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2 Farmacocinética e farmacodinâmica - Super Material SanarFlix

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SUMÁRIO
1. Introdução ..................................................................... 3
2. Farmacocinética ......................................................... 3
3. Farmacodinâmica .....................................................12
Referências bibliográficas .........................................18
3FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
1. INTRODUÇÃO
Quando se trata de farmacologia, é 
importante compreender algumas 
propriedades dos medicamentos que 
são fundamentais para o sucesso do 
tratamento. Para se apropriar deste 
conhecimento, é essencial o estudo 
da farmacocinética e da farmacodi-
nâmica.
CONCEITO! A farmacocinética é a área 
da farmacologia responsável pelo estudo 
do caminho percorrido pelo medicamen-
to no corpo, indo desde administração, 
absorção, distribuição, biotransformação 
até a excreção. Já a farmacodinâmica é o 
estudo da ação do medicamento no sítio 
de ligação, para que seu efeito desejado 
seja alcançado.
DICA: 
FarmacoCinética é a ação do Corpo 
sobre a droga.
FarmacoDinâmica é a ação da Droga 
sobre o corpo.]
2. FARMACOCINÉTICA
Uma vez administrado por uma das 
várias vias disponíveis, o fármaco 
possui quatro propriedades farmaco-
cinéticas (figura 1) que determinam a 
velocidade do início da ação, a inten-
sidade do efeito e a duração da ação. 
CONCEITO!
Absorção: processo pelo qual o agente 
terapêutico é transportado para o plas-
ma sanguíneo (pode ser direta ou indi-
retamente).
Distribuição: processo através do qual 
o fármaco deixa a corrente sanguínea, 
passando para os tecidos (seja no in-
terstício ou no interior das células).
Biotransformação: processo de meta-
bolização do fármaco, podendo ocorrer 
no fígado ou nos tecidos.
Excreção: processo de eliminação do 
fármaco e seus metabólitos. Geralmente 
ocorre através da urina, das fezes ou da 
bile.
4FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
Figura 1. Esquema, em ordem, das propriedades farmacocinéticas.
Fonte: Adaptado de Clark, MA. Farmacologia Ilustrada. 5ª Ed. 2013.
Fármaco no local da administração
Absorção (entrada)1
Fármaco no plasma
Fármaco e metabólito(s) na urina, na 
bile ou nas fezes
Distribuição2
Biotransformação3
Excreção (saída)4
Fármaco nos tecidos
Metabólito(s) nos tecidos
Vias de administração
A escolha adequada da via de admi-
nistração é fundamental para a ade-
são terapêutica e para a eficácia do 
tratamento. Com este objetivo, alguns 
critérios devem ser levados em conta:
• Extensão do efeito desejado (local 
ou sistêmico);
• Propriedades (lipo ou hidrossolu-
bilidade) e forma (suspensão, solu-
ção, drágea, cápsula, comprimido) 
do fármaco;
• Necessidade de início de ação rápido;
• Idade do paciente;
• Tempo de tratamento.
As principais vias de administração são: 
Via oral
Esta é a via de administração mais 
comum, sendo a opção para fárma-
cos líquidos e sólidos. Entre os líqui-
dos estão as soluções e as suspen-
sões, que têm seu uso priorizado 
para crianças, idosos e pacientes 
com sonda nasogástrica. Entre os 
sólidos há o comprimido, a drágea e 
a cápsula (figura 2).
5FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
a) b) c)
Figura 2. Representação da diferença entre 
comprimido (a), drágea (b) e cápsula (c).
O comprimido consiste em um pó 
(contendo o princípio ativo) compacta-
do. Já a drágea se diferencia do com-
primido por conter uma película exter-
na que impede a degradação dos seus 
componentes no estômago, ou seja, 
na drágea, o objetivo é que o princípio 
ativo seja absorvido apenas no intesti-
no delgado. A cápsula também possui 
um revestimento externo, porém este 
consiste em um material gelatinoso 
que objetiva facilitar a deglutição.
Via sublingual
Esta é uma via que oferece algumas 
vantagens quando comparada à via 
oral, entre elas: absorção muito mais 
rápida, evita metabolização hepática 
de primeira passagem, fração bio-
disponível maior e efeito mais rápido. 
Como exemplo de medicamento ad-
ministrado por esta via, há o dinitrato 
de isossorbida, um agente vasodila-
tador utilizado na angina pectoris.
