Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Raymond Chang Kenneth A. Goldsby C456q Chang, Raymond. Química [recurso eletrônico] / Raymond Chang, Kenneth A. Goldsby ; [tradução: M. Pinho Produtos Digitais Unipessoal Lda.]; revisão técnica: Denise de Oliveira Silva, Vera Regina Leopoldo Constantino. - 11. ed. - Dados eletrônicos. - Porto Alegre : AMGH, 2013. Editado também como hvro impresso em 2013. ISBN 978-85-8055-256-0 1. Química. I. Goldsby, Kenneth A. II. Título. CDU 54 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus - CRB10/2052 Raymond Chang Kenneth A. Goldsby Química I V edição Revisão técnica: Denise de Oliveira Silva Bacharel e Doutora em Química pela USP Pós-doutora em Química Inorgânica pela Texas A & M University Professora do Instituto de Química da USP Vera Regina Leopoldo Constantino Bacharel e Doutora em Química pela UNESP Pós-doutora em Química pela Michigan State University Professora do Instituto de Química da USP Versão impressa desta obra: 2013 Mc Graw Híll Educatíon AMGH Editora Ltda. 2013 Capítulo 25 ♦ Polímeros orgânicos sintéticos e naturais 1075 (a) (b) Figura 25.15 Alterações estruturais que ocorrem quando o grupo heme da hemoglobina se liga a uma molécula de oxigênio, (a) O grupo heme da desoxi-hemoglobina. (b) Oxi-hemoglobina. Quando as proteínas são aquecidas acima da temperatura normal do corpo humano, ficam sujeitas a condições de acidez ou basicidade elevadas ou são trata das com certos reagentes especiais, ditos desnaturantes, elas perdem total ou par cialmente as suas estruturas terciária e secundária. Nestas condições, as proteínas não exibem mais as suas atividades biológicas normais, sendo denominadas pro~ teínas desnaturadas. A Figura 25.16 mostra a variação de velocidade com a tem peratura para uma reação típica de catálise enzimática. Inicialmente, a velocidade aumenta com a temperatura, como seria de se esperar. Além da temperatura ótima, contudo, a enzima começa a desnaturar e a velocidade diminui rapidamente. Se uma proteína é desnaturada em condições brandas, ela pode muitas vezes regenerar a sua estrutura original após a remoção do desnaturante ou pelo retomo da tempe ratura ao valor normal. Este processo chama-se de desnaturação reversível Figura 25.16 Variação da velocidade de uma reação de catálise enzimática com a temperatura. Acima da tempera tura ótima, à qual a enzima é mais eficaz, a ação da enzima diminui como conse quência da desnaturação. Cozinhar o ovo desnatura as proteínas da clara. 25.4 Ácidos nucleicos Os ácidos nucleicos são polím eros de alta massa m olar que desem penham um papel essencial na síntese das proteínas. O ácido desoxirribonucleico (DNA) e o ácido ribonucleico (RNA) são os dois tipos de ácidos nucleicos existentes. As moléculas de DNA estão entre as maiores moléculas conhecidas, com massas molares que podem ir até 10̂ ® g. Por outro lado, as moléculas de RNA variam muito em tamanho, tendo algumas delas massa molar de cerca de 25 000 g. Em comparação com as proteínas, que podem conter até 20 aminoácidos diferentes, os ácidos nucleicos têm uma composição razoavelmente simples. Uma molécula de DNA ou de RNA contém apenas quatro unidades diferentes: purinas, pirimi- dinas, açúcares furanosídicos e grupos fosfato (Figura 25.17). As purinas e as pirimidinas são chamadas de bases. Nos anos 1940, Erwin Chargaff^ estudou moléculas de DNA obtidas a partir de várias origens e observou certas regularidades. As regras de Chargaff, como atualmente se designam as suas conclusões, descrevem estas regularidades: 1. A quantidade de adenina (uma purina) é igual à quantidade de timina (uma pirimidina), isto é, A = T ou A/T = 1. 2. A quantidade de citosina (uma pirimidina) é igual à quantidade de guanina (uma purina), isto é, C = G ou C/G = 1. ̂Erwin Chargaff (1905-2002). Bioquímico norte-americano de origem austríaca. Chargaff foi o pri meiro a mostrar que espécies biológicas diferentes contêm moléculas de DNA diferentes. 