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HISTÓRIA NO ENSINO DE CIENCIAS 1

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AULA 1 
HISTÓRIA NO ENSINO DE 
CIÊNCIAS 
Prof. André Maciel Pelanda 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, aluno! 
Iniciaremos os estudos a respeito da unidade temática sobre os 
Fundamentos Históricos do Ensino de Ciências. Primeiramente, precisamos 
esclarecer a importância do tema “a educação nos primórdios das civilizações”, 
para, depois, abordar o tema propriamente dito. A filosofia natural dos gregos e a 
educação apresentam profundas relações, de modo que as filosofias podem ser 
consideradas teorias gerais de educação. A educação é um processo que 
possibilita aos indivíduos o contato com atitudes e disposições fundamentais em 
relação às questões intelectuais e emocionais para com o meio natural e o homem. 
Assim sendo, a educação se apresenta como um campo prático de aplicação das 
filosofias, pois, antes que as filosofias viessem a ser expressas em sistemas, a 
educação já era um meio utilizado pelo homem para a transmissão de 
conhecimentos em relação à sua visão do mundo. 
CONTEXTUALIZANDO 
Ao longo do tempo, as sociedades humanas passaram por uma série de 
mudanças em todos os espaços conquistados, com profundas transformações em 
virtude do desenvolvimento tecnológico e científico. Desta forma, a ciência vem 
se desenvolvendo no decorrer dos tempos com novos avanços nas áreas de 
pesquisa e técnicas experimentais que possibilitam a elaboração de novas teorias 
que podem ser abordadas em diversas disciplinas, tais como Física, Química e 
Biologia. 
De acordo com Armstrong (2008), muito se discute sobre os aspectos 
relacionados à compreensão e à interpretação da ciência, de modo que as 
opiniões acerca do que deve, ou não, ser considerado científico são divididas, e, 
assim, ocasionam a existência de distintas definições da ciência. 
Na concepção de Souza (1995, p. 59), “a ciência é uma das formas de 
conhecimento que o homem produziu no transcurso de sua história, com o intuito 
de entender e explicar racional e objetivamente o mundo para que nele poder 
intervir”. 
Chaui (2000) afirma que a ciência pode apresentar três concepções 
distintas: a racional (que se estende dos gregos até o final do século XVII), a 
 
 
3 
empírica (que se estende desde a medicina grega e Aristóteles até o final do 
século XIX) e a construtivista (iniciada no século XIX). Para a autora, 
 na concepção racionalista, a ciência é caracterizada por uma forma de 
conhecimento racional, dedutiva e demonstrativa, como a matemática, 
capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e 
resultados, sem deixar dúvidas; 
 na concepção empirista, a ciência é apresentada como uma interpretação 
dos fatos que se baseia na observação e em experimentos que possibilitam 
o estabelecimento de conclusões, as quais são capazes de definir o objeto, 
suas propriedades e suas leis de funcionamento; 
 na concepção construtivista, a ciência é definida por uma criação de 
modelos explicativos para a realidade e não uma apresentação 
propriamente dita da realidade. Segundo De Francisco (2005), o cientista 
construtivista não apresenta uma verdade absoluta, mas sim uma verdade 
aproximada e que pode ser corrigida, modificada ou abandonada por outra 
mais adequada aos fenômenos observados. 
Atualmente, as ciências são divididas em exatas, naturais ou humanas, de 
acordo com seus distintos objetos de pesquisa. Assim, os modos de explicar e 
compreender passaram por diversas transformações com o decorrer do tempo, 
possibilitando ao ser humano adquirir conhecimento e obter informações acerca 
do mundo em que vive. 
De acordo com Aranha e Martins (1998), a passagem de uma consciência 
mítica e religiosa para uma consciência racional e filosófica não ocorreu de uma 
hora para outra, de modo que esta transição foi resultado de um processo que 
ocorreu ao longo do tempo. 
 Segundo Armstrong (2008), os filósofos gregos foram os primeiros a 
explicarem, por meio da razão, a natureza e os fenômenos naturais a ela ligados. 
Neste período, portanto, houve o início da grande contribuição filosófica dos 
gregos, cuja influência é relatada até os dias atuais. 
TEMA 1 – A FILOSOFIA NATURAL DOS GREGOS 
Os gregos foram os que mais influenciaram a civilização ocidental na 
Antiguidade. Este povo apresentava características que os distinguia das demais 
civilizações destacadas naquele momento, como os babilônios e egípcios, devido 
 
