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Autor: Prof. Antônio Palmeira de Araújo Neto Colaboradores: Prof. Ricardo Sewaybriker Profa. Christiane Mazur Doi Sistemas de Informação Professor conteudista: Antônio Palmeira de Araújo Neto Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista – UNIP (2013). Tem especialização Lato Sensu em Gestão da Tecnologia da Informação pelo Centro Universitário Uninassau, em Pernambuco (2010) e especialização Lato Sensu em Formação Pedagógica para Graduados não Licenciados, pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (2017). É bacharel em Engenharia Elétrica, com habilitação em Telecomunicações, pela Universidade de Pernambuco – UPE (2008). É professor e coordenador geral do Curso Superior em Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação na Universidade Paulista (UNIP), nas modalidades presencial e EaD. Também coordena, na mesma universidade, os cursos de Pós-Graduação em TI para Estratégia dos Negócios e Gestão e Governança de TI. É professor e coordenador do Curso Técnico em Telecomunicações da Fundação Instituto de Educação de Barueri – FIEB. Tem experiência na área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações em empresas dos mais diversos ramos e áreas, além de ter trabalhado para concessionárias de serviços de telecomunicações. Possui experiência de mais de mais de 10 anos na docência em cursos de pós-graduação, superior e ensino básico. Trabalha como conteudista em cursos de graduação e pós-graduação, desde 2012, em diversas instituições de ensino superior espalhadas pelo país. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A663g Araújo Neto, Antônio Palmeira de. Sistemas de Informação / Antônio Palmeira de Araújo Neto. – São Paulo: Editora Sol, 2022. 188 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. TI. 2. Infraestrutura. 3. Sistemas. I. Título. CDU 681.3.02 U515.73 – 22 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Profa. Sandra Miessa Reitora em Exercício Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades do Interior Unip Interativa Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Angélica L. Carlini Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. Deise Alcantara Carreiro Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Louise de Lemos Talita Lo Ré Sumário Sistemas de Informação APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ................................................................................................................ 11 1.1 Conceito básicos de TI ........................................................................................................................ 11 1.1.1 Histórico da TI nas organizações .......................................................................................................11 1.1.2 Papel da TI .................................................................................................................................................. 12 1.1.3 A informação e a tecnologia nas organizações ......................................................................... 15 1.1.4 Organização da área de TI ................................................................................................................... 16 1.2 Recursos de TI ........................................................................................................................................ 17 1.2.1 Hardware .................................................................................................................................................... 17 1.2.2 Software ..................................................................................................................................................... 19 1.2.3 Banco de dados ....................................................................................................................................... 22 1.2.4 Redes de computadores e as telecomunicações........................................................................ 26 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ....................................................................................................................... 27 2.1 Sistemas de apoio aos negócios ..................................................................................................... 27 2.1.1 Conceitos de sistemas ........................................................................................................................... 27 2.1.2 Conceitos e classificações dos sistemas de informação ......................................................... 29 2.1.3 Sistemas de processamento de transações .................................................................................. 33 2.1.4 Planejamento de recursos empresariais ........................................................................................ 34 2.2 Sistemas utilizados no processo decisório ................................................................................. 37 2.2.1 Tomada de decisão ................................................................................................................................. 37 2.2.2 Sistema de informação gerencial ..................................................................................................... 41 2.2.3 Sistema de apoio à decisão ................................................................................................................ 44 2.2.4 Inteligência artificial .............................................................................................................................. 46 Unidade II 3 INFRAESTRUTURA DE TI E DATA CENTER ............................................................................................... 53 3.1 Infraestrutura de TI .............................................................................................................................. 53 3.1.1 Conceito e histórico da infraestrutura de TI ................................................................................ 53 3.1.2 Histórico da infraestrutura de TI ...................................................................................................... 54 3.1.3 Servidores ................................................................................................................................................... 55 3.1.4 Infraestrutura de armazenamento de dados............................................................................... 56 3.2 Data center ............................................................................................................................................. 59 3.2.1 Introdução ................................................................................................................................................. 59 3.2.2 Instalações físicas de um data center ............................................................................................62 3.2.3 Classificações de um data center ..................................................................................................... 65 3.2.4 Gestão e segurança de um data center ......................................................................................... 68 4 TECNOLOGIAS EM NUVEM .......................................................................................................................... 71 4.1 Conceitos básicos de tecnologias em nuvem ........................................................................... 71 4.1.1 Transição da infraestrutura tecnológica de produto para serviço ...................................... 71 4.1.2 Virtualização e clusterização ............................................................................................................. 75 4.1.3 Arquitetura orientada a serviço ........................................................................................................ 77 4.2 Computação em nuvem .................................................................................................................... 79 4.2.1 Infraestrutura como Serviço (IaaS) .................................................................................................. 79 4.2.2 Plataforma como serviço (PaaS) ....................................................................................................... 81 4.2.3 Software como serviço (SaaS) ........................................................................................................... 83 Unidade III 5 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO ........................................ 94 5.1 Gerenciamento de serviços de TI ................................................................................................... 94 5.1.1 Evolução da administração da TI ...................................................................................................... 94 5.1.2 Conceitos de gerenciamento de serviços de TI ........................................................................... 96 5.1.3 Modelos de gestão de serviços de TI ............................................................................................... 96 5.2 Modelo ITIL® ........................................................................................................................................... 99 5.2.1 Conceito e histórico do ITIL® ............................................................................................................. 