Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Módulo 3: Qualificação das práticas nos diferentes cenários de educação em saúde PROCESSO DE AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS NOS CONTEXTOS DE SAÚDE UNIDADE 1 CRÉDITOS APPENZELLER, Simone. Processo de avaliação das práticas nos contextos de saúde - Unidade 1. In: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. DIRETORIA DE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO. Curso de Formação de Preceptores da Educação em Saúde - FORPRES - Módulo 3: Qualificação das práticas nos diferentes cenários de educação em saúde. Brasília: DDES/MEC ; São Luís: DTED/ UFMA, 2023. p. 05-63. COMO CITAR ESTE MATERIAL Coordenação Geral do Curso Profa. Dra. Christiana Salgado (DTED/UFMA) Supervisão Pedagógica e de Orientação Educacional Profa. Dra. Patrícia Maria Abreu Machado (DTED/UFMA) Profa. Dra. Christiana Salgado (DTED/UFMA) Prof. Dr. Sérgio Santos Professora Autora Simone Appenzeller Validação Técnica Sílvio Pessanha Neto Coordenação de Produção Profa. Dra. Christiana Salgado (DTED/UFMA) Camila Pontes (DTED/UFMA) Adirce Senna (MEC) Supervisão de Produção e Monitoramento Discente Alessandra Viana Natividade Oliveira (DTED/UFMA) Supervisão de Oferta e Marketing Educacional Prof. Dr. Rodolfo Viana (DTED/UFMA) Design Instrucional Steffi Greyce de Castro Lima (DTED/UFMA) Profa. Dra. Christiana Salgado (DTED/UFMA) Design Gráfico Vital Amorim (DTED/UFMA) Sabrina da Silva Carneiro (DTED/UFMA) Equipe de Tecnologia da Informação Anilton Maia (DTED/UFMA) Jone dos Santos Sodré Correia (DTED/UFMA) Supervisão EAD Thaísa Dias (DTED/UFMA) Comunicação Sanndila Brito (DTED/UFMA) Deise Elen Alves de Paula Carvalho (DDES/MEC) Administradores AVA Gregory Kevin Martins Bastos de Souza (DTED/UFMA) Fábio José de Castro e Lima (DTED/UFMA) Olá! Seja bem-vindo! Nesta unidade, iremos abordar a educação em saúde e analisar a qualidade do atendimento prestado à população através do SUS. Vamos apontar as características e as diferenças entre o ensino nos distintos cenários de prática e ensinar como elaborar indicadores para avaliação dos aspectos institucionais e do desempenho de práticas. Por fim, iremos discutir a importância do feedback e como elaborar um feedback estruturado. Vamos lá? Boa leitura! Aproveite o conteúdo e bons estudos! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO Tópicos Abordados Introdução p 05 p 07 01 A educação nos diferentes cenários de prática da preceptoria em saúde 02 p 62Síntese da unidade Referências p 63 03 Elaboração de indicadores para avaliação p 24 04 Etapas para elaboração e aplicação de feedback estruturado p 49 5 1- Introdução No Brasil, a força de trabalho na saúde compreende 1,5 milhão de profissionais da saúde registrados em conselhos profissionais (ALMEIDA-FILHO, 2011). A rede do SUS é o principal empregador do país: A rede SUS também é o principal campo de estágio para os profissionais de saúde, incluindo graduação e residência (ALMEIDA- FILHO, 2011). A presença de graduandos e residentes em cenários de prática estimula a reflexão e o aprimoramento constante por parte da equipe. 6 Ao mesmo tempo, é importante lembrar que a ampliação do ensino superior e a própria demanda do SUS têm forçado uma substituição do padrão reducionista, orientado para a doença, centrado no hospital e orientado para a especialização, atualmente vigente na educação profissional, por outro modelo mais humanista, orientado para a saúde, com foco nos cuidados de saúde primários e socialmente comprometido (ALMEIDA-FILHO, 2011). Essa mudança foi incorporada na maioria das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) das profissões de saúde. Com a ampliação dos cenários de prática, faz-se necessário um aumento crescente de preceptores que auxiliam na formação dos graduandos e residentes. A capacitação dos preceptores é fundamental para garantir uma boa e sólida formação aos graduandos e residentes. 7 2- A educação nos diferentes cenários de prática da preceptoria em saúde Tradicionalmente, o ensino de profissões de saúde ocorreu primariamente em hospitais universitários. No relatório Flexner, publicado em 1910, propunha-se que hospitais e enfermarias fossem os principais campos de ensino (ALMEIDA-FILHO, 2010). Esse modelo foi disseminado no século XX até o surgimento do conceito da medicina preventiva. A medicina preventiva baseia seus conceitos na integralidade, sendo um modelo mais humanista e centrado no paciente, visando o equilíbrio entre a excelência técnica e a relevância social no ensino médico (ALMEIDA-FILHO, 2010; NEVES; NEVES; BITENCOURT, 2005; NOGUEIRA, 2009). Simultaneamente, os estudos sobre a ecologia dos cuidados médicos demonstraram que a maior parte da demanda de saúde de uma população não está no ambiente hospitalar ultra especializado, e sim na atenção primária de saúde (GREEN; FRYER JUNIOR; YAWN; LANIER; DOVEY, 2001; WHITE; WILLIAMS; GREENBERG, 1996). Na verdade, a minoria dos atendimentos chega aos serviços ultra especializados. 8 Fonte: Adaptado de GREEN, Larry A. et al. The ecology of medical care revisited. New England Journal of Medicine, v. 344, n. 26, p. 2021-2025, 2001. Assim, a integralidade propôs um novo modelo pedagógico, caracterizado por uma maior integração curricular e valorização das dimensões sociais, econômicas e culturais das populações. Como mudanças principais, trazia: 9 Sendo assim, os currículos das profissões da saúde precisaram ser modificados. A formação de profissionais de saúde precisou, então, ao longo das últimas décadas, ser reestruturada e incluir novos cenários de prática. Os conceitos de integralidade e a diversidade de cenários foram enfatizadas nas diferentes Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), as quais estipulam que a formação de profissionais de saúde deve ser orientada (BRASIL, 2001a, 2001b; CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA, 2002): Nas mais recentes DCNs da Medicina, que constam da resolução Nº 3, de 20 de junho de 2014, ainda se enfatiza que o ensino deve dar centralidade para o ensino da atenção básica organizado e coordenado pela área de Medicina de Família e Comunidade e fortalecer também áreas como a atenção às urgências e à saúde mental (BRASIL, 2001b). Essas mudanças implementadas nas DCNs a partir de 2014 estão integradas à estrutura organizacional do SUS. A Educação Permanente em Saúde atua de forma a garantir a presença de alunos de graduação e de educação técnica em saúde nos diferentes cenários de prática do SUS (BRASIL, 2005a). 10 IMPORTANTE O SUS é formado por uma rede integrada composta por diferentes serviços de saúde, sendo a atenção primária o serviço de menor custo e complexidade, atendendo o maior volume de consultas, como mostra a figura abaixo: Considerando esta figura, em que cenário de prática você se insere como preceptor? O serviço de urgência e emergência também se organiza integrado às demais áreas, ampliando os espaços de práticas para alunos de graduação e residência, como vemos na figura abaixo: 11 O preceptor deve atentar que graduação e residência possuem nítidas diferenças nos processos de ensino-aprendizagem, assim como de atribuições, responsabilidades e competências desenvolvidas. Os graduandos têm autonomia limitada e formação com enfoque generalista. A seguir descrevemos as formas como isso pode acontecer: Nos anos iniciais dos cursos, muitas vezes, eles são observadores de prática. 12 Nos casos de residência médica, a formação é mais especializada e o residente tem autonomia crescente durante sua formação, com supervisões diretas e indiretas, de forma intermitente e com aumento progressivo da independência. Aos poucos, também participam ativamente do atendimento, porém a preceptoria deve ser constante e direta. Veja como exemplo a situação vivida pelos nossos preceptores Márcio, Helena e Joana, e seus graduandos Pedro e Andrea. Fonte: Adaptado de: Borges et al. (2014); Botti; Rego (2008); Ferreira (2022) Junqueira; Oliver (2020). 13 P: Hoje é nosso primeiro dia de internato e estamos aqui na UBS. Estou ansioso e curioso para saber o que vamos aprender. A: Minhas amigas estãono SAMU hoje e já participaram de vários atendimentos. Aqui vai ser muito chato, não vai ter emoção. H: A atenção primária e a rede de urgência têm características distintas. Cada serviço tem suas fortalezas e limitações. Uma diferença importante que vocês poderão observar é a autonomia do paciente, que aqui na UBS é muito maior que nos serviços de urgência e emergência. P: Mas o que precisamos fazer de diferente aqui em relação ao que fazemos no SAMU? 14 M: Comunicação e compreensão são aspectos fundamentais na atenção primária. Acolhemos o paciente e suas famílias. Nem sempre resolvemos todas as demandas em uma única consulta. A possibilidade do acompanhamento longitudinal é outra característica do atendimento da atenção primária. A: Verdade!! Na urgência, precisamos resolver o problema de saúde o mais rápido possível, pela gravidade. Aqui podemos conversar por mais tempo? J: Isso mesmo pessoal! Vamos começar o atendimento? 