Via parenteral
Esta via é definida como a introdução 
de medicamentos diretamente em 
um compartimento ou cavidade do 
corpo, de forma a evitar as barreiras 
orgânicas (pele e mucosas). É utiliza-
da principalmente em pacientes in-
conscientes ou pouco colaborativos, 
que estejam com intolerância à dieta 
oral (náuseas, vômitos) e quando se 
deseja início rápido do efeito tera-
pêutico. 
Entre as desvantagens estão: requer 
pessoal treinado e, geralmente, am-
biente hospitalar, além de serem mé-
todos mais invasivos. 
Esta via é subdividida em:
Via intravenosa (IV)
A injeção IV é vantajosa para admi-
nistrar fármacos que podem causar 
irritação quando administrados por 
outras vias, porque o fármaco se dilui 
no sangue rapidamente. Porém, dife-
rentes dos fármacos usados no trato 
gastrointestinal, os que são injetados 
por via IV não podem ser retirados por 
meio de estratégias como a ligação a 
carvão ativado.
Via intramuscular (IM)
Fármacos administrados por via IM 
podem estar em soluções aquosas 
que são absorvidas rapidamente ou 
em preparações especializadas de 
depósito que são absorvidas lenta-
mente.
6FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
Via subcutânea (SC)
Essa via de administração, como a IM, 
requer absorção por difusão simples 
e é um pouco mais lenta do que a via 
IV. A injeção SC minimiza os riscos de 
hemólise ou trombose associados à 
injeção IV e pode proporcionar efeitos 
lento, constante e prolongado. A in-
sulina é um exemplo de medicamento 
administrado por esta via.
Via retal
Esta via é uma alternativa à via oral 
para pacientes comatosos, nausea-
dos e para crianças. Os medicamen-
tos administrados por esta via podem 
ter ação local ou sistêmica, podendo 
ser na forma de enema ou de supo-
sitório. Os enemas são soluções ou 
suspensões utilizadas principalmente 
para realização de exames radiológi-
cos contrastados, enquanto os supo-
sitórios podem ser usados para esti-
mular a evacuação.
Um aspecto relevante desta via é 
que, caso não se deseje que haja 
metabolização hepática de primeira 
passagem, o enema ou o supositó-
rio deve ser inserido em região mais 
baixa. Isto porque, nesta região, a ab-
sorção do medicamento se dá pelas 
veias hemorroidárias média e inferior, 
que drenam para a circulação sistê-
mica. Já na região retal mais alta, a 
absorção ocorre através da veia he-
morroidária superior, que drena para 
a circulação portal, o que submete o 
medicamento à metabolização hepá-
tica de primeira passagem.
Outras vias
Há várias outras vias que são utiliza-
das em casos específicos, entre elas: 
tópica, transdérmica, inalatória, vagi-
nal, intra-arterial, epidural, peridural, 
intraóssea, intrassinovial e intratecal.
Absorção
Enquanto na via IV a absorção é com-
pleta (100% da dose administrada 
chega à circulação sanguínea), nas 
demais vias esta absorção é parcial, 
o que reduz a biodisponibilidade do 
medicamento (ver conceito adiante).
Fatores que influenciam na 
absorção de fármacos no 
trato gastrointestinal
Alguns fatores interferem na absor-
ção dos fármacos:
pH
Os fármacos, em geral, são bases ou 
ácidos fracos. Assim, cada um destes 
compostos sofre uma influência dife-
rente pelo pH do ambiente da absor-
ção. 
7FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
HORA DA REVISÃO!
Ácidos são substâncias que, em meio à 
água, liberam H+ (equação 1), enquanto 
as bases, neste mesmo meio, recebem 
H+ (equação 2).
HA ↔ H+ + A-
Equação 1
B + H+ ↔ BH+
Equação 2
Relembre que o equilíbrio das reações 
pode ser deslocado a depender do pre-
domínio ou escassez de determinado 
reagente. A equação 1, por exemplo, 
quando ocorre em meio ácido (havendo 
um predomínio de H+), tem o seu equilí-
brio deslocado para a esquerda, favore-
cendo a formação de HA. Já na equação 
2, quando em meio ao meio básico, há a 
presença de OH- e este consome o H+, 
levando à escassez deste e ao deslo-
camento do equilíbrio da reação para a 
esquerda, favorecendo a formação de B.
