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HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
3 
 
 Antônio Gonçalves Sobreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sobral 
2017 
 
4 
 
 
 
5 
 
SUMÁRIO 
Palavra do professor 
Ambientação a disciplina 
Trocando ideias com os autores 
Problematizando 
 
Unidade de estudo 01: Os Períodos Históricos da Igreja 
 1.1 História da Igreja Antiga 
 1.2 História da Igreja Medieval 
 1.3 História da Igreja Moderna 
 1.4 História da Igreja Contemporânea 
 
Unidade de estudo 02: História do Catolicismo Romano 
 2.1 Definição do Termo 
 2.2 História da Igreja Cristã 
 2.3 Doutrina Católica 
 2.4 Organização e Estrutura 
2.5 História do Catolicismo Grego 
 2.5.1 Definição do Termo 
 2.5.2 História da Igreja Ortodoxa 
 2.5.3 Doutrina Ortodoxa 
 
6 
 
 2.5.4 Ritos das Igrejas Orientais 
 
Unidade de estudo 03: Reformas religiosas do século XVI 
3.1 Reforma e Contra-Reforma 
 3.2 Antecedentes da Reforma 
 3.3 A Reforma Protestante 
 3.4 A Contra-Reforma 
 
3.5 A História do Protestantismo 
 3.5.1 Princípios Gerais 
 3.5.2 Origem e Evolução 
 
Conclusão 
Explicando melhor com a pesquisa 
Leitura Obrigatória 
Explicando melhor com a pesquisa 
Pesquisando na Internet 
Saiba mais 
Vendo com os olhos de ver 
Revisando 
Auto avaliação 
Bibliografia 
Bibliografia Web 
 
7 
 
PALAVRA DO PROFESOR 
 
Caro estudante, 
 
Estamos iniciando a disciplina História do Cristianismo, que em outras palavras é a 
história da instituição conhecida como Igreja Cristã em suas várias vertentes e inclui 
aspectos históricos políticos, sociais e econômicos relacionados. A história do ponto de 
vista cristão é teleológica, ou seja, persegue um determinado fim. Este fim será glorioso e 
sua vitória é certa. O Santo do evangelho falando sobre o futuro da sua Igreja diz: “E as 
portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Mateus 16.18. Tornar-se interessante 
aprofundar o significado desta afirmação. O que Jesus estava garantindo para seus 
discípulos? Se pensarmos na luta entre o bem e o mal, muitas batalhas foram travadas 
entre os filhos da luz e os filhos das trevas. Mas será que a Igreja sempre prevaleceu 
sobre as forças do inferno? Será que a instituição religiosa não agiu tal qual os filhos das 
trevas em vários momentos da história? Estudar a história do Cristianismo é tentar 
entender os papeis que a Igreja organizada assumiu ao longo da sua história. Não basta 
apenas conhecer os fatos, mas é preciso tentar entendê-los dentro do seu contexto social, 
político, cultural, e da teologia cristã; para em seguida refletirmos como esse 
conhecimento pode ajudar a Igreja de Cristo hoje viver o presente melhor à luz da 
eternidade. 
Bom estudo. 
 
 
 
 
 
8 
 
 
Sobre o autor 
 
Antônio Gonçalves Sobreira é graduado em Teologia (1997); 
Filosofia (2016); pós-graduado em Ciências da Educação; em 
Psicopedagogia e mestrando em Ciências da Educação. 
Atualmente é professor no Centro Universitário INTA. 
 
 
 
 
9 
 
AMBIENTAÇÃO 
 
Estudar a História do cristianismo é uma tarefa desafiadora por vários motivos: Uma 
delas é a imensidão de materiais e fatos acumulados ao longo de 2000 mil anos. Com 
tanto material a ser estudado fica difícil estabelecer um critério para determinar o que é o 
mais essencial. 
 No entanto devemos considerar que existem fatos mais importantes, na história do 
cristianismo. Os caminhos da história eclesiástica nos dar uma sensação de quem penetra 
numa caverna, sem saber o que encontrará adiante. Perdidos em circunstâncias assim, 
torna-se difícil distinguir entre o que é fundamental é o que é secundário. 
Na nossa abordagem privilegiamos a visão do todo. Trata-se de um mapa e de uma 
bússola para quem se aventura pelo interessante caminho da história. Este livro não 
pretende ser um livro tradicional de história da Igreja. Pretende ser mais um mapa. 
Oferece uma visão panorâmica. É o suficiente para nos dar o essencial, o fundamental 
que poderá ser aprofundado em pesquisa particular. 
Na primeira unidade ofereceremos essa visão panorâmica, o que será muito 
importante para que o estudante tenha a visão do todo. Os próximos capítulos 
estudarão em grandes blocos os três ramos principais do cristianismo: a Igreja Católica 
Romana, a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja protestante. 
 
10 
 
TROCANDO IDEIAS COM OS AUTORES 
 
 
COLINS, Michael; Matthew A. História do cristianismo: 2000 anos de fé. São Paulo: 
edições Loyola, 2000. 
 Uma análise histórica muito interessante sobre o 
cristianismo. Realizada por dois pesquisadores, um de 
formação protestante e o outro padre católico. Ambos 
precisaram deixar de lado diferenças históricas que os 
separavam para juntos realizar este belo trabalho. 
Uma fascinante viagem pelos 2000 anos da história de fé 
cristã. Um livro ecumênico que expõe de forma didática e 
acessível a qualquer leitor, os vários períodos do cristianismo, a começar por suas 
origens judaicas, o nascimento de Cristo em Belém da judéia e a expansão da Igreja na 
Ásia e na Europa até os dias atuais. Este livro é também a história de 2000 anos da 
civilização ocidental. 
 
 
ESTRADE, Juan Antônio. Para compreender como surgiu a igreja. São Paulo: Paulinas, 
2005. 
Como surgiu a Igreja? Este livro procura responder a tal 
pergunta. Parte do projeto de Jesus, que não é a fundação 
da Igreja, mas a instauração do Reinado de Deus; estuda 
como se dá um processo teológico e histórico, no qual o 
projeto de Jesus é transformado; e analisa o surgimento de 
apóstolos e ministros. 
 
 
11 
 
GUIA DE ESTUDO 
 
Após a leitura das obras acima citadas, faça um breve resumo das principais impressões 
que teve de cada obra, e procure destacar aquilo que lhe pareceu mais essencial na 
abordagem de cada autor. 
 
 
 
 
 
PROBLEMATIZANDO 
 
Ao pensar sobre a história do cristianismo, pensamos na história da Igreja Cristã, 
em suas múltiplas fases, seus conflitos internos e externos, seus erros e acertos, e nos vem 
a mente o que Jesus Cristo fala sobre sua Igreja diz: “E as portas do inferno não 
prevalecerão contra ela”. Mateus 16.18. Estaria Jesus falando de uma incondicional vitória 
dos propósitos de Deus para a Igreja ao longo da história ou preferencialmente de uma 
vitória escatológica por ocasião da parusia? A vitória espiritual da Igreja é o mesmo que o 
êxito da instituição também chamada de Igreja? Se pensarmos na luta entre o bem e o 
mal, sabemos que muitas batalhas foram travadas. Teria a Igreja vencida sempre os 
poderes do inferno? O que essa expressão de Jesus realmente significa? Como interpreta-
la a luz da história do cristianismo? Procure estudar a disciplina, tendo em mente essas 
indagações. Existe um sentido para a história cristã? Se sim, qual é esse sentido? Meu 
desafio, ao formular essa questão, é que consiga elaborar uma resposta ainda que 
provisória para si mesmo. 
 
 
 
12 
 
 
13 
 
1 
PERÍODOS HISTÓRICOS DO 
CRISTIANISMO 
 
 
CONHECIMENTO 
Conhecer a visão panorâmica da disciplina História do cristianismo, com destaque aos 
quatro períodos principais, a saber: Idade antiga, medieval, moderna e contemporânea. 
 
Habilidade 
 Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de 
fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em ambiente acadêmico 
acerca do tema. 
 
Atitude 
 Capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la nas suas práxis. 
 
14 
 
1 OS PERÍODOS HISTÓRICOS DA IGREJA 
 
Estudar a História do Cristianismo é tarefa que exige esforço e paciência. Não é um 
trabalho rápido ou breve. Neste primeiro capítulo objetivamos apresentar uma visão 
resumida, porem panorâmica dos grandes períodos da história do cristianismo. 
 Tratar de períodos tão vastos da históriado cristianismo corre-se o risco da 
parcialidade; de uma abordagem com motivações subjetivas; de fazer juízo de valor; 
cometer anacronismos ou até proselitismo. Como escapar a esses equívocos? Parece 
impossível. Nessa síntese pretendemos a objetividade, ou seja, queremos conhecer os 
fatos e seus significados. Mas é possível a objetividade desse campo de estudo? 
Dificilmente, no entanto não devemos abdicar do nosso objetivo, embora se pareça 
inatingível em sua totalidade. 
O viajante da história é um ser limitado no tempo e espaço, limitada também é sua 
capacidade de resgatar o passado. No nosso caso abordaremos fatos abrangendo um 
período de 2000 mil anos aproximadamente. Temos os registros históricos, documentos 
(escassos muitas vezes). Mais ainda assim, temos apenas visões parciais do passado. Mas 
isso não significa que não possamos abordá-lo de modo algum. 
O que é a história? 
Para iniciarmos nosso estudo, permitamos uma reflexão sobre a história do ponto de 
vista cristão. Na perspectiva cristã Deus é o senhor da História. Quando Israel passava 
pelo cativeiro da Babilônia, o profeta Daniel (Dn 2) tem uma revelação e interpreta o 
sonho do monarca, é revelado uma sucessão de grandes impérios mundiais a começar 
pela Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma, a Europa dividida em reinos fortes e fracos, 
mais por fim, são todos destruídos por uma grande pedra arremessada 
sobrenaturalmente, e o reino de Deus representado por uma grande montanha se 
espalha pela terra. Uma representação que poderia ser traduzida de forma simples: 
 
