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Enfermidades respiratórias Profª: Dra. Bianca Saguie Objetivos da aula ➢ Revisão anatomia e fisiologia respiratória; ➢ Principais patologias respiratórias; ➢ Fisiopatologia; ➢ Tratamento e dietoterapia. O sistema respiratório • Estruturas respiratórias (nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos, ductos alveolares e alvéolos); • Estruturas de sustentação (esqueleto e os músculos); • Desenvolvimento pulmonar → 1m concepção - 20a; • Trocas gasosas (CO2 → O2); • Filtram, aquecem e umidificam o ar. O sistema respiratório • Sistema de defesa do corpo – ar carregado de partículas e microrganismos; • Muco mantém umidade das vias aéreas e prende partículas do ar inspirado; • Células que revestem apresentam cílios que movimentam o revestimento líquido – TGI. O sistema respiratório • Surfactante – estabilidade do tecido pulmonar O pulmão • Trocas gasosas; • Defesa do organismo; • Regulação equilíbrio ácido-base; • Produção de ácido araquidônico; • Conversão de angiotensina I em angiotensina II (ECA). Testes de função pulmonar Oximetria de pulso • Ondas leves; • Mede saturação de oxigênio do sangue arterial; • Posicionado no final do dedo; • Normalidade (jovem e saudável) - 95% a 99%. Espirometria • Quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ou expirar; • E velocidade com que o faz; • Avalia saúde dos pulmões. Gasometria • Exame de sangue; • Avaliação de gases, pH e equilíbrio ácido-básico. Gasometria • pH: equilíbrio ácido-base – depende do metabolismo e respiração; • PO2: Eficácia das trocas de oxigênio entre alvéolos e capilares; • PaCO2 ou PCO2: eficácia da ventilação alveolar; • HCO3: principal regulador do pH (relacionado ao CO2) Gasometria DPOC • Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: • Enfermidade respiratória progressiva; • Obstrução crônica do fluxo aéreo; • Bronquite crônica e enfisema pulmonar; • Maior ocorrência 5-6ª década. Mortes (milhões) Doença cardíaca isquêmica Acidente vascular encefálico Doença pulmonar obstrutiva crônica Infecções das vias respiratórias inferiores Alzheimer e outras demências Câncer de pulmão, traquéia e brônquios Diabetes mellitus Acidentes de trânsito Doenças diarréicas Tuberculose Condições comunicáveis, maternas, neonatais e nutricionais Doenças não comunicáveis Lesões Mortalidade e morbidade Diaz-Guzman et al., 2014; Hagstad et al., 2015 World Health Organization, 2019. DPOC DPOC Resposta inflamatória intensa do pulmão Obstrução irreversível das vias aéreas Global Strategy for the Diagnosis (GOLD), 2018 Destruição do parênquima e perda de elasticidade pulmonar. Enfisema DPOC Tosse crônica com expectoração por três meses durante dois anos consecutivos. Bronquite crônica Vestbo et al., 2013 Dispneia DPOC Poluição externa Poluição interna Poluição externa Tabagismo Yao et al., 2009; Tayloret al., 2010; Salvi et al., 2009 DPOC Gravidade Pacientes com FEV1/FVC<0,70 I Leve FEV1≥ 80% II Moderado 50% ≤ FEV1 < 80% III Grave 30% ≤ FEV1 < 50% IV Muito grave FEV1< 30% Volume expiratório no primeiro segundo (FEV1) Capacidade vital forçada (FVC) GOLD, 2018 Espirometria DPOC • Administração prolongada de medicamentos podem mudar a função e a estrutura muscular - perda de peso; • Redução dos níveis de hormônios anabolizantes - atrofia muscular e ao aumento da degradação proteica *Envelhecimento; • Inflamação – aumenta GE - catabolismo proteico. DPOC DPOC • Degradação músculos respiratórios; • Saciedade precoce e anorexia; • Dispneia + fadiga (alteração