada período, algumas de suas obras e as contribuições de épocas anteriores. Vimos que os objetivos educacionais variam conforme a época e a cidade grega. Evidenciamos que, predominantemente, a aristocracia e os homens tinham privilégios de receber a educação em maior quantidade e qualidade. A influência grega sobre os romanos também foi demonstrada. Por fim, tratamos da educação na América Latina nos períodos anteriores à colonização europeia, destacando a civilização inca. LEITURA OBRIGATÓRIATexto de abordagem teórica Buscando aumentar o conhecimento a respeito da educação na Grécia Antiga, indicamos os links a seguir. <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0146.html> <http://www.ebah.com.br/content/abaaaaxdaak/educacao-na-grecia-antiga> <http://historiadomundo.uol.com.br/grega/educacao-grega.htm> 13 REFERÊNCIAS ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1998. ARMSTRONG, D. L. P. Fundamentos filosóficos do ensino de Ciências naturais. Curitiba: InterSaberes, 2012. CHASSOT, A. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994. _____. A ciência através dos tempos. 8. ed. São Paulo: Moderna, 1999. CHAUI, M. As três principais concepções de ciência. Disponível em: <http://www.ibamendes.com/2011/04/as-tres-principais-concepcoes-de.html>. Acesso em: 19 jun. 2018. D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. São Paulo: Ática, 1998. FRANCISCO, G. C. B. Algumas concepções de ciência. Disponível em: <http://www.ibamendes.com/2011/01/algumas-concepcoes-de-ciencia.html>. Acesso em: 19 jun. 2018. LUZURIAGA, L. História da educação e pedagogia. São Paulo: Nacional, 1969. (Coleção Atualidades Pedagógicas, v. 59). BRASIL. Ministério da Educação. Química: Ensino Médio / Eduardo Fleury Mortimer (Org.). Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 222 p. (Coleção Explorando o Ensino, v. 5). SILVA, A. L. B. B. Da physis à física, o livre contexto sobre a essência da matéria: o átomo. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=YdP8AQAAQBAJ&pg=PA8&dq=Da+phy sis+%C3%A0+f%C3%ADsica,+o+livre+contexto+sobre+a+ess%C3%AAncia+da +mat%C3%A9ria:+o+%C3%A1tomo&hl=pt- BR&sa=X&ved=0ahUKEwj_xOq3iYzWAhWD5SYKHQwBD5YQ6AEIJzAA#v=on epage&q=Da%20physis%20%C3%A0%20f%C3%ADsica%2C%20o%20livre%2 0contexto%20sobre%20a%20ess%C3%AAncia%20da%20mat%C3%A9ria%3A %20o%20%C3%A1tomo&f=false>. Acesso em: 19 jun. 2018. SOUZA, S. M. R. Um outro olhar: filosofia. São Paulo: FTD, 1995. 14 ZALESKI, T. Fundamentos históricos do ensino de Ciências. Curitiba: Ibpex, 2009.
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