15 
 
embora a história pareça seguir seu curso, como resultado de escolhas e determinações 
humanas, é Deus que tem o controle final da história, e por fim a historia alcançará seu 
pleno desenvolvimento e propósito. É na história que o homem se aliena de Deus, mas e 
também na história que Deus redime a raça humana por meio da encarnação, Deus entra 
na história, o absoluto e o finito se encontram tornando-se uma só realidade. Para a 
visão cristã, a vida humana tem um sentido e a história da humanidade também tem o 
seu, e está vinculado ao destino de toda raça humana. A história tem começo, meio e 
fim, é, portanto de natureza teleológica e linear, diferente da visão grega que a 
compreendia como sendo cíclica. É claro que há correntes filosóficas que não 
compartilham dessa visão e dirá que a história não possui sentido algum. São correntes 
que se alinham com o ateísmo, e não com o teísmo cristão. 
Dizer que Deus é o senhor da história não significa que tudo que acontece na história 
ocorre por determinação divina, como se cada ato humano estivesse predestinado pela 
providencia divina. Isso certamente destruiria a liberdade humana e tornaria Deus 
responsável por todo o mal e sofrimento existente no mundo. A Revelação apresenta o 
homem como um ser com capacidade de escolher entre o bem e o mal, um ser de 
liberdade, capaz de fazer escolhas. “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao 
Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que 
estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a 
minha casa serviremos ao Senhor.” Josué 24:15. O homem pode escolher servir a Deus, ou 
aos deuses ou a deus nenhum. É nisso que consiste sua liberdade, no poder da escolha. 
Seria a história uma sucessão de fatos ocorridos no tempo, resultado da escolha 
humana que se entrelaçam numa dinâmica criando uma rede de acontecimentos sem fim 
algum? Para o cristianismo Deus é senhor absoluto e a encarnação fez Deus entrar no 
tempo e na história. Isso comunica automaticamente um sentido para a mesma. Na sua 
soberana vontade, ele orquestra os acontecimentos de tal forma que, independente da 
vontade humana, fara prevalecer a Sua vontade num plano macro, ainda que num plano 
micro nem sempre sua vontade prevaleça. Isso porque o próprio Deus, num ato de amor, 
 
16 
 
recua voluntariamente na sua soberania para dar espaço a existência da liberdade 
humana. 
A História é de natureza escatológica, se dirige para um clímax, onde as forças do 
bem e do mal travarão sua última batalha, Deus dará a última palavra, e porá fim a 
história tal como a conhecemos hoje. Todas as forças contrárias aos propósitos divinos 
serão vencidas e aniquiladas, não sobrará “nem raiz nem ramos” dos males que hoje 
afligem a humanidade. 
 
Divisões da História do cristianismo 
Numa perspectiva ocidental a história do mundo divide-se em quatro períodos. (1) 
Idade Antiga, compreende o relato sobre Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. 
(2) Idade Média, vai desde a queda de Roma até o descobrimento da América. (3) Idade 
Moderna, vai desde o século quinze até a Revolução Francesa. (4) Idade Contemporânea, 
se inicia no século dezoito e continua até nossos dias. 
A história do cristianismo, convencionalmente se dividida em quatro grandes 
períodos, os quais a Igreja passa por diversas fases e condições: História da Igreja Antiga 
(31 a.C. até 476 d.C.), da Igreja Medieval (476 até 1517) e da Igreja Moderna (1453 até 
1789) e da Igreja Contemporânea (1789 até a atualidade). 
Entendemos que essa divisão reflete uma perspectiva eurocêntrica, mas, para o 
momento, é útil, visto que boa parte da história do cristianismo se desenrolou nesse 
continente. As divisões tem lá sua plausibilidade em virtude das características que 
marcam cada época. No entanto as datas demarcatórias devem ser entendidas apenas 
como marcos simbólico, e não devem ser tomadas como referências absolutas de cada 
período. A flexibilidade aqui é bem vinda. 
 
1.1 História da Igreja Antiga 
 
17 
 
Antiguidade ou Idade Antiga, sob o aspecto da existência da religião cristã, é o 
período de tempo convencionalmente compreendido entre o início do cristianismo, 
datado em 31 d.C., e a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). É a igreja 
vivendo no tempo do Império Romano. 
Nesse período aparece a Igreja Cristã e sua evolução da fase de Igreja Apostólica 
para a fase de Primitiva Igreja Cristã. Para alguns estudiosos da história da Igreja o seu 
surgimento foi no Pentecostes. 
A Igreja atuou dentro do ambiente cultural da civilização greco-romana e do 
ambiente político do Império Romano. O centro da atividade incluía as regiões da Ásia, 
África e Europa. Nesse período podemos destacar três fases básicas: (1) avanço do 
cristianismo no Império, do ano 31 até o ano 100; (2) a luta da primitiva Igreja Cristã, 
mártir, para sobreviver em meio às perseguições imperiais, de 100 a 313; (3) os pais da 
igreja e as controvérsias; (4) a oficialização do cristianismo como religião oficial do 
Império, de 313 até 476. 
Período Formativo da Igreja Cristã 
O primeiro momento é o período da formação da Igreja cristã. Como sabemos Jesus 
de Nazaré, ou Jesus Cristo foi o seu fundador. Mas os apóstolos contribuíram para a 
difusão do cristianismo. Mas conhecemos pelo livro de Atos mais especificamente o 
trabalho de Paulo. Jesus ao falar do futuro da sua Igreja, disse que seria vitoriosa e que as 
portas do inferno não prevaleceria sobre ela. Mateus 16.18-19. 
O fundamento 
 “E sobre esta Pedra edificarei minha Igreja”. Alguns questionamentos têm surgidos 
acerca de quem é esta pedra a qual Cristo está se referindo. Para os católicos, a pedra é 
Pedro e assim justificam o sistema papal. Sistema este onde um só homem, o papa, que 
acreditam ser sucessor direto de Pedro, tem o poder de liderar e comandar toda a Igreja. 
Porem a história da Igreja da conta que essa forma de governo toma forma por volta dos 
séculos IV e V. A questão que os protestantes colocam é: Por que Cristo fundaria sua 
 
18 
 
Igreja sobre um ser humano falho e pecador, em vez de fundar sobre si mesmo? Como 
alguns textos do NT claramente afirmam que Jesus é a Pedra, a interpretação protestante 
rejeita a interpretação católica. Na visão protestante,Cristo foi o fundador e ele é o 
alicerce (a Pedra). Atos 4.11; Efésios 2.10; I coríntias 10.4; I Pedro 2.4. e Mateus 21.42. 
Outros estudos dizem que não é Pedro a Pedra, mas a declaração que ele fez ao 
declarar “ “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Ou seja, a fé que Jesus é o Cristo é o 
fundamento pelo qual a Igreja está alicerçada. A pedra seria o “testemunho doutrinário” 
ali proferido por Pedro, vendo em Jesus o cumprimento da promessa Messiânica do 
Velho Testamento. Nesse caso a fé em Cristo seria o fundamento. 
Mais o argumento mais contundente e mais forte, inclusive linguisticamente é que a 
Pedra é o Senhor Jesus Cristo. O próprio Pedro disse isso (1 Ped. 2:4, 6, 7, 8). A Pedra 
maior e mais importante é o próprio Jesus. Os apóstolos eram pedras pequenas, como 
tijolos colocados nesse grande edifício. Todos eles contribuíram e tiveram sua 
importância. Mas nenhum deles se compara a importância do próprio Cristo. Ele é o 
fundamento. (Efés. 2:20). 
 
O Surgimento da Igreja 
No começo a Igreja era facilmente confundida com mais um movimento judaico 
messiânico. Era o embrião do que seria mais tarde a Igreja Cristã. Jesus era judeu e todos 
seus apóstolos também. Mais havia já com a declaração de Pedro uma novidade que os 
distinguiam do judaísmo tradicional, eles acreditavam que Jesus era o Cristo. Outro 
grande momento foi a descida do Espírito Santo no Pentecostes. O Espírito desce 
somente sobre esse grupo em especifico, os judeus não são batizados no Pentecostes. 
Notamos aí uma diferença significativa. Esse grupo havia recebido o selo do Espírito 
Santo. 
 
19 
 
Embora o Pentecostes fosse uma festa judaica, o Pentecostes de Atos 2 é diferente, 
porque inaugura uma nova era, a era da Igreja Cristã. Se antes a Igreja era um embrião, 
com o Pentecostes ela nasce com características de universalidade, é “católica”. 
Atos 2 descreve que havia em Jerusalém nessa ocasião prosélitos do judaísmo e 
tementes a Deus, procedentes dos três continentes conhecidos da época: grande parte da 
Europa, grande parte da África e parte da Ásia. Estavam presentes pessoas que vinham 
de toda região banhada pelo Mar Mediterrâneo, o proselitismo judaico já havia atingido 
muitas daquelas pessoas e esses ao visitarem Jerusalém na festa de Pentecostes, foram 
alcançados pelo evangelho de tal forma que é narrada a conversão de quase 3000 
pessoas. 
Esses novos cristãos voltaram para suas terras de origem e com certeza formaram 
comunidades espalhadas por três continentes. A origem da própria Igreja de Roma 
certamente está relacionada com esses cristãos convertidos no Pentecostes. Quando 
Paulo escreve para Roma a Igreja já estava estabelecida naquele lugar. 
 A Igreja que surge no Pentecostes, algo em torno do ano 35 da Era Cristã nasceu 
com características de universalidade. Daí porque João ao se referir aos cristãos diz que 
eles procedem de todos os povos, tribos, línguas e nações que estão em toda a Terra. 
Para alguns historiadores esse período História da Igreja que começa com o 
Pentecostes se estende até o Papado de Gregório (de 590 d.C.) por este ter realizado 
grandes reformas na liturgia; mas alguns historiadores acham que deveria ir só até o ano 
de 450, quando Leão I tornou-se bispo de Roma, o primeiro bispo de Roma a ser 
chamado de primeiro papa. 
 