15 IMPORTANTE Nos ambientes de prática clínica, o conhecimento é diretamente aplicado à assistência aos pacientes, e competências como anamnese, exame físico e raciocínio clínico são mais bem aprendidas e aprimoradas pelos graduandos e residentes nesses cenários. A partir da exposição a pacientes reais, com graus distintos de complexidade, o graduando/residente torna-se cada vez mais envolvido e motivado. Ao longo de sua formação, cresce o nível de autonomia e autoconfiança através da condução de casos clínicos variados e de complexidade diversa. Habilidades interpessoais também são desenvolvidas, como comunicação, trabalho em equipe e profissionalismo (NUNES; MICHEL; HADDAD; BRENELLI; OLIVEIRA, 2011). Um aspecto importante a ser lembrado é que a inserção de alunos de graduação nesses cenários diversos faz com que os alunos tenham contato com pacientes com diferentes níveis de autonomia. As unidades de atenção primária, domicílios e ambulatórios, por exemplo, são ambientes com grande autonomia dos pacientes, que exige capacidade de diálogo e compreensão. As Unidades de Terapia Intensiva, por seu turno, são ambientes com mínima autonomia do paciente, com risco de morte e demanda de alta tecnologia (BRASIL, 2014; GUTIÉRREZ-CIRLOS; NAVEJA; SÁNCHEZ-MENDIOLA; GUTIÉRREZ-CIRLOS; NAVEJA; SÁNCHEZ-MENDIOLA, 2020). 16 Cada um desses cenário tem suas peculiaridades, fortalezas e limitações. Eles têm em comum o fato de que cada um deles deve assumir compromissos com a integralidade, qualidade e continuidade da atenção. Os cenários práticos trazem oportunidades de aprendizagem mais diversificados e realistas do que as encontradas em textos, salas de aula ou ferramentas digitais. E na prática, tanto para graduação como para residência médica, a exposição a esses cenários é fundamental para estimular o raciocínio clínico e aprimorar a prática profissional (GUTIÉRREZ-CIRLOS; NAVEJA; SÁNCHEZ- MENDIOLA; GUTIÉRREZ-CIRLOS; NAVEJA; SÁNCHEZ-MENDIOLA, 2020). Atividade de reflexão Considerando a figura abaixo, vamos refletir sobre a inserção dos alunos que você supervisiona (por exemplo, de medicina, enfermagem, fisioterapia, odontologia) na rede do SUS. Eles se inserem em todas as esferas de atenção definidas pela Constituição Federal e pelas DCNs? Qual proporção de tempo eles ficam em cada cenário de atenção primária, secundária e terciária? 17 Fonte: Adaptado de GREEN, Larry A. et al. The ecology of medical care revisited. New England Journal of Medicine, v. 344, n. 26, p. 2021-2025, 2001. Não se desespere, se você não souber. Este curso foi elaborado para auxiliar na formação de preceptores e só aprendemos algo se estamos conscientes que não sabemos. 18 Na figura abaixo, demonstramos o ciclo de conhecimento. É importante lembrar que ele se aplica aos graduandos e residentes. O conhecimento desse ciclo pode ajudar você a aumentar o engajamento dos estudantes e residentes na prática clínica e entender a insegurança de outra forma. Qual a importância do preceptor? Os preceptores são definidos como os profissionais responsáveis pela supervisão e orientação de estudantes e residentes nos cenários de práticas assistenciais, de maneira a fomentar seu desenvolvimento humanístico e ético, bem como sua responsabilidade social e suas competências clínicas e práticas. 19 Além disso, o ensino clínico ocorre em meio às rotinas dos preceptores, os quais necessitam tomar decisões acerca do manejo clínico de pacientes concomitantemente ao aprendizado dos educandos, o que aumenta o desafio no dia a dia (RAMANI; LEINSTER, 2008). Em geral, os preceptores encontram-se vinculados aos serviços de saúde, nos quais exercem funções assistenciais, o que demanda que sejam capazes de conciliar responsabilidades clínicas e educacionais (BOTTI; REGO, 2008; BRASIL, 2005b). 20 Porém, frequentemente, por não ter vínculo com a Instituição de Ensino Superior (IES), os preceptores não têm conhecimento do currículo do estudante e ocorre o que observamos na figura ao lado: currículo, atividade no campo de prática e avaliação completamente separados. Isso acontece porque o estágio de prática, o currículo e o método de avaliação não estão alinhados. Por esse motivo, é comum ouvirmos o comentário clássico dos graduandos de que não cai na prova o que aprendem no estágio. Assim, é importante que você, preceptor, saiba as competências que devem ser ensinadas no estágio que você supervisiona para que elas possam ser avaliadas de forma adequada: 21 Tradicionalmente, o processo de ensino-aprendizagem em contextos clínicos, principalmente no internato e na residência médica, consiste em graduandos e/ou residentes atendendo pacientes e posteriormente discutindo casos e condutas com seus preceptores. Nesse caso, dependendo da autonomia do estudante e/ou residente, o preceptor pode verificar achados da história e do exame físico com o paciente ou confiar no relato detalhado feito pelo estudante (CHEMELLO; MANFRÓI; MACHADO, 2009; FERREIRA, 2022). Vários modelos de discussão têm sido propostos para otimizar e padronizar a discussão de casos clínicos, uma vez que o modelo tradicional (modelo de Sócrates) é longo e demorado. Aqui iremos apresentar alguns dos modelos mais utilizados na prática clínica, mas ressaltamos que não existe um modelo melhor do que outro. O importante é o preceptor estar familiarizado com o modelo utilizado e apresentá-lo aos graduandos/residentes no início do estágio, explicando a forma de discussão e os objetivos associados ao modelo adotado (SKARE, 2012). IMPORTANTE Você, preceptor, é fundamental na formação dos estudantes/residentes e deve sim ter um conhecimento das competências a serem desenvolvidas no cenário de prática em que você atua. A natureza da residência compreende não apenas um projeto educacional de especialização isolada, tampouco é somente um processo de trabalho. A junção desses dois aspectos marca o reconhecimento e a valorização do papel do trabalho como instrumento de aprendizagem (NUNES; MICHEL; HADDAD; BRENELLI; OLIVEIRA, 2011). 22 SNAPPS é o acrônimo de sumarizar (summarize), numerar (narrow), analisar (analyze), perguntar (probe), planejar (plan), selecionar (select) (PASCOE; NIXON; LANG, 2015). Este modelo é centrado nos graduandos/residentes, fomentando o raciocínio clínico e o pensamento crítico, em seis etapas. Para sua utilização, é essencial que o graduando/residente conheça as diferentes etapas antes de iniciar a discussão: O graduando/residente deve apresentar uma anamnese resumida, focada na queixa e com informações condensadas, utilizando preferencialmente termos técnicos. O graduando/residente deve estabelecer hipóteses diagnósticas e diagnósticos diferenciais, levando em consideração dados epidemiológicos do paciente. As hipóteses e os diagnósticos diferenciais devem ser apresentados em forma decrescente de prevalência e importância. 23 As hipóteses levantadas devem ser analisadas de acordo com achados clínicos. De acordo com o conhecimento do graduando, o preceptor precisa atuar mais ou menos nessa etapa O graduando/residentedeve levantar suas dúvidas relacionadas ao caso para iniciar a discussão com o preceptor. O graduando/residente deve propor um plano terapêutico. Em caso de discussão de equipe, membros da equipe multiprofissional também devem ser incluídos na discussão. O graduando/residente e o preceptor devem selecionar pontos que necessitam de aprofundamento teórico para que o graduando possa direcionar seus estudos de forma objetiva e clara. 24 Como elaborar indicadores para avaliação dos aspectos institucionais, de relacionamento interpessoal, de conduta profissional e de aspectos técnicos relacionados ao trabalho do graduando, interno e residente? Nossos estudantes Pedro e Andrea já estão inseridos há 4 semanas na UBS, vamos refletir sobre a conversa deles com seus preceptores? 3- Elaboração de indicadores para avaliação Joana: Andrea e Pedro, o que vocês acharam do estágio? Andrea: Gostamos muito. Foi muito bom ver o papel da atenção primária no acolhimento do paciente, que vai além do diagnóstico de doenças. Pedro: Sim, foi excelente. Participamos de visitas domiciliares, campanha de vacinação e de grupos, orientando as pessoas hipertensas e diabéticas. Andrea: A única coisa é que o que aprendemos aqui não caiu na nossa prova. Marcio: O que caiu na prova? Pedro: Caíram questões de estadiamento de neoplasia de cabeça e pescoço, tratamento de hipertensão arterial refratária, entre outros. 