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1 2 3 Antônio Gonçalves Sobreira HISTÓRIA DO CRISTIANISMO Sobral 2017 4 5 SUMÁRIO Palavra do professor Ambientação a disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando Unidade de estudo 01: Os Períodos Históricos da Igreja 1.1 História da Igreja Antiga 1.2 História da Igreja Medieval 1.3 História da Igreja Moderna 1.4 História da Igreja Contemporânea Unidade de estudo 02: História do Catolicismo Romano 2.1 Definição do Termo 2.2 História da Igreja Cristã 2.3 Doutrina Católica 2.4 Organização e Estrutura 2.5 História do Catolicismo Grego 2.5.1 Definição do Termo 2.5.2 História da Igreja Ortodoxa 2.5.3 Doutrina Ortodoxa 6 2.5.4 Ritos das Igrejas Orientais Unidade de estudo 03: Reformas religiosas do século XVI 3.1 Reforma e Contra-Reforma 3.2 Antecedentes da Reforma 3.3 A Reforma Protestante 3.4 A Contra-Reforma 3.5 A História do Protestantismo 3.5.1 Princípios Gerais 3.5.2 Origem e Evolução Conclusão Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Explicando melhor com a pesquisa Pesquisando na Internet Saiba mais Vendo com os olhos de ver Revisando Auto avaliação Bibliografia Bibliografia Web 7 PALAVRA DO PROFESOR Caro estudante, Estamos iniciando a disciplina História do Cristianismo, que em outras palavras é a história da instituição conhecida como Igreja Cristã em suas várias vertentes e inclui aspectos históricos políticos, sociais e econômicos relacionados. A história do ponto de vista cristão é teleológica, ou seja, persegue um determinado fim. Este fim será glorioso e sua vitória é certa. O Santo do evangelho falando sobre o futuro da sua Igreja diz: “E as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Mateus 16.18. Tornar-se interessante aprofundar o significado desta afirmação. O que Jesus estava garantindo para seus discípulos? Se pensarmos na luta entre o bem e o mal, muitas batalhas foram travadas entre os filhos da luz e os filhos das trevas. Mas será que a Igreja sempre prevaleceu sobre as forças do inferno? Será que a instituição religiosa não agiu tal qual os filhos das trevas em vários momentos da história? Estudar a história do Cristianismo é tentar entender os papeis que a Igreja organizada assumiu ao longo da sua história. Não basta apenas conhecer os fatos, mas é preciso tentar entendê-los dentro do seu contexto social, político, cultural, e da teologia cristã; para em seguida refletirmos como esse conhecimento pode ajudar a Igreja de Cristo hoje viver o presente melhor à luz da eternidade. Bom estudo. 8 Sobre o autor Antônio Gonçalves Sobreira é graduado em Teologia (1997); Filosofia (2016); pós-graduado em Ciências da Educação; em Psicopedagogia e mestrando em Ciências da Educação. Atualmente é professor no Centro Universitário INTA. 9 AMBIENTAÇÃO Estudar a História do cristianismo é uma tarefa desafiadora por vários motivos: Uma delas é a imensidão de materiais e fatos acumulados ao longo de 2000 mil anos. Com tanto material a ser estudado fica difícil estabelecer um critério para determinar o que é o mais essencial. No entanto devemos considerar que existem fatos mais importantes, na história do cristianismo. Os caminhos da história eclesiástica nos dar uma sensação de quem penetra numa caverna, sem saber o que encontrará adiante. Perdidos em circunstâncias assim, torna-se difícil distinguir entre o que é fundamental é o que é secundário. Na nossa abordagem privilegiamos a visão do todo. Trata-se de um mapa e de uma bússola para quem se aventura pelo interessante caminho da história. Este livro não pretende ser um livro tradicional de história da Igreja. Pretende ser mais um mapa. Oferece uma visão panorâmica. É o suficiente para nos dar o essencial, o fundamental que poderá ser aprofundado em pesquisa particular. Na primeira unidade ofereceremos essa visão panorâmica, o que será muito importante para que o estudante tenha a visão do todo. Os próximos capítulos estudarão em grandes blocos os três ramos principais do cristianismo: a Igreja Católica Romana, a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja protestante. 10 TROCANDO IDEIAS COM OS AUTORES COLINS, Michael; Matthew A. História do cristianismo: 2000 anos de fé. São Paulo: edições Loyola, 2000. Uma análise histórica muito interessante sobre o cristianismo. Realizada por dois pesquisadores, um de formação protestante e o outro padre católico. Ambos precisaram deixar de lado diferenças históricas que os separavam para juntos realizar este belo trabalho. Uma fascinante viagem pelos 2000 anos da história de fé cristã. Um livro ecumênico que expõe de forma didática e acessível a qualquer leitor, os vários períodos do cristianismo, a começar por suas origens judaicas, o nascimento de Cristo em Belém da judéia e a expansão da Igreja na Ásia e na Europa até os dias atuais. Este livro é também a história de 2000 anos da civilização ocidental. ESTRADE, Juan Antônio. Para compreender como surgiu a igreja. São Paulo: Paulinas, 2005. Como surgiu a Igreja? Este livro procura responder a tal pergunta. Parte do projeto de Jesus, que não é a fundação da Igreja, mas a instauração do Reinado de Deus; estuda como se dá um processo teológico e histórico, no qual o projeto de Jesus é transformado; e analisa o surgimento de apóstolos e ministros. 11 GUIA DE ESTUDO Após a leitura das obras acima citadas, faça um breve resumo das principais impressões que teve de cada obra, e procure destacar aquilo que lhe pareceu mais essencial na abordagem de cada autor. PROBLEMATIZANDO Ao pensar sobre a história do cristianismo, pensamos na história da Igreja Cristã, em suas múltiplas fases, seus conflitos internos e externos, seus erros e acertos, e nos vem a mente o que Jesus Cristo fala sobre sua Igreja diz: “E as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. Mateus 16.18. Estaria Jesus falando de uma incondicional vitória dos propósitos de Deus para a Igreja ao longo da história ou preferencialmente de uma vitória escatológica por ocasião da parusia? A vitória espiritual da Igreja é o mesmo que o êxito da instituição também chamada de Igreja? Se pensarmos na luta entre o bem e o mal, sabemos que muitas batalhas foram travadas. Teria a Igreja vencida sempre os poderes do inferno? O que essa expressão de Jesus realmente significa? Como interpreta- la a luz da história do cristianismo? Procure estudar a disciplina, tendo em mente essas indagações. Existe um sentido para a história cristã? Se sim, qual é esse sentido? Meu desafio, ao formular essa questão, é que consiga elaborar uma resposta ainda que provisória para si mesmo. 12 13 1 PERÍODOS HISTÓRICOS DO CRISTIANISMO CONHECIMENTO Conhecer a visão panorâmica da disciplina História do cristianismo, com destaque aos quatro períodos principais, a saber: Idade antiga, medieval, moderna e contemporânea. Habilidade Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em ambiente acadêmico acerca do tema. Atitude Capacidade reflexiva crítica acerca do objeto estudado e incorporá-la nas suas práxis. 14 1 OS PERÍODOS HISTÓRICOS DA IGREJA Estudar a História do Cristianismo é tarefa que exige esforço e paciência. Não é um trabalho rápido ou breve. Neste primeiro capítulo objetivamos apresentar uma visão resumida, porem panorâmica dos grandes períodos da história do cristianismo. Tratar de períodos tão vastos da históriado cristianismo corre-se o risco da parcialidade; de uma abordagem com motivações subjetivas; de fazer juízo de valor; cometer anacronismos ou até proselitismo. Como escapar a esses equívocos? Parece impossível. Nessa síntese pretendemos a objetividade, ou seja, queremos conhecer os fatos e seus significados. Mas é possível a objetividade desse campo de estudo? Dificilmente, no entanto não devemos abdicar do nosso objetivo, embora se pareça inatingível em sua totalidade. O viajante da história é um ser limitado no tempo e espaço, limitada também é sua capacidade de resgatar o passado. No nosso caso abordaremos fatos abrangendo um período de 2000 mil anos aproximadamente. Temos os registros históricos, documentos (escassos muitas vezes). Mais ainda assim, temos apenas visões parciais do passado. Mas isso não significa que não possamos abordá-lo de modo algum. O que é a história? Para iniciarmos nosso estudo, permitamos uma reflexão sobre a história do ponto de vista cristão. Na perspectiva cristã Deus é o senhor da História. Quando Israel passava pelo cativeiro da Babilônia, o profeta Daniel (Dn 2) tem uma revelação e interpreta o sonho do monarca, é revelado uma sucessão de grandes impérios mundiais a começar pela Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, Roma, a Europa dividida em reinos fortes e fracos, mais por fim, são todos destruídos por uma grande pedra arremessada sobrenaturalmente, e o reino de Deus representado por uma grande montanha se espalha pela terra. Uma representação que poderia ser traduzida de forma simples: 15 embora a história pareça seguir seu curso, como resultado de escolhas e determinações humanas, é Deus que tem o controle final da história, e por fim a historia alcançará seu pleno desenvolvimento e propósito. É na história que o homem se aliena de Deus, mas e também na história que Deus redime a raça humana por meio da encarnação, Deus entra na história, o absoluto e o finito se encontram tornando-se uma só realidade. Para a visão cristã, a vida humana tem um sentido e a história da humanidade também tem o seu, e está vinculado ao destino de toda raça humana. A história tem começo, meio e fim, é, portanto de