 
4 
à visão de mundo destes povos estar relacionada aos livros sagrados e às 
explicações oriundas de autoridades religiosas. Os gregos não dispunham de 
livros sagrados, porém cultuavam deuses e divindades que participavam das 
fraquezas e virtudes humanas. Assim, a cultura grega, em parte assimilada pelos 
romanos posteriormente, deriva da educação e da pedagogia da civilização 
ocidental. 
De acordo com Zaleski (2009), a curiosidade intelectual dos gregos em 
absorver técnicas e conhecimentos de outras culturas, além do reconhecimento 
da razão autônoma e da inteligência crítica, contribuíram para o processo 
educacional ocidental. Dessa forma, a ausência de uma organização 
administrativo-religiosa permitiu que determinadas regras de comportamento e 
conduta não fossem impostas e o homem, independentemente de sua autoridade 
política ou religiosa, era valorizado em si. 
Segundo Silva (2010), quatro fatores propiciaram a origem e o 
desenvolvimento da ciência e da cultura grega: 
- uma grande curiosidade intelectual, que os levou a absorver 
conhecimentos e técnicas de outras culturas mais complexas; 
- a ausência de uma organização administrativo-religiosa que impusesse 
pautas rígidas de comportamento e de conduta; 
- o pequeno tamanho das cidades-estados, que facilitava a participação 
ativa de todos os cidadãos nos assuntos públicos, e sua proximidade 
física com as técnicas de produção; e 
- sua tendência à reflexão e seu afeiçoamento à argumentação e à 
dialética, que os impelia a contrastar ideias de cada um com as ideias 
dos demais. 
TEMA 2 – A EDUCAÇÃO HEROICA, CÍVICA, CLÁSSICA E HELENÍSTICA 
As cidades-estados gregas apresentavam um tamanho relativamente 
pequeno, de modo que esta característica permitiu aos cidadãos que tivessem 
uma participação ativa em assuntos de interesse da sociedade. Os gregos 
também valorizavam a educação nas esferas social e individual, e a educação dos 
gregos apresentou características que variavam de acordo com as épocas vividas 
por este povo, sendo elas: 
 Educação heroica. 
 Educação cívica. 
 Educação clássica. 
 Educação helenística. 
 
 
5 
De acordo com Zaleski (2009), a educação heroica apresentava os seus 
princípios baseados nos conceitos de honra, valor, espírito de luta, sacrifício, além 
do espírito de emulação, que se traduz pelo desejo de se sobressair, de estar 
entre os primeiros e ser superior. Em um período bastante influenciado pelos 
poetas Hesíodo e Homero, a educação heroica se popularizou, sendo transmitida 
em palácios e castelos, para onde os jovens eram enviados com a finalidade de 
se tornarem escudeiros. Uma curiosidade é que não se sabe ao certo se o poeta 
Homero realmente veio a existir, porém, duas obras importantes desse período 
são atribuídas a ele, a Ilíada e a Odisseia. 
Hesíodo viveu no fim do século VII, e as narrações de seus poemas se 
mantiveram por tradição oral. Os seus ensinamentos apontam que a principal 
função da religião grega consistia em interpretar a natureza e seus processos em 
termos inteligíveis. 
No momento em que a educação cívica popularizou-se, a Grécia estava 
dividida em cidades-estados independentes, com seus reis e normas, 
destacando-se, neste período, Atenas e Esparta. A cidade-estado de Esparta 
permaneceu nas mãos de proprietários de terras, e Atenas culminou em uma 
sociedade democrática devido a lutas políticas, porém, apresentava uma 
quantidade significativa de escravos de origem estrangeira. 
Esparta destacou-se em virtude das característicasde seu povo 
militarizado, rude e inculto, de modo que a educação dos espartanos, severa e 
voltada à instrução militar, não tinha por finalidade formar um cidadão cavalheiro, 
mas sim um soldado. Os meninos que apresentavam deficiências de ordem física 
ou mental eram sacrificados, e o mesmo ocorria se não fossem suficientemente 
fortes e vigorosos. Após os 7 anos, a educação dos meninos era de 
responsabilidade do estado; aos 30 anos, os rapazes se tornavam oficiais do 
exército, adquirindo diversos direitos, como o voto, a liberdade de praticar 
relações sexuais com mulheres (até os 30 anos somente era permitido a relação 
sexual com outros homens) e o direito do matrimônio. Já as mulheres eram 
incentivadas a participar de atividades desportivas com a finalidade de gerar filhos 
sadios e vigorosos. Quando menstruavam pela primeira vez, passavam a ter aulas 
práticas de sexo, com a finalidade de gerarem bons cidadãos para o estado. 
Outra característica de Esparta era relacionada à geração de filhos, pois ter 
muitos filhos era sinônimo de vitalidade e força, desta forma, quantos mais filhos 
 