25 Helena: Quem fez a prova? Andrea: A prova foi feita pelo gestor do módulo responsável pela atenção primária, o professor Wagner. Marcio: Vamos conversar com ele. Mas ficamos felizes que gostaram do estágio. Esperamos tê-los aqui como colegas no futuro. Andrea: Com certeza. Até decidi fazer medicina de família. Joana: Que bom. Boa sorte! Após a saída dos estudantes Márcio (M), Helena (H) e Joana (J) continuam a conversa. Joana: Pedro e Andrea são ótimos. Mas levantaram um aspecto importante. Eles estão aqui na unidade conosco, mas não sabemos muito sobre o curso deles. Helena: Verdade! Muitos já me falaram que o que aprendem aqui não cai na prova. Marcio: Vamos marcar um encontro com o coordenador de graduação para perguntar? Joana: Sim, senão sempre seremos aqueles que não ensinam o que cai na prova. Como vimos na seção anterior, a integração curricular com os cenários de prática e a avaliação é fundamental para que ocorra um alinhamento entre o que se espera que o graduando/residente aprenda, o que ele aprende e o que lhe é exigido na avaliação (SCHONROCK-ADEMA; BOUWKAMP-TIMMER; VAN HELL; COHEN-SCHOTANUS, 2012). 26 A avaliação é parte integrante do processo de ensino e aprendizagem. Necessariamente, ela precisa ser parte do currículo e alinhada com os objetivos e as experiências educacionais. Para elaboração de indicadores de avaliação, precisamos primeiramente conhecer o currículo, os objetivos educacionais e o ator (graduando, interno ou residente) e alinhá-los. Observe a figura abaixo. Fonte: Adaptada de R.M. Felder; Brent (1996). Portanto, o preceptor deve saber o que é essencial e o que é ideal na aprendizagem do estudante/residente durante o estágio. Isso não significa que outros conteúdos não possam ser abordados durante as discussões. Porém, nas avaliações, deve ser priorizado o conteúdo essencial. 27 Fonte: Adaptada de R.M. Felder; Brent (1996). Entretanto, o essencial não vai ser o mesmo para graduandos e residentes. Assim, em cenários de prática nos quais graduandos, internos e residentes atuam simultaneamente, o preceptor deve estar atento a essas diferenças. De qualquer modo, espera-se que as competências adquiridas aumentem de forma progressiva ao longo da formação. Observe a ilustração que demonstra as diferenças e inter-relações entre o conhecimento essencial nos diferentes níveis de formação. 28 Outro aspecto fundamental a ser considerado na elaboração de uma avaliação é que a prática de profissionais de saúde requer múltiplas capacidades, incluindo as cognitivas e psicomotoras, bem como habilidades e atitudes. Um único método de avaliação é geralmente incapaz de capturar todas essas habilidades, então vários métodos de avaliação são necessários. Para que se obtenha o melhor resultado, esses métodos devem ser coordenados e combinados. Isso não significa que você, preceptor, deve ser responsável por aplicar diferentes métodos de avaliação. No currículo do aluno, a avaliação deve ser descrita de forma detalhada para que cada ator saiba onde se insere. Por exemplo, não faz sentido, do ponto de vista educacional, que o preceptor no campo de prática aplique uma prova de questões de múltipla escolha que pode ser aplicada na IES. Isso não significa que você, preceptor, deve ser responsável por aplicar diferentes métodos de avaliação. No currículo do aluno, a avaliação deve ser descrita de forma detalhada para que cada ator saiba onde se insere. 29 Tradicionalmente as avaliações durante a graduação têm sido realizadas de maneira pontual, geralmente ao final de um módulo ou curso. Essa modalidade de avaliação, denominada somativa, tem como objetivo avaliar se o aluno assimilou os conteúdos fornecidos durante determinado período, ser classificatória e/ou certificativa, em que o aluno precisa atingir uma determinada nota para ser aprovado (BORGES et al., 2014). Embora esse tipo de avaliação também possa e deva gerar aprendizado, ela foca no resultado, e não na trajetória da formação do aluno (BORGES et al., 2014; ZEFERINO; DOMINGUES; AMARAL, 2007). Atuar de forma constante durante a trajetória de formação torna possível identificar em tempo hábil deficiências em conteúdo teórico e habilidades, permitindo orientações e ajustes, de tal forma que o aluno tenha a oportunidade de adquirir as competências desejadas (BORGES et al., 2014). Essa avaliação é denominada formativa. Nas residências médicas e multiprofissional, em que o aprendizado ocorre em serviço, a avaliação formativa torna-se ainda mais relevante (BORGES et al., 2014). IMPORTANTE Avaliar um aluno de graduação nas profissões de saúde ou um residente é parte integrante e fundamental da sua formação e deve fazer parte do aprendizado. Contudo, a avaliação torna-se um grande desafio nos diferentes cenários de prática, onde nem sempre o preceptor é treinado e orientado para realizar uma atividade de avaliação e desempenha inúmeras funções administrativas e de assistência simultaneamente (BORGES et al., 2014; ZEFERINO; DOMINGUES; AMARAL, 2007). 30 Espera-se do residente um ganho crescente de autonomia ao longo de sua formação, portanto a avaliação desse desenvolvimento, juntamente com as competências, exige um acompanhamento próximo, com avaliações formativas frequentes (BORGES et al., 2014). Conheça as principais diferenças entre avaliação somativa e formativa: SAIBA MAIS As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) aprovadas para o Curso de Medicina em 20 de junho de 2014 estabelecem que a avaliação deve ser baseada em competências, habilidades e conteúdos curriculares. Ademais, deve contemplar não só o conhecimento adquirido, como também habilidades específicas. AVALIAÇÃO Momento de realização no módulo Ao final do curso/módulo ou em momentos pré-estabelecidos Motivo Julgadora e hierarquizante Local Formal (local e horário pré- determinados) Objetivo primário Tomar decisão SOMATIVA Motivo Individualização do ensino-aprendizagem e identificação de falhas em tempo hábil de correção Local Formal e informal, durante o acompanhamento do aluno Objetivo primário Auxiliar no aprendizado Momento de realização no módulo Realizada ao longo do curso FORMATIVAVS 31 O conhecimento das competências a serem adquiridas, o cenário de prática e o tipo de avaliação a ser realizada (somativa ou formativa) são importantes para definir os indicadores de uma boa avaliação. Os indicadores utilizados para avaliação precisam levar em consideração os seguintes atributos: REFLETINDO Você se lembra da sua época de graduação? Como foi a avaliação? Achou suas avaliações justas? Agora como preceptor, você acha queavalia de forma justa? Os resultados de uma avaliação são apropriados para um propósito específico, conforme demonstrado por um conjunto coerente de evidências. Dizemos que uma avaliação é confiável se os mesmos resultados são obtidos em um momento diferente em mesmas condições ou quando diferentes avaliadores avaliam a mesma pessoa e os resultados são similares. A confiabilidade refere- se à consistência ou reprodutibilidade dos resultados da avaliação ao longo do tempo. Os fatores que diminuem a confiabilidade dos resultados dos testes (escrito avaliações) incluem poucos itens de teste, itens muito fáceis ou muito difíceis, uma faixa estreita de pontuações e falta de objetividade na pontuação (Figura 11) (SOOD; SINGH, 2012; DOWNING, 2004). Confiabilidade Validade 32 A mesma avaliação produz pontuações ou decisões equivalentes quando administrada em diferentes instituições ou ciclos de testes. A avaliação é prática, realista e sensata, dadas as circunstâncias e o contexto. A avaliação motiva aqueles que a fazem a se prepararem de forma a obter benefícios educacionais. A avaliação fornece resultados e feedback que motivam todas as partes interessadas a criar, aprimorar e apoiar a educação, o que impulsiona o aprendizado futuro e melhora a qualidade geral do programa. As partes interessadas aceitam o processo de avaliação e compreendem os resultados. O custo é um aspecto importante a ser considerado ao se propor um método de avaliação. Equivalência Viabilidade Efeito educacional Efeito catalisador Aceitabilidade Custo 33 Quando falamos de avaliação justa, consideremos de forma consciente ou inconsciente os atributos acima. A validade e a aceitabilidade são fundamentais tanto na avaliação formativa quanto na somativa. Os efeitos catalisador e educacional são muito importantes na avaliação formativa enquanto a confiabilidade e a equivalência são atributos fundamentais na avaliação somativa. Instrumentos de monitoramento Chamamos de instrumentos de monitoramento os questionários, supervisão, grupo de discussão etc., que servem para avaliação do desempenho das práticas profissionais nos diferentes cenários (graduação, internato e residência). Um dos aspectos mais frequentemente exigido pelos preceptores é a avaliação da frequência de graduandos e residentes, que pode ser avaliada por meio de formulários eletrônicos ou lista de presença. Porém é necessário avaliar outros aspectos relevantes ao aprendizado do graduando e residente. Com esse objetivo, muitas vezes são realizadas rodas de conversa no final do estágio, levantando-se pontos fortes e fracos do estágio. Embora elas tenham seu papel, trata-se de uma avaliação qualitativa e sujeita à interpretação. O ideal é que a avaliação seja estruturada, permitindo resultados objetivos. 