Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Conforto Ambiental: Acústica Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Vanderlei Rotelli Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Projeto Acústico • Projeto Acústico. • Estudar os fenômenos acústicos em ambientes fechados e calcular o tempo de reverberação. OBJETIVO DE APRENDIZADO Projeto Acústico Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Projeto Acústico Projeto Acústico Olá caro(a) aluno(a)! Ficou claro o cálculo do tempo de reverberação? Caso tenha alguma dúvida, reveja os passos, pois vamos continuar trabalhando com este conceito. Como você se lembra, calculamos o tempo de reverberação em uma sala, como a que está representada na Figura 1: Figura 1 – Sala Fonte: Acervo do Conteudista Depois de fazermos todos os cálculos necessários, chegamos a um tempo de reverberação de 4,19 s, como você se lembra. Mas, e agora? Como vamos saber se este é um bom tempo de reverberação? Para responder a esta pergunta, vamos analisar a NBR 12179, que normatiza o tratamento acústico em recintos fechados. Esta Norma, por exemplo, fala sobre os coeficientes de absorção acústica de vários materiais e define que, além do trata- mento acústico que veremos a seguir, é preciso fazer o estudo geométrico-acústico para auditórios, teatros, cinemas etc. Esta Norma fornece uma tabela, indicada na Figura 2, que reúne o volume de um ambiente ao seu uso; quando sabemos o volume de um ambiente e o uso que ele terá, conseguimos descobrir o tempo de reverberação ideal; lembra-se que falamos sobre isto na unidade anterior? Mencionamos naquele momento, que uma catedral, por exemplo, pode ter um tempo de reverberação bem alto, em função do canto grego- riano e até mesmo dos rituais que são feitos naquele espaço; qualquer um que já te- nho ido a uma missa, sabe como é marcante a voz do padre naquele grande espaço. 8 9 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 0,0 0,0 0,4 0,2 0,0 30 60 90 12 0 15 0 18 0 21 0 24 0 27 0 30 0 60 0 90 0 12 00 15 00 18 00 21 00 24 00 27 00 30 00 60 00 90 00 12 00 0 15 00 0 18 00 0 21 00 0 24 00 0 27 00 0 30 00 0 Volume em metros cúbicos Te m po de re ve rb er aç ão a 50 0H z Tempo Ótimo de Reverberação Músi ca de Órgã o Igreja Catól ica Cinema Sala de co nferência Estúdio de rádio par a música Ópera Estúdio de rád io para palav ra Sinag oga Igreja Prop estan te Sala d e Conc reto Fig ura 2 – Tabela de tempo de reverberação Quando sabemos o uso de um ambiente, e o seu volume, basta cruzarmos estas duas informações e teremos o tempo de reverberação ideal. Na figura, por exemplo, descobrimos que uma sala de conferência com um volume de 1200m³, deverá ter um tempo de reverberação ideal de 0,8 segundos; o uso desta tabela, como você pode ver, é bem simples e direto, certo? O que você acha pensarmos na sala na qual traba- lhamos na unidade anterior, para que possamos fazer o tratamento dela? Se analisarmos a tabela, não temos o uso específico de “Sala de aula” ou “Auditó- rio”; podemos pensar em nossa sala como uma sala de conferência, que é o uso mais próximo. A seguir precisamos descobrir o volume da sala; em nosso exemplo, sabemos que a sala que estamos estudando tem um volume de 150 m³. Se cruzarmos estas informações, descobriremos que o tempo de reverberação ótimo é de 0,5 segundos. Precisamos, portanto, adequar o tempo de reverberação que obtivemos, de 4,19 segundos, ao tempo de reverberação ideal para esta sala, de 0,5 segundos. Você tem alguma ideia de como podemos fazer isto? Exatamente! Vamos mudar os materiais de revestimento que foram utilizados em nosso projeto por outros que tenham um coeficiente de absorção sonora maior, sendo assim ao reduzir a quantidade de ondas sonoras que estão suspensas no ambiente diminuiremos o tempo de reverberação. Para nosso exemplo procuraremos apenas escolher materiais que diminuam este tempo de reverberação, sem uma preocupação estética, ou seja, sem uma atenção específica com a escolha de cores, texturas ou acabamentos. Mas lembre- -se que esta deve ser uma condicionante de seu projeto, pois além