Um fármaco atravessa a membranaplasmática mais facilmente se ele es-
tiver não ionizado, ou seja, a absorção 
é mais efetiva quando há predomínio 
das formas não ionizadas (HA e B) 
sobre as formas ionizadas (A- e BH+).
De acordo com esta informação e 
com a revisão acima, é possível com-
preender os meios em que a absor-
ção de determinado fármaco é mais 
eficiente. Acompanhe: um fármaco 
ácido terá absorção melhor em meio 
ácido, uma vez que, nesta situação, 
há predomínio da sua forma não io-
nizada (HA) que é absorvida mais fa-
cilmente. Já um fármaco básico, a ab-
sorção será melhor em meio básico, 
já que haverá deslocamento da equa-
ção em direção à forma não ionizada 
(B), que atravessa a membrana mais 
facilmente.
Desta forma, deduz-se também a lo-
calização da absorção dos fármacos. 
Os ácidos serão absorvidos priorita-
riamente no estômago, já que o suco 
gástrico é ácido. Enquanto isso, os 
fármacos básicos serão absorvidos, 
em sua grande parte, no intestino 
delgado, após ser misturado ao suco 
pancreático (básico).
Fluxo de sangue no local da absorção
O fluxo sanguíneo do local é direta-
mente proporcional à absorção, dessa 
forma, como o fluxo de sangue para o 
intestino é muito maior do que o fluxo 
para o estômago, a absorção no in-
testino é maior do que a que ocorre 
no estômago.
Superfície disponível para absorção
Quanto maior a superfície de contato 
com o fármaco, maior a sua absorção, 
de forma que, quando comparado ao 
estômago, o intestino delgado leva 
vantagem por possuir células com 
borda em escova e microvilosidades, 
o que torna sua superfície mil vezes 
maior.
8FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
Tempo de contato com a superfície 
de absorção
Quando o fármaco é deslocado muito 
rapidamente pelo trato gastrointes-
tinal, este não é bem absorvido. Por 
outro lado, quando a passagem do 
fármaco do estômago para o intestino 
é retardada, a absorção também não 
será tão efetiva.
Expressão da glicoproteína-P
A glicoproteína-P é uma proteína 
transmembrana transportadora de 
várias moléculas, entre elas alguns 
fármacos. No intestino delgado, ela 
atua levando os fármacos de volta 
ao lúmen intestinal. Desta forma, em 
regiões em que há uma super ex-
pressão desta proteína, a absorção é 
menor.
Mecanismos de absorção
A absorção no trato gastrointestinal é 
complexa e ocorre através de diferen-
tes mecanismos:
Difusão passiva
Transporte que ocorre por meio de 
osmose, ou seja, é promovido através 
do gradiente de concentração, de for-
ma que o fármaco passe da região de 
maior concentração (lúmen intestinal) 
para a de menor concentração (cito-
sol das células entéricas). Neste me-
canismo não há uso de transportador, 
os fármacos hidrossolúveis atraves-
sam a membrana através de poros 
aquosos, enquanto os lipossolúveis 
atravessam por meio da sua dissolu-
ção na bicamada lipídica.
Difusão facilitada
Transporte realizado através de pro-
teínas transmembranas transporta-
doras, que, ao sofrerem mudanças 
conformacionais, permitem a inter-
nalização dos fármacos nas células 
entéricas. Este é um transporte que, 
apesar de ocorrer por meio de trans-
portadores, também é promovido 
através do gradiente de concentração 
e, assim, não requer gasto de energia.
Transporte ativo
Através deste mecanismo, proteínas 
transportadoras transmembranas 
efetuam a passagem dos fármacos 
contra o gradiente de concentração, 
ou seja, do ambiente de menor con-
centração para o de maior concen-
tração, o que faz com que este seja 
um transporte que demanda gasto 
de energia. Esta, por sua vez, é pro-
veniente da hidrólise do trifosfato de 
adenosina (ATP).
Endocitose
Este mecanismo de passagem é re-
servado para fármacos que são ex-
cepcionalmente grandes. Devido a 
esta desproporção do tamanho, as 
9FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
moléculas são englobadas pela mem-
brana plasmática e internalizadas por 
meio de uma vesícula.