99 5.2.2 ITIL® 4 ........................................................................................................................................................100 5.2.3 Sistema de valor de serviços do ITIL® ...........................................................................................103 5.2.4 Práticas do ITIL® ....................................................................................................................................108 5.2.5 Práticas gerais de gerenciamento do ITIL® .................................................................................108 5.2.6 Práticas de gerenciamento de serviços e práticas de gerenciamento técnico do ITIL®.................................................................................................................................................114 6 GOVERNANÇA DE TI .....................................................................................................................................118 6.1 Conceitos básicos de governança de TI .....................................................................................119 6.1.1 Governança corporativa .................................................................................................................... 119 6.1.2 Governança corporativa no mundo ............................................................................................. 122 6.1.3 Governança corporativa no Brasil ................................................................................................ 128 6.1.4 Governança de TI ................................................................................................................................. 129 6.2 Modelo COBIT® ....................................................................................................................................132 6.2.1 Histórico e introdução do COBIT® ................................................................................................ 132 6.2.2 COBIT® 2019 .......................................................................................................................................... 133 6.2.3 Fatores de desenho da COBIT® 2019 ........................................................................................... 136 6.2.4 Cascata de objetivos do COBIT® 2019 ..........................................................................................141 6.2.5 Gestão de desempenho do COBIT® 2019 ................................................................................... 144 6.2.6 Objetivos de governança e gestão ................................................................................................ 145 Unidade IV 7 GESTÃO DE PROJETOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ................................................................154 7.1 Conceitos básicos de gestão de projetos ..................................................................................154 7.1.1 Conceito de projeto e operação ..................................................................................................... 154 7.1.2 Ciclo de vida de um projeto ............................................................................................................ 156 7.1.3 Stakeholders ........................................................................................................................................... 158 7.1.4 Conceito de programa e portfólio ................................................................................................ 159 7.2 Estruturas de gerenciamento de projetos ................................................................................161 7.2.1 Conceitos ..................................................................................................................................................161 7.2.2 Estrutura organizacional funcional .............................................................................................. 162 7.2.3 Estrutura organizacional projetizada .......................................................................................... 163 7.2.4 Estrutura organizacional matricial ............................................................................................... 164 7.2.5 Escritório de projetos ......................................................................................................................... 166 8 MODELO PMBOK® ..........................................................................................................................................166 8.1 Introdução ao PMBOK® ...................................................................................................................167 8.1.1 Evolução do PMBOK® ........................................................................................................................ 167 8.1.2 Padrão de Gerenciamento de projetos........................................................................................ 168 8.2 Estrutura do PMBOK® ......................................................................................................................171 8.2.1 Introdução ...............................................................................................................................................171 8.2.2 Domínios de desempenho ................................................................................................................ 172 8.2.3 Tailoring ...................................................................................................................................................174 8.2.4 Modelos, métodos e artefatos ........................................................................................................ 174 9 APRESENTAÇÃO Prezado aluno, Vamos iniciar um interessante e profundo mergulho no mundo dos sistemas de informação. Sairemos de uma visão mais superficial sobre o uso dos sistemas para compreender tudo aquilo que está por trás das infraestruturas que os sustentam, bem como formas de gerenciá-los e governá-los. Começaremos pela compreensão geral do conceito de sistemas de informação, que na verdade, é praticamente sinônimo de tecnologias da informação. Isso porque a forma mais direta e clara de “enxergarmos” a tecnologia da informação (TI) é por meio do sistema de informação (SI) que utilizamos. Nosso objetivo principal é identificar as características e as funcionalidades de sistemas e tecnologias da informação, além de conhecer práticas de gestão que sustentam seu uso nas empresas. O conjunto de competências e habilidades formadas a partir do estudo desta disciplina é fundamental para os mais diversos profissionais da área de tecnologia da informação, além de diversos outros que atuam e dependem dos sistemas computacionais em seu dia a dia. Desejamos a você uma extraordinária jornada nesses novos caminhos da TI. Boa leitura e bons estudos! INTRODUÇÃO Ao olharmos ao nosso redor, podemos afirmar que são raras as atividades nas quais não necessitamos dos sistemas de informação. Seja utilizando o nosso computador (notebook e desktop), ao acessar um navegador de internet, nossos smartphones, ou qualquer outro dispositivo tecnológico, os sistemas e aplicativos praticamente fazem parte das nossas vidas. Podemos dizer que esses sistemas de informação e suas aplicações mudaram a maneira como executamos as atividades do nosso cotidiano, de forma que não mais imaginamos a existência de diversas tarefas em nossa vida pessoal ou profissional sem esse aparato tecnológico. Realmente, as tecnologias e os sistemas de informação agregaram muito valor à sociedade, elevando-a a um patamar de desenvolvimento nunca visto. Assim, nesse contexto de sistemas de informação, este livro-texto será fundamental na nossa caminhada. Ele é composto por quatro unidades, que trazem com riqueza de detalhes o funcionamento dos sistemas, as infraestruturas que o sustentam e a forma de gerenciá-los, bem como de governá-los. Para melhor contextualizar a temática dos sistemas de informação, abordaremos na unidade I uma visão geral da TI, apresentando os seus componentes e recursos básicos. Ainda nessa parte, mencionaremos os sistemas de informação propriamente ditos e a sua classificação. 10 A unidade II terá como objetivo a compreensão da infraestrutura que sustenta a operação e o funcionamento dos sistemas de informação. Apresentaremos questões importantes envolvendo os data centers, os servidores e a computação em nuvem nas suas mais diversas formas. A unidade III terá como foco a governança e a gestão dos sistemas e tecnologias da informação. Para bem compreendermos essa parte do nosso material textual, a nossa atenção se voltará para os frameworks Information Technology Infrastructure Library (ITIL®) e Control Objectives for Information and Related Technology (COBIT®). Enfim, na unidade IV, vamos mencionar a gestão de projetos de sistemas de informação. A fim de facilitar a nossa caminhada neste conteúdo vamos abordar o modelo Project Management Body of Knowledge (PMBOK®), mundialmente utilizado na condução do gerenciamento de projetos de qualquer natureza. A nossa expectativa é que você se envolva com essa jornada em Sistemas de Informação, por meio dessa leitura. 11 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Unidade I 1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO A utilização de um sistema de informação (SI) é a forma mais concreta de mantermos contato com a tecnologia da informação (TI). Isso acontece tanto no ambiente organizacional quanto na nossa vida pessoal, por isso, em muitas situações, encontramos pessoas que afirmam que SI e TI são termos que carregam o mesmo sentido. No entanto, convém entender que um SI é um componente da TI e é sustentado por toda a sua infraestrutura; daí a importância de compreender bem o papel, os conceitos básicos e os recursos que formam a TI. Esse é, portanto, o propósito deste tópico. As primeiras seções serão dedicadas a uma apresentação de definições e termos gerais utilizados na área de TI. Caminhando para o final deste tópico, mencionaremos os recursos de TI: hardware, software, banco de dados e redes de computadores e telecomunicações. 