natureza teleológica e linear, diferente da visão grega que a compreendia como sendo cíclica. É claro que há correntes filosóficas que não compartilham dessa visão e dirá que a história não possui sentido algum. São correntes que se alinham com o ateísmo, e não com o teísmo cristão. Dizer que Deus é o senhor da história não significa que tudo que acontece na história ocorre por determinação divina, como se cada ato humano estivesse predestinado pela providencia divina. Isso certamente destruiria a liberdade humana e tornaria Deus responsável por todo o mal e sofrimento existente no mundo. A Revelação apresenta o homem como um ser com capacidade de escolher entre o bem e o mal, um ser de liberdade, capaz de fazer escolhas. “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” Josué 24:15. O homem pode escolher servir a Deus, ou aos deuses ou a deus nenhum. É nisso que consiste sua liberdade, no poder da escolha. Seria a história uma sucessão de fatos ocorridos no tempo, resultado da escolha humana que se entrelaçam numa dinâmica criando uma rede de acontecimentos sem fim algum? Para o cristianismo Deus é senhor absoluto e a encarnação fez Deus entrar no tempo e na história. Isso comunica automaticamente um sentido para a mesma. Na sua soberana vontade, ele orquestra os acontecimentos de tal forma que, independente da vontade humana, fara prevalecer a Sua vontade num plano macro, ainda que num plano micro nem sempre sua vontade prevaleça. Isso porque o próprio Deus, num ato de amor, 16 recua voluntariamente na sua soberania para dar espaço a existência da liberdade humana. A História é de natureza escatológica, se dirige para um clímax, onde as forças do bem e do mal travarão sua última batalha, Deus dará a última palavra, e porá fim a história tal como a conhecemos hoje. Todas as forças contrárias aos propósitos divinos serão vencidas e aniquiladas, não sobrará “nem raiz nem ramos” dos males que hoje afligem a humanidade. Divisões da História do cristianismo Numa perspectiva ocidental a história do mundo divide-se em quatro períodos. (1) Idade Antiga, compreende o relato sobre Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma. (2) Idade Média, vai desde a queda de Roma até o descobrimento da América. (3) Idade Moderna, vai desde o século quinze até a Revolução Francesa. (4) Idade Contemporânea, se inicia no século dezoito e continua até nossos dias. A história do cristianismo, convencionalmente se dividida em quatro grandes períodos, os quais a Igreja passa por diversas fases e condições: História da Igreja Antiga (31 a.C. até 476 d.C.), da Igreja Medieval (476 até 1517) e da Igreja Moderna (1453 até 1789) e da Igreja Contemporânea (1789 até a atualidade). Entendemos que essa divisão reflete uma perspectiva eurocêntrica, mas, para o momento, é útil, visto que boa parte da história do cristianismo se desenrolou nesse continente. As divisões tem lá sua plausibilidade em virtude das características que marcam cada época. No entanto as datas demarcatórias devem ser entendidas apenas como marcos simbólico, e não devem ser tomadas como referências absolutas de cada período. A flexibilidade aqui é bem vinda. 1.1 História da Igreja Antiga 17 Antiguidade ou Idade Antiga, sob o aspecto da existência da religião cristã, é o período de tempo convencionalmente compreendido entre o início do cristianismo, datado em 31 d.C., e a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.). É a igreja vivendo no tempo do Império Romano. Nesse período aparece a Igreja Cristã e sua evolução da fase de Igreja Apostólica para a fase de Primitiva Igreja Cristã. Para alguns estudiosos da história da Igreja o seu surgimento foi no Pentecostes. A Igreja atuou dentro do ambiente cultural da civilização greco-romana e do ambiente político do Império Romano. O centro da atividade incluía as regiões da Ásia, África e Europa. Nesse período podemos destacar três fases básicas: (1) avanço do cristianismo no Império, do ano 31 até o ano 100; (2) a luta da primitiva Igreja Cristã, mártir, para sobreviver em meio às perseguições imperiais, de 100 a 313; (3) os pais da igreja e as controvérsias; (4) a oficialização do cristianismo como religião oficial do Império, de 313 até 476. Período Formativo da Igreja Cristã O primeiro momento é o período da formação da Igreja cristã. Como sabemos Jesus de Nazaré, ou Jesus Cristo foi o seu fundador. Mas os apóstolos contribuíram para a difusão do cristianismo. Mas conhecemos pelo livro de Atos mais especificamente o trabalho de Paulo. Jesus ao falar do futuro da sua Igreja, disse que seria vitoriosa e que as portas do inferno não prevaleceria sobre ela. Mateus 16.18-19. O fundamento “E sobre esta Pedra edificarei minha Igreja”. Alguns questionamentos têm surgidos acerca de quem é esta pedra a qual Cristo está se referindo. Para os católicos, a pedra é Pedro e assim justificam o sistema papal. Sistema este onde um só homem, o papa, que acreditam ser sucessor direto de Pedro, tem o poder de liderar e comandar toda a Igreja. Porem a história da Igreja da conta que essa forma de governo toma forma por volta dos séculos IV e V. A questão que os protestantes colocam é: Por que Cristo fundaria sua 18 Igreja sobre um ser humano falho e pecador, em vez de fundar sobre si mesmo? Como alguns textos do NT claramente afirmam que Jesus é a Pedra, a interpretação protestante rejeita a interpretação católica. Na visão protestante,Cristo foi o fundador e ele é o alicerce (a Pedra). Atos 4.11; Efésios 2.10; I coríntias 10.4; I Pedro 2.4. e Mateus 21.42. Outros estudos dizem que não é Pedro a Pedra, mas a declaração que ele fez ao declarar “ “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Ou seja, a fé que Jesus é o Cristo é o fundamento pelo qual a Igreja está alicerçada. A pedra seria o “testemunho doutrinário” ali proferido por Pedro, vendo em Jesus o cumprimento da promessa Messiânica do Velho Testamento. Nesse caso a fé em Cristo seria o fundamento. Mais o argumento mais contundente e mais forte, inclusive linguisticamente é que a Pedra é o Senhor Jesus Cristo. O próprio Pedro disse isso (1 Ped. 2:4, 6, 7, 8). A Pedra maior e mais importante é o próprio Jesus. Os apóstolos eram pedras pequenas, como tijolos colocados nesse grande edifício. Todos eles contribuíram e tiveram sua importância. Mas nenhum deles se compara a importância do próprio Cristo. Ele é o fundamento. (Efés. 2:20). O Surgimento da Igreja No começo a Igreja era facilmente confundida com mais um movimento judaico messiânico. Era o embrião do que seria mais tarde a Igreja Cristã. Jesus era judeu e todos seus apóstolos também. Mais havia já com a declaração de Pedro uma novidade que os distinguiam do judaísmo tradicional, eles acreditavam que Jesus era o Cristo. Outro grande momento foi a descida do Espírito Santo no Pentecostes. O Espírito desce somente sobre esse grupo em especifico, os judeus não são batizados no Pentecostes. Notamos aí uma diferença significativa. Esse grupo havia recebido o selo do Espírito Santo. 19 Embora o Pentecostes fosse uma festa judaica, o Pentecostes de Atos 2 é diferente, porque inaugura uma nova era, a era da Igreja Cristã. Se antes a Igreja era um embrião, com o Pentecostes ela nasce com características de universalidade, é “católica”. Atos 2 descreve que havia em Jerusalém nessa ocasião prosélitos do judaísmo e tementes a Deus, procedentes dos três continentes conhecidos da época: grande parte da Europa, grande parte da África e parte da Ásia. Estavam presentes pessoas que vinham de toda região banhada pelo Mar Mediterrâneo, o proselitismo judaico já havia atingido muitas daquelas pessoas e esses ao visitarem Jerusalém na festa de Pentecostes, foram alcançados pelo evangelho de tal forma que é narrada a conversão de quase 3000 pessoas. Esses novos cristãos voltaram para suas terras de origem e com certeza formaram comunidades espalhadas por três continentes. A origem da própria Igreja de Roma certamente está relacionada com esses cristãos convertidos no Pentecostes. Quando Paulo escreve para Roma a Igreja já estava estabelecida naquele lugar. A Igreja que surge no Pentecostes, algo em torno do ano 35 da Era Cristã nasceu com características de universalidade. Daí porque João ao se referir aos cristãos diz que eles procedem de todos os povos, tribos, línguas e nações que estão em toda a Terra. Para alguns historiadores esse período História da Igreja que começa com o Pentecostes se estende até o Papado de Gregório (de 590 d.C.) por este ter realizado grandes reformas na liturgia; mas alguns historiadores acham que deveria ir só até o ano de 450, quando Leão I tornou-se bispo de Roma, o primeiro bispo de Roma a ser chamado de primeiro papa. Os Pais da Igreja Nesse período, após a morte dos apóstolos e termino do primeiro século, a igreja sofre muitas perseguições. Então se destacam alguns homens por sua fidelidade e dedicação a Palavra de Deus. Geralmente líderes, bispos em suas comunidades, piedosos, 20 dedicados escreveram cartas, documentos, tratados explicando sua fé as autoridades, e outras vezes defendendo a fé cristã do ataque dos seus inimigos intelectuais, estudiosos da filosofia grega que procuravam humilhar o cristianismo diante da opinião pública, debochando, acusando, mentindo, tudo com o intuito de desprezar e humilhar a nova religião. Esses líderes notáveis ficaram conhecidos como Pais da Igreja, e a literatura que produziram como Patrística. Eles foram aos responsáveis em criar a Teologia Sistemática. A Igreja Cristã surge