34 Além da frequência, existem outros aspectos que necessitam ser avaliados em campos de prática (SCHONROCK-ADEMA; BOUWKAMP- TIMMER; VAN HELL; COHEN-SCHOTANUS, 2012). São eles: INSTRUMENTOS DE MONITORAMENTO Conteúdo educacional Comunicação e profissionalismo Avaliação por pares, autoavaliação e avaliação 360 graus Ambiente educacional Avaliação no campo de prática 35 Vamos conhecer como cada um destes aspectos podem ser avaliados como instrumentos de monitoramento? Ambiente educacional A aprendizagem em serviço requer atenção à educação e ao trabalho. O ambiente educacional é vital para a qualidade da educação, porque contribui para a percepção do estudante e influencia diretamente os seus resultados, a sua satisfação e o seu envolvimento (SCHONROCK- ADEMA; BOUWKAMP-TIMMER; VAN HELL; COHEN-SCHOTANUS, 2012). A percepção sobre o ambiente educativo pode influenciar o desempenho acadêmico do estudante durante o seu período de formação, e a análise da percepção dos alunos sobre o seu ambiente educacional pode fornecer subsídios importantes para melhorá-lo (GEEN, 2001; GUIMARAES et al., 2015). O ambiente educacional permite ainda efetuar uma análise comparativa dos resultados obtidos dentro de uma faculdade ou de faculdades distintas e em um mesmo curso ou em cursos diferentes. É também uma medida preditiva útil na identificação dos estudantes que serão bem ou malsucedidos em termos de resultados acadêmicos (ROFF, 2005). 36 Orientação para objetivos de aprendizagem, incluindo oportunidades de crescimento do estudante/residente e desenvolvimento da autonomia, em especial para pós-graduandos; Relações interpessoais capazes de gerar a afetividade necessária à interação e colaboração, como defende a Teoria do Aprendizado Social. Nesse ponto, vale ressaltar a importância do suporte emocional (e clínico) demandado por preceptores e estudantes/residentes; Organização e Regulação, que considera a estrutura, a disponibilidade de recursos/equipamentos e as questões de hierarquia. Três componentes são considerados definidores do ambiente favorável ao ensino-aprendizagem: SAIBA MAIS Algumas escalas foram desenvolvidas para mensurar o ambiente educacional, cada uma com características psicométricas e finalidades diferentes (SOEMANTRI; HERRERA; RIQUELME, 2010). Uma das mais estudadas, com boas validade e confiabilidade, elaborada para graduação, é a Dundee Ready Education Environment Measure (DREEM). Essa escala, validada para o português, verifica a percepção dos estudantes quanto ao ensino, aos professores e à atmosfera (Tabela 2) (ROFF, 2005; VIEIRA; PATROCINIO; ARRUDA, 2003). https://drive.google.com/file/d/1WGIVDu8w-Dg9y9_zIrIW7wAsA9tRriPd/view https://drive.google.com/file/d/1WGIVDu8w-Dg9y9_zIrIW7wAsA9tRriPd/view 37 Conteúdo educacional A avaliação do conteúdo educacional deve basear-se na pirâmide de Miller (MILLER, 1990): O conteúdo educacional pode ser avaliado com a utilização de questões abertas ou fechadas (múltipla-escolha). Nesse tipo de avaliação, também é possível avaliar o raciocínio clínico através da discussão de casos clínicos. A validade e confiabilidade vai depender do número de questões (NORCINI et al. 1985; NORCINI et al. 1984; NORCINI; SWANSON; WEBSTER, 1983; LEIGH; JOHNSON; PISACANO, 1990; STILLMAN; SWANSON, 1987; WASS; JOLLY, 2001; VAN DER VLEUTEN; VAN LUYK; SWANSON, 1988; NORCINI JR, 1999; RAM, et al, 1999; GORTER, et al, 2009; DAWSON et al, 1994). Porém é importante lembrar que nos cursos das profissões de saúde avaliar somente conteúdo cognitivo não é suficiente. 38 É importante avaliar também desempenho e comportamento. Um desempenho pode ser avaliado através da simulação clínica. As atividades de simulação podem adotar diferentes modelos (BRANDÃO; COLLARES; MARIN, 2014; IGLESIAS; PAZIN-FILHO, 2015; TRONCON, 2007; NEGRI; MAZZO; MARTINS; PEREIRA JUNIOR; ALMEIDA; PEDERSOLI, 2017). As atividades de simulação podem ser: paciente simulado, paciente padronizado ou ensaiado, paciente ator, simuladores de alta-fidelidade. Conheça cada um: Paciente simulado: profissionais de saúde, estudante ou professor assumem um papel de paciente, em atividades de simulação, com a finalidade de ensino ou de avaliação. Paciente padronizado ou ensaiado: um paciente que concordou em protagonizar o seu próprio quadro clínico, com finalidade educacional. Esses indivíduos agem e respondem aos questionamentos de acordo com suas próprias informações médicas e sociais. Paciente ator: um ator (amador ou profissional) desempenha o papel de um paciente em atividades de simulação clínica, geralmente em situações que exigem maior dramaticidade como comunicação de más notícias, atendimento de urgências e emergências e relações médico-paciente conflituosas. 39 Simuladores de Alta-Fidelidade: são manequins e/ou robôs comandados por computador. Essa experiência de aprendizagem pretende imitar a realidade do ambiente clínico. A simulação de alta- fidelidade permite alcançar múltiplos objetivos de aprendizagem, em um contexto realista e seguro para os participantes. Durante a simulação, os estudantes são expostos a diferentes situações que necessitam de homogeneização no atendimento, devido à pouca exposição no campo de práticaou à sua complexidade, podendo ser localizada em contexto hospitalar ou na comunidade, proporcionando-lhes oportunidades de mobilizar competências e treinar tomada de decisões, comunicação e trabalho em equipe (PRESADO et al, 2018). IMPORTANTE É importante lembrar que o treinamento e a avaliação através da simulação não substituem o treinamento e a avaliação no campo de prática. Porém, nos cenários de prática, muitas vezes o ensino é oportunístico, ou seja, o graduando/residente atende à demanda presente no momento. Assim, dependendo dos objetivos educacionais, a demanda oportunista pode ou não estar alinhada com o que se espera que o estudante/residente aprenda no cenário de prática. Por isso, é fundamental que você, preceptor, conheça os objetivos educacionais dos estudantes/residentes sob sua responsabilidade. 40 Diário de Bordo Fazer um diário de bordo é uma forma de quantificar o número de atendimentos, tipos de atendimentos (primeira consulta, retorno, acolhimento), principal diagnóstico e tipo de atuação (observador, atendendo sob supervisão direta ou indireta) (QUINLAN; PAPARO; GOOI; DEANE, 2022; KATRIN SCHÜTTPELZ-BRAUNS et al., 2016). Esse planilhamento permite ao preceptor uma visão global da atuação do estudante/residente na unidade e avaliar se o conteúdo proposto corresponde ao que é apresentado. Permite ao preceptor também fazer ajustes, como agendamento de pacientes específicos para aumentar a atuação do graduando/residente em uma doença prevalente com a qual teve pouca prática durante o estágio. Os diários de bordo são especialmente úteis se locais de prática diferentes estiverem envolvidos no treinamento dos graduandos/residentes. Esse fato é muito frequente, pois geralmente os graduandos/residentes são distribuídos em diferentes UBS de um mesmo município. O diário de bordo permite definir um padrão (mínimo) de treinamento necessário em cada cenário e ajudam os estudantes/residentes e preceptores a correlacionar os objetivos de aprendizagem com a realidade local e identificar quais objetivos de aprendizagem ainda não foram alcançados, elaborando um plano de aprendizagem. Portanto, o diário de bordo vai além de simples números e deve ser avaliado ao longo do estágio, e não somente no final (KATRIN SCHÜTTPELZ- BRAUNS et al., 2016). 41 Para que o uso do diário de bordo se torne uma fermenta útil no processo de ensino-aprendizagem, os seguintes pontos são fundamentais (KATRIN SCHÜTTPELZ-BRAUNS et al., 2016): Importante: Você, preceptor, não atua sozinho e faz parte de uma equipe responsável pelo aprendizado do graduando/residente. Mudanças em relação aos objetivos de aprendizagem e avaliação não devem ser feitas pontualmente, e sim discutidas com todos os envolvidos na formação do graduando/residente. 