 
6 
uma mulher viesse a ter, mais valorizada ela seria. Esta modalidade de sistema 
educacional influenciou os regimes fascistas e nazistas. 
Já a cidade-estado de Atenas apresentou características muitos distintas 
às de Esparta. A educação propriamente dita se iniciava a partir dos sete anos de 
idade e se dividia em física e musical. A física compreendia os aspectos físicos e 
a formação de caráter, e a educação musical compreendia a poesia, além de 
gramática e retórica. 
Aos 18 anos de idade, os jovens prestavam uma modalidade de serviço 
militar, que compreendia o manejo de armas utilizadas em combates. Após esta 
fase, recebiam um escudo e uma espada e eram obrigados a prestar um 
juramento. Os jovens também eram preparados para a vida política e social, com 
aulas de oratória e ensinamentos em diversas áreas da ciência, destacando-se a 
fundação de comunidades de cultura, como a Academia de Platão e o Liceu de 
Aristóteles. 
O treinamento miliar foi lentamente substituído pela importância da palavra, 
sendo o processo de conhecimento transmitido com o acompanhamento de um 
pedagogo ou pela escola. Desta forma, os guerreiros com escassa instrução, aos 
poucos deram o lugar a cidadãos cultos que apresentavam interesse pelos 
assuntos da sociedade em que viviam. As mulheres tinham menos liberdade em 
Atenas do que em Esparta, e recebiam funções como a criação de filhos e o 
cuidado com a casa, a confecção de roupas, tapetes e cobertas. 
No período em que Atenas se tornou uma potência econômica e comercial, 
a educação clássica foi predominante. Neste período, os indivíduos se tornavam 
cidadãos somente quando exerciam determinadas funções, como o direito de 
opinar, discutir e votar em assembleias. Este novo ideal apresentava a finalidade 
de transformar os cidadãos em bons oradores, de modo que os sofistas davam 
este tipo de educação aos jovens. 
No período da educação clássica grega, outros intelectuais tiveram grande 
destaque, como Sócrates, Platão, Isócrates e Aristóteles, que deixaram seu 
legado por meio de obras de filosofia e política que apresentam uma influência na 
pedagogia até nos dias atuais. 
Com a conquista da Grécia pela Macedônia e pelo Império de Alexandre, 
teve início a última fase da educação grega, conhecida como helenística, o que 
gerou o enfraquecimento e a perda da autonomia das cidades-estados. 
 
 
7 
TEMA 3 – OS SOFISTAS 
Os sofistas tinham como objetivo a educação voltada a uma vida pública e 
à formação de políticos e oradores. De acordo com Zaleski (2009), a influência 
pedagógica dos sofistas pode ser sintetizada pelos seguintes ramos: 
 O valor humano é acentuado com o rompimento de moldes da organização 
estatal da polis, valorizando o homem individualmente. 
 As virtudes e as capacidades humanas não são reconhecidas como valores 
de uma minoria aristocrática, portanto, por meio da educação, todos 
poderiam ter acesso ao governo, desde que devidamente preparados. 
 A educação é organizada para intervenção na vida pública, com a 
finalidade do formar bons políticos e oradores. 
 A educação foi reestruturada com o acréscimo dos ensinamentos relativos 
à cultura geral, como o saber múltiplo e universal e não somente o retórico 
ou dialético. 
 É criada uma educação intelectual independente da educação ginástica e 
da musical, predominante naquele momento. 
 De forma generalizada, foram os fundadores do intelectualismo, do 
subjetivismo e do individualismo na educação, com todos os prejuízos e 
benefícios que se relacionam a estes conceitos, especificamente. 
O termo sofista foi interpretado equivocadamente por alguns autores. 
Tendo o sentido de “sábio”, ou “professor de sabedoria”, acabou recebendo 
significados pejorativos, como “homem que prega sofismas”, que se utiliza de má 
fé com a finalidade de enganar. Este fato ocorreu em função de se julgarem sábios 
e cobrarem pelos seus ensinamentos (Luzuriaga, 1969). 
TEMA 4 – ESTOICISMO, EPICURISMO E OS ROMANOS 
Com uma crescente preocupação com guerras e um contato com 
civilizações orientais, surgiu um novo tipo de intelectual na Grécia, que 
apresentava uma preocupação com questões éticas. Estas novas tendências 
foram representadas basicamente pelo estoicismo e pelo epicurismo. 
O estoicismo apresenta um ideal em que o ser humano, para ser feliz, deve 
fugir dos prazeres e zelar pela busca de uma autossuficiência, com o intuito de se 
afastar de bens materiais e dominar as suas paixões. O epicurismo prega que a 
 