Os Pais da Igreja 
Nesse período, após a morte dos apóstolos e termino do primeiro século, a igreja 
sofre muitas perseguições. Então se destacam alguns homens por sua fidelidade e 
dedicação a Palavra de Deus. Geralmente líderes, bispos em suas comunidades, piedosos, 
 
20 
 
dedicados escreveram cartas, documentos, tratados explicando sua fé as autoridades, e 
outras vezes defendendo a fé cristã do ataque dos seus inimigos intelectuais, estudiosos 
da filosofia grega que procuravam humilhar o cristianismo diante da opinião pública, 
debochando, acusando, mentindo, tudo com o intuito de desprezar e humilhar a nova 
religião. Esses líderes notáveis ficaram conhecidos como Pais da Igreja, e a literatura que 
produziram como Patrística. Eles foram aos responsáveis em criar a Teologia Sistemática. 
A Igreja Cristã surge apenas com o Velho Testamento pronto, inclusive já traduzido 
para o grego, a Septuaginta, versão da Escritura Hebraica em grego. O Novo Testamento 
ainda seria escrito, primeiramente foram às cartas ou epístolas apostólicas depois vieram 
os evangelhos. Porém o corpo doutrinário não estava pronto, porque inicialmente a Igreja 
estava preocupada apenas em anunciar que Jesus era o Cristo, e não sistematizaram a fé. 
Os apóstolos dedicaram-se a pregação da fé em Jesus Cristo. Essa tarefa coube aos 
chamados Pais da Igreja e aos concílios. 
A perseguição que foi praticada, primeiro pelos judeus, depois pelo Império Romano 
aos Cristãos não obtiveram êxito, quanto mais se perseguia os cristãs, mais conversões 
ocorriam, e a Igreja crescia e se fortalecia. Tertuliano, advogado cartaginês, e um dos Pais 
da Igreja escreveu: “o sangue dos mártires é a semente do cristianismo”. Muitos desses 
homens notáveis foram mortos, tornaram-se Mártires, eles contribuíram para o sucesso e 
sobrevivência do cristianismo durante o Império Romano. Eles fizeram com que muitos 
conhecessem o verdadeiro cristianismo, pois só conheciam as versões pervertidas 
produzidas por seus inimigos que queriam a todo custo denegrir a sua imagem. Entre os 
pais da Igreja desse período destaca-se a figura de Santo Agostinho que é considerado o 
maior da Patrística. 
 O período da Patrística é dividido em partes: Pré-Agostiniano (longo dos Séc. II e III 
d.C. e início do Séc. IV); Agostiniano e Pós-Agostiniano (ao longo da segunda metade do 
Séc. V até o Séc VI). Agostinho passou a sua vida escrevendo muitas obras, de grande 
profundidade teológica e filosófica, além de pastorear como bispo uma comunidade em 
Hipona, no norte da África, onde hoje é a Argélia. 
 
21 
 
Os Pais da Igreja não estão presentes no século I E.C da história da Igreja, porque 
este período é a Era dos apóstolos, que encerra com a morte do último apostolo de 
Cristo, João. 
 
Contribuição dos Pais da Igreja 
 Elaboração dos Credos 
O Credo Apostólico, assim chamado porque foi composto na Era dos apóstolos, é 
anterior aos credos que foram posteriormente elaborados. Os outros grandes credos que 
foram elaborados numa fase posterior da Igreja surgiram por meio da colaboração dos 
pais da Igreja. Como o Credo Niceno, ou Credo Niceno- Constantinopolitano, elaborado 
durante o Concílio de Nicéia, na cidade de Nicéia, no ano de 325, o Credo Atanasiano, 
escrito por outro Pai da Igreja, Atanásio; e outros credos, sendo estes os mais conhecidos. 
 Realização de Concílios Eclesiásticos 
A Nova Igreja precisa formatar o seu credo, definir doutrinas e pontos de vistas sobre 
muitos assuntos complexos, onde as opiniões muitas vezes se dividiam. A metodologia 
utilizada pelos Pais da Igreja para se resolver os problemas da Igreja era através da 
convocação de Concílios. Para o Concílio eram convocados os bispos das diversas 
regiões, devidamente presidido por uma autoridade reconhecida por todos. E os temas 
eram ali tratados até se chegar numa unidade. Claro que havia muitos debates 
acalorados. Esse foi o caminho escolhido pela Igreja a fim de resolver as diferenças 
surgidas na vida da Igreja. 
Definição do Cânon do Novo Testamento 
A Igreja Cristã já surgiu com uma Escritura Sagrada, O Antigo Testamento, 
originalmente escrito em Hebraico, porem, já existia a LXX, versão em grego, língua falada 
em quase todo Império Romano. Esta versão foi muito utilizada inclusive pelos autores do 
Novo Testamento. A questão agora era reconhecer quais seriam os escritos inspirados 
pertencentes a esta nova fase. Ou seja, a Igreja teria que definir o Cânon Novo 
 
22 
 
Testamentário. Ora, muita literatura foi produzida nessa época e circulava diferentes livrosnas diversas comunidades, não havia inicialmente uniformidade acerca de quais livros 
seriam válidos para toda a igreja universalmente. 
Esse processo não seria tarefa fácil, pois havia um grande número de literatura 
circulando, às vezes ensinando erros doutrinários. Alguns autores tentavam se passar por 
apóstolos de Cristo, foram chamados de pseudoepígrafos. Talvez por isso Paulo tivesse 
que assinar suas cartas, para de alguma forma autenticar e evitar falsificações baratas. 
Por isso, para evitar essa confusão, era necessário definir o Cânon. Era preciso saber 
quais livros possuíam autoridade e quais livros eram literatura comum. Sem definir esta 
questão era complicado até mesmo combater as heresias. 
 
Dos primórdios do cristianismo até Edito de Milão, 313 d.C. 
A Igreja antiga foi um período de formação que traçou diretrizes para toda a 
história da Igreja, até os dias de hoje estamos vivendo sob influência de algumas decisões 
tomadas naquela época. O cristianismo surgiu num mundo que já tinha suas próprias 
religiões, culturas e estruturas políticas e sociais. A nova fé foi abrindo caminhos, mas ao 
mesmo tempo foi definindo a si mesma. 
A primeira tarefa do cristianismo – e a mais importante – foi definir sua própria 
natureza perante o judaísmo, religião da qual o cristianismo nasceu. Porque nos 
primórdios da Igreja, a influência judaica era muito forte, ao ponto de não existir uma 
distinção nítida entre o judaísmo e o cristianismo. Razão essa porque o Império Romano 
não perseguiu de início a Igreja, visto que era confundida com outras facções judaicas 
(fariseus, saduceus, essênios, etc.). O judaísmo e suas facções possuíam status de religião 
reconhecida pelo Estado Romano. Logo que o cristianismo se separa do judaísmo, ganha 
identidade própria, e foi perseguida. O cristianismo logo teve seu primeiro conflito com o 
estado, e foi dentro desse ambiente que a nova fé teve de determinar seus 
 
23 
 
relacionamentos como cultura que a cercava e também com as instituições políticas 
sociais. 
 Esses conflitos com o estado produziram mártires e apologistas. Aqueles selaram 
seu testemunho com o próprio sangue. Os apologistas se esforçaram para defender a fé 
cristã contra as acusações que lhes eram feitas por pagãos, nascendo as primeiras obras 
de teologia do cristianismo. 
 
Os apologistas eram homens instruídos do segundo e terceiro séculos. Os mais conhecidos são 
Clemente de Alexandria, Tertuliano e Justino, o Mártir. Suas obras se dirigiam principalmente aos pagãos e 
às autoridades romanas com o objetivo de explicar a fé cristã, e incluíam muitas referências à Bíblia. Acima 
de tudo, os apologistas tomaram uma posição contra os perseguidores. Negavam suas acusações e 
apresentavam os cristãos numa luz favorável. 
 
Combate às Heresias 
 
A Igreja não surge com um 
“catecismo” na mão. Isso permitiu que 
certos ensinos surgissem no seio da 
igreja divergindo do ensino ”oficial”. 
 Os ensinos que 
incompatibilizavam com o núcleo dos 
ensinamentos apostólicos, foram chamados de heresias e foi provavelmente o maior 
problema, pois ameaçavam a própria essência da mensagem cristã. As perseguições eram 
uma ameaça externa, a heresia, era interna. 
 No século II surge marcionismo, do bispo Márcião de Sinope (110-160), e o 
gnosticismo. Marcião rejeitava a herança judaica e criou um cânon próprio antes mesmo 
da Igreja definir o cânon do NT. Ele recusou todo o AT e muitas partes do NT, aceitando 
 
24 
 
apenas os escritos do apóstolo Paulo e o evangelho de Lucas. E, quase que por uma 
resposta ao falso cânon de Marcião, a Igreja cristã estabelece o Cânon do Novo 
Testamento. Foi combatido pelo apologista Justino Mártir. 
Os gnósticos (II ao IV século) era um movimento sincrético que misturava ideias 
pagãs, judaicas e cristãs. Embora tivessem ideias divergentes entre si, tinha em comum a 
ideia de que o mundo era uma obra imperfeita de um deus inferior (demiurgo). 
Alegorizavam a Escritura e reivindicavam o acesso ao conhecimento puro, que os 
colocava acima dos simples e dos pastores que os governavam, questionando a 
autoridade da Igreja. Acreditavam que tal conhecimento puro havia sido transmitido 
secretamente por Cristo a seus discípulos mais íntimos. O apologista Irineu respondeu a 
esse grupo usando o argumento da sucessão autêntica, no caso os bispos da Igreja 
descendiam diretamente de uma linha sucessória de bispos que remontavam aos 
apóstolos, sendo eles os legítimos representantes e guardiões da doutrina de Cristo, que 
nada haviam ensinado de secreto. 
Outra doutrina também considerada herética foi o maniqueísmo, fundado por 
Mani (216-276). Doutrina que tomava empréstimos do Budismo, Zoroastrismo e 
Cristianismo. A Igreja combateu como heresia por defender a ideia de um deus bom e 
um deus mal criador (o Deus da bíblia), por rejeitar as Escrituras hebraicas e por fazer 
uma nova leitura de Jesus Cristo. O Estado romano perseguiu esse movimento, o edito 
de Diocleciano (297) os acusou de espionagem para o rei Persa, condenando-os a 
castigos extremos. O bispo Agostinho de Hipona (354-430) foi maniqueísta por dez anos 
antes de se converter ao cristianismo. 
No século IV, o presbítero cristão Ário ( 256 – 336 ) de Alexandria começou a 
ensinar que só existia um Deus, o Pai. Negava que Jesus e o Pai fossem consubstanciais. 
Questionou a divindade de Jesus, aceitando-o como um ser elevado, pré-existente, 
porem, criado. Passando para a história do cristianismo como controvérsias trinitáriana e 
cristológicas. 
O credo e formulação doutrinária 
 
25 
 
Também é estabelecido nesse período, o credo chamado “dos apóstolos” e a 
doutrina da sucessão apostólica. Depois dos apologistas vieram os grandes mestres da fé, 
pessoas como Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes e Cipriano, que 
escreveram obras relevantes. E, apesar da escassez de documentação, é possível 
conhecer um pouco da vida e do culto cristão durante estes primeiros anos. (GONZALES, 
1998). 
Os IV e V séculos foram marcados por intensa formulação doutrinal, onde esteve 
em acirrado debate as controvérsias trinitárianas. Longe de ser uma querela banal, o 
debate sobre a Trindade e a cristologia, é uma questão fundamental da qual depende a 
identidade cristã. 
 “No seio de um monoteísmo herdade dos judeus, a fé em Jesus Cristo, filho de 
Deus, ligada a questão da salvação, os obriga a formular as relações que este mantém 
com Deus Pai. Deus é como ele? Ou um ser divino distinto do pai? Ou ainda uma criatura 
de Deus, ainda que a primeira? Para assegurar a salvação da humanidade, O Filho tem de 
ser plenamente Deus e plenamente homem. “(CORBIN, 2009, p. 72). 
 