42 43 44 45 Relatam-se os fatos ocorridos na sua prática, propondo reflexão ou fundamentação para as respostas? Reflete-se sobre as situações ocorridas? Agrega-se fundamentação teórica? Indicam-se as fontes, confiáveis e atuais, consultadas no processo de construção do conhecimento? Propõe-se alguma intervenção? Demonstra-se capacidade de expressão escrita? Tem-se capacidade de síntese? Em muitos casos, o diário de bordo vem acompanhado de espaços para reflexão, e, nesse caso, ele é denominado de portfólio (DOMINGUES, et al. 2010; FORTE, et al., 2012; CHALLIS, 1999; MAIA; STRUCHINER, 2016). Os critérios de avaliação de um portfólio devem incluir vivência adquirida, capacidade de reflexão e de agregação de conhecimentos e propostas dos estudantes. As seguintes perguntas auxiliam na avaliação de um portfólio: Avaliação no campo de prática Consistem em instrumentos de avaliação que permitem avaliação do graduando/residente no campo de prática, a partir da observação direta dos preceptores da execução de procedimentos e consultas médicas. Essa modalidade de avaliação compreende o uso de checklists para determinar as competências a serem avaliadas. É importante notar que, independentemente do método utilizado, o feedback no final é essencial para aprimorar o aprendizado (NORCINI; BURCH, 2007). 46 Com sua característica de fornecer feedback estruturado sobre a observação clínica direta, o Mini-CEX serve tanto para avaliação somativa como formativa, promovendo maior retenção de conhecimento no corpo discente e fornecendo, continuamente, informações para que o estudante perceba o quão distante está dos objetivos almejados. Sendo o Mini-CEX um exame rápido e objetivo, o aluno poderá ser avaliado várias vezes durante o estágio e se, em determinada situação, ele lidar com um paciente difícil, em outro momento ele pode ser avaliado no atendimento a um paciente cooperativo e com um quadro patológico de fácil compreensão (MEGALE et al., 2009). O Mini-CEX é um método de avaliação que abrange os seguintes domínios: anamnese; exame físico; aconselhamento; julgamento clínico; organização; e profissionalismo. Cada item, recebe uma pontuação que varia de: 1–3 (insatisfatório); 4–6 (satisfatório); e 7–9 (superior) (MEGALE et al., 2009). 47 O MIni-CEX foi testado e validado para utilização em qualquer cenário de prática (OLIVEIRA; APPENZELLER; CALDAS, 2020) e a aplicação de 12-14 vezes por aluno tem um coeficiente de confiabilidade de 0,8 (HOLMBOE; HAWKINS; HUOT, 2004; NORCINI; BLANK; ARNOLD; KIMBALL, 1995; NORCINI; BLANK; DUFFY; FORTNA, 2003). Existe, porém, um ponto a ser discutido, que é o efeito halo. Notou-se uma correlação estatisticamente significativa entre o grau de complexidade do caso clínico e a nota dada pelo preceptor, como se o examinador compensasse o residente pela falta de sorte em ser avaliado em um caso difícil. Outra possibilidade é que casos mais complexos permitem ao residente demonstrar melhor seu desempenho (NORCINI; BLANK; DUFFY; FORTNA, 2003). Procedimentos também podem e devem ser avaliados de forma rotineira. O Direct observation of procedural skills (DOPS) permite a avaliação estruturada de um procedimento (exemplo: sutura, intubação orotraqueal) no campo de prática. É baseado em um questionário estruturado que leva em consideração todas as etapas do procedimento que podem ser elaboradas ou encontradas já descritas na literatura. A escala de avaliação costuma ser de 6 pontos para cada item, sendo que 1-2 está abaixo do nível esperado de competência, 3 reflete um nível limítrofe de competência, 4 atende ao nível esperado de competência e 5-6 estão acima do nível esperado de competência (RAMSEY, et al., 1996; WATSON et al., 2014). 48 Comunicação e profissionalismo Embora existam escalas específicas para avaliação de comunicação e profissionalismo, nem sempre a aplicação desses testes de forma isolada é factível em ambientes de grande demanda. Avaliação por pares, autoavaliação e avaliação 360 graus As avaliações por pares são instrumentos que propõem a análise mútua de estudantes e residentes de seus desempenhos, demonstrando maior capacidade de compreensão dos processos de formação uns dos outros. De maneira similar, a autoavaliação representa um exercício de reflexão e autocrítica dos educandos acerca de sua performance e desempenho, oportunizando a identificação de dificuldades e deficiências a serem corrigidas. Outra forma de avaliação efetiva é a avaliação 360, na qual todos os membros da equipe envolvida e os pacientes emitem opinião sobre o desempenho do estudante e residente. Esta última é muita eficaz, porém necessita de treinamento e maturidade de equipe. 49 4- Etapas para elaboração e aplicação de feedback estruturado Os preceptores Márcio (M), Helena (H) e Joana (J), conversam entre si: J: Estes alunos me deixam louca! Pedro sempre chega atrasado e Andrea demora uma hora por consulta. H: E acham que a nossa opinião sobre o desempenho deles não conta. A nota da prova é o que vale para aprovação. M: Podemos fazer uma lista de tudo que não concordamos e dar a eles no final do estágio. J: No curso de preceptoria, aprendi sobre feedback. Mas, antes, vamos conversar com o supervisor do estágio para definir melhor nossafunção na avaliação dos estudantes. Ele foi bem receptivo da última vez que conversamos sobre o conteúdo da prova. O feedback é uma forma de avaliação formativa. É uma devolutiva ao aluno ou residente de uma informação específica sobre a comparação entre a observação de seu desempenho realizado e o desejado para o seu nível, com a intenção de aprimoramento, reduzindo a distância existente entre o ideal e a prática (ZEFERINO; DOMINGUES; AMARAL, 2007): 50 Entretanto, vale a pena lembrar que o conceito de feedback não engloba somente informação transmitida do preceptor para o aluno/residente sobre o desempenho correto, a ser reforçado (feedback positivo), ou errôneo, a ser corrigido (feedback negativo), como uma simples mensagem a ser decodificada e colocada em ação (BING-YOU; PATERSON; LEVINE, 1997; BING-YOU; TROWBRIDGE, 2009). Para que o feedback seja efetivo, o estudante/residente deve assumir uma postura ativa na discussão dessas informações para que possa confirmar, adicionar, substituir, ajustar ou reestruturar o conhecimento, a habilidade e a atitude, desenvolvendo novas ideias e capacidades: . O que fazer para que um feedback seja efetivo? 51 Estudantes e residentes afirmaram que o feedback, quando administrado de forma eficaz, é útil para ajudá-los a avaliar seu desempenho e fazer planos de ação para melhoria (BING-YOU; PATERSON; LEVINE, 1997; BING-YOU; TROWBRIDGE, 2009). Feedback “sanduíche” Na técnica de feedback “sanduíche”, o preceptor oferece uma consideração positiva acerca de uma atividade desempenhada por um graduando/residente seguido por um comentário construtivo, no qual pontua fragilidades, inadequações e lacunas de aprendizagem. Ao final, o preceptor aponta sugestões de aprimoramento técnico e/ou recomendações de estudos (BORGES.; MIRANDA; SANTANA; BOLLELA, 2014). O feedback realmente ajuda o aluno? O que é o Feedback Sanduíche? 52 Feedback “fim de turno” Na técnica de feedback “fim de turno”, o preceptor observa as atividades do graduando/residente ao longo de um período de prática, anotando em um formulário suas percepções. Ao término das atividades, é realizada uma reunião entre preceptor e o graduando/residente na qual se discutem as percepções do graduando/residente e do preceptor. A partir dessa reflexão compartilhada, estabelecem-se objetivos e estratégias para aprimorar o processo de ensino-aprendizagem (BORGES.; MIRANDA; SANTANA; BOLLELA, 2014). E quais seriam os objetivos e como estruturar um feedback? Para que um feedback seja efetivo, devemos nos atentar a alguns pontos fundamentais (RAMANI, S. et al, 2012). Clique nas abas abaixo para conhecer cada um: O que é o Feedback Fim de Turno? 53 Um clima de aprendizagem respeitoso é essencial para que o feedback seja efetivo (HEWSON; LITTLE, 1998). O ambiente de aprendizagem deve promover o conceito que o preceptor e o aluno/residente estão trabalhando juntos para ajudar o aluno/residente a alcançar os resultados esperados. O preceptor deve observar o desempenho do aluno/residente e o feedback deve ser dado de forma regular em um clima de confiança e respeito mútuo. Preceptores e alunos/residentes devem ser parceiros no processo de ensino-aprendizagem. Assim, um feedback deve ser visto como uma conversa de duas vias em que o aluno desempenha um papel importante na avaliação de seu próprio desempenho (KRACKOV, 2011). O feedback é considerado eficaz se dado em um ambiente privado e em tom atencioso, com boas habilidades interpessoais por parte do preceptor (BING-YOU; PATERSON; LEVINE, 1997). Os alunos/residentes também consideram pontos positivos quando o feedback é dado de forma imparcial, abordando tanto os pontos fortes quanto os que devem ser melhorados (HEWSON; LITTLE, 1998). 