 
8 
busca pelo prazer é o caminho para a felicidade. Assim, os indivíduos devem 
evitar tudo o que se opõe à felicidade e buscar, em contrapartida, uma 
aproximação a tudo o que venha a satisfazer suas necessidades espirituais e 
físicas. É importante destacar que, de acordo com esta filosofia, especificamente, 
os seres humanos não devem fazer uma busca descontrolada pelos prazeres, 
mas atender as suas verdadeiras necessidades com a finalidade de atingir um 
prazer duradouro, sereno e espiritual. 
A educação, sob o controle dos municípios (ou polis), passou a ser pública, 
mas ainda existia a educação no ensino privado, oferecida por escolas 
particulares que se mantinham por meio da contribuição dos próprios alunos. A 
educação ainda apresentava semelhança com épocas anteriores, porém, alguns 
conceitos foram alterados gradativamente, como uma menor preocupação com o 
corpo físico e um maior destaque para o controle dos sentidos e das paixões. A 
escrita, leitura e o cálculo tiveram um maior desenvolvimento, no entanto, os 
métodos aplicados eram basicamente memorialísticos, com uma disciplina muito 
rígida e a aplicação de constantes castigos corporais. Neste período, a 
matemática e a astronomia foram ensinadas, mas as ciências, de forma geral, 
apresentavam um papel secundário. 
Nesta época, houve uma inovação importante no ensino e que permanece 
atualmente, que é a divisão de disciplinas. A princípio, existiam dois grupos de 
disciplinas: o trivium e o quadritrivium. As disciplinas que ocupavam o grupo 
trivium apresentavam o significado de “cruzamento e a articulação de três ramos 
ou caminhos” e compreendiam o ensino de gramática, retórica e filosofia com o 
objetivo de realizar uma ligação da disciplina à mente, para que ela encontrasse 
uma expressão na linguagem, principalmente no que se relacionava ao estudo da 
matéria ou espírito. Já as disciplinas que englobavam o grupo quadritrivium eram 
aritmética, música, geometria e astronomia, e tinham o objetivo de desenvolver 
meios e métodos para o conhecimento da matéria. 
O ideal grego na educação sofreu significativas transformações desde os 
tempos heroicos até o helenismo, como a alteração no cuidado com o corpo a 
cada período. Embora isso tenha sido constante, bem como a ênfase à habilidade 
guerreirado cidadão no início, os cidadãos eram incentivados a frequentar 
ginásios, onde havia um predomínio da educação física e esportiva. 
Posteriormente, a retórica e literatura se tornaram importantes, merecendo 
 
 
9 
destaque a desvalorização do trabalho manual, até então associado a uma 
atividade servil. 
A cultura grega antiga, considerada a base cultural ocidental, deixou 
grandes contribuições em diversos aspectos da modernidade, como a linguagem, 
a política, o sistema educacional, a filosofia, a ciência, a tecnologia, a arte e a 
arquitetura, influenciando significativamente os romanos bem como diversas 
regiões da Europa e as Américas. 
Com a expansão territorial e as rivalidades entre as cidades-estados gregas 
(especialmente Atenas e Esparta), houve um enfraquecimento do império grego, 
de modo que, por volta do século II a.C., a Grécia foi conquistada pelo rei romano 
Felipe II. Alguns autores afirmam que, militarmente, Roma conquistou a Grécia, 
porém, culturalmente, a Grécia se sobrepôs a Roma em diversos aspectos, como 
em artes, arquitetura, ciências e pintura. Desta forma, a cultura greco-romana se 
espalhou pelo ocidente por intermédio da língua latina, que originou os idiomas 
neolatinos, como o português, o francês, o italiano, o espanhol e o romeno. 
Segundo Zaleski (2009), os romanos eram divididos basicamente em 
quatro grupos sociais: 
 Os patrícios, proprietários de terras, que possuíam direitos políticos e 
cargos públicos. 
 Os clientes, que prestavam serviços diretos aos patrícios e recebiam 
proteção da classe dominante, além de gozarem de direitos políticos e 
militares. 
 Os plebeus, que apresentavam responsabilidade sobre o comércio, 
artesanato e agricultura, porém não possuíam direitos políticos. 
 Os escravos, que não tinham direitos e eram tratados como objetos, 
podendo ser vendidos, trocados ou empresados por seus proprietários. 
Uma atividade praticada com excelência pelos romanos foi a arquitetura, 
sendo considerados grandes solucionadores de problemas relacionados à 
ventilação, iluminação e circulação de ar, com a permanência dos estilos gregos 
– jônico e coríntio – nas colunas, misturados aos estilos próprios de colunas 
romanas, como o toscano e compósito. No campo das artes, os gregos exerceram 
grande influência sob os romanos, porém, os romanos foram influenciados 
também pelos orientais e etruscos (povo que vivia na atual Itália) em relação à 
 