O Império Cristão do Edito de Milão (313) à deposição do último Imperador 
romano do Ocidente (476). 
Nesse tempo começou o processo de romanização do cristianismo. Com a 
conversão do imperador Constantino, as coisas mudam radicalmente. Com o Edito de 
Milão em 313 Constantino tornou o cristianismo legal no Império, mas não o tornou 
religião oficial. Iniciou um período de liberdade religiosa para a Igreja, intercalada por 
algumas interrupções, mas que por fim, veio a prevalecer e suplantar o paganismo. A 
igreja perseguida passou a ser a Igreja tolerada, e não demorou a se tornar a religião 
oficial do Império Romano (Imperador Teodósio em 380 d.C). Consequentemente, a 
Igreja, que até então era formada por pessoas das classes baixas da sociedade, foi 
abrindo espaço entre a aristocracia. 
 
26 
 
A mudança não foi fácil e houve cristãos que reagiram de maneiras diferentes. 
Alguns se mostraram tão gratos pela nova situação, que se tornou difícil adotar uma 
atitude crítica para com o governo e com a sociedade. Outros fugiram para os desertos 
ou locais isolados e se dedicaram a vida monástica. Alguns simplesmente romperam com 
a igreja majoritária, insistindo serem eles a igreja verdadeira.Não faltou a reação dos 
pagãos que desejavam voltar à velha religião com a relação que antes desfrutavam com o 
estado. 
Os mais destacados líderes do cristianismo adotaram uma postura intermediaria, 
continuaram vivendo nas cidades, mas com um espírito crítico. Foi assim, que livre das 
ameaças de perseguições, a igreja conseguiu produzir alguns de seus maiores mestres, 
por essa razão esse período ficou conhecido como: “era dos gigantes”, quando foi escrito 
grandes tratados de teologia, importantes obras de espiritualidade e a primeira história da 
igreja. (GONZALES, 1998). 
No campo político, com as constantes lutas internas o Império Romano do 
Ocidente se enfraquece e as tribos germânicas invadem o Império e seu ultimo Imperador 
Rômulo Augusto (476 d.C), é deposto. 
 
 
2.História da Igreja Medieval - Visão geral 
A Idade Média é o período da história europeia compreendido entre a queda do 
Império Romano do Ocidente, Rômulo Augusto (476 d.C), e a afirmação do capitalismo 
sobre o modo de produção feudal, o florescimento da cultura renascentista e os grandes 
descobrimentos (séc.XVI). Esta é a época do surgimento e poderio do papado, da 
inquisição, do monarquismo, do maometanismo e das cruzadas. O acontecimento mais 
significativo desse período muda-se do sul para o norte e oeste da Europa, isto é, para as 
margens do Atlântico. 
 
27 
 
 No ano 538 surge a Igreja Católica Imperial. 
Os bárbaros invasores do Império, das tribos migratórias teutônicas, foram levados à 
conversão pela Igreja e assim foram integrados à cultura greco-romana. 
Tendo que gerenciar tamanho 
desafio e grandes territórios a Igreja 
Medieval precisava de uma organização 
sólida, esta veio a adaptar o sistema 
hierárquico do Império Romano, criando 
assim o sistema papal, onde o bispo de 
Roma se tornou uma espécie de 
“Imperador” da Igreja. 
A Baixa idade Média – Da deposição de Rômulo Augusto (476) ao cisma entre o 
Oriente e o Ocidente (1054) 
Visto que o Império Romano havia se dividido em duas partes: O Império do 
Ocidente, em que se falava latim, e o do Oriente, em que se falava grego, as invasões dos 
bárbaros não afetaram toda a cristandade da mesma forma. No Ocidente, o Império 
deixou de existir e foi substituído por uma série de reinos bárbaros. As invasões dos 
bárbaros afetaram muito mais a Igreja de fala latina do que a Igreja de fala grega. 
Ao Ocidente latino (hoje, Espanha, França, Itália, etc.) caiu um período de caos. Posto 
que fossem tempos de dor, de morte e desordem, o culto cristão, em vez de centralizar a 
atenção na vitória do Senhor na ressurreição, começou a preocupar-se cada vez mais 
com a morte, o pecado e o arrependimento. A comunhão, que até então tinha sido uma 
celebração, transformou-se num culto tristonho, em que se pensavam mais nos próprios 
pecados do que na vitória do Senhor. 
Boa parte da cultura antiga desapareceu, embora a Igreja tenha conservado em 
parte. Por isso em meio ao caos a igreja se tornava mais forte e influente. Enquanto isso, 
tanto a monarquia como o papado desempenharam um papel importante. 
 
28 
 
Durante esse tempo no Oriente, o Império Romano (Império Bizantino) continuou a 
existir por mais mil anos. Ali o Estado era mais poderoso do que a Igreja, à qual 
frequentemente impunha sua vontade. 
Também houve várias polêmicas teológicas que ajudaram a esclarecer a 
doutrina cristológica. Essas contestações deram origem a várias igrejas dissidentes ou 
independentes que sobrevivem até hoje, as igrejas chamadas “nestorianas” e as 
“monofisitas”. 
No meio desse período surgiu uma nova ameaça, sob a forma do avanço do 
Islamismo. Este conquistou vários territórios e cidades que haviam até então sido 
importantíssimas na vida da igreja, a saber, Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Cartago, etc. 
 Ao mesmo tempo em que o 
islamismo conseguia sua maior 
expansão territorial, surgia no Oeste da 
Europa, um novo poder político no 
reino dos francos, cujo governante 
mais poderoso foi Carlos Magno. No 
ano 800 o papa coroou Carlos Magno 
“Imperador”; pretendia-se assim 
ressuscitar o antigo Império Romano. 
Embora o novo império nunca tenha 
sido como o antigo, o título (e às vezes 
o poder) continuou a existir durante séculos. 
Portanto, o cristianismo, que até então tinha atuado ao longo do eixo Leste-Oeste ao 
longo do mediterrâneo, agora começava a atuar ao longo do eixo norte-sul, do reino dos 
francos até Roma. Mesmo assim, embora parecesse que a Igreja do Ocidente tinha mais 
poder, o fato é que era difícil lutar contra o caos reinante – e às vezes as lutas dentro da 
própria igreja contribuíam para o caos. A ordem foi assumindo a forma do feudalismo, no 
qual cada senhor feudal seguia suas próprias políticas, saindo para a guerra quando lhe 
 
29 
 
parecia bem e às vezes se entregando até mesmo ao banditismo. Era no Oriente que se 
conservava certa medida de ordem, bem como a literatura e os conhecimentos da 
antiguidade. 
Constantinopla, antiga capital do Império bizantino, ficava cada vez mais reduzida na 
sua influência. Provavelmente a maior realização do cristianismo bizantino tenha sido a 
conversão da Rússia, por volta do ano 950. As relações entre o oriente e o ocidente foram 
se tornando cada vez mais tensas, até que, finalmente, veio o rompimento definitivo em 
1054. (GONZALES, 1998). 
 
Síntese 
Os historiadores da Igreja concordam que nesse período a Igreja perdeu muito das 
suas características iniciais. Aqui a Igreja já se tornara uma aliada do poder político, 
comprometendo-se demais em muitas questões. A Igreja estava experimentando um 
esfriamento do seu amor e zelo originais. Talvez as palavras de Jesus no apocalipse 
possam ser bem empregadas a esse período em especial: “Tenho, porém, contra ti, que 
abandonaste o teu primeiro amor”. (Apoc. 2.4.) Essas palavras conceituam muito bem este 
novo momento. Este esfriamento da fé foi algo gradativo. Será que esse processo se dá 
naturalmente com todos os movimentos? Após milhares de anos daquela inspiração 
original dos seus pioneiros, todo movimento está fadado a se corromper ou degenerar-
se? Esse período vai desde 590 até 1517. Este período é bastante longo, basicamente 1000 
anos, costuma-se dividi-la em duas grandes fases chamadas de Alta Idade Média e Baixa 
Idade Média, apenas para efeito didático. 
A Idade Média surge a partir da queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C. 
No período chamado de Alta Idade Média predominou o sistema político chamado de 
Feudalismo. Feudos eram as terras concedidas por um suserano ao vassalo, em troca de 
fidelidade e ajuda militar. O suserano é mais conhecido como senhor feudal. Esse sistema 
 
30 
 
substituiu o Império Romano do Ocidente que ruiu em 476 diante da invasão dos 
bárbaros e a queda do seu último Imperador Rômulo. 
 No século V, Roma foi devastada várias vezes por invasões dos povos bárbaros. O 
império,embora vacilante, conseguia reagir e sobreviver. Mas o bárbaro Odoacro em 
476 conseguiu derrubar o último imperador do Ocidente Rômulo. Odoacro, nunca 
chegou a ser considerado imperador do Ocidente, mas apenas rei da Itália, sob o 
comando do Imperador Romano do Oriente. 
Os principais povos germânicos que invadiram o Império Romano foram os hunos, os 
vândalos, os visigodos, os ostrogodos, os francos, os lombardos e os anglo-saxões. Em 
alguns momentos, eles conseguiram alcançar a cidade de Roma, saqueando a cidade e 
buscando destruí-la. Odoacro comandou a invasão e o saque de Roma, destronando o 
último imperador romano Rômulo Augusto. Odoacro enviou as insígnias imperiais à 
capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla, decretando o fim do Império do 
Ocidente. 
A população já havia abandonado as cidades e se instalado na zona rural em busca 
de proteção, desintegrando a conformação urbana que havia no Império romano. Os 
bárbaros constituíram ainda inúmeros reinos no território antes controlado pelos 
romanos, iniciando o processo de configuração política que iria caracterizar a sociedade 
medieval. 
 