1.1 Conceito básicos de TI 1.1.1 Histórico da TI nas organizações Foi por volta da década de 1960 que a TI começou a se estabelecer nas empresas e, aos poucos, na vida das pessoas. Inicialmente, ela era conhecida como centro de processamento de dados (CPD) ou, simplesmente, informática. O seu principal papel era auxiliar as organizações em tarefas que envolviam o trabalho com uma considerável massa de dados. Nesse período, era comum a existência da computação centralizada em mainframes (computadores de grande porte responsáveis por processar dados de toda uma empresa) que interligavam estações de entrada e saída de dados (chamados de terminais burros). É importante destacar que, nesse momento mais incipiente, a TI sofria com uma carência muito grande de mão de obra especializada, além da ausência de produtos tecnológicos robustos. Eram pouquíssimas as soluções de sistemas de informação, que, em sua grande maioria, eram desenvolvidas de forma customizada. Na década de 1970, com o desenvolvimento acelerado da engenharia eletrônica, mais especificamente por meio de circuitos integrados, o número de computadores começou a se multiplicar e a, até então, área de informática começou a ganhar corpo dentro das organizações. As soluções baseadas em sistemas de informações foram, nesse período, se multiplicando e favorecendo melhorias nos processos das mais diversas áreas do ambiente organizacional. Nesse momento, constata-se o crescimento do número de profissionais especializados em tecnologias e sistemas de informações. 12 Unidade I Observação É na década de 1970 que surgem os primeiros computadores pessoais, como o Apple I, o Altair 8800 e o Micral. Chegando na década de 1980, os grandes destaques são o crescimento das redes de computadores e o desenvolvimento inicial da internet. Também nesse período, a produção de softwares dá grandes saltos em termos de melhorias, bem como a utilização de modelos mais aplicados para a gestão da área de TI. Outra constatação bem interessante da década de 1980 é o início dos trabalhos de desenvolvimento de softwares voltados para a integração de sistemas. Isso se deu devido ao aumento do número de sistemas de informação utilizados nas organizações, que favorecia a existência de silos (“ilhas” onde sistemas eram utilizados de forma isolada). Essa integração tem início a partir da implementação dos primeiros sistemas de planejamento de recursos empresariais (enterprise resource planning – ERP), os quais utilizam módulos que proporcionam uma melhoria nos processos organizacionais. Na década 1990, a área de TI começou a se estabelecer na perspectiva estratégica e as empresas começam a percebê-la como uma grande parceira na busca de vantagens competitivas. Nesse contexto, ganha grande importância a necessidade de fazer com que a TI e o negócio caminhem na mesma direção, ou seja, estejam alinhados estrategicamente, a fim de atender as demandas da organização. Na década de 1990, ainda observamos a obsolescência de algumas soluções até então consagradas, como a computação centralizada em mainframes (com terminais burros), que vai sendo gradativamente substituída por soluções baseadas em redes cliente-servidor. Também encontramos grande destaque na concepção do software, que passa a ser visto como um serviço, e na melhoria da gestão e da governança de TI a partir da chegada de modelos como o Information TechnologyInfrastructure Library (ITIL®) e o Control Objectives for Information and Related Technologies (COBIT®). Nos dias atuais, encontramos a TI (e por que não dizer as nossas vidas) totalmente reinventada pela internet. Assim, as ferramentas tecnológicas passam a ser fatores críticos de sucesso para o negócio, moldando praticamente todos os seus processos. 1.1.2 Papel da TI Antes de compreendermos o papel da TI, precisamos saber o que na verdade ela significa. A TI consiste no conjunto de recursos de hardware, software, banco de dados e rede de computadores que permite o processamento e o armazenamento de dados e informações com vistas à melhoria, em diversos aspectos, da vida humana. A TI hoje cumpre um papel estratégico em qualquer organização, desde as microempresas até as grandiosas corporações. Laurindo (2008), destacando a importância desse papel e de suas aplicações serem o mais eficiente e eficaz possível, menciona que: 13 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Pode-se entender eficiência no uso da TI como implantar o sistema ao menor custo, desenvolver o sistema de acordo com o levantamento efetuado, usando os recursos da melhor forma possível, no menor tempo e com o melhor desempenho da aplicação no computador. Assim, uma empresa estaria conseguindo aumento de eficiência ao adotar uma nova metodologia de desenvolvimento de sistemas, conseguindo que houvesse menos erros de programação, e, portanto, melhor qualidade e precisão de resultados. Eficácia no uso da TI consiste em implantar ou desenvolver os sistemas que melhor se adaptem às necessidades dos usuários, da área de negócio e da empresa, e que sejam consistentes com a estratégia global da corporação e que melhor contribuam para aperfeiçoar as atividades e as funções desempenhadas pelos usuários e, ainda, que tragam ganhos em competitividade e produtividade para a empresa (LAURINDO, 2008, p. 74). Muitos são os benefícios que uma TI eficiente e eficaz entrega para os negócios. Entre eles, podemos citar a melhoria nos processos organizacionais, por meio da redução do tempo de processamento das informações. Citemos como exemplo um processo de concessão de crédito de um banco para um cliente: antes, o tempo de análise era superior a uma semana, hoje em dia, em questão de minutos os processos de análise são executados, possibilitando que as respostas sejam dadas rapidamente aos clientes. Outro grande benefício estratégico obtido por meio da TI é a automatização de grande parte das tarefas executadas no ambiente das empresas. O processamento de uma folha de pagamento, por exemplo, que antes era feito, manual e demoradamente, por analistas de departamento pessoal em conjunto com analistas financeiros, hoje é executado em um tempo bastante reduzido, com apenas alguns comandos no sistema ERP. Por isso, Laurindo (2008) menciona a construção de um grid estratégico, que classifica o papel da TI nas organizações com base nas influências e nos impactos produzidos numa perspectiva de longo prazo (mais estratégica) e de curto prazo (mais operacional). Na figura 1, encontramos esse grid estratégico com os papéis da TI descritos em quatro quadrantes diferentes. Fábrica Suporte Estratégico Transição Alto AltoBaixo Baixo Impacto futuro Impacto presente Figura 1 – Grid estratégico da TI Fonte: Laurindo (2008, p. 35). O primeiro quadrante a ser comentado é o mencionado como suporte. Neste encontramos, normalmente, uma área de TI terceirizada e com poucos impactos em questões operacionais (impacto 14 Unidade I presente) e estratégicas (impacto futuro). Nas empresas que têm a TI como suporte, o uso das tecnologias não é determinante para o dia a dia dos negócios, ou seja, caso ocorra alguma parada nos sistemas, a operação do negócio não é afetada de forma automática. O próximo papel a ser mencionado é aquele que aponta a TI como fábrica, em que as soluções tecnológicas são de grande importância para o dia a dia da organização. As empresas que têm uma área de TI classificada como fábrica sofrem grandes prejuízos operacionais quando ocorre uma indisponibilidade dos sistemas de informação. Já numa perspectiva mais estratégica, a TI não exerce grandes influências. Na sequência de nossa abordagem do grid estratégico, encontramos o quadrante transição. Aqui a área de TI influencia de forma decisiva as estratégias de negócios, mas, sob o aspecto operacional, não se observam grandes impactos. O último papel é o da TI estratégica, hoje exercido na maior parte das empresas. Aqui a TI desempenha impactos consideráveis, tanto na perspectiva operacional quanto na perspectiva estratégica. Laurindo (2008) ainda apresenta uma reformulação desse mesmo grid, apresentado na figura 2, considerando a necessidade de confiabilidade da TI e a necessidade de novas aplicações de TI. Alta Fábrica Se os sistemas falharem por um minuto ou mais haverá imediata perda de negócios A queda no tempo de resposta por um tempo maior que um segundo tem sérias consequências para usuários internos e externos A maioria das atividades de negócios está online Os trabalhos com os sistemas são principalmente de manutenção Os trabalhos com os sistemas fornecem pequena diferenciação estratégica ou grandes reduções de custos Estratégico Se os sistemas falharem por um minuto ou mais haverá imediata perda de negócios A queda no tempo de resposta por um tempo maior que um segundo tem sérias consequências para usuários internos e externos Novos sistemas prometem grandes mudanças nos processos e nos serviços Novos sistemas reduzem significativamente desvantagens em relação aos competidores em termos de custo, serviços ou desempenho dos processos Necessidade de TI confiável Suporte Mesmo com repetidas interrupções de até 12 horas não há consequências sérias Tempo de resposta ao usuário pode ser de até cinco segundos em transações online Os sistemas internos são praticamente invisíveis aos fornecedores e clientes. Há pequena necessidade de redes externas A organização pode rapidamente reverter 80% das transações em valor para procedimentos manuais Os trabalhos com os sistemas são principalmente de manutenção Transição Novos sistemas prometem grandes mudanças nos processos e nos serviços Novos sistemas prometem grandes reduções de custos Novos sistemas reduzem significativamente desvantagens em relação aos competidores em termos de custo, serviços ou desempenho dos processos TI constitui mais que 50% dos gastos de capital TI constitui mais que 15% das despesas da empresa Baixa Postura na gestão da TI Defensiva Ofensiva Baixa Alta Necessidade de novas aplicações de TI Figura 2 – Grid estratégico de TI reformulado Fonte: Laurindo (2008, p. 81). 