da composição corporal); • Caquexia - 20 a 40% dos pacientes. DPOC • Estimativa calórica → Calorimetria Indireta ou Harris e Benedict; • Estimativa do GEB validada para pacientes com DPOC. GEB (kcal/dia) = 443,3 + [18,15 × MM (kg)] • GET→ 1,49 a 1,78 x GEB Corticosteroides - resposta catabólica DPOC Asma • Doença crônica; • Caracterizada por hiper-reatividade brônquica, obstrução reversível do fluxo de ar e remodelação das vias aéreas; • Os sintomas de asma incluem episódios periódicos de aperto no peito, falta de ar e sibilo; • A asma se tornou mais prevalente e tem apresentado aumento da taxa de 25% a 75% a cada década desde 1960, nos países ocidentais. Asma • Genética + Ambiente; • Pessoas geneticamente suscetíveis e com atopia (tendência a reações alérgicas); • Fatores ambientais exacerbam a reatividade das vias aéreas. Asma • Corticoesteroides inalatórios - base do tratamento farmacológico; • Terapias Imunomoduladoras; • Broncodilatadores. Tratamento clínico Asma • Abordagem do nutricionista; • Desencadeantes provenientes da dieta; • Correção das deficiências e excessos da dieta; • Orientação do paciente em uma dieta personalizada; • Atenção a interações entre alimentos e medicamentos; • Foco no consumo de antioxidantes - Vitamina E, A, gorduras monoinsaturadas, selênio, ômega 3. Terapia nutricional Asma Edema agudo de pulmão • Acúmulo anormal de líquido nos pulmões; • Geralmente causado por doenças cardíacas ou HAS - aumenta PA nas veias pulmonares – extravasamento de líquido para os espaços aéreos – diminuição das trocas gasosas; • Complicações: retenção hídrica, derrame pleural; Edema agudo de pulmão • Tratamento da causa subjacente; • Uso de diuréticos; • Controle da PA; • Restrição de sódio; • Suporte ventilatório mecânico; • Garantia de estabilidade hemodinâmica. Tratamento clínico SARA • Síndrome da Angústia Respiratória Aguda; • Infiltrados pulmonares difusos, hipóxia grave e insuficiência respiratória; • Sepse ou trauma podem desencadear – estado hipermetabólico (demandas nutricionais) SARA • Dano alveolar - citocinas pró-inflamatórias – neutrófilos - dano alveolar e do endotélio - proteínas para o interstício - alvéolos se enchem de líquido - trocas gasosas prejudicadas - hipoxemia grave; • Condições associadas comuns - pneumonia e sepse; • Condições associadas menos comuns - toxicidade medicamentosa, aspiração, lesão por inalação, vírus sincicial respiratório, trauma SARA • Tratamento da causa subjacente; • Suporte ventilatório mecânico; • Garantia de estabilidade hemodinâmica; • Prevenção de complicação (úlcera, trombose, pneumonia aspirativa); • Medicamentos - corticosteroides, surfactante exógeno, antioxidantes; • Tratamento nutricional. Tratamento clínico SARA • Desnutrição; • Subalimentação - risco de complicações; • Superalimentação - hiperglicemia, retardo do desmame da ventilação mecânica e da cicatrização de feridas; • Calorimetria indireta - método ideal para estimar o GE; • Equações preditivas – inflamação adjacente – necessidades. Pneumonia • Inflamação pulmonar; • Dor torácica, febre, tosse e dispneia; • Tipos: Pneumonia • Pneumonia aspirativa • Sem defesas normais – falha no fechamento da glote ou comprometimento do reflexo de tosse; • Inóculo dos pulmões; • Infecção e inflamação. Pneumonia Pneumonia aspirativa Pneumonia • Antibioticoterapia; • Pode evoluir para abscesso pulmonar, enfisema e pneumonia necrosante. Tratamento clínico • PREVENÇÃO DE PNM ASPIRATIVA: • Dieta no mínimo pastosa; • Alimentação por sonda no enteral ao invés