Inicialmente o ocidente vira praticamente um caos político, depois as coisas se 
acomodaram e surge o sistema feudal. Nesse tempo havia duas classes sociais 
basicamente: o Senhor Feudal e o Servo da Gleba. 
Não havia moeda corrente, a Igreja era um desses senhores feudais. Era grande a 
autoridade da Igreja. Esse foi o período do chamado sacro-império romano-germânico, 
que começou precisamente a partir de Carlos Magno, por volta do ano 800, e que vai 
predominar durante toda a Alta Idade Média. 
 
31 
 
Nesse tempo houve muitas conversões, a maioria era forçada ao poder da espada. 
O cristianismo foi conquistando os bárbaros e foi uma influência unificante nesse período. 
Quando um grande chefe político se convertia, todos que estavam ao seu comando eram 
obrigados a se converterem também. Imagine o que isso não ocasionou a pureza da 
prática religiosa. Pessoas entrando para a Igreja sem nenhuma preparação catequética. O 
Rei franco, Clóvis, foi o primeiro a se converter a fé cristã. Viveu bem próximo da queda 
de Roma em 496, obrigou a todos os seus soldados e súditos a conversão. A Igreja foi 
perdendo sua pureza, pois esses povos pagãos trouxeram para dentro da Igreja suas 
antigas praticas pagã. Ocorrendo um sincretismo religioso, e a Igreja começou a sofrer 
muito a partir daí. Essa situação vai ao longo de toda a Alta Idade Média. 
 
A Alta Idade Média - Do cisma entre o Oriente e o Ocidente (1054) ao começo da 
decadência do papado (1303) 
A reforma monástica 
A Igreja Ocidental, em virtude de um quadro de corrupção interna, estava precisando 
de uma reforma radical ao qual acabou surgindo dentro das fileiras do monasticismo. 
Essa reforma ficou conhecida como Reformas Cluníacas.* Os elementos monásticos que 
propunham uma reforma chegaram a ocupar o papado, e com isso nasceu uma série de 
papas reformadores. E isso causou conflitos entre as autoridades seculares, como o 
Imperador e o poder religioso. 
A necessidade surgiu em virtude da corrupção que imperava dentro da Igreja, parte 
em virtude da simonia e do concubinato no clero. Nessa época o papado não detinha 
total controle da Igreja, em virtude do sistema da época que se caracterizava por uma 
íntima relação entre Igreja e sistema feudal. Os senhores feudais tinham muito poder e 
acabavam indicando cargos eclesiásticos sem qualificação alguma, produzindo assim 
líderes fracos, inaptos e licenciosos. Esses líderes cometiam abusos de toda ordem e 
foram responsáveis pela baixa condição moral e espiritual da cristandade. 
 
32 
 
Assim, os papas provenientes das ordens monásticas, pretendiam assumir o controle, 
e acabar com a “investidura de bispos” por monarcas seculares, caso que ficou conhecido 
como Controvérsia das investiduras.** A reforma cluníaca foi uma tentativa de remediar 
estas práticas na esperança de que um líder religioso mais independente fosse capaz de 
conduzir melhor os negócios da Igreja. 
*As Reformas cluníacas foram uma série de mudanças realizadas no monasticismo da Igreja 
ocidental cujo objetivo era restaurar os princípios tradicionais da vida monástica, encorajando a 
arte e o cuidado pastoral com os pobres. O movimento começou na Abadia de Cluny em 910 
com o duque Guilherme I ( 875–918), no seio da Ordem dos Beneditinos. O ímpeto pelas reformas 
foi a corrupção dentro da Igreja, particularmente por causa da simonia e do concubinato no clero. 
 
** Como um mosteiro beneditino precisava de terras, era necessário o patrocínio de um senhor 
local. Porém, o senhor geralmente exigia direitos e afirmava prerrogativas de interferir com a 
operação futuras a do mosteiro. 
 
 
As cruzadas (séculos XI e XIII) 
Em 1095 começa o período das cruzadas que duraram vários séculos. As Cruzada 
foram movimentos militares de inspiração cristã que partiram da Europa Ocidental em 
direção à Terra Santa (Palestina) e à cidade de Jerusalém com o intuito de conquistá-las, 
ocupá-las e mantê-las sob domínio cristão. Estes movimentos estenderam-se entre os 
séculos XI e XIII, época em que a Palestina estava sob controle dos turcos muçulmanos. 
Os ricos e poderosos cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém (Hospitalários) e 
dos Cavaleiros Templários foram criados durante as Cruzadas. Os cruzados se 
consideravam soldados de Cristo, e usavam o símbolo da cruz em suas roupas. As 
Cruzadas eram também uma peregrinação, com intuito de pagar alguma promessa, ou 
como penitência, para obter algum favor divino e o perdão de pecados. Mas também 
havia o interesse comercial e o desejo de enriquecimento. 
 
33 
 
Por volta do ano 1000, aumentou muito a peregrinação de cristãos para Jerusalém, 
pois corria a crença de que o fim dos tempos estava próximo e, por isso, valeria a pena 
qualquer sacrifício para evitar o inferno. Incidentalmente, as Cruzadas contribuíram muito 
para o comércio com o Oriente. 
Este também foi o período da “Reconquista” espanhola - o processo de expulsão dos 
mouros da Península Ibérica*. 
*Em 1085, os reinos ibéricos já haviam reconquistado mais da metade da península Ibérica. A 
reconquista de todo o território peninsular durou cerca de sete séculos, só ficando concluída em 
1492 com a tomada do reino muçulmano de Granada pelos Reis Católicos. Em Portugal, a 
reconquista terminou antes com a conquista definitiva da cidade de Faro pelas forças de D. 
Afonso III, em 1249, o extremo sul do país estava completamente despovoado, a população 
encontrava-se no centro-norte até ao sul de Évora e Santiago do Cacém. O Algarve foi 
repovoado na segunda metade do século XIII. 
 
Como resultado das cruzadas houve um grande impulso no comércio e, como 
consequência, um aumento da população das cidades, que eram por natureza centros 
comerciais. O dinheiro começou a circular de novo, e apareceu uma nova classe, os 
burgueses (literalmente moradores das cidades), que viviam do comércio e, 
posteriormente da indústria. 
 
 
 
34 
 
Novas ordens monásticas 
Correspondendo aos novos tempos, surgiam várias ordens monásticas. As mais 
importantes foram os franciscanos e os dominicanos, que trouxeram um novo impulso ao 
trabalho missionário, e ainda, introduziram-se nas universidades, tornando-se um dos 
maiores expositores da época, - a teologia chamada escolástica. Essa teologia teve seus 
expoentes máximos: Boa Ventura (franciscano) e em Tomás de Aquino (dominicano). 
Artes 
O crescimento das cidades também deu ensejo às grandes catedrais. O estilo 
chamado “românico” que até então havia dominado a arquitetura da Idade Média, cedeu 
lugar ao “gótico”, que produziu as catedrais mais impressionantes de todos os tempos. 
(GONZALES, 1998). 
Auge do papado 
 O papado chegou ao auge do prestígio e do poder, na pessoa de Inocêncio III 
(pontificado 1198-1216). Convocou o IVConcílio de Latrão, o mais fundamental concílio 
durante a Idade Média, com importância em vários campos teológicos. Foi 
contemporâneo de Francisco de Assis e foi quem aprovou a sua ordem, os franciscanos. 
Desempenhou um papel importante na política da França, Suécia, Bulgária, Espanha, e 
especialmente na Inglaterra. Defendeu fortemente o primado papal. Deu continuidade a 
chamada Reforma Gregoriana iniciada no século XI. Convocou a IV Cruzada (que se 
desviou para Constantinopla), a cruzada albigense ao Oriente, bem como a V cruzada. 
Mas já perto do fim desse período, em 1303, via-se claramente que o papado estava em 
decadência. 
O Fim da Idade Média – Dos primeiros sinais de decadência papal (1303) à queda de 
Constantinopla (1453). 
A burguesia crescente aliou-se à monarquia em cada país; assim o feudalismo 
chegou ao fim, e as nações modernas começaram a formar-se. Mas o próprio 
nacionalismo tornou-se rapidamente num obstáculo para a unidade da Igreja. Durante 
 
35 
 
boa parte desse período, a França e a Inglaterra esteve em guerra entre si (chamada 
Guerra dos cem Anos), e quase toda Europa participou dessa guerra. Essa ainda foi a 
época da peste que dizimou a população do continente e trouxe grandes infortúnios 
demográficos e econômicos. 
A decadência do papado foi nítida e rápida. Após a morte de Bonifácio VIII (1303), 
Felipe IV da França, fez pressão para que os futuros papas fossem franceses. Assim, o 
papado ficou debaixo da sombra da França, a ponto da sede papal e o papa Clemente V, 
serem transferidos de Roma para Avinhão, sul da França, deixando os papas sob 
controle do rei francês Felipe IV, ficando esse período conhecido como o cativeiro de 
Avinhão (1307 a 1377). Em seguida veio a “grande cisma do ocidente”, pelo qual houve 
dois papas ao mesmo tempo (e até três) que disputavam o trono de Pedro (1378-1423). É 
que na cidade de Roma, 16 cardeais conciliados escolheram um novo papa Urbano VI, 
insistindo pra que a sede do papado fosse em Roma. 
Para resolver esta questão surgiu o movimento conciliar*, que esperava que um 
concílio da igreja inteira pudesse resolver quem era o verdadeiro Papa. O movimento 
conseguiu pôr um fim às disputas, e todos passaram a concordar com um único Papa, 
Martinho V em 1417. 
A Igreja e a renascença 
Os papas logo se deixaram levar pelo espírito da Renascença**, que os levou a 
embelezar Roma, a construir belos palácios e a guerrear contra outros potentados 
italianos, em vez de ocupar-se com a vida espiritual do rebanho. 
*Conciliarismo: Esta doutrina sustenta que um concílio ecumênico representa toda a Igreja, e obtém o seu 
poder diretamente de Cristo. Assim toda hierarquia, fieis e o próprio papa deve submeter ao Concílio. Foi 
um movimento reformador católico dos séc. XIV e XV. Condenada no quinto Concílio de Latão (1512-
1517).Por fim prevaleceu o sistema papal. 
 