15 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre o grid estratégico, leia o capítulo 4 do livro indicado a seguir. LAURINDO, F. J. B. Tecnologia da informação: planejamento e gestão de estratégias. São Paulo: Atlas, 2008. 1.1.3 A informação e a tecnologia nas organizações A tecnologia, conforme já mencionado, passou a exercer um papel estratégico nas organizações só a partir do final do século passado. Já a informação sempre foi um ativo considerado de grande valor nas empresas, principalmente por ser insumo para operações do negócio e por ser utilizada pelos tomadores de decisão. Sendo assim, cada vez mais, muitos esforços dentro do ambiente empresarial têm sido aplicados no intuito de buscar a qualidade da informação utilizada, considerando critérios que atendam as demandas do negócio. No quadro 1, encontramos alguns desses critérios, estabelecidos pelo Instituto de Governança de Tecnologia da Informação (Information Technology Governance Institute – ITGI). Quadro 1 – Critérios de qualidade da informação Critério de qualidade da informação Descrição Efetividade Refere-se ao alto grau de importância da informação para que os processos de negócio entreguem os seus resultados no tempo e de modo correto, consistente e utilizávelEficiência Refere-se ao uso mais produtivo possível da informação como recurso Confidencialidade Refere-se ao impedimento da divulgação indevida da informação Integridade Refere-se à inteireza da informação, o que atesta a sua validade Disponibilidade Refere-se à disponibilização da informação a partir do momento em que ela é demandada pelo negócio Conformidade Refere-se ao atendimento dos aspectos de compliance aos quais os processos de negócios e as informações estão sujeitos Confiabilidade Refere-se à entrega da informação apropriada solicitada pelo negócio Adaptado de: ITGI (2007, p. 28). Considerando o ingrediente tecnológico em todo esse contexto que circunda o valor da informação, grandes preocupações foram concebidas dentro do ambiente organizacional. Isso se dá justamente porque as informações são processadas e armazenadas em sistemas computacionais e por sistemas de informação que funcionam a partir de uma infraestrutura de TI. Na figura 3, podemos visualizar melhor essa ideia. 16 Unidade I Relatórios e informações Processos de negócios automatizados Sistemas de informação Infraestrutura de TI Figura 3 – Impactos da tecnologia nas informações do negócio 1.1.4 Organização da área de TI Diferentemente de outras áreas, como recursos humanos, departamento pessoal, financeiro etc., a área de TI não tem uma estrutura organizacional uniforme, comum a todas as empresas e a todos os ramos de negócio. Na verdade, a ideia da estrutura organizacional da TI foi evoluindo ao longo dos anos e hoje é encontrada nos mais variados formatos possíveis. Em grande parte das organizações, a TI será uma estrutura organizacional formada pelas seguintes subáreas: desenvolvimento, suporte, produção e relacionamento. A figura 4 apresenta um exemplo de estrutura organizacional de TI comumente encontrada em algumas empresas. Gerência de desenvolvimento Gerência de suporte Gerência de produção (datacenter) Gerência de relacionamento Planejamento e orçamento Diretor de TIC Equipe sistema A Equipe sistema B Equipe sistema N Equipe suporte a SO Equipe suporte a redes Escritório de projetos Equipe DBA/AD Equipe relacionamento Equipe operação Equipe suporte HelpdeskPlanejamento Figura 4 – Exemplo de estrutura organizacional de TI Fonte: Foina (2013, p. 191). 17 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO O diretor de tecnologia da informação e comunicação (TIC), também conhecido como chief information officer (CIO), é o membro da alta direção responsável pelos resultados da TI. O CIO é um profissional que consegue associar conhecimentos técnicos e conhecimentos de gestão, liderando o processo de alinhamento estratégico da TI. A área de desenvolvimento é responsável por manter e desenvolver os sistemas de informação utilizados pela organização. Aqui encontramos os analistas, os desenvolvedores e os programadores que entregam as soluções de SI de acordo com os requisitos do negócio. Na área de suporte, temos os responsáveis pela manutenção da infraestrutura que sustenta o funcionamento das aplicações de negócio. Nessa área estão os analistas de suporte que resolvem, por meio das boas práticas de TI, os problemas do cotidiano relacionados ao ambiente tecnológico. A área de produção é também conhecida como operação ou data center. A sua responsabilidade reside no processamento de dados, que pode ocorrer em um centro de dados terceirizado ou interno. A área de relacionamento é responsável pelas interfaces com os clientes da área de TI. O seu principal papel é promover a comunicação entre TI e negócio, atendendo as necessidades da organização. Em algumas organizações, o escritório de projetos está ligado à área de relacionamento. Um detalhe importante é que a quantidade de divisões da área de TI vai sempre depender da quantidade de serviços de TI que são terceirizados pela empresa. Por exemplo, uma organização pode terceirizar todo o seu desenvolvimento de sistemas ou boa parte do suporte técnico, esvaziando a necessidade de uma estrutura para desenvolvimento ou suporte. 1.2 Recursos de TI 1.2.1 Hardware A TI é um conjunto de recursos que possibilita a ampliação das capacidades humanas por meio de sistemas e ferramentas informatizados. Os recursos que formam o ambiente tecnológico são: hardware, software, banco de dados e redes de computadores e telecomunicações. O primeiro recurso de TI a ser mencionado é o hardware, também chamado de parte física do computador. Rainer Júnior e Cegielski (2016) definem o hardware como um conjunto de dispositivos físicos que possibilita a entrada, o processamento, a saída e o armazenamento de dados. A figura 5 apresenta os componentes do hardware de um computador (unidade central de processamento, memória, dispositivos periféricos de entrada e saída e os barramentos) interligados e formando a arquitetura do sistema computacional. 18 Unidade I Memória de acesso direto Armazenamento de massa Dispositivo periférico de entrada Dispositivo periférico de saída Unidade de controle Registradores Unidade lógica e aritmética Memória Unidade central de processamento Barramentos Figura 5 – Componentes do hardware de um computador Adaptada de: Marçula e Benini Filho (2019, p. 51). A unidade central de processamento é o coração do hardware do computador, sendo também chamada de processador. Sua responsabilidade é comandar todo o aparato físico do hardware e processar os dados. O processador é formado por: • Unidade de controle: tem a finalidade de coordenar as partes físicas do computador propiciando a execução efetiva das instruções. • Unidade lógica e aritmética: tem a finalidade de executar os cálculos e manipular dados utilizando operações lógicas e aritméticas. • Registrados: tem a finalidade de armazenar, no processador, pequenas quantidades de dados de forma rápida. Observação O processador é comumente chamado de CPU (central processing unit). A memória é o elemento de hardware para armazenar dados e instruções executadas pelo sistema computacional. Ela se classifica em: • Memória primária: tem um tipo de acesso direto por parte da CPU, de forma a armazenar (mesmo que temporariamente) dados. • Memória secundária: permite a armazenagem permanente de dados em grandes quantidades. 19 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Os dispositivos periféricos representam mais um elemento de hardware. Eles se dividem em aqueles que são dedicados à entrada e aqueles dedicados à saída. Sua finalidade é possibilitar a entrada e a saída de dados no sistema computacional, permitindo a interação dos usuários com o sistema. Entre exemplos de dispositivos periféricos de entrada podemos citar: mouse, scanner, leitor de código de barras, teclado, entre outros. Quanto aos dispositivos periféricos de saída, alguns exemplos são monitores, impressoras, autofalantes, entre outros. Observação Alguns dispositivos periféricos são utilizados tanto para a entrada quanto para a saída de dados. Um bom exemplo é o monitor touch screen. O último componente do hardware que queremos mencionar é chamado de barramento. A sua finalidade é fornecer caminhos elétricos internos ao computador, de forma a interligar os componentes de hardware e possibilitar o melhor controle do sistema ou apenas a transferência de dados. Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre hardware no contexto dos sistemas de informação, leia o capítulo 3 do livro indicado a seguir. STAIR, R. M.; REYNOLDS, G. W. Princípios de sistemas de informação. São Paulo: Cengage Learning, 2015. 1.2.2 Software O software é considerado a parte lógica do computador e consiste no conjunto de instruções, organizadas em programas, que permite o funcionamento do sistema computacional. Os softwares podem ser classificados em softwares de sistemas e softwares de aplicação, que são utilizados indiscriminadamente nos mais diversos tipos de computadores, desde desktops até smartphones. O software de sistemas é um dos mais conhecidos, sendo responsávelpelo comando, pela gestão e pela coordenação do hardware. Como principal exemplo desse tipo de software temos o sistema operacional (Android para smartphones e Windows para desktops e notebooks). Já os softwares de aplicação são utilizados indiscriminadamente nos mais diversos tipos de computadores, desde desktops até smartphones. O sistema operacional pode ser considerado o principal e mais básico software implementado em um computador, oferecendo diversas funcionalidades. Ele opera como uma interligação (camada de abstração) entre as aplicações e o próprio hardware. 