de uma sala acusticamente funcional, é preciso que criemos uma sala que seja agradável. Como já vimos, a maior parte dos materiais disponíveis no mercado já está aferida; a tabela 1 mostra uma parte das tabelas de materiais que estão na NBR 9 UNIDADE Projeto Acústico 12179, que é bem geral, mas não inclui os produtos mais novos; de qualquer modo, é possível consultar a maior parte dos coeficientes de absorção sonora nos sites dos próprios fabricantes, verificando todas as demais especificações, como cores, dimensões, bem como as formas de uso e aplicação. Tabela 1 – Tabela de materiais Materiais Freqências (Hz) 125 250 500 1000 2000 4000 Passadeira fina porosa 0,03 - 0,17 - 0,40 - Tapete boucie duro 0,03 0,03 0,04 0,10 0,19 0,35 Tapete de 5 mm de espessura 0,04 0,04 0,15 0,29 0,52 0,59 Tapete boucie macio 0,06 - 0,20 - 0,52 - Passadeira de coco 0,02 0,03 0,05 0,10 0,27 0,48 Tapete de veludo 0,05 0,06 0,10 0,24 0,42 0,60 Tapete de 5 mm sobre base de feltro de 5 mm 0,07 0,21 0,57 0,68 0,81 0,72 Materiais porosos e isolantes a) Fibras naturais: Chapa leve de lã de madeira, de 25 mm, em parede rígida 0,04 0,13 0,52 0,75 0,61 0,72 Chapa leve de lã de madeira com espaço de 5 cm, vázio 0,25 0,33 0,50 0,65 0,65 0,70 Chapa leve de lã de madeira com espaço de 5 cm enchido de absorvente acústico 0,18 0,33 0,80 0,90 0,80 0,83 Chapa leve de lã de madeira de 25 mm, com espaço vázio de 2,4 cm 0,06 0,20 0,66 0,49 0,72 0,76 Chapa leve de lã de madeira, de 50 mm, diretamente em parede rígida 0,11 0,33 0,90 0,60 0,79 0,68 Chapa leve de lã de madeira, de 25 mm, com espaço de 2,4 cm, coberta de folha sintética perfurada 0,13 0,66 0,48 0,44 0,72 0,73 Chapa de cavacos de madeira, 13 mm, com espaço vázio de 5 cm até a parede 0,24 0,20 0,19 0,20 0,26 0,45 Feltro de fibra natural, de 5 mm, diretamente na parede 0,09 0,12 0,18 0,30 0,55 0,59 Chapa de acústica macia, de fibra perfurada ranhurada, com espaço de 5 cm de parede (esp. 12 mm) 0,20 0,36 0,31 0,34 0,46 0,62 Fonte: NBR 12179, 1992 Com estas tabelas e coeficientes faremos algumas tentativas, mudandoos mate- riais de revestimento de nossa sala até chegarmos no tempo de reverberação ideal, obtido na Figura 2. Utilizando a tabela, vamos começar mudando o revestimento de uma das pare- des, para entender como funciona este processo. Vamos trocar o revestimento da parede P2, uma das paredes laterais, que tem 30 m² e tem como acabamento atual apenas a pintura sobre o reboco liso aplicado sobre a alvenaria. Este revestimento tem um coeficiente de absorção de apenas 0,03 sabine, ou seja, 97% das ondas sonoras que chegam a esta parede retornam para o ambiente, colaborando para um tempo de reverberação tão alto. De acordo com a tabela, vamos fazer a troca deste revestimento por uma chapa leve de lã de madeira, de 25 mm, colocada sobre uma superfície rígida, e que possui um coefi- ciente de absorção sonora de 0,52 sabine em uma frequência de 500 hz, ou seja, 10 11 essa chapa vai absorver uma quantidade muito maior das ondas sonoras que che- gam a esta parede do que o revestimento anterior. Vamos, então, refazer as contas, utilizando este novo coeficiente de absorção sonora. S parede2 = 30 m² x 0,52 sabine S parede2 = 15,6 m²/sabine Anteriormente tínhamos uma área de absorção de apenas 0,9 m²/sabine, com este novo revestimento temos uma área de absorção de 15,6 m²/sabine, ou seja, a área de absorção aumentou bastante, o que certamente vai diminuir o tempo de reverberação. Mas será que apenas esta mudança será suficiente? Precisamos uti- lizar a fórmula de Sabine para verificar o novo tempo de reverberação e saber se já fizemos as mudanças suficientes. A primeira coisa a fazer para utilizar a fórmula de Sabine é encontrar a somatória das áreas de absorção de todos os elementos, conforme mostrado abaixo: ΣS = S parede1 + S parede2 + S parede3 + S parede 4 + S Piso + S teto ΣS = 0,513 m²/sabine + 15,6 m²/sabine + 0,45 m²/sabine + 0,9 m²/sabine + 1,5 m²/sabine + 1,5 m²/sabine ΣS = 20,463 m²/sabine Podemos, com este resultado, utilizar a formula de Sabine, encontrando o novo tempo de reverberação: TR = 0,161 