**O nome Renascimento designa a redescoberta da cultura clássica greco-latina, que parecia ter 
adormecido na Idade Média e que nos séculos XIV/XV vieram de novo tona. 
 
 
 
36 
 
Não só o papado, mas a própria teologia feita nas universidades (escolástica) entrou 
em declínio. Tendo por base distinções bem mais sutis e um vocabulário cada vez mais 
especializado, essa teologia perdeu contato com a vida diária dos cristãos, dedicando boa 
parte dos seus esforços a questões que interessavam somente aos próprios teólogos. 
Movimentos reformadores 
Como resposta a tudo isso, surgiram vários movimentos reformadores, dirigidos por 
pessoas como João Wycliff, João Huss e Jerônimo Savonarola, alguns esperavam que a 
reforma da Igreja viesse por meio do estudo e das letras. Outros, em vez de tentar 
reformar a igreja, refugiaram-se no misticismo, que lhes permitia cultivar a vida espiritual e 
aproximar-se de Deus sem ter que lidar com uma igreja corrupta, que parecia impossível 
de ser reformada. Entretanto o Império Bizantino, cada vez mais fraco, acabou 
sucumbindo ante o avanço dos turcos. (GONZALES, 1998). 
Síntese do período 
Por volta do século XII surge uma nova classe social. Os servos que viviam quase 
como escravos, e que obedeciam completamente ao senhor feudal, gradativamente, 
começaram a sair dos feudos, a deixar o campo, e vir para a cidade, em torno dos 
palácios, dando origem às cidades medievais. A venda e a troca proporcionaram certo 
poder a essa nova classe chamada de Burguesia, ao longo da baixa Idade Média. 
Nessa época o clero era inculto, grandes partes dos cargos eram adquiridos através 
da compra com dinheiro. Tornar-se um bispo ou mesmo um papa não dependia de 
conhecimento teológico ou de uma vida religiosa exemplar ou piedosa, era questão de 
ter dinheiro para comprar o cargo. Que situação deplorável, o clero romano não era 
composto por homens estudados, conhecedores da palavra de Deus, O que diria Jesus 
acerca dessas coisas? Quando surgem novas ideias, ou dissidências, eles não conseguem 
responder com conhecimento especializado, e reagem por meios nefastos e cruéis como 
os praticados pela Inquisição. 
 
 
37 
 
Santa Inquisição 
A Chamada Santa Inquisição, foi o meio que a igreja medieval encontrou de silenciar 
os dissidentes, e também de exercer controle social. As pessoas eram condenadas, 
executadas, quase sempre em uma fogueira, seus bens confiscados, seus familiares 
desterrados. Não foi à toa que os humanistas e racionalistas que iniciam a modernidade 
se revoltaram contra a religião. Pois ela havia se tornado um símbolo de intolerância, 
brutalidade, desumanidade e irracionalidade. 
O grande escritor russo, Dostoievski autor de "Os Irmãos Karamazov". No capítulo 
denominado de “Grande Inquisidor”, ele descreve o Senhor Jesus Cristo entrando na 
cidade de Sevilha, Espanha, sendo detido pelos representantes da Igreja e levado preso. 
Os líderes religiosos chegam para Ele, que está preso, e dizem: “Nós não precisamos do 
Senhor. O Senhor veio para nos atrapalhar. Aprendemos a ser Igreja sem a Sua presença”. 
A Igreja não reconhece mais o seu fundador. 
 
Os místicos medievais 
Apesar de toda essa situação péssima que se encontrava a Igreja, alguns decidiram 
permanecer dentro dela. Exemplo disso foi os místicos medievais. Eles não estavam 
satisfeitos com a situação espiritual da Igreja, queriam algo melhor, e por isso decidiram 
cultivar a sua própria espiritualidade, sua própria comunhão com Deus. Na maioria das 
vezes eram pessoas instruídas que pertenciam à classe feudal e vieram a exercer grande 
influência sobre os reformadores. 
Um exemplo dessas pessoas interessantes foi João Tauler, que antes de Lutero já 
descobrira a justificação pela fé na Bíblia. E o próprio Lutero se inspirou na Bíblia e nas 
obras desse místico para compor a sua doutrina da justificação pela fé. 
 Outros homens também preocupados com a situação péssima que vivia a Igreja 
preferiram sair da Igreja. São os chamados Pré-Reformadores tais como os Albigenses, os 
Valdenses, Jonh Wycliffe, Jonh Huss, Jerônimo Savonarola. Geralmente os Pré-
 
38 
 
Reformadores eram membros da classe feudal bem como da denominada classe 
burguesa. No início foi um movimento mais popular, mas depois alcançou a classe 
erudita com o advento de Wycliff, com Huss e Jerônimo. 
Wycliff era professor universitário em Oxford, na Inglaterra e era sacerdote. Já Huss, 
era professor da Universidade de Praga, na Boêmia; Savanarola era sacerdote na Itália, 
em Florença, naquela fase de conflito entre as cidades-estados da Itália e França, porque 
a França tinha interesse naquela região toda sob o domínio dos Médicos. Jerônimo 
Savonarola foi o último dos Pré-Reformadores, denominado de “O João Batista da 
Reforma”. A Inquisição o executou em 1498. 
 
3.A Igreja nos tempos moderna (século XVI-XVIII) 
A Idade Moderna iniciou-se com a queda de Constantinopla, em 1453, com a tomada 
da capital bizantina pelos turcos otomanos. É o fim do ImpérioRomano do Oriente. 
Caracterizado pelo fim do feudalismo, advento do renascimento e as grandes navegações 
e descobrimentos. 
 No campo religioso surge é a época da Reforma Protestante do século dezesseis, 
movimento religioso que, no séc. XVI ousou desobedecer ao Papa, espalhando-se por 
parte da Europa e deu nascimento às Igrejas protestantes. 
O Descobrimento e a Reforma – Da queda de Constantinopla (1453) ao fim do século 
XVI (1600). 
Dois grandes acontecimentos marcaram esse período da história da Igreja: O 
descobrimento e a conquista da América e a Reforma Protestante. O descobrimento e a 
Reforma são bem conhecidos, embora raramente pensemos neles como parte da história 
da Igreja. O fato é que em um período de menos de cem anos, as nações europeias se 
expandiram pelo restante do mundo, especialmente pela América, aumentando 
 
39 
 
enormemente o número de cristãos no mundo. Isso faz parte da História e deixou 
vestígios na nossa forma de viver a fé por tanto devemos estuda-lo. 
A data normalmente assinalada como começo da reforma é de 1517. Quando Lutero 
afixou suas 95 teses. Foi com Lutero e seus seguidores que o movimento de reforma 
ganhou uma força que não pode ser suplantada. Mas nem todos que deixaram a Igreja 
Romana se aliaram a Lutero. Logo surgiram outros movimentos de Reforma, como na 
suíça, sob a liderança de Ulrico Zuínglio e depois de João Calvino, que deu origem as 
igrejas hoje chamadas Reformadas e presbiteranas. Outros, de posições radicais foram 
chamados por seus inimigos de anabatistas, ou seja, por não aceitarem o batismo católico 
infantil, batizava de novo. 
Na Inglaterra surgiu uma reforma muito peculiar, que ao mesmo tempo em que 
seguia a teologia protestante, manteve-se ainda as tradições antigas no que tange a 
liturgia e governo da Igreja. Essa é a Igreja da Inglaterra, de onde surgiram as igrejas que 
hoje chamamos de Anglicanas e episcopais. 
Em parte, como resposta à Reforma Protestante e em parte devido à sua própria 
dinâmica interna, A igreja Romana também passou por um período de reforma às vezes 
chamado de “Contra-Reforma”. Até o fim do período, com lutas e guerras, o 
protestantismo cravou raízes profundas na Alemanha, na Inglaterra e na Escócia, na 
Escandinávia e na Holanda. Na França, depois de longas guerras das quais a religião foi 
um fator importante, chegou-se a uma situação que, embora o rei fosse católico, os 
protestantes eram tolerados. Na Espanha, Itália, na Polônia e noutros países, ramificações 
protestantes tinham sido extirpadas à força. (GONZALES, 1998). 
 
Os séculos XVII e XVIII 
Durante esse período as fortes convicções religiosas de diversos grupos 
especialmente de católicos e protestantes, levaram a guerras sangrentas que dizimavam a 
população. Na Alemanha e parte da Europa, aconteceu a Guerra dos Trinta anos (1618-
 
40 
 
1648), possivelmente a mais sangrenta que a Europa já tinha visto. Na França a política de 
tolerância havia sido abandonada. Na Inglaterra ocorreu a revolução puritana, que levou 
a guerra civil, à execução do rei Carlos I e outra série de guerras, para finalmente chegar-
se a uma situação muito parecida com a que existia antes da revolução. 
Por detrás de todas essas guerras achava-se o espírito inflexível das várias ortodoxias 
– católica, luterana e reformada. Para cada uma dessas ortodoxias, cada detalhe da 
doutrina era de suma importância, portanto, não se devia permitir o menor desvio da 
ortodoxia mais rigorosa. Originaram-se não apenas as guerras mencionadas acima, mas 
também uma série interminável de contendas entre católicos, entre luteranos e entre 
reformados que não conseguiam chegar a um acordo nem mesmo entre seus próprios 
correligionários. 
Umas das diversas reações a essa ortodoxia rigorosa e ao dano obvio que ela estava 
causando foi o auge do racionalismo. 
Outra consequência foi o surgimento de uma série de posturas que enfatizavam a 
experiência e a obediência mais do que a ortodoxia. Entre elas estava o pietismo e o 
movimento morávio entre os luteranos, e o metodismo entre os anglicanos. 
Outros descontentes tanto com a ortodoxia quanto com o pietismo, seguiram a 
opção espiritualista e se dedicaram a busca de Deus, não mais na Igreja ou na 
comunidade dos fiéis, mas na vida interior e particular. 
Outros resolveram abandonar a Europa e partir para lugares onde esperavam 
estabelecer uma nova sociedade regida pelos principais que consideravam essenciais para 
o evangelho, e que às vezes incluíam a intolerância a qualquer posição diferente da sua. 
Essa foi a origem das colônias britânicas na Nova Inglaterra. (GONZALES, 1998). 
O Século XIX 
Esse foi o grande século da era moderna. Começou com uma série de convulsões 
políticas que abriram o caminho para as ideias de democracia e da livre empresa. A 
independência da América do Norte, a revolução francesa e logo em seguida a 
 