1076 Química Encontrado apenas no DNA Encontrado no DNA e no RNA Encontrado apenas no RNA •d < OH H Desoxirribose 0 II O - P - 0 - 1 0 _ Fosfato Figura 25.17 Componentes do DNA e do RNA. Imagem de uma molécula de DNA, obti da no microscópio eletrônico. A estrutura em dupla hélice é evidente. Se as molé culas de DNA de todas as células de um ser humano fossem esticadas e ligadas pelas extremidades, o comprimento des sa cadeia seria 100 vezes a distância da Terra ao Sol! 3. O número total de bases purínicas é igual ao número de bases pirimidíni- cas, isto é, A + G = C + T. Em 1953, James Watson^ e Francis Crick^, com base em análises químicas e em resultados de difratometria de raios X, concluíram que a molécula de DNA é formada por duas cadeias, ambas enroladas de modo a formar uma dupla hélice. A unidade repetitiva em cada hélice, o nucleotídeo, é constituído p o r uma base, uma desoxirribose e um grupo fo sfa to (Figura 25.18). A chave para a estrutura em dupla héhce do DNA é a formação de hga- ções de hidrogênio entre as bases de cada uma das cadeias. Embora ligações de hidrogênio possam se formar entre quaisquer pares de bases, Watson e Cri- ck verificaram que as combinações mais favoráveis aconteciam entre os pares adenina-timina e citosina-guanina (Figura 25.19). Repare que este esquema é ̂James Dewey Watson (1928-). Biólogo norte-americano. Watson dividiu o Prêmio Nobel de Medi cina de 1962 com Crick e Maurice Wilkins pelo seu trabalho sobre a estrutura do DNA, considerado por muitos o desenvolvimento mais significativo da biologia no século xx. ® Francis Harry Compton Crick (1916-2004). Biólogo britânico. Crick começou como físico mas a leitura do livro “O que é a vida” de Erwin Schrõdinger (ver Capítulo 7) despertou seu interesse pela biologia. Além de ter contribuído para a elucidação da estrutura do DNA, pelo que foi um dos laure ados em 1962 com o Prêmio Nobel de Medicina, Crick deu muitas outras contribuições importantes para o desenvolvimento da biologia molecular. Capítulo 25 ♦ Polímeros orgânicos sintéticos e naturais 1077 Figura 25.18 Estrutura de um nucleotídeo, uma das unidades de repetição do DNA. consistente com as regras de Chargaff, porque cada base purínica está ligada a uma base pirimidínica e vice-versa (A + G = C + T). Outras forças atrativas, como as interações dipolo-dipolo e as forças de van der Waals entre os pares de bases, também contribuem para estabilizar a dupla hélice. A estrutura do RNA difere da do DNA de várias formas. Em primeiro lugar, e conforme mostrado na Figura 25.17, as quatro bases presentes nas molé culas de RNA são a adenina, a citosina, a guanina e a uracila. Em segundo lugar, o RNA contém o açúcar ribose, em vez da 2-desoxirribose do DNA. Em terceiro lugar, a análise química mostra que a composição do RNA não obedece às regras de Chargaff. Em outras palavras, a razão purina-pirimidina não é igual a 1, como no DNA. Esta e outras evidências excluem uma estrutura em dupla héhce. De —A T - ^ ----- T A - Figura 25.19 (a) Formação dos pares de bases adenina-timina e citosina-guanina. (b) Estrutura em dupla hélice da molécula de DNA, mantida por ligações de hidrogênio (e por outras forças intermoleculares) entre os pares de bases A-T e C-G. Identificação pelo DNA 0 patrimônio genético humano, ou genoma, consiste em aproximadamente 3 X 10̂ nucleotídeos. Estas 3 X 10 ̂unidades compõem os 23 pares de cromossomos, que são cadeias contí nuas de DNA que podem ter de 50 milhões a 500 milhões de nucleotídeos. Codificadas no DNA e armazenadas em unida des, chamadas genes, estão as instruções para a síntese das pro teínas. Cada um dos 100 000 genes é responsável pela síntese de uma única proteína. Além das instruções para a síntese das proteínas, cada gene contém uma sequência de bases, repeti da diversas vezes, sem função conhecida. O que é interessante acerca destas sequências, chamadas de minissatélites, é que elas aparecem muitas vezes em localizações diferentes enão apenas em um determinado gene. Cada pessoa tem um número próprio de repetições. Apenas os gêmeos idênticos têm o mes mo número de sequências de minissatélites. Em 1985, o químico britânico Alec Jeífreys sugeriu que as sequências de minissatélites constituem um meio de identifi cação, tal como as impressões digitais. Desde então, as impres sões digitais pelo DNA tomaram-se a grande referência entre os agentes policiais para a identificação de suspeitos de crimes. Para obter uma impressão digital pelo DNA, um quími co necessita de uma amostra de qualquer tecido, como sangue ou sêmen; até mesmo o cabelo e a saliva contêm DNA. De pois, o DNA é extraído no núcleo das células e partido em seg mentos pela adição das chamadas enzimas de restrição. Estes segmentos, carregados negativamente, são separados por ele- troforese em gel. Os segmentos menores movem-se mais rapi damente do que os maiores e acabam se separando em bandas. As bandas de segmentos de DNA são transferidas do gel para uma membrana plástica, fixando-se assim as suas posições. Adiciona-se então uma sonda de DNA, isto é, um segmento de DNA marcado com um isótopo radioativo. A sonda liga-se aos segmentos que têm uma sequência de DNA complementar. Coloca-se depois um filme sensível aos raios X sobre a folha de plástico, ficando impressos os pontos correspondentes aos segmentos complementares da sonda. São necessárias quatro sondas diferentes para obter um perfil único para cada pessoa. Estima-se que a probabilidade de encontrar perfis idênticos no DNA de duas pessoas escolhidas ao acaso é da ordem de 1 para 10 .