54 Preceptores e alunos/residentes devem trabalhar juntos para que o feedback seja eficaz. O primeiro passo é orientar o aluno sobre o ambiente de trabalho, as metas e os objetivos da experiência de aprendizagem e as expectativas do que se espera que ele alcance. O preceptor deve informar ao aluno/residente, com antecedência, sobre o feedback, agendando a reunião em um horário mutuamente conveniente e local privado. Deve-se pactuar as metas da sessão, a agenda e os resultados esperados (RAMANI et al., 2012). IMPORTANTE Orientação sobre metas e objetivos de feedback e discussão de responsabilidades envolvem o aluno/residente como uma força motriz para a aprendizagem (WOOD, 2000). IMPORTANTE Confiança e respeito pelo preceptor são fatores primordiais para tornar os alunos/residentes mais receptivos ao feedback (BING-YOU; PATERSON; LEVINE, 1997; HESKETH; LAIDLAW, 2002). Uma das principais responsabilidades do preceptor é garantir que os alunos/residentes sejam competentes para prática independente como médico (HAUER; HOLMBOE; KOGAN, 2011). À medida que o aluno/residente vai ganhando mais autonomia nas práticas, preceptores ou pares mais experientes devem observar o seu desempenho e identificar pontos fortes e pontos que necessitem de ajustes. 55 Feedback imediato: podemos fornecer feedback imediato, logo após a consulta para correções pontuais de anamnese e exame físico, por exemplo (PERERA; LEE; WIN; PERERA; WIJESURIYA, 2008). Uma possibilidade seria a modificação da técnica de ausculta cardíaca. Feedback em data e horário pré-estabelecidos: um feedback mais longo deve ser agendado no meio do curso/estágio. Essa reunião pode abordar uma série de habilidades e comportamentos, mas ainda têm o objetivo de possibilitar a melhoria no contexto do estágio. Feedback somativo: o feedback somativo deve acompanhar a avaliação final. Seria equivalente a uma nota de conceito (KRACKOV, 2011). Um objetivo importante do feedback é ser formativo, permitindo que o aluno/residente possa modificar seu desempenho ao longo do estágio. Mas existem diferentes tipos de feedback: IMPORTANTE Feedbacks regulares e multiprofissionais contribuem para melhorar a qualidade do cuidado à saúde da população. Essa observação direta forma a base para a sessão de feedback (RAMANI et al., 2012). IMPORTANTE Feedback sobre comportamentos com base na observação direta são mais aceitáveis e instrutivos do que o feedback baseado em informações de segunda mão (ENDE, 1983). 56 levantar questões que requerem uma resposta do professor, que pode ajudar a iniciar o diálogo (BRANCH; PARANJAPE, 2002); ou trazer os mesmos pontos que o professor havia planejado abordar, fornecendo uma entrada útil. Um dos principais objetivos do treinamento em serviço é promover uma prática reflexiva. Começar a sessão de feedback, convidando o aluno a se autoavaliar pode ajudar a atingir esse objetivo. Use perguntas abertas para iniciar a conversa e promover a reflexão do educando sobre suas práticas. O aluno pode: Essa autoavaliação pode amenizar e ajudar a fazer com que o feedback corretivo seja mais sensível e mais aceitável (BRANCH; PARANJAPE, 2002). IMPORTANTE Um feedback iniciado sozinho ou em conjunto pelos alunos/residentes foi visto como mais instrutivo do que aquele iniciado por professores. Comece reconhecendo e reforçando o comportamento exemplar. Essa abordagem pode apoiar boas práticas, motivar o aluno/residente a repeti-las e incentivá-lo a buscar mais feedback (CANTILLON; SARGEANT, 2008). 57 Em seguida, destaque as correções necessárias, fornecendo informações específicas, exemplos e sugestões de melhoria. Os alunos relatam que o feedback construtivo foi benéfico, especialmente quando se concentrou no desempenho específico acompanhado de razões pelas quais o desempenho estava incorreto ou aquém das expectativas e quando dizia respeito a comportamentos que o aluno é capaz de controlar ou modificar (CANTILLON; SARGEANT, 2008). IMPORTANTE Alunos e residentes afirmaram que o feedback positivo lhes deu confiança em suas habilidades e criou um ambiente de aprendizado melhor. Modificações específicas, acompanhadas de exemplos e sugestões, auxiliam o processo de reflexão e melhoram o desempenho. Estratégias de comunicação positivasão essenciais no feedback. A mensagem enviada pela linguagem corporal é importante; sentar-se ao lado do aluno/residente minimizará uma posição de poder por parte do preceptor. Baseie o feedback no desempenho diretamente observado, como recomendado anteriormente. Ao entregar o feedback corretivo, use um tom respeitoso e linguagem precisa, descritiva e neutra. Concentre-se em comportamentos que podem ser mudados, não a pessoa ou sua personalidade (WOOD, 2000) e forneça exemplos claros (KRACKOV, 2011). 58 IMPORTANTE O feedback oportuno e específico é mais eficaz quando acompanhado de sugestões de mudança (BING-YOU; TROWBRIDGE, 2009), portanto se certifique de dar também um feedback positivo. Além disso, você precisa estar ciente da resposta, personalidade e temperamento do aluno. Limite o feedback dado na sessão ao que o aluno pode absorver (WOOD, 2000). Lembre-se que, quando o feedback é bem tratado, ele pode melhorar a relação professor-aluno e levar a mudanças benéficas no comportamento do graduando/residente (CANTILLON; SARGEANT, 2008). Uma sessão de feedback pode ser carregada de emoção por parte do preceptor e do graduando/residente, particularmente quando é dado feedback corretivo. É importante saber as perspectivas do graduando/residente e possíveis razões para um comportamento específico (KRACKOV, 2011). Considere o histórico, o temperamento e a prontidão do graduando/residente para mudar (MILAN; PARISH; REICHGOTT, 2006). Convide o aluno para fazer perguntas para garantir que ele / ela tem um entendimento do que foi apontado. Existem modelos propostos para facilitar a aceitação e o uso de várias fontes no feedback (MILAN; PARISH; REICHGOTT, 2006; SARGEANT; MCNAUGHTON; MERCER; MURPHY; SULLIVAN; BRUCE, 2011). 59 Para realizar um feedback corretivo, algumas etapas são necessárias: Etapa 1: concentra-se em reconhecer e explorar a reação emocional ao feedback recebido. Etapa 2: visa esclarecer o conteúdo específico do feedback, uma vez que está relacionado com o desempenho do graduando/residente. Etapa 3: procura confirmar as necessidades de aprendizagem e desenvolvimento identificadas pelo graduando/residente e treinar a criação de um plano de resultados que atenda às necessidades e promova a melhoria do desempenho. A sessão de feedback deve terminar com a elaboração de um plano de ação para melhorar o desempenho (BING-YOU; TROWBRIDGE, 2009), em que se peça ao estudante/residente para gerar ideias e depois endossá-las ou modificá-las de acordo com a necessidade. Convidar o aluno a gerar um plano para sua melhoria dando-lhe uma lista de itens a realizar que lhe ajudarão a desenvolver as habilidades do treinando. Ao final, resuma a reunião e o plano acordado para abordar deficiências. Em seguida, marque um horário para uma reunião de acompanhamento em que vocês possam verificar o progresso do estudante e continuar a trabalhar em conjunto para alcançar os resultados desejados. 60 A reflexão do preceptor deve seguir todas as sessões de feedback. Após o término da sessão, o preceptor deve refletir sobre o que aconteceu bem, o que deve mudar da próxima vez e quais novas estratégias ele/ela irá adaptar para sessões futuras (KRACKOV, 2009). Discutir com colegas também é uma estratégia útil para compartilhar desafios e adquirir novas competências. Esses cuidados são importantes, porque, apesar de realizar a melhor preparação e utilizar estratégias diversas, nem todas as sessões de feedback ocorrerão perfeitamente. O graduando/residente pode ficar na defensiva e não aceitar as correções apresentadas no feedback (ENDE, 1983), de modo que pode tentar atribuir culpa a aspectos não relacionados a ele mesmo para explicar seu desempenho. Até sessões de feedback bem-sucedidas se beneficiarão do processo de reflexão e isso ajudará a garantir que reuniões futuras também corram bem. Tornar a reflexão parte de cada encontro de feedback irá melhorar as habilidades do professor em dar feedback (RAMANI, 2012). Independentemente da técnica, o feedback efetivo deve ter as seguintes características (FERREIRA, 2022): 61 62 Síntese da unidade Os diversos cenários de prática do SUS são essenciais para uma boa formação em saúde. O contato com pacientes com diferentes níveis de autonomia faz com que o graduando/residente treine diferentes competências. Um ensino baseado em atendimento hospitalar não oferece toda a experiência educacional necessária para uma formação generalista. O papel do preceptor é fundamental na formação do graduando/residente e o conhecimento dos objetivos educacionais e dos cenários de prática é essencial para elaboração de uma boa avaliação. Um sistema de avaliação deve ser coordenado e previsto no currículo de modo que diferentes competências possam ser avaliadas. A avaliação formativa deve ser incluída de forma regular na atividade de preceptoria e um feedback efetivo deve fazer parte da avaliação do graduando/residente e depende da utilização de técnica adequada que precisa ser constantemente aprimorada. 