apenas com o Velho Testamento pronto, inclusive já traduzido para o grego, a Septuaginta, versão da Escritura Hebraica em grego. O Novo Testamento ainda seria escrito, primeiramente foram às cartas ou epístolas apostólicas depois vieram os evangelhos. Porém o corpo doutrinário não estava pronto, porque inicialmente a Igreja estava preocupada apenas em anunciar que Jesus era o Cristo, e não sistematizaram a fé. Os apóstolos dedicaram-se a pregação da fé em Jesus Cristo. Essa tarefa coube aos chamados Pais da Igreja e aos concílios. A perseguição que foi praticada, primeiro pelos judeus, depois pelo Império Romano aos Cristãos não obtiveram êxito, quanto mais se perseguia os cristãs, mais conversões ocorriam, e a Igreja crescia e se fortalecia. Tertuliano, advogado cartaginês, e um dos Pais da Igreja escreveu: “o sangue dos mártires é a semente do cristianismo”. Muitos desses homens notáveis foram mortos, tornaram-se Mártires, eles contribuíram para o sucesso e sobrevivência do cristianismo durante o Império Romano. Eles fizeram com que muitos conhecessem o verdadeiro cristianismo, pois só conheciam as versões pervertidas produzidas por seus inimigos que queriam a todo custo denegrir a sua imagem. Entre os pais da Igreja desse período destaca-se a figura de Santo Agostinho que é considerado o maior da Patrística. O período da Patrística é dividido em partes: Pré-Agostiniano (longo dos Séc. II e III d.C. e início do Séc. IV); Agostiniano e Pós-Agostiniano (ao longo da segunda metade do Séc. V até o Séc VI). Agostinho passou a sua vida escrevendo muitas obras, de grande profundidade teológica e filosófica, além de pastorear como bispo uma comunidade em Hipona, no norte da África, onde hoje é a Argélia. 21 Os Pais da Igreja não estão presentes no século I E.C da história da Igreja, porque este período é a Era dos apóstolos, que encerra com a morte do último apostolo de Cristo, João. Contribuição dos Pais da Igreja Elaboração dos Credos O Credo Apostólico, assim chamado porque foi composto na Era dos apóstolos, é anterior aos credos que foram posteriormente elaborados. Os outros grandes credos que foram elaborados numa fase posterior da Igreja surgiram por meio da colaboração dos pais da Igreja. Como o Credo Niceno, ou Credo Niceno- Constantinopolitano, elaborado durante o Concílio de Nicéia, na cidade de Nicéia, no ano de 325, o Credo Atanasiano, escrito por outro Pai da Igreja, Atanásio; e outros credos, sendo estes os mais conhecidos. Realização de Concílios Eclesiásticos A Nova Igreja precisa formatar o seu credo, definir doutrinas e pontos de vistas sobre muitos assuntos complexos, onde as opiniões muitas vezes se dividiam. A metodologia utilizada pelos Pais da Igreja para se resolver os problemas da Igreja era através da convocação de Concílios. Para o Concílio eram convocados os bispos das diversas regiões, devidamente presidido por uma autoridade reconhecida por todos. E os temas eram ali tratados até se chegar numa unidade. Claro que havia muitos debates acalorados. Esse foi o caminho escolhido pela Igreja a fim de resolver as diferenças surgidas na vida da Igreja. Definição do Cânon do Novo Testamento A Igreja Cristã já surgiu com uma Escritura Sagrada, O Antigo Testamento, originalmente escrito em Hebraico, porem, já existia a LXX, versão em grego, língua falada em quase todo Império Romano. Esta versão foi muito utilizada inclusive pelos autores do Novo Testamento. A questão agora era reconhecer quais seriam os escritos inspirados pertencentes a esta nova fase. Ou seja, a Igreja teria que definir o Cânon Novo 22 Testamentário. Ora, muita literatura foi produzida nessa época e circulava diferentes livrosnas diversas comunidades, não havia inicialmente uniformidade acerca de quais livros seriam válidos para toda a igreja universalmente. Esse processo não seria tarefa fácil, pois havia um grande número de literatura circulando, às vezes ensinando erros doutrinários. Alguns autores tentavam se passar por apóstolos de Cristo, foram chamados de pseudoepígrafos. Talvez por isso Paulo tivesse que assinar suas cartas, para de alguma forma autenticar e evitar falsificações baratas. Por isso, para evitar essa confusão, era necessário definir o Cânon. Era preciso saber quais livros possuíam autoridade e quais livros eram literatura comum. Sem definir esta questão era complicado até mesmo combater as heresias. Dos primórdios do cristianismo até Edito de Milão, 313 d.C. A Igreja antiga foi um período de formação que traçou diretrizes para toda a história da Igreja, até os dias de hoje estamos vivendo sob influência de algumas decisões tomadas naquela época. O cristianismo surgiu num mundo que já tinha suas próprias religiões, culturas e estruturas políticas e sociais. A nova fé foi abrindo caminhos, mas ao mesmo tempo foi definindo a si mesma. A primeira tarefa do cristianismo – e a mais importante – foi definir sua própria natureza perante o judaísmo, religião da qual o cristianismo nasceu. Porque nos primórdios da Igreja, a influência judaica era muito forte, ao ponto de não existir uma distinção nítida entre o judaísmo e o cristianismo. Razão essa porque o Império Romano não perseguiu de início a Igreja, visto que era confundida com outras facções judaicas (fariseus, saduceus, essênios, etc.). O judaísmo e suas facções possuíam status de religião reconhecida pelo Estado Romano. Logo que o cristianismo se separa do judaísmo, ganha identidade própria, e foi perseguida. O cristianismo logo teve seu primeiro conflito com o estado, e foi dentro desse ambiente que a nova fé teve de determinar seus 23 relacionamentos como cultura que a cercava e também com as instituições políticas sociais. Esses conflitos com o estado produziram mártires e apologistas. Aqueles selaram seu testemunho com o próprio sangue. Os apologistas se esforçaram para defender a fé cristã contra as acusações que lhes eram feitas por pagãos, nascendo as primeiras obras de teologia do cristianismo. Os apologistas eram homens instruídos do segundo e terceiro séculos. Os mais conhecidos são Clemente de Alexandria, Tertuliano e Justino, o Mártir. Suas obras se dirigiam principalmente aos pagãos e às autoridades romanas com o objetivo de explicar a fé cristã, e incluíam muitas referências à Bíblia. Acima de tudo, os apologistas tomaram uma posição contra os perseguidores. Negavam suas acusações e apresentavam os cristãos numa luz favorável. Combate às Heresias A Igreja não surge com um “catecismo” na mão. Isso permitiu que certos ensinos surgissem no seio da igreja divergindo do ensino ”oficial”. Os ensinos que incompatibilizavam com o núcleo dos ensinamentos apostólicos, foram chamados de heresias e foi provavelmente o maior problema, pois ameaçavam a própria essência da mensagem cristã. As perseguições eram uma ameaça externa, a heresia, era interna. No século II surge marcionismo, do bispo Márcião de Sinope (110-160), e o gnosticismo. Marcião rejeitava a herança judaica e criou um cânon próprio antes mesmo da Igreja definir o cânon do NT. Ele recusou todo o AT e muitas partes do NT, aceitando 24 apenas os escritos do apóstolo Paulo e o evangelho de Lucas. E, quase que por uma resposta ao falso cânon de Marcião, a Igreja cristã estabelece o Cânon do Novo Testamento. Foi combatido pelo apologista Justino Mártir. Os gnósticos (II ao IV século) era um movimento sincrético que misturava ideias pagãs, judaicas e cristãs. Embora tivessem ideias divergentes entre si, tinha em comum a ideia de que o mundo era uma obra imperfeita de um deus inferior (demiurgo). Alegorizavam a Escritura e reivindicavam o acesso ao conhecimento puro, que os colocava acima dos simples e dos pastores que os governavam, questionando a autoridade da Igreja. Acreditavam que tal conhecimento puro havia sido transmitido secretamente por Cristo a seus discípulos mais íntimos. O apologista Irineu respondeu a esse grupo usando o argumento da sucessão autêntica, no caso os bispos da Igreja descendiam diretamente de uma linha sucessória de bispos que remontavam aos apóstolos, sendo eles os legítimos representantes e guardiões da doutrina de Cristo, que nada haviam ensinado de secreto. Outra doutrina também considerada herética foi o maniqueísmo, fundado por Mani (216-276). Doutrina que tomava empréstimos do Budismo, Zoroastrismo e Cristianismo. A Igreja combateu como heresia por defender a ideia de um deus bom e um deus mal criador (o Deus da bíblia), por rejeitar as Escrituras hebraicas e por fazer uma nova leitura de Jesus Cristo. O Estado romano perseguiu esse movimento, o edito de Diocleciano (297) os acusou de espionagem para o rei Persa, condenando-os a castigos extremos. O bispo Agostinho de Hipona (354-430) foi maniqueísta por dez anos antes de se converter ao cristianismo. No século IV, o presbítero cristão Ário ( 256 – 336 ) de Alexandria começou a ensinar que só existia um Deus, o Pai. Negava que Jesus e o Pai fossem consubstanciais. Questionou a divindade de Jesus, aceitando-o como um ser elevado, pré-existente, porem, criado. Passando para a história do cristianismo como controvérsias trinitáriana e cristológicas. O credo e formulação doutrinária 25 Também é estabelecido nesse período, o credo chamado “dos apóstolos” e a doutrina da sucessão apostólica. Depois dos apologistas vieram os grandes mestres da fé, pessoas como Irineu, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes e Cipriano, que escreveram obras relevantes. E, apesar da escassez de documentação, é possível conhecer um pouco da vida