20 Unidade I A figura 6 apresenta os elementos ligados às funcionalidades do sistema operacional, que são: suportar a comunicação entre o usuário e o hardware, gerir operações do hardware do computador, gerir e manter sistemas de arquivos armazenados e suportar aplicações utilizadas no computador. Usuários Hardware Programas Sistema de arquivos Sistema operacional Figura 6 – Elementos ligados às funcionalidades básicas de um sistema operacional Fonte: Marçula e Benini (2019, p. 160). Para executar as suas funcionalidades, o sistema operacional é composto de kernel e shell. O kernel é o coração do sistema operacional, sendo responsável pela regulação e pelo controle do hardware e das aplicações. O shell é a interface do sistema operacional, visível para o usuário. Partindo agora para os softwares de aplicação, também chamados de softwares aplicativos, encontramos neles o apoio ao usuário nas suas mais diversas tarefas, sejam gerais ou específicas. Bons exemplos de softwares de aplicação são Excel, Word, PowerPoint, Outlook, entre outros. O quadro 2 apresenta características dos softwares de sistemas e dos softwares de aplicação. Quadro 2 – Características dos softwares de aplicação e de sistemas Caraterística Software de aplicação Software de sistemas Tarefa Satisfaz necessidades específicas do negócio Administra o ambiente computacional Usuários Em sua grande maioria são profissionais do negócio Profissionais do negócio e profissionais de computação Subtipos Processadores de texto, planilhas, geradores de apresentação etc. Sistemas operacionais, utilitários etc. Fonte: Stair e Reynolds (2015, p. 123). 21 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Os softwares de aplicação podem ser divididos em verticais (atendem processos específicos do negócio) e horizontais (utilizados por todos os tipos de negócio). Como exemplo de software vertical é possível citar uma aplicação que faz a gestão de locação de veículos em uma locadora. Como exemplo de software horizontal, podemos citar o Word, utilizado para criar e editar textos. É possível também classificar os softwares de aplicação como customizados e de prateleira. O software customizado normalmente é desenvolvido internamente pela área de TI ou por empresas terceirizadas, com vistas à demanda da organização. Similarmente, os softwares de prateleira são aqueles encontrados em um padrão já formatado e alinhado às boas práticas de mercado, não permitindo customizações. Observação Depois da popularização dos smartphones, tornou-se comum chamar os softwares de aplicação de app. Seja um software customizado ou de prateleira, é mandatório que ele entregue valor ao usuário, considerando determinados fatores. Os principais a serem avaliados estão dispostos no quadro a seguir. Quadro 3 – Principais fatores de avaliação do software Fator Descrição Eficiência O software constitui um sistema bem desenvolvido de instruções de computador ou objetos que não utilizam muita capacidade de memória ou tempo de processamento? Flexibilidade O software consegue lidar facilmente com tarefas de processamento sem precisar de grandes modificações? Segurança O software fornece procedimentos de controle para erros, defeitos e uso inadequado? Conectividade O software é habilitado para rede de forma a poder acessar facilmente a internet, a intranet, a extranet e outras redes de modo autônomo ou acessá-las por meio de operação com navegadores ou outro software de rede? Linguagem O software é escrito em uma linguagem de programação que seja utilizada por nossos próprios programadores (da empresa contratante)? Documentação O software é bem documentado? Ele inclui instruções úteis ao usuário? Hardware O hardware existente possui as características exigidas para utilizar da melhor forma esse software? Outros fatores Quais são as características de desempenho, custo, confiabilidade, disponibilidade, compatibilidade, modularidade, tecnologia, ergonomia, adaptabilidade e suporte? Fonte: Oliveira (2008, p. 27). 22 Unidade I Observação Com a massificação do acesso e uso da internet, cada vez mais as aplicações destinadas ao usuário de desktop e notebook têm sido utilizadas por meio dos navegadores de internet. Esses navegadores são conhecidos como browser e os mais populares são o Google Chrome e o Microsoft Edge. 1.2.3 Banco de dados Os bancos de dados são o recurso destinado à organização, ao agrupamento e ao armazenamento de dados na forma de arquivos e tabelas. Eles têm grande importância por carregarem o “ouro” das organizações, que é a massa de dados. A figura 7 representa um banco de dados, mostrando que ele carrega dados que têm valor tanto para a geração da informação transacional quanto analítica. Banco de dados Informação transacional Passagem aérea Recibo de venda Estatísticas do produto Nota de embalagem Projeção de vendas Crescimento futuro Tendências Informação analítica Figura 7 – Os bancos de dados e os sistemas de informação Fonte: Baltzan e Phillips (2012, p. 144). A ideia moderna de banco de dados (BD) permitiu a utilização de sistemas de informação robustos, que agregaram muito valor aos negócios, além de trazer diversos outros benefícios, como: utilização estratégica dos dados, ausência de redundância desnecessária de dados, integridade dos dados, facilidade na modificação e atualização dos dados, favorecimento da independência dos programas, melhoria no acesso aos dados e às informações, padronização no acesso de dados, adequação estrutural para desenvolvimento de software, melhoria na proteção dos dados e compartilhamento do recurso de dados. Todo banco de dados é mantido por um software chamado de sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD). Ele é responsável por criar, armazenar, organizar e acessar os dados, além de disponibilizá-los para as aplicações. Por meio do SGBD é possível gerenciar o acesso simultâneo aos dados e à execução de comandos de leitura e gravação no banco de dados, utilizando uma linguagem padrão. 23 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO A figura 8 apresenta o SGBD no contexto de uso em aplicações e no banco de dados. Banco de dados SGBD Aplicação 1Aplicação 1 Aplicação 1 Figura 8 – Sistema de gerenciamento de banco de dados Adaptada de: Stair e Reynolds (2015, p. 185). O princípio básico de funcionamento de um BD passa pelo entendimento dos conceitos de campo e registro. O quadro 4 apresenta um exemplo de um fragmento de BD que vai auxiliar no entendimento de campos e registros. Essa tabela pode ser chamada de tabela de clientes e encontra-se em formato matricial, onde as linhas trazem os registros e as colunas trazem os campos. Dessa forma, temos cinco registros e quatro campos. Quadro 4 – Exemplo de fragmento de um BD Número do cliente Nome do cliente Cidade do cliente Bairro do cliente 0001 Álvaro Fioravante Rio de Janeiro Madureira 0002 Carlos Heleno Moraes Rio de Janeiro Vila Isabel 0003 Ricardo Colino Queiroz Recife Santo Amaro 0004 Maria de Lourdes Silva Natal Ponta Negra 0005 Adriana Lemos Luiz Olinda Casa Caiada Os registros apresentam os dados relativos a uma entidade especificamente armazenada. No caso apresentado, a entidade descrita pode ser chamada de cliente. Os campos representam um atributo do registro armazenado. No quadro 4 encontramos os campos: Número do cliente, Nome do cliente, Cidade do cliente e Bairro do cliente. Outro conceito importanteé um campo de identificação único de um registro. Esse campo é chamado de chave primária ou campo-chave. No quadro 4, a chave primária é o campo Número do cliente. Um dos mais interessantes tipos de BD é conhecido como banco de dados relacional. A ideia desse BD é organizar os dados em tabelas bidimensionais, com colunas e linhas, de forma a haver 24 Unidade I um relacionamento entre essas tabelas. O quadro 5 representa uma tabela de um BD relacional, contendo quatro registros e quatro campos. Quadro 5 – Exemplo de BD relacional Número_ Fornecedor Nome_ Fornecedor Cidade_ Fornecedor Estado_ Fornecedor 0001 Papelaria Correia São Paulo SP 0002 BKL Informática Osasco SP 0003 Turin Infraestrutura Barueri SP 0004 Atacadão Silva Santo André SP Para firmar a ideia de relacionamentos estabelecida pelo BD relacional, a figura 9 apresenta um exemplo de BD relacional com duas tabelas simples, a primeira apresentando a entidade fornecedores de uma empresa e a segunda apresentando a entidade produtos comercializados por esses fornecedores. Número_ Fornecedor Nome_ Fornecedor Endereço_Fornecedor Cidade_ Fornecedor Estado_ Fornecedor 0001 Papelaria Correia Avenida Paulista, 335 São Paulo SP 0002 BKL Informática Avenida dos Autonomistas, 206 Osasco SP 0003 Turin Serviços de Infraestrutura Rua Grupo Bandeirantes, 23 Barueri SP 0004 Atacadão Silva Avenida São José, 190 Santo André SP Número_Produto Descrição_Produto Preço unitário Número_Fornecedor 130 Resma de papel sulfite R$ 13,00 0001 141 Cartucho para impressora R$ 25,00 0002 156 Pastas plásticas para documentos R$ 5,00 0003 160 Kit de limpeza R$ 35,00 0004 Figura 9 – Relacionamentos em um BD relacional Na tabela de fornecedores, encontramos quatro registros e cinco campos, sendo o campo “Número_ Fornecedor” a chave primária. Na tabela de produtos, encontramos quatro registros e quatro campos, sendo o campo “Número_Produto” a chave primária. Ainda na figura 9, encontramos o relacionamento entre as tabelas por meio do campo “Número_ Fornecedor”, chamado de chave estrangeira na tabela de produtos. A chave estrangeira é um campo comum às duas tabelas interligadas (fornecedores e produto). 