de gástrica; • Alimentação contínua, e não em bolos; • Elevar cabeceira da cama para 45 graus; • Agentes pró-cinéticos; • Minimize o uso de sedativos; • Usar medicamentos para melhorar a motilidade intestinal. Terapia nutricional Pneumonia Tuberculose • Mycobacterium tuberculosis - causador de tuberculose (TB), • Micobactéria aeróbia de baixa taxa de crescimento; • Resposta granulomatosa nos tecidos; • OMS estima 630.000 casos no mundo. Tuberculose • Gotículas com bacilos de tuberculose; • Pequenas partículas penetram profundamente nos pulmões; • 1 a 5 bacilos/gotícula - suficiente para estabelecer a infecção; • 5% dos casos evolui para doença ativa. Tuberculose • Isolamento respiratório para impedir a propagação da infecção até exame debacilos negativo; • Medicamentos anti-TB = INH, rifampicina, pirazinamida e etambutol. • Duração: Mínimo 2 meses e pode ser maior que 6 meses. Tratamento clínico Tuberculose • Desnutrição comum nos pacientes; • Suplementação nutricional; • Marcadores do estado nutricional proteico; • Baixas concentrações das proteínas inflamatórias; • Índices antropométricos e micronutrientes; • Desnutrição e catabolismo proteico; • Hospitalização de desnutridos - até IMC de 18,5kg/m². • Energia - 35 a 40 kcal/kg peso ideal; • Infecção concomitante - demandas energéticas + 20% a 30%; • PTN - 15% ou 1,2 a 1,5 g/kg peso ideal; • Polivitamínico - 50% - 150% da RDA; • Micro como vit A, C, E, complexo B, zinco e selênio geralmente deficientes; • Avaliar vitamina D - suplementação ou exposição solar; • Isoniazida (Tto da TB) - depleta B6 - Suplementar 25mg/dia. Terapia nutricional As pleuras • Capa membranosa formada por dois folhetos; • Cavidade pleural contém líquido lubrificante; • Reduz o atrito durante a respiração. Derrame pleural • Acúmulo excessivo de líquido no espaço entre as pleuras; • Pode ser aquoso – líquido e transparente, s/lesão; • Exsudato - viscoso e opaco, aumento da permeabilidade dos vasos; • Sangue (hemotórax), linfa (quilotórax), pus (empiema). Derrame pleural • Causas principais: baixa concentração de proteínas plasmáticas, obstrução de canais de escoamento; • Outras causas: câncer, infecções como pneumonia, pancreatite e tuberculose, artrite reumatoide, sangramentos, lúpus, doenças cardíacas, renais ou hepáticas. Derrame pleural • Absorção espontânea; • Controle da doença de base; • Dreno torácico; • Toraconcentese terapêutica. Tratamento clínico Pneumotórax • Colapso pulmonar; • Presença de ar na pleura; • Tipos: espontâneo primário, espontâneo secundário, traumático, iatrogênico; Pneumotórax • Descompressão com agulha para pneumotórax; • Observação e acompanhamento radiográfico quando assintomático e pequeno; • Aspiração por cateter de pneumotórax; • Toracostomia. Tratamento clínico Insuficiência respiratória • Doenças que obstruem as vias aéreas, lesionam o tecido pulmonar, enfraquecem os músculos que controlam a respiração ou reduzem a força respiratória podem causar insuficiência pulmonar; • Os indivíduos podem sentir falta de ar, apresentar coloração azulada na pele e se sentirem confusos ou sonolentos; • Resultado de doença pulmonar prologada que piora subitamente; • Doença pulmonar grave que se desenvolve subitamente em pessoas saudáveis em outros aspectos; • Pode ser aguda ou crônica. Insuficiência respiratória • Aguda – súbita; • Crônica – desenvolvimento. Tipo I (hipoxêmica): pressão parcial de oxigênio (PaO2) é menor a 60 mmHg; Tipo II (hipercápnica): quando a pressão parcial de dióxido de carbono (PaCo2) é maior