e do culto cristão durante estes primeiros anos. (GONZALES, 1998). Os IV e V séculos foram marcados por intensa formulação doutrinal, onde esteve em acirrado debate as controvérsias trinitárianas. Longe de ser uma querela banal, o debate sobre a Trindade e a cristologia, é uma questão fundamental da qual depende a identidade cristã. “No seio de um monoteísmo herdade dos judeus, a fé em Jesus Cristo, filho de Deus, ligada a questão da salvação, os obriga a formular as relações que este mantém com Deus Pai. Deus é como ele? Ou um ser divino distinto do pai? Ou ainda uma criatura de Deus, ainda que a primeira? Para assegurar a salvação da humanidade, O Filho tem de ser plenamente Deus e plenamente homem. “(CORBIN, 2009, p. 72). O Império Cristão do Edito de Milão (313) à deposição do último Imperador romano do Ocidente (476). Nesse tempo começou o processo de romanização do cristianismo. Com a conversão do imperador Constantino, as coisas mudam radicalmente. Com o Edito de Milão em 313 Constantino tornou o cristianismo legal no Império, mas não o tornou religião oficial. Iniciou um período de liberdade religiosa para a Igreja, intercalada por algumas interrupções, mas que por fim, veio a prevalecer e suplantar o paganismo. A igreja perseguida passou a ser a Igreja tolerada, e não demorou a se tornar a religião oficial do Império Romano (Imperador Teodósio em 380 d.C). Consequentemente, a Igreja, que até então era formada por pessoas das classes baixas da sociedade, foi abrindo espaço entre a aristocracia. 26 A mudança não foi fácil e houve cristãos que reagiram de maneiras diferentes. Alguns se mostraram tão gratos pela nova situação, que se tornou difícil adotar uma atitude crítica para com o governo e com a sociedade. Outros fugiram para os desertos ou locais isolados e se dedicaram a vida monástica. Alguns simplesmente romperam com a igreja majoritária, insistindo serem eles a igreja verdadeira.Não faltou a reação dos pagãos que desejavam voltar à velha religião com a relação que antes desfrutavam com o estado. Os mais destacados líderes do cristianismo adotaram uma postura intermediaria, continuaram vivendo nas cidades, mas com um espírito crítico. Foi assim, que livre das ameaças de perseguições, a igreja conseguiu produzir alguns de seus maiores mestres, por essa razão esse período ficou conhecido como: “era dos gigantes”, quando foi escrito grandes tratados de teologia, importantes obras de espiritualidade e a primeira história da igreja. (GONZALES, 1998). No campo político, com as constantes lutas internas o Império Romano do Ocidente se enfraquece e as tribos germânicas invadem o Império e seu ultimo Imperador Rômulo Augusto (476 d.C), é deposto. 2.História da Igreja Medieval - Visão geral A Idade Média é o período da história europeia compreendido entre a queda do Império Romano do Ocidente, Rômulo Augusto (476 d.C), e a afirmação do capitalismo sobre o modo de produção feudal, o florescimento da cultura renascentista e os grandes descobrimentos (séc.XVI). Esta é a época do surgimento e poderio do papado, da inquisição, do monarquismo, do maometanismo e das cruzadas. O acontecimento mais significativo desse período muda-se do sul para o norte e oeste da Europa, isto é, para as margens do Atlântico. 27 No ano 538 surge a Igreja Católica Imperial. Os bárbaros invasores do Império, das tribos migratórias teutônicas, foram levados à conversão pela Igreja e assim foram integrados à cultura greco-romana. Tendo que gerenciar tamanho desafio e grandes territórios a Igreja Medieval precisava de uma organização sólida, esta veio a adaptar o sistema hierárquico do Império Romano, criando assim o sistema papal, onde o bispo de Roma se tornou uma espécie de “Imperador” da Igreja. A Baixa idade Média – Da deposição de Rômulo Augusto (476) ao cisma entre o Oriente e o Ocidente (1054) Visto que o Império Romano havia se dividido em duas partes: O Império do Ocidente, em que se falava latim, e o do Oriente, em que se falava grego, as invasões dos bárbaros não afetaram toda a cristandade da mesma forma. No Ocidente, o Império deixou de existir e foi substituído por uma série de reinos bárbaros. As invasões dos bárbaros afetaram muito mais a Igreja de fala latina do que a Igreja de fala grega. Ao Ocidente latino (hoje, Espanha, França, Itália, etc.) caiu um período de caos. Posto que fossem tempos de dor, de morte e desordem, o culto cristão, em vez de centralizar a atenção na vitória do Senhor na ressurreição, começou a preocupar-se cada vez mais com a morte, o pecado e o arrependimento. A comunhão, que até então tinha sido uma celebração, transformou-se num culto tristonho, em que se pensavam mais nos próprios pecados do que na vitória do Senhor. Boa parte da cultura antiga desapareceu, embora a Igreja tenha conservado em parte. Por isso em meio ao caos a igreja se tornava mais forte e influente. Enquanto isso, tanto a monarquia como o papado desempenharam um papel importante. 28 Durante esse tempo no Oriente, o Império Romano (Império Bizantino) continuou a existir por mais mil anos. Ali o Estado era mais poderoso do que a Igreja, à qual frequentemente impunha sua vontade. Também houve várias polêmicas teológicas que ajudaram a esclarecer a doutrina cristológica. Essas contestações deram origem a várias igrejas dissidentes ou independentes que sobrevivem até hoje, as igrejas chamadas “nestorianas” e as “monofisitas”. No meio desse período surgiu uma nova ameaça, sob a forma do avanço do Islamismo. Este conquistou vários territórios e cidades que haviam até então sido importantíssimas na vida da igreja, a saber, Jerusalém, Antioquia, Alexandria, Cartago, etc. Ao mesmo tempo em que o islamismo conseguia sua maior expansão territorial, surgia no Oeste da Europa, um novo poder político no reino dos francos, cujo governante mais poderoso foi Carlos Magno. No ano 800 o papa coroou Carlos Magno “Imperador”; pretendia-se assim ressuscitar o antigo Império Romano. Embora o novo império nunca tenha sido como o antigo, o título (e às vezes o poder) continuou a existir durante séculos. Portanto, o cristianismo, que até então tinha atuado ao longo do eixo Leste-Oeste ao longo do mediterrâneo, agora começava a atuar ao longo do eixo norte-sul, do reino dos francos até Roma. Mesmo assim, embora parecesse que a Igreja do Ocidente tinha mais poder, o fato é que era difícil lutar contra o caos reinante – e às vezes as lutas dentro da própria igreja contribuíam para o caos. A ordem foi assumindo a forma do feudalismo, no qual cada senhor feudal seguia suas próprias políticas, saindo para a guerra quando lhe 29 parecia bem e às vezes se entregando até mesmo ao banditismo. Era no Oriente que se conservava certa medida de ordem, bem como a literatura e os conhecimentos da antiguidade. Constantinopla, antiga capital do Império bizantino, ficava cada vez mais reduzida na sua influência. Provavelmente a maior realização do cristianismo bizantino tenha sido a conversão da Rússia, por volta do ano 950. As relações entre o oriente e o ocidente foram se tornando cada vez mais tensas, até que, finalmente, veio o rompimento definitivo em 1054. (GONZALES, 1998). Síntese Os historiadores da Igreja concordam que nesse período a Igreja perdeu muito das suas características iniciais. Aqui a Igreja já se tornara uma aliada do poder político, comprometendo-se demais em muitas questões. A Igreja estava experimentando um esfriamento do seu amor e zelo originais. Talvez as palavras de Jesus no apocalipse possam ser bem empregadas a esse período em especial: “Tenho, porém, contra ti, que abandonaste o teu primeiro amor”. (Apoc. 2.4.) Essas palavras conceituam muito bem este novo momento. Este esfriamento da fé foi algo gradativo. Será que esse processo se dá naturalmente com todos os movimentos? Após milhares de anos daquela inspiração original dos seus pioneiros, todo movimento está fadado a se corromper ou degenerar- se? Esse período vai desde 590 até 1517. Este período é bastante longo, basicamente 1000 anos, costuma-se dividi-la em duas grandes fases chamadas de Alta Idade Média e Baixa Idade Média, apenas para efeito didático. A Idade Média surge a partir da queda do Império Romano do Ocidente em 476 d.C. No período chamado de Alta Idade Média predominou o sistema político chamado de Feudalismo. Feudos eram as terras concedidas por um suserano ao vassalo, em troca de fidelidade e ajuda militar. O suserano é mais conhecido como senhor feudal. Esse sistema 30 substituiu o Império Romano do Ocidente que ruiu em 476 diante da invasão dos bárbaros e a queda do seu último Imperador Rômulo. No século V, Roma foi devastada várias vezes por invasões dos povos bárbaros. O império,embora vacilante, conseguia reagir e sobreviver. Mas o bárbaro Odoacro em 476 conseguiu derrubar o último imperador do Ocidente Rômulo. Odoacro, nunca chegou a ser considerado imperador do Ocidente, mas apenas rei da Itália, sob o comando do Imperador Romano do Oriente. Os principais povos germânicos que invadiram o Império Romano foram os hunos, os vândalos, os visigodos, os ostrogodos, os francos, os lombardos e os anglo-saxões. Em alguns momentos, eles conseguiram alcançar a cidade de Roma, saqueando a cidade e buscando destruí-la. Odoacro comandou a invasão e o saque de Roma, destronando o último imperador romano Rômulo Augusto. Odoacro enviou as insígnias imperiais à capital do Império Romano do Oriente, Constantinopla, decretando o fim do Império do Ocidente. A população já havia abandonado as cidades e se instalado na zona rural em busca de proteção, desintegrando a conformação urbana que havia no Império romano. Os bárbaros constituíram ainda inúmeros reinos no território antes controlado pelos romanos, iniciando o processo de configuração política que iria caracterizar a sociedade medieval. Inicialmente o ocidente vira praticamente um caos político, depois as coisas se acomodaram e surge o sistema feudal. Nesse tempo havia duas classes sociais basicamente: o Senhor Feudal e o Servo da Gleba. Não havia moeda corrente, a Igreja era um desses senhores feudais. Era grande a autoridade da Igreja. Esse foi o período do chamado sacro-império romano-germânico, que começou precisamente a partir de Carlos Magno, por volta do ano 800, e que vai predominar durante toda a Alta Idade Média. 