25 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Ao trabalharmos com um BD relacional é possível encontrar os relacionamentos classificados de três formas. São elas: • Um para um: um registro de uma tabela se relacionando apenas com um registro de outra tabela. • Um para muitos: um registro de uma tabela se relacionando com muitos registros de outra tabela. • Muitos para muitos: muitos registros de uma tabela se relacionando com muitos registros de outra tabela. O relacionamento encontrado no exemplo figura 9 é classificado como um para muitos, porque temos a relação de um fornecedor para muitos produtos. Existem outros tipos de bancos de dados. Entre eles é possível citar os bancos de dados hierárquicos, em rede e orientados a objetos, além dos bancos de dados não relacionais. A partir da compreensão de todos esses bancos de dados, as organizações podem trabalhar com um ferramental utilizado na extração, no processamento, na análise e na gestão dos dados brutos armazenados. Entre essas ferramentas encontramos: data warehouse (DW), data mart (DM), business intelligence (BI), tecnologias de big data, entre outras. A primeira ferramenta relacionada a dados que queremos destacar é o DW, que representa um grande conjunto de dados armazenados com potencial interesse estratégico para a tomada de decisão empresarial. Vale ressaltar ainda que o DW é um subconjunto do BD da organização, utilizado para efetuar consultas e fazer análises estratégicas envolvendo dados. Diferentemente do BD, o DW tem uma finalidade mais estratégica, ou seja, não tem foco em questões transacionais e operacionais. Por exemplo, em uma empresa do ramo varejista é possível conceber um DW apenas com dados estratégicos, como: perfil do cliente, tipo de produto comprado, horários de maior movimento, entre outros. Ter um DW permite às organizações trabalhar mais rapidamente o processo de tomada de decisão, evitando possíveis lentidões, caso as consultas fossem feitas diretamente no BD da organização. O DW pode ser segmentado em partes menores, chamadas de data mart (DM). Tanto o DW quanto o DM são estratégicos e operam conjuntamente com as ferramentas de inteligência de negócios ou business intelligence (BI). A principal ideia do BI é dar suporte aos usuários no processo de tomada de decisão a partir da consolidação, análise e acesso a grandes massas de dados contidas no DW. Uma das técnicas de BI mais famosas é o data mining, também chamado de minerador de dados. O data mining fornece percepções dos dados corporativos que, com dificuldade, são obtidos por meio de um processamento analítico online. 26 Unidade I É comum dizermos que o data mining é orientado à descoberta devido ao fato de procurar padrões de dados e relacionamentos ocultos no DW, auxiliando na inferência de regras que contribuem para previsão de comportamentos futuros. 1.2.4 Redes de computadores e as telecomunicações Chegamos agora ao último recurso de TI, representado pelas redes de computadores e pelas telecomunicações. Elas são importantíssimas para os negócios e para a vida das pessoas nas sociedades contemporâneas. Podemos dizer que esse recurso ressignificou inclusive a utilização dos outros, por exemplo o software, que hoje só encontra lógica em seu uso quando há uma conexão em rede. As telecomunicações, mais antigas que as redes de computadores, representam o conjunto de elementos que propiciam a comunicação a distância entre origem e destino. O sistema básico de telecomunicações é formado por três componentes fundamentais: emissor, canal de comunicação e receptor. O emissor é o componente responsável pela geração do sinal a ser transmitido. O receptor é o componente responsável pela recepção do sinal. O canal de comunicação é o meio físico, guiado ou não guiado, que tem a finalidade de conduzir a mensagem do emissor até o receptor. Esses elementos podem ser vistos na figura 10. Emissor Receptor Canal de comunicação Figura 10 – Sistema básico de telecomunicações Adaptada de: Medeiros (2012, p. 12). Todos os sistemas de telecomunicações se baseiam na estrutura composta pela figura 10. Entre os mais diversos sistemas, podemos citar: comunicação via satélite, comunicação por fibras ópticas, telefonia fixa, comunicação móvel celular, comunicação por rádio broadcasting, linha de comunicação de força e sistemas de transmissão em radiovisibilidade. Esses e outros sistemas de telecomunicação são fundamentais para o estabelecimento de redes de computadores robustas, que permitam a comunicação de dados entre as pessoas. Vale lembrar que as redes de computadores surgiram no século XX, a partir da necessidade de interligar e compartilhar recursos computacionais, além de favorecer a transmissão de dados. Os componentes das redes de computadores são: • Protocolos: arcabouço de regras e padrões que governam o processo de comunicação de dados. • Meio físico: componente utilizado na interligação (confinada ou não confinada) de dispositivos. • Dispositivos: componentes utilizados pelos usuários para acessar as redes de computadores ou para interconectar redes. • Mensagens: a informação que se deseja transmitir. 27 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO A partir do crescimento dessas redes de computadores, por volta da década de 1980, começou a se estabelecer aquilo que conhecemos como internet, cuja história se inicia por volta do fim da década de 1960, com a criação de uma rede chamada de Arpanet. Essa rede foi criada pela Agência de Projetos e Pesquisas Avançadas do Departamento de Defesa dos Estados Unidos para fins militares e pode ser considerada a precursora da internet. A fim de evitar quaisquer conflitos entre questões civis e militares, a Arpanet foi segmentada em duas redes diferentes, logo no início da década de 1980. A primeira rede continuou a ser chamadade Arpanet e foi destinada à comunicação de dados entre entidades civis, mais especificamente universidades. A segunda rede, chamada de Milnet, continuou com seu propósito inicial, que era a finalidade militar. Dessa forma, outras conexões foram sendo construídas ao redor do mundo e se interligando à Arpanet, acabando por formar o que conhecemos hoje como a internet.Com o passar do tempo, verificamos o aumento expressivo de acessos à internet, que se tornou um dos fatos tecnológicos mais importantes dos nossos dias, provendo a conexão do mundo inteiro, por meio das redes de computadores e telecomunicações. Exemplo de aplicação Para aprofundar um pouco mais os seus conhecimentos, verifique os recursos de TI que você utiliza e encontre características e especificações de cada um deles. 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Anteriormente, apresentamos os fundamentos da TI, seus conceitos básicos, recursos e elementos da sua infraestrutura. Tudo isso foi visto na perspectiva da sustentação dos sistemas de informação nas organizações. Agora daremos mais um passo, um dos mais importantes, estudando os sistemas de informação propriamente ditos. Na primeira parte desse tópico, abordaremos conceitos, classificação e apresentação dos sistemas que normalmente apoiam as operações do negócio. Na segunda parte, o nosso foco será voltado para o relacionamento entre os sistemas de informação e a tomada de decisão. 2.1 Sistemas de apoio aos negócios 2.1.1 Conceitos de sistemas Antes de compreendermos o que vem a ser um SI, vamos conhecer o conceito de sistema. Batista (2012, p. 24) menciona que “uma definição clássica para sistemas pode ser o conjunto estruturado ou ordenado de partes ou elementos que se mantêm em interação, ou seja, em ação recíproca, na busca da consecução de um ou de vários objetivos”. Partindo dessa teoria de sistemas, encontramos os mais diversos exemplos ao nosso redor. Para melhor entendermos, tomemos o sistema de mobilidade urbana, 28 Unidade I que é formado por diversos elementos, como: carros, pessoas, pistas, semáforos, faixas de pedestre, entre outros. Podemos até considerar o nosso próprio corpo humano como um sistema, formado pelos nossos órgãos. Observação Todos os sistemas têm uma finalidade, ou seja, um objetivo. Dessa forma, a ideia de sistemas pode se assemelhar a uma caixa fechada com entradas, saídas, processamento e realimentação. A figura 11 apresenta um sistema de lava-rápido (lava a jato) de carros como exemplo. Entrada Processamento Avaliações (feedback ou realimentação) Saída Figura 11 – Exemplo de um sistema de lava-rápido Fonte: Stair e Reynolds (2015, p. 8). Observe que, nesse exemplo apresentado na figura 11, encontramos um carro muito sujo na entrada e um carro limpo na saída. O processamento desse sistema envolve todas as tarefas relativas à lavagem do carro. A avaliação do carro feita pelo cliente e a sua satisfação representam a realimentação. A partir dos conceitos já vistos, podemos dizer que um sistema é formado por elementos. Esses são chamados de objetos e são classificados em inerentes (situados dentro do sistema e dele não saindo) e transientes (quando entram e saem do sistema após o processamento). Os sistemas também possuem propriedades que precisam sempre ser consideradas no seu projeto, na sua manutenção e, claro, na sua utilização. O quadro 6 apresenta as características de cada uma dessas propriedades do sistema. 