a 50 mmHg. Tipo III: pós-operatória: geralmente de cirurgias abdominais e torácicas Tipo IV: associada a quadros de choque circulatório https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipoxemia https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipercapnia https://pt.wikipedia.org/wiki/Choque_circulat%C3%B3rio Insuficiência respiratória Insuficiência respiratória • Cor pulmonale; • Insuficiência cardíaca causada por doença pulmonar; • Porção direita do coração recebe sangue venoso do corpo e envia ao pulmão para oxigenação; • Existência de doença pulmonar que aumenta resistência ao fluxo de sangue e hipertensão pulmonar; • Progressivamente átrio e ventrículo direito sobrecarregados; • Hipertrofia e hiperplasia muscular cardíaca – compensatório; • Dilatação cardíaca – aumento da PA no corpo todo (dilatação de vasos, hepatoesplenomegalia, edema MI, associado à sintomas da doença pulmonar. Fisioterapia respiratória Assistência ventilatória • Manutenção da oxigenação e/ou ventilação de maneira artificial; • Suporte respiratório ao paciente; • Terapia não curativa; • Manter ou modificar a troca gasosa pulmonar; • Aumentar o volume pulmonar; • Reduzir o trabalho muscular respiratório; • Reverter hipoxemia; • Reverter a acidose respiratória aguda; • Reduzir desconforto respiratório; • Reverter fadiga dos músculos respiratórios; • Permitir sedação ou anestesia. Oxigenioterapia • Aumentar disponibilidade de oxigênio; • Hipóxia tecidual e baixa pressão parcial de O2; • Pacientes com baixos níveis de oxigênio no sangue; Intubação orotraqueal • Tubo orotraqueal; • Pacientes anestesiados; • Ventilação mecânica. • Método importante em doenças respiratórias; • Consumo de O2 e produção de CO2; Calorimetria indireta • Redução do trabalho pulmonar; • Melhora da acidose respiratória. Modular QR Quociente respiratório (QR) = volume de CO2 expirado volume de O2 consumido 1 = carboidrato 0,85 = dieta mista 0,82 = proteína 0,7 = gordura ≤0,65=produção de cetona Aumento da ventilação para eliminação de CO2 • Pacientes instáveis; • Menor quantidade de CHO; • Altas concentrações de LIP – maior incidência de sintomas TGI, retardo de esvaziamento – desconforto intestinal; • Estudos recentes – low carb+high fat s/ benefícios adicionais; • VET até 45kcal/kg/dia; • LIP 20-40%; • PTN 1,0-1,5g/kg/dia; • CHO – ATENÇÃO! Calorimetria indireta Intervenção nutricional baseada no QR Conclusão Doença de base – respiratórias altamente catabólicas Cálculo de necessidades energéticas Avaliação do estado nutricional e clínico do paciente Estabelecimento de via de administração da dieta Reavaliação frequente – efeito da alimentação no estado clínico Caso clínico 7 A.D., masculino, 65 anos, diagnosticado com DPOC em acompanhamento e tratamento no ambulatório de um hospital. Paciente relata perda de peso não eletiva nos últimos 5 meses e perda de apetite extrema. Segundo recordatório 24h, paciente está consumindo aproximadamente 800kcal/dia. Paciente apresentou-se LOTE e com hálito cetônico. Qual diagnóstico nutricional? Qual orientação, planos e metas da intervenção nutricional? Qual tipo de alimentação você daria para este paciente e por que? Calcule o valor energético diário da dieta a ser ofertada e faça a distribuição em macronutrientes. Explique sua conduta e cálculos. Dados Bioquímicos Albumina 2,7 (3,5-4,7 g/dL) Glicemia 50 (até 100mg/dL) Dados Antropométricos Altura 1,71 m; Peso atual 48 kg Peso usual 70 kg bianca.saguie@estacio.br
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