31 Nesse tempo houve muitas conversões, a maioria era forçada ao poder da espada. O cristianismo foi conquistando os bárbaros e foi uma influência unificante nesse período. Quando um grande chefe político se convertia, todos que estavam ao seu comando eram obrigados a se converterem também. Imagine o que isso não ocasionou a pureza da prática religiosa. Pessoas entrando para a Igreja sem nenhuma preparação catequética. O Rei franco, Clóvis, foi o primeiro a se converter a fé cristã. Viveu bem próximo da queda de Roma em 496, obrigou a todos os seus soldados e súditos a conversão. A Igreja foi perdendo sua pureza, pois esses povos pagãos trouxeram para dentro da Igreja suas antigas praticas pagã. Ocorrendo um sincretismo religioso, e a Igreja começou a sofrer muito a partir daí. Essa situação vai ao longo de toda a Alta Idade Média. A Alta Idade Média - Do cisma entre o Oriente e o Ocidente (1054) ao começo da decadência do papado (1303) A reforma monástica A Igreja Ocidental, em virtude de um quadro de corrupção interna, estava precisando de uma reforma radical ao qual acabou surgindo dentro das fileiras do monasticismo. Essa reforma ficou conhecida como Reformas Cluníacas.* Os elementos monásticos que propunham uma reforma chegaram a ocupar o papado, e com isso nasceu uma série de papas reformadores. E isso causou conflitos entre as autoridades seculares, como o Imperador e o poder religioso. A necessidade surgiu em virtude da corrupção que imperava dentro da Igreja, parte em virtude da simonia e do concubinato no clero. Nessa época o papado não detinha total controle da Igreja, em virtude do sistema da época que se caracterizava por uma íntima relação entre Igreja e sistema feudal. Os senhores feudais tinham muito poder e acabavam indicando cargos eclesiásticos sem qualificação alguma, produzindo assim líderes fracos, inaptos e licenciosos. Esses líderes cometiam abusos de toda ordem e foram responsáveis pela baixa condição moral e espiritual da cristandade. 32 Assim, os papas provenientes das ordens monásticas, pretendiam assumir o controle, e acabar com a “investidura de bispos” por monarcas seculares, caso que ficou conhecido como Controvérsia das investiduras.** A reforma cluníaca foi uma tentativa de remediar estas práticas na esperança de que um líder religioso mais independente fosse capaz de conduzir melhor os negócios da Igreja. *As Reformas cluníacas foram uma série de mudanças realizadas no monasticismo da Igreja ocidental cujo objetivo era restaurar os princípios tradicionais da vida monástica, encorajando a arte e o cuidado pastoral com os pobres. O movimento começou na Abadia de Cluny em 910 com o duque Guilherme I ( 875–918), no seio da Ordem dos Beneditinos. O ímpeto pelas reformas foi a corrupção dentro da Igreja, particularmente por causa da simonia e do concubinato no clero. ** Como um mosteiro beneditino precisava de terras, era necessário o patrocínio de um senhor local. Porém, o senhor geralmente exigia direitos e afirmava prerrogativas de interferir com a operação futuras a do mosteiro. As cruzadas (séculos XI e XIII) Em 1095 começa o período das cruzadas que duraram vários séculos. As Cruzada foram movimentos militares de inspiração cristã que partiram da Europa Ocidental em direção à Terra Santa (Palestina) e à cidade de Jerusalém com o intuito de conquistá-las, ocupá-las e mantê-las sob domínio cristão. Estes movimentos estenderam-se entre os séculos XI e XIII, época em que a Palestina estava sob controle dos turcos muçulmanos. Os ricos e poderosos cavaleiros da Ordem de São João de Jerusalém (Hospitalários) e dos Cavaleiros Templários foram criados durante as Cruzadas. Os cruzados se consideravam soldados de Cristo, e usavam o símbolo da cruz em suas roupas. As Cruzadas eram também uma peregrinação, com intuito de pagar alguma promessa, ou como penitência, para obter algum favor divino e o perdão de pecados. Mas também havia o interesse comercial e o desejo de enriquecimento. 33 Por volta do ano 1000, aumentou muito a peregrinação de cristãos para Jerusalém, pois corria a crença de que o fim dos tempos estava próximo e, por isso, valeria a pena qualquer sacrifício para evitar o inferno. Incidentalmente, as Cruzadas contribuíram muito para o comércio com o Oriente. Este também foi o período da “Reconquista” espanhola - o processo de expulsão dos mouros da Península Ibérica*. *Em 1085, os reinos ibéricos já haviam reconquistado mais da metade da península Ibérica. A reconquista de todo o território peninsular durou cerca de sete séculos, só ficando concluída em 1492 com a tomada do reino muçulmano de Granada pelos Reis Católicos. Em Portugal, a reconquista terminou antes com a conquista definitiva da cidade de Faro pelas forças de D. Afonso III, em 1249, o extremo sul do país estava completamente despovoado, a população encontrava-se no centro-norte até ao sul de Évora e Santiago do Cacém. O Algarve foi repovoado na segunda metade do século XIII. Como resultado das cruzadas houve um grande impulso no comércio e, como consequência, um aumento da população das cidades, que eram por natureza centros comerciais. O dinheiro começou a circular de novo, e apareceu uma nova classe, os burgueses (literalmente moradores das cidades), que viviam do comércio e, posteriormente da indústria. 34 Novas ordens monásticas Correspondendo aos novos tempos, surgiam várias ordens monásticas. As mais importantes foram os franciscanos e os dominicanos, que trouxeram um novo impulso ao trabalho missionário, e ainda, introduziram-se nas universidades, tornando-se um dos maiores expositores da época, - a teologia chamada escolástica. Essa teologia teve seus expoentes máximos: Boa Ventura (franciscano) e em Tomás de Aquino (dominicano). Artes O crescimento das cidades também deu ensejo às grandes catedrais. O estilo chamado “românico” que até então havia dominado a arquitetura da Idade Média, cedeu lugar ao “gótico”, que produziu as catedrais mais impressionantes de todos os tempos. (GONZALES, 1998). Auge do papado O papado chegou ao auge do prestígio e do poder, na pessoa de Inocêncio III (pontificado 1198-1216). Convocou o IVConcílio de Latrão, o mais fundamental concílio durante a Idade Média, com importância em vários campos teológicos. Foi contemporâneo de Francisco de Assis e foi quem aprovou a sua ordem, os franciscanos. Desempenhou um papel importante na política da França, Suécia, Bulgária, Espanha, e especialmente na Inglaterra. Defendeu fortemente o primado papal. Deu continuidade a chamada Reforma Gregoriana iniciada no século XI. Convocou a IV Cruzada (que se desviou para Constantinopla), a cruzada albigense ao Oriente, bem como a V cruzada. Mas já perto do fim desse período, em 1303, via-se claramente que o papado estava em decadência. O Fim da Idade Média – Dos primeiros sinais de decadência papal (1303) à queda de Constantinopla (1453). A burguesia crescente aliou-se à monarquia em cada país; assim o feudalismo chegou ao fim, e as nações modernas começaram a formar-se. Mas o próprio nacionalismo tornou-se rapidamente num obstáculo para a unidade da Igreja. Durante 35 boa parte desse período, a França e a Inglaterra esteve em guerra entre si (chamada Guerra dos cem Anos), e quase toda Europa participou dessa guerra. Essa ainda foi a época da peste que dizimou a população do continente e trouxe grandes infortúnios demográficos e econômicos. A decadência do papado foi nítida e rápida. Após a morte de Bonifácio VIII (1303), Felipe IV da França, fez pressão para que os futuros papas fossem franceses. Assim, o papado ficou debaixo da sombra da França, a ponto da sede papal e o papa Clemente V, serem transferidos de Roma para Avinhão, sul da França, deixando os papas sob controle do rei francês Felipe IV, ficando esse período conhecido como o cativeiro de Avinhão (1307 a 1377). Em seguida veio a “grande cisma do ocidente”, pelo qual houve dois papas ao mesmo tempo (e até três) que disputavam o trono de Pedro (1378-1423). É que na cidade de Roma, 16 cardeais conciliados escolheram um novo papa Urbano VI, insistindo pra que a sede do papado fosse em Roma. Para resolver esta questão surgiu o movimento conciliar*, que esperava que um concílio da igreja inteira pudesse resolver quem era o verdadeiro Papa. O movimento conseguiu pôr um fim às disputas, e todos passaram a concordar com um único Papa, Martinho V em 1417. A Igreja e a renascença Os papas logo se deixaram levar pelo espírito da Renascença**, que os levou a embelezar Roma, a construir belos palácios e a guerrear contra outros potentados italianos, em vez de ocupar-se com a vida espiritual do rebanho. *Conciliarismo: Esta doutrina sustenta que um concílio ecumênico representa toda a Igreja, e obtém