Biodisponibilidade
A biodisponibilidade é definida como 
a fração da dose administrada que 
efetivamente é absorvida e chega 
à corrente sanguínea. Geralmente 
é expressada em percentual. Desta 
forma, caso 100 mg de determinado 
fármaco seja administrado por via oral 
e apenas 50 mg chegam inalterados 
à corrente sistêmica, a biodisponibili-
dade é de 50%.
Alguns fatores influenciam na biodis-
ponibilidade dos fármacos. Entre eles:
Biotransformação hepática de 
primeira passagem
Na absorção a partir do trato gastroin-
testinal, primeiro o fármaco entra na 
circulação portal para depois entrar 
na circulação sistêmica. Se o fármaco 
é rapidamente biotransformado no fí-
gado ou na parede intestinal durante 
esta passagem inicial, a biodisponibi-
lidade reduz, ou seja, a quantidade de 
fármaco inalterado que tem acesso à 
circulação sistêmica diminui.
Solubilidade do fármaco
Para que o fármaco seja bem absor-
vido, ele deve ser levemente hidrofó-
bico, possuindo alguma solubilidade 
em soluções aquosas. Isso porque, 
fármacos hidrofílicos não possuem a 
capacidade de atravessar as mem-
branas lipídicas e os fármacos extre-
mamente hidrofóbicos são totalmen-
te insolúveis nos líquidos aquosos do 
organismo e, portanto, não têm aces-
so à superfície das células.
Instabilidade química
Fármacos que facilmente sofrem al-
terações na sua estrutura química, a 
partir da interação com o suco gás-
trico ou com enzimas, têm menor ab-
sorção e menor biodisponibilidade.
Natureza da formulação do fármaco
O tamanho da partícula, o tipo de sal, 
o polimorfismo cristalino, o revesti-
mento entérico e a presença de exci-
pientes podem influenciar a facilidade 
da dissolução e, por isso, alterar a ve-
locidade de absorção.
Distribuição
O processo de passagem do fármaco 
do plasma sanguíneo ao interstício e, 
então, para as células teciduais de-
pende principalmente do débito car-
díaco e do fluxo sanguíneo regional, 
da permeabilidade capilar, do volume 
do tecido, do grau de ligação do fár-
maco às proteínas plasmáticas e tis-
sulares e da hidrofobicidade relativa 
do fármaco.
10FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
Biotransformação
O objetivo da biotransformação é 
transformar, por ação do fígado, os 
fármacos lipossolúveis em metabóli-
tos hidrofílicos, para que seja possível 
a excreção pela via renal. As reações 
de biotransformação dos fármacos 
consistem em dois grupos gerais de 
reações. Estes são denominados rea-
ções de fase I e fase II (figura 3).
As reações da fase I, no geral, con-
sistem em oxidações, reduções e/ou 
hidrólises a fim de transformar as mo-
léculas lipofílicas em moléculas mais 
polares. Após esta fase, o fármaco me-
tabolizado pode ter sua atividade au-
mentada, reduzida ou inalterada. Estas 
reações podem ou não ser mediadas 
pelo citocromo P450, sendo mais co-
mum o envolvimento deste sistema.
As reações de fase II, por sua vez, 
consistem em conjugações entre o 
metabólito resultante da fase I e um 
substrato endógeno (como ácido gli-
curônico, ácido sulfúrico, ácido acético 
ou aminoácido), de forma a produzir 
um composto hidrofílico e, em geral, 
inativo.
Há fármacos que fogem desta linha 
cronológica de metabolização. Por 
exemplo, alguns entram diretamen-
te na fase II, outros passam apenas 
pela fase I ( já que se tornam suficien-
temente polarizados para serem eli-
minados pelos rins após esta fase) e 
outros, como a isoniazida, passam pri-
meiro pela fase II e depois pela fase I.
Fármaco Fase I Fase II
Oxidação, 
redução e/ou 
hidrólise
Produtos de 
conjugação
Após a fase I, o fármaco pode ser ativado, 
permanecer inalterado ou, com mais 
frequência, inativado.
O fármaco conjugado geralmente é 
inativo.
Alguns fármacos entram 
diretamente na fase II de 
biotransformação.
Figura 3. Biotransformação dos fármacos.
Fonte: Clark, MA. Farmacologia Ilustrada. 5ª Ed. 2013.