̂ O primeiro caso, nos Estados Unidos, de uma pessoa que foi condenada por um crime com a ajuda da identificação pelo DNA remonta a 1987. Hoje, a identificação pelo DNA tomou- -se uma ferramenta indispensável para a aplicação da lei. O DNA é extraído das células sanguíneas Uma enzima de Os fragmentos são restrição corta o separados em bandas DNA em fragmentos por eletrofase em gel O padrão das bandas de DNA é transferido do gel para uma membrana de náilon A Sonda de DNA radioativo fixa-se a sequências específicas de DNA O filme sensível ao raio X detecta o perfil radioativo Pefil duplicado, mesma pessoa Procedimento para identificação pelo DNA. O filme revelado mostra a impressão digital pelo DNA, que é comparada com padrões de indivíduos conhecidos. Capítulo 25 ♦ Polímeros orgânicos sintéticos e naturais 1079 fato, a molécula de R N A existe como uma cadeia polinucleotídica simples e não Na década de 1980 descobriu-se que como uma dupla hélice. Na realidade, existem três tipos de moléculas de RNA algumas moléculas de r n a podem ^ ^ funcionar como enzimas. - O RNA mensageiro (mRNA), o RNA ribossômico (rRNA) e o RNA de trans ferência (íRNA). Estas moléculas são constituídas por nucleotídeos semelhantes mas diferem na massa molar, na estrutura global e nas funções biológicas. As moléculas de DNA e de RNA dirigem a síntese de proteínas na célula, um assunto que está além do âmbito deste livro. Há hvros introdutórios em bio química e biologia molecular que exphcam este processo. O texto Química em Ação na página 1078 descreve uma técnica usada em investigação criminal baseada no nosso conhecimento sobre a sequência do DNA. Resumo de fatos e conceitos 1. Os poKmeros são moléculas muito grandes, constituídas por pequenas unidades repetitivas, chamadas de monômeros. 2. As proteínas, os ácidos nucleicos, a celulose e a borracha são polímeros naturais. O náilon, o Dacron e o acrílico são exemplos de polímeros sintéticos. 3. Os polímeros orgânicos podem ser sintetizados via reações de adição ou de condensação. 4. Os estereoisômeros de um polímero constituído por monô meros assimétricos têm propriedades diferentes, dependen do do modo como as unidades se ligam umas às outras. 5. As borrachas sintéticas incluem o policloropreno e o estireno- -butadieno, que é um copolímero do estireno e do butadieno. 6. A estrutura determina a função e as propriedades das proteí nas. Em grande parte, a ligação de hidrogênio e outras forças intermoleculares determinam a estrutura das proteínas. 7. A estrutura primária de uma proteína é a sua sequência de aminoácidos. A estrutura secundária é a forma definida pelas ligações de hidrogênio entre os grupos CO e NH do esqueleto de aminoácidos. As estruturas terciária e quater nária são os arranjos tridimensionais das proteínas estabili zados por ligações de hidrogênio e por outras forças inter moleculares. 8. Os ácidos nucleicos - DNA e RNA - são polímeros de ele vada massa molar, responsáveis pelas instruções genéticas que regem a síntese de proteínas nas células. As unidades constituintes do DNA e do RNA são os nucleotídeos. Cada nucleotídeo do DNA contém uma base purínica ou pirimi- dínica, uma molécula de desoxirribose e um grupo fosfato. Os nucleotídeos do RNA são semelhantes, mas contêm ba ses diferentes e ribose em vez de desoxirribose. Palavras-chave Ácido desoxirribonucleico (DNA), p. 1075 Ácido nucleico, p. 1075 Ácido ribonucleico (RNA), p. 1075 Aminoácido, p. 1067 Copolímero, p. 1065 Homopolímero, p. 1062 Monômero, p. 1061 Nucleotídeo, p. 1076 Polímero, p. 1061 Proteína desnaturada, p. 1075 Proteína, p. 1067 Questões e problemas Polímeros orgânicos sintéticos Q uestões de revisão 25.1 Defina os seguintes termos: monômero, polímero, ho mopolímero e copolímero. 25.2 Cite 10 objetos que contenham polímeros orgânicos sintéticos. 25.3 Calcule a massa molar de uma amostra de polietileno, -(“CH2—CH2“)jí, onde n = 4600. 25.4 Descreva os dois principais mecanismos de síntese de polímeros orgânicos. 25.5 O que são catalisadores de Ziegler Natta? Qual é o seu papel na síntese de polímeros? 25.6 No Capítulo 12 estudamos as propriedades coligativas das soluções. Quais destas propriedades são adequadas para a determinação da massa molar de um polímero? Por quê?
Compartilhar