o seu poder diretamente de Cristo. Assim toda hierarquia, fieis e o próprio papa deve submeter ao Concílio. Foi um movimento reformador católico dos séc. XIV e XV. Condenada no quinto Concílio de Latão (1512- 1517).Por fim prevaleceu o sistema papal. **O nome Renascimento designa a redescoberta da cultura clássica greco-latina, que parecia ter adormecido na Idade Média e que nos séculos XIV/XV vieram de novo tona. 36 Não só o papado, mas a própria teologia feita nas universidades (escolástica) entrou em declínio. Tendo por base distinções bem mais sutis e um vocabulário cada vez mais especializado, essa teologia perdeu contato com a vida diária dos cristãos, dedicando boa parte dos seus esforços a questões que interessavam somente aos próprios teólogos. Movimentos reformadores Como resposta a tudo isso, surgiram vários movimentos reformadores, dirigidos por pessoas como João Wycliff, João Huss e Jerônimo Savonarola, alguns esperavam que a reforma da Igreja viesse por meio do estudo e das letras. Outros, em vez de tentar reformar a igreja, refugiaram-se no misticismo, que lhes permitia cultivar a vida espiritual e aproximar-se de Deus sem ter que lidar com uma igreja corrupta, que parecia impossível de ser reformada. Entretanto o Império Bizantino, cada vez mais fraco, acabou sucumbindo ante o avanço dos turcos. (GONZALES, 1998). Síntese do período Por volta do século XII surge uma nova classe social. Os servos que viviam quase como escravos, e que obedeciam completamente ao senhor feudal, gradativamente, começaram a sair dos feudos, a deixar o campo, e vir para a cidade, em torno dos palácios, dando origem às cidades medievais. A venda e a troca proporcionaram certo poder a essa nova classe chamada de Burguesia, ao longo da baixa Idade Média. Nessa época o clero era inculto, grandes partes dos cargos eram adquiridos através da compra com dinheiro. Tornar-se um bispo ou mesmo um papa não dependia de conhecimento teológico ou de uma vida religiosa exemplar ou piedosa, era questão de ter dinheiro para comprar o cargo. Que situação deplorável, o clero romano não era composto por homens estudados, conhecedores da palavra de Deus, O que diria Jesus acerca dessas coisas? Quando surgem novas ideias, ou dissidências, eles não conseguem responder com conhecimento especializado, e reagem por meios nefastos e cruéis como os praticados pela Inquisição. 37 Santa Inquisição A Chamada Santa Inquisição, foi o meio que a igreja medieval encontrou de silenciar os dissidentes, e também de exercer controle social. As pessoas eram condenadas, executadas, quase sempre em uma fogueira, seus bens confiscados, seus familiares desterrados. Não foi à toa que os humanistas e racionalistas que iniciam a modernidade se revoltaram contra a religião. Pois ela havia se tornado um símbolo de intolerância, brutalidade, desumanidade e irracionalidade. O grande escritor russo, Dostoievski autor de "Os Irmãos Karamazov". No capítulo denominado de “Grande Inquisidor”, ele descreve o Senhor Jesus Cristo entrando na cidade de Sevilha, Espanha, sendo detido pelos representantes da Igreja e levado preso. Os líderes religiosos chegam para Ele, que está preso, e dizem: “Nós não precisamos do Senhor. O Senhor veio para nos atrapalhar. Aprendemos a ser Igreja sem a Sua presença”. A Igreja não reconhece mais o seu fundador. Os místicos medievais Apesar de toda essa situação péssima que se encontrava a Igreja, alguns decidiram permanecer dentro dela. Exemplo disso foi os místicos medievais. Eles não estavam satisfeitos com a situação espiritual da Igreja, queriam algo melhor, e por isso decidiram cultivar a sua própria espiritualidade, sua própria comunhão com Deus. Na maioria das vezes eram pessoas instruídas que pertenciam à classe feudal e vieram a exercer grande influência sobre os reformadores. Um exemplo dessas pessoas interessantes foi João Tauler, que antes de Lutero já descobrira a justificação pela fé na Bíblia. E o próprio Lutero se inspirou na Bíblia e nas obras desse místico para compor a sua doutrina da justificação pela fé. Outros homens também preocupados com a situação péssima que vivia a Igreja preferiram sair da Igreja. São os chamados Pré-Reformadores tais como os Albigenses, os Valdenses, Jonh Wycliffe, Jonh Huss, Jerônimo Savonarola. Geralmente os Pré- 38 Reformadores eram membros da classe feudal bem como da denominada classe burguesa. No início foi um movimento mais popular, mas depois alcançou a classe erudita com o advento de Wycliff, com Huss e Jerônimo. Wycliff era professor universitário em Oxford, na Inglaterra e era sacerdote. Já Huss, era professor da Universidade de Praga, na Boêmia; Savanarola era sacerdote na Itália, em Florença, naquela fase de conflito entre as cidades-estados da Itália e França, porque a França tinha interesse naquela região toda sob o domínio dos Médicos. Jerônimo Savonarola foi o último dos Pré-Reformadores, denominado de “O João Batista da Reforma”. A Inquisição o executou em 1498. 3.A Igreja nos tempos moderna (século XVI-XVIII) A Idade Moderna iniciou-se com a queda de Constantinopla, em 1453, com a tomada da capital bizantina pelos turcos otomanos. É o fim do ImpérioRomano do Oriente. Caracterizado pelo fim do feudalismo, advento do renascimento e as grandes navegações e descobrimentos. No campo religioso surge é a época da Reforma Protestante do século dezesseis, movimento religioso que, no séc. XVI ousou desobedecer ao Papa, espalhando-se por parte da Europa e deu nascimento às Igrejas protestantes. O Descobrimento e a Reforma – Da queda de Constantinopla (1453) ao fim do século XVI (1600). Dois grandes acontecimentos marcaram esse período da história da Igreja: O descobrimento e a conquista da América e a Reforma Protestante. O descobrimento e a Reforma são bem conhecidos, embora raramente pensemos neles como parte da história da Igreja. O fato é que em um período de menos de cem anos, as nações europeias se expandiram pelo restante do mundo, especialmente pela América, aumentando 39 enormemente o número de cristãos no mundo. Isso faz parte da História e deixou vestígios na nossa forma de viver a fé por tanto devemos estuda-lo. A data normalmente assinalada como começo da reforma é de 1517. Quando Lutero afixou suas 95 teses. Foi com Lutero e seus seguidores que o movimento de reforma ganhou uma força que não pode ser suplantada. Mas nem todos que deixaram a Igreja Romana se aliaram a Lutero. Logo surgiram outros movimentos de Reforma, como na suíça, sob a liderança de Ulrico Zuínglio e depois de João Calvino, que deu origem as igrejas hoje chamadas Reformadas e presbiteranas. Outros, de posições radicais foram chamados por seus inimigos de anabatistas, ou seja, por não aceitarem o batismo católico infantil, batizava de novo. Na Inglaterra surgiu uma reforma muito peculiar, que ao mesmo tempo em que seguia a teologia protestante, manteve-se ainda as tradições antigas no que tange a liturgia e governo da Igreja. Essa é a Igreja da Inglaterra, de onde surgiram as igrejas que hoje chamamos de Anglicanas e episcopais. Em parte, como resposta à Reforma Protestante e em parte devido à sua própria dinâmica interna, A igreja Romana também passou por um período de reforma às vezes chamado de “Contra-Reforma”. Até o fim do período, com lutas e guerras, o protestantismo cravou raízes profundas na Alemanha, na Inglaterra e na Escócia, na Escandinávia e na Holanda. Na França, depois de longas guerras das quais a religião foi um fator importante, chegou-se a uma situação que, embora o rei fosse católico, os protestantes eram tolerados. Na Espanha, Itália, na Polônia e noutros países, ramificações protestantes tinham sido extirpadas à força. (GONZALES, 1998). Os séculos XVII e XVIII Durante esse período as fortes convicções religiosas de diversos grupos especialmente de católicos e protestantes, levaram a guerras sangrentas que dizimavam a população. Na Alemanha e parte da Europa, aconteceu a Guerra dos Trinta anos (1618- 40 1648), possivelmente a mais sangrenta que a Europa já tinha visto. Na França a política de tolerância havia sido abandonada. Na Inglaterra ocorreu a revolução puritana, que levou a guerra civil, à execução do rei Carlos I e outra série de guerras, para finalmente chegar- se a uma situação muito parecida com a que existia antes da revolução. Por detrás de todas essas guerras achava-se o espírito inflexível das várias ortodoxias – católica, luterana e reformada. Para cada uma dessas ortodoxias, cada detalhe da doutrina era de suma importância, portanto, não se devia permitir o menor desvio da ortodoxia mais rigorosa. Originaram-se não apenas as guerras mencionadas acima, mas também uma série interminável de contendas entre católicos, entre luteranos e entre reformados que não conseguiam chegar a um acordo nem mesmo entre seus próprios correligionários. Umas das diversas reações a essa ortodoxia rigorosa e ao dano obvio que ela estava causando foi o auge do racionalismo. Outra consequência foi o surgimento de uma série de posturas que enfatizavam a experiência e a obediência mais do que a ortodoxia. Entre elas estava o pietismo e o movimento morávio entre os luteranos, e o metodismo entre os anglicanos. Outros descontentes tanto com a ortodoxia quanto com o pietismo, seguiram a opção espiritualista e se dedicaram a busca de Deus, não mais na Igreja ou na comunidade dos fiéis, mas na vida interior e particular. Outros resolveram abandonar a Europa e partir para lugares onde esperavam estabelecer uma nova sociedade