Excreção
A excreção, ou depuração, dos fárma-
cos pode ser por via renal, fecal (se-
jam os fármacos ingeridos por via oral 
e não absorvidos ou fármacos que fo-
ram secretados diretamente no intes-
tino ou na bile), pulmonar ou através 
do leite das lactantes.
11FARMACOCINÉTICAE FARMACODINÂMICA
A via de excreção mais comum é a re-
nal e para que os fármacos sejam eli-
minados na urina, três processos são 
fundamentais: filtração glomerular, 
secreção tubular ativa e reabsorção 
tubular passiva.
Na filtração glomerular, os fárma-
cos livres (não ligados à albumina) 
atravessam as fendas dos capilares 
do plexo glomerular, chegando ao 
espaço de Bowman. Apesar de a li-
possolubilidade e o pH não afetarem 
este processo, a velocidade de filtra-
ção glomerular e a ligação a proteínas 
plasmáticas, como a albumina, po-
dem reduzir a quantidade de fármaco 
que passa para o filtrado glomerular 
no espaço de Bowman.
A parte dos fármacos que não foi fil-
trada sai dos glomérulos por meio da 
arteríola eferente. Esta, por sua vez, 
forma um plexo em torno dos túbu-
los proximais, através do qual ocorre 
secreção ativa dos fármacos. Dessa 
forma, há proteínas transportadoras 
transmembranas que fazem o trans-
porte de cátions e ânions mediante 
gasto de energia (ATP). É importan-
te ressaltar que prematuros e recém-
-nascidos não têm esse mecanismo 
secretor tubular totalmente desen-
volvido e, assim, podem reter certos 
fármacos.
Ao chegar no túbulo contorcido distal, 
a concentração do fármaco aumentou 
a ponto de exceder a do espaço pe-
rivascular, o que gera a reabsorção 
passiva (por osmose). Porém, ape-
nas os fármacos neutros difundem-se 
para fora do lúmen e volta à circula-
ção sistêmica. Desta forma, é possível 
reduzir a reabsorção e, consequente-
mente, aumentar a excreção de fár-
macos através da manipulação do pH. 
Usando a mesma lógica do desloca-
mento do equilíbrio de reação (expli-
cado anteriormente), entende-se que 
ácidos fracos podem ser eliminados 
em maior quantidade alcalinizando a 
urina, enquanto a eliminação de ba-
ses fracas pode ser aumentada pela 
acidificação da urina.
Outro fator que minimiza esta rea-
bsorção é a biotransformação que 
os fármacos sofrem, pelo fígado, em 
metabólitos mais polares. Caso essa 
metabolização não ocorresse, os fár-
macos lipossolúveis se difundiriam 
facilmente para fora do lúmen e vol-
tariam para a corrente sanguínea, o 
que reduziria drasticamente a sua eli-
minação pela urina.
Meia-vida
Alguns fármacos são eliminados mais 
rapidamente que outros. Esta velo-
cidade é determinante para a meia-
-vida, que é definida como o tempo 
necessário para que a concentração 
plasmática do fármaco reduza à me-
tade. 
Algumas situações clínicas podem 
aumentar a meia-vida, entre elas: di-
12FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
minuição do fluxo sanguíneo renal ou 
hepático; diminuição na capacidade 
de extrair o fármaco do plasma, como 
na doença renal; e diminuição da bio-
transformação, por exemplo, quando 
outros fármacos inibem a biotransfor-
mação ou na insuficiência hepática. 
Na prática, isso significa que muitos 
medicamentos requerem ajuste da 
dose em caso de insuficiência hepá-
tica ou renal.
Há também situações em que há re-
dução da meia-vida: aumento do flu-
xo sanguíneo hepático; aumento da 
biotransformação; e menor ligação às 
proteínas plasmáticas.
3. FARMACODINÂMICA
Este ramo da farmacologia estuda 
as várias maneiras (mecanismos de 
ação) como os fármacos agem sobre 
seus sítios-alvo para alcançar seus 
efeitos, desejados e indesejados.
Local de ação
Depois de terem sido administrados, 
absorvidos e distribuídos aos tecidos 
orgânicos, os fármacos encontram o 
seu local de ação: os receptores celu-
lares, estejam eles presentes na su-
perfície ou no interior das células.