63 BRANDÃO, C. F. S.; COLLARES, C. F.; MARIN, H. DE F. A simulação realística como ferramenta educacional para estudantes de medicina. Sci Med (Porto Alegre), v. 24, n. 2, p. 187-92, 2014. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de graduação em Medicina. Brasília: Ministério da Educação, 2014. http://portal.mec.gov.br/index.php? option=com_docman&view=download&alias=15514-pces116- 14&category_slug=abril-2014-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 08 mar. 2023. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Enfermagem. Brasília: Ministério da Educação, 2001a. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Enf.pdf. Acesso em 8 mar. 2023. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em medicina. Brasília: Ministério da Educação, 2001b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/Med.pdf. Acesso em 8 mar. 2023. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 1.111, de 05 de julho de 2005. Fixa normas para a implementação e a execução do Programa de Bolsas para a Educação pelo Trabalho. Brasília: Ministério da Saúde, 2005b, p. 2. Disponível em:https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2005/prt1111_ 05_07_2005.html#:~:text=Fixa%20normas%20para%20a%20imple menta%C3%A7%C3%A3o,para%20a%20Educa%C3%A7%C3%A3o%2 0pelo%20Trabalho. Acesso em: 08 mar. 2023. Referências 64 BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Políticas de Formação e Desenvolvimento para o SUS: Caminhos para a educação permanente em saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2005a. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pol_formacao_desen v.pdf. Acesso em 8 mar. 2023. CANTILLON, P.; SARGEANT, J. Giving feedback in clinical settings. BMJ., v. 337, p. a1961, 2008. CECCIM, R. B. et al. (Orgs). Formação de Formadores para Residências em Saúde: corpo docente-assistencial em experiência viva. 1a. Porto Alegre: Rede Reunida, 2018. 212 p. CHALLIS, MAGGIE. AMEE Medical Education Guide No.11 (revised): Portfolio-based learning and assessment in medical education. Medical Teacher, v. 21, n. 4, p. 370–386, 1999. doi:10.1080/01421599979310 CHEMELLO, D.; MANFRÓI, W.C.; MACHADO, C. L. B. O papel do preceptor no ensino médico e o modelo preceptoria em um minuto. Rev Bras Educ Med. v. 33, n. 4, Dez. p. 664-9, 2009. CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA (Brasil). Diretrizes curriculares. 2002. Disponível em: https://www.fonoaudiologia.org.br/legislac%CC%A7a%CC%83o/dir etrizes-curriculares/. Acesso em: 08 mar. 2024. DAWSON, B. et al. Performance on the National Board of Medical Examiners. Part I Examination by men and women of different race and ethnicity. JAMA., v. 7, n. 272, v. 9, p. 674-9, Sep. 1994. DOMINGUES, R. C. L. et al. Competência clínica de alunos de Medicina em estágio clínico: comparação entre métodos de avaliação. Revista Brasileira de EducaçãoMédica, v. 34, n. 1, p. 124 – 131, Mar 2010. Referências 65 DOWNING, S. M. Reliability: on the reproducibility of assessment data. Medical education, v. 38, n. 9, 2004, p. 1006–1012, 2004. https://doi.org/10.1111/j.1365-2929.2004.01932.x. ENDE, J. Feedback in clinical medical education. JAMA, v. 250, p. 777–781, 1983. FELDER, Richard M.; BRENT, Rebecca.Navigating the Bumpy Road to Student-Centered Instruction. College Teaching, v. 44, n. 2, p. 43- 47, 1996. DOI: 10.1080/87567555.1996.9933425. FERREIRA, Iago Gonçalves. Preceptoria médica: guia básico de ensino-aprendizagem. Porto Alegre: Ed. da UFCSPA, 2022. Disponível: http://www.ufcspa.edu.br/index.php/editora/obraspublicadas. Acesso em: 08 mar. 2023. FORTE, F. D. S. et al. Portfólio: desafio de portar mais que folhas: a visão do docente de odontologia. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 36, n. 1, p. 25-32, Mar. 2012. GEEN, J. M. AMEE Medical Education Guide Nº 23 (PART 1): Curriculum, environment, climate, quality and change in medical education – a unifying perspective. Med Tea, v. 23, n. 4, 2001, p. 337-344. GORTER, S. et al. Reproducibility of clinical performance assessment in practice using incognito standardized patients. Med Educ., v. 36, n. 9, p. 832-32, Sep. 2002. DOI: 10.1046/j.1365- 2923.2002.01296.x. GREEN, L. A.; FRYER JUNIOR, G. E.; YAWN, B. P.; LANIER, D.; DOVEY, S. M. The Ecology of Medical Care Revisited. New England Journal of Medicine, v. 344, n. 26, 2001, p. 2021–2025. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200106283442611. Acesso em 8 mar. 2023. Referências 66 GUIMARAES, A. C. et al. Percepção do Estudante de Medicina acerca do Ambiente Educacional Utilizando o Dreem. Rev. bras. educ. med. v. 39, n.4, Oct-Dec 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/DGPcNVTnrjHftxTpNXcnpQL/? lang=pt. Acesso em: 09 mar. 2023. GUTIÉRREZ-CIRLOS, C.; NAVEJA, J. J.; SÁNCHEZ-MENDIOLA, M. Modelos de educación médica en escenarios clínicos. Investig En Educ Médica., v. 9, n. 35, p. 96-105, 2020. doi:10.22201/facmed.20075057e.2020.35.20248. HAUER, K.E.; HOLMBOE, E.S.; KOGAN, J. R. Twelve tips for implementing tools for direct observation of during patient encounters. Med Teach, v. 33, p. 27–33, 2011. HESKETH, E. A.; LAIDLAW, J. M. Developing the teaching instinct: Feedback. Med Teach, v. 24, n. 3, p. 245–248, 2002. HEWSON, M. G.; LITTLE, M. L. Giving feedback in medical education: Verification of recommended techniques. J Gen Intern Med, v. 113, p. 111–118, 1998. HOLMBOE, E. S.; HAWKINS, R. E.; HUOT, S. J. Direct observation of competence training: a randomized controlled trial. Ann Inter Med, v.140, p. 874-881, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/TfG7H4LfwQYp7yLdP5hkJHw/? lang=en. Acesso em: 10 mar. 2023. IGLESIAS, A. G.; PAZIN-FILHO, A. Emprego de simulações no ensino e na avaliação. Med (Ribeirao Preto Online), v. 8, n. 48, p. 233-70, Jun. 2015. KATRIN SCHÜTTPELZ-BRAUNS, K. et al. Twelve tips for successfully implementing logbooks in clinical training. Med Teach, v. 38, n. 6, p. 564-9, Jun. 2016. doi: 10.3109/0142159X.2015.1132830. Referências 67 KELLY, E.; RICHARDS, J. B. Medical education: giving feedback to doctors in training. BMJ, 366, 2019. doi:10.1136/bmj.l4523. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31324645/. Acesso em: 10 mar. 2023. KRACKOV, S. K. Expanding the horizon for feedback. Med Teach, v. 33, p. 873–874, 2011. KRACKOV, S. K. Giving feedback. In: DENT, J.A.; HARDEN R. M. (Ed). A practical guide for medical teachers. 3rd ed. Churchill Livingstone Elsevier, 2009. LAZARUS, J. Precepting 101: Teaching Strategies and Tips for Success for Preceptors. J Midwifery Womens Health., v. 61, (S1), p. 11-21, nov. 2016. LEIGH, T. M.; JOHNSON, T. P.; PISACANO, N. J. Predictive validity of the American Board of Family Practice In-Training Examination. Acad Med., v. 65, n. 7, p. 454-7, Jun. 1990. DOI: 10.1097/00001888- 199007000-00009. MAIA, M. V.; STRUCHINER, M. Aprendizagem Significativa e o Portfólio Reflexivo Eletrônico na Educação Médica. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 40, n. 4, p. 720 – 730, Dez 2016. MEGALE, L. et al. Avaliação de competência clínica em estudantes de medicina pelo Miniexercício Clínico Avaliativo (Miniex). Revista Brasileira de Educação Médica, v. 33, n. 2, Jun 2009. https://doi.org/10.1590/S0100-55022009000200002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/VMgDxTQcCmdWqbnwmyM9jPC/? lang=pt. Acesso em 10 mar. 2023. MILAN, F.B.; PARISH, S.J.; REICHGOTT, M. J. A model for feedback based on communication skills strategies: Beyond ‘‘the feedback sandwich’’. Teach Learn Med, v. 18, 2006, p. 42–47. Referências 68 MILLER, G. The Assessment of Clinical Skills/Competence/Performance. Academic Medicine, v. 65, p. 63- 67, 1990. http://dx.doi.org/10.1097/000018,88-199009000-00045. NEGRI, E. C.; MAZZO, A.; MARTINS, J. C. A.; PEREIRA JUNIOR, G. A.; ALMEIDA, R. G. S.; PEDERSOLI, C. E. Clinical simulation with dramatization: gains perceived by students and health professionals. Rev Lat Am Enfermagem., v. 25 ago. 2017.Disponivel em: https://www.scielo.br/j/rlae/a/QQxfsnbsqwYJCMmjRPp7xtB/? lang=en. Acesso em: 10 mar. 2023. NEHER, J.O.; STEVENS, N. G. The one-minute preceptor: Shaping the teaching conversation. Fam Med., v. 35, n. 6, p. 391-3, 2003. NEVES, N.M.B.C.; NEVES, F.B.C.S.; BITENCOURT, A.G.V. O Ensino Médico no Brasil: Origens e Transformações. Gaz méd Bahia., v. 75, n. 2, p.162-8, 2005. Disponível em: http://gmbahia.ufba.br/index.php/gmbahia/article/view/362. Acesso em 8 mar. 2023. NOGUEIRA, M.I. As mudanças na educação médica brasileira em perspectiva: reflexões sobre a emergência de um novo estilo de pensamento. Rev Bras Educ Med. v. 33, n. 2, p. 262-70, 2009. NORCINI JR., J. J. Standards and reliability in evaluation: when rules of thumb don't apply. Acad Med., v. 74, n. 10, p. 1088-90, Oct 1999. DOI: 10.1097/00001888-199910000-00010. NORCINI, J. et al. 2018 Consensus framework for good assessment. Medical Teacher, v. 40, n. 11, p. 1-8, 2018. doi:10.1080/0142159X.2018.1500016. NORCINI, J. J. et al. A Comparison of Knowledge, Synthesis, and Clinical Judgment: Multiple-Choice Questions in the Assessment of Physician Competence. Eval Health Prof., v. 7, n. 4, p. 485-99, Dec. 1984. DOI: 10.1177/016327878400700409. Referências 69 NORCINI, J. J. et al. Med Educ., v. 19, n. 3, p. 238-47, May 1985. DOI: 10.1111/j.1365-2923.1985.tb01314.x. NORCINI, J. J.; BLANK, L. L.; DUFFY, F. D.; FORTNA, G. 2003. The mini-CEX: A method for assessing clinical skills. Ann Inter Med, v. 138, p. 476-481, 2003. NORCINI, J. J.; SWANSON, D. B.; WEBSTER, G. D. Reliability, validity and efficiency of various item formats in assessment of physician competence. Proc Annu Conf Res Med Educ., v. 22, p. 53-8, 1983. NORCINI, J.; BURCH, V. Workplace-based assessment as an educational tool: AMEE Guide No. 31. Medical Teacher, v. 29, n. 9- 10, p. 855–871, 2007. doi:10.1080/01421590701775453 NORCINI, J.J.; BLANK, L.L.; ARNOLD, G.K.; KIMBALL, H. R. 1995. The mini-CEX (clinical evaluation exercise): A preliminary investigation. Ann Inter Med, v. 123, p. 795–799, 1995. NUNES, M. P. T.; MICHEL, J. L. M. M.; HADDAD, A. E.; BRENELLI, S. L.; OLIVEIRA, R. A. B. A Residência Médica, a Preceptoria, a Supervisão e a Coordenação. IN: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MÉDICA. Cadernos da ABEM. v. 1. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Educação Médica, p. 35-40, 2004. NUNES, M. P. T.; MICHEL, J. L. M.; HADDAD, A. E.; BRENELLI, S. L.; OLIVEIRA, R. A. B. A Residência Médica, a Preceptoria, a Supervisão e a Coordenação. Cad ABEM., v. 7, p. 35-40, 2011. OLIVEIRA, C. L. B.; APPENZELLER, S.; CALDAS, C. A. M. MiniCex como Instrumento para Avaliação de Programa no Internato de um Curso de Medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, v. 44, n. 01, 2020. https://doi.org/10.1590/1981-5271v44.1-20190282.ING. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/TfG7H4LfwQYp7yLdP5hkJHw/? lang=en. Acesso em: 10 mar. 2023. Referências 70 PASCOE, J.M.; NIXON, J.; LANG, V. J. Maximizing teachingon the wards: Review and application of the One-Minute Preceptor and SNAPPS models. J Hosp Med., v. 10, n. 2, p. 125-30, fev. 2015. PERERA J.; LEE, N; WIN, K.; PERERA, J.; WIJESURIYA, L. 2008. Formative feedback to students: The mismatch between faculty perceptions and student expectations. Med Teach, v. 30, n. 4, p. 395-399, 2008. PRESADO, M. H. C. V. et al. Aprender com a Simulação de Alta Fidelidade. Ciênc. Saúde Colet. v. 23, n. 1, jan. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/RX9xmyqWFqY3zqCYXHFwm7S/? lang=pt. Acesso em: 14 mar. 2023. QUINLAN, E.; PAPARO, P.; GOOI, C. H.; DEANE, F. P. “It’s just a table of numbers”: the search for pedagogical meaning in psychology practicum logbooks. Clinical Psychologist, v. 26, p. 309-318, 2022. RAM, P. et al. Assessment of general practitioners by video observation of communicative and medical performance in daily practice: issues of validity, reliability and feasibility. Med Educ., v. 33, n. 6, p. 447-54, Jun. 1999. DOI: 10.1046/j.1365- 2923.1999.00348.x. RAMANI, S. et al. Twelve tips. Medical teacher, v. 34, p. 787–791, 2012. ENDE, J. Feedback in clinical medical education. JAMA, v. 250, p. 777–781, 1983. FELDER, Richard M.; BRENT, Rebecca.Navigating the Bumpy Road to Student-Centered Instruction. College Teaching, v. 44, n. 2, p. 43- 47, 1996. DOI: 10.1080/87567555.1996.9933425. FERREIRA, Iago Gonçalves. Preceptoria médica: guia básico de ensino-aprendizagem. Porto Alegre: Ed. da UFCSPA, 2022. Disponível: http://www.ufcspa.edu.br/index.php/editora/obraspublicadas. Acesso em: 08 mar. 2023. Referências 71 RAMANI, S.; LEINSTER, S. AMEE Guide no. 34: teaching in the clinical environment. Med Teach., v. 30, n. 4, Jan. 2008, p. 347-64. RAMSEY, P. G. et al. Feasibility of hospital‐based use of peer ratings to evaluate the performances of practicing physicians. Acad Med, v. 71, p. 364-70, 1996. ROFF, S. The Dundee Ready Educational Environment Measure (DREEM) – a generic instrument for measuring student’s perceptions of graduate health professions. Med Teach., v. 27, n. 4, p. 322-325, 2005. ROFF, S.; MCALEER, S.; SKINNER, A. Development and validation of an instrument to measure the postgraduate clinical learning and teaching educational environment for hospital-based junior doctors in the UK. Med Teach., v. 27, n. 4, p. 326-331, 2005b. DOI: 10.1080/01421590500150874. ROFF, S.; MCALEER, S; HARDEN, R. M. et al. Development and validation of the Dundee Ready Education Environment Measure (DREEM). Med Teach., v. 19, n. 4, 1997, p. 295-299. DOI: 10.3109/01421599709034208. ROFF, S.; MCALEER, S; SKINNER, A. Development and validation of an instrument to measure the postgraduate clinical learning and teaching educational environment for hospital-based junior doctors in the UK. Med Teach., v. 27, n. 4, 2005a, p. 326-331. DOI: 10.1080/01421590500150874. SARGEANT, J.; MCNAUGHTON, E.; MERCER, S.; MURPHY, D.; SULLIVAN, P.; BRUCE, D. A. Providing feedback: Exploring a model (emotion, content, outcomes) for facilitating multisource feedback. Med Teach, v. 33, n. 9, p. 744–749, 2011. Referências 72 SCHONROCK-ADEMA, J.; BOUWKAMP-TIMMER, T.; VAN HELL, E. A.; COHEN-SCHOTANUS, J. Key Elements in Assessing the Educational Environment: Where Is the Theory? Adv Health Sci Educ., v.17, n. 5, p. 727-742, 2012. DOI: 10.1007/s10459-011-9346- 8. SCHRATZ, M. Leading and Learning: ‘Odd Couple’ or Powerful Match?. Leading & Managing, v. 12, n .2, p. 40-53, 2006. SKARE, T. L. Metodologia do ensino na preceptoria da residência médica. Rev Med Res Curitiba., v. 4, n. 2, p. 116-20, 2012. SOOD, R.; SINGH, T. Assessment in medical education: Evolving perspectives and contemporary trends. The National Medical Journal of India, v. 25, n. 6, 2012. Disponível em: http://archive.nmji.in/archives/Volume-25/Issue-6/Medical- Education-I.pdf. Acesso em: 09 mar. 2023. STILLMAN, P. L.; SWANSON, D. B. Ensuring the clinical competence of medical school graduates through standardized patients. Arch Intern Med., v. 147, n. 6, p. 1049-52, Jun. 1987. TRONCON, L. E. A. Utilização de pacientes simulados no ensino e na avaliação de habilidades clínicas. Med (Ribeirao Preto Online), v. 40, n. 2, p. 180. 71, Jun. 2007. VAN DER VLEUTEN, C. P.; VAN LUYK, S. J.; SWANSON, D. B. Res Med Educ., v. 27, p. 228-33, 1988. WASS, V.; JOLLY, B. Does observation add to the validity of the long case? Med Educ., v. 35, n. 8, p. 729-34, Aug. 2001. DOI: 10.1046/j.1365-2923.2001.01012.x. WASS, V.; MCGIBBON, D.; VAN DER VLEUTEN, C. Composite undergraduate clinical examinations: how should the components be combined to maximize reliability? Med Educ., v. 35, n. 4, p. 326- 30, Apr. 2001. DOI: 10.1046/j.1365-2923.2001.00929.x. Referências 73 WATSON, M. J. et al. Psychometric evaluation of a direct observation of procedural skills assessment tool for ultrasound- guided regional anaesthesia. Anaesthesia, v. 69, n. 6, p. 604-12, Jun. 2014. DOI: 10.1111/anae.12625. WHITE, K. L., WILLIAMS, T. F., & GREENBERG, B. G. The ecology of medical care.1961. Bulletin of the New York Academy of Medicine, v. 73, n. 1, p. 187–212, 1996. WOOD, B. Feedback: A key feature of medical training. Radiology, v. 215, p.17–19, 2000. ZEFERINO, A. M. B.; DOMINGUES, R. C. L.; AMARAL, E. Feedback como estratégia de aprendizado no ensino médico. Rev. bras. educ. med. v. 31, n. 2, ago 2007. Referências
Compartilhar