41 
 
independência das nações latino-americanas. Parte do ideal dessas novas nações era a 
liberdade de consciência, de modo que ninguém era obrigado a afirmar nada que 
contrariasse suas convicções. Mas isso juntamente com o racionalismo que ia fazendo 
adeptos desde o período anterior levou muitos apensar que somente uma perigosamente 
racional era compatível com o mundo moderno. 
Essa postura foi manifestada especialmente entre teólogos protestantes 
principalmente na Alemanha, mas também em outros lugares. Essa foi a origem do 
liberalismo, perspectiva muito difundida no século XIX. 
Se o protestantismo - ou pelo menos seus teólogos acadêmicos erraram ao se 
mostrar demasiadamente abertos diante das inovações do mundo moderno, o 
catolicismo seguiu caminho oposto. Praticamente tudo que era moderno - a democracia, 
a liberdade de consciência, as escolas públicas – lhe parecia heresia, e como tal foi 
condenado pelo papa Pio IX. Além disso, como parte dessa política racionalista, foi 
durante esse período que o Papa foi declarado infalível (Concílio vaticano I, 1870). 
Por outro lado, enquanto na Europa muitas pessoas pensavam que o cristianismo 
era coisa do passado, foi durante esse período que a fé cristã atingiu tamanha expansão 
geográfica que, pela primeira vez, tornou-se verdadeiramente universal. Sem dúvida 
alguma, um dos elementos mais importantes da história da Igreja no século XIX foi sua 
expansão missionária – especialmente a protestante – na Ásia, na Oceania, na África, no 
mundo mulçumano e na América Latina. 
 
1.4 Igreja no período contemporâneo 
Os princípios racionalistas dos séculos anteriores, especialmente em sua aplicação a 
ciência e a tecnologia, precipitaram resultados inesperados. No apogeu da modernidade, 
pensava-se que a raça humana estava chegando a uma época gloriosa de abundância e 
de felicidade. Todos os problemas da humanidade seriam solucionados mediante o uso 
 
42 
 
da razão e da sua irmã menor, a tecnologia. As nações industrializadas do Atlântico Norte 
(Europa e Estados Unidos) conduziriam o mundo a esse futuro melhor. O século XX, no 
entanto, pôs termo a esses sonhos, mediante uma série de acontecimentos que 
demostraram que a suposta promessa de modernidade não passava mesmo de sonho. 
No mundo inteiro houve uma rápida descolonização. Isso também fez parte do fim 
da modernidade, pois o que aconteceu é que se perdeu a confiança naquelas promessas 
da modernidade que haviam sido a justificativa do empreendimento colonizador. Na Ásia, 
na África e na América latina, houve uma forte reação, tanto política quanto intelectual, 
contra o colonialismo e contra o neocolonialismo. 
Para analisar o impacto desses acontecimentos na vida da igreja, o modo mais 
simples é seguir o curso das três principais ramificações do cristianismo: a oriental, a 
católica romana e a protestante. 
No começo do século XX, toda a Igreja Oriental foi abalada pela revolução russa e 
pelo seu impacto no leste europeu. O marxismo aplicado naUnião Soviética era uma 
versão da promessa moderna. Mas no final do século XX ficou claro que o 
empreendimento tinha fracassado, e a igreja russa, que durante várias décadas teve de 
existir sob fortes pressões governamentais, passou a dar novos sinais de vida. 
O Catolicismo Romano continuou a sua luta contra certos aspectos da modernidade 
durante toda a primeira metade do século. Foi a partir de 1958, quando João XXIII subiu 
ao trono papal, que essa igreja começou a abrir-se diante do mundo moderno. Mas já 
naqueles tempos, o mundo para qual a igreja se abriu avançou rapidamente para a pós-
modernidade, e a teologia que se viu após o Concílio Vaticano II tornou-se cada vez mais 
crítica da modernidade, mas não baseada na mesma atitude reacionária de gerações 
anteriores, porém olhando para um futuro além da modernidade. 
O otimismo dos teólogos protestantes liberais na Europa viu-se abalado pelas duas 
guerras mundiais. O mesmo ocorreu nos estados unidos em graus e velocidades 
menores. De certo modo a revolução de Karl Barth contra o liberalismo foi o primeiro 
 
43 
 
aviso da necessidade de uma teologia pós-moderna. Nos Estados Unidos, as lutas pelos 
direitos civis e os conflitos e crises sociais do fim do século desempenharam papel 
semelhante. 
Por outro lado, em todas as tradições cristãs houve uma reação paralela à do 
anticolonialismo*. As igrejas jovens, resultado do empreendimento missionário, 
começaram a reivindicar sua autonomia e seus direitos e obrigação de interpretar o 
evangelho dentro do próprio contexto e a partir de sua própria expectativa. Na América 
latina, uma das manifestações mais notáveis dessa tendência foi a forte ascensão do 
movimento pentecostal. Em todas as partes do mundo, as minorias étnicas e culturais 
dentro da igreja, inclusive as mulheres, fizeram ouvir sua voz. 
O quadro resultou num novo tipo de ecumenismo. O movimento ecumênico tinha 
surgido principalmente do impulso missionário e de suas necessidades. Agora, com o 
crescimento das igrejas jovens, seguia novos rumos. E o mesmo pode ser dito a respeito 
do próprio movimento missionário no qual as igrejas jovens ocupavam um lugar cada vez 
mais importante. (GONZALES, 1998). 
 
*Anticolonialista é o termo utilizado para designar aquelas pessoas ou instituições que defendiam o direito 
de autodeterminação das populações, sobretudo das populações das antigas colónias europeias. Com o fim 
dos impérios coloniais na segunda metade do século XX, o termo caiu um pouco em desuso, contudo ainda 
é algumas vezes utilizado no contexto da colonização económica. 
 
Na Alemanha, com o pietismo, Vieram os avivamentos onde a Palavra de Deus foi 
pregada, divulgada, onde muita gente se converteu. Nesse período surge o grande 
século de Missões. 
Alguns consideram a Igreja atual estagnada, até chegam a falar de um cristianismo 
sem Cristo. Assim sendo, é necessário que a Igreja atual retorne à condição espiritual da 
Igreja Primitiva. A Igreja precisa se renovar, conceber coisas novas sem, contudo esquecer 
as suas origens. 
 
44 
 
 
 
 
 
 
45 
 
 
2 
CATOLICISMO ROMANO E GREGO 
 
CONHECIMENTO 
Conhecer os aspectos relevantes da história da Igreja Católica Romana e a Igreja Grega. 
Habilidade 
 Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema, produzir exposição escrita, 
pública em eventos, palestras, seminários em ambiente acadêmicos acerca do tema. 
Atitude 
 Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva critica acerca do objeto estudado e 
incorporá-la nas suas práxis. 
 
 
46 
 
 HISTÓRIA DO CATOLICISMO ROMANO 
 
A igreja Católica Apostólica Romana só foi assim denominada no Concílio de 
Trento, entre 1545 e 1563. Uma forma de se afirmar como a verdadeira Igreja frente o 
surgimento da Igreja protestante, a igreja se define como única, santa, católica e 
apostólica e seu líder maior, o santo padre o Papa, se considera o sucessor legítimo do 
apóstolo Pedro. 
Definição do Termo 
Filósofos como Aristóteles e Zenão utilizaram o termo “catolicismo” antes mesmo 
da era cristã com um sentido de universalidade. Esse termo é aplicado a Igreja somente 
em 105 d.C nos escritos de um pai da Igreja chamado Inácio de Antioquia (68-107 d.C). O 
termo pode ser aplicado de uma forma geral referindo-se à totalidade da Igreja, em 
contraposição as igrejas locais. Em autores do século II como Justino, Tertuliano, Irineu, o 
termo pode ter dois significados, um de universalidade geográfica e outro no sentido de 
ser a verdadeira igreja que seguia a verdadeira tradição deixada por Jesus e os apóstolos, 
ou seja, que segue a fé verdadeira (ortodoxa). Naquela época começara a surgir vários 
grupos sectários considerados heréticos pela Igreja. 
 
História da Igreja Cristã 
A Igreja cristã não surge com características do Catolicismo Romano. Antes de 
assumir esta forma o que existia era um cristianismo “primitivo”, com duas vertentes: uma 
mais próxima do judaísmo e outra formada por igrejas formada por gentios, grande parte 
fruto do trabalho do apóstolo Paulo. Tentamos rastrear o processo de transformação e 
modificação que passou a Igreja durante esses longos períodos de história. 
 
 
 
47 
 
Cristianismo na Palestina. 
O berço do cristianismo é o judaísmo, uma religião milenar que se pautava pelo livro 
sagrado a Torá, hoje chamado pelos cristãos de Antigo Testamento. A palestina fazia 
parte do Império Romano. Jesus de Nazaré era um judeu, que no início do século I, surge 
pregando “as boas novas do reino de Deus”, que incluía um pacote de temas nos quais se 
destacava os princípios éticos do reino baseado no amor e na fraternidade, acolhia os 
pobres e marginalizados, chamando-os a conversão, o que o distinguia das práticas e dos 
ensinos dos judeus da época. Aparentemente Jesus não demostrou que intencionava criar 
uma nova religião. Jesus se submete as leis judaicas, porem não segue as “tradição dos 
anciãos” (Marcos 7) o que o coloca em conflito direto com as lideranças da época. 
O fato é que o judaísmo estava muito fechado para se abrir as novidades que o 
jovem mestre Galileu estava tentando introduzir. Os doutores da lei não quiseram ser 
ensinados por Jesus. Ele conhecia as letras sem ter frequentado suas escolas. (João 7.13). 
Ou seja, Jesus de Nazaré não possuía a qualificação necessária para se tornar um mestre. 
Mas independente de tais critérios o povo aclamava Jesus como Rabi. O próprio 
Nicodemos reconheceu isso quando foi ter uma entrevista com Jesus a noite. (João 3). 
Jesus ensinava por parábolas, com lições e aplicações do cotidiano, numa linguagem que 
o povo podia compreender e guardar na memória. Embora em particular oferecesse 
explicações mais detalhadas aos apóstolos. 
Com a morte de Jesus, sobreveio um momentâneo desapontamento, superado logo 
em seguida pela ressurreição do Senhor. Os evangelhos narram que Jesus apareceu vivo, 
em forma corpórea aos seus discípulos e a uma multidão dos seus seguidores. 
Fortalecidos pela experiência da ressurreição e do pentecostes, quando foram cheios do 
poder do Espírito Santo, os apóstolos deram continuidade ao trabalho de Jesus. Foi em 
Antioquia da Síria que pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados de 
Cristãos. (Atos 11:26). 
 