x (V ÷ ΣS) TR = 0,161 x (150 m³ ÷ 20,463 m²/sabine) TR = 0,161 x 7,33 s TR = 1,18 s Você viu como o tempo de reverberação já baixou? Este é o raciocínio que você vai adotar sempre que for fazer este tipo de ajuste, ou seja, você vai escolher um material, pensando, tanto em aumentar a área de absorção da sala, quanto na es- tética do ambiente, e vai refazer todas as contas, utilizando os novos coeficientes do materiais que foram escolhidos. O tempo de reverberação que obtivemos está muito inferior ao anterior, mas ainda é um pouco alto para o valor que é o considerado ideal, de acordo com a NBR 12179, o que significa que teremos de alterar o material de acabamento de mais elementos deste ambiente. Como a ideia em nosso exemplo é fazermos testes, vamos considerar que utili- zaremos na outra parede grande, a parede 4, um material diferente do que aquele que utilizamos na parede 2, mas estas escolhas serão guiadas, como já vimos, além dos critérios sonoros também por critérios estéticos. 11 UNIDADE Projeto Acústico Na parede 4 vamos utilizar chapa leve de lã de madeira com espaço de 5 cm preenchido com absorvente acústico, que tem um coeficiente de absorção sonora de 0,80 sabine para a frequência de 500 hz. Vamos, então, com a aplicação deste material sobre a superfície da parede en- contrar a nova área de absorção deste elemento da sala. S parede4 = 30 m² x 0,80 sabine S parede4 = 24 m²/sabine Podemos perceber que este novo material vai absorver uma grande quantidade de ondas sonoras, mas isso significa que o tempo de reverberação será reduzido o bastante para que a inteligibilidade da palavra esteja garantida? Para saber isto, precisamos utilizar estes novos parâmetros na fórmula de Sabine. Vamos começar encontrando a nova somatória das áreas de absorção sonora, conforme podemos ver abaixo: ΣS = S parede1 + S parede2 + S parede3 + S parede 4 + S Piso + S teto ΣS = 0,513 m²/sabine + 15,6 m²/sabine + 0,45 m²/sabine + 24 m²/sabine + 1,5 m²/sabine + 1,5 m²/sabine ΣS = 43,563 m²/sabine Podemos ver que a área de absorção dos elementos do ambiente aumentou bas- tante, mesmo sem a aplicação de nenhum material específico no teto ou no piso; isto se deve à existência de materiais muito eficientes na absorção sonora. De qualquer modo, mesmo com o aumento significativo nas áreas de absorção sonora, é preciso descobrir se o tempo de reverberação chegou ao que é indicado pela Norma, e para isso precisamos colocar estes novos dados na fórmula de Sabine, como indicado abaixo: TR = 0,161 x (V ÷ ΣS) TR = 0,161 x (150 m³ ÷ 43,563 m²/sabine) TR = 0,161 x 3,44 s TR = 0,55 s Este tempo de reverberação está dentro da margem de erro para o tempo de reverberação ideal, de acordo com a NBR 12179, o que significa que o que for dito 12 13 nesta sala será inteligível, em função do tempo que as ondas sonoras ficam circu- lando dentro do ambiente. Simples isto, certo? É importante que você perceba, no entanto, as infinitas possibilidades que são apresentadas quando trabalhamos com acústica, isto é, poderíamos ter escolhido outros materiais, com diferentes coeficientes de absorção, e teríamos chegado ao mesmo tempo de reverberação. Poderíamos ter utilizado estes mesmos materiais de forma diferente, como por exemplo, aplicando os materiais apenas na metade superior das paredes, ou poderíamos ter aplicado os mesmos materiais nas pare- des menores e utilizar algum outro material no piso, ou então no teto. Você entende, enfim, que as possibilidades são inúmeras! E a escolha sobre quais destas alternativas serão as melhores vai depender de opções estéticas, do custo do material, do custo de instalação e de custo de manutenção, ou seja, de opções que são feitas durante a fase do projeto, mas todas terão resultados acús- ticos semelhantes. Tenho a certeza, também, que você notou que falamos em redução do tempo de reverberação, apenas com a mudança dos materiais de acabamento e reves- timento. Por que você acha isso? Exatamente! Porque é muito difícil alterar o volume da sala, mas saiba que sempre existe esta possibilidade, mesmo que seja uma opção mais trabalhosa