29 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Quadro 6 – Propriedade dos sistemas Propriedade Descrição Adaptabilidade Trata-se da capacidade que os sistemas têm de se adaptar ao ambiente por meio de processo contínuo de aprendizagem e de auto-organização Homeostase Trata-se da capacidade que os sistemas têm de retornar a um estado de equilíbrio por meio do mecanismo de controle e feedback próprio dos sistemas Sinergia Trata-se da capacidade que os sistemas têm de produzir ações cooperativas de agentes independentes, gerando efeitos totais maiores que as somas de seus efeitos tomados independentemente Entropia Trata-se da capacidade que os sistemas têm de produzir a desordem e a aleatoriedade Adaptado de: Audy, Andrade e Cidral (2007, p. 36). Segundo Audy, Andrade e Cidral (2007), os sistemas podem ser classificados em abertos (quando ocorrem ações de pressões externas) ou fechados (quando não há quaisquer relações com o ambiente externo). Os sistemas também podem ser classificados como concretos (envolvem um maquinário físico e real) ou abstratos (se dão por meio de elementos, símbolos, conceitos, planos e teorias). Audy, Andrade e Cidral (2007) ainda mencionam que os sistemas podem ser classificados como naturais e artificiais. Os sistemas naturais são aqueles encontrados na natureza e em seus processos, os sistemas artificiais são criados pelo homem e destinados a um propósito. Seja qual for a classificação ou tipologia, os sistemas são criados para atender um determinado objetivo, assim, medir o seu desempenho é importante. O quadro 7 apresenta dois tipos de medidas de desempenho. Quadro 7 – Eficácia e eficiência dos sistemas Medida de desempenho Descrição Forma de cálculo Eficiência Medida da correta produção de um sistema a partir do uso adequado de recursos Pode ser calculada a partir daquilo que é produzido dividido por aquilo que é consumido Eficácia Medida da extensão na qual o sistema atinge suas metas Pode ser calculada dividindo-se as metas efetivamente alcançadas pelo total de metas estabelecidas Adaptado de: Stair e Reynolds (2015, p. 9). 2.1.2 Conceitos e classificações dos sistemas de informação Basicamente, é possível definir um sistema de informação como uma aplicação executada em um computador para atender à necessidade de processamento de informações, ou de dados, dentro do contexto de um processo de negócio. Partindo para uma definição mais acadêmica, Stair e Reynolds (2015, p. 9) mencionam que: os sistemas de informação representam um conjunto de elementos ou componentes inter-relacionados que coleta (entrada), manipula (processo), armazena e dissemina dados (saída) e informações, e fornece 30 Unidade I reação corretiva (mecanismo de realimentação) para alcançar um objetivo. O mecanismo de realimentação é o componente que auxilia as organizações a alcançar seus objetivos, como aumentar os lucros ou melhorar os serviços ao cliente. Dessa forma, os sistemas de informação são criados para atender os mais diversos objetivos, que vão desde o nível operacional até o mais estratégico possível. Considerando os objetivos voltados para a estratégia das organizações, os sistemas de informação podem cooperar com: • a redução de custos a partir da automatização de tarefas, que eleva a excelência operacional; • a promoção de um novo portfólio empresarial totalmente fundamentado em sistemas de informação online via internet; • o cultivo de um relacionamento mais íntimo com o cliente; • a reformulação do modelo de negócios a partir de plataformas digitais utilizando smartphones; • a melhoria no processo de tomada de decisão na gestão operacional, tática e estratégica; • a entrega de valor que propicia mais vantagens competitivas para o negócio. Esses ganhos são obtidos por meio dos sistemas de informação, quando todo o processo de concepção, implementação e utilização é percebido por meio de perspectivas, chamadas de dimensões de um SI. Essas dimensões são: • Organizacional: relacionada à importância da organização, da sua cultura e das suas demandas quando necessitam de um SI. • Humana: relacionada à importância das pessoas, na criação, manutenção e uso do SI. • Tecnológica: relacionada aos recursos tecnológicos que propiciaram a utilização moderna e automatizada do SI. Os sistemas de informação podem ser classificados das mais diversas formas. Vejamos duas maneiras descritas por Eleutério (2015). A primeira classifica os sistemas de informação quanto à abrangência dentro das estruturas organizacionais das empresas. Essa tipologia pode ser vistana figura 12. 31 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Quanto à abrangência Sistemas de informações empresariais Departamentais (funcionais) Destinam-se a suprir as demandas de um departamento específico Integrados (ERPs) Integram as informações de todas as áreas de uma organização Interorganizacionais (IOSs) Integram informações de várias empresas Figura 12 – Classificação dos sistemas de informações quanto à abrangência Fonte: Eleutério (2015, p. 96). O primeiro sistema descrito na figura 12 é o departamental. A sua principal função é atender a necessidade ou demanda de processo de um setor ou departamento de uma organização. Esse sistema não opera de forma integrada e normalmente trabalha com seu próprio banco de dados. Continuando na tipologia quanto à abrangência, encontramos os sistemas integrados, também conhecidos como sistemas de planejamento de recursos empresariais (entreprise resource planning – ERP). Esses são maioria nos ambientes organizacionais e deixaram os sistemas departamentais obsoletos. Finalizando essa tipologia, encontramos os sistemas interorganizacionais, que têm a finalidade integrar diversas organizações com titularidades e gerências juridicamente independentes. Considerando o nível decisório, temos outra classificação dos sistemas de informação, descrita na figura 13. Quanto ao nível decisório Sistemas de informações empresariais Sistemas de processamento de transações (SPTs) Sistemas de apoio à decisão (SADs) Registro dos dados produzidos pela operação Apoio às decisões complexas, simulações, modelagem de problemas Sistema de informações gerenciais (SIGs) Sistema de apoio aos executivos (SAEs) Informações gerenciais, planejamento e gestão da operação Visão estratégica dos negócios, indicadores críticos de desempenho Sistemas de informações estratégias (SISs) Figura 13 – Classificação dos sistemas de informações quanto ao nível decisório Fonte: Eleutério (2015, p. 98). 32 Unidade I O primeiro tipo de sistema de informação, encontrado na figura 13, é conhecido como sistema de processamento de transações (SPT). Esse tipo sistema de informação oferece subsídio mínimo para tomada de decisão, tendo sua utilização limitada ao processamento de transações do negócio. Um bom exemplo seria um sistema de informação utilizado para processar uma conta a pagar ou uma conta a receber no caixa da empresa. Continuando nessa tipologia relacionada à tomada de decisão, encontramos o sistema de informações gerenciais (SIG). Esse sistema é utilizado no processo decisório estruturado dentro de um nível gerencial tático. O contexto de utilização do SIG não está relacionado à operação e ao processamento de transações, mas às ações de planejamento, que envolvem decisões rotineiras nas quais causas e efeitos são conhecidos. Finalizando essa tipologia, encontramos o conjunto de sistemas de informações estratégicas, que é utilizado na tomada de decisão não estruturada, em duas formas bem definidas. Uma das formas apresenta os sistemas de apoio à decisão para a tomada decisões bem complexas, envolvendo modelagem de problemas. Na outra forma, encontramos os sistemas de apoio aos executivos, que integram a visão de negócios com gestão a partir de indicadores críticos. Entre essa tipologia dos sistemas de informação envolvendo a tomada de decisão, podemos dispor os sistemas em uma pirâmide. A figura 14 demonstra essa pirâmide, que apresenta a relação desses sistemas com os dados, as informações e o conhecimento. Sistemas de processamento de transaçãos Sistemas de informações gerenciais Sistemas de apoio à decisão Alta gestão Gerência sênior Gerência intermediária Nível operacionalSPTs SIGs SADs SAEs Sistemas de apoio Sistemas de apoio aos executivosaos executivos Conhecimento Informações Dados Nível estratégico SISs Figura 14 – Os sistemas de informação e a pirâmide dados-informação-conhecimento Fonte: Laudon e Laudon (2013, p. 325). 33 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Observação Os dados representam fatos brutos que, isolados, não entregam valor para o negócio. A informação representa o conjunto de dados relacionados que entrega valor para o negócio. O conhecimento é a compreensão do valor contido nas informações. 2.1.3 Sistemas de processamento de transações O sistema de processamento de transações (SPT), também conhecido por TPS (transation processing system) tem a finalidade de promover o processamento de uma transação em um processo organizacional. Por esse motivo, normalmente ele tem um caráter extremamente departamental, operando de forma isolada e sem integração com outros sistemas. Todo o trabalho do SPTs reside em coletar, guardar, modificar e recuperar as transações de uma organização. A figura 15 apresenta seus principais componentes: entrada, processamento, relatórios e armazenamento. Armazenamento Entrada de dados Processamento Documentos e relatórios Figura 15 – Componentes de um SPT Fonte: Caiçara Júnior (2015, p. 83). Os SPTs podem ser classificados em batch (processamento das atualizações na forma de lotes recebidos em intervalos de tempo) e online (processamento de dados em tempo real). A figura 16 apresenta o processamento de transações dos SPTs batch e online. 34 Unidade I Terminal Terminal Terminal Terminal Terminal Computador central (processamento) Processamento imediato de cada transação Saída Online Entrada de dados de transações acumuladas Entrada (agrupadas) Saída Batch Figura 16 – Processamento nos SPTs batch e online Adaptada de: Stair e Reynolds (2015, p. 402). 2.1.4 Planejamento de recursos empresariais Com o aumento do uso da TI por parte das organizações, multiplicou-se, cada vez mais, a quantidade de SPTs utilizados nos departamentos e nas áreas das empresas. Esses SPTs, trabalhando sem qualquer integração, favoreceram o surgimento dos silos organizacionais, que são elementos isolados e sem comunicação dentro de um grande sistema. Lembrete Os sistemas departamentais são utilizados em processos específicos de um departamento ou área de uma organização. 