regida pelos principais que consideravam essenciais para o evangelho, e que às vezes incluíam a intolerância a qualquer posição diferente da sua. Essa foi a origem das colônias britânicas na Nova Inglaterra. (GONZALES, 1998). O Século XIX Esse foi o grande século da era moderna. Começou com uma série de convulsões políticas que abriram o caminho para as ideias de democracia e da livre empresa. A independência da América do Norte, a revolução francesa e logo em seguida a 41 independência das nações latino-americanas. Parte do ideal dessas novas nações era a liberdade de consciência, de modo que ninguém era obrigado a afirmar nada que contrariasse suas convicções. Mas isso juntamente com o racionalismo que ia fazendo adeptos desde o período anterior levou muitos apensar que somente uma perigosamente racional era compatível com o mundo moderno. Essa postura foi manifestada especialmente entre teólogos protestantes principalmente na Alemanha, mas também em outros lugares. Essa foi a origem do liberalismo, perspectiva muito difundida no século XIX. Se o protestantismo - ou pelo menos seus teólogos acadêmicos erraram ao se mostrar demasiadamente abertos diante das inovações do mundo moderno, o catolicismo seguiu caminho oposto. Praticamente tudo que era moderno - a democracia, a liberdade de consciência, as escolas públicas – lhe parecia heresia, e como tal foi condenado pelo papa Pio IX. Além disso, como parte dessa política racionalista, foi durante esse período que o Papa foi declarado infalível (Concílio vaticano I, 1870). Por outro lado, enquanto na Europa muitas pessoas pensavam que o cristianismo era coisa do passado, foi durante esse período que a fé cristã atingiu tamanha expansão geográfica que, pela primeira vez, tornou-se verdadeiramente universal. Sem dúvida alguma, um dos elementos mais importantes da história da Igreja no século XIX foi sua expansão missionária – especialmente a protestante – na Ásia, na Oceania, na África, no mundo mulçumano e na América Latina. 1.4 Igreja no período contemporâneo Os princípios racionalistas dos séculos anteriores, especialmente em sua aplicação a ciência e a tecnologia, precipitaram resultados inesperados. No apogeu da modernidade, pensava-se que a raça humana estava chegando a uma época gloriosa de abundância e de felicidade. Todos os problemas da humanidade seriam solucionados mediante o uso 42 da razão e da sua irmã menor, a tecnologia. As nações industrializadas do Atlântico Norte (Europa e Estados Unidos) conduziriam o mundo a esse futuro melhor. O século XX, no entanto, pôs termo a esses sonhos, mediante uma série de acontecimentos que demostraram que a suposta promessa de modernidade não passava mesmo de sonho. No mundo inteiro houve uma rápida descolonização. Isso também fez parte do fim da modernidade, pois o que aconteceu é que se perdeu a confiança naquelas promessas da modernidade que haviam sido a justificativa do empreendimento colonizador. Na Ásia, na África e na América latina, houve uma forte reação, tanto política quanto intelectual, contra o colonialismo e contra o neocolonialismo. Para analisar o impacto desses acontecimentos na vida da igreja, o modo mais simples é seguir o curso das três principais ramificações do cristianismo: a oriental, a católica romana e a protestante. No começo do século XX, toda a Igreja Oriental foi abalada pela revolução russa e pelo seu impacto no leste europeu. O marxismo aplicado naUnião Soviética era uma versão da promessa moderna. Mas no final do século XX ficou claro que o empreendimento tinha fracassado, e a igreja russa, que durante várias décadas teve de existir sob fortes pressões governamentais, passou a dar novos sinais de vida. O Catolicismo Romano continuou a sua luta contra certos aspectos da modernidade durante toda a primeira metade do século. Foi a partir de 1958, quando João XXIII subiu ao trono papal, que essa igreja começou a abrir-se diante do mundo moderno. Mas já naqueles tempos, o mundo para qual a igreja se abriu avançou rapidamente para a pós- modernidade, e a teologia que se viu após o Concílio Vaticano II tornou-se cada vez mais crítica da modernidade, mas não baseada na mesma atitude reacionária de gerações anteriores, porém olhando para um futuro além da modernidade. O otimismo dos teólogos protestantes liberais na Europa viu-se abalado pelas duas guerras mundiais. O mesmo ocorreu nos estados unidos em graus e velocidades menores. De certo modo a revolução de Karl Barth contra o liberalismo foi o primeiro 43 aviso da necessidade de uma teologia pós-moderna. Nos Estados Unidos, as lutas pelos direitos civis e os conflitos e crises sociais do fim do século desempenharam papel semelhante. Por outro lado, em todas as tradições cristãs houve uma reação paralela à do anticolonialismo*. As igrejas jovens, resultado do empreendimento missionário, começaram a reivindicar sua autonomia e seus direitos e obrigação de interpretar o evangelho dentro do próprio contexto e a partir de sua própria expectativa. Na América latina, uma das manifestações mais notáveis dessa tendência foi a forte ascensão do movimento pentecostal. Em todas as partes do mundo, as minorias étnicas e culturais dentro da igreja, inclusive as mulheres, fizeram ouvir sua voz. O quadro resultou num novo tipo de ecumenismo. O movimento ecumênico tinha surgido principalmente do impulso missionário e de suas necessidades. Agora, com o crescimento das igrejas jovens, seguia novos rumos. E o mesmo pode ser dito a respeito do próprio movimento missionário no qual as igrejas jovens ocupavam um lugar cada vez mais importante. (GONZALES, 1998). *Anticolonialista é o termo utilizado para designar aquelas pessoas ou instituições que defendiam o direito de autodeterminação das populações, sobretudo das populações das antigas colónias europeias. Com o fim dos impérios coloniais na segunda metade do século XX, o termo caiu um pouco em desuso, contudo ainda é algumas vezes utilizado no contexto da colonização económica. Na Alemanha, com o pietismo, Vieram os avivamentos onde a Palavra de Deus foi pregada, divulgada, onde muita gente se converteu. Nesse período surge o grande século de Missões. Alguns consideram a Igreja atual estagnada, até chegam a falar de um cristianismo sem Cristo. Assim sendo, é necessário que a Igreja atual retorne à condição espiritual da Igreja Primitiva. A Igreja precisa se renovar, conceber coisas novas sem, contudo esquecer as suas origens. 44 45 2 CATOLICISMO ROMANO E GREGO CONHECIMENTO Conhecer os aspectos relevantes da história da Igreja Católica Romana e a Igreja Grega. Habilidade Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema, produzir exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminários em ambiente acadêmicos acerca do tema. Atitude Buscar desenvolver e exercitar capacidade reflexiva critica acerca do objeto estudado e incorporá-la nas suas práxis. 46 HISTÓRIA DO CATOLICISMO ROMANO A igreja Católica Apostólica Romana só foi assim denominada no Concílio de Trento, entre 1545 e 1563. Uma forma de se afirmar como a verdadeira Igreja frente o surgimento da Igreja protestante, a igreja se define como única, santa, católica e apostólica e seu líder maior, o santo padre o Papa, se considera o sucessor legítimo do apóstolo Pedro. Definição do Termo Filósofos como Aristóteles e Zenão utilizaram o termo “catolicismo” antes mesmo da era cristã com um sentido de universalidade. Esse termo é aplicado a Igreja somente em 105 d.C nos escritos de um pai da Igreja chamado Inácio de Antioquia (68-107 d.C). O termo pode ser aplicado de uma forma geral referindo-se à totalidade da Igreja, em contraposição as igrejas locais. Em autores do século II como Justino, Tertuliano, Irineu, o termo pode ter dois significados, um de universalidade geográfica e outro no sentido de ser a verdadeira igreja que seguia a verdadeira tradição deixada por Jesus e os apóstolos, ou seja, que segue a fé verdadeira (ortodoxa). Naquela época começara a surgir vários grupos sectários considerados heréticos pela Igreja. História da Igreja Cristã A Igreja cristã não surge com características do Catolicismo Romano. Antes de assumir esta forma o que existia era um cristianismo “primitivo”, com duas vertentes: uma mais próxima do judaísmo e outra formada por igrejas formada por gentios, grande parte fruto do trabalho do apóstolo Paulo. Tentamos rastrear o processo de transformação e modificação que passou a Igreja durante esses longos períodos de história. 47 Cristianismo na Palestina. O berço do cristianismo é o judaísmo, uma religião milenar que se pautava pelo livro sagrado a Torá, hoje chamado pelos cristãos de Antigo Testamento. A palestina fazia parte do Império Romano. Jesus de Nazaré era um judeu, que no início do século I, surge pregando “as boas novas do reino de Deus”, que incluía um pacote de temas nos quais se destacava os princípios éticos do reino baseado no amor e na fraternidade, acolhia os pobres e marginalizados, chamando-os a conversão, o que o distinguia das práticas e dos ensinos dos judeus da época. Aparentemente Jesus não demostrou que intencionava criar uma nova religião. Jesus se submete as leis judaicas, porem não segue as “tradição dos anciãos” (Marcos 7) o que o coloca em conflito direto com as lideranças da época. O fato é que o judaísmo estava muito fechado para se abrir as novidades que o jovem mestre Galileu estava tentando introduzir. Os doutores da lei não quiseram ser ensinados por Jesus. Ele conhecia as letras sem ter frequentado suas escolas. (João 7.13). Ou seja, Jesus de Nazaré não possuía a qualificação necessária para se tornar um mestre. Mas independente de tais critérios o povo aclamava Jesus como Rabi. O próprio Nicodemos reconheceu isso quando foi ter uma entrevista com Jesus a noite. (João 3). Jesus ensinava por parábolas, com lições e aplicações do cotidiano, numa linguagem que o povo podia compreender e guardar na memória. Embora em particular oferecesse explicações mais detalhadas aos apóstolos. Com a morte de Jesus, sobreveio um momentâneo desapontamento, superado logo em seguida pela ressurreição do Senhor. Os evangelhos narram que Jesus apareceu vivo, em forma corpórea aos seus discípulos e a uma multidão dos seus seguidores. Fortalecidos pela experiência da ressurreição e do pentecostes, quando foram cheios do poder do Espírito Santo, os apóstolos deram continuidade ao trabalho de Jesus. Foi em Antioquia da Síria que pela primeira vez os seguidores de Jesus foram chamados de Cristãos. (Atos 11:26). 