de ser executada. Você já ouviu falar na Sala São Paulo? Ela é uma sala de concertos na cidade de São Paulo e é considerada uma das melhores salas para música clássica do mundo! Um dos grandes diferenciais desta sala é que ela pode se adaptar a praticamente todos os tipos de música clássica, de quartetos de corda até concertos sinfôni- cos. Como você já imagina, pela potência sonora de cada tipo de música teremos tempos de reverberação diferentes; como os projetistas conseguiram resolver este problema? Mesmo com o uso de materiais com boas características, o tempo de reverberação seria uma constante, certo? Como fazer com que esta sala funcione para esta grande variedade de estilos de música? Vamos pensar na fórmula de Sabine, quais as variáveis com as quais trabalha- mos? Isso mesmo: as áreas de absorção e o volume do ambiente. A aplicação dos materiais absorventes não poderá ser alterada, então, podemos alterar apenas uma das variáveis, que é o volume. Mas como fazer esta mudança? No caso da Sala São Paulo, os projetistas pensaram em um teto móvel! As 32 placas que constituem o teto da sala de concerto podem ser movidas para cima ou para baixo, dependendo da música que será tocada, mudando o tempo de reverberação, e adaptando a sala para a melhor sonoridade possível. Simples e genial, certo? 13 UNIDADE Projeto Acústico Figura 3 – Teto da Sala São Paulo Fonte: Wikimedia Commons Agora que entendemos como é feito o tratamento acústico da sala, e as va- riáveis com as quais podemos trabalhar, vamos estudar como fazer o estudo geométrico-acústico desta sala. Você deve estar se perguntando o que é este estudo geométrico-acústico, cer- to? Apesar de um nome complicado, este estudo é simples de ser executado, apesar de trabalhoso, e ajuda a chegar a uma acústicaperfeita em uma sala. Você já deve ter notado em teatros e auditórios a presença de placas suspen- sas no teto, ou peças que alteram a geometria das paredes. Qual a função destas placas, e porque elas estão nestas posições? Como estes locais e estes ângulos são definidos? A figura 44 mostra o Auditório Aula Magna, na cidade de Caracas. As placas, no teto, além de uma função estética, que é óbvia, possuem uma função mais importante: são rebatedores para o som, ou seja, estas peças vão refletir as ondas sonoras e direcioná-las para lugares dentro do ambiente que não recebem uma quantidade suficiente de som. Figura 4 – Auditório Aula Magna Fonte: Wikimedia Commons 14 15 Vamos entender como podemos descobrir como o som se distribui por um am- biente; este estudo é feito em plantas e em cortes, e é bastante visual, ou seja, é fácil visualizar e entender a distribuição do som. Vamos começar com a planta de nossa sala; a primeira coisa a ser feita é a definição do ponto de emissão do som; como estamos trabalhando com um audi- tório, vamos definir um ponto, de onde o som será emitido para todo o ambiente, conforme indicado na Figura 5: Figura 5 – Fonte Fonte: Acervo do Conteudista A partir deste ponto de emissão sonora, a cada 10° vamos desenhar uma linha que representa um dos raios sonoros; estas linhas representam o som direto, isto é, este é o som que é ouvido diretamente da fonte emissora. Figura 6 – Som direto Fonte: Acervo do Conteudista Depois destes raios, representando o som direto, vamos desenhar o primeiro rebatimento, ou seja, vamos desenhar os raios que representam a reflexão do som nas paredes. Estas reflexões saem das paredes com os mesmos ângulos que chegam, sendo tratadas da mesma maneira que os raios de luz. 15 UNIDADE Projeto Acústico Figura 7 – Primeiro rebatimento Fonte: Acervo do Conteudista Desta forma já conseguimos identificar alguns lugares na planta onde temos pouca incidência de som, você consegue perceber? Vamos desenhar o segundo rebatimento, para visualizar a distribuição do som. Figura 8 – Segundo rebatimento Fonte: Acervo do Conteudista Nesta última figura é possível entender de forma muito visual como vai funcionar o esquema sonoro dentro deste ambiente, certo? Podemos visualizar alguns espa- ços na parte mais distante da fonte sonora, por