 
10 
criação de monumentos, já que dominaram técnicas de pintura, escultura, 
ourivesaria e metalurgia. 
A mitologia era utilizada pelos romanos para explicar fenômenos naturais 
que não podiam ser explicados pela ciência. A mitologia romana foi inspirada, em 
grande parte, pela mitologia grata, e, posteriormente, em Roma, houve o 
surgimento de uma mitologia mais relacionada aos rituais, composta por danças, 
sacrifícios e invocações de determinadas divindades. 
De acordo com Zaleski (2009), a base do ensino que conhecemos 
atualmente foi criada pelos romanos, dividindo-se em três graus: 
 As escolas denominadas ludi-magister eram responsáveis pela educação 
elementar. 
 As escolas-gramático eram responsáveis pelo ensino correspondente ao 
atual ensino secundário. 
 O ensino superior era semelhante a uma universidade (as universidades 
surgiram na Idade Média), sendo dedicado principalmente ao estudo do 
direito e filosofia. 
Uma característica de grande importância do sistema educacional romano 
foi a criação de um departamento, de controle do estado, que coordenava todas 
as instituições de ensino distribuídas nas províncias do Estado. As classes 
dominantes tinham direito a acesso nestes centros e se dedicavam ao estudo da 
literatura e retórica (conhecimentos dignos da elite). Havia uma preocupação dos 
romanos com o restante da sociedade, de modo que eram fornecidos 
conhecimentos relacionados à aplicação de seus ofícios. Para os escravos, 
ensinava-se práticas de “boas maneiras”, e alguns eram iniciados na leitura e 
aritmética com finalidade de prestar auxílio como secretários ou leitores aos seus 
senhores. 
 Os romanos davam grande importância para as leis, fato que fez com que 
o direito se desenvolvesse consideravelmente nesta época. Os estudos das 
ciências não foram estimulados e as principais contribuições neste campo vieram 
de conhecimentos adquiridos pelos gregos, com algumas inovações. 
TEMA 5 – A EDUCAÇÃO NOS POVOS PRIMITIVOS AMERICANOS 
O foco desta aula foi uma apresentação da educação na Grécia Antiga e 
as suas contribuições para as civilizações, com reflexos no sistema educacional 
 
 
11 
utilizado no Brasil. Embora existam poucos registros de como viviam os povos 
primitivos das Américas em períodos anteriores à colonização, existem alguns 
dados de como eram transmitidos seus conhecimentos e alguns aspectos de suas 
culturas, que também contribuíram com o modelo de educação que temos hoje 
em nosso país. 
De acordo com Chassot (1999), cerca de quatro séculos antes da chegada 
dos colonizadores nas Américas, o Império Inca foi fundado (localizado na 
extensão que compreende o atual Equador, passando pelo Peru, determinadas 
regiões da Bolívia, até o norte do Chile e noroeste do Equador). Este império foi 
originado pela junção de grupos indígenas que apresentavam algumas 
características em comum, como o governo, a religião e o idioma, porém 
apresentavam origens culturais distintas. Estes fatores influenciaram os aspectos 
culturais e o desenvolvimento da educação no Império. 
De acordo com D’ambrosio (1998), no Império Inca não era utilizado um 
sistema de escrita que viesse a representar a palavra falada, porém, supõe-se a 
existência de uma escrita que se baseava em códigos numéricos, conhecida como 
Runa Simi. 
Algumas ciências foram bastante desenvolvidas no Império Inca, como a 
matemática e a geometria plana, utilizada para medir terrenos, bem como ângulos 
de terrenos irregulares em graus. O conhecimento matemático era aplicado à 
resolução de problemas práticos, como o censo populacional, agrícola e pastoril. 
Segundo o Ministério da Educação (2006), em Cusco (cidade peruana), havia 
colégios destinados à aristocracia cusquenha e aos nobres de suas províncias no 
período anterior à conquista dos espanhóis, nos quais os governos estudavam a 
língua, o cálculo, além da história e da mitologia inca. 
A atividade intelectual inca apresentava estágios avançados nos estudos 
da astronomia, e os calendários incas eram mais precisos do que os calendários 
europeus (na época). 
 Em relação aos povos indígenas no Brasil, de acordo com Chassot (1999), 
uma das mais convincentes explicações sobre as diferenças culturais entre os 
indígenas brasileiros e os incas é a necessidade de estes últimos viverem em 
locais que apresentavam uma geografia praticamente inóspita, que os obrigava a 
adotar práticas mais evoluídas. Os indígenas localizados no Brasil tinham mais 
facilidades para a obtenção de recursos, vivendo da caça e da coleta de alimentos, 
os incas, por sua vez, tinham uma agricultura mais avançada. 
 