48 Os cristãos se reuniam nas casas formando pequenas comunidades, onde procuraram manter viva por meio das orações, pregação e liturgia simples da comunhão, a memória e os ensinos de Jesus. A identidade cristã foi se formando e se distanciando do judaísmo. Isso foi algo gradativo. O primeiro núcleo de cristãos era formado exclusivamente por Judeus. A ordem inicial era para evangelizar primeiramente Jerusalém, a Judeia, e depois os confins do mundo. Quando os judeus recusavam reconhecer Jesus como o Messias, e com a destruição de Jerusalém no ano 70, ocorrendo a diáspora dos judeus, a separação entre os dois grupos ficou nítida. Osjudeus acusaram os cristãos de traição, visto não terem permanecido na cidade de Jerusalém para defendê-la contra o cerco romano. Mas Jesus havia expressamente recomendado que nessa ocasião deveriam abandonar a cidade. (Mateus 24) Imediatamente o evangelho atingiu os nãos judeus, e os gentios foram introduzidos na Igreja. Naturalmente surge uma questão crucial: os cristãos gentios deveriam praticar as tradições judaicas? Para resolver essa questão foi convocado o primeiro Concílio da Igreja (51 d.C), conhecido como o Concílio de Jerusalém. Ali duas posições pastorais foram defendidas, mas só uma saiu vitoriosa. Três grandes líderes aparecem: Tiago, Pedro e Paulo. Alguns cristãos saíram de Jerusalém percorreram algumas cidades gentílicas e, perturbaram os cristãos convertidos dentre os gentios ensinando que era necessário circuncidar e observar a lei de Moises. (Atos 15). Davam ênfase exagerada nas bases judaicas do cristianismo. Já os outros, seguidores de Paulo, desejavam mais liberdade para os novos convertidos, o que representava uma abertura para o mundo grego romano. Tiago e Pedro participaram ativamente e defenderam uma abertura prudente. Essa foi a posição que prevaleceu no fim do concílio: os gentios não estariam obrigados a seguir a lei de Moises, mas deveriam respeitar certas regras básicas de convivência para não escandalizar seus irmãos judeus e cumprirem normas básicas de conduta cristã. Como se observa na carta ela trata da forma como os cristãos gentios deveriam viver, sem a 49 necessidade da observância da lei mosaica. Mas ela não diz que os cristãos convertidos dentre o judaísmo também estariam livres dessas prescrições judaicas. Ao contrario, sabe- se que muitos convertidos do judaísmo eram zelosos da lei ( Atos 21.20). Mas, por enquanto, a questão central estava resolvida, e foi suficiente para aquele momento onde o cristianismo estava em fase de desenvolvimento. Uma igreja não uniforme nos elementos não essenciais, porem unida naquilo que era essencial. Assim a Igreja cristã em Jerusalém poderia adotar certas normas ou regras que não eram obrigatórias para os cristãos gentios. Não houve divisão ou excomunhão de partes. Mas esse cristianismo com roupagem judaica não foi muito longe, porque com a destruição de Jerusalém no ano 70 d.C, a Igreja de Jerusalém se dispersou e o cristianismo “na sua face judaica” foi absolvido pelo cristianismo gentílico. É possível que após o ano 70, alguns pequenos grupos cristãos judaizantes tenham se recusado a se unir ao cristianismo gentílico, e se mantiveram separado do mesmo. Talvez fosse o caso dos Ebionitas.* Grupo considerado herético e mencionado na História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia. Depois disso a fé cristã espalhou-se pelas províncias da Anatólia e na própria capital do Império Romano. Vindo assim a prosperar o cristianismo na sua feição gentílico. Cristianismo no mundo helênico. A pregação do evangelho de Jesus de Nazaré alcançou o mundo gentílico e se espalhou por todo mundo graças ao evangelismo fervoroso e apaixonado do apóstolo Paulo e seus colaboradores. O movimento que iniciou entre a classe mais pobre da população, os camponeses, atingia agora áreas urbanas e pessoas da classe média e alta. Em determinada parte do oriente, se falava o grego e os convertidos daquelas regiões usavam o grego como língua materna. *Ebionismo (do hebraico "pobres") é o nome de uma das ramificações do cristianismo primitivo, que pregava que Jesus de Nazaré não teria vindo abolir a Torá, e que considerava Paulo de Tarso um apóstata. Desta forma, pregavam que tanto judeus como gentios convertidos deveriam seguir os mandamentos da Torá, o que levou a um choque com outras ramificações do cristianismo e do judaísmo. Podem estar ligados ao grupo de judaizantes mencionados por Paulo em Gal. Gálatas 2:11-21. 50 Oportunamente o evangelho foi escrito em grego. A própria Escritura Hebraica foi traduzida para o grego por um grupo de judeus que moravam em Alexandria (Egito), produzindo a Septuaginta (LXX). Os cristãos tiveram acesso a esta versão e a utilizavam. Os Apologistas e Pais da Igreja Mas foi com os Apologistas e Pais da Igreja que surgiram as primeiras reflexões com teor teológico e filosófico. E isso em virtude dos ataques que filósofos gregos faziam ao cristianismo e das perseguições sofridas injustamente. Os apologistas defendiam a fé, explicando melhor aos governantes em que consistia o cristianismo, mostrando que as acusações contra os cristãos eram infundadas e cheias de preconceitos e mentiras. Com isso visava responder as difamações, e fazerem-se compreendidos na sua vendeira identidade diante dos governantes. Os cristãos nessa época eram mal interpretados, a santa ceia era interpretada como ato de canibalismo, a festa ágape cristã como festa que promovia orgias, entre outras coisas. Os pais da Igreja, produziram uma literatura que oi preservada e que nela procuram explicar a fé cristã usando, muitas vezes a filosofia como instrumento para explicar a fé. Tentando mostrar aos críticos que o cristianismo não era incompatível com a verdadeira filosofia. Se a filosofia fosse filtrada dos seus elementos errôneos poderia ser utilizada pelos cristãos a fim de explicar melhor a sua fé. Agostinho defendia o uso correto da filosofia por parte dos cristãos. Já Tertuliano (160-220 d.c) acreditava que a fé cristã era incompatível com a filosofia. Este via a filosofia como fonte de muitas heresias. Por fim prevaleceu a interpretação de Agostinho que não via problema na apropriação por parte da Igreja do patrimônio intelectual filosófico grego, desde que com as devidas filtragens. O próprio Agostinho se apropriou de Platão ou do neoplatonismo e adaptou ao cristianismo. Os “pais da Igreja” estão agrupados em quatro divisões: - pais apostólicos (fim do I século e metade do segundo século): Entre eles estavam Clemente de Roma, Inácio de Antioquia, Pápias de Hierápolis e Policarpo de Esmirna. Durante o mesmo período, havia os escritores desconhecidos das obras O Didaquê, A Epístola de Barnabé, O Martírio de Policarpo, e a segunda carta de Clemente. 51 - pais ante-nicenos (segundo e terceiro séculos), - pais nicenos (quarto século) e - pais pós-nicenos (quinto século). Nicenos refere-se ao Concílio de Nicéia em 325, o qual debateu a questão do arianismo e afirmou a doutrina da deidade de Cristo. No Cristianismo, tanto no Ocidente quanto no Oriente, quatro padres são chamados de "Grandes Pais da Igreja", como segue: (a) Igreja do Ocidente: Ambrósio de Milão (d.C 340-397), Jerônimo de Estridão (347-420), Santo Agostinho de Hipona (354-430) e São Gregório Magno (540-604); (b) Igreja Oriental: Basílio de Cesareia (329-379), Santo Atanásio de Alexandria (296-373), Gregório de Nazianzo (329-389) e João Crisóstomo (347-407). Os escritos dos chamados pais da Igreja são importantes, pois representa uma tradição mais próxima dos apóstolos; seus escritos confrontam grupos heréticos que surgiram na época. Embora nem todos estivessem livres de exageros e erros. Eles ajudaram a sistematizar a doutrina. Podemos citar entre outros: Atanásio, Basílio, Gregório de Nissa, Gregório Nazianzeno, João Crisóstomo e Cirilo de Alexandria, todos pertencentes ao catolicismo. Para a Igreja Católica eles são uma fonte autorizada de doutrina juntamente com a Bíblia, é o que chamam de tradição. A tradição é tão importante quanto a Escritura na teologia católica. Mas, para a visão protestante, esses homens foram apenas líderes em suas igrejas, não são inspirados como foram os profetas e apóstolos, portanto são passíveis de erros e até mesmo de heresias em seus escritos. Podemos destacar dois grandes centros teológicos nessa época: Alexandria, no Egito, e Antioquia, na Síria. Essas duas tradições tinham metodologia diferentes para o estudo e
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