Assim, a interação fármaco-recep-
tor nas células-alvo produz o efeito 
terapêutico desejado, enquanto que 
esta mesma interação em outras cé-
lulas causa os efeitos colaterais. Em 
contrapartida, a depender da via de 
administração e das propriedades do 
fármaco, este pode atuar apenas em 
uma área específica do corpo.
Mecanismos de ação
Os mecanismos de ação, através dos 
quais os fármacos desencadeiam um 
efeito, são diversos, mas obedecem, 
de forma geral, a um mesmo conjun-
to de etapas. A etapa inicial é ligação 
do fármaco ao receptor, formando 
o complexo fármaco-receptor (FR). 
Este, por sua vez é responsável por 
desencadear o processo de transdu-
ção, ou seja, uma série de reações em 
cascata por meio de segundos men-
sageiros, que resulta em uma respos-
ta intracelular específica.
Há receptores intracelulares e re-
ceptores de membrana (transmem-
brana). Entre estes estão os canais 
iônicos disparados por ligantes, re-
ceptores acoplados à proteína G e 
receptores ligados a enzimas (figura 
4). A formação do complexo FR com 
cada um destes receptores dá origem 
a reações diferentes, que serão abor-
dadas agora.
13FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
Canais iônicos transmembrana 
disparados por ligantes
Os canais iônicos disparados por li-
gantes são responsáveis pelo contro-
le do fluxo de íons através das mem-
branas celulares. Este controle se dá 
por meio da sua interação com ligan-
tes. Quando os fármacos se ligam, os 
canais se abrem e permitem a entra-
da ou a saída de íons, gerando alte-
rações no potencial de membrana, o 
que pode desencadear, por exemplo, 
despolarizações ou hiperpolarizações 
das células. 
A resposta a estes receptores é bas-
tante rápida (milissegundos)e diver-
sas funções são intermediadas por 
meio deles, incluindo a neurotrans-
missão, a condução cardíaca e a con-
tração muscular. 
Receptores transmembrana 
acoplados à proteína G
Esses receptores são constituídos de 
um peptídeo que tem sete regiões 
que se estendem através da mem-
brana, sendo que o seu domínio ex-
tracelular contém a área de fixação do 
ligante. A proteína G é composta por 
subunidades: a subunidade α (que se 
liga ao trifosfato de guanosina (GTP) 
ou difosfato de guanosina (GDT)) e a 
subunidade βγ.
Quando é ocupado pelo ligante (fár-
maco), o receptor passa a interagir 
com a proteína G no lado intracelu-
lar, ativando-a. Assim, a subunidade 
α tem seu GDP substituído pelo GTP. 
Ocorre a dissociação da proteína G, 
e ambas as subunidades α-GTP e a 
subunidade βγ interagem com outros 
efetores celulares.
Figura 4. Mecanismos de sinalização transmembrana.
Fonte: Clark, MA. Farmacologia Ilustrada. 5ª Ed. 2013.
14FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
Esta interação envolve a ativação 
da adenililciclase pelas subunidades 
α-GTP, a qual resulta na produção 
de monofosfato de adenosina cíclico 
(AMPc) - um segundo mensageiro 
que regula a fosforilação de proteínas. 
As proteínas G também ativam a fos-
folipase C, que é responsável pela ge-
ração de dois outros segundos men-
sageiros, o trifosfato-1,4,5 de inositol 
(IP3) e o diacilglicerol (DAG). O IP3 é 
responsável pela regulação das con-
centrações de cálcio intracelular livre, 
bem como de outras proteínas, en-
quanto o DAG ativa várias enzimas, 
como a proteína quinase (PKC), no in-
terior da célula, levando a uma série 
de efeitos fisiológicos. Efeitos estes 
que, em geral, duram de vários se-
gundos até minutos.
Receptores ligados a enzimas
Estes receptores são compostos por 
diversos complexos de subunidades, 
que possuem, inclusive, ação enzimá-
tica citosólica. Quando o fármaco se 
liga ao domínio extracelular, o recep-
tor sofre alteração conformacional, 
passando da sua forma quinase inati-
va para a ativa. O receptor ativado se 
autofosforila e fosforila os resíduos de 
tirosina em proteínas específicas. 
A introdução de um grupo fosfato 
pode modificar de modo substancial 
a estrutura tridimensional da proteí-
na-alvo, atuando como um interrup-
tor molecular que ativa múltiplas vias 
sinalizadoras. Este mecanismo ocor-
re, por exemplo, com os receptores de 
insulina (figura 5) e a duração da res-
posta a estes receptores é da ordem 
de minutos até horas.