48 
 
Os cristãos se reuniam nas casas formando pequenas comunidades, onde 
procuraram manter viva por meio das orações, pregação e liturgia simples da comunhão, 
a memória e os ensinos de Jesus. 
A identidade cristã foi se formando e se distanciando do judaísmo. Isso foi algo 
gradativo. O primeiro núcleo de cristãos era formado exclusivamente por Judeus. A 
ordem inicial era para evangelizar primeiramente Jerusalém, a Judeia, e depois os confins 
do mundo. Quando os judeus recusavam reconhecer Jesus como o Messias, e com a 
destruição de Jerusalém no ano 70, ocorrendo a diáspora dos judeus, a separação entre 
os dois grupos ficou nítida. Osjudeus acusaram os cristãos de traição, visto não terem 
permanecido na cidade de Jerusalém para defendê-la contra o cerco romano. Mas Jesus 
havia expressamente recomendado que nessa ocasião deveriam abandonar a cidade. 
(Mateus 24) 
Imediatamente o evangelho atingiu os nãos judeus, e os gentios foram introduzidos 
na Igreja. Naturalmente surge uma questão crucial: os cristãos gentios deveriam praticar 
as tradições judaicas? Para resolver essa questão foi convocado o primeiro Concílio da 
Igreja (51 d.C), conhecido como o Concílio de Jerusalém. Ali duas posições pastorais 
foram defendidas, mas só uma saiu vitoriosa. Três grandes líderes aparecem: Tiago, 
Pedro e Paulo. 
 Alguns cristãos saíram de Jerusalém percorreram algumas cidades gentílicas e, 
perturbaram os cristãos convertidos dentre os gentios ensinando que era necessário 
circuncidar e observar a lei de Moises. (Atos 15). Davam ênfase exagerada nas bases 
judaicas do cristianismo. Já os outros, seguidores de Paulo, desejavam mais liberdade para 
os novos convertidos, o que representava uma abertura para o mundo grego romano. 
Tiago e Pedro participaram ativamente e defenderam uma abertura prudente. Essa foi a 
posição que prevaleceu no fim do concílio: os gentios não estariam obrigados a seguir a 
lei de Moises, mas deveriam respeitar certas regras básicas de convivência para não 
escandalizar seus irmãos judeus e cumprirem normas básicas de conduta cristã. Como se 
observa na carta ela trata da forma como os cristãos gentios deveriam viver, sem a 
 
49 
 
necessidade da observância da lei mosaica. Mas ela não diz que os cristãos convertidos 
dentre o judaísmo também estariam livres dessas prescrições judaicas. Ao contrario, sabe-
se que muitos convertidos do judaísmo eram zelosos da lei ( Atos 21.20). Mas, por 
enquanto, a questão central estava resolvida, e foi suficiente para aquele momento onde 
o cristianismo estava em fase de desenvolvimento. Uma igreja não uniforme nos 
elementos não essenciais, porem unida naquilo que era essencial. 
 Assim a Igreja cristã em Jerusalém poderia adotar certas normas ou regras que não 
eram obrigatórias para os cristãos gentios. Não houve divisão ou excomunhão de partes. 
Mas esse cristianismo com roupagem judaica não foi muito longe, porque com a 
destruição de Jerusalém no ano 70 d.C, a Igreja de Jerusalém se dispersou e o cristianismo 
“na sua face judaica” foi absolvido pelo cristianismo gentílico. É possível que após o ano 
70, alguns pequenos grupos cristãos judaizantes tenham se recusado a se unir ao 
cristianismo gentílico, e se mantiveram separado do mesmo. Talvez fosse o caso dos 
Ebionitas.* Grupo considerado herético e mencionado na História Eclesiástica de Eusébio 
de Cesareia. 
 Depois disso a fé cristã espalhou-se pelas províncias da Anatólia e na própria capital 
do Império Romano. Vindo assim a prosperar o cristianismo na sua feição gentílico. 
Cristianismo no mundo helênico. 
A pregação do evangelho de Jesus de Nazaré alcançou o mundo gentílico e se 
espalhou por todo mundo graças ao evangelismo fervoroso e apaixonado do apóstolo 
Paulo e seus colaboradores. O movimento que iniciou entre a classe mais pobre da 
população, os camponeses, atingia agora áreas urbanas e pessoas da classe média e alta. 
Em determinada parte do oriente, se falava o grego e os convertidos daquelas regiões 
usavam o grego como língua materna. 
*Ebionismo (do hebraico "pobres") é o nome de uma das ramificações do cristianismo primitivo, que 
pregava que Jesus de Nazaré não teria vindo abolir a Torá, e que considerava Paulo de Tarso um apóstata. 
Desta forma, pregavam que tanto judeus como gentios convertidos deveriam seguir os mandamentos da 
Torá, o que levou a um choque com outras ramificações do cristianismo e do judaísmo. Podem estar 
ligados ao grupo de judaizantes mencionados por Paulo em Gal. Gálatas 2:11-21. 
 
50 
 
Oportunamente o evangelho foi escrito em grego. A própria Escritura Hebraica foi 
traduzida para o grego por um grupo de judeus que moravam em Alexandria (Egito), 
produzindo a Septuaginta (LXX). Os cristãos tiveram acesso a esta versão e a utilizavam. 
Os Apologistas e Pais da Igreja 
Mas foi com os Apologistas e Pais da Igreja que surgiram as primeiras reflexões com 
teor teológico e filosófico. E isso em virtude dos ataques que filósofos gregos faziam ao 
cristianismo e das perseguições sofridas injustamente. Os apologistas defendiam a fé, 
explicando melhor aos governantes em que consistia o cristianismo, mostrando que as 
acusações contra os cristãos eram infundadas e cheias de preconceitos e mentiras. Com 
isso visava responder as difamações, e fazerem-se compreendidos na sua vendeira 
identidade diante dos governantes. Os cristãos nessa época eram mal interpretados, a 
santa ceia era interpretada como ato de canibalismo, a festa ágape cristã como festa que 
promovia orgias, entre outras coisas. Os pais da Igreja, produziram uma literatura que oi 
preservada e que nela procuram explicar a fé cristã usando, muitas vezes a filosofia como 
instrumento para explicar a fé. Tentando mostrar aos críticos que o cristianismo não era 
incompatível com a verdadeira filosofia. Se a filosofia fosse filtrada dos seus elementos 
errôneos poderia ser utilizada pelos cristãos a fim de explicar melhor a sua fé. Agostinho 
defendia o uso correto da filosofia por parte dos cristãos. Já Tertuliano (160-220 d.c) 
acreditava que a fé cristã era incompatível com a filosofia. Este via a filosofia como fonte 
de muitas heresias. Por fim prevaleceu a interpretação de Agostinho que não via 
problema na apropriação por parte da Igreja do patrimônio intelectual filosófico grego, 
desde que com as devidas filtragens. O próprio Agostinho se apropriou de Platão ou do 
neoplatonismo e adaptou ao cristianismo. 
Os “pais da Igreja” estão agrupados em quatro divisões: 
- pais apostólicos (fim do I século e metade do segundo século): Entre eles estavam 
Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Pápias de Hierápolis e Policarpo de Esmirna. 
Durante o mesmo período, havia os escritores desconhecidos das obras O Didaquê, A 
Epístola de Barnabé, O Martírio de Policarpo, e a segunda carta de Clemente. 
 
51 
 
- pais ante-nicenos (segundo e terceiro séculos), 
- pais nicenos (quarto século) e 
- pais pós-nicenos (quinto século). 
Nicenos refere-se ao Concílio de Nicéia em 325, o qual debateu a questão do 
arianismo e afirmou a doutrina da deidade de Cristo. No Cristianismo, tanto no Ocidente 
quanto no Oriente, quatro padres são chamados de "Grandes Pais da Igreja", como 
segue: (a) Igreja do Ocidente: Ambrósio de Milão (d.C 340-397), Jerônimo de Estridão 
(347-420), Santo Agostinho de Hipona (354-430) e São Gregório Magno (540-604); (b) 
Igreja Oriental: Basílio de Cesareia (329-379), Santo Atanásio de Alexandria (296-373), 
Gregório de Nazianzo (329-389) e João Crisóstomo (347-407). 
Os escritos dos chamados pais da Igreja são importantes, pois representa uma 
tradição mais próxima dos apóstolos; seus escritos confrontam grupos heréticos que 
surgiram na época. Embora nem todos estivessem livres de exageros e erros. Eles 
ajudaram a sistematizar a doutrina. Podemos citar entre outros: Atanásio, Basílio, Gregório 
de Nissa, Gregório Nazianzeno, João Crisóstomo e Cirilo de Alexandria, todos 
pertencentes ao catolicismo. 
Para a Igreja Católica eles são uma fonte autorizada de doutrina juntamente com a 
Bíblia, é o que chamam de tradição. A tradição é tão importante quanto a Escritura na 
teologia católica. Mas, para a visão protestante, esses homens foram apenas líderes em 
suas igrejas, não são inspirados como foram os profetas e apóstolos, portanto são 
passíveis de erros e até mesmo de heresias em seus escritos. 
Podemos destacar dois grandes centros teológicos nessa época: Alexandria, no Egito, 
e Antioquia, na Síria. Essas duas tradições tinham metodologia diferentes para o estudo e

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