 
12 
FINALIZANDO 
Vimos como era o sistema Educacional na Grécia Antiga e quais as 
contribuições desta civilização para as épocas futuras. Verificamos que as etapas 
detectadas na histórica da educação são reflexo das aspirações, das 
necessidades e dos ideais da sociedade e variam continuamente. Conhecemos 
os principais pensadores de cada período, algumas de suas obras e as 
contribuições de épocas anteriores. Vimos que os objetivos educacionais variam 
conforme a época e a cidade grega. 
Evidenciamos que, predominantemente, a aristocracia e os homens tinham 
privilégios de receber a educação em maior quantidade e qualidade. A influência 
grega sobre os romanos também foi demonstrada. 
Por fim, tratamos da educação na América Latina nos períodos anteriores 
à colonização europeia, destacando a civilização inca. 
LEITURA OBRIGATÓRIATexto de abordagem teórica 
Buscando aumentar o conhecimento a respeito da educação na Grécia Antiga, 
indicamos os links a seguir. 
<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0146.html> 
<http://www.ebah.com.br/content/abaaaaxdaak/educacao-na-grecia-antiga> 
<http://historiadomundo.uol.com.br/grega/educacao-grega.htm> 
 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 2. ed. São Paulo: 
Moderna, 1998. 
ARMSTRONG, D. L. P. Fundamentos filosóficos do ensino de Ciências 
naturais. Curitiba: InterSaberes, 2012. 
CHASSOT, A. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994. 
_____. A ciência através dos tempos. 8. ed. São Paulo: Moderna, 1999. 
CHAUI, M. As três principais concepções de ciência. Disponível em: 
<http://www.ibamendes.com/2011/04/as-tres-principais-concepcoes-de.html>. 
Acesso em: 19 jun. 2018. 
D’AMBROSIO, U. Etnomatemática: arte ou técnica de explicar e conhecer. São 
Paulo: Ática, 1998. 
FRANCISCO, G. C. B. Algumas concepções de ciência. Disponível em: 
<http://www.ibamendes.com/2011/01/algumas-concepcoes-de-ciencia.html>. 
Acesso em: 19 jun. 2018. 
LUZURIAGA, L. História da educação e pedagogia. São Paulo: Nacional, 1969. 
(Coleção Atualidades Pedagógicas, v. 59). 
BRASIL. Ministério da Educação. Química: Ensino Médio / Eduardo Fleury 
Mortimer (Org.). Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação 
Básica, 2006. 222 p. (Coleção Explorando o Ensino, v. 5). 
SILVA, A. L. B. B. Da physis à física, o livre contexto sobre a essência da 
matéria: o átomo. Disponível em: 
<https://books.google.com.br/books?id=YdP8AQAAQBAJ&pg=PA8&dq=Da+phy
sis+%C3%A0+f%C3%ADsica,+o+livre+contexto+sobre+a+ess%C3%AAncia+da
+mat%C3%A9ria:+o+%C3%A1tomo&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwj_xOq3iYzWAhWD5SYKHQwBD5YQ6AEIJzAA#v=on
epage&q=Da%20physis%20%C3%A0%20f%C3%ADsica%2C%20o%20livre%2
0contexto%20sobre%20a%20ess%C3%AAncia%20da%20mat%C3%A9ria%3A
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SOUZA, S. M. R. Um outro olhar: filosofia. São Paulo: FTD, 1995. 
 
 
14 
ZALESKI, T. Fundamentos históricos do ensino de Ciências. Curitiba: Ibpex, 
2009.

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