onde não passa nenhum raio sono- ro, o que significa que os ouvintes terão de se esforçar para conseguir entender o que está sendo dito. Ao mesmo tempo, podemos perceber que próximo ao emissor existem muitos raios, o que pode atrapalhar a compreensão por parte das pessoas que estão sentadas junto ao palco. Você pode estar se perguntando como este som está sendo refletido, já que co- locamos um material absorvente nas paredes laterais, certo? É importante lembrar que o material não absorve totalmente as ondas sonoras, ele apenas diminui a sua potência. Além do mais, o correto é que juntemos as duas técnicas, ou seja, o de- senho do estudo geométrico-acústico e o cálculo do tempo de reverberação, pois 16 17 pode ser necessário que o revestimento que vai absorver o som seja interrompido em alguns lugares, para a colocação de placas rebatedoras que vão direcionar al- guns raios sonoros para locais específicos da sala. Você consegue perceber como este método mais visual nos ajuda a entender de maneira mais clara como funciona o esquema sonoro? Precisamos, no entanto, acertar os problemas que encontramos, ou seja, vamos direcionar alguns dos raios sonoros para os lugares onde eles serão necessários. Como você acha que pode- mos fazer isso? Exatamente! Vamos usar as placas rebatedoras! Vamos utilizar o mesmo desenho colocando as placas na parte posterior do palco, direcionando os raios que irão para trás do emissor para os locais onde eles são necessários. Como fazer isso? Mudando o ângulo com que os raios chegam a parede, isto é, as placas rebatedoras serão posicionadas para alterar o ângulo de saída dos raios, como indicado abaixo: Figura 9 – Rebatedores sonoros Fonte: Acervo do Conteudista Também é possível colocar rebatedores nas paredes, ou no fundo do auditório, de acordo com a necessidade; a grande vantagem de fazer o estudo geométrico- -acústico desta maneira é que a visualização com as cores nos ajuda a entender em que locais do auditório temos mais necessidade de rebatedores, ou até mesmo de absorvedores sonoros, que também podem ser montados em placas e colocados em locais específicos nas paredes e no fundo da sala. Além disto, é possível verificar as mudanças que foram feitas na acústica do projeto de maneira rápida e direta, já que as alterações são visualizadas imediata- mente, permitindo entender como as placas rebatedoras ou absorvedoras podem contribuir para a melhoria da inteligibilidade. Além das placas rebatedoras, podemos colocar placas que vão absorver o ex- cesso de som no palco, melhorando a inteligibilidade para o palestrante e para as pessoas sentadas nas primeiras filas. Como estas placas são feitas de maneira específica para absorver totalmente o som, quando os raios chegam a estas peças eles não terão nenhuma reflexão. 17 UNIDADE Projeto Acústico Figura 10 – Placas absorvedoras Fonte: Acervo do Conteudista Vamos estudar, agora, como funciona o estudo geométrico-acústico desta sala em corte, entendendo como fica o preenchimento do som nesta sala. Figura 11 – Fonte Fonte: Acervo do Conteudista De forma semelhante ao que fizemos, com o desenho da planta, a primeira coisa a ser feita é o posicionamento da fonte sonora; este ponto é colocado na posição do orador; caso haja um palco ou um púlpito, este deverá ser computado para que encontremos a altura da fonte. Figura 12 – Som direto Fonte: Acervo do Conteudista O som direto, de forma semelhante ao que aconteceu quando executamos o de- senho da planta, se concentra na área mais próxima ao palco e vai se dispersando conforme vai se distanciando desta fonte. Na maior parte dos auditórios este problema é resolvido com o uso de ampli- ficação elétrica, que leva o som a toda a sala, este é um recurso que deve estar 18 19 disponível no ambiente, mas que deve ser usado apenas caso seja necessário. Isto é, deve ser feito um bom estudo geométrico-acústico, prevendo os lugares com a pior acústica e resolvendo o problema com a colocação de rebatedores sonoros, que irão levar as ondas sonoras até estes pontos. Figura 13 – Primeiro rebatimento Fonte: Acervo do Conteudista