35 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Dessa forma, cada vez mais, a eficiência dos processos ficou comprometida e a TI acabou por começar a prejudicar mais do que ajudar o negócio. Também, em muitas situações, os dados gerados pelos SPTs eram inconsistentes e imprecisos, contribuindo de forma inadequada no processo de tomada de decisão. Essa falta de integração e os silos organizacionais geraram três outros problemas: • Natural redundância de dados, oriunda das mais diversas bases de dados utilizadas pelos sistemas. • Retrabalho nos processos de negócios, em consequência dos sistemas independentes utilizados por tarefas interligadas. • Falta de integridade de informações e dos dados como resultado direto da redundância e do retrabalho. Para resolver todos esses problemas, foram criados os sistemas ERP, que promovem a integração das organizações sob a perspectiva funcional (envolvendo diversos departamentos) e sob a perspectiva sistêmica (envolvendo os mais diversos sistemas, classificados segundo as tipologias já mencionadas). O funcionamento do ERP é relativamente simples e se dá a partir de módulos de software utilizados por cada um os departamentos de uma organização. Esses módulos são totalmente integrados e podem ser vistos na figura 17. Vendas e marketing Recursos humanos Finanças e contabilidade Manufatura e produção Banco de dados centralizado Dinheiro em caixa Contas a receber Crédito ao cliente Receita Horas trabalhadas Custos do trabalho Requisitos de cada cargo Pedidos Previsões de venda Pedidos de devolução Alterações de preço Matérias-primas Programações de produção Datas de expedição Capacidade de produção Compras Figura 17 – Arquitetura de um ERP Fonte: Laudon e Laudon (2013, p. 296). 36 Unidade I A integração promovida pelo ERP ocorre a partir da utilização de um banco de dados único e centralizado, que é acessado por todos os módulosde software. Claro que todo acesso é fundamentado em um conjunto de regras de negócio que visa ao bom funcionamento do sistema e atende às políticas de segurança da informação da empresa. Os tipos e as quantidades de módulos implementados no momento do estabelecimento do ERP variam, atendendo às necessidades e às demandas do negócio. É possível classificar os módulos de um ERP em: • Horizontais: utilizados em todo tipo de organização, atendendo demandas comuns (por exemplo, financeiro, compras, departamento pessoal, entre outros). • Verticais: atendem demandas específicas de um negócio (por exemplo, controle de safra em uma empresa de agronegócio). As principais vantagens dos sistemas ERP são: • melhoria do acesso a informações corporativas, que permitem a entrega de subsídios para a tomada de decisão; • desativação de antigos sistemas; • alinhamento dos processos organizacionais a práticas de mercado; • chance de modernizar a infraestrutura tecnológica da empresa. As principais desvantagens dos sistemas ERP são: • implementação dispendiosa e com altos custos; • tempo de implementação relativamente longo quando comparado a outras soluções tecnológicas; • processo dificultado por questões culturais e de dimensão humana; • dificuldades na interação entre os antigos sistemas e o ERP; • alto risco de falha na implementação. Exemplo de aplicação A mantenedora de uma rede de escolas com unidades situadas em diversas regiões do estado de São Paulo tem continuamente sofrido com inconsistência de dados, redundância desnecessária e diversos outros problemas oriundos do mau uso de sistemas de informação. Uma simples transferência de aluno de unidade gerava um trabalho enorme em um processo com grande dispêndio de energia. Qual das alternativas a seguir aponta uma provável solução para esse problema? 37 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO A) Implementação de um sistema de informação gerencial com vistas a organizar a gestão acadêmica. B) Aumento do número de sistemas de processamento de transações utilizado pela mantenedora. C) Implementação da arquitetura cliente-servidor para melhor suportar o processo de negócio. D) Aquisição e implementação de um sistema de planejamento de recursos empresariais com vistas a integração do negócio. E) Desenvolvimento de um sistema interorganizacional para reduzir a redundância de dados. Resolução Um sistema de informação gerencial destina-se à tomada de decisão estruturada. O problema estabelecido no enunciado refere-se a problemas na operação do negócio, não à tomada de decisão. Aumentar o número de sistemas de processamento de transações só vai contribuir para o aumento do caos oriundo da falta de integração de sistemas, processos, departamentos e unidades. Ter ou não ter a arquitetura cliente-servidor implementada não vai adiantar se não houver um sistema integrado operando na organização. Os sistemas interorganizacionais servem para interligar empresas diferentes, o que não tem relação com o caso descrito no enunciado. Assim, a alternativa mais viável para a resolução do problema é promover a integração de todo o negócio por meio da implementação de um sistema de planejamento de recursos empresariais, também conhecido como sistema ERP ou sistema integrado. 2.2 Sistemas utilizados no processo decisório 2.2.1 Tomada de decisão Embora pareça apenas uma tarefa ordinária dos administradores, a tomada de decisão pode ser considerada uma das atividades mais importantes do cotidiano das pessoas na sociedade, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. Por isso, todo o processo de tomada de decisão precisa ser conduzido a partir de um embasamento técnico e com o uso de ferramentas apropriadas, de forma que a maior qualidade possível seja alcançada. O quadro 8 apresenta as dimensões da qualidade das decisões tomadas e uma pequena descrição de cada uma delas. 38 Unidade I Quadro 8 – Qualidade das decisões Dimensão da qualidade Descrição Precisão A decisão reflete a realidade Abrangência A decisão reflete uma consideração completa dos fatos e das circunstâncias Imparcialidade A decisão reflete fielmente as preocupações e os interesses das partes envolvidas Velocidade (eficiência) A tomada de decisão é eficiente com respeito ao tempo e outros recursos, incluindo o tempo e os recursos das partes afetadas, como os clientes Coerência A decisão reflete um processo racional, colocado em palavras e explicado a outros um processo Obediência A decisão é o resultado de um processo conhecido e os descontentes podem recorrer a uma autoridade superior Fonte: Laudon e Laudon (2013, p. 327). Considerando o aspecto organizacional, podemos afirmar que o processo de tomada de decisão é extremamente ligado ao nível hierárquico no qual o decisor está situado. A figura 18 apresenta esses níveis hierárquicos e as estruturas de decisão empregadas. Gerenciamento estratégico Executivos e diretores Gerenciamento tático Gerentes das unidades de negócios e equipes autodirigidas Gerenciamento operacional Gerentes operacionais e equipes autodirigidas Sob medida Não programada Resumida Infrequente Voltada ao futuro Externa Escopo amplo Não estruturada De cis õe s Inform ações Semiestruturada Estruturada Característica da informaçãoEstrutura de decisão Pré-especificada Programada Detalhada Frequente Histórica Interna Foco limitado Figura 18 – Níveis hierárquicos na tomada de decisão Fonte: O’Brien e Marakas (2013, p. 351). Dessa forma, temos três níveis hierárquicos: gerenciamento operacional, gerenciamento tático e gerenciamento estratégico. No nível de gerenciamento operacional, encontramos as estruturas de decisão estruturada. No nível de gerenciamento tático, estão as estruturas de decisão semiestruturada. Por fim, no nível de gerenciamento estratégico, temos as estruturas de decisão não estruturada. 39 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Observação Perceba que o termo estruturado apresenta a ideia de conhecimento de relações, causas e impactos dentro de um contexto, a partir da tomada de decisão. No quadro 9, encontramos as características e as diferenças de cada uma dessas decisões e a quem compete esse tipo de decisão. Quadro 9 – Tipos de decisão Tipos de decisão Características Exemplos Não estruturadas São as decisões inusitadas, importantes e não rotineiras Conhece-se pouco dos impactos e das relações dos problemas solucionados por esse tipo de decisão Decisão sobre a entrada ou saída de um determinado mercado Aprovação de um orçamento de capital elevado Definição de metas e objetivos de longo prazo Semiestruturadas Agrega características das decisões estruturadas e não estruturadas Formulação de um plano de marketing Desenvolvimento do orçamento de um departamento Projeto de um novo site corporativo Estruturadas São as decisões repetitivas e rotineiras Problemas solucionados por este tipo de decisão têm sua causa e relações conhecidas Reposição de estoque Concessão de crédito a um cliente Determinação de ofertas para clientes Adaptado de: Laudon e Laudon (2013, p. 325). Já mencionamos que a tomada de decisão é um processo, sendo, assim, composto por atividades interligadas e sequenciadas com vistas a um objetivo. Esse processo deve ser o mais racional e reflexivo possível, além de fazer uso das mais adequadas ferramentas e tecnologias, sempre se baseando em indicadores e prezando pela criatividade e inovação (COSTA NETO, 2007). Encontramos esse processo em Stair e Reynolds (2015) em cinco etapas que cobrem toda a tomada de decisão, resolução de problemas e/ou aproveitamento de oportunidades. A figura 19 apresenta esse processo e suas etapas. 40 Unidade I Inteligência Escolha Projeto Implantação Monitoração Tomada de decisão Solução do problema Figura 19 – Processo de tomada de decisão diante de problemas e/ou oportunidades Fonte: Stair e Reynolds (2015, p. 439). Os três passos iniciais do processo (inteligência, projeto e escolha) compõem a tomada de decisão