Figura 5. Mecanismo de ação dos receptores de insulina.
Fonte: Clark, MA. Farmacologia Ilustrada. 5ª Ed. 2013.
15FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
Receptores intracelulares
O ligante destes receptores deve ser 
suficientemente lipossolúvel para 
que este se difunda pela membrana 
plasmática echegue até os recepto-
res que estão localizados dentro das 
células. Uma vez formados os com-
plexos FR, os alvos primários são os 
fatores de transcrição (localizados no 
núcleo da célula), que levam à trans-
crição do DNA em RNA e à tradução 
do RNA em uma série de proteínas.
Devido à modificação da expressão 
gênica e, por isso, da síntese proteica, 
as respostas celulares só são obser-
vadas após um tempo considerável 
(30 minutos ou mais), e a duração da 
resposta (horas ou dias) é muito maior 
do que dos outros receptores. Exem-
plos de receptores intracelulares são 
os receptores de hormônios esteroi-
des e tireoidianos. 
Alguns aspectos da transdução 
de sinais
A transdução de sinais tem dois as-
pectos relevantes: a capacidade de 
amplificar sinais pequenos e a prote-
ção da célula contra a estimulação ex-
cessiva, por meio da dessensibilização 
dos receptores aos seus ligantes.
Efeito
A intensidade da resposta é propor-
cional ao número de complexos FR, 
ou seja, a intensidade do efeito de-
pende da concentração do fármaco 
no local do receptor que, por sua vez, 
é determinada pela dose do fármaco 
administrado e por fatores caracterís-
ticos do perfil farmacocinético do fár-
maco, velocidades de absorção, dis-
tribuição e biotransformação.
Há algumas propriedades relaciona-
das ao efeito do fármaco:
Potência
A potência é definida como a medida 
da quantidade de fármaco necessária 
para produzir um efeito de uma dada 
intensidade. Para a determinação da 
potência analisa-se a concentração 
do fármaco que produz 50% do efei-
to máximo. 
Entre dois fármacos (A e Z), se para 
alcançar metade do efeito máximo, o 
fármaco Z requer concentração maior 
que o fármaco A, pode-se afirmar 
que o fármaco A é mais potente que 
o Z, já que uma concentração inferior 
é capaz do mesmo efeito.
Eficácia
A eficácia diz respeito à habilidade do 
fármaco de provocar a resposta far-
macológica quando interage com um 
receptor, ou seja, um fármaco é mais 
eficaz que outro quando possui efeito 
terapêutico máximo superior ao outro. 
16FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
MAPA MENTAL - FARMACODINÂMICA
Receptores intracelulares
Mecanismo de ação
FARMACODINÂMICA
Efeito Local de ação
Receptores ligados a enzimas
Receptores transmembrana 
acoplados à proteína G
Canais iônicos transmembrana 
disparados por ligantes
Potência
Eficácia
Receptores celulares
Superfície das células
Interior das células
17FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
MAPA MENTAL - FARMACOCINÉTICA
Farmacocinética
Absorção
Mecanismos
BiotransformaçãoDistribuição
Excreção Vias de administração
BiodisponibilidadeInfluenciada por
Tempo de contato
Fluxo sanguíneo
Superfície disponível
Expressão de glicoproteína-P
pH
Transporte ativo
Difusão facilitada
Difusão passiva
Endocitose
Fator hepático
Instabilidade química
Solubilidade
Natureza
Fase I
Fase II
Moléculas lipídicas em 
moléculas polares
Conjugação para produção 
de composto hidrofílico
Retal
Parenteral
Oral
Sublingual
IV
IM
SC
Renal
Fecal
Pulmonar
Leite das lactantes
Hidrofobicidade
DC
Fluxo sanguíneo
Permeabilidade capilar
Volume do tecido
Grau de ligação à proteínas
18FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Penildon. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
BRUNTON, Laurence L. et al (Edt.). Goodman & Gilman manual de farmacologia e tera-
pêutica. Porto Alegre: AMGH, 2010.
CLARK, Michelle A; FINKEL, Richard; REY, Jose A; WHALEN, Karen. Farmacologia ilustra-
da. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
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