Confirmando o que já imaginávamos, existe mais som circulando próximo ao palco do que no fundo da sala; é claro que isso poderá mudar com o segundo re- batimento, mas é bom lembra que o som vai perdendo potência quanto mais vai rebatendo; isto significa que a situação ideal é que chegue raios sonoros, para a maior parte dos ouvintes, que representam, no máximo, o primeiro rebatimento; é claro que nem sempre isso será possível, mas quanto mais próximo desta realidade conseguirmos trabalhar, melhor, acusticamente será o projeto. Figura 14 – Segundo rebatimento Fonte: Acervo do Conteudista Na Figura 13 é possível perceber que a maior parte do som que chega ao fundo da sala é o resultado do primeiro e, principalmente, do segundo rebatimento, o que, como já vimos, é uma situação que deve ser evitada. Como você acha que podemos resolver este problema? Exatamente! Devemos colocar rebatedores de maneira a direcionar, no mínimo, o primeiro rebatimento em direção ao público localizado no final da sala. Estes rebatedores podem estar colocados próximos ao palco, aproveitando os raios que estão concentrados naque- le espaço, ou suspensos no teto, como vimos na Figura 14. De qualquer modo, é preciso lembrar da importância da estética do ambiente; depois de torna-lo eficiente acusticamente, ele deve ficar agradável ao olhar. 19 UNIDADE Projeto Acústico Figura 15 – Placa rebatedora atrás do palco Fonte: Acervo do Conteudista A colocação de uma placa rebatedora na parte posterior do palco já ajuda a dire-cionar os raios para os locais onde eles são mais necessários; também podemos colo- car placas rebatedoras presas ao teto, direcionando os raios para lugares específicos. Figura 16 – Placas rebatedoras suspensas Fonte: Acervo do Conteudista As placas rebatedoras devem ser colocadas conforme a necessidade do espaço, e seu ângulo de inclinação deve ser definido pela direção para a qual os raios devem ser desviados; podem ser colocadas tantas placas quanto forem necessárias, mas é interessante que você perceba que, dependendo da necessidade do projeto, pode ser mais vantajoso que seja feito um rebaixo no teto, com as placas unidas, e com os ângulos que forem determinados. Uma das vantagens de rebaixar o teto de um espaço é que o volume do ambiente diminui, o que pode ajudar na diminuição do tempo de reverberação. De qualquer modo, também podemos colocar as placas de absorção sonora no teto e nas paredes, ajustando as ondas para uma melhor audibilidade em todo o espaço, diminuindo a concentração de som em determinados lugares. Figura 17 – Placas de absorção de som Fonte: Acervo do Conteudista 20 21 O estudo geométrico-acústico de um espaço facilita o entendimento de um pro- jeto de acústica, pois a visualização e os ajustes necessários ficam mais simples e fáceis de serem entendidos e executados. O conhecimento dos materiais e de suas qualidades acústicas é fundamental para um bom projeto de acústica, mas também é muito importante entender como as ondas e os raios funcionam, pois você pode optar pelo uso de materiais inusita- dos que tenham um bom resultado acústico. Releia os tópicos que não ficaram muito claros, faça os exercícios e consulte o material complementar, pois eu tenho a certeza que você vai se interessar cada vez mais pelos projetos acústicos; lembre-se que este é um ótimo campo de trabalho, com uma carência muito grande de bons profissionais. 21 UNIDADE Projeto Acústico Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Projeto acústico e teatral para um auditório polivalente: novo Museu Yves Saint Laurent em Marrakech https://bit.ly/2GZu6NG Modelos de projetos de auditórios https://bit.ly/34gETjw Vídeos Projeto de auditório de baixo custo https://youtu.be/OKxZQgVLscM Leitura Conforto em Auditórios: Proposta de Procedimentopara o Projeto https://bit.ly/2Pqd70x 22 23 Referências BISTAFA, S. R. Acústica aplicada ao controle de ruído. Ed. Blucher, São Paulo. 1ª ed. 2018. SOUZA, L.C.L; ALMEIDA M. G. & BRAGANÇA, L. Be-a-bá da acústica arqui- tetônica: ouvindo a arquitetura. Ed